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Escalonamento do cuidado em Saúde Mental

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 1


Olá!

Você está no curso Escalonamento do cuidado em Saúde Mental. Queremos


compartilhar conhecimento com todos os profissionais de saúde da Atenção
Primária à Saúde (APS). Esse é nosso público-alvo, mas se você não é essa
pessoa, sem problemas, seja bem-vindo (a)!

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 2


2023. Ministério da Saúde. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença
4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte.
Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica

Elaboração, distribuição e informações:


MINISTÉRIO DA SAÚDE SOCIEDADE BENEFICENTE ISRAELITA BRASILEIRA Revisão técnica:
Secretaria de Atenção Primária à Saúde ALBERT EINSTEIN Ana Alice Freire de Sousa
Departamento de Saúde da Família Instituto Israelita de Responsabilidade Social Diretoria Ana Karina de Sousa Gadelha
Esplanada dos Ministérios, bloco G de Atenção Primária e Redes Assistenciais Projetos e Claudielle de Santana Teodoro
Ed. Sede MS – 7º andar Novos Serviços Isadora Siqueira de Souza
CEP: 70.058-900 – Brasília DF Av. Brigadeiro Faria Lima, 1.188 – 3º andar Larissa Karollyne de Oliveira Santos
Fone: (61) 3315-9031 CEP: 01451-001 – São Paulo – SP Joana Moscoso Teixeira de Mendonça
Site: aps.saude.gov.br Fone: (11) 2151-4573 Valmir Vanderlei Gomes Filho
Site: www.einstein.br
Coordenação:
Ana Alice Freire de Sousa Editoração e diagramação eletrônica:
Facilitador videoaula: GP EDUCA - GESTÃO DE PROJETOS EDUCACIONAIS
Larissa Karollyne de Oliveira Santos
Ana Karina de Sousa Gadelha
Elaboração de texto: Claudielle de Santana Teodoro Diagramação capa:
Ana Karina de Sousa Gadelha GP EDUCA - GESTÃO DE PROJETOS EDUCACIONAIS
Isadora Siqueira de Souza Produção e Execução:
Joana Moscoso Teixeira de Mendonça Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein|
Valmir Vanderlei Gomes Filho Núcleo de Projetos Especiais de Educação a Distância

Publicação financiada pelo Projeto de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (lei n.º 12.101, de 27 de novembro de 2009), por meio da portaria n.º 3.362, de
8 de dezembro de 2017 – Parecer Técnico Inicial Recomendativo de Análise Técnica e Financeira de Projeto no Âmbito do PROADI-SUS nº21/2021-
GMAD/DAPES/SAPS/MS25000.036837/2021-51

Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein


Escalonamento do cuidado em Saúde Mental/ Hospital Israelita Albert Einstein:
Diretoria de Atenção Primária e Redes Assistenciais: São Paulo. Ministério da Saúde, 2023.
77 p.: il.
1. Cuidado Escalonado 2. Redes de Atenção à Saúde 3. Sistema Único de Saúde
I. Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein – SBIBAE.

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Sumário

▪ Apresentação ........................................................................................................ 5
▪ A importância do cuidado escalonado para a organização da RAPS .......... 9
▪ O Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC) e o cuidado
escalonado em saúde mental .......................................................................... 16

▪ A Escala de Avaliação da Necessidade de Cuidado em Saúde (CuidaSM)


.............................................................................................................................. 32

▪ Conectando os pontos ...................................................................................... 73


▪ Referências ......................................................................................................... 74

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Apresentação

Olá!

Você está no curso Escalonamento do cuidado em Saúde Mental!

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Esse curso tem como objetivo geral:

Apoiar os profissionais das APS a estruturar o cuidado escalonado em saúde mental, visando a organização de
uma rede de cuidados colaborativos, que potencialize o acesso e a qualificação do cuidado, a partir de uma
abordagem centrada na pessoa.

Ao final deste curso, você conseguirá:

▪ Reconhecer o conceito de escalonamento do cuidado em Saúde Mental.


▪ Apontar o modelo de cuidado escalonado adotado no Brasil e por outros países
mundo.
▪ Relacionar o escalonamento do cuidado em saúde mental com o Modelo de Atenção
às Condições Crônicas (MACC).
▪ Conhecer a Escala de Avaliação da Necessidade de Cuidado em Saúde Mental
(CuidaSM).
▪ Apresentar em que contexto a escala CuidaSM pode ser utilizada.
▪ Compreender as dimensões da escala CuidaSM e como interpretar seu resultado.

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Antes de começarmos essa jornada, é importante que você saiba o caminho que vai percorrer!
Este curso passa pelas seguintes seções:

1 A importância do cuidado escalonado para a organização da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).

2 O modelo de atenção às condições crônicas e o cuidado escalonado em saúde mental.

3 A Escala de Necessidade de Cuidado em Saúde 3 Mental (CuidaSM).

A progressão do curso se dá de tal forma que sua conclusão é passível de ser realizada utilizando-se de um total de
seis (6) horas de carga horária, ainda que você possa cursá-lo no seu próprio ritmo!
Ao final deste curso, você receberá um certificado de conclusão, mas para isso é preciso responder às questões do
Momento de Prática e Reflexão (MPR) e acertar no mínimo 3 respostas dentre as 5 requeridas.

Atenção: você terá no máximo 3 tentativas.

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Para facilitar o processo de aprendizagem dos conteúdos das seções, contaremos com as seguintes
profissionais:

Joana Moscoso - Médica Psiquiatra do Cuidado Público do Sistema Einstein de Saúde.

Claudille de Santana Teodoro - Especialista de Projetos do Cuidado Público do Sistema Einstein de Saúde.

Desejamos um ótimo momento de aprendizado a você!

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A importância do cuidado escalonado
para a organização da RAPS

Ao final desta seção, você conseguirá:

▪ Reconhecer o conceito de escalonamento do cuidado em Saúde mental.

▪ Apontar o modelo de cuidado escalonado adotado no Brasil e por outros

países do mundo.

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O modelo de cuidado preconizado para a APS propõe a Integralidade do cuidado, dentro de um modelo
biopsicossocial, com uma abordagem multidisciplinar e intersetorial, e estruturado dentro de uma proposta
de Redes de Atenção à Saúde (RASs), na qual a APS responde pela coordenação ao cuidado.

