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MEC201 - PROJETO DE PRODUTO

AULA 03

Prof. Jairo Machado. Me. Eng.


jairo@upf.br
5 ESCLARECIMENTO E DEFINIÇÃO METÓDICA DA TAREFA

5.1 Importância do esclarecimento da tarefa

As áreas de desenvolvimento e projeto recebem suas tarefas de outros setores


da empresa; geralmente a tarefa é passada da seguinte maneira:

• Como pedido de desenvolvimento (externa ou internamente pelo


planejamento de produto, sob a forma de proposta de um produto);
• Como pedido concreto de um cliente;
• Como sugestão baseada, p. ex., em propostas de aperfeiçoamento e críticas
da área de vendas, testes, campos de prova ou montagens, de um setor afim
ou do próprio setor de projetos.
Nesta etapa o setor de projetos está agora diante do problema de identificar as
especificações de produto determinantes para a solução e, se possível, formular
e documentar tais especificações com indicações quantitativas.

O resultado deste processo é a lista de requisitos. Ela constitui o documento das


especificações do produto e, com isso, também uma medida do grau de
atendimento da tarefa pelo setor de desenvolvimento.

Em estreita colaboração com o cliente, inicialmente são esclarecidas as


seguintes questões:

• Qual finalidade a solução objetivada precisa satisfazer?


• Quais características ela deve apresentar?
• Quais características ela não deve possuir?
5.2 Elaboração da lista de requisitos

Principais etapas de trabalho para


elaboração da lista de requisitos
5.2.1 Conteúdo

Na formulação da lista de requisitos, os objetivos e as condicionantes sob as


quais os requisitos devem ser satisfeitos precisam ser destacados claramente.
Os requisitos são desdobrados em necessidades e vontades:

• Necessidades, que precisam ser satisfeitas sob quaisquer circunstâncias, ou


seja, sem o seu atendimento a solução prevista não é aceitável em nenhuma
hipótese. Requisitos mínimos deverão ser indicados (p. ex. P>20KW,
L≥400mm).

• Vontades, que devem ser consideradas na medida do possível,


eventualmente com a concessão de que para isso é aceitável um limitado
trabalho adicional (p.ex. maior intervalo entre manutenções).

As necessidades e vontades deverão ser formuladas com aspectos quantitativos


e qualitativos, resultando em informações necessárias:
• Quantidade: todas as informações sobre quantidade, número de peças,
tamanho do lote e volume, muitas vezes também por unidade de tempo.
• Qualidade: todas as informações sobre desvios admissíveis e requisitos
especiais, como resistente a condições tropicais, corrosão, etc.

Na medida do possível, os requisitos devem ser especificados por indicações


numéricas. Onde isto não for possível, precisam ser formuladas disposições
verbais o mais claramente possível.

Referências a importantes influências, intenções ou processos de fabricação


também podem ser incluídas na lista.

A lista de requisitos é um índice interno de todas as necessidades e


expectativas na linguagem dos setores que irão executar o projeto.
5.2.2 Formato

A lista de requisitos deve conter ao menos as seguintes informações, que


deverão ser representadas da forma mais clara possível:

• Usuário: empresa e departamento;


• Denominação do projeto/produto;
• Requisitos classificados em necessidades ou vontades;
• Data da elaboração da lista completa;
• Data da última revisão;
• Número da edição como identificação;
• Número de páginas.
Constituição formal de uma lista de requisitos
No início de um desenvolvimento a lista de requisitos representa uma tarefa
preliminar obrigatória e, posteriormente, uma tarefa sempre atualizada.

O responsável pela lista de requisitos é o projetista ou o gerente de


desenvolvimento. A lista de requisitos deve ser distribuída a todos os setores
envolvidos com o desenvolvimento do produto (gerência, vendas, cálculo,
testes, distribuidores, etc.).

A lista de requisitos somente poderá ser alterada ou ampliada por


determinação da gerência de desenvolvimento (em conferência de
desenvolvimento).
5.2.3 Identificando e relacionando os requisitos

A problemática da elaboração de uma lista de requisitos depende da qualidade e


quantidade de subsídios e dados fornecidos por meio de tarefas de
desenvolvimento ou de projeto pelos departamentos envolvidos.

Pode ficar com requisitos implícitos, por isso deve ser esclarecido:

• De que problema se trata afinal?


