Você está na página 1de 2

Brasília, 18 de março de 2024

Ao
Portal Metrópole
Brasília – DF

REF: ECLARECIMENTOS À PUBLICAÇÃO EM SEU PORTAL NO DIA


18/03/2024.

Prezados Senhores,

Recentemente, uma reportagem veiculada em seu portal trouxe à tona questionamentos


sobre a ministração de medicamentos nas Comunidades Terapêuticas. Entendemos a importância
do jornalismo investigativo, porém, é crucial considerar todos os aspectos que podem afetar
negativamente instituições dedicadas ao bem-estar e à recuperação de indivíduos em situação de
vulnerabilidade.
É necessário esclarecer que as Comunidades Terapêuticas não são obrigadas a fornecer
medicamentos e que a ministração de medicamentos a acolhidos em comunidades terapêuticas é
regida pela Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 29/2011 da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (ANVISA).
De acordo com a legislação vigente, as comunidades terapêuticas têm a obrigação de
fornecer aos acolhidos apenas os medicamentos prescritos por profissionais de saúde, seguindo
estritamente as orientações médicas e que qualquer modificação na prescrição deve ser avaliada por
um médico, garantindo a segurança e a eficácia do tratamento. Estes medicamentos devem ser
fornecidos pela rede pública ou pelo familiar do acolhido.
A ministração de medicamentos sem necessidade de receita, como analgésicos,
antialérgicos ou anti-inflamatórios, dentre outros, deve ser realizada com cautela e seguindo algumas
diretrizes básicas para garantir a segurança e eficácia do tratamento. Da mesma forma, estes
medicamentos devem ser fornecidos pela rede pública ou pelo familiar responsável.
O administrador do medicamento deve estar familiarizado com o medicamento em
questão, incluindo sua dosagem adequada, possíveis efeitos colaterais e interações medicamentosas,
com registro adequado de dosagem, horário e resposta do acolhido ao tratamento medicamentoso e
tem o dever de não extrapolar a dose máxima diária permitida em bula.
Quando uma pessoa que é dependente de drogas entra em abstinência, ou seja,
interrompe o uso da substância à qual é viciada, seu corpo passa por uma série de reações físicas e
psicológicas. Um dos principais motivos pelos quais os dependentes químicos podem necessitar de

Sede - SCLN 407 bloco D loja 60 – 70855-540 – Brasília/DF – 61 3273-0455 98103-1622


analgésicos durante a abstinência é o aparecimento de sintomas de abstinência. Quando o uso da
substância é interrompido, o corpo pode reagir intensificando esses sintomas físicos, o que pode
levar o indivíduo a buscar alívio por meio de medicamentos analgésicos.
No entanto, é crucial enfatizar que a administração de analgésicos ou qualquer outro
medicamento durante a abstinência deve ser moderada e supervisionada por pessoas especializadas
em tratamento de dependência química. O uso indiscriminado de analgésicos pode levar a problemas
de saúde adicionais e até mesmo agravar a dependência, portanto, é importante que qualquer
intervenção seja feita de forma responsável e com base nas necessidades individuais de cada paciente.
É importante ressaltar que as comunidades terapêuticas não são ambientes médicos, mas
sim espaços de acolhimento e reabilitação, reconhecidos pelo Conselho Federal de Medicina (CFM)
como locais que oferecem um tratamento reabilitador, reeducador e voltado para a reinserção
sociofamiliar ou sócio-ocupacional. Dessa forma, a assistência médica é complementar e pode ser
realizada através da RIDE, visto que as CTs fazem parte da rede.
As comunidades terapêuticas são entidades reconhecidas pela legislação brasileira como
espaços de acolhimento voluntário para pessoas com problemas relacionados ao uso nocivo ou
dependência de substâncias psicoativas. Portanto, é fundamental compreender a natureza e o
propósito dessas instituições antes de fazer generalizações baseadas em relatos que desconhecem a
rotina imposta às Comunidades Terapêutica.
Esperamos que os esclarecimentos fornecidos possam dissipar quaisquer dúvidas e
promover uma compreensão mais abrangente sobre o papel das Comunidades Terapêuticas na
sociedade.
Estamos abertos ao diálogo construtivo e à colaboração contínua com os órgãos de
imprensa, visando sempre à transparência e ao fortalecimento das políticas voltadas para o bem-estar
e a recuperação dos indivíduos em situação de vulnerabilidade.
Agradecemos a atenção dispensada e permanecemos à disposição para quaisquer
esclarecimentos adicionais que se façam necessários.

Atenciosamente,

CELIA REGINA GOMES Assinado de forma digital por CELIA REGINA


DE GOMES DE MORAES:00632363894
Dados: 2024.03.18 17:16:30 -03'00'
MORAES:00632363894
CÉLIA REGINA GOMES DE MORAES
Presidente

Sede - SCLN 407 bloco D loja 60 – 70855-540 – Brasília/DF – 61 3273-0455 98103-1622

Você também pode gostar