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Distribuição

Gratuita

#01
Janeiro 2020

ISSN - 2184-6936
A revista
Família

As Famílias
e os Ecrãs
Rosário Carmona e Costa

Parentalidade
COMPREENDER
E LIDAR COM
AS BIRRAS
Hugo Rodrigues

Parto
A IMPORTÂNCIA
DA PREPARAÇÃO
PARA O PARTO
Marcela Forjaz

Gravidez
EXERCÍCIO FÍSICO
NA GRAVIDEZ
Lisa Santos
Categoria www.demaeparamae.pt

2
De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Editorial

DIRETOR
José Fernandes
j.fernandes@demaeparamae.pt
Rita Amaral
DIRETORA DE REDAÇÃO
Diretora de Redação Rita Amaral
r.amaral@demaeparamae.pt

COORDENAÇÃO GRÁFICA
Daniel Silva
daniel@bloomidea.com

MARKETING E PUBLICIDADE:
Carolina Nelas
carolina@demaeparamae.pt

COLABORAÇÕES ESPECIAIS
Lisa Santos • Catarina Barreiros • Marcela Forjaz •
Sofia Dezoito Fonseca • Gosia Krogulec • Ana
Bárbara • Sylvia de Sousa Guarda • Vera Ramalho •
Rosário Carmona e Costa • Elizabete Neves •
Susana Cardoso • Joana Prudêncio • Diana Costa
Gomes • Hugo Rodrigues • Francisca Leite

SEDE DO EDITOR/REDATOR
Rua Quinta de Cabanas, 110, 6ºandar
4700-003 Braga

PROPRIETÁRIO:
O Nosso Casamento, Lda
Rua Quinta de Cabanas, 110, 6ºandar
4700-003 Braga

Bom ano novo!


GERENTE
José Fernandes

DETENTORES DO CAPITAL SOCIAL


José Fernandes - 40%
Nuno Fernandes - 21,67 %
Teodorico Enes - 16,67 %

2020 chegou e todos nós escutámos as 12 badala- Maria Cunha - 21,67 %

das com o coração pleno de esperança que este CONTACTOS GERAIS


novo ano nos vai trazer coisas boas. - E vai! Tel.: 931 185 557
email@demaeparamae.pt

ISSN - 2184-6936

Q
uando passamos a ser uma família, seja de 2, 3, 4 (ou mais!) elemen-
tos, os nossos desejos, ambições e perspetivas estendem-se sobre Nº Registo ERC: 127370
Nº Depósito Legal - 465962/20
aqueles que mais amamos e que nos ensinam, diariamente, o verda- Tiragem: 2000 exemplares
deiro significado da palavra lar. As decisões deixam de ser individuais Periodicidade: Trimestral

e centralizadas em nós e assegurar o bem da nossa família é a nossa


IMPRESSÃO
prioridade – e isto é das formas mais nobres de celebrar o amor. Gráfica Diário do Minho
Rua de S. Brás nº1 Gualtar
4710-073 Braga
Nós começamos o ano a lançar a segunda edição da Revista De Mãe para Mãe, com
a certeza que este será um projeto que também acompanhará o dia-a-dia de muitas
famílias, ao longo de muito tempo. E não podíamos estar mais orgulhosos! @demaeparamae.pt

Do fundo do nosso coração: desejamos que este ano 2020 seja O ano! Que nunca @demaeparamae.pt

lhe faltem os sonhos, os sorrisos, as primeiras palavras e os primeiros passos, a


www.demaeparamae.pt
alegria, a esperança, as birras, os brinquedos fora do sítio… Estaremos aqui para vos
acompanhar!

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Índice
Categoria www.demaeparamae.pt

Nesta Edição:
05 Gravidez
Exercício físico na gravidez
26 Infância
Vamos brincar?
por Lisa Santos por Vera Ramalho

08 Opinião
Maternidade sem desperdício
30 Família
As famílias e os ecrãs
por Catarina Barreiros 3 inquietações a acalmar e 3 erros a evitar
por Rosário Carmona e Costa

11 Parto
Infância
A importância da preparação para o parto
por Marcela Forjaz
34 Aprender a lidar com as emoções
por Elizabete Neves

14 Moda
Alimentação
Essenciais para um look pós-parto
por Sofia Dezoito Fonseca
38 Diversificação alimentar
por Susana Cardoso
Entrevista
15 Fernanda Freitas 42 Família
por Rita Amaral Como preparar a chegada de um irmão
por Joana Prudêncio
Parentalidade
18 Os Benefícios do babywearing Infância
por Gosia Krogulec
44 O tempo de qualidade entre pais e filhos é essencial!
por Diana Costa Gomes
Maternidade
20 Amamentação: aquilo que não nos ensinam Parentalidade
por Ana Bárbara
46 Compreender e lidar com as birras
por Hugo Rodrigues
Parentalidade
22 A pedagogia Montessori O De Mãe para Mãe recomenda
por Sylvia de Sousa Guarda
48 Produtos que vai gostar de conhecer

Moda
24 Decoração
O quarto do bebé!
49 Mamãs com estilo

Moda
50 Bebés com estilo

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Categoria

Exercício Físico
na gravidez
Para muitas mulheres a gravidez é algo de Lisa Santos
muito bom, mas para outras poderá ser Health & Wellness Coach
muito delicado e até problemático, devido às
alterações (fisiológicas, hormonais, posturais
e psicológicas) que surgem nesta fase.

O
exercício físico na gra- que ajudam a atenuar todas as altera- manterão a parede abdominal forte,
videz poderá, na maio- ções indicadas anteriormente, tais co- ajudando no retorno da barriga
ria das situações, aju- mo: após o parto;
dar a atenuar todas • Ajuda a controlar o peso corporal; • Facilita a recuperação pós-parto e o
estas alterações e • Ajuda a controlar a pressão arterial nascimento de um bebé mais sau-
também auxiliar na e a ansiedade, libertando hormonas dável.
prevenção de complicações futuras na (como a endorfina) que causam
gestação e no pós-parto. Deste modo, é uma sensação de bem-estar, dimi- QUANDO DEVE INICIAR O EXERCÍCIO
muito importante para a mulher manter- nuindo o stress e melhorando o FÍSICO?
se ativa durante a gravidez, ter uma ali- sono;
mentação adequada e equilibrada para • Diminui o risco de diabetes gestaci- Antes de começar a fazer - ou manter
uma gestação mais saudável e feliz. No onal; - qualquer tipo de exercício físico, a
entanto, só deverá iniciar ou manter o • Ajuda na prevenção de varizes e grávida deverá consultar um médico e
exercício físico por indicação médica se edemas; um especialista em exercício físico na
não houver nenhuma contraindicação • Melhora a postura e a força muscu- gravidez e pós-parto. Se a grávida for
para a prática e sempre acompanhada lar, prevenindo as dores nas costas saudável e o médico lhe disser que pode
por um especialista na área. e lombalgias, muito típicas da gra- iniciar ou manter o exercício físico, a mu-
videz; lher deverá praticar exercício de forma
QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS DO EXERCÍ- • Os exercícios específicos de forta- moderada, reduzindo a intensidade prin-
CIO FÍSICO NA GRAVIDEZ PARA A FU- lecimento do períneo ajudam na cipalmente no primeiro e terceiro trimes-
TURA MÃE E PARA O BEBÉ? prevenção da incontinência uriná- tres.
ria e facilitarão o parto; De acordo com o artigo “Canadian-
A realização de exercício físico du- • Os exercícios abdominais e respira- guideline for physicalactivitythroug-
rante a gravidez tem imensos benefícios tórios específicos para a gravidez houtpregnancy, 2019”, “todas as mulhe-

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Gravidez www.demaeparamae.pt

res sem contraindicação devem ser fisi- Caminhadas, hidrográvidas, aulas de EXERCÍCIOS CONTRAINDICADOS:
camente ativas durante a gravidez. (…)“ grupo para grávidas, treino personaliza-
As mulheres grávidas devem acumular do específico para grávidas, muscula- Nem toda a prática desportiva é se-
pelo menos 150 minutos de atividade ção específica para grávidas, pilates e gura na gravidez, como os exercícios de
física de intensidade moderada por se- ioga para grávidas são as atividades impacto, desportos radicais ou de com-
mana para obter benefícios de saúde cli- mais aconselhadas e seguras. bate, assim como desportos coletivos.
nicamente significativos e reduções nas O importante é que as aulas para Hipismo, esqui, mergulho e todo o exer-
complicações da gravidez.” A atividade grávidas reúnam: cício que provoque trepidação ou risco
física deve ser acumulada durante • Exercícios aeróbios, que ajudam no de queda são desaconselhados.
um mínimo de 3 dias por semana. No en- retorno venoso; Para uma gravidez mais saudável e
tanto, ser ativo todos os dias é incenti- • Exercícios de fortalecimento e re- feliz, além dos cuidados alimentares e
vado. sistência muscular, que ajudam na exercício físico específico, é essencial
As mulheres grávidas devem incorpo-
rar uma variedade de atividades de trei-
no aeróbio e de resistência para obter
maiores benefícios – por exemplo, adici-
DICAS PARA O TREINO
onar ioga e/ou alongamentos suaves
também pode ser benéfico. O treino dos • Roupa e calçado confortável
músculos do pavimento pélvico (por
exemplo os exercícios de Kegel) pode
• Um bom sutiã de sustentação durante a atividade
ser realizado diariamente para reduzir o
física
risco de incontinência urinária. • Hidratação antes, durante e após o exercício físico
As grávidas que sintam tonturas,
náuseas ou outro tipo de mal-estar/des- • Comer uma hora antes de fazer exercício
conforto quando se exercitam de costas
devem modificar a sua posição.
prevenção de dores nas costas e a ter períodos de relaxamento e medita-
QUAL O EXERCÍCIO FÍSICO MAIS ACON- manter a condição física até ao fim ção, para libertar o stress derivado das
SELHADO? da gravidez e na recuperação após várias alterações já referenciadas. Estes
o parto; momentos ajudam a equilibrar as hor-
Como indicado, o exercício físico na • Exercícios posturais e alongamen- monas no dia-a-dia e a preparar o mo-
gravidez não precisa de ser restringido, tos, que evitam o encurtamento mento do parto.
mas sim adaptado e efetuado de forma muscular, normal nesta fase. Resumindo, a prática de exercício
responsável. O importante é avaliar qual • Exercícios de prevenção e alívio de físico é aconselhada antes, durante e
a atividade que combina com cada mo- dores, principalmente costas e após a gravidez, desde que de forma se-
mento da gravidez, com as necessida- pélvica. gura, com acompanhamento de um pro-
des, objetivos e capacidades, tendo em • Exercícios de relaxamento, essenci- fissional especializado e optando por
conta se a grávida era, ou não, ativa fisi- ais para o seu bem-estar. atividades que proporcionem saúde e
camente antes de engravidar. bem-estar à grávida.

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Gravidez

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Opinião www.demaeparamae.pt

Catarina Barreiros *
Fundadora do projeto Do Zero

Maternidade
sem desperdício
É fácil, na maternidade, perdermo-nos num mundo de coisas queridas,
azuis e cor-de-rosa, que nos parecem imprescindíveis para a sobrevivência
do pequeno ser humano que temos dentro de nós. Podemos culpar as
hormonas, mas a verdadeira culpa é do cérebro, que fica tantas vezes a
hibernar nestes nove meses, permitindo que a carteira salte com o bater
do coração. Mas não tem de ser assim. É possível desfrutar da gravidez,
trazer um bebé ao mundo e viver de modo pleno e feliz a maternidade,
sem destruir o planeta onde os nossos filhos vão viver (sim, porque cada
coisa nova que se compra teve de ser produzida e, para essa produção,
foram necessárias matérias-primas, energia e água).