• Que vontades e expectativas não declaradas subsistem?
• As condicionantes mencionadas são obrigatórias?
• Que caminhos estão abertos ao desenvolvimento?
O problema maior de não perceber um requisito implícito, que não é citado pelo cliente
é o efeito negativo que pode causar pelo fato de não ser atendido. Seu atendimento é
considerado como natural e da maior importância.

Para complementar e ampliar os requisitos estabelecidos, pode-se utilizar a técnica da


linha mestra, com listas de características principais.

Parte-se de pontos concretos da presente tarefa, através de associação de novos


conhecimentos sobre esses mesmos pontos, o que pode levar a novos requisitos
relevantes.
Linha mestra com listas de características principais
Resulta-se a seguinte recomendação para elaboração da lista de requisitos:

1. Colecionar requisitos:

• Examinar o pedido do cliente ou a documentação da empresa quanto a


requisitos técnicos. Definir e documentar todos os requisitos óbvios.
• Com base na linha mestra, definir ou complementar requisitos com
indicações quantitativas e qualitativas.
• Com auxílio da técnica do cenário considerar todas as situações durante o
ciclo de vida do produto e derivar os requisitos resultantes.
• Especificar melhor por meio do questionamento: Qual finalidade a solução
precisa atender? Quais os atributos ela precisa ter? Quais atributos ela não
deve ter?
• Praticar a aquisição de informações adicionais.
• Destacar claramente as necessidades e vontades.
• Classificar as vontades como de alta, média ou baixa relevância.
2. Ordenar os requisitos de forma clara:

• Antepor a tarefa principal e os dados característicos principais.


• Desdobrar por subsistemas identificáveis, grupos de funções, subconjuntos
construtivos ou características principais da linha mestra.

3. Elaborar a lista de requisitos em impressos e enviar aos setores envolvidos.

4. Examinar as objeções e dados adicionais e incorporar a lista de requisitos.

Se a tarefa estiver suficientemente esclarecida e os participantes concordarem


que as exigências técnicas e econômicas poderão ser atendidas, o projeto poderá
começar após a definição da lista de requisitos e liberação para a concepção.
6 MÉTODOS PARA A CONCEPÇÃO

Concepção é a parte do projeto que, após o esclarecimento do problema, por


isolamento dos problemas principais e busca de princípios de funcionamento
apropriados e sua combinação na estrutura de funcionamento, define a solução
preliminar (princípio de solução).

Após o esclarecimento do problema diante da lista de requisitos deve-se decidir


sobre as seguintes questões:

• A tarefa já está suficientemente clara para que possa ser inicializado o


desenvolvimento do projeto?
• É realmente necessário elaborar a concepção ou soluções conhecidas
permitem passar diretamente para a etapa de anteprojeto ou
detalhamento?
• Caso a etapa de solução precise ser realizada, como e em que extensão terá
que ser formatada, com base no procedimento sistemático?
6.1 Etapas de trabalho na concepção

A etapa de concepção está prevista para vir em seguida à etapa de esclarecimento


do problema.

Etapas de trabalho da fase de concepção


6.2 Abstração para identificação dos principais problemas

Quase nenhum princípio de solução e nenhuma configuração de projeto


condicionado tecnologicamente podem ser considerados ótimos por um prazo
muito prolongado.

Novas tecnologias, materiais e processos de trabalho, bem como descobertas


científicas, possivelmente em combinações inovadoras, prenunciam novas e
melhores soluções.

No procedimento para chegar a uma solução nova, duradoura, não se deve


deixar-se conduzir somente por ideias fixas ou convencionais ou se dar por
satisfeito com elas.

É preciso verificar cuidadosamente se caminhos inovadores e práticos que levem


à solução são passíveis de implementação. Para a dissolução das ideias fixas e
liberação de ideias convencionais é útil a abstração objetivada.
Na abstração, prescinde-se do individual e do casual e busca-se conhecer o
geral e o principal. Essa generalização, que permite salientar o principal, leva ao
ponto fulcral do problema.

Se este tiver sido precisamente formulado, então a função global e as


condicionantes principais, caracterizadoras da problemática, são identificáveis,
sem, no entanto, fixar um tipo particular de solução.

O primeiro passo para a solução consiste em analisar a lista de requisitos com


respeito à função exigida e às principais condicionantes, a fim de ressaltar mais
claramente o núcleo da questão.

