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UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL

CACHOEIRA DO SUL

Curso de Psicologia
Aluna: Gabriela Q. Bicca
Disciplina: CLÍNICA PSICANALÍTICA

Atividade: RESUMO

As pulsões do id

O id faz parte da “estrutura tripartite da mente”, juntamente com o ego e


superego. Os elementos dessa estrutura são independentes, mas que conservam
certa dependência entre eles, qualquer mudança num deles provoca mudanças nos
demais. Depreende-se daí que as pulsões do id, as funções do ego, os
mandamentos do superego e a realidade ambiental externa agem entre si de forma
continuada e indissociada, um influenciando ao outro.
Em muitos dos seus textos, Freud manifestou a sua concepção de que a
pulsão representa o conceito de algo que é limite entre o somático e o psíquico
(1905, Três ensaios...).
Para cada finalidade pulsional corresponde um determinado objeto. Um
exemplo simples disto é a fome, cuja finalidade é a sua satisfação, e cujo objeto é o
alimento, e, na condição do bebê, isso corresponde à necessidade do leite, ou seja,
do objeto parcial “seio”. No caso em que o objeto do investimento pulsional seja o
próprio indivíduo, já estamos falando de narcisismo.
Uma leitura de Lacan sobre as pulsões diz que as necessidades iniciais de
sobrevivência física e psíquica, quando satisfeitas com um acréscimo de prazer e
gozo, podem ser transformadas em desejos (de repetir experiências gratificatórias),
ou em demandas, em cujo caso trata-se de desejos insaciáveis, porquanto visam
preencher enormes vazios afetivos.
Em sua primeira formulação de um conceito dualista das pulsões essenciais,
Freud distinguia entre pulsões do ego, (ou de autoconservação) e as pulsões
sexuais (ou de preservação da espécie).
No início da vida as pulsões são unicamente as de “autoconservação”
impulsionando-o à busca de um objeto (mãe) que lhe proporcione a satisfação de
suas necessidades essenciais, como são os cuidados com o seu corpo, amparo,
calor, amor e um leite nutridor. Inicialmente, as “pulsões sexuais” estão
indissociadas daquelas de “auto conservação”, sendo que num segundo momento
elas se tornam independentes e se destinam primordialmente a satisfazer os
desejos libidinais (a erotização do seio produtor do leite).
Freud vai conceituar o Auto-erotismo (“o instinto não é dirigido para outras
pessoas, mas encontra satisfação no corpo do próprio indivíduo”), ele emprega as
seguintes belas frases: Os lábios da criança, a nosso ver, comportam-se como uma
zona erógena, e sem dúvida o estímulo do morno fluxo do leite é a causa da
sensação de prazer (...) Nesse mesmo exemplo do ato da amamentação, num
segundo momento, a fome do bebê já está saciada, no entanto, ele deixa-se de orar
sugando o seio materno: nesse caso, Freud diria que a fonte da pulsão é
proveniente de um desejo libidinal-sexual. Posteriormente, como veremos mais
adiante, Freud unificou as pulsões de “autoconservação” e “preservação da
espécie”, numa única, com o nome de “pulsão de vida”, no entanto, ele conservou a
concepção de uma dualidade pulsional, introduzindo a noção da existência inata de
uma “pulsão de morte”.
Todo o prazer corporal que não era devido à satisfação direta das pulsões do
ego, tais como a satisfação da fome, sede, e necessidades excretórias, ele
considerou sendo sexuais ou eróticas, sendo que as zonas corporais suscetíveis à
estimulação erótica, foram denominadas zonas erógenas. Assim, certas zonas
corporais, principalmente aquelas constituídas por orifícios (boca, ânus, meato do
aparelho genitor urinário externo, mamilo) serão o local preferencial da fixação da
libido, não só pelas gratificações privilegiadas por essas áreas corporais, como
também pelo seu papel de comunicação com o exterior, e elas compõem as
aludidas zonas erógenas. Surgiu a evidência de que o indivíduo pode extrair um
prazer erótico por meio das zonas erógenas do seu próprio corpo, sem a
necessidade obrigatória de objetos externos. A isto, Freud denominou Auto-
erotismo, enquanto que, para o fato de que o indivíduo como um todo possa