U
ma das primeiras coisas tre), é, na verdade, um vestido larguinho, AFINAL, O QUE É QUE É MESMO NECES-
que dissemos à família foi que já usei depois de a nossa filha nas- SÁRIO TER PARA A CHEGADA DO BEBÉ
que não queríamos que cer. Também não comprei cremes; usei E COMO PODEMOS GARANTIR QUE
comprassem nada. Iría- o mesmo óleo de argão de sempre, du- COMPRAMOS TUDO DA MANEIRA MAIS
mos “herdar” muita coisa rante toda a gravidez - zero estrias. SUSTENTÁVEL POSSÍVEL?
do nosso sobrinho e, o que não herdás- Porém, seguirmos os “R’s” no que diz
semos ou não nos fosse emprestado, respeito a nós não é difícil. O problema é Cada caso é um caso (um bebé pre-
seria comprado em segunda mão. Tive- recusar roupinhas amorosas, banheiras maturo, por exemplo, que nasça com
mos alguma aversão inicial à ideia, mas que parecem mesmo confortáveis, ou menos de 2,5kg ou que perca muito
rapidamente a família foi alinhando e termómetros de ar (sim, existem!) por- peso nos primeiros dias, vai mesmo ter
percebendo que, afinal, não estávamos que precisamos de controlar até o ar de ser pesado com precisão e, se não
a privar a nossa filha de nada. Estáva- que o bebé respira. Quem precisa de res- quiserem ir todos os dias a uma farmá-
mos só a fazer escolhas que acreditáva- pirar fundo somos nós. E descomplicar. cia pesar o bebé, uma balança pode,
mos ser mais conscientes. Há o necessário e o acessório. E se há sim, dar jeito), mas, regra geral, os bebés
O princípio básico para estas esco- coisas acessórias que vos vão ajudar a precisam do que lhes permita dormir, co-
lhas é o mesmo para tudo na vida: se- ter paz de espírito, então força, mas se é mer, viajar e estarem limpos, saudáveis
guir os “R’s” e recusar, repensar e reutili- só para ter “caso haja uma emergência e confortáveis. E não é assim tanta coi-
zar tudo o que for possível. e precise mesmo de uma balança para sa.
Não comprei roupa de grávida; as bebés que meça os gramas até aos 4
poucas peças de roupa que comprei fo- dígitos”, então deixem-me tranquilizar- DORMIR
ram peças grandes e largas, que pudes- vos: não vai chegar esse dia. Se chegar,
se vir a usar depois - mesmo o vestido depois resolve-se (as balanças de cozi- Os bebés precisam de um berço ou
de cerimónia que tive de comprar (por- nha servem para pesar bebés, por exem- alcofa. Tudo depende do que escolhem
que tive casamentos no último trimes- plo). fazer. Se adotarem o co-sleeping, talvez

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Opinião

O princípio básico
para estas
escolhas é o
mesmo para tudo
na vida: seguir os
“R’s” e recusar,
repensar e
reutilizar tudo o
que for possível.

baste um ninho nos primeiros meses. mente bem. Ainda assim, se preferirem 1200€). Promovemos o mercado de se-
Nós tivemos quem nos emprestasse um comprar um, há MUITOS em segunda gunda mão, poupámos o ambiente e a
berço de co-sleeping, pelo que a nossa mão a preços bem simpáticos. carteira. Só vantagens!
escolha ficou logo definida. Se tiverem Quando começarem a dar papas e Vão querer também uma mala para
um carrinho com alcofa, esse pode mui- sopas, também não precisam de com- colocarem as coisas do bebé, mas essa
to bem ser o berço para os primeiros me- prar tupperwares próprios para bebés. mala não tem de ser “de bebé”. As malas
ses ou, pelo menos, pode ser o berço Que tal reaproveitarem os frascos de vi- de bebé não têm de ser nada mais que...
para quando vão de viagem. dro das compotas e do grão? Ou reutili- malas, de preferência com fecho (por-
Se tiverem uma casa pequena, tam- zarem os recipientes de comida que já que vão acabar por ficar tão desarruma-
bém não precisam de intercomunicado- têm? Não precisam, necessariamente, das que convém ninguém ver o caos).
res. Porém, se não comprarem interco- que sejam pequeninos - basta colocar Como a minha mãe ainda tinha guarda-
municadores, é imperativo que o bebé fi- menos comida, para não desperdiçar. da a “minha” mala de bebé, é essa que
que a dormir num local onde os pais o Vão precisar de babetes. E ou têm vá- usamos com a nossa filha. Se não a ti-
consigam ver facilmente. O risco de rios de pano, que lavam várias vezes, ou véssemos, usaríamos uma mochila nor-
morte súbita em recém-nascidos é real e optam por um ou dois de borracha, nos malíssima ou uma das minhas malas
não vale a pena brincar com a sorte, até quais basta passar com um pano molha- maiores. O que houvesse em casa. Por-
porque há muitos intercomunicadores a do depois das refeições. À partida (e ten- que o objeto mais sustentável é aquele
valores bastante bons, nos mercados (e do em conta que tudo o que é tecido pre- que já temos em nossa casa. Basta “re-
lojas) de segunda mão. cisa de MUITA água na produção), seria pensar” as utilizações.
ideal escolher os de borracha. No entan-
COMER to, se já tiverem babetes de tecido em- BANHO, HIGIENE E CONFORTO
prestados, vai ser sempre mais susten-
Se estão a amamentar, estão em tável utilizar esses do que comprar no- Para estarem limpos, saudáveis e
modo “desperdício zero” - até porque, da vos de borracha. confortáveis os bebés precisam de rou-
minha experiência, nem os discos de pa adequada ao clima (peçam empres-
amamentação são necessários, desde VIAJAR tado ou comprem em segunda mão – o
que coloquemos uma camisola interior ambiente agradece, a carteira agradece
por baixo da roupa. No entanto, se preci- Convém ter um bom ovo (a única coi- e conseguem evitar a frustração de gas-
sarem de usar, existem opções reutilizá- sa que não aconselho comprar em se- tar dinheiro e recursos do planeta numa
veis, de algodão, que podem ir à máqui- gunda mão, a menos que tenham a ga- roupa que rapidamente deixa de servir)
na. Se optarem por fórmula ou não tive- rantia de que o ovo não sofreu nenhuma e fraldas, assim como toalhitas.
rem outra opção senão esta, vão colisão) e um carrinho. Nós usamos fraldas de pano, mas se
precisar de biberões (podem comprar No entanto, não é preciso gastar mui- for para as lavarem a temperaturas mui-
em segunda mão, mas se as tetinas não to dinheiro. Comprámos um carrinho to elevadas e secar sempre com máqui-
estiverem bem, comprem novas). Não usado para a nossa filha, que estava em na de secar, podem não ser a escolha
vão precisar de um esterilizador; uma perfeito estado, vinha com alcofa e capa mais ecológica. Atenção também às
panela com água a ferver funciona igual- da chuva, e custou 200€ (em vez de fraldas biodegradáveis: em Portugal, es-

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Família www.demaeparamae.pt

que são 99,9% água? Bom... Estas são A experiência de cada maternidade
tecido e 100% água! vai ser sempre diferente e cada mãe vai
Ainda nos cuidados de higiene, vão ajustar as necessidades à sua vida. No
No que diz respeito à precisar de um sabão ou gel de banho que diz respeito à sustentabilidade,
sustentabilidade, para bebé. Nós compramos o nosso mais do que pensar em biberões de
(líquido) a granel, mas quando acabar plástico ou vidro, vale a pena começar
mais do que pensar vamos passar para sabonete, que é a op- por recusar um sem número de objetos
em biberões de ção mais ecológica. Uma barra de sabo- que o marketing nos impõe como funda-
nete dá para mais utilizações e é mais mentais. Há objetos que vão facilitar a
plástico ou vidro, vale leve do que o equivalente em gel de du- vida, mas que vão fazer só isso. Temos
a pena começar por che (que consome mais combustível no de pesar bem o que importa mais: facili-
transporte). tar um mês da nossa vida ou facilitar o
recusar um sem Não vão precisar de uma banheira, a futuro dos nossos filhos num planeta
número de objetos menos que queiram muito (e, caso quei- que está em plena crise climática, com
ram, já sabem: segunda mão!). Qualquer tendência a agravar exponencialmente.
que o marketing nos alguidar da roupa sem furos serve para Não temos de recusar tudo ou de aceitar
impõe como dar banho a um bebé. Um lavatório gran- tudo, temos de fazer escolhas. Se preci-
de também funciona e, caso tudo isto fa- samos de um “facilitador de vida” sob a
fundamentais. lhe, podem sempre tomar banho com o forma de cadeirinha que embala o bebé,
bebé – a opção preferida da nossa filha podemos, por outro lado, escolher utili-
que, com 8 semanas, inclina a cabeça zar toalhitas feitas com lençóis velhos.
tas fraldas vão para os aterros e, por para trás para levar com a água do chu- Não é “ou tudo ou nada”, mas sim “cada
isso, não é possível que se decompo- veiro no pescoço. Também não vão pre- um faz o que pode”. Porque é isso que
nham. No que diz respeito às toalhitas, cisar de muitos cremes - são bebés, têm fazemos na maternidade: damos o nos-
no nosso caso não são mais do que len- uma pele maravilhosa. Precisam de es- so melhor. Pelos nossos filhos e pelo fu-
çóis de flanela antigos e sem uso, corta- tar hidratados, mas não precisam de 5 turo deles na Terra.
dos em retângulos que molhamos em cremes depois do banho. O mesmo óleo
água na hora de mudar a fralda. Mais de argão que usei na gravidez é o que
simples, impossível. Sabem as toalhitas usamos na nossa filha. * A foto da autora tem a autoria de Gonçalo Catarino

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Parto

A importância da
preparação para o parto

É, ou não, importante fazer a preparação


para o parto? Terá alguma utilidade?
É certo que, atualmente, quase todos os
trabalhos de parto decorrem sem dor (ou
com uma diminuição significativa da sua
perceção) e isso faz com que as grávidas se
interroguem se valerá a pena aprenderem
técnicas para controlar a dor no parto.
Marcela Forjaz Porém, a preparação para o parto engloba
Médica Ginecologista / Obstetra muito mais do que isso.

A
ssim, em que consiste mação podem não ser totalmente fiá- nascido. Além de garantirem um espaço
exatamente a prepara- veis - a Internet é fonte de informação, de aquisição de conhecimentos e com-
ção para o parto? Trata- mas também de confusão e os amigos, petências, nas aulas de preparação para
se de um curso minis- por muito convictos que estejam, mui- o parto os casais poderão aproveitar
trado por enfermeiros tas vezes estão na mesma fase de vida para conviver com outros pais. No en-
especialistas em Saúde e na mesma fase de conhecimento. As- tanto, para quem prefere algo mais indi-
Materna e Obstetrícia, e inclui vários te- sim, nada como colher a informação jun- vidualizado, existe a possibilidade de,
mas integrados em três grandes áreas: to de profissionais de saúde habilitados em alguns locais, realizar a preparação
gravidez, parto e pós-parto. e com experiência nesta área, dotando o para o parto em sessões individuais.
Por vezes, o casal sente-se inseguro casal de ferramentas que lhe dão mais A compreensão da gravidez e das al-
e tem necessidade de aprofundar os confiança e um melhor entendimento da terações que esta induz, os sinais de
seus conhecimentos nestas áreas, uma evolução da gravidez, do trabalho de alarme que exigem cuidados médicos,
vez que as fontes alternativas de infor- parto e dos cuidados a ter com o recém- as estratégias para facilitar a prática de

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Parto www.demaeparamae.pt

sessões de 1h30) sejam esclarecidas to-


das as questões e abordados os temas
Em termos práticos, o curso de mais pertinentes. Os objetivos são cla-
preparação para o parto é ros: desmistificar receios, esclarecer
dúvidas e informar o casal sobre as es-
iniciado entre as 28 e as 32 tratégias a pôr em prática durante a gra-
semanas de gravidez e tem uma videz, no momento do parto e, posterior-
mente, no regresso a casa.
duração de cinco semanas, para Mesmo os casais que se sentem fa-
que em cada sessão sejam miliarizados com alguns destes assun-
tos acabam por sentir que validam e
esclarecidas todas as questões e completam esses conhecimentos, sen-
abordados os temas mais tindo-se mais preparados para os tem-
pos que virão e para receber a pequena
pertinentes. pessoa que passará a coexistir com o
casal no seu meio físico, no seu tempo
hábitos de vida saudável, a explicação a prestar-lhe, a amamentação e os cui- e, sobretudo, no seu espaço emocional.
da fisiologia do trabalho de parto e as dados do pós-parto são temas comuns A preparação para o parto é, então, im-
suas etapas e como colaborar em cada nas sessões de preparação para o parto. portante; mesmo que os pais já saibam
uma delas, o controlo da dor (recorren- Em termos práticos, o curso de pre- toda a teoria e tenham, inclusive, passa-
do, ou não, a meios farmacológicos), os paração para o parto é iniciado entre as do pela experiência, ficarão mais confi-
diferentes tipos de parto, os truques 28 e as 32 semanas de gravidez e tem antes das suas capacidades.
para o alívio de desconforto, as compe- uma duração de cinco semanas, para
tências do recém-nascido e os cuidados que em cada sessão (habitualmente dez

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Categoria

13
Moda www.demaeparamae.pt

Essenciais para um
look pós-parto
Quando nasce um bebé, nasce também
uma nova mulher que precisa de se adaptar
à sua nova imagem, ao seu novo “eu”. O
tempo passa a ter um valor ainda mais
precioso, por isso todas as opções diárias
devem ser práticas, versáteis e fáceis de
aplicar. Pode parecer um verdadeiro desafio,
mas conseguir um bom look pós-parto é Sofia Dezoito Fonseca
possível (e sem grandes investimentos). Consultora de Imagem

Quais são, então, os essenciais que MAQUILHAGEM - Mesmo quando o tem- ma. Porque tudo é mais fácil quando
todas as recém-mamãs devem ter? po escasseia, podem ser criados ata- olhamos para o espelho e nos sentimos
lhos: utilizar um BB (ou CC) Cream em bonitas!
CAMISOLAS LARGAS E LEGGINGS - Pe- vez de creme e base, por exemplo, e um
ças muito confortáveis, que transitam batom do cieiro com
do look de grávida e que, dependendo do cor, em vez de um
modelo escolhido, podem resultar num batom diferente a
look mais descontraído ou mais formal. cada dia, são
boas soluções.
SAIAS COMPRIDAS, DE CINTURA SUBI-
DA - Ajudam a disfarçar a barriga e po- A roupa justa,
dem conjugar-se com uma camisola lar- os saltos altos,
ga por dentro ou com um top mais curto os perfumes in-
sobre a zona da barriga. tensos, as unhas
compridas e a ma-
MOCHILA - Numa altura em que é impor- quilhagem carrega-
tante ser prática e manter os braços li- da são coisas a evi-
vres para cuidar do bebé, as mochilas tar nesta fase. No
são excelentes aliadas. fundo, tudo o que
pode causar frustra-
VESTIDOS - Vestidos fluídos (ou com la- ção por não ser práti-
çada) são boas opções. Para as recém- co (há um bebé pe-
mamãs que amamentam, os botões e quenino que precisa
decotes traçados são a solução mais de muitos cuida-
prática. dos!) deve ser evita-
do, assim como as
TÉNIS - Há algo mais versátil? Dê asas à peças que relem-
imaginação e combine-os com todo o bram as recém-ma-
tipo de peças, sem perder o conforto! mãs de que o seu
corpo sofreu altera-
BLAZER - É aquela peça que dá sempre ções e que ainda
um ar mais composto, que ajuda a afinar não recuperou.
a silhueta e que pode ser muito confor- De resto, é aprovei-
tável (neste aspeto, os modelo mais lar- tar cada momento desta fase, que deve
gos ou com tecidos mais fluídos são ser vivida em pleno e que deve ser acom-
melhores opções). panhada de uma boa dose de autoesti-

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Categoria

Entrevista

Fernanda
Freitas
Fundadora da Associação
Nuvem Vitória

por
Rita Amaral

Fundada em 2016, a Nuvem Vitória desenvolve um trabalho


voluntário único no mundo. Todas as noites, as equipas de
voluntariado contam histórias de embalar a crianças que es-
tão internadas nas pediatrias dos hospitais, longe dos seus
ambientes familiares. Estivemos à conversa com Fernanda
Freitas, fundadora da Associação.