Recomenda-se copiar as relações funcionais contidas na lista de requisitos em


forma de sentença e ordená-las de acordo com sua importância.
O geral e o principal de uma tarefa podem ser obtidos de forma relativamente
simples na lista de requisitos por meio de uma análise com respeito às relações
funcionais e principais condicionantes específicas da tarefa.

Para isso é apropriado o procedimento:

1º Passo: suprimir vontades mentalmente;


2º Passo: Somente considerar requisitos que afetam as funções e principais
condicionantes;
3º Passo: Converter dados quantitativos em qualitativos;
4º Passo: Ampliar de forma adequada o que foi percebido;
5º Passo: Formular o problema de forma neutra quanto à solução.
Lista de requisitos para sensor de medição de combustível em veículo automotor
Procedimento de abstração: sensor
para dispositivo do conteúdo de um
tanque de veículo automotor
A consequência dessa etapa é a definição do objetivo num plano isolado, sem,
contudo, estipular determinado tipo de solução.

Num desenvolvimento inovador, fundalmentalmente todos os caminhos devem


ficar abertos até que se perceba claramente qual é o princípio de solução mais
apropriado para o caso em questão.

Alguns exemplos de abstrações e formulações de problemas:


• Não esboce uma porta de garagem, mas busque um fechamento da
garagem que proteja um carro contra roubo e o mantenha ao abrigo das
interpéries.
• Não projete uma união por chaveta, mas busque a maneira mais
conveniente de unir roda com eixo para transferir o torque numa dada
posição.
• Não projete uma máquina de embalar, mas procure a melhor maneira de
expedir o produto de forma protegida.
• Não projete um dispositivo de fixação, mas busque uma possibilidade de
fixar a peça a ser usinada isenta de vibrações.
6.3 Elaboração de estrutura de funções

6.3.1 Fundamentos de sistemas técnicos

A solução de problemas técnicos é satisfeita com auxílio de estruturas técnicas,


denominadas: instalação, equipamento, máquina, aparelho, conjunto
mecânico, elemento de máquina ou componente avulso.

Essas denominações conhecidas estão grosseiramente ordenadas pelo seu grau


de complexidade. Por exemplo, um equipamento (reator, evaporador) é
considerado um membro ou elemento com elevado grau de complexidade
dentro de uma instalação.

Em certos segmentos, produtos técnicos são denominados instalações e, em


outros, máquinas ou instalação de máquinas. Uma máquina é formada por
conjuntos mecânicos e componentes avulsos.
É vantajosa a proposta de entender objetos ou estruturas técnicas como
sistemas que estão em contato com a circunvizinhança por meio de váriáveis de
entrada (imputs) e variáveis de saída (outputs).

Um sistema pode ser transformado em subsistemas. O que faz parte de um


sistema em consideração é definido pelos limites do mesmo. As variáveis de
entrada e saída cruzam a fronteira do sistema.

Com essa noção, é possível definir, para a respectiva finalidade, sistemas


apropriados para cada nível de abstração, classificação ou desdobramento. Em
geral são componentes de um sistema maior, superior.

É conveniente entender por função a relação geral e desejada entre a entrada e


a saída de um sistema, com a finalidade de cumprir uma tarefa.
“Acoplamento do sistema”, a….h elementos do sistema; i….l elementos de ligação; S
sistema global; S1 subsistema “acoplamento elástico”; S2 subsistema “embreagem”; E
variáveis de entrada (imputs); A variáveis de saída (outputs).
Como e por quais critérios é feita uma classificação, depende da finalidade da
consideração. Critérios frequentes são:

• Função, para identificar ou descrever relações funcionais;


• Subconjuntos de montagem para planejar operações de montagem;
• Módulos de produção para subdividir ou combinar operações de produção.

Dependendo da finalidade, estas subdivisões de sistemas poderão ser mais ou


menos desdobradas. O projetista precisa constituir tais sistemas individualmente
para cada objetivo e, através das entradas e saídas pela fronteira do sistema,
deixá-los evidentes em relação à vizinhança.
Quando se analisam sistemas técnicos, fica evidente que eles servem a um
processo técnico, onde energias, materiais e sinais são transferidos e/ou
modificados.