funcionar como o objeto de seus próprios desejos eróticos, ele chamou de
narcisismo.
A partir de “Além do princípio do prazer” (1920), a dualidade inicial que
diferenciava as pulsões do “ego” e as “sexuais”, cedeu lugar a uma nova dualidade:
pulsões de vida (“eros”) e pulsões de morte (“tanatos”). As pulsões de vida
passaram, então, a abranger as “pulsões sexuais” e as de “autopreservação”, de
modo que a libido passou a ser conceituada como energia, não mais da pulsão
sexual, mas sim da pulsão de vida, unificando ambas anteriores. O conceito de
pulsão de morte, segundo Freud, designa que a mesma tem como finalidade uma
redução de toda a carga de tensão orgânica e psíquica; logo, uma volta a um estado
inorgânico. Essa pulsão pode permanecer dentro do indivíduo (sob a forma de fortes
angústias e uma tendência para a autodestruição) ou para fora (pulsões
destrutivas). Em resumo, por meio de uma energia de coesão, a pulsão de vida visa
juntar, ligar tudo aquilo que estiver separado no indivíduo e na espécie humana,
enquanto a pulsão de morte, pelo contrário, pela força de repulsão e disrupção,
tende a destruir as ligações. Freud postulou que, juntamente com as repressões de
fantasias, idéias e sentimentos, as pulsões inconscientes faziam parte da instância
psíquica “id”.
No importante trabalho metapsicológico Instintos e suas vicissitudes (1915),
Freud aventa a hipótese de que as pulsões sejam precipitados de experiências
filogenéticas, em cujo caso cada indivíduo conservaria vestígios da história da
espécie humana, inclusive a experiência da morte, inerente a qualquer estrutura
biológica. Prosseguindo com essas especulações, em Além do princípio do prazer
(1920), Freud veio a formular a sua concepção de instinto de morte. Até aqui
estivemos nos referindo unicamente a Freud. No entanto, muitos outros autores,
como Melanie Klein e Fairbairn refutaram ou modificaram as concepções originais
do pai da psicanálise.
As críticas mais contumazes às conceituações de Freud acerca das pulsões
atingem três aspectos:
1) A ênfase que ele deu ao aspecto energético quantitativo, o que,
certamente, não condiz com a imensa complexidade do psiquismo humano. Na
atualidade, predomina o “modelo cibernético”, o qual comprova que uma energia
mínima e não específica pode desencadear as mais variadas e complexas reações
em cadeia. No entanto, impõe-se ressaltar, a partir de uma retomada da valorização
das denominadas “neuroses atuais”, o aspecto econômico-quantitativo, que volta a
ganhar um relevância em psicanálise.
2) A ambigüidade e a confusão causada pelo termo “sexualidade infantil”.
Considerar a sexualidade como a mola propulsora da humanidade não é
referencial para todas teorias, nem mesmo dentro das teorias psicanalíticas. Sendo
que até hoje a teoria da sexualidade é ridicularizada por muitos. Mas o modo de ver
a sexualidade mais próximo do caminho da busca pelo do desejo do que pela
biologização sexual, humaniza e a sexualidade, e já é uma grande justificativa da
teoria freudiana. Cabe acrescentar que o seu conceito da existência de uma fase
evolutiva normal que ele denominou “perverso polimorfa”, composta por pulsões
sexuais parciais, se por um lado provocou mais confusão, por outro, veio a
esclarecer bastante a sexualidade inicial. Freud propõe uma organização psíquica a
partir dessas pulsões e deus destinos. Essa fase, perverso poliforma não se refere a
perversão como no adulto, nem a uma sexualização infantil, mas sim ao fato de que
a criança experimenta vários objetos na busca de se conhecer e essas relações
influenciam no desenvolvimento humano.
3) O primado quase que absoluto da sexualidade na organização do
psiquismo infantil. A psicanálise, durante muito tempo, ficou centrada
exclusivamente no estudo e prática das, assim chamadas, psiconeuroses,
originadas pelas dificuldades na resolução exitosa do complexo de Édipo, com a
conseqüente “angústia de castração”. A partir de O ego e o id (1923), Freud
cristaliza uma série de teorizações sobre o ego e abre caminho para os demais
autores prosseguirem o seu estudo.

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