Como surge a ideia de criar a Nuvem Vi- demorou? Como foi este processo? muito orgulho e um enorme sentido
tória? A ideia esteve vários meses em pro- de responsabilidade que começa-
Eu sou contadora de histórias volun- cesso de planificação e implementa- mos o processo de alargamento a
tária em ambiente pediátrico há ção – e, claro, dependia da aprova- mais alas, neste e noutros hospitais.
mais de 15 anos. Quando abri a mi- ção da equipa de Pediatria de um
nha empresa, apercebi-me que os hospital. Após várias reuniões, tive- Qual a vossa missão?
horários pedidos pelos hospitais mos autorização para desenvolver A Associação Nuvem Vitória desen-
eram incompatíveis com a minha um projeto-piloto em novembro de volve um trabalho voluntário único
nova dinâmica empresarial e que o 2016, com uma periocidade diária no mundo. Todas as noites, as equi-
único período de tempo livre que ti- (de segunda a sexta-feira), e com im- pas de voluntariado contam histó-
nha era durante a noite. plementação num piso selecionado rias de embalar a crianças que, por
Numa tarde, em abril de 2016, e em do Serviço de Pediatria do Hospital motivos de saúde (ou outros), estão
conversa com o Pedro Dias Mar- de Santa Maria, em Lisboa, em cola- longe dos seus ambientes familia-
ques, apercebemo-nos da inexistên- boração direta com os profissionais res.
cia de respostas para voluntariado à de saúde, educadoras e auxiliares. A plataforma #QueroDormir integra
noite em ambiente pediátrico. Junta- Perante o feedback obtido por parte a missão da Nuvem Vitória no de-
mos os nossos saberes e decidimos das crianças (nosso principal avalia- senvolvimento e promoção de mate-
criar a Associação em agosto de dor), famílias e toda a equipa de pro- riais, ferramentas e competências
2016. fissionais que, também de uma for- que propiciem um ambiente favorá-
ma diária, atuaram como parceiros vel a uma noite de sono recuperado-
Da ideia à concretização, quanto tempo fundamentais neste projeto, foi com ra.

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Entrevista www.demaeparamae.pt

Cientes de que existe muita informa- racia das populações bem como es- com os dias em que não houve leitu-
ção dispersa (e por vezes errada) so- treitar os laços familiares e com os ra de história e com as noites passa-
bre o sono, nas várias idades do ser cuidadores em geral. Permite tam- das em casa.
humano, reunimos todo o material bém a criação de um momento de re-
nacional e internacional numa mes- laxamento e descontração durante o Será que a Fernanda nos pode falar um
ma página, abordando questões angustiante período em que decorre bocadinho de si? Qual o papel do volun-
como os espaços onde dormimos, o internamento da criança. tariado na sua vida?
as patologias mais frequentes, os Eu comecei a trabalhar como volun-
hábitos que não nos deixam dormir Como é que as pessoas se podem candi- tária na Fundação do Gil, mas a mi-
e as rotinas para adormecer. Sempre datar para serem contadoras de histó- nha ligação com o voluntariado es-
com acesso a estudos científicos. rias? treitou-se em 2011, quando fui no-
As nossas equipas são formadas meada Presidente Nacional do Ano
Com quantos voluntários trabalham? num primeiro grande momento e em Europeu do Voluntariado. Já não
Como gerem esta articulação? posteriores momentos de reforço. consigo imaginar a minha vida sem
Atualmente, temos 514 voluntários Uma vez que são fixas, pois funcio- esta parte: não por achar que tenho
inscritos. Para além de uma equipa namos com o rigor do compromisso, qualquer obrigatoriedade de "devol-
de coordenação (uma por núcleo), as candidaturas são abertas sempre ver" à sociedade, mas por sentir que
com o apoio da CGI e da Salesforce, que a necessidade se verifica - nor- este "ordenado emocional” me com-
foi desenvolvida uma plataforma de malmente na abertura de novos núc- pleta.
gestão de voluntários que nos per- leos. As pessoas interessadas deve-
mite articular as disponibilidades de rão seguir-nos nas redes sociais, Como gostaria de ver a Nuvem Vitória
cada um(a). No dia a dia, cada volun- onde fazemos a divulgação destes daqui a 10 anos?
tário é acompanhado de perto atra- períodos de recrutamento. Somos Idealmente, não gostaria! Num mun-
vés de um grupo de WhatsApp onde muito exigentes no processo de for- do perfeito, não haveria crianças in-
recebe todas as informações neces- mação: mais do que pessoas com ternadas daqui a 10 anos. Porém,
sárias para que possa fazer o seu vo- jeito para contar histórias, procura- certamente que teremos de continu-
luntariado nessa noite - desde o mos pessoas rigorosas, com sentido ar o nosso trabalho e, de preferência,
nome da sua dupla (trabalhamos de compromisso e, sobretudo, ultra- com núcleos de voluntários espalha-
sempre em pares) ao número previs- pontuais! dos pelos vários distritos do país.
to de crianças e média de idades, de


forma a poder organizar o seu saco Tem noção, mais ou menos, do número
de histórias. de histórias contadas até hoje?
Até setembro 2019 foram feitas
Em quantos hospitais trabalham? 16411 horas de voluntariado e foram A Nuvem Vitória
A Nuvem Vitória está presente no
Hospital de Braga, no Hospital São
contadas 42501 histórias.
pretende
João e Joãozinho (Porto), no Hospi- Como avaliam o impacto da Nuvem Vi- estimular o
tal Santo André (Leiria), no Hospital tória? envolvimento dos
de Vila Franca de Xira, no Hospital
de Santa Maria (Lisboa), no Centro
Além do projeto-piloto que nos deu
uma noção mais concreta do impac-
pais, familiares e
de Medicina de Reabilitação de Al- to que a Nuvem Vitória poderia ter, cuidadores na
coitão (Cascais), no Hospital Garcia recentemente foi elaborado um estu- área da leitura e
de Orta (Almada) e, desde dezembro,
no Hospital Dr. José de Almeida
do – apresentado em setembro no
World Sleep Summit em Vancouver
da narração oral,
(Cascais). – junto das crianças hospitalizadas, em diferentes
Temos também equipas de voluntá- dos pais, dos cuidadores e até dos contextos,
rios a contar histórias nas Casas Ro-
nald McDonald (Lisboa e Porto) e no
próprios voluntários.
Os resultados preliminares, basea-
procurando elevar
Lar Escola António Luís de Oliveira dos numa pequena amostra de pais o nível de literacia
(Lisboa). e cuidadores, indicam que as crian- das populações
Como é que a Nuvem Vitória ajuda, tam-
ças hospitalizadas a quem foram li-
das histórias de embalar sentem-se
bem como
bém, os pais? felizes (46,7%) ou muito felizes estreitar os laços
A Nuvem Vitória pretende estimular (40%) após cada sessão de leitura. familiares e com
o envolvimento dos pais, familiares
e cuidadores na área da leitura e da
Além disso, verificou-se uma menor
resistência ao momento de dormir
os cuidadores em


narração oral, em diferentes contex- nos dias em que as crianças ouvi- geral.
tos, procurando elevar o nível de lite- ram histórias, quando comparados

16
Entrevista
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17
Entrevista www.demaeparamae.pt

Os Benefícios do
Babywearing
O babywearing tem ganho cada vez mais fãs,
mas a verdade é que esta técnica de
transporte é a mais tradicional que existe (as
mães africanas são especialistas neste
tema!). Há umas décadas não havia carrinhos
de passeio e as mães precisavam de ter as Gosia Krogulec
mãos livres para trabalhar, mas continuavam Consultora Certificada de Babywearing
a querer ter os seus rebentos junto a si. e Fundadora do projeto “Carregados
Como conciliar as duas coisas? Babywearing. de Amor”.

tualmente, o babywea- tar atenta aos sinais (de fome, sono quecidos após a gravidez);

A
ring continua a ser es- ou necessidade de afeto), facilitan- • Permite que a mãe faça algumas
colhido pelas mamãs do a comunicação entre os dois; tarefas enquanto tem o bebé no
por ter inúmeras vanta- • A presença da mãe cria a sensação colo.
gens e são, cada vez de segurança no bebé e permite Para tirar partido de todos estes be-
mais, as mães que dei- que este se relacione com o mundo nefícios, é essencial carregar o bebé de
xam o carrinho em casa e optam pelo de forma mais confiante; forma ergonómica - respeitando a sua
transporte dos bebés junto a si. E depois • Ajuda a alimentar o bebé - o con- anatomia e as particularidades do seu
da experiência intensa do nascimento, o tacto estimula a produção de leite desenvolvimento. Um porta-bebé permi-
bebé também anseia voltar a estar perto materno; te carregar de forma ergonómica quan-
da mãe. É o corpo da mãe que abriga, • Estimula os sentidos do bebé - ele do:
acalma e alimenta o recém-nascido - é está mais tempo em movimento, a • Tem uma base relativamente larga,
aqui que ele se sente em casa. balançar, a ver, a ouvir, a tocar e a que apoie as pernas do bebé de joe-
Por este motivo, o uso de porta-bebés ser tocado. Isso é favorável ao de- lho a joelho, na posição de “sapo”
é benéfico. Desta forma, é possível sa- senvolvimento; (pernas fletidas e abertas);
tisfazer a necessidade de proximidade • Cria condições para o bebé movi- • O apoio das costas é maleável e fle-
que existe entre o bebé e a mãe, sem mentar o pescoço, e mais tarde o xível (em tecido ou malha, sem
que a mãe tenha de prescindir totalmen- tronco, e faz com que exercite os acolchoamentos ou rigidez) e pode
te da sua autonomia. músculos que permitem controlar o ser bem ajustado às costas do
O uso de porta-bebés costuma tornar seu corpo e movimentos; bebé, para que o bebé fique aperta-
mais tranquila a fase inicial do pós-parto • É uma forma ergonómica de trans- do contra o corpo da mãe.Os porta-
e facilita a adaptação do bebé ao mundo portar o bebé - o porta-bebé protege bebés mais adequados desde o
exterior. Esta prática, o “babywearing”, a coluna contra pressões e cho- nascimento são panos - elásticos
traz imensos benefícios para toda a fa- ques, e distribui o peso favoravel- ou tecidos - e sling de argolas. Mais
mília: mente no corpo da mãe (o tronco e tarde, podem ser usados os mei-tai
• A mãe pode falar com o bebé e es- o pavimento pélvico ficam enfra- ou a mochila ergonómica.

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Categoria

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Maternidade www.demaeparamae.pt

Amamentação:
aquilo que não
nos ensinam
Ana Bárbara
Conselheira em Aleitamento Materno
(OMS/UNICEF) e Assessora de Lactação

Ter um bebé nos braços é o início do amor mais puro e absoluto. É um


amor que nasce da mais ínfima das nossas entranhas e nos arrebata. Li,
recentemente, num livro da autoria de Rafaela Carvalho, que “o amor de
mãe vem do núcleo de cada célula. Vem da alma, dos ossos, de todos os
pedaços”. E por ser um amor tão imediato e romântico, a maternidade soa
como a nossa canção preferida.

