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Criação: Resolução n.º 002/2009 – FEJAL - Credenciamento: Parecer Nº 375/2010 e Resolução N.

º 02/2011, de 22/02/2011
Homologação: Portaria SEE Nº 298/2011, publicada no DOE de 07/04/20

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Atividade Prática

Data para realização da atividade: 21/02/2024


Período: 1º
Turma: A

Orientações: As esquipes deverão ler o texto base para a apresentação do trabalho,


lembrando que o tema da atividade é NARRATIVA JURÍDICA, desse modo, podem
explorar outros textos que tratem a respeito dessa temática.

*Cada equipe poderá ter até 08 (oito) componentes.

*As apresentações terão duração de 10m para cada equipe, sendo necessária a
participação de todos.

*Poderão ser utilizados slides para melhor abordagem sobre o tema.

* As apresentações terão inicio às 19h

Professora: Ernestina Iolanda


82 99607-8885

Me coloco a disposição para dúvidas, saliento que as mensagens são respondidas


apenas nos dias de Segundas e Quartas-Feiras das 14h às 18h.
Criação: Resolução n.º 002/2009 – FEJAL - Credenciamento: Parecer Nº 375/2010 e Resolução N.º 02/2011, de 22/02/2011
Homologação: Portaria SEE Nº 298/2011, publicada no DOE de 07/04/20

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A NARRATIVA JURÍDICA

É praticamente um consenso a ideia de que o instrumento de trabalho do


profissional de Direito é a linguagem. A pragmática jurídica é construída a partir de um
discurso, oral e/ou escrito, em se que defende uma tese por meio de argumentos,
independente da área de atuação, se penal, civil, trabalhista etc. É preciso um discurso
coerente, com poder de convencimento e persuasão, bem fundamentado, argumentado e
concatenado. Para tanto, o profissional recorre a dois pilares argumentativos, seja na
redação das peças jurídicas (petição inicial, contestação, dentre outras), seja na sustentação
oral: 1) argumentação fática ou narrativa dos fatos (DOS FATOS) e 2) argumentação
jurídica ou fundamentação jurídica (DO DIREITO).
Inicialmente, o advogado recorre à narrativa dos fatos, pois estes constituem a
origem da ação, e, por conseguinte, a causa do pedido. Assim, o relato dos fatos não
pode ser concebido como uma mera passagem do texto, nem muito menos pode ser feito
aleatoriamente, sem critérios, pois não se trata apenas de uma narrativa elucidativa, é, em
verdade, uma ferramenta argumentativa imprescindível não somente à compreensão do
mérito da causa, mas, principalmente, para o convencimento do julgador. Destarte, é
necessário que o advogado siga algumas orientações:
a) Interpretar e valorar os fatos: eis a principal característica da narrativa
jurídica: não se trata de uma narrativa meramente informativa, mas, sim, de uma narrativa
valorada (com exceção da narrativa do magistrado). É preciso ter em mente que o
advogado (ou defensor, procurador, promotor) não só “conta” os fatos, mas os interpreta,
valorando-os à luz do entendimento jurídico e da interpretação do seu representado e em
conformidade com o pedido que será feito, objeto maior da ação.
Importante lembrar que valorar é diferente de valorizar. Valorar significa avaliar,
analisar, dar um juízo de valor, dimensionar ou interpretar.
Assim, é necessário que o advogado extraia dos fatos um entendimento, uma
conclusão sob a ótica jurídica, deixando clara a relação entre os fatos e o pedido,
elucidando o significado daqueles no mundo jurídico. É necessário, ainda, que o advogado
faça em sua narrativa uma valoração dos fatos na perspectiva do seu representado, trazendo
a lume a dramaticidade e os sentimentos dos fatos. Valorar significa, em outras palavras,
Criação: Resolução n.º 002/2009 – FEJAL - Credenciamento: Parecer Nº 375/2010 e Resolução N.º 02/2011, de 22/02/2011
Homologação: Portaria SEE Nº 298/2011, publicada no DOE de 07/04/20