Para demais discussões, deve-se entender por:

Energia: mecânica, térmica, elétrica, química, óptica, nuclear e também força,


corrente elétrica, calor…

Material: gás, fluído, sólido, pó…, e também matéria prima, material, corpo-de-
prova, objeto de tratamento…, produto acabado, componente, produto testado
ou tratado…

Sinal: grandeza mensurável, indicação, impulso de comando, dados,


informações…
6.3.2 Função Global

Os requisitos de um equipamento, máquina, ou subconjunto determinam a


função que representa a inter-relação geral objetivada entre entrada e saída de
um sistema.

Se o núcleo da tarefa global estiver formulado, a função global pode ser


indicada.

Esta função aponta, mediante a utilização de um diagrama de blocos, a inter-


relação entre as variáveis de entrada e saída com referência a conversão de
energia material e/ou sinal.

Função global dos sistemas componentes da


medição do conteúdo de um tanque
6.3.3 Desdobramento em subfunções

Dependendo da complexidade da tarefa a ser solucionada, a função global


resultante também será mais ou menos complexa.

Compreende-se por complexidade o grau de transparência das relações entre


entrada e saída, a multiestratificação dos processos físicos necessários, bem
como o número final de subconjuntos e peças avulsas envolvidos.

Uma função global pode ser desdobrada em subfunções de menor


complexidade. A interligação das subfunções resulta na estrutura da função, que
representa a função global.

O objetivo desta etapa principal é:

• A simplificação do desdobramento da função global para a subsequente


busca da solução.
• A interligação destas subfunções numa estrutura de função, simples e não
duvidosa.
Símbolos para representação de subfunções

Formação de uma estrutura de função pela subdivisão de uma função global em subfunções
Desenvolvimento da estrutura da função para o sensor de um medidor do conteúdo de um
reservatório.
Desenvolvimento da estrutura da função para o sensor de um medidor do conteúdo de um
reservatório.
O grau de desdobramento apropriado de uma função global, isto é, o número de
níveis de subfunções por nível é determinado não só pelo grau de inovação do
problema, mas também pela subsequente busca da solução.

Em projetos manifestamente inovadores, geralmente é desconhecida cada uma


das subfunções como também suas interligações. Nesses projetos, a busca e
constituição de uma estrutura de funções otimizada fazem parte das subetapas
mais importantes da etapa de concepção.

A elaboração de estruturas de funções tem grande relevância no


desenvolvimento de sistemas modulares. Para possíveis projetos alternativos, os
subconjuntos e as peças avulsas são utilizadas como blocos, bem como suas
interfaces, já deverão se refletir na estrutura de funções.
6.3.4 Aplicação das estruturas de funções

Ao elaborar estruturas de funções, é preciso diferenciar entre projetos originais


e projetos adaptativos.

No caso de projetos originais, o ponto de partida para a estrutura da função é a


lista de requisitos e a formulação abstrata do problema.

Nas sequências de desenvolvimentos, sob a forma de projetos adaptativos,


uma primeira tentativa para estabelecer a estrutura da função decorre da
análise dos elementos da construção da solução conhecida. Ela serve de base
para variantes da estrutura da função que podem conduzir a outras soluções
possíveis.

Em sistemas modulares, a estrutura da função influencia decisivamente os


módulos e os arranjos dos subconjuntos.
A elaboração da estrutura da função deverá facilitar a busca da solução.
Portanto, não é um fim em si mesmo, mas somente é desenvolvida até o ponto
em que é útil com relação a essa finalidade.

Também constata-se que a elaboração da estrutura da função raras vezes é


totalmente isenta das idéias de determinados princípios de funcionamento ou
da idéia da configuração.

Para a elaboração de estruturas de funções recomenda-se:

1. A partir das inter-relações funcionais identificadas na lista de requisitos, é


conveniente aprontar um rascunho da estrutura da função com pequeno
número de subfunções para então, subdividir progressivamente essas
subfunções por desbobramento de subfunções complexas.
É útil desenvolver primeiro um esboço da estrutura de funcionamento ou de
uma idéia da solução para, através da sua análise, identificar novas subfunções
importantes.

2. Caso ainda não puderem ser identificadas ou apontadas interligações claras


entre as subfunções para a busca do princípio da solução, também pode ser útil a
simples listagem das funções identificadas por ordem da sua aparente
importância.

3. Inter-relações lógicas podem levar a estruturas de funções, com ajuda das


quais se podem projetar os elementos lógicos de diversos princípios de
funcionamento.

4. As estruturas de funções somente são completas, quando se especificar o


fluxo de energia, material ou informação do caso em apreço ou previsto.
5. É útil saber, que, na maioria das estruturas, algumas subfunções são
recorrentes na conversão de energia, material ou informação.