N
inguém nos avisa que, processo e ficamos reféns das opções lhor possível e manter uma boa ingestão
quando o bebé nasce, que outros irão tomar por nós. No entan- de líquidos, não de receber palpites de
nem sempre este amor é to, muitas são as mães que saem da ma- tudo e de todos (até daqueles entes que-
tão imediato assim, que o ternidade a amamentar em exclusivo, e ridos que nunca amamentaram). E
parto influencia o nosso também elas terão de lidar com a subida quem quiser tecer algum comentário ou
bem-estar, recuperação e a amamenta- de leite, que ocorre normalmente por vol- observação, talvez deva começar por re-
ção. E a amamentação que “deveria ser” ta do terceiro dia, ou seja, o primeiro dia conhecer a sua dedicação e o quão ma-
natural e intuitiva, afinal pode ser um de- em casa com o seu bebé, e que costuma ravilhosa ela já é no seu novo papel de
safio com o qual teremos de nos debater coincidir com as primeiras visitas. As mãe.
assim que o bebé nasce. De repente, mamas triplicam de tamanho, ficam du- Depois vem o choro (e o difícil que é
aquele momento solene e mágico do ras, doem apenas por existirem, doem compreender do que precisa o nosso
nascimento, torna-se uma corrida con- ao toque, doem mal o bebé tenta aboca- bebé!). Pois bem, o nosso bebé precisa,
tra o tempo. nhar. E no final da mamada continuam a essencialmente, da mãe, do leite mater-
Ninguém nos prepara para a realida- doer, porque nenhum recém-nascido no (ou outro que o bebé tome), do emba-
de com a qual muitas mães se deparam tem capacidade e estômago para tanto lo.
nos primeiros minutos de vida dos seus leite. Na dúvida, recomendo que, sempre
bebés. Ninguém nos prepara para o fac- As mães, os pais e quem acompanha que o bebé chora ou se mostra inquieto,
to de não estarmos preparadas, e para de perto a recém-família deviam estar as mães ofereçam a maminha e permi-
acedermos a algo aparentemente tão preparados para esta saga. A mãe preci- tam que o bebé mame enquanto quiser,
inofensivo como um biberão, mas que sa de amamentar o bebé e, de seguida, até ficar satisfeito, até largar a maminha
pode ser o início do fim da amamenta- fazer alguma coisa ao leite que fica nas ou adormecer (está mais do que ultra-
ção. Como profissional, apoio mães que mamas, pelo que seria perfeito que al- passada a recomendação de limitar o
cedo se depararam com dificuldades a guém pegasse no bebé com o mesmo tempo de cada mamada a 5-10 minutos
amamentar os seus bebés. Por vezes, as amor, para que esta mãe possa dar va- e numa mama só - um bebé pode preci-
dificuldades são evidentes ainda na ma- zão a tanto leite de outra forma (extrair sar de mamar durante mais tempo e as
ternidade, um freio curto, um bebé pre- manualmente até obter algum alívio é duas).
maturo e/ou imaturo, genelaridade, uma das alternativas). Ninguém nos prepara para a exigên-
complicações maternas, ocorrências Para os familiares e amigos que ro- cia que é ter um bebé totalmente depen-
neonatais que podem levar à separação deiam estas mães numa fase tão parti- dente de nós. E que dar de mamar vai
da díade, e a verdade é que se não esti- cular como o puerpério, talvez seja pru- passar a ocupar grande parte do nosso
vermos devidamente informadas sobre dente não dar palpites neste momento, dia, que sair de casa com um bebé re-
as medidas que devemos iniciar para assim como nos momentos e semanas quer algum planeamento e organização.
uma boa manutenção da amamentação, que se seguem. As mães que acabaram Ninguém nos prepara para o facto de,
rapidamente perdemos a confiança no de o ser precisam de se alimentar o me- mesmo estando a dar o nosso melhor

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Categoria

neste novo papel que é ser mãe, isso no nosso potencial de nutrir os nossos contrariedades que podem surgir. Inte-
não vai chegar para calar comentários bebés. grar esta dimensão é mais útil do que
sobre o nosso leite e as nossas esco- Felizmente, tive sempre a história da seguir um guião que poderá não servir
lhas enquanto mães. minha mãe muito presente. Fui crescen- de muito se houver um verdadeiro pro-
Na minha prática, e infelizmente tam- do a ouvir que tinha mamado durante o blema, seja do lado da mãe ou do lado
bém a nível pessoal, o que assisto é as primeiro ano de vida e que a minha mãe do bebé.
mães estarem constantemente a serem me ia amamentar à creche (na altura, a A título de exemplo, pensemos num
postas em causa nas suas escolhas e licença de maternidade era mais reduzi- bebé que foi identificado com freio curto
competências, pelos profissionais e da que atualmente). Das minhas amigas lingual e, após avaliação da mamada,
pessoas do seu círculo de relações. mais chegadas fui a primeira a engravi- verificou-se impacto na mobilidade da
Num dos últimos acompanhamentos dar, pelo que não conhecia mais nenhu- língua e no mecanismo de extração de
que fiz, uma mãe relatou-me desta for- ma história de amamentação a não ser leite. Até resolver a questão do freio, é
ma uma consulta com a Enfermeira de a da minha mãe. Para mim, amamentar necessário adotar estratégias compen-
Família: "A enfermeira disse que deveria foi algo que surgiu naturalmente e a ver- satórias, que podem passar por usar um
dar o biberão em cada mamada, que o dade é que já tenho três filhas e todas mamilo de silicone transitoriamente (ao
meu leite não é bom – que as minhas elas mamaram em exclusivo até aos contrário do que atualmente se faz crer,
mamas não passavam de chucha. Saí seis meses, tendo continuado por mais os mamilos de silicone podem ser úteis
de lá com as mamas a doer, de ela tanto tempo. e necessários em determinadas situa-
espremer para sair leite. O leite pingava Amamentar é uma dádiva para quem ções, idealmente com orientação de um
e ela dizia que aquilo não chegava. Saí o quer fazer, por isso recomendo que, à profissional, e com um plano de atuação
de lá de rastos." primeira dificuldade, peça apoio especi- que preveja a sua retirada, assim que a
Ninguém nos prepara para sermos alizado de quem verdadeiramente acre- limitação do bebé seja ultrapassada).
alvo de uma crueldade como esta. As dita em si e na amamentação. Não per- Por isso, mais do que ter um conjunto
palavras doem e minam a confiança ca a confiança - é possível amamentar de recomendações gerais, empodere-se
num processo que, por si só, não é tão sem dor e de forma harmoniosa. procurando aprofundar os seus conheci-
fácil e intuitivo assim. E porquê? Se o A amamentação pode ser simples e mentos sobre amamentação. Saiba
bebé está biologicamente preparado imediata para algumas mulheres e seria identificar sinais de alerta para que pos-
para mamar e o leite materno é um ali- perfeito se pudesse listar um conjunto sa agir rapidamente e consciente das
mento que se adapta às suas necessi- de recomendações que facilitassem o medidas que deve aplicar na sua situa-
dades desde o nascimento, porque é processo. No entanto, isso iria criar a ilu- ção específica. Porque a amamentação
que hoje, de uma forma geral, a ama- são de que a amamentação resulta se ti- é isso mesmo: um bebé e uma mamã
mentação se apresenta como um derra- vermos um guião - que até pode resultar com particularidades muito próprias.
deiro desafio? para algumas mães, mas garantidamen- Ninguém nos prepara para o que nos
Talvez porque deixamos de ver mu- te, não irá resultar com todas. espera, porque a verdade é que, com um
lheres darem de mamar - algo que, em Pode haver uma forte motivação e o bebé nos braços, tudo muda. Impera o
tempos, era vital para os bebés. A verda- desejo intrínseco de amamentar o bebé, amor, mas invade-nos o medo de que
de é que existem alternativas: o leite ar- sem dúvida que é essencial, mas não é algo corra mal. Por isso mesmo, infor-
tificial começou a ganhar destaque e menos importante compreender a ana- me-se. Por si, pelo seu bebé. Prepare-se
passou a ser uma opção até mesmo in- tomia das mamas e a fisiologia da ama- o melhor possível, para aquilo que nin-
centivada pelos profissionais. De certa mentação. Só assim conseguirá alcan- guém nos prepara.
forma, deixamos de acreditar em nós e çar a complexidade e o impacto das

21
Categoria www.demaeparamae.pt

Sylvia de Sousa Guarda


Psicóloga Infantil, Formadora e Consultora Montessori

A Pedagogia
Montessori
A pedagogia Montessori é muito mais do que um simples método
de educação; é um novo olhar sobre a criança, uma filosofia de vida
que nos permite acompanhar o desenvolvimento natural da criança
e contribuir para que se torne um adulto feliz e harmonioso.

ste é um método que de- desenvolvida por Maria Montessori há É importante que os adultos sejam

E
senvolve, na criança, mais de 100 anos, esses benefícios es- capazes de se abstraírem das suas pró-
competências essenciais tão, hoje, amplamente confirmados por prias vivências e da forma como foram
para que cresça feliz: a diversos estudos em neurociências. Ma- educados. Afastar ideias pré-concebi-
autonomia, a autorregula- ria Montessori dedicou anos da sua vida das sobre o que as crianças são capa-
ção, a liberdade de esco- à observação de crianças em diversos zes, ou não, de fazer é essencial, pois só
lha, a possibilidade de se movimentar li- contextos antes de tirar conclusões e assim poderão concentrar-se na crian-
vremente dentro do ambiente de apren- percebeu que o período da infância, até ça. É imperativo que se olhe para ela
dizagem, de descobrir e compreender a aos 6 anos, é crucial para o desenvolvi- como um ser que se constrói através
Natureza, de aprender com as outras cri- mento. das suas próprias experiências – os
anças, de respeitar e ser respeitada. Na O método Montessori apresenta-se adultos devem aprender a assumir uma
pedagogia Montessori, as crianças como uma forma de acompanhar a cri- posição de recuo para deixar a criança
aprendem consoante o seu próprio rit- ança no seu dia-a-dia, e é por isso que fazer as coisas por si mesma, ao seu rit-
mo, observando, manipulando objetos e faz sentido implementar os seus princí- mo.
prestando atenção às pequenas coisas pios não apenas nos contextos formais Respeitar esse ritmo implica identifi-
do quotidiano. de aprendizagem, como a creche ou o car a fase do desenvolvimento em que a
Os benefícios da educação Montes- jardim-de-infância, mas também em criança se encontra, assim como os
sori são imensos e, embora tenha sido casa. seus períodos sensíveis. Só desta forma

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Parentalidade

será possível propor-lhe os materiais e atividades. As roupas e os sapatos de- gogia Montessori é que uma criança au-
as atividades pedagógicas que vão ao vem estar colocados à sua altura (para tónoma é uma criança feliz, porque de-
encontro da sua curiosidade, dos seus que ela possa vestir-se e calçar-se sozi- senvolve a sua autonomia graças à con-
interesses e das suas necessidades de nha) e a cama deve estar ao nível do fiança que lhe transmitimos, e isso é o
desenvolvimento. chão (para criar autonomia e serenidade melhor presente que lhe podemos ofere-
O papel do adulto é um dos pilares da no sono). A ideia é que o ambiente per- cer!
pedagogia Montessori, mas o ambiente mita que a criança se movimente livre-
preparado é, também, um elemento es- mente e que possa escolher os materi-
sencial para o desenvolvimento da cri- ais pedagógicos que lhe vão permitir ad-
ança. Os diferentes espaços onde a cri- quirir conhecimento. Parece Na verdade, em
ança vive, seja em casa ou na escola, de- complicado, mas não é! Montessori
vem ser pensados e organizados em Na verdade, em Montessori adota-
função da idade das crianças que aco- mos o princípio “menos é mais” e colo-
adotamos o
lhem. camos de lado as coisas supérfluas. O princípio “menos é
É importante não esquecer que, ambiente Montessori é, dentro do possí- mais” e colocamos
quando Maria Montessori criou a primei- vel, desprovido de estímulos distratores:
ra “Casa dei Bambini” (a escola Montes- retiramos tudo aquilo que é inútil ou que
de lado as coisas
sori para crianças dos 3 aos 6 anos), em interfere com a concentração da crian- supérfluas. O
Itália, no início do século XX, pediu aos ça, seja num momento de atividade ou ambiente
arquitetos que fabricassem móveis com no momento de adormecer.
dimensões adequadas ao tamanho e à No quarto, reduzimos a quantidade
Montessori é, dentro
força das crianças (coisa que ainda não de quadros nas paredes e os poucos do possível,
existia naquela época). Os arquitetos fa- que colocamos estão ao nível dos olhos desprovido de
bricaram, então, mesas e cadeiras que da criança. Nas estantes, colocamos
permitiam que as crianças pudessem apenas os objetos adequados à sua ida-
estímulos
ter uma boa postura e os pés bem as- de e aos seus interesses. Optamos por distratores:
sentes no chão enquanto trabalhavam. cores claras e por uma decoração retiramos tudo
Essa posição favorece significativamen- sóbria.
te a concentração, e Maria Montessori Resumidamente, o ambiente Montes-
aquilo que é inútil ou
valorizava todos esses detalhes. sori traz serenidade e tranquilidade à cri- que interfere com a
O ambiente preparado deve, também, ança e ajuda-a a organizar-se e a con- concentração da
permitir que a criança tenha, ao seu al- centrar-se. Privilegiamos objetos boni-
cance, tudo aquilo que necessita para tos, feitos com materiais naturais (como
criança, seja num
desenvolver a sua autonomia: utensílios a madeira, o tecido, o vime e o vidro), de- momento de
de cozinha para ajudar a preparar as re- monstramos a forma correta de manipu- atividade ou no
feições, objetos de higiene para lavar as lar esses objetos e depois… deixamos a
mãos, a cara e os dentes, assim como criança explorar livremente!
momento de
todos os materiais para realizar as suas Um dos grandes princípios da peda- adormecer.

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Categoria
Decoração www.demaeparamae.pt

O quarto do bebé!
1 2 3
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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Decoração
Categoria

Independentemente do tamanho do quarto do


bebé, este é um espaço que deve transmitir
tranquilidade e segurança. Se vem um bebé a
caminho e tem um quarto para decorar, então estas
sugestões tão amorosas são para si!
10 Estante Dream Rooms 129.00€; 11 Poster H&M 12.99€;
12 Carrinho de arrumação Zara Home 39.99€; 13 Cama Montessori La Redoute 299,00€;
14 Pufe Infantil El Corte Inglés 69,95€; 15 Candeeiro pequeno El Corte Inglés 39.00€;
16 Tapete 150 x 200 cm Zara Home 129.00€;

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Gravidez www.demaeparamae.pt

VAMOS
BRINCAR?
Uma das formas mais eficazes de criar relações positivas entre os pais
e as crianças é através dos momentos de brincadeira. Tal acontece
porque quando os pais se envolvem em brincadeiras com os filhos,
longe das suas tarefas, a relação é temporariamente mais igualitária.
Quer dizer, em vez da habitual relação hierárquica, em que o pai/mãe
domina, na situação de brincadeira, educador e criança divertem-se
como iguais. Sendo certo que, neste momento, o educador deve
seguir as pistas dadas pelas crianças.

