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Programa de Educação

Continuada a Distância

Curso de
Urgência e Emergência

Aluno:

EAD - Educação a Distância


Parceria entre Portal Educação e Sites Associados
Curso de
Urgência e Emergência

MÓDULO I

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SUMÁRIO

1.0 HISTÓRIA DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR


1.1 Normatização e Regulação do SAMU
2.0 SISTEMA DE ASSISTÊNCIA ÀS EMERGÊNCIAS
2.1 O Socorrista
2.1.1 Atribuições e responsabilidades do socorristas
3.0 PRECAUÇÕES UNIVERSAIS
3.1 Noções fundamentais
4.0 INTRODUÇÃO A ANATOMIA E FISIOLOGIA
4.1 Sistemas do Corpo Humano
4.1.1 Sistema Músculo-Esquelético
4.1.2 Sistema Nervoso
4.1.3 Sistema Cardiovascular
4.1.4 Sistema Respiratório
4.1.5 Sistema Digestório
4.1.6 Sistema Urinário
4.1.7 Sistema Reprodutivo
4.1.8 Sistema Endócrino
4.1.9 Sistema Tegumentar
5.0 FERIDAS
5.1 Feridas Fechadas
5.2 Feridas Abertas
5.3 Feridas Perfurantes
5.4 Avulsões
5.5 Amputações Traumáticas
5.6 Evisceração
5.7 Lesões oculares
5.8 Esmagamento

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6.0 AVALIAÇÃO DA VÍTIMA
6.1 Exame da Cena
6.1.1 Segurança
6.1.2 Mecanismo do Trauma
6.1.3 Número de vítimas
6.2 Autoproteção
6.3 Exame da Vítima
6.3.1 Nível de Consciência
6.3.2 Avaliação da Vias Aéreas com Estabilização Cervical
6.3.3 Circulação
6.3.4 Respiração
6.4 Decisões Críticas e de Transporte
6.5 Exame Secundário

Módulo II

1.0 RESPIRAÇÃO
1.1 Abertura das Vias Aéreas
1.1.1 Abertura da boca
1.1.2 Inclinação da cabeça e elevação do queixo
1.1.3 Elevação da mandíbula
1.1.4 Elevação da mandíbula modificada
1.2 Respiração Artificial
1.2.1 Ventilação boca a boca
1.2.2 Ventilação boca-nariz
1.2.3 Ventilação boca-máscara
1.2.4 Ventilação bolsa-máscara (ambú)
2.0 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS
2.1 Vítimas conscientes
2.2 Vítimas inconscientes
3.0 CIRCULAÇAO

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3.1 Parada Cardíaca
3.2 Ressuscitação Cardiopulmonar
3.2.1 Compressões torácicas
3.3 Técnicas de RCP para Bebês e Crianças
3.4 Desfibrilador Semi-Automático
3.4.1 Operação do desfibrilador semi-automático
4.0 AFOGAMENTOS E ACIDENTES DE MERGULHOS
4.1 Classificações do Afogado
4.2 Abordagem e Conduta
5.0 TRAUMAS
5.1 Traumatismo Cranioencefálico (TCE)
5.1.1 Lesões no couro cabeludo
5.1.2 Fraturas de crânio
5.1.3 Lesões cerebrais
5.1.4 Avaliação e abordagem da vítima
5.1.5 Escala de coma de glasgow
5.2 Traumatismo da Coluna Vertebral
5.2.1 Mecanismos específicos de lesão
5.2.2 Avaliação e Abordagem da Vítima
5.2.3 Imobilização da coluna vertebral
5.3 Traumatismo de tórax
5.3.1 Fratura de costelas
5.3.2 Tórax instável
5.3.3 Contusão pulmonar
5.3.4 Pneumotórax hipertensivo
5.3.5 Pneumotórax aberto
5.3.6 Contusão cardíaca
5.3.7 Tratamento e Condutas
5.4 Trauma de Abdome
5.4.1Traumatismos fechados
5.4.2 Traumatismos penetrantes

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5.4.3 Abordagem e condutas
5.5 Trauma Músculo-Esquelético
5.5.1 Fraturas abertas e fechadas
5.5.2 Luxações
5.5.3 Entorses
5.5.4 Distensões
5.5.5 Amputações traumáticas
5.5.6 Abordagem e condutas (gerais)
5.5.7 Condutas nas amputações
6.0 IMOBILIZAÇÕES
6.1 Equipamentos de Imobilização
6.1.1 Colar Cervical e Imobilizador Lateral
6.1.2 Prancha Longa
6.1.3 KED
6.2 Técnicas de Imobilização
6.2.1 Rolamento de 90 graus
6.2.2 Elevação a cavaleiro
6.2.3 Imobilização com a vítima sentada
7.0 PARTICULARIDADES NO ATENDIMENTO DE BÊBES E CRIANÇAS