6. Partindo de estruturas de funções obtidas por esboço ou de uma análise de


sistemas familiares, e havendo interesse na variação da solução (otimização),
poderão ser obtidas novas variantes por:

• Desdobramento ou combinação de subfunções específicas;


• Alteração da sequência de subfunções específicas;
• Alteração do tipo de interconexão (ligação em série, paralelo, em ponte);
• Transferência da interface.

7. estruturas de funções devem ser as mais simples possíveis, pois assim


conduzem normalmente a sistemas simples e economicamente viáveis.
8. Para a busca da solução somente devem ser utilizadas estruturas de funções
promissoras.

9. Uma análise da estrutura de funções permite identificar para quais


subfunções devem ser encontrados novos princípios de funcionamento e para
quais podem ser utilizadas soluções já existentes.

A busca da solução começa pela subfunção obviamente determinante da


solução da qual dependem as soluções das demais subfunções.

Em sistemas técnicos, não há funções mais importantes e outras menos importantes.


Todas as funções são importantes, pois são necessárias. Funções que não são
necessárias ou são supérfluas devem ser eliminadas.
6.4 Desenvolvimento da estrutura de funcionamento

Para as subfunções precisam ser encontrados princípios de funcionamento que


posteriormente serão combinados na estrutura de funcionamento, a qual,
suficiente materializada, tornará identificável a solução básica.

Para atender a função, o princípio de funcionamento inclui o necessário efeito


físico, assim como suas características geométricas e materiais.

Deve-se buscar princípios de funcionamento que incluam o fenômeno físico e as


necessárias características geométricas e materiais.

Essas idéias preliminares sobre o tipo e encorporamento da estrutura de


funcionamento geralmente são representadas por um esboço do princípio.
A etapa aqui considerada deverá conduzir a diversas variantes da solução (campo
de soluções). Um campo de soluções pode ser formado por variação tanto dos
efeitos físicos, como também das características geométricas e materiais.

Para atendimento de uma subfunção podem estar ativos diversos efeitos físicos
em um ou mais portadores da função.

Para a busca de soluções podem ser utilizados pesquisas bibliográficas, análises


de sistemas naturais e familiares, métodos intuitivos, análise sistemática do
fenômeno físico e busca sistemática com esquemas classificadores por formação
de variantes de solução.

Essas soluções podem ser efeitos físicos ou até mesmo princípios de


funcionamento com materialização geométrico-materiais.
Constituição básica de um esquema classificatório com subfunções de uma função global
e as respectivas soluções

Como exemplo pode ser considerado o desenvolvimento de um banco de testes,


no qual dois cilindros trabalham em contraposição sob cargas pulsantes. O
objetivo do teste é determinar o coeficiente de atrito sob diferentes
combinações do comportamento de rolagem e deslizamento.
Estrutura da função de uma máquina de ensaio segundo o princípio laminação-laminação
Esquema classificador construído a partir da estrutura de funções
Na busca de princípios de funcionamento para subfunções podem ser dadas,
resumidamente, as seguintes recomendações:

• Na busca da solução, dar prioridade às funções principais que são


determinantes da solução global e para as quais ainda não há um princípio de
solução.
• Derivar critérios classificadores e as correspondentes características de inter-
relações perceptíveis do fluxo de energia, material ou sinal.
• Quando o princípio de funcionamento é desconhecido, obtê-lo do efeito físico,
critério classificador, por exemplo, tipo de energia. Caso o efeito físico esteja
definido, buscar e variar características geométricas e materiais (geometria de
funcionamento, movimento de funcionamento, material).
• Anotar e analisar soluções, mesmo as obtidas intuitivamente, e sobretudo,
quais os “critérios classificadores” que são determinantes para a busca de
princípios de funcionamento.
• Registrar propriedades importantes e já reconhecidas dos princípios de
funcionamento.
As soluções determinadas devem possibilitar uma combinação clara e
inequívoca de princípios de funcionamento, levando em conta as variáveis
físicas envolvidas e as respectivas características geométricas e materiais.

O problema central dessas etapas de combinação é o conhecimento da


compatibilidade física dos princípios de funcionamento a serem interligados, a
fim de conseguir um fluxo de energia, material e informação, isento de falhas.

