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Repertório

sociocultural
PARTE 2
SOCIEDADE DO
CANSAÇO BYUNG-
CHUL HAN
QUEM É BYUNG-CHUL HAN?
O filósofo sul-coreano radicado na Alemanha, professor universitário de filosofia e
estudos culturais na Universidade de Artes em Berlim, Byung-Chul Han, teve o livro
Sociedade do cansaço publicado no Brasil em 2015, com tradução de Enio Paulo
Gianchini, pela editora Vozes.

Han tem atualizado os temas da filosofia alemã de maneira simples e original:


analisando o homem contemporâneo, a subjetividade, as novas formas de
dominação,depressão e as esperanças, seus escritos parecem definir diretamente o
que somos, no mundo em que vivemos.
SOCIEDADO DO DESEMPENHO
A sociedade do cansaço que Han problematiza é efeito de uma sociedade do desempenho. A sociedade de hoje é uma
sociedade de academias de fitness, prédios de escritórios, bancos, aeroportos, shopping centers e laboratórios de genética.
A sociedade do século XXI é uma sociedade de desempenho “Nela, o discurso motivacional e seus efeitos colaterais estão
crescendo desde o início do século XXI e este discurso não mostra sinais de desaquecimento. Religiões tradicionais estão
perdendo adeptos para novas igrejas que trocam o discurso do pecado pelo encorajamento e autoajuda. As instituições
políticas eempresariais mudaram o sistema de punição, hierarquia e combate ao concorrente pelas positividades do
estímulo, eficiência e reconhecimento social pela superação das próprias limitações. Byung-Chul Hanmostra que a
sociedade disciplinar e repressora do século X, descrita por Michel Foucault na década de 1970, perde espaço para uma
nova forma de organização coercitiva: a violência neuronal. "A violência neuronal não parte mais de uma negatividade
estranha ao sistema. É antes uma violência sistêmica, isto é, uma violência imanente ao sistema". As pessoas cobram-se
cada vez mais para apresentarem melhores resultados, tornando-se, elas próprias, vigilantes e carrascas de suas ações. A
ideologia da positividade éperversa, nos faz submetermo-nos a trabalhar mais e a receber menos.

Uma das principais consequências é um aumento significativo de doenças como depressão, transtornos de personalidade,
síndromes como hiperatividade. Na sociedade do desempenho todas as atividades humanas decaem para o nível do
trabalho e o homem se torna "hiperativo e hiperneurótico".
Exemplo:
TEMA: Medidas para combater a violência no trânsito no Brasil
2º parágrafo de desenvolvimento

Ademais, é importante destacar também que o modo de dirigir do motorista reflete seu
próprio estilo de vida. De acordo com o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, a sociedade
atual pauta-se no trabalho, no desempenho e no excesso produtividade. Nesse contexto,
devido a essa dinâmica social estressante, muitos indivíduos se tornam hiperativos e
hiperneuróticos, segundo Han. Sendo assim, nota-se que a exteriorização de sentimentos,
como raiva e intolerância, extrapola-se, muitas vezes, em circunstâncias de estresse no
trânsito, que podem evoluir para ações mais ofensivas e violentas, causando, às vezes,
brigas e acidentes. Dessa maneira, percebe-se que é necessário modificar o estilo de vida
dos indivíduos para que isso possa, dentre outras coisas, impactar a redução da violência no
trânsito.
O MITO DA CAVERNA DE PLATÃO
A alegoria da caverna:

O mito ou "Alegoria" da caverna é uma das passagens mais clássicas da história da Filosofia,
sendo parte constituinte do livro VI de A" República" em que Platão discute sobre teoria do
conhecimento, linguagem e educação na formação do Estado ideal.

A Alegoria da Caverna é uma metáfora, ou como o próprio nome diz, uma alegoria. O que
está escrito no texto não deve ser interpretado literalmente, pois Platão não quis apenas
contar uma história sobre homens presos em uma caverna, mas quis passar uma
mensagem com isso.
INTERPRETAÇÃO
Inúmeros elementos metafóricos aparecem na alegoria. Os principais elementos estão dispostos abaixo:

Prisioneiros: os prisioneiros da caverna somos nós mesmos, os cidadãos comuns.

Caverna: é o nosso corpo, que segundo Platão, seria fonte de engano e dúvida, pois ele nos ilude na forma como
apreendemos as aparências das coisas, nos fazendo acreditar que essas são as próprias coisas.
Sombras e ecos: as sombras que os prisioneiros veem e os ecos que eles escutam são as opiniões e os
preconceitos que trazemos do senso comum e da vida costumeira. Eles são, segundo Platão, conhecimentos
errados que adquirimos através dos sentidos de nosso corpo e da vida cotidiana.

Sair da caverna: a libertação do prisioneiro e a sua fuga da caverna simboliza a busca pelo conhecimento
verdadeiro.
A luz do Sol: a luz solar no exterior da caverna simboliza o conhecimento verdadeiro, a razão e a filosofia. Quando o
prisioneiro sai da caverna, ele sente-se perturbado pela luz intensa, elemento natural que ele nunca havia vivenciado.
No início, há uma dificuldade de aceitação dessa luz pelas retinas, até que ele adapta-se e percebe toda a realidade
exterior. Metaforicamente, isso simboliza a zona de conforto que as sombras e a caverna representam, pois o engano
da vida comum pode ser confortável, enquanto a verdade pode ser, ao menos, inicialmente, dolorosa e sacrificante.
Sair da ignorância significa sair da zona de conforto.
Um link com os dias atuais:
Podemos transpor os escritos platônicos para uma interpretação sociológica da humanidade do século
XXI. A humanidade parece ter se acostumado com a ignorância de tal modo, que há uma recusa geral por
uma busca da verdade. As pessoas têm um oceano de informações por meio da mídia televisiva, da
internet e das redes sociais, mas mantêm-se no nível meramente informativo, não buscando conhecer
profundamente o mundo que habitam.

A política deixou de ser assunto de interesse da população. Quando a população parece interessar-se por
política, o faz de modo superficial, sem buscar entender a essência daquilo que está em foco. As pessoas
são levadas e enganadas facilmente por notícias falsas espalhadas na internet porque não se dão ao
trabalho de investigar se aquilo que foi divulgado é real.

As pessoas acreditam nas manchetes sensacionalistas de veículos de informação que muitas vezes visam
apenas a chamar a atenção do leitor/espectador, sem ler o conteúdo completo que a matéria traz.

A busca pelo prazer incessante, o hedonismo, a falsa ideia de felicidade e a vaidade são valores que as
pessoas buscam passar pelas redes sociais, mas o conteúdo intelectual dessas pessoas, muitas vezes, é
limitado a um patamar muito baixo.
Exemplo:
TEMA: A informação no século XXI: As fronteiras entre a verdade e a opinião
2º parágrafo de desenvolvimento

Além disso, jornais, TV, internet entre outras maravilhas da informação do presente século apenas
apresentam as suas interpretações da verdade. Dessa maneira, como parte considerável da
população se satisfaz com o que é dito nas grandes mídias, não há uma busca por visões
diferenciadas. A consequência disso pode ser ilustrada metaforicamente pelo "Mito da Caverna",
pois, assim como na história, a maioria das pessoas, no mundo hodierno, apenas conhece
as sombras do que seria a verdade e, na ignorância, segue sendo manipulada por quem detém a
informação. Essa parcela da sociedade segue a direção contrária das luzes, representando, assim,
uma versão atualizada da alegoria de Platão. Logo, fica evidente a importância da idoneidade dos
veículos midiáticos.

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