Alguns elementos são necessários para a implantação das RASs, tais como: a adoção de um modelo de
gestão voltado para as necessidades da população e um modelo de atenção com ênfase na atenção às
condições crônicas de saúde, em que a Atenção Primária à Saúde (APS) ordene essa rede, integrando os
vários pontos de atenção e coordenando o cuidado (MENDES, 2012)

A lógica de organização do cuidado em rede é entendida para além da soma dos serviços disponíveis em si,
mas como um arranjo vivo, dinâmico e que se desenha na vivência dos territórios, articulado
permanentemente aos diversos equipamentos ali existentes, segundo Nota Técnica do Hospital Israelita
Albert Einstein: Ministério da Saúde, 2021.

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Definição de escalonamento do cuidado em
saúde mental

O escalonamento do cuidado em saúde mental é um elemento central da organização da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS),
possibilitando um elo entre a Atenção Primária à Saúde (APS) e outros dispositivos de atenção especializada em saúde mental. A
rede temática da Saúde Mental é a Rede de Atenção Psicossocial e o escalonamento do cuidado em saúde mental é um elemento
central da organização.

O conceito de cuidado escalonado pode ser compreendido como apresentado no National Guidance Initial Assessment and
Referral for Mental Healthcare, proposto para estruturação do cuidado na Austrália.

Na abordagem de cuidado escalonado, uma pessoa que se apresenta ao sistema de saúde é encaminhada ao nível de cuidado
menos intensivo que mais se adapta à sua necessidade atual de tratamento, considerando o equilíbrio entre os benefícios
pretendidos e os riscos potenciais. Uma característica secundária importante do cuidado escalonado é o acompanhamento
contínuo dos resultados e a aferição da experiência para fornecer um feedback quase em tempo real sobre os resultados,
permitindo que a intensidade do tratamento seja ajustada (aumentando ou diminuindo) conforme necessário. Para
conseguir isso, uma avaliação inicial é necessária. Isso é realizado em parceria com o indivíduo para determinar as opções de
tratamento adequadas e apropriadas. (AUSTRALIAN GOVERNMENT DEPARTAMENT OF HEALTH, 2019)

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O modelo de cuidado escalonado propõe que a inserção da pessoa usuária na RAPS comece com a
identificação da pessoa usuária, de sua real necessidade em saúde e do desenvolvimento de ações
conjuntas de várias modalidades em cada nível de atenção. Ele permite, sem substituir ou duplicar ações
e serviços já existentes, diversificar as possibilidades para a construção de um cuidado compartilhado
dentro de um sistema integrado que considere as diferentes necessidades, otimize a força de trabalho e
os recursos disponíveis, na lógica das RAS centradas na APS, segundo nota técnica da Sociedade
Beneficente Israelita Brasileira Albert (2021).

O objetivo do modelo de cuidado escalonado é suprir as lacunas de cuidados existentes, ou seja, prestar
atenção no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo, com a qualidade certa, de forma humanizada e
com equidade, a partir do trabalho conjunto da APS com os dispositivos e profissionais de saúde mental,
dando forma a RAS.

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O modelo de cuidado escalonado
no Brasil e no mundo

A lógica de fazer o melhor uso possível de todos os recursos do território, tecendo cuidados interligados, contínuos e
coordenados pela APS, é utilizada em diversos sistemas de saúde no mundo. Essa integração entre APS e Atenção Especializada
em Saúde Mental é realizada em diferentes modelos de “cuidados compartilhados”, como o shared care canadense e o
colaborative care norte-americano e inglês.

No Brasil, atualmente, o escalonamento do cuidado é construído a partir do acolhimento de casos de pessoas com transtornos
mentais pela APS, com apoio das equipes do NASF e dos serviços especializados em saúde mental, quando necessário, por meio
do processo de matriciamento, de acordo com nota técnica da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert (2021).

Vejamos como a Nota técnica de saúde mental define o papel do matriciamento em saúde mental para escalonar o cuidado, de
acordo com Nota Técnica DA Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein (2021).

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O matriciamento é o regulador por excelência do compartilhamento do cuidado com outros pontos da rede. O profissional da APS
identifica o caso em que apresenta dificuldades no manejo e o discute conjuntamente com a equipe de apoio matricial oriunda dos
diversos serviços especializados de saúde mental, para, então, definir o plano de cuidado. A partir disso, a pessoa usuária pode
permanecer sob os cuidados da equipe da APS ou ser encaminhado para unidades especializadas, dentro da perspectiva do
cuidado compartilhado. Esse processo potencializa a consolidação de uma rede de cuidados que funcione integradamente.

"[...] altera a tradicional noção de referência e contrarreferência, pois quando um paciente utiliza
o apoio matricial, ele nunca deixa de ser paciente da equipe de referência.” Nesse sentido,
continua o autor, “não há encaminhamentos, mas o desenho de projetos terapêuticos [...]
executados por um conjunto amplo de trabalhadores, [...] embora a responsabilidade principal da
condução do caso continua sendo da equipe de referência" (CAMPOS, 1999, p.396).

Esse modelo se assemelha ao processo de trabalho desenvolvido em outros países para a construção do cuidado compartilhado,
escalonado dentro de um sistema integrado e organizado na lógica das RAS centradas na APS.

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O escalonamento do cuidado em saúde mental nas
diretrizes clínicas baseadas em evidência

O conceito de escalonamento do cuidado utilizado como referencial teórico deste curso está guiado pela Nota Técnica para
Organização da Rede de Atenção à Saúde com Foco na Atenção Primária à Saúde e na Atenção Ambulatorial Especializada –
Saúde Mental. Em linhas gerais, esse documento apresenta uma proposta para escalonamento de cuidado, associado ao
matriciamento, como estratégia de integração da APS com a Atenção Especializada em Saúde Mental.

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O Modelo de Atenção às Condições Crônicas
(MACC) e o cuidado escalonado em
saúde mental

Ao final desta seção, você conseguirá:

▪ Relacionar o escalonamento do cuidado em saúde mental com o MACC.

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O cenário de transição demográfica, epidemiológica e nutricional - somado aos desafios dos determinantes socioeconômicos, que
se intensificaram durante a pandemia da Covid-19 - tensionou ainda mais o nosso sistema de saúde. É comum nos depararmos
com o perfil de pessoas usuárias, portadoras de múltiplas comorbidades clínico-funcionais, em uso de polifármacos e com manejo
para o autocuidado insuficiente.

Os Transtornos Mentais são condições crônicas, como a maior parte das prioridades de agravos tratados na APS. Assim como em
outras condições crônicas, como diabetes e hipertensão, problemas de saúde mental estão intimamente relacionados com as
condições sociais, com as relações com a família e com o estado emocional da pessoa, que muitas vezes não adere ao tratamento
proposto.