Outro problema consiste em selecionar, do campo de combinações


teoricamente possíveis, as combinações vantajosas do ponto de vista técnico e
econômico:

• Só combinar princípios compatíveis entre si.


• Somente continuar a desenvolver o que atende aos requisitos da lista de
requisitos.
• Destacar combinações aparentemente favoráveis e analisar por que, em
comparação com as demais, deverão ter o seu desenvolvimento continuado.
Estrutura de funções para uma colheitadeira de batatas
Combinação de princípios (estrutura de trabalho) para o atendimento da função global
Estrutura básica de uma colheitadeira de batatas usando a combinação de princípios anterior
Lista para seleção (extrato) do campo de soluções
O desenvolvimento de estrutura de funcionamento em projetos novos é
considerado como a fase mais importante, na qual a criatividade do projetista é
exigida ao máximo.

Essa criatividade é caracterizada e influenciada de modo especial por processos


cognitivos para a solução de problemas, pela observância de uma metodologia
de trabalho e de métodos de solução e avaliação de aplicação geral.

Para a função principal determinante da solução, as primeiras idéias preliminares


sobre possíveis efeitos físicos ou até mesmo princípios de funcionamento, serão
desenvolvidas por métodos intuitivos, por pesquisas bibliográficas e de patentes
ou a partir de desenvolvimentos anteriores.

Em seguida, esta solução, ou as soluções são analisadas com relação ao seu


inter-relacionamento funcional, para chegar a novas importantes subfunções,
para as quais também devem ser buscados efeitos ou princípios de
funcionamento.
Recomenda-se procurar os princípios de solução (máximo de 6) mais
promissores a partir de um plano pouco concreto, para então, partindo de uma
variante promissora, trabalhar em um plano mais concreto.

Uma estratégia importante para elaborar campos de soluções é variar


sistematicamente as características físicas e geométrico-materiais encontradas
nas primeiras soluções, reconhecidas como essenciais.
6.5 Desenvolvimento de conceitos

Neste momento, as idéias básicas de uma solução em geral, ainda são pouco
concretas para que possa ser tomada uma decisão quanto à definição do
conceito. Isto é devido ao fato de que, partindo da estrutura da função, a busca
da solução está, sobretudo, voltada ao atendimento da função técnica.

São indispensáveis, ao menos de forma aproximada, asserções importantes com


relação ao princípio de funcionamento (altura de funcionamento, suscetibilidade
a falhas), mas também com relação ao encorpamento (demanda de espaço, pelo,
tempo de vida útil).

As informações necessárias são basicamente obtidas com métodos:

• Cálculos aproximados com hipóteses simplificadoras.


• Ensaios prévios ou ensaios com modelos para definição das características
básicas.
• Construção de modelos transparentes para visualizar a mecânica de
funcionamento (modelos cinemáticos).
• Analogias com auxílio do computador ou circuitos emuladores.
• Uma renovada pesquisa de patentes e/ou bibliográfica com um objetivo mais
específico, bem como uma pesquisa de mercado sobre tecnologias
objetivadas, materiais, peças de terceiros e semelhantes.

Com novas informações, as estruturas de funcionamento promissoras são


materializadas até o ponto em que possam ser avaliadas.
6.5.1 Avaliação de variantes básicas da solução

Identificação de critérios de avaliação:

É apropriado verificar primeiramente, com base no estágio de conhecimentos


mais recente, se as propostas a serem avaliadas realmente atendem as
exigências da lista de requisitos.

Para avaliação da etapa de concepção é fundamental que as características


tecnológicas, como também as econômicas sejam incorporadas.

É necessário considerar simultaneamente critérios tecnológicos, econômicos e


os que ser referem a segurança. Para avaliação da etapa de concepção é
fundamental que as características tecnológicas, como também as econômicas
sejam incorporadas.
Lista de verificação com características principais para avaliação da concepção
Cada característica principal precisa ser representada por pelo menos um critério
de avaliação, desde que pertinente com a tarefa.

Os critérios de avaliação são obtidos de:

a) Exigências da lista de requisitos

• Probabilidade do atendimento dos requisitos (qual a probabilidade, que


dificuldades terão que ser vencidas a fim de atendê-los).
• Excedência praticável dos requisitos mínimos (em quanto exceder).
• Vontades (atendidas, não atendidas, o quanto foram atendidas).

b) Características gerais técnicas e econômicas comparadas com a lista das


características principais para avaliação da fase conceitual.
Avaliação de variantes conceituais

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