Vera Ramalho
Psicóloga Clínica

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Infância

omo acontece em qualquer problemas, a experimentar ideias e a de- nação e as suas competências sociais.

C relação, este momento de re-


ciprocidade serve para cons-
truir intimidade e confiança.
Aquilo que a investigação su-
gere é que o brincar e as suas várias fa-
ses são a preparação para as aprendiza-
senvolver a imaginação.
Ficam aqui algumas ideias para brin-
car, brincar e brincar!

AGARRAR
Deixe que a imaginação e os sonhos do
seu filho conduzam a brincadeira e am-
bos vão ver que serão momentos de
pura diversão. O faz de conta é a repro-
dução de situações sociais que permi-
tem aos mais pequenos uma maior
gens mais permanentes e necessárias Entre os 4 e os 5 meses o bebé tende compreensão do mundo, mas também
noutros períodos de vida. Ainda mais a segurar os objetos, agarrando-os deles próprios.
importante, ao fim de pouco tempo, re- quando estão ao seu alcance. Ri e emite
gistam-se melhorias em termos de hu- sons ao brincar, soltando gritos de ale-
mor, redução das birras, das chamadas gria. Os pais podem entrar na brincadei-
Muitos adultos
de atenção e um aumento na autoesti- ra e promover o contacto do bebé com alegam falta de
ma e na satisfação dos pequenos. brinquedos e objetos com diferentes for- tempo como um dos
É importante lembrar que as crianças mas e texturas. motivos para não
aprendem através do jogo. É durante a
brincadeira que põem as suas ideias em PUZZLES E CONSTRUÇÕES
brincarem com os
prática, correm riscos, experimentam di- seus filhos, mas
ferentes papéis, partilham sentimentos Desenvolvem a motricidade fina, a outros admitem que
e pensamentos. Além disso, o facto dos imaginação, a capacidade de planea- não o sabem fazer.
pais brincarem com as crianças fomen- mento, a resistência à frustração, o raci-
ta sentimentos positivos em relação a si ocínio lógico-abstrato. Aos 18 meses o
Não é preciso nada
e contribui para motivá-las para a apren- bebé gosta de transportar blocos de demais, apenas
dizagem. Nunca é demais relembrar que construção pela casa, bate-os uns con- deixar-se guiar pela
as crianças também aprendem através tra os outros, constrói uma torre com 3 criança e lembrar-se
do jogo. ou 4 cubos. Tudo isto pode ser fonte de
Muitos adultos alegam falta de tem- gargalhadas!
que ao brincar, os
po como um dos motivos para não brin- pais irão ajudá-las a
carem com os seus filhos, mas outros BRINCAR AO FAZ DE CONTA resolver problemas, a
admitem que não o sabem fazer. Não é experimentar ideias e
preciso nada demais, apenas deixar-se Surge por volta dos 2 anos e meio e
guiar pela criança e lembrar-se que ao permite que a criança experimente diver-
a desenvolver a
brincar, os pais irão ajudá-las a resolver sos papéis, desenvolvendo a imagi- imaginação.

27
Infância www.demaeparamae.pt

LER Por outro lado, sendo uma brincadeira li- plo: “Como achas que se sentiu a
vre, ajudará no desenvolvimento do Maria quando tu lhe bateste?”
A leitura também pode ser uma for- equilíbrio, ocupação espacial, avaliação • Incentive as crianças a falar à von-
ma de brincadeira, porque não? É muito do risco, resolução de problemas, entre tade sobre os seus sentimentos.
saudável, traz benefícios e fomenta o outros. Estes fatores serão essenciais As crianças devem ser ensinadas a
hábito da leitura na criança. Há muitas mais tarde para as aquisições académi- controlarem o seu comportamento,
famílias com o hábito de ler à noite, mas cas. não os sentimentos. Além disso, é
durante o dia também é importante e po- bom saberem que apesar de nem
dem recorrer a histórias divertidas que à FALAR SOBRE SENTIMENTOS sempre ser correto seguir impulsi-
noite poderiam dificultar a calma neces- vamente os nossos sentimentos, é
sária para a criança adormecer. Brincar com adultos estimula na cri- sempre bom falar sobre eles, e que
Para os bebés recomendam-se livros ança a aquisição de vocabulário, permi- todos os sentimentos são normais
que promovam a curiosidade, com co- tindo que as crianças aprendam a comu- e naturais. Ensine-lhes o auto-diálo-
res, formas e texturas, como por exem- nicar os seus pensamentos, sentimen- go positivo, como “Respira fundo,
plo, livros interativos. tos e necessidades. Por outro lado, devagar...”, “Procura pensamentos
Para os mais crescidinhos, entre os 3 ajuda-as a interagir socialmente, ensi- mais alegres”, “Eu sou capaz de me
e os 5 anos, os livros que falam sobre as nando-as a esperar pela sua vez, a parti- acalmar”, “Eu tenho outros amigos
emoções são importantes porque aju- lhar e a ser sensíveis aos sentimentos que gostam de mim.”
dam a identificá-las e expressá-las, algo dos outros. Ao brincar com os seus fi-
que deveria ser mais desenvolvido na lhos pode ainda aproveitar para estimu-
escola, mas nem sempre é. lar os sentimentos de auto-estima e
competência. Mas como? Deixo duas
Brincar com adultos
AR LIVRE ideias: estimula na criança a
• Faça perguntas sobre sentimentos. aquisição de
Qual é a criança que não gosta de Perante uma situação real ou inven-
brincar ao ar livre? Neste ambiente pro- tada, pergunte a criança o que sen-
vocabulário,
motor da estimulação multisensorial é te ou como se sentirá a outra pes-
permitindo que as
divertido subir às árvores, correr, saltar e soa envolvida na situação; Encora- crianças aprendam a
jogar à bola. Além disso, não há ambien- je os seus filhos a reflectirem sobre comunicar os seus
te melhor para conhecer a existência o que sentem quando confrontados
das flores, árvores, solos e animais, pro- com um problema. Incite-os a pen-
pensamentos,
movendo a construção da sua curiosida- sar sobre o ponto de vista da outra
sentimentos e
de, do espírito crítico e dos seres vivos. pessoa. Pode perguntar, por exem- necessidades.

28
De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Categoria

29
Gravidez www.demaeparamae.pt

Rosário Carmona e Costa


Psicóloga Clínica, especialista
em Psicologia da Web e Cyberbullying

As famílias e os ecrãs
3 inquietações a acalmar e 3
erros a evitar
Não há como contornar… Esta é a Era! A Era do contacto diário e
constante com ecrãs, a Era do interativo, a Era do imediato, a Era do
“tudo-à-distância-de-um-click”. Antes, os nossos filhos só sabiam
fazer uma coisa melhor do que nós - aproveitar o momento – e agora
sabem mais uma: utilizar de forma hábil cada uma das tecnologias
que têm ao seu dispor.

I
ndependentemente de esta com- É frequente, em consulta, ouvir algu- É muito frequente os pais chegarem
petência o fascinar ou assustar mas ideias confusas acerca das novas à consulta com a crença de que o filho
enquanto mãe, o que é verdadei- tecnologias, acolher os medos e sugerir tem um problema com os ecrãs. “Ele é
ramente importante é que possa melhores práticas para contornar os er- viciado naquilo” ou “ele está mesmo de-
aproveitar para parar, refletir, re- ros mais comuns. Deixo-lhe, neste arti- pendente” são frases que ouvimos de
ver o seu quadro de valores e de- go, os 3 principais de cada categoria: pais que estão a ter dificuldade em gerir
cidir-se por práticas parentais que, por o tempo que os filhos passam no com-
um lado, protejam e promovam o desen- 1. SE PERMITIR QUE O MEU FILHO TE- putador e nos telemóveis, bem como em
volvimento do seu filho e, por outro, pos- NHA ACESSO AOS ECRÃS, FICARÁ VICI- conseguir que cumpram um conjunto de
sam tirar o maior proveito de tudo o que ADO. tarefas que definem como prioritárias.
a tecnologia pode trazer de bom. Ora, não se trata do acesso aos ecrãs

30
No final de contas, a utilização das
De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 novas tecnologias deve fazer Categoria
parte
da vida dos nossos filhos de forma
equilibrada e como outra atividade
qualquer, quase como apenas mais
uma plataforma em que ele é e se
comporta exatamente como na
vida real - só passa a ser um
problema quando introduz
desequilíbrio nas rotinas do dia-a-
dia ou serve para satisfazer
necessidades e camuflar
dificuldades a que a vida real não
dá resposta.

mas, sim, dos limites que, necessaria- 3. SE O MEU FILHO UTILIZAR A INTER- mento (e, do mesmo modo, de o adoles-
mente, precisam de ser impostos. Crian- NET, REDES SOCIAIS OU JOGOS VIRTU- cente/adulto ter momentos de escape
ças que utilizam novas tecnologias, que AIS VAI FICAR UM “BICHO DO MATO”. que não são prévia nem excessivamente
têm acesso à Internet, ao computador e estruturados). Ao depararmo-nos com
a um conjunto de aplicações que vão ao A reflexão acerca da utilização das situações pouco estruturadas, com re-
encontro dos seus interesses poderão novas tecnologias tem sido feita, tam- gras pouco claras, desenvolvemos ca-
beneficiar de tudo o que estas acrescen- bém, à luz do efeito nas competências pacidades de organização, de comuni-
tam ao seu desenvolvimento desde que, sociais dos seus utilizadores. Se é ver- cação, de estruturação, que não sería-
desde cedo, os pais: a) definam as re- dade que uma utilização excessiva con- mos capazes estando sempre em
gras – e tempo – da sua utilização e b) duz necessariamente a algum isolamen- contacto com atividades com regras
promovam, paralelamente, um leque va- to, é mais verdade ainda que uma utiliza- rígidas e bem definidas. A capacidade
riado de interesses e atividades. ção regrada não só não afeta a de negociação e de cedência não é per-
qualidade e manifestação das suas mitida num jogo online em que as regras
2. PREFIRO QUE O MEU FILHO NÃO UTI- competências sociais, como as poten- estão definidas - perante a falha, segue-
LIZE A INTERNET PORQUE ESTÁ EX- cia tendo em conta o efeito de identifica- se o “game over”. A capacidade de in-
POSTO A DEMASIADOS PERIGOS. ção com os pares e a forma como en- ventar novas regras para um jogo que
contram mais pontos em comum com não está a resultar muito bem (porque o
Não há como negar que também a outros da mesma faixa etária. No final menino com quem jogo tem característi-
vida online e virtual apresenta perigos de contas, a utilização das novas tecno- cas diferentes) não tem lugar num jogo
às crianças (e a todos nós). No entanto, logias deve fazer parte da vida dos nos- de telemóvel e acontece, não raras ve-
é um mito que os privemos de ter con- sos filhos de forma equilibrada e como zes, que a criança se sinta insegura em
tacto com esta vertente do dia-a-dia outra atividade qualquer, quase como situações pontuais do dia-a-dia com li-
como atitude protetora uma vez que, apenas mais uma plataforma em que ele mites e regras menos claros, precisa-
com isso, não estamos a ajudá-los a de- é e se comporta exatamente como na mente porque está habituada a que es-
senvolver estratégias para lidar com os vida real - só passa a ser um problema teja tudo muito bem definido (infeliz-
perigos e dificuldades online, não esta- quando introduz desequilíbrio nas roti- mente esta necessidade de estrutura e
mos a aproveitar a oportunidade para nas do dia-a-dia ou serve para satisfazer de conhecimento das regras dos jogos
conversar sobre o mundo virtual e ser- necessidades e camuflar dificuldades a virtuais não se verifica na aceitação e
mos bons modelos de utilização, nem que a vida real não dá resposta. cumprimento de regras de comporta-
tão pouco estamos a torná-los peritos mento na vida real).
numa utilização cuidada e protegida. E é 4. É UM ERRO ESQUECER O BRINCAR
melhor que se desengane: se ele não uti- LIVRE. 5. É UM ERRO NÃO PERMITIR O ABOR-
lizar em casa, irá fazê-lo nos telemóveis RECIMENTO.
dos amigos ou nos computadores da es- A capacidade de a criança se envol-
cola nas restantes 8 horas do dia que ver em brincadeiras não estruturadas é Como seria bom continuar a ouvir cri-
passa longe de si. fundamental para o seu bom desenvolvi- anças dizer “não tenho nada para fa-

31
Família www.demaeparamae.pt

zer”…! Todos os pontos anteriores deixa-


riam de ser um problema! É importante
que tenhamos momentos de “nada para
fazer”, de encontro connosco próprios,
Parece que a maioria dos pais se
de diálogo interno, de imaginação para esqueceu como sobreviveu a
dar a volta à situação. Por que razão te-
rão os pais tanto medo que a criança se
uma infância sem um tablet ou
aborreça? Precisamos que a criança se sem os vídeos do youtube.
aborreça enquanto criança para apren-
der a lidar com isso nesta janela impor-
Entrou na sua infância, para
tantíssima do seu desenvolvimento, já efeitos de lazer e
que é inevitável que se venha a aborre-
cer no futuro (quem não?!) e que tenha
entretenimento, uma
adquirido e aprendido a ativar os recur- competência absolutamente
sos para lidar com essa frustração.
Creio que este ponto poderá ser clarifi-
fundamental: a imaginação!
cado um pouco mais à frente.