As condições crônicas constituem problemas complexos, portanto seu enfrentamento exige solução sistêmica. O desafio no
cuidado dessas condições está em desenvolver e experimentar soluções práticas e inovadoras, testando novos instrumentos para
o cuidado, a gestão da clínica e a gestão do caso, aplicados pelas equipes multiprofissionais de APS no manejo das condições
crônicas. (MOYSÉS; SILVEIRA; MOYSÉS, 2012)

Para compreender melhor como o cuidado escalonado acontece, e de que forma ele auxilia a estruturar a Rede de Atenção
Psicossocial, precisamos recordar que a operacionalização das RAS se dá pela interação dos seus três elementos constitutivos:

▪ população/região de saúde definida


▪ estrutura operacional
▪ sistema lógico de funcionamento, determinado pelo modelo de atenção à saúde.

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A seguir, vamos relembrar o referencial teórico utilizado pelo Saúde Mental na APS, enquanto lógica de funcionamento das RASs:
o Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC).

A base do MACC foi pensada pelo Professor Eugênio Vilaça a partir da integração dos princípios de três modelos: o Modelo de
Atenção Crônica proposto pelo MacColl Institute for Health Care Innovation, o Modelo da Pirâmide de Riscos proposto pela Kaiser
Permanente, e o Modelo da Determinação Social da Saúde, de Dahlgren e Whitehead, conforme figura 1 a seguir:

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Será que sabemos interpretar o MACC em relação ao cuidado
em saúde mental? Sempre aprendemos algo novo quando
estudamos a figura que ilustra o MACC, não é mesmo? Vamos
analisar o MACC por partes, para chegar ao entendimento de
como o escalonamento do
cuidado pode ser compreendido a partir desse referencial
teórico?

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Começaremos compreendendo a definição de cada um desses níveis e de que forma orientam os focos prioritários de cada
intervenção:

Nível 1 Foco Situação


Intervenções promocionais Determinantes sociais intermediários da
saúde
O significado do termo Promoção da Atuação da APS, especialmente em casos População geral. Ausência de
fatores de risco ou transtornos
Saúde foi mudando ao longo do tempo e, ligados às condições de vida e de trabalho,
estabelecidos.
atualmente, associa-se a valores como: extensiva a toda população: educação,
vida, saúde, solidariedade, equidade, emprego, renda, habitação, saneamento,
democracia, cidadania, desenvolvimento, disponibilidade de alimentos, infraestrutura
participação e parceria. Além disso, está urbana, serviços sociais e comunitários. Ações
relacionado à ideia de “responsabilização voltadas à promoção da saúde para a
múltipla”, uma vez que envolve as ações população em geral. Quanto pior a qualidade
do Estado (políticas públicas saudáveis), de vida da população, maiores as
dos indivíduos (desenvolvimento de possibilidades de sofrimento psíquico.
habilidades pessoais), do sistema de saúde
(reorientação do sistema de saúde) e de
parcerias intersetoriais.

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Nível 2 Foco Situação
Intervenções preventivas Determinantes proximais da saúde
Definidas como intervenções orientadas a Ênfase das ações voltadas para os fatores de Fatores que influenciam no
evitar o surgimento de doenças específicas, riscos, descritos na figura abaixo, focando a desenvolvimento emocional,
reduzindo sua incidência e prevalência nas parcela da população que apresenta esses comprometem a capacidade de
populações. A prevenção orienta-se das fatores predisponentes. As intervenções resiliência e desencadeiam
ações de detecção, controle e psicossociais de baixa intensidade são a transtornos mentais.
enfraquecimento dos fatores de risco de primeira opção.
enfermidades, sendo o foco a doença e os
mecanismos para atacá-la.

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Nível 3 Foco Situação
Gestão da condição de saúde Condição instalada
Definido como o processo de O transtorno mental já está estabelecido, porém, Fatores que influenciam no
gerenciamento de um fator de risco manifesta um quadro que pode ser manejado desenvolvimento emocional,
biopsicológico ou de uma pela equipe multiprofissional de APS (ESF e comprometem a capacidade de
determinada condição de saúde NASF). Destaca-se o papel do NASF como resiliência e desencadeiam
estabelecida, por meio de um matriciador, para aumentar a resolubilidade dos transtornos mentais.
conjunto de intervenções gerenciais, cuidados ao nível primário e as possibilidades de
educacionais e no cuidado, com o intervenção. Nesse nível, o uso do MI-GAP
objetivo de alcançar bons resultados orienta às equipes quanto ao direcionamento e
clínicos e de reduzir os riscos para os as possibilidades de manejo.
profissionais e para as pessoas
usuárias, contribuindo para a
melhoria da eficiência e da qualidade
da atenção à saúde.

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Nível 4 Foco Situação
Gestão da condição de saúde Condição de saúde complexa
Definido como o processo de A condição de saúde mental apresenta sinais de Transtornos mentais graves.
gerenciamento de um fator de risco agravamento do quadro. As intervenções são
biopsicológico ou de uma compartilhadas entre as equipes da APS e da
determinada condição de saúde Equipe Ambulatorial Especializada em Saúde
estabelecida, por meio de um Mental, mediante plano de cuidados
conjunto de intervenções gerenciais, compartilhado, PTS, com vistas à estabilização da
educacionais e no cuidado, com o pessoa usuária.
objetivo de alcançar bons resultados
clínicos e de reduzir os riscos para os
profissionais e para as pessoas
usuárias, contribuindo para a
melhoria da eficiência e da qualidade
da atenção à saúde.

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Nível 5 Foco Situação
Gestão do caso Condições de saúde muito complexa
Definido como o processo A condição de saúde mental exige ações mais Transtornos mentais graves e
cooperativo que se desenvolve entre intensas de cuidado, focando na reabilitação persistentes.
um profissional gestor de caso e uma psicossocial, em decorrência da perda
pessoa com uma condição de saúde significativa de autonomia, aumento da condição
muito complexa e sua rede de de dependência ou risco de morte. O cuidado
suporte social, para planejar, continua compartilhado, porém, com ênfase
monitorar e avaliar opções de temporária no CAPS de referência, até a
cuidados e de coordenação da estabilização da pessoa usuária. As intervenções
atenção à saúde, de acordo com as voltadas para as relações familiares e
necessidades da pessoa e com o comunitárias são importantes em todos os níveis,
objetivo de propiciar uma atenção de porém tornam-se especialmente relevantes
qualidade, humanizada, capaz de nesse nível de cuidado.
aumentar a capacidade funcional e
de preservar a autonomia individual
e familiar.

