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Universidade Estadual de Santa Cruz

Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas


Equações Diferenciais Ordinárias
Professora: Geizane Lima da Silva
Notas de Aula - Soluções em série de Potências (Parte II)

1 Soluções de Edos de 2◦ ordem com coeficientes não


constantes
Na aula de hoje, vamos retomar o estudo de métodos para resolver uma EDO linear de
segunda ordem homogênea:
y 00 + p(x)y 0 + q(x)y = 0, (1)

Os métodos estudados, exigiam, que as funções p e q ou fossem constantes(coeficientes


constates), ou que conhecessemos ao menos uma solução para obter outra solução, por
meio método de D’Alembert. E no caso método da variação de parâmetros, não temos
restrições sobre as funções p e q, mas precisamos conhecer as duas soluções linearmente
independentes da equação homogênea, para obter as soluções particulares das EDO não
homogênea.
O novo método, conhecido por soluções em séries de potência, exige que as funções
p e q sejam analı́ticas.

Definição 1 Uma função f é dita analı́tica em um ponto x0 se ela pode ser escrita como
uma série de potências do tipo:

X
f (x) = an (x − x0 )n
n=0

que converge para |x − x0 | < R, onde R é o raio de convergência da série.

Observação 1 Vale salientar, que as soluções obtidas, nos métodos que estudamos são
funções elementares, podem ser expressas como uma série de potência. Vimos, que o
cosseno, seno, exponencial, polinômio, tem uma representação em série de potência. Mas
agora, estamos com universo mais amplo de soluções.

Teorema 1 Considere a EDO de 2◦ ordem

y 00 + p(x)y 0 + q(x)y = 0. (2)

Se p e q são função analı́ticas em x0 , isto é, podem ser escritas como



X
p(x) = pn (x − x0 )n , ∀ |x − x0 | < Rp
n=0

1
e ∞
X
q(x) = qn (x − x0 )n , ∀ |x − x0 | < Rq
n=0

com Rp > 0 e Rq > 0 . Dizemos que x0 é um ponto ordinário da edo (3). Caso contrário
dizemos que x0 é ponto singular de (3).
Se x0 é um ponto ordinário, então todas as soluções da EDO podem ser repre-
sentadas em série de potências:

X
y(x) = f (x) = cn (x − x0 )n = c0 + c1 (x − x0 ) + . . . + ck (x − x0 )k + . . .
n=0

em que 0 < R = min{Rp , Rq }.

O objetivo será determinar os coeficientes cn , n = 0, 1, . . ., que caracterizam uma


solução da EDO.

Exemplo 1 Considere a equação diferencial y 00 + y = 0. Vamos resolve-la usando séries.


Procuramos uma solução da forma

X
y = f (x) = cn x n = c0 + c1 x + . . . + cn x k + . . .
n=0

Então temos:

X ∞
X
n−1
0 0
1. y (x) = f (x) = c1 + 2c2 x + 3c3 x + . . . = 2
ncn x = (n + 1)cn+1 xn
n=1 n=0


X X
2. y 00 (x) = f 00 (x) = 2c2 + 2.3c3 x + 3.4c4 x2 + . . . = (n − 1)ncn xn−2 = (n + 1)(n +
n=2 n=0
2)cn+2 xn

Então temos

X ∞
X ∞
X
00 n n
y +y = (n + 1)(n + 2)cn+2 x + cn x = [(n + 1)(n + 2)cn+2 + cn ]xn = 0
n=0 n=0 n=0

Daı́ temos que

−cn
(n + 1)(n + 2)cn+2 + cn = 0 =⇒ cn+2 = , n = 0, 1, . . . .
(n + 2)(n + 1)

−c0 −c1 −c2


Logo, se n = 0, então c2 = , se n = 1 então c3 = . Se n = 2, então c4 = =
2.1 3.2 4.3
c0 c1 −c4 −c0
. Se n = 3, então c5 = e se n = 4, então c6 = = . Portanto,
4.3.2.1 5.4.3.2 6.5 6.5.4.3.2.1

(−1)n (−1)n
c2n = c0 e c2n+1 = c1 .
(2n)! (2n + 1)!

2
Daı́ ∞ ∞
X X (−1)n (−1)n
y(x) = cn x n = c0 x2n + c1 x(2n+1) =
n=0 n=0
(2n)! (2n + 1)!

X (−1)n (−1)n
= c0 x2n + c1 =1 x(2n+1) = c0 cos x + c1 sin x
n=0
(2n)! (2n + 1)!

Exemplo 2 Resolva o PVI a seguir utilizando séries:

y 00 − 2xy 0 + y = 0 y(0) = 0, y 0 (0) = 1.

3
Solução:

4
Exercı́cio 1 Resolva (a)(x2 + 1)y 00 + xy 0 − y = 0.

5
(b)y 00 + (cos x)y = 0.

6
1.1 Procedimento Geral
Os coeficientes cn da solução da EDO de 2◦ ordem

y 00 + p(x)y 0 + q(x)y = 0, (3)

em que p e q são funções analı́ticas em x0 , satisfazem para todo n = 0, 1, . . . a relação de


recorrência: ∞
1 X
cn+2 = − [(K + 1)pn−k ck+1 + qn−k ck ].
(n + 2)(n + 1) k=0

As duas soluções linearmente independentes podem ser obtidas considerando os


casos:

1. c0 = 1, c1 = 0;

2. c0 = 0, c1 = 1;

Exemplo 3 Determine a relação de recorrência que define expansão em série da solução


da EDO
y 00 + e2x y 0 + ex y = 0

7
Referências Bibliográficas
1 Ávila, Geraldo., Introdução á Analise Matemática, 2a edição. Sao Paulo: Edgard
Blucher, 1999.;

2 Thomas, George B., Cálculo, Volume 2. São Paulo: Pearson Addissison Wesley,
200);

3 Figueiredo, Djairo G., Análise I 2a edição. LTC - - Livros Técnicos e Cientı́ficos


Editora S.A., 1996;

4 Guidorizzi, Hamilton Luiz. Um curso de cálculo, vol 4. 5aedição. São Paulo: LTC
- Livros Técnicos e Cientı́ficos Editora S.A., 2002.

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