6. É UM ERRO NÃO RECUAR À INFÂNCIA


DOS PAIS.

Parece que a maioria dos pais se es-


queceu como sobreviveu a uma infância
sem um tablet ou sem os vídeos do you-
tube. Entrou na sua infância, para efei-
tos de lazer e entretenimento, uma com-
petência absolutamente fundamental: a
imaginação! Existe um número sem fim
de brincadeiras que podem surgir quan-
do as crianças não estão sujeitas aos li-
mites impostos pelo que a tecnologia
lhes está a propor. Por outro lado, este
exercício dos pais recuarem à sua pró-
pria infância também os aproxima dos
seus filhos: contar como era, o que fazia,
relembrar as asneiras, relembrar os brin-
quedos e como se construíam, voltar a
construir com os filhos aquilo que foram
as invenções da sua meninice e que, no
fundo, contribuíram para o adulto que é
hoje.
Seja qual for a crença de uma família,
cultivar a espiritualidade, os laços com
os diferentes membros da família e das
diferentes gerações e o contacto consi-
go mesmo, no silêncio e na ausência de
estímulos, está diretamente relacionado
com o desenvolvimento harmonioso.
Esta experiência de solidão, de esvazia- A maioria dos adultos relata que é ver da mesma forma que uma aventura
mento de si próprio, não pode ser atingi- através do contacto com a natureza que pela floresta!
da online, pelo que as crianças precisam consegue ir ao fundo de si mesmo, rela- Assim, lembre-se, traga a tecnologia
de tempo offline para cultivar e desen- tivizar, admirar a grandeza das coisas… para dentro de casa, aproveite-se de
volver a sua relação consigo mesmas, e um documentário, mesmo em alta de- tudo o que nos traz e acrescenta mas
treinar a capacidade para refletir e exa- finição, pode empurrar-nos para um cer- não se esqueça do botão mais impor-
minar, e aprender que estar sozinho não to passeio mas certamente não nos per- tante para nos deixar ON relativamente
quer necessariamente dizer estar abor- mite escalar a montanha desde o sofá. àquilo que mais interessa: o OFF!
recido, só ou assustado. Neste aspeto, a Da mesma maneira que um jogo online
natureza pode ter um papel fundamental. de estratégia não nos ensina a sobrevi-

32
De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Categoria

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Aprender a lidar com


as emoções
Já alguma vez se perguntou qual o fator que
mais influencia o sucesso de uma pessoa na
vida adulta? Hoje, sabemos que não é o
quociente de inteligência de uma criança
que determina o seu sucesso na vida adulta,
mas sim a forma como ela é capaz de
reconhecer, expressar e gerir as suas Elizabete Neves
emoções e a forma como, empaticamente, Coach e Especialista em Inteligência
se relaciona com os outros. Emocional

A
s emoções são um sis- dê a melhor resposta, aquela que garan- nou a lidar com elas, a senti-las ou a
tema de alarme, que é te a nossa sobrevivência e satisfaz as geri-las. Nascemos com elas, fazem par-
ativado quando perce- nossas necessidades. Neste ponto, po- te de nós, mas é como se nos esquecês-
cionam alguma mu- demos afirmar que as emoções determi- semos delas, pelo simples facto de se-
dança ao nosso redor nam o modo como nos relacionamos rem invisíveis.
ou no nosso interior. Os connosco e com o mundo. Perante cada situação do nosso dia-
pensamentos variam de acordo com as a-dia, as emoções trabalham para nos
emoções que sentimos e, consequente- PARA QUE SERVEM AS EMOÇÕES? darem a informação que necessitamos
mente, as emoções variam com os pen- para garantir a nossa segurança. Já vos
samentos que temos – são os “estados As emoções permitem identificar e aconteceu, no vosso quotidiano, surgir
emocionais”. A biologia é sábia e estes comunicar o que está a acontecer a um aviso no ecrã do computador a infor-
“alarmes” servem para que, através do cada momento. A grande questão é que, mar que um determinado ficheiro é con-
nosso sistema nervoso, o nosso corpo salvo raras exceções, ninguém nos ensi- siderado perigoso? O antivírus conside-

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Categoria
Infância

Reconhecer as
emoções dos nossos
filhos e dar-lhes um
nome é algo que
podemos fazer desde
que são bebés.
Quando falamos com
eles e vemos que
estão aborrecidos,
dizemos: “vejo que
estás aborrecido”,
“sinto que estás
triste”. Ajudamo-los a
tomar consciência do
que sentem, do que
está a acontecer no
seu corpo e a dar-lhe
um nome.

ra que pode existir algum perigo, mas GESTÃO EMOCIONAL cados sem esta componente. Para se
pergunta-nos o que fazer - “deseja conti- ensinar é preciso saber. A boa notícia é
nuar?” –, correto? Ele dá-nos o poder de, Para um desenvolvimento integral é que estamos sempre a tempo de apren-
conscientemente, ajustar o comporta- necessário ajudar a criança a desenvol- der.
mento à situação. Porém, eu só consigo ver a sua inteligência emocional. Conhe- Quando aprendemos a (re)conhecer
escolher e fazer a melhor escolha se co- cer e compreender a emoção proporcio- as nossas emoções, conquistamos
nhecer a origem do ficheiro, se tiver na à criança um sentimento de seguran- graus de liberdade e controlo sobre elas,
consciência do que está a acontecer e ça e tranquilidade, garantindo-lhe que o o que nos permite regulá-las e geri-las a
do que quero que aconteça. O alerta, por que sente é normal, que tem um nome e nosso favor. Quando percebemos que
si só, não é bom nem é mau, é um alerta, que existem formas de lidar com essas temos recursos para isso, tornamo-nos
tal como as nossas emoções - não há situações. Falar sobre emoções é garan- mais seguros, mais confiantes, com
emoções boas e más, todas têm uma tir que estamos a contribuir para um uma autoestima equilibrada, muito mais
função clara e útil. É verdade que umas mundo mais assertivo, mais empático e empáticos e com maior capacidade
criam em nós estados emocionais mais mais humanizado, na medida em que para nos relacionarmos com os outros.
agradáveis e funcionais do que outras, promovemos o desenvolvimento de O mesmo acontece com as crianças
mas o princípio é o mesmo: cabe a cada adultos equilibrados, com elevado auto- e os jovens que desenvolvem maior do-
um de nós escolher o passo seguinte. conhecimento, capazes de reconhecer mínio emocional: apresentam melhores
Posso escolher o que fazer com cada as suas emoções e as dos outros, com rendimentos escolares, maior capacida-
uma das minhas emoções. E este é um recursos para gerir, transformar e criar de para cuidar de si mesmos e dos ou-
princípio absolutamente desafiante e estados emocionais favoráveis, que os tros, maior foco e capacidade de resi-
transformador. Desafiante porque colo- ajudem a atingirem os resultados, os ob- liência para ultrapassar os desafios,
ca a responsabilidade em cada um de jetivos que ambicionam na vida. Já dizia maior capacidade de pensamento críti-
nós e transformador porque gera um Aristóteles: “Educar a mente sem edu- co construtivo e menor probabilidade de
mundo de oportunidades de crescimen- car o coração, não é educar.” se envolverem em situações e compor-
to, de autoconhecimento e de adapta- A gestão emocional ainda não é ensi- tamentos de risco.
ções. nada nas escolas e é, muitas vezes, ig- A Inteligência Emocional é uma com-
Se reunirmos toda esta informação e norada no contexto familiar, criando petência e, como todas as competên-
a aplicarmos no contexto educacional, uma lacuna no desenvolvimento da cri- cias, pode ser compreendida, treinada e
podemos tornar-nos agentes de mudan- ança, com efeitos evidentes nas atitu- adquirida.
ça e dotar as nossas crianças de ferra- des do futuro adulto. Acredito que isto
mentas para a vida. Podemos criar um acontece porque nós, agora adultos res- COMO PODEMOS FAZER ISSO?
novo paradigma. ponsáveis pela educação de uma nova
geração, fomos, maioritariamente, edu- Na realidade é mais simples do que

35
Infância www.demaeparamae.pt

parece. Quando eu, enquanto adulto, racia emocional. xão, para depois podermos analisar e al-
aprendo a identificar as minhas emo- Outra componente desafiante e terar o comportamento. Quando
ções, aprendo a controlar os meus transformadora é a validação da emo- fazemos isto, a criança sente-se escuta-
impulsos e passo a agir de modo mais ção que a criança está a sentir. E validar da, respeitada e aprende a reconhecer
consciente, escolhendo os meus com- não significa aceitar comportamentos! as suas emoções e a encontrar estraté-
portamentos para cada situação. Por trás da validação, existe a consciên- gias para as gerir.
Agindo com empatia, estou a ensinar, a cia plena de saber que a criança não é a Na verdade, a educação emocional
trabalhar a inteligência emocional dos emoção nem o comportamento que está envolve um longo processo de aprendi-
meus filhos. Sabemos que a aprendiza- a ter. A criança não é boa nem má. A cri- zagem, mas é um processo belo se o
gem significativa acontece através da ança está a aprender e o nosso papel é escolhermos fazer a partir da essência,
observação, pelo que ser emocional- ajudá-la a compreender-se e a encontrar da nossa e da deles. É importante res-
mente inteligente é, também, ser modelo estratégias funcionais para situações peitar a sua natureza e aproveitar cada
para os nossos filhos, mostrar-lhes que a incomodam. Por isso é tão impor- desafio do dia-a-dia como uma oportuni-
como se faz. Este é o primeiro passo: de- tante validar os sentimentos e emoções dade para praticar, num processo de
senvolver a minha inteligência da criança. Validar é observar e dizer o melhoria contínua, construindo uma vi-
emocional para ensinar através do meu que vemos, sem julgamento ou crítica. são de nós mesmos e do mundo, mais
comportamento. “Percebo que querias mesmo aquele integral, mais equilibrada, mais feliz.
O passo seguinte é chamar as coisas brinquedo. Ficaste triste.” - e permitir à
pelos nomes. Reconhecer as emoções criança chorar, manifestar a emoção
dos nossos filhos e dar-lhes um nome é que está a sentir. Ao fazermos isto esta-
algo que podemos fazer desde que são mos a criar um vínculo com a criança. Agindo com
bebés. Quando falamos com eles e ve- Estamos a ser empáticos. Estamos a di- empatia, estou a
mos que estão aborrecidos, dizemos: zer-lhe, sem palavras, “Eu estou aqui. ensinar, a trabalhar
“vejo que estás aborrecido”, “sinto que Toma o teu tempo. Eu estou aqui para o
estás triste”. Ajudamo-los a tomar cons- que precisares.” Jane Nelsen, impulsio-
a inteligência
ciência do que sentem, do que está a nadora da Disciplina Positiva, diz: emocional dos
acontecer no seu corpo e a dar-lhe um “conexão antes da correção”, e é disto meus filhos.
nome. Estamos a desenvolver uma lite- que se trata. Validar é estabelecer cone-

36
De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Categoria

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Gravidez www.demaeparamae.pt

Diversificação
alimentar
O leite materno deve ser o primeiro
alimento que o bebé ingere e, sempre que
possível, exclusivo até aos 6 meses de vida.
No entanto, aos 4 ou 6 meses de idade
(dependendo dos bebés e das
recomendações do pediatra) introduzem-se Susana Cardoso
novos alimentos. Nutricionista

bebé humano nasce voláteis da dieta materna e esta capaci- vas para finalmente ter sucesso, pelo

O
com um gosto inato dade de reconhecimento de sabores tra- que se deve encorajar a persistência na
para o doce e uma duz-se num nível de aceitação mais fácil oferta alimentar. A estratégia de “se não
aversão ao amargo. A dos mesmos quando administrados aos gosta, não ofereço e só lhe apresento o
preferência pelo sal- bebés frutos dessas gestações. A pas- que sei que ele gosta“ não funciona para
gado vai-se desenvol- sagem desses mesmos sabores através a aquisição de uma paleta mais variada
vendo a partir do segundo semestre de do leite materno também é importante, de alimentos. A janela para a habituação
vida e o gosto pela fruta desenvolve-se pois confere ao lactente amamentado aos sabores é estreita, começando a fe-
também nessa altura, de forma progres- uma maior capacidade para se adaptar char-se pelos 2 anos e encerrando aos 3
siva, entre os 6 e os 18 meses. Por outro à diversificação alimentar, nomeada- anos. Para induzir a modificação do
lado, a relutância em aceitar novos sa- mente a sabores de frutos e vegetais, comportamento alimentar (genetica-
bores (neofobias alimentares) acentua- desde que as mães os consumam en- mente determinado), devemos encorajar
se a partir do 1º ano de vida e, para além quanto amamentam. a variedade.
do sabor, também o tipo e a textura do
alimento condicionam o grau de neofo- ESTRATÉGIAS DE ACEITAÇÃO DE NO- A DIVERSIFICAÇÃO ALIMENTAR: QUAN-
bia. VOS SABORES DO E COMO COMEÇAR E COMO CONTI-
No entanto, podemos contrariar es- NUAR?
tas preferências inatas através da expe- A capacidade de o bebé aceitar no-
riência precoce, da familiarização com o vos sabores vai aumentando à medida A cronologia da introdução dos dife-
sabor e da variedade alimentar. O feto que se vai familiarizando com esse sa- rentes alimentos não pode ser rígida e
está equipado para reconhecer sabores bor. São precisas, em média, 11 tentati- deve ter em consideração uma série de