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Agora que conhecemos de que forma o MACC se estrutura no cuidado em saúde mental em Rede, podemos tirar uma conclusão:
nos dois primeiros níveis, as equipes de saúde atuam antes que transtornos mentais se estabeleçam, atuando nos determinantes
distais e proximais de saúde, e nos demais, as intervenções clínicas recaem sobre transtornos mentais já existentes e, a cada nível,
aumenta a necessidade de cuidado em saúde mental apresentada pela pessoa usuária.

Vamos conhecer a seguir a sistematização encontrada na Nota técnica em saúde mental (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN:
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021) considerando a realidade socioeconômica do Brasil, dos subgrupos específicos de uma população
que merece atenção, por poder se encontrar em situação de risco potencializado:

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Tais circunstâncias não devem ser compreendidas como determinantes para o surgimento de uma doença,
ou um transtorno mental, muito embora possam aumentar a probabilidade de uma pessoa vir a
desenvolvê-la. Quando uma pessoa que está numa situação de risco, como as citadas acima, é provável que
já apresente necessidade de cuidado em saúde mental, sem, no entanto, necessariamente apresentar um
transtorno mental. Se esse for o caso, estarão no nível 2 do MACC.

Quando a pessoa, usuária, se encontra em uma das situações apresentadas acima e o transtorno mental já
está instalado, ou seja, já se encontra no nível 3, 4 ou 5 do MACC, certamente haverá um impacto crescente
na necessidade de cuidado em saúde metal apresentada por ela, a depender do tempo de exposição e da
magnitude dos recursos disponíveis, que podem variar em função da idade, do gênero e do contexto
sociocultural.

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Os benefícios do escalonamento do cuidado
e o que dizem as evidências científicas

O princípio do escalonamento do cuidado em saúde mental vai ao encontro do princípio doutrinário do SUS da equidade, que
define atender os cidadãos de acordo com as suas necessidades, ou seja, ofertando mais aos que precisam de mais e menos aos
quem necessitam de menos cuidados.
O escalonamento do cuidado em saúde mental:

1 Possibilita a atenção diferenciada, de acordo com a necessidade de cuidado em saúde mental.

Padroniza o cuidado dos indivíduos com estrato semelhantes, estabelecidas por meio das diretrizes clínicas,
2
definindo o mínimo de cuidado a ser garantido em todos os pontos de atenção.

3 Orienta o manejo clínico 3 individual.

4 Possibilita dimensionar os recursos necessários para os pontos da rede e serviços de apoio e logísticos.

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5 Possibilita a programação assistencial.

6 Orienta o processo de coordenação do cuidado pela APS e estabelece critérios de acesso para os pontos de
atenção aos serviços de saúde para “a atenção certa, no lugar certo, no tempo oportuno e com o custo certo,
um pressuposto das redes de atenção à saúde”.

Existem duas maneiras principais de organizar o cuidado escalonado. A primeira delas propõe que a maioria das pessoas usuárias
acesse os tratamentos de baixa intensidade e aqueles que permanecem sintomáticos após essa etapa podem acessar terapias
mais intensivas e onerosas, em um modelo de autocorreção, estabelecido a partir de diretrizes clínicas, sejam elas linhas-guia ou
protocolos clínicos. Esse modelo amplia o acesso aos cuidados ao oferecer as intervenções menos restritivas e menos onerosas
para a maioria das pessoas.
Revisões sistemáticas de ensaios clínicos indicam que o tratamento escalonado feito a partir de protocolos clínicos é mais efetivo
e apresenta maiores chances de recuperação em relação a cuidados usuais (FIRTH; BARKHAM; KELLETT, 2015). No entanto,
esses efeitos foram atenuados em subgrupos de pessoas usuárias com apresentações mais complexas, como aqueles com doenças
físicas comórbidas, traços de transtorno de personalidade, elevados níveis de incapacidades e aqueles que vivem em
circunstâncias de carência socioeconômica (WAKEFIELD et al., 2021). Esses fatores complicadores têm efeito cumulativo, de
modo que pessoas usuárias com várias dessas características tendem a ter resultados de tratamento piores (DELGADILLO;
MOREEA; LUTZ, 2016)

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Com base nisso, alguns autores, mais recentemente, argumentaram que os serviços da APS deveriam avançar para uma
abordagem estratificada do escalonamento do cuidado, o que envolveria a adequação da intensidade do tratamento ao nível de
complexidade de cada caso individual. Ou seja, a definição de quem são as pessoas usuárias elegíveis para terapias de baixa ou
alta intensidade é realizada em uma avaliação inicial que, além de identificar critérios diagnósticos de gravidade de doença,
estratifica as pessoas usuárias em diferentes níveis de necessidade de cuidado em saúde mental, a partir de outros elementos
complicadores ou protetores do adoecimento psíquico.

Em um ensaio clínico randomizado recente, o escalonamento do cuidado estratificado foi mais


eficaz e custo-efetivo para o tratamento de sintomas de depressão quando comparado ao
cuidado escalonado protocolizado. (DELGADILLO et al., 2022)

Para escalonar o cuidado de forma estratificada, é necessário, além da avaliação da história do


sujeito, do seu exame psíquico e de seu contexto de vida, a aplicação de um instrumento
validado, capaz de distribuir as pessoas com necessidade de cuidado em saúde mental em
diferentes estratos.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 30


Mas será que existe um instrumento capaz de apoiar as
equipes da APS a estratificar a necessidade de cuidado em
saúde mental das pessoas usuárias?

Sim!
Esse instrumento existe!

Na próxima sessão, conheceremos a Escala de Avaliação


da Necessidade de Cuidado em Saúde Mental (CuidaSM) e
aprenderemos como utilizá-la.

Vamos juntos?

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A Escala de Avaliação da Necessidade de
Cuidado em Saúde Mental (CuidaSM)

Ao final desta seção, você conseguirá:

▪ Conhecer a Escala da Necessidade de Cuidado em SM (CuidaSM) e suas


dimensões.

▪ Apresentar em que contexto a escala CuidaSM pode ser utilizada.

