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Diante dos fatos apresentados nos documentários “ Holocausto Brasileiro

“ e “ Sem Pena“, é possível constatar que, o Estado, como instituição ,


não consegue melhorar a vida dos que vivem a margem da sociedade.

Quando criado, o Manicômio de Barbacena tinha como objetivo curar os


doentes neurológicos ou dar a eles uma condição de vida melhor. Em
meados de 1903, não haviam muitos recursos, e nem havia muita
informação disponível sobre que tipo de pessoas seriam aceitas no local.
Depois que a notícia se espalhou, trens cheios de “loucos “ chegavam
todos os dias para trazer os novos ocupantes. Eram homens e mulheres,
num primeiro momento. Todos largados pelas famílias e aos cuidados de
um Estado sem estrutura para recebê-los e tratá-los. Depois vieram as
crianças, todos com condição clínica semelhante. Eram assistidos por
pessoas despreparadas (cuidadores sem a mínima formação na área da
saúde, muitos destes eram indicado por autoridades para o cargo ) e
explorados pelos que ali comandavam , eram levados para trabalhar em
suas residências, sem nem tipo de remuneração pelos trabalhos realizados
. O Manicômio de Barbacena só servia como um local de depósito de
loucos , onde os mesmos , estavam ali, abandonados pelas famílias. Sua
condição de doença neurológica, muitas vezes impunha situações
vergonhosas, o que acarretava nos abandonos. Sendo assim, eram
deixados para esperar a própria morte.

Já as penitenciárias criadas pelas igrejas católicas nunca tiveram sucesso


em seus objetivos.

O Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo (atrás de


EUA e China ) , mas não consegue resgatar esses indivíduos para a vida
social . São homens e mulheres que quase não tiveram chances na vida.
Tratados como marginais foram absorvidos pela vida do crime ( muitas
vezes sem escolha , pois era o único mundo que conheciam ) e que não
enxergam um horizonte para sair dela.

Muitos foram abandonados pela família, jogados nas celas e muitas vezes
sem os seus direitos de cidadãos respeitados. O simples fato de serem
pobres e negros já os qualificavam a condenação . Nos presídios, não
ocupavam seu tempo, com atividades produtivas, se formavam na
universidade do crime e muitas vezes saiam como pessoas piores do que
entravam .

Nosso pais ainda não aprendeu o que fazer com essas pessoas. Ao longo
do tempo , procurou apenas isolá-los, e não resgatá-los.

Vimos aqui nestes dois documentários o total despreparo do Estado para


com os cidadãos , que ali se encontravam. Ambos se assemelham pelo
abandono dos responsáveis. E pela incapacidade de saber se indivíduos
que ali se encontram , estão no lugar certo.

O Estado não procura saber se são doentes ou se cometeram os crimes


no qual foram acusados.

Ao longo destes dois documentários, temos uma gama gigante de mal


entendidos: loucos que não são loucos e criminosos que não são
criminosos, mas viviam em situações semelhantes aos outros. Eram
tratados sem distinção, em igual condição degradante de vida.

Vivemos em uma sociedade despreparada que pune e não ensina, que


julga e não protege, e muitas vezes condena e não fornece um julgamento
justo. Deveríamos aprender mais com os erros do passado, desenvolver
uma sociedade melhor, com um programa de inserção, resgate social e
respeito á dignidade da vida humana.

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