38
De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Alimentação

fatores de ordem social e cultural, tais É importante, porém, relembrar que em-se a carne, o peixe e o ovo. A carne é
como os costumes de cada região, as não há regras rígidas nem verdades ab- um importante fornecedor de ferro hémi-
questões socioeconómicas, o tempera- solutas e que é preciso ter em conta co, que previne a deficiência em ferro, e
mento da criança, a disponibilidade do princípios gerais para, depois, ser capaz tendo em conta que as reservas de ferro
agregado familiar e ainda particularida- de adaptar as recomendações à realida- podem esgotar-se entre os 4 e os 6 me-
des do lactente como alergias ou patolo- de de cada lactente e de cada contexto ses, é aconselhável a introdução de car-
gias. sociocultural. De qualquer forma, a di- ne (preferencialmente de aves - como
A partir dos 6 meses torna-se mais di- versificação alimentar não deve ser ini- frango, peru e avestruz – e coelho) aos
fícil para os lactentes atingirem as suas ciada antes das 17 semanas nem de- 6 meses de idade. A introdução do peixe,
necessidades nutricionais através do pois das 24 semanas de vida. por sua vez, deverá iniciar-se depois do
aleitamento materno exclusivo e passa 6º mês, com a oferta de peixes magros
a ser necessário diversificar a alimenta- QUANDO INTRODUZIR CADA ALIMEN- (pescada, linguado, solha ou faneca).
ção, permitindo uma transição entre TO? A introdução destas fontes de proteí-
uma alimentação exclusivamente láctea na animal deve iniciar-se no caldo/puré
e a familiar. Nesta altura, a maioria dos As recomendações atuais vão no de legumes, com porções de 10g e au-
latentes está preparado, em termos de sentido da não introdução de glúten an- mentando gradualmente até atingir a
desenvolvimento e maturação, para tes dos 4 nem após os 7 meses, deven- dose de cerca de 25-30g de carne ou pei-
aceitar outro tipo de alimentos. do a introdução ser gradual e preferenci- xe isentos de gordura por dia. Poderá
Entre os 5 e os 8 meses ocorre uma almente acompanhada pela manuten- ser oferecida toda numa refeição do dia
transição progressiva das funções oro- ção do aleitamento materno. Tal como (almoço) ou metade desta dose nas
motoras com a passagem da sucção as fórmulas infantis, também os cereais duas refeições principais. Idealmente,
para a mastigação e, a partir deste perí-
odo, o lactente desenvolve a capacidade
de mastigação, devendo esse processo Uma diversificação alimentar efetuada
ser estimulado de modo a facilitar a inte-
gração na alimentação familiar. Se a sua
no momento certo, através da
introdução não ocorrer até aos 10 me- introdução de alimentos de
ses, aumentará o risco de dificuldades consistência, densidade energética e em
na alimentação, com impacto negativo nutrientes adequados, administrados
em idades posteriores.
A passagem de uma dieta rica em
numa quantidade e com uma frequência
gordura, característica do aleitamento corretas, será o garante de uma oferta
exclusivo, para uma dieta rica em hidra- energética adequada e nutricionalmente
tos de carbono induz, só por si, adapta- equilibrada que, em última
ções hormonais significativas, com re-
percussões no processo de crescimento
consequência, garante a estimulação do
e exigências de adaptabilidade digesti- apetite e a procura de novos paladares e
va. É importante ter em consideração texturas para a vida.
que existem “janelas de oportunidade”
para o desenvolvimento de todas estas
capacidades e para o treino da aceita- (a partir do 6º mês) deverão ser enrique- deverá ser oferecida carne 4 vezes por
ção de alimentos diferentes do leite. A cidos em ferro, de forma a reduzir o risco semana e peixe nos restantes 3 dias.
ausência deste treino poderá compro- de ferropenia ou anemia ferripriva preva- A partir do 7º mês, poderá adicionar-
meter todo o processo de diversificação lentes nesta fase do crescimento. se a dose recomendada de carne ou pei-
alimentar e aumentar o risco futuro de Assim, a diversificação alimentar é xe a preparados tais como farinha de
dificuldades na alimentação. iniciada, entre o 5º e o 6º mês, com um pau ou açorda e, nos dois meses seguin-
Uma diversificação alimentar efetua- caldo ou puré de legumes. Sugere-se tes, essa dose poderá ser adicionada a
da no momento certo, através da intro- que, no 1º dia, se coloque batata, cenou- arroz branco ou massa, cozidos com le-
dução de alimentos de consistência, ra e cebola e se vá acrescentando um le- gumes. A textura deverá ser progressi-
densidade energética e em nutrientes gume diferente a cada 3 dias, verifican- vamente menos homogénea de forma a
adequados, administrados numa quanti- do sempre se existe reação por parte da estimular o desenvolvimento.
dade e com uma frequência corretas, criança. O espinafre, o nabo, a nabiça, a O ovo entra na alimentação aos 9 me-
será o garante de uma oferta energética beterraba e o aipo contêm elevado teor ses, altura em que se introduz, de uma
adequada e nutricionalmente equilibra- de nitrato bem como de fitato, razão forma progressiva e lenta, a gema. Deve-
da que, em última consequência, garan- pela qual só deverão ser introduzidos a rá ser consumida apenas até 1 gema de
te a estimulação do apetite e a procura partir dos 12 meses de idade. cada vez e não deve ser excedido o nú-
de novos paladares e texturas para a Dentro do grupo dos fornecedores de mero de 2-3 gemas por semana. Para
vida. proteínas de alto valor biológico inclu- além disso, a utilização de gema numa

39
Alimentação www.demaeparamae.pt

refeição, obriga à ausência de oferta de cialmente alergogénicos ou libertadores Poderão ser introduzidas entre os 9 e os
qualquer outra fonte de proteína animal de histamina (morango, amora, kiwi, ma- 11 meses de idade (inicialmente o feijão
(carne ou peixe), mesmo na fase inicial racujá). fradinho, branco ou preto e a lentilha)
de introdução. A clara poderá ser intro- Os frutos devem ser oferecidos indi- sempre previamente bem demolhadas.
duzida a partir dos 11 meses, devendo vidualmente, de forma a permitir o treino Num lactente a efetuar uma dieta vege-
ser protelada a sua introdução para os do paladar. Devem ser consumidos intei- tariana, a sua introdução deverá ocorrer
24 meses caso haja história individual ros e não sob a forma de sumo - a água mais precocemente.
de atopia. deverá ser a única bebida nos hábitos
Os frutos, por sua vez, são o primeiro alimentares do bebé. Devem apresentar- E AS BEBIDAS?
alimento a ser introduzido em alguns se, em cada dia, frutos de cor variada, de
centros europeus. A maçã e a pera (cozi- forma a garantir a mais completa varie- Enquanto principal regulador térmi-
das, assadas ou em vapor) e a banana dade nutricional. E tal como em relação co, imprescindível à adequada realiza-
são, habitualmente, os primeiros frutos aos legumes, os frutos devem ser intro- ção de todas as funções vitais, a água
a serem utilizados. Os frutos ricos em vi- duzidos gradualmente, verificando sem- deverá ser oferecida ao lactente várias
tamina C deverão ser consumidos em si- pre se existe reação por parte da criança. vezes por dia. Em contrapartida, está
multâneo com legumes ricos em ferro O iogurte é um alimento lácteo fresco formalmente contraindicado o uso de
ou cereais, pois aumentam a absorção obtido pela fermentação do leite por outras bebidas (chá ou sumos), assim
do ferro não hémico. Durante o primeiro bactérias e contém leveduras. Com um como também não é recomendada a in-
ano devem ser evitados os frutos poten- importante papel pré e pró biótico, é um clusão de sal nos preparados culinários
alimento bem tolerado, protetor de infe- durante o primeiro ano de vida.
ções intestinais e regularizador e prote-
Os frutos devem tor da flora cólica. Muito embora o leite A RETER!
ser oferecidos de vaca em natureza (pasteurizado e
individualmente, UHT) nunca deva ser introduzido antes Ingerir uma grande variedade de ali-
de forma a permitir dos 12 (preferencialmente 24 - 36) me- mentos saudáveis, defender a amamen-
ses, estas características do iogurte, a tação prolongada e estimular a persis-
o treino do paladar. pequena porção em que deve ser consu- tência na apresentação de alimentos,
Devem ser mido diariamente (150-200 ml), a facili- ainda que rejeitados pelo lactente no iní-
consumidos dade de utilização e as vantagens para a cio da diversificação alimentar, bem
inteiros e não sob a flora intestinal permitem a sua introdu- como enfatizar a necessidade de variar
ção cerca dos 9 meses num lanche, em os sabores e texturas, no decorrer de
forma de sumo - a alternativa ao leite ou papa. Deve ser na- todo este processo, é algo que as grávi-
água deverá ser a tural, sem aromas nem quaisquer aditi- das e lactantes devem ser incentivadas
única bebida nos vos de açúcar ou de natas. a fazer. Após a diversificação alimentar,
hábitos As leguminosas secas, concretamen- é necessário que a criança tenha um
te o feijão, a ervilha, a fava, a lentilha e o adequado suprimento proteico e ener-
alimentares do grão, são uma importante fonte nutricio- gético, que garantirá um crescimento
bebé. nal pelo seu teor em proteína vegetal e adequado e de acordo com o programa-
em hidratos de carbono complexos. do.

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Parentalidade

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Família www.demaeparamae.pt

Como preparar a
chegada de um irmão
O nascimento de um segundo filho é
acompanhado por novos desafios. Além dos
pais terem que lidar com todos os medos e
receios de uma nova gravidez, têm mais uma
preocupação e é preciso lidar com ela com
tranquilidade.
Joana Prudêncio
Psicóloga Clínica

muito importante que os mar essa chegada com alguma antece- As crianças são seres mais simples do

É
pais estejam bem neste dência. que os adultos e, normalmente, são os
momento das suas vidas, pais que mais complicam.
pois a chegada de uma COMO DAR A NOTÍCIA?
nova criança é geralmen- "UAU, VOU TER UM MANO PARA BRIN-
te sentida com alguma O primeiro passo é contar ao filho CAR!"
desorganização. É um momento sentido mais velho que terá um irmão, sempre
por todos com uma enorme alegria, mas com a ideia de que as reações serão di- A notícia é, geralmente, sentida pelos
também com algum receio. É uma mu- ferentes consoante a idade. E isto deve filhos mais velhos com alegria. No en-
dança - e deve ser encarada como tal - ser feito da maneira mais simples: sen- tanto, mesmo durante a gravidez, as cri-
mas o importante é que se tente progra- do frontais e pondo os receios de lado! anças podem sentir algum ciúme quan-

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Família

do percebem que a atenção começa a portante que os pais comecem a parti- mão a apresentar o bebé pode também
ser desviada na direção de um ser que lhar essas tarefas. Depressa os pais vão fazer com que este se sinta mais valori-
ainda nem chegou. perceber, também, que é possível adqui- zado.
Quando se tratam de crianças mais rir novas rotinas e adaptá-las à família
pequenas acaba por ser mais fácil co- sem dramas. A REGRESSÃO DOS COMPORTAMEN-
municar a notícia, uma vez que a ideia TOS
de ter um irmão é ainda muito abstrata A (DES)ATENÇÃO DA MÃE
em idades mais precoces. As crianças comunicam essencial-
As mães, mais uma vez, têm que gerir mente através do comportamento, pelo
ENTÃO O QUE FAZER PARA QUE TUDO um novo momento de crescimento e de que é importante que os pais o usem
SEJA HARMONIOSO? encarnar o novo papel - serem mães de como a sua linguagem.
duas crianças. Têm que gerir os seus Temos, assim, que considerar a pos-
Apostar na comunicação, na lingua- próprios sentimentos enquanto enfren- sibilidade de haver algumas regressões
gem falada e na linguagem dos afetos. tam o seu maior medo: a possibilidade relativamente a etapas de desenvolvi-
Se as palavras têm um poder enorme, o de causarem danos aos filhos mais ve- mento já adquiridas (voltar a querer usar
nosso comportamento muito mais. lhos, que costumavam receber toda a chupeta, por exemplo). Apesar de des-
Evitar dizer ao filho mais velho "agora atenção. truturantes para os pais, são reações
não posso, porque vou dar banho ao Os pais, estando atentos aos seus fi- normais e é importante que haja muita
bebé". O bebé nunca poderá ser a razão lhos, percebem quais as suas necessi- calma e compreensão relativamente a
pela qual os pais não têm tempo para dades. É preciso perceber que, na pers- estas questões, mas também que conti-
ele. Porque não tirar um tempo para fica- petiva do filho mais velho, este é um nuem a lidar com as alterações de com-
rem enroscados no sofá a ver os seus bebé que vai andar sempre ao colo (o portamento como antes: se antes não
desenhos animados favoritos? E caso tempo de aleitamento é visto também permitiam as birras, agora também não
os pais se sintam muito cansados, e como tempo de colo), pelo que será im- o devem fazer. Esta é uma fase que, tal
como sabemos que as crianças podem portante dirigir a sua atenção numa ou- como todas as outras, vai acabar por
ser muito exigentes, porque não contar tra direção durante esse período. Quan- passar.
com as ajudas de outras pessoas? Orga- do a mãe está a amamentar o bebé, o pai É fundamental, assim, reconhecer
nizar um tempo para brincar com um pode desafiar o filho mais velho para que os pais são os verdadeiros conhece-
amiguinho ou deixar o filho mais velho ir uma atividade de que ele goste muito, dores dos seus filhos, pelo que confiar
passear com os avós podem ser exce- algo benéfico para ambos. Porém, é im- nesse princípio, estar atentos aos filhos,
lentes alternativas. Isso dá aos pais a portante que a mãe também se organize e entregar-se às suas próprias convic-
oportunidade para respirarem e armaze- para poder ter algum tempo exclusivo ções é a melhor forma de agir. E com
narem novas energias. Não faz mal pe- com o filho mais velho. essa certeza e uma grande dose de
dir ajuda. Se uma criança já dá trabalho, amor, não tem erro!
duas, então, nem se fala. O PAPEL DO IRMÃO MAIS VELHO