▪ Compreender a relação dos escores com o escalonamento do cuidado


proposto pelo MACC.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 32


Ao estratificar as pessoas usuárias segundo diferentes estratos de necessidade de cuidado em
saúde mental, poderemos subsidiar os profissionais da APS com elementos objetivos, que, aliados
às informações obtidas em consulta e ao apoio do matriciamento de saúde mental, fortalecerá o
processo de decisão quanto à intensidade do cuidado em saúde mental que deverá ser ofertado a
um indivíduo.

Podemos imaginar o quão útil essa escala pode ser para auxiliar a programação do cuidado na APS e
para o planejamento conjunto do cuidado das pessoas usuárias entre os diferentes níveis de
atenção, favorecendo o cuidado colaborativo.

Por outro lado, você pode estar se perguntando como uma escala pode medir um conceito tão
complexo. Por isso, antes de apresentarmos a Escala de Avaliação da Necessidade de Cuidado em
Saúde Mental (CuidaSM), vamos compreender qual a função de uma escala e qual conceito
exatamente ela quer medir.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 33


O que a escala de avaliação das necessidades de
cuidado em saúde mental mede exatamente

As escalas são desenvolvidas para medir um fenômeno que uma teoria ou conceito aponta para a sua existência, mas que não é
diretamente quantificável. Para isso identificam-se fatores relacionados aos itens da escala, que permitem obter uma
mensuração razoavelmente precisa do fenômeno. (HOWARD, 2016). A validação de uma escala acontece quando ela realmente
mede o que se propõe a medir e, para isso, buscamos a evidência de validade dos itens do instrumento (MESSICK, 1979;
HOWARD, 2016).

A necessidade de cuidado em saúde mental é um conceito complexo, e a literatura identifica uma série de fatores que se
correlacionam com esse conceito, tais como fatores socioeconômicos, clínicos e de incapacidade. (AOUN et al., 2004). Outros
fatores, como a experiência de insegurança e desesperança, mudanças sociais rápidas e os riscos de violência e doenças físicas,
estão relacionados a uma maior vulnerabilidade de pessoas em situação de pobreza aos transtornos mentais comuns e são,
especialmente, relevantes em Países Low and Middle-Income country (LMIC), como o Brasil (PATEL et al., 2003).

Pode-se afirmar, assim, que o conceito de necessidade perpassa múltiplos fatores e não se restringe às características clínicas.
Por isso, a Escala CuidaSM foi desenvolvida para complementar a avaliação clínica diagnóstica, com o objetivo de avaliar outros
fatores associados à necessidade de cuidado e auxiliar no escalonamento do cuidado em SM.

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Por que uma escala pode auxiliar a
escalonar o cuidado?

Na animação a seguir, vamos relembrar os motivos pelos quais o escalonamento do cuidado é fundamental e apresentaremos a
proposta de utilizar a Escala de Avaliação das necessidades de cuidado em Saúde mental (CuidaSM) para apoiar o processo de
escalonamento do cuidado.

A Escala CuidaSM foi desenvolvida e validada pelo Centro de Estudos,


Pesquisas e Práticas em APS e Redes (CEPPAR) em conjunto com a
área de Projetos e Novos Serviços (Proadi-SUS/Saúde Mental na APS),
com a participação de especialistas, profissionais e pessoas usuárias
da Atenção Primária à Saúde (APS) das cinco regiões geográficas
brasileiras.

Clique na imagem a seguir!

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 35


Agora que conhecemos de onde nasce a proposta da Escala CuidaSM, vamos conhecer melhor nas próximas
sessões as suas dimensões, os itens que compõem cada dimensão e aprender a utilizá-las

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 36


Dimensões e itens que compõem a escala CuidaSM

A escala foi construída em duas partes, com o objetivo de captar tanto a percepção do indivíduo acerca de suas necessidades nas
5 dimensões propostas para a própria pessoa usuária responder, quanto a avaliação profissional de saúde em relação às outras 3
dimensões.

Assim, a escala apresenta 31 itens distribuídos em 2 partes. A primeira parte autorreferida, respondida pela pessoa usuária,
apresenta 17 itens, nas seguintes dimensões: relações sociais, funcionalidade, autonomia, impulsividade e agressividade, e
espiritualidade. E uma segunda parte, avaliada pelo profissional de saúde, com 14 itens, com as seguintes dimensões: violência,
autoagressão e comportamento suicida e Plano de Cuidados.

Veja a seguir os itens da escala completa, distribuídos em suas respectivas partes e dimensões.

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Clicar duas vezes na imagem para mais informações.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 38


Conhecendo melhor as dimensões da escala
e alguns itens que devemos ter atenção

Relações Sociais
Os itens da dimensão “Relações Sociais” avaliam não apenas a existência da relação social, mas a capacidade de mantê-la. Sabe-se
que o apoio social melhora o senso de autoeficácia de um indivíduo, leva a mais compreensão, respeito, encorajamento e
autorrealização, o que pode ajudar um indivíduo a manter emoções relativamente estáveis, mesmo sob pressão (QI et al., 2020).

Funcionalidade
Os itens da dimensão “Funcionalidade” avaliam as dificuldades com as atividades do dia a dia, isto é, aquelas que as pessoas fazem
na maioria dos dias, incluindo as associadas com as responsabilidades domésticas, trabalho e busca de serviço de saúde. (WORLD
HEALTH ORGANIZATION, 2001)

Autonomia
Os itens da dimensão “Autonomia” avaliam se o usuário é capaz de realizar atividades de higiene sozinho. Essa dimensão é
relevante na medida que o principal foco quando se busca ampliar a funcionalidade de um indivíduo é garantir a sua autonomia
para realizar tarefas práticas do cotidiano. Logo, dizer que um ser é autônomo se refere basicamente à possibilidade de o sujeito
realizar tarefas para que tenha melhor qualidade de vida, em uma busca constante de sua emancipação. (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2001)

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 39


Impulsividade e Agressividade
Os itens da dimensão “Impulsividade e Agressividade” estão relacionados a sintomas que podem ocorrer em quase todos os
transtornos psiquiátricos e em algumas doenças neurológicas ou clínicas (PRADO-LIMA, 2009).

Apesar da impulsividade e da agressividade serem estudadas como parte de uma psicopatologia mais ampla, conforme
Gorenstein et al., (1980), Mann et al., (2010) e Drachman et al. (2022), é importante considerar que a presença desses sintomas
pode influenciar a tendência suicida, de acordo com Law et al., (2015) e Moore et al., (2022), e dificultar o tratamento, confirma
Hollander et al., (2005), implicando assim a NCSM.