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avaliar/analisar, atribuindo características, sensações e dimensionando os fatos. Para tanto,


o profissional se utiliza, sobretudo, de adjetivos e advérbios de intensidade e de modo. Tais
classes gramaticais, juntamente com outras expressões consideradas modalizadores, são
essenciais à argumentatividade dos fatos. Compare as diferentes formas de valoração: 1) a
autora foi prejudicada, 2) a autora foi MUITO prejudicada, 3) A autora foi
IMENSAMENTE prejudicada. Em se tratando de argumentação, não somente o que se diz,
mas também o “como se diz” faz toda a diferença, a escolha das palavras deve ser pensada
estrategicamente, pois cada uma possui uma carga semântica, valorativa e,
consequentemente, argumentativa específica.
b) Poder de persuasão: além de se utilizar do poder de convencimento,
relacionado à lógica, à demonstração, o advogado deve recorrer ao poder de persuasão,
ligado ao emocional, ao psicológico. Assim, o relato dos fatos deve ter também uma carga
emocional (equilibrada, obviamente), um quê de dramaticidade, trazendo vida às letras
frias do papel, sensibilizando o julgador, levando-o a se colocar no lugar da parte
defendida (empatia). Nesse sentido, há uma classe gramatical imprescindível: o adjetivo. É
por meio do adjetivo que o profissional irá não somente valorar e interpretar os fatos, mas
lhes garantir a emoção, representando o estado de sentir da parte. Assim sendo, é
importante que o advogado explore, sem exageros, o emprego dos adjetivos, ferramenta de
persuasão fundamental à narrativa dos fatos. Exemplo: “após passar por todo o
constrangimento, a autora saiu do banco sentindo-se humilhada, por ver sua imagem
denegrida”.
c) Clareza e coerência - todo texto, como é cediço, deve ter clareza em suas ideias,
deve ter uma unidade de sentido, em se tratando da narrativa dos fatos, não há de ser
diferente, ao contrário, é necessário que o relato seja hialino o suficiente para levar o
julgador ao entendimento do mérito. Sempre é bom lembrar: a lei, o juiz conhece; mas os
fatos, não. Estes lhe são apresentados a partir da narrativa, que deve ser clara, sem muitos
rodeios, com ênfase nos detalhes que realmente contribuem para sua análise.
d) Ordem cronológica dos fatos: muitas narrativas se tornam confusas e trazem
prejuízo à análise do mérito – quando não tornam a exordial inepta – por não estarem, os
fatos, organizados em sua sequência cronológica, ou seja, não seguem a ordem com que se
sucederam no decorrer do tempo. Assim, é fundamental que o advogado narre os fatos
respeitando a ordem cronológica.
Criação: Resolução n.º 002/2009 – FEJAL - Credenciamento: Parecer Nº 375/2010 e Resolução N.º 02/2011, de 22/02/2011
Homologação: Portaria SEE Nº 298/2011, publicada no DOE de 07/04/20

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e) Situar os fatos no tempo e no espaço: ao narrar os fatos, é preciso que o


advogado os situe no espaço (onde) e no tempo, de forma precisa, de maneira a dar
veracidade e transparência, trazendo ao discurso mais força de convencimento. Assim,
além de seguir a ordem cronológica, é necessário que o advogado date os fatos. Em vez de
narrar, a exemplo: “dois meses depois de efetuar o pagamento, o autor recebeu a primeira
cobrança”, deve-se dizer “dois meses depois de efetuar o pagamento, em 4 de abril do ano
em curso, o autor recebeu a primeira cobrança”. Com isso, os fatos se tornam mais
precisos.
f) Utilizar os termos técnico-jurídicos para representar as partes: ao se referir
às partes litigantes (ou do processo), o advogado tem duas formas: ou a partir do nome
completo das partes (nunca use somente o primeiro nome); ou recorrendo aos termos
técnico-jurídicos que as representam (autor e réu, requerente e requerido, reclamante e
reclamado, apelante e apelado etc.). Assim, obviamente, torna-se repetitivo se, toda vez
que o advogado referir-se às partes, escrever o seu nome completo, sendo mais prático
recorrer aos termos técnicos específicos. Ademais, uma dúvida que alguns advogados têm
é se pode alternar os termos na mesma peça; na verdade, não só pode, como deve, para
evitar um texto enfadonho, com repetição desnecessária. Dessa forma, se, num dado
momento da narrativa, o advogado utiliza o termo “autor”, em outro, a depender do tipo de
ação, pode usar o termo “requerente”, “investigante” etc.
g) Relacionar os fatos ao pedido: no término do relato, é necessário relacionar os
fatos ao pedido, porque deles decorre, por consequência lógica, o que se pede, ou seja, o
pedido. Isto é, inclusive, mais um requisito básico estabelecido pelo art. 282 do Código de
Processo Civil. Não significa, porém, que o advogado deva fazer o pedido já na narrativa
dos fatos, o que será feito em sua última etapa, após a fundamentação jurídica, mas
simplesmente que concluirá o relato fazendo uma alusão ao pedido, construindo o liame
entre os fatos e o que se pretende com a ação, o que se requer.

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