A ALTERAÇÃO DA ROTINA É crucial que o filho mais velho seja


envolvido em tudo o que diz respeito ao
Evitar dizer ao filho
Como se sabe, as rotinas são muito seu irmão. Consoante a idade, pode aju- mais velho "agora
importantes para a estabilidade da cri- dar nas tarefas. O que importa é que se não posso, porque
ança e a chegada de um bebé pressupõe sinta útil e desejado naquele novo núc- vou dar banho ao
algumas mudanças. É importante que leo familiar.
se prevejam essas mudanças e que se Quando o bebé nascer, este poderá
bebé". O bebé
façam as alterações com antecedência. trazer uma prenda para o mano mais ve- nunca poderá ser a
Para facilitar a rotina de dormir, por lho. E que tal devolverem o gesto, levan- razão pela qual os
que não ser o pai a contar a história e a do a criança a comprar um presente de pais não têm
deitar a criança? A mãe depois vai dar boas-vindas para o bebé?
um beijinho, mas a criança já não asso-
tempo para ele.
ciará a mudança ao irmão. Se o filho E AS VISITAS? Porque não tirar um
mais velho ainda dorme no quarto dos tempo para ficarem
pais, é importante que essa transição Quando há uma criança mais velha, enroscados no sofá
seja feita uns meses antes, para que ele recomenda-se que as visitas levem tam-
não sinta a diferença e tenha tempo de bém um presente para o mais velho e
a ver os seus
se adaptar a esta nova rotina. que o cumprimentem em primeiro lugar. desenhos
Não quer dizer que seja o pai - ou a O bebé não vai sentir essa preferência, animados
mãe - a assumir os novos papéis, mas se mas a criança vai ficar muito contente favoritos?
o usual é que seja a mãe a ajudar o pe- por ser o foco das atenções. Tentar ins-
queno em determinado momento, é im- truir as visitas a pedirem que seja o ir-

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O tempo de qualidade
Saúde www.demaeparamae.pt

entre pais e filhos é


essencial!
A M chegou até mim sinalizada por suspeitas de hiperatividade com
défice de atenção, e os seus pais mostraram-se surpreendidos com
esta sinalização por parte da escola: “a M sempre foi uma miúda que
quase não dava trabalho. É muito calma, gosta de ter as coisas
arrumadas, de estar muito arranjada. É muito empenhada nas suas
atividades – diz que quer ser bailarina quando for grande.”.

Diana Costa Gomes


Psicóloga Clínica
e fundadora do blogue
"De Barriga Cheia"

unca vejo as crianças como muitos pais têm dificuldade em horário semanal. “À segunda, quarta e

N
sem ver, primeiramen- enumerar aspetos positivos da persona- sexta tenho ballet, às terças e quintas te-
te, os pais. Não pode- lidade do filho. nho dança criativa e depois ainda vou para
mos trabalhar com as Recebo depois a M. Chega vacilante, a natação. Nos três dias do ballet tomo ba-
crianças sem trabalhar mas procurando mostrar firmeza na lin- nho lá, porque tenho de ir a seguir para a
com os pais, por isso guagem: ”Tu é que és a Diana?”. “E tu és a expressão dramática e o piano, mas nem
peço-lhes sempre para escolherem três M!” – respondo. ”Os meus pais disseram- desmancho o coque. Se puser a rede fica
adjetivos para descrever a criança. me que hoje não tinha atividades porque direitinho quase o dia todo”. – conta a M.
Quando me dão essencialmente “defei- vinha aqui falar contigo!”. "Não está aqui o sábado nem o domingo!”
tos”, peço-lhes para me apontarem qua- Começamos então por aí, pelas suas - como quem me corrige. “Ao sábado te-
lidades. É desconcertante verificar atividades. Preenchemos juntas o seu nho escuteiros e ao domingo natação. No

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Infância

dades. “Não há tempo!” - dizem-me. Com


efeito, sabemos que o quotidiano é exi-
gente, os compromissos laborais fartos,
os horários tremendamente exigentes e
a correria do dia-a-dia uma corrida de
fórmula 1. Está tudo errado. Neste mun-
do louco, conjugar a parentalidade com
a vida profissional parece uma tarefa in-
glória. Juntemos ao papel de profissio-
nal e pai/mãe, o papel de marido/mulher
e dono/dona de casa e ainda de homem-
/mulher e temos um curto-circuito cere-
bral e/ou um turbilhão emocional.
Lembro-me de ouvir alguém teorizar
que os dias têm 24h para serem triparti-
dos (8h para o dever; 8h para o prazer e
8h para dormir). Serão raros os “profissi-
onais do tempo” que conseguirão fazer
esta distribuição. Sou, todavia, da opini-
ão de que não devemos ser fundamenta-
listas - esta não é uma questão mate-
mática, mas sim de organização.
Todos nós desempenhamos vários
papéis nas nossas vidas: cada um de
nós saberá em que domínios investir
mais tempo e dedicação… e estes não
são necessariamente sinónimos. Quero,
com isto, dizer que podemos investir em
Nunca vejo as crianças sem ver, tempo de qualidade com as nossas cri-
primeiramente, os pais. Não podemos anças - pode ser muito mais sumarenta
uma hora de estar (o verbo é escolhido
trabalhar com as crianças sem propositadamente) do que uma tarde in-
trabalhar com os pais, por isso peço- teira. Temos, por vezes, muita dificulda-
lhes sempre para escolherem três de em conjugar este verbo e apenas “es-
tar” – mas estar mesmo, olhar mas ver,
adjetivos para descrever a criança. ouvir mas escutar. Acredito que a chave
Quando me dão essencialmente esteja aí. Enquanto se está, está-se efe-
“defeitos”, peço-lhes para me tivamente (no trabalho, em casa, em re-
apontarem qualidades. É creio), pelo que sejamos honestos para
connosco.
desconcertante verificar como muitos Ao fim do dia, quanto tempo desper-
pais têm dificuldade em enumerar diçamos “não estando” e quanto tempo
aspetos positivos da personalidade do perdido se soma não estando no aqui e
no agora, querendo desempenhar vários
filho. papeis em simultâneo? A nossa gestão
do tempo não se reflete apenas no tem-
po de qualidade que oferecemos aos
resto do tempo não sei o que fazer!”. – ter- senhar quando lhe digo para “desenhar o nossos filhos. Não há cheques-prenda
mina. Não sei o que mais me assustou: que quiser”. A sua rigidez não lhe permite da melhor loja de brinquedos que se
se a saturação da sua agenda, se a soltar-se, dar largas à imaginação ou compare à melhor prenda que podemos
consciência da sua incapacidade sobre pintar fora do risco (ainda, pois have- oferecer aos nossos filhos (e a nós mes-
o que fazer no resto do tempo. mos de lá chegar!). mos).
Entrego-lhe uns lápis de cor e tenho A M “está" com os pais de manhã, en- Pais, não me interpretem mal: sim, ter
de lhe dizer o que desenhar - a sugestão quanto a penteiam para ir para a escola, atividades extracurriculares é ótimo
de desenho simples seria demasiado e chega já de noite pelos braços dos mas, e se, de vez em quando, as trocar-
desorganizador para si, pois assim avós, derreada pelo cansaço. Os pais mos por tempo em família? O currículo
como a M não sabe o que fazer com o nunca podem ir buscá-la à escola. de todos agradece!
tempo livre, também não sabe o que de- Debato-me, amiúde, com estas reali-

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Saúde www.demaeparamae.pt

Compreender
e lidar com
as birras
As birras são um comportamento
normal das crianças pequenas, mas
que causa, muitas vezes, uma grande
ansiedade aos pais. Por esse motivo, é
importante perceber o que são,
verdadeiramente e o que se deve fazer
nessas situações.

Hugo Rodrigues
Pediatra e Fundador do Blogue
Pediatria para todos

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Parentalidade

Provavelmente, a forma mais eficaz


será ignorar. A birra só funciona bem
se tiver espectadores. Por esse
motivo, a melhor solução quando
uma criança está a fazer uma birra é
ignorá-la. Pode e deve dizer, de forma
tranquila, algo que desvalorize a
situação.

O QUE SÃO? são os seguintes: ança estiver em segurança - essa é a pri-


• Não demonstre como a situação a oridade. A seguir, a criança vai gritar ain-
As birras são, simplesmente, uma for- afeta. As crianças gostam muito de da mais alto - para ver se volta a captar
ma que as crianças têm de captar a ativar os adultos. Aliás, a palavra a atenção - mas acabará por parar.
atenção dos adultos e, seguidamente, certa é mesmo ativar. Elas sabem Na verdade, nenhuma criança ganha
convencê-los a fazer a sua vontade. perfeitamente quais os comporta- nada em chorar se estiver sozinha e é
Trata-se de um comportamento habi- mentos e contextos que os deixam por isso que esta é a forma mais eficaz
tual e perfeitamente saudável, que surge mais vulneráveis e vão usá-los em de fazer com que a birra termine. Depois,
numa fase específica do desenvolvi- proveito próprio, de forma muito in- deve conversar com ela e explicar que a
mento infantil, a partir dos 15-18 meses teligente. solução não pode ser esta, pois este não
de idade. Nessa idade, as crianças são • Não perca o controlo. Se a reação é um comportamento adequado. Deve
ainda muito pouco verbais, utilizam pou- do adulto for muito espalhafatosa, reforçar a ideia de que gosta muito dela,
cas palavras. No entanto, entendem pra- a criança percebe que está a con- para lhe dar segurança, mas não da bir-
ticamente tudo o que lhes é dito e comu- trolar a situação. Assim, deve ten- ra.
nicam bem através da linguagem não- tar antecipar isso e manter-se cal- Outra opção poderá ser tentar desvi-
verbal. ma e fiel às suas decisões. ar a atenção da criança com algo de que
As birras surgem neste sentido: são • Seja consistente. As birras vão re- ela goste. Isto funciona melhor se for
uma espécie de “teatro”, que serve para petir-se diversas vezes, pelo que a uma criança pequena, porque quanto
conseguir arranjar “reforços”, para fazer consistência nas diferentes alturas mais velha a criança, mais difícil é de
prevalecer a sua vontade. Por esse moti- é uma arma extremamente impor- distrair. De qualquer forma, se se conse-
vo, funcionam sempre melhor quando tante. Só assim vai conseguir pas- guir fazê-lo costuma funcionar bem.
têm mais espectadores a assistir (no hi- sar as suas ideias, para que a crian- Por fim, uma terceira opção é falar
permercado, no centro comercial, em ça as entenda e respeite. com a criança no momento, explicando
casa dos avós, entre outros). • Não ceda (por rotina). As cedências que gosta muito dela, mas não da birra
Ao contrário do que algumas pesso- nestes contextos acabam por fun- em si. Pode ajudar dar um abraço na al-
as pensam, as birras não são sinónimo cionar como uma recompensa. As- tura, enquanto se explica, para transmi-
de má educação, são completamente sim, a criança vai perceber que, se tir algum conforto à criança.
normais. De qualquer forma, aos pais e fizer uma birra, consegue o que pre- No entanto, nem sempre é fácil reagir
educadores cabe o papel de mostrarem tende, repetindo-a sempre que pre- assim, seja porque o adulto está trans-
que o caminho não é esse, que as birras cisar de convencer os adultos. tornado com a situação, seja porque a
não são a solução para todos os proble- Depois de garantidos estes princí- criança está pouco recetiva a esse tipo
mas. pios, deve então encontrar uma estraté- de comportamento. Por esse motivo, é
Não existe propriamente uma idade a gia para lidar com a situação. uma estratégia mais difícil de adotar e
partir da qual as birras desapareçam. De Provavelmente, a forma mais eficaz com uma eficácia mais variável.
qualquer forma, habitualmente elas vão será ignorar. A birra só funciona bem se Como conclusão, gostaria de reforçar
agravando progressivamente até aos 3 tiver espectadores. Por esse motivo, a a ideia de que, apesar de as birras serem
anos e depois melhoram de forma pro- melhor solução quando uma criança normais, não é por isso que se devem
gressiva, mas muito lenta. está a fazer uma birra é ignorá-la. Pode permitir sem corrigir. Não é um processo
e deve dizer, de forma tranquila, algo que imediato, mas com mais ou menos tra-
O QUE FAZER? desvalorize a situação (por exemplo: balho consegue-se ensinar que o cami-
“Estás a fazer uma birra, portanto eu vou nho não é esse!
Há várias formas de lidar com uma sair. Quando acabares eu volto.”). Como
birra, sendo que alguns princípios gerais é lógico, esta atitude só é válida se a cri-

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De Mãe para Mãe Jan / Fev / Mar 2020 Categoria

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