Espiritualidade
Os itens da dimensão “Espiritualidade” propõem avaliar de que forma crenças pessoais podem funcionar como uma estratégia
para se conseguir lidar com os problemas, ao darem significado ao comportamento humano e influenciarem a qualidade de vida. A
dimensão “Espiritualidade” da escala CuidaSM adota o conceito que faz referência ao transcendente, ao sagrado, aos espectros
da vida que adquirem caráter e significado espiritual, que dão sentido à vida, que se relacionam com a apreciação do belo e da
natureza, que geram bem-estar (FLECK et al., 2007; STEINHAUSER et al., 2007).

Violência
A dimensão “Violência” da CuidaSM está em consonância com a associação encontrada na literatura entre a violência, a pobreza e
os transtornos mentais, principalmente em países em que há grandes desigualdades sociais, como é o caso do Brasil (RIBEIRO et
al., 2013). Há pesquisas que encontram forte correlação de episódios de violência com queixas de sofrimento psíquico. (RIBEIRO
et al., 2013)

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 40


Autoagressão e Comportamento suicida
A dimensão “Autoagressão e Comportamento suicida” é fundamental para avaliar a NCSM, uma vez que é conhecida a existência
de transtornos mentais na maioria dos casos de suicídio, identificação do desejo de morte, pensamento e planejamento suicida.
Por isso, ao avaliar o risco de suicídio em conjunto com possíveis fatores relacionados com a NCSM, como as relações sociais, a
impulsividade, a espiritualidade e a violência, a CuidaSM favorece uma avaliação ampliada, podendo nortear as ações dos
profissionais e o plano de cuidado de forma mais precisa. (BOTEGA et al., 2022)

Plano de Cuidados
A dimensão “Plano de Cuidados” traz uma inovação ao incluir a pergunta “A equipe de ESF apresenta dificuldades no manejo
desse caso?”, além de abrir espaço para o profissional de saúde da APS apontar uma possível necessidade de suporte de um
especialista, demonstrando potencial para auxiliar no compartilhamento do cuidado. Esse item está de acordo com o modelo de
cuidado colaborativo no Brasil, o Matriciamento, uma vez que é recomendado que o profissional da APS deve solicitar apoio
matricial de um especialista em Saúde Mental nos casos em que a equipe de referência sente necessidade de apoio matricial para
abordar e conduzir um caso (CHIAVERINI et al., 2011). Esse e os demais itens dessa dimensão representam fatores importantes,
que interferem na decisão quanto ao melhor local para tratamento, tendo em vista que apontam características desafiadoras para
o cuidado em saúde mental pela APS. (BEZERRA et al., 2014)

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 41


Itens marcadores e potencializadores

O estudo que validou a escala demonstrou que 2 itens devem ser considerados marcadores do NCSM e 2 itens devem ser
considerados potencializadores do NCSM. Vamos ver o que isso significa?

A formação do escore e a divisão nos estratos baixa, moderadamente alta e altíssima de NCSM é uma combinação de resultados,
mas ao invés de nos concentrarmos apenas no escore total, é recomendado observar o escore combinado com as respostas para
os itens marcadores e para os potencializadores.

Quando um item ocorre na amostra do estudo com uma frequência elevada, independente do estrato de NCSM em que as
pessoas estão, ele é considerado marcador da NCSM. Ou seja, ao responder sim aos itens marcadores, é necessário ter em mente
que a maioria das pessoas usuárias com NCSM, independente do estrato, respondem, sim, a esse item.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 42


Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 43
Marcadores Potencializadores

“Você consegue se manter trabalhando?” “A pessoa usuária foi testemunha de violência?”

“Você é capaz de controlar sua impulsividade?” “A pessoa usuária foi vítima de violência?”

São considerados marcadores, que necessitam de Foram considerados potencializadores da NCSM


atenção independente do escore final, na amostra na amostra do estudo de validação da Escala
do estudo de validação da Escala CuidaSM. CuidaSM. Devemos ter atenção as pessoas
usuárias que tiveram resposta positiva a esses
itens, mesmo que a sua classificação final seja
moderada ou baixa na NCSM.

Já quando a maioria das pessoas que respondem positivo a determinado item está no estrato altíssima de Necessidade de
Cuidado em Saúde Mental (NCSM), esses itens são considerados potencializadores da NCSM. Ou seja, ao obter uma resposta
positiva para eles, mesmo que o resultado do escore evidencie baixa ou moderada NCSM, é preciso atenção.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 44


Aplicação da escala CuidaSM, na prática
em que contexto devemos aplicá-la?

Agora que já conhecemos os itens da Escala CuidaSM e suas dimensões, vamos compreender como aplicar na prática do dia a dia
de atendimentos da APS.

Assista ao vídeo a seguir, que trará mais detalhes de


como utilizar a escala, em que contexto ela deve ser
aplicada e quem deve utilizá-la.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 45


Clique na imagem

Percebemos nesse vídeo que alguns itens da parte avaliada pelo profissional de saúde da Escala CuidaSM merecem atenção
quanto a sua definição e a como perguntá-los durante a consulta.

Vamos relembrar quais são esses itens, sua definição e quais perguntas nos ajudam a chegar na resposta mais precisa:

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 46


O primeiro deles refere-se aos itens da dimensão Violência: consideramos que a resposta é positiva caso a pessoa usuária tenha
sido testemunha, autor ou vítima de violência, considerando as 4 naturezas dos atos de violência: física, sexual, psicológica e
Negligência/Abandono e a sua definição.

Clicar duas vezes na imagem para mais informações.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 47


Outra dimensão que merece esclarecimento de como diferenciar cada um dos itens é a dimensão “Autoagressão e
comportamento suicida”. A seguir, encontra-se a definição de cada um dos itens dessa dimensão e sugestões da melhor forma de
questioná-los.
A PESSOA USUÁRIA TEM DESEJO DE MORTE?
DEFINIÇÃO COMO PERGUNTAR
Pensamentos ou ideias de que seria melhor estar morto, tais Você tem vontade de morrer?
como "eu não consigo continuar", "eu gostaria de estar morto", Você já pensou que seria melhor não estar vivo?
com ou sem a possibilidade de pôr fim à própria vida. Pensa que a vida não vale a pena?

A PESSOA USUÁRIA TEM IDEAÇÃO SUICIDA?


DEFINIÇÃO COMO PERGUNTAR
Pensamentos ou ideias sobre a possibilidade de pôr fim à Você já pensou em tirar a própria vida?
própria vida. Você pensa em suicídio como possibilidade?

A PESSOA USUÁRIA TEM PLANEJAMENTO SUICIDA?


DEFINIÇÃO COMO PERGUNTAR
Pensamentos sobre a(s) forma(s) de cometer suicídio. Possui Você chegou a pensar numa forma de se matar?
um plano organizado de como realizar o ato. Você tem algum plano de como se matar?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 48


A PESSOA USUÁRIA PENSA EM SE AGREDIR?
DEFINIÇÃO COMO PERGUNTAR
Pensamentos ou plano atuais de intoxicação, ou lesão
autoinfligida intencional, com ou sem intenção, ou desfecho Você vem tendo pensamentos de se fazer algum mal?

fatal.

A PESSOA USUÁRIA APRESENTA RISCO IMINENTE PARA AUTOAGRESSIVIDADE?


DEFINIÇÃO COMO PERGUNTAR
Risco de intoxicação ou lesão autoinfligida intencional, com ou Quando você está planejando se autoagredir?
sem intenção, ou desfecho fatal, dentro de 48 horas. Como você pensa em se machucar?
Você possui acesso à forma que pretende se autoagredir,
como remédios, objetos cortantes, veneno ou outros meios?
O que te impede de seguir com este plano?

A PESSOA USUÁRIA TEM AUTOAGRESSIVIDADE?


DEFINIÇÃO COMO PERGUNTAR
Ato de prévio intoxicação ou lesão autoinfligida intencional, Você chegou a tentar suicídio ou chegou a se autoagredir
com ou sem intenção, ou desfecho fatal. anteriormente em outro momento da sua vida?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 49


Como interpretar os escores a partir do
escalonamento do cuidado

Como vimos no vídeo da sessão anterior, o E-planifica pode ser encontrado como versões em Word e Excel da Escala CuidaSM,
assim como um manual de como utilizá-la. Para acessá-la clique aqui. Esse Excel está programado para somar as respostas de
ambas as partes e apresentar uma pontuação final. Caso você utilize a via física, a avaliação final é realizada considerando 0
pontos para respostas negativas e 1 ponto para respostas positivas, em ambas as partes do instrumento.

Cálculo da Necessidade de Cuidado em Saúde Mental (NCSM):

NCSM = (17 – soma dimensões autorreferidas) + soma


das dimensões avaliadas pelo profissional.

Vamos relembrar os pontos de corte que definem cada


estrato:

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 50


Vamos relembrar a seguir as sugestões da equipe que desenvolveu a escala para interpretar esse escore, baseadas na relação
dessa estratificação com o escalonamento do cuidado em saúde mental, realizado a partir do MACC.

Vale reafirmar que a proposta da utilização da Escala


CuidaSM visa apoiar o escalonamento do cuidado,
trazendo elementos objetivos, que devem ser
interpretados e discutidos pela equipe da APS junto à
equipe matriciadora, de forma complementar, como
informações fornecidas na avaliação da pessoa usuária
em consulta, sejam elas a avaliação diagnóstica,
capacidade de autocuidado, a vulnerabilidade familiar
ou a rede de apoio da pessoa usuária.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 51


Enquanto eles apresentam apenas fatores de risco para o desenvolvimento psíquico, sem apresentar critérios diagnósticos para
um transtorno mental instalado, eles estão no nível 2 do MACC.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 52


Somando essas duas informações, chegamos à conclusão
de que as pessoas usuárias estratificadas com baixa ou
moderadamente precisam de cuidado em saúde mental
podem estar tanto no nível 2 como no nível 3 do MACC, já
que em ambos os níveis temos o cuidado focado na APS. E
que o que os diferencia é a presença ou não de um
transtorno mental instalado, sendo nível 2 apenas com
fator de risco e nível 3, com transtorno mental instalado,
geralmente um transtorno mental comum, como
ansiedade, depressão ou transtorno de somatização,
todos de prevalência elevada na comunidade.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 53


Vamos conhecer o caso da Marina?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 54


Vamos ver como ficou preenchida a Escala
CuidaSM da Caso da Marina?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 55


Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 56
Em seu plano de cuidados registram a necessidade de cuidado de seu sofrimento
emocional, e sinalizam que as propostas de intervenções psicossociais, de baixa
intensidade, como técnicas de enfrentamento de problemas, fortalecimento da rede
de apoio e técnicas de relaxamento poderão ser integradas no plano de cuidados da
usuária na próxima consulta. Para finalizar a enfermeira deixa a avaliação da Escala
CuidaSM assim como essa proposta de plano de cuidado registrada em prontuário,
de forma que todos da equipe tenham acesso a esse registro.

Na próxima reunião de equipe, a enfermeira discute o caso de Marina com todos.


Discutem que muitas vezes atendem pessoas em sofrimento psíquico emocional,
mesmo sem um transtorno mental instalado, e nem sempre validam e relacionam
esses sintomas aos fatores de risco às condições de vida. Conversam sobre a
importância de trabalhar com as intervenções psicossociais e construir com as
pessoas estratégias de enfrentamento que sejam intersetoriais. A ACS reforça que
a rede de apoio de Mariana é muito frágil, e confirma que também tem a impressão
de que ela está mesmo muito sobrecarregada. A psicóloga ressalta a importância
de a enfermeira ter respeitado o silêncio de Marina quando o tema da violência
apareceu, e, ao mesmo tempo, terem pactuado uma abordagem a esse tema em um
momento mais apropriado. Se coloca à disposição para apoiá-los em como ofertar
técnicas de enfrentamento de problemas e gerenciamento do estresse.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 57


Vamos ouvir o mentário?
Vamos lá?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 58


Vamos conhecer o caso do Rodrigo?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 59


Vamos ver como ficou preenchida a Escala
CuidaSM do Caso do Rodrigo?

https://articulateusercontent.com/rise/courses/yiQSeV7l_6IGFHIj2FPKYW9az8d0Sblx/FFHh69f1xAT-
pfFD-Ficha%2520Rodrigo.jpg

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 60


A enfermeira agradece e explica a Rodrigo que seus
sintomas e dados de sua história pessoal apontam
para um provável transtorno de ansiedade,
usualmente conhecido como um transtorno mental
comum, devido a sua alta prevalência na
comunidade. Esclarece que se trata de um
transtorno mental de menor gravidade quando
comparado a transtornos mentais que necessitam de
um cuidado mais especializado. Orienta que quadros
como o seu estão fortemente associados a
problemas psicossociais e que a maioria das pessoas
usuárias apresentam melhoras quando apoiados
pelas equipes da APS, individualmente ou nos grupos
das unidades da atenção primária, que oferecem
acolhimento, escuta, apoio e tratamentos, que
podem ou não incluir remédios.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 61


Explica ainda que a médica irá avaliá-lo para complementação da
avaliação e para verificar a necessidade de iniciarem o tratamento com
medicamentos. Mas que de qualquer forma é importante abordarem os
gatilhos dos ataques de pânico, e os sintomas de evitação, como evitar
sair de casa sozinho, que está começando a desenvolver. Pergunta a
Rodrigo o que ele acha que pode fazer para lidar melhor com o estresse
do seu trabalho. Ele diz que gostaria de fazer alguma atividade que o
ajudasse a gastar sua energia e não pensar tanto nos problemas do
trabalho. Diz que sua esposa o ajuda bastante a lidar com todos os seus
problemas, além de sentir bastante apoio de familiares e amigos.

A enfermeira abre o Guia de Ações e Serviços para pessoas


usuárias e trabalhadores da UBS, e apresenta algumas opções de
atividades e horários para Rodrigo. Escreve no plano de cuidados
que ele elegeu conhecer o grupo de caminhada do centro
esportivo de seu bairro, indo 2 vezes na semana.
Deixa registrado em seu prontuário assim o resultado da Escala
CuidaSM. Agenda o retorno em 1 mês

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 62


Vamos ouvir o mentário?
Vamos lá?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 63


Podemos citar como exemplos de tipos de grupos:

Vamos conhecer o caso da Patrícia?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 64


Vamos ver como ficou preenchida a Escala
CuidaSM do Caso da Patrícia?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 65


Os profissionais conversam com Patrícia, explicando
o que é o transtorno do humor bipolar. Dizem
perceber que ela se apresenta no momento com
humor levemente deprimido e que precisa receber o
tratamento adequado a seu quadro, tanto
medicamentoso quanto não medicamentoso.
Compreendem que ela não deseje se tratar no CAPS,
mas reafirmam a importância de fazer o tratamento
com risco de novas crises caso abandone. Decidem
compartilhar o cuidado de Patrícia com Ambulatório
de Saúde Mental. Explicam a Patrícia que sempre
será acompanhada pela APS também. Agendam um
retorno em consulta conjunta com os dois
profissionais na APS, em que poderão verificar se
Patrícia foi à consulta agendada no ambulatório.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 66


Os profissionais conversam com Patrícia, explicando o que é o transtorno do humor bipolar.
Dizem perceber que ela se apresenta no momento com humor levemente deprimido e que
precisa receber o tratamento adequado a seu quadro, tanto medicamentoso quanto não
medicamentoso. Compreendem que ela não deseje se tratar no CAPS, mas reafirmam a
importância de fazer o tratamento com risco de novas crises caso abandone. Decidem
compartilhar o cuidado de Patrícia com Ambulatório de Saúde Mental. Explicam a Patrícia que
sempre será acompanhada pela APS também. Agendam um retorno em consulta conjunta com os
dois profissionais na APS, em que poderão verificar se Patrícia foi à consulta agendada no
ambulatório.

Vamos ouvir o mentário?


Vamos lá?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 67


Podemos citar como exemplos de tipos:Vamos conhecer o caso do Luís?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 68


Vamos ver como ficou preenchida a Escala
CuidaSM do Caso do Luís?

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 69


A enfermeira explica para eles a importância de garantirem
os direitos e a dignidade de Luís e pergunta a ele que mais
sente falta. Luís responde que sente falta do seu “trabalho”
de varrer a unidade de saúde. A enfermeira explica a
proposta de reabilitação psicossocial, reforçando a
importância de inseri-lo em atividades na comunidade e
conta que existe um outro. A enfermeira explica para eles a
importância de garantirem os direitos e a dignidade de Luís
e pergunta a ele que mais sente falta. Luís responde que
sente falta do seu “trabalho” de varrer a unidade de saúde. A
enfermeira explica a proposta de reabilitação psicossocial,
reforçando a importância de inseri-lo em atividades na
comunidade e conta que existe outro serviço de saúde
chamado CAPS que também pode ser interessante para Luís
se inserir. Explica quais atividades acontecem nesse serviço,
Luís se mostra interessado em conhecer. Ela orienta a mãe
de Luís que as crises são evitadas com muito mais eficácia
quando o tratamento psicossocial é realizado com maior
frequência, por isso, sugere que leve o Luís ao CAPS no dia
seguinte para um atendimento de acolhimento.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 70


O projeto terapêutico singular (PTS) de Luís é atualizado, com o
compartilhamento do cuidado com o CAPS. A enfermeira se compromete
a fazer contato com a equipe do serviço para trocarem informações
sobre o caso, e para pactuarem como cada serviço pode contribuir com
estratégias de cuidado à família. Luís retoma o desejo de voltar seu
“trabalho” de varrer a unidade, se comprometendo a ir uma vez por
semana.

A mãe de Luís diz que pode ser bom levá-lo ao CAPS, pois pode
facilitar para renovar o laudo do BCP e se Luís gostar de
frequentar, ela terá mais tempo para suas próprias atividades. Se
compromete levá-lo no dia seguinte para o acolhimento

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 71


Vamos ouvir o mentário?
Vamos lá?

Dessa forma, interpretada em conjunto com as demais informações obtidas junto a pessoa usuária em consulta, a Escala CuidaSM
traz elementos objetivos e baseados em evidência, que pretendem auxiliar a compor a melhor decisão quanto à terapia certa, no
lugar certo e no momento certo!

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 72


Conectando os pontos

Relembre aqui todos os objetivos de aprendizagem proposto para esse curso. Pergunte-se se você conseguiu alcançar esses
objetivos.

Neste momento, você percebe que consegue.

▪ Reconhecer o conceito de escalonamento do cuidado em Saúde Mental.


▪ Apontar o modelo de cuidado escalonado adotado no Brasil e por outros países mundo.
▪ Relacionar o escalonamento do cuidado em saúde mental com o Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC).
▪ Conhecer a Escala de Avaliação da Necessidade de Cuidado em Saúde Mental (CuidaSM).
▪ Apresentar em que contexto a escala CuidaSM pode ser utilizada.
▪ Compreender as dimensões da escala CuidaSM e como interpretar seu resultado.

Objetivos de aprendizagem alcançados?


Siga para o Momento de Prática e Reflexão deste curso.
Lá você encontrará 5 perguntas relacionadas ao conteúdo estudado, até aqui.

Escalonamento do cuidado em Saúde Mental 73


Referências

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