Módulo III

1.0 HEMORRAGIA
1.1 Classificação das Hemorragias
1.1.1 Hemorragias externas
1.1.2 Hemorragias internas
1.2 Conseqüências das Hemorragias
1.3 Reconhecimento das Hemorragias
1.4 Abordagem da Vítima e Condutas (Hemorragias Externas)
1.5 Controle das Hemorragias Internas
2.0 CHOQUE

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2.1 Choque Hipovolêmico
2.2 Choque Cardiogênico
2.3 Choque Anafilático
2.3 Choque Neurogênico
2.4 Choque Séptico
2.5 Tratamento do Choque
2.5.1 Transfusões
2.5.2 Soluções Cristalóides
2.5.3 Soluções Colóides
2.6 Acesso Venoso
2.6.1 Técnica de Punção Venosa
3.0 QUEIMADURAS
3.1 Classificação das Queimaduras
3.1.1 Quanto à profundidade
3.1.2 Quanto à extensão
3.1.3 Quanto à localização
3.2 Queimaduras Térmicas
3.2.1 Conduta
3.3 Queimaduras Químicas
3.3.1 Condutas
3.4 Queimaduras Elétricas
3.4.1 Condutas
4.0 EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS
4.1 Emergências causadas pelo calor excessivo
4.1.1 Insolação
4.1.2 Intermação
4.2 Emergências causadas pelo frio
4.2.1 Hipotermia
4.2.2 Congelamento

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Módulo IV

1.0 DIMINUIÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA


1.1 Abordagem e Conduta
2.0 SÍNCOPE
3.0 CONVULSÃO E EPILEPSIA
3.1 Abordagem e Conduta
4.0 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE)
4.1 Causas do AVE
4.2 Fatores de Risco
4.3 Sinais e Sintomas do AVE
4.4 Abordagem e Conduta
5.0 ANGINA DE PEITO
6.0 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM)
6.1 Manifestações Clínicas
6.2 Abordagem e Condutas
7.0 O PACIENTE DIABÉTICO NA EMERGÊNCIA
7.1 O Diabético na Emergência com Infecção
7.1.1 Pneumonia na comunidade
7.1.2 Infecção urinária
7.1.3 Infecção de partes moles
7.2 Descompensação Diabética
7.3 Diabético com Distúrbio Neurológico
7.3.1 Com déficit de consciência
7.3.2 Sem Déficit de Consciência
7.4 Diabético com Distúrbio Cardíaco
7.5 Diabético com Uremia na Emergência
8.0 O PACIENTE ALCOOLISTA NA EMERGÊNCIA
8.1 Características e Farmacocinética do Etanol
8.2 Paciente Etilista com Problemas Neurológicos na Emergência
8.3 Paciente Etilista com Problemas Cardiovasculares na Emergência

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8.4 Pacientes Etilista com Sintomas Gastrointestinais na Emergência
8.5 Paciente Etilista com Sintomas Respiratórios na Emergência
8.6 Sintomas e Sinais Associados ao Uso de Etanol

Módulo V

1.0 INTOXICAÇÕES
1.1 Intoxicações por Ingestão
1.2 Intoxicação por Inalação
1.3 Intoxicação por Absorção (Contato)
2.0 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS
2.1 Envenenamento Ofídico
2.1.1 Micrurus (Corais)
2.1.2 Crotalus (Cascavéis)
2.1.3 Bothops (Jararacas)
2.1.4 Lachesis (Surucucus)
2.1.5 Condutas
2.2 Acidentes com Aranhas
2.3 Acidentes com Escorpião
2.3.1 Reconhecimento
3.0 RAIVA
3.1 Condutas
4.0 TRIAGEM E SITUAÇÕES ESPECIAIS
5.0 RESGATE E TRANSPORTE
5.1 Extricação
5.1.1 Indicações
5.1.2 Técnica de Extricação
5.2 Transporte de Emergência
5.2.1 Técnicas com um socorrista
5.2.2 Técnicas com dois ou mais socorristas
5.3 Equipamentos de Extricação e Transporte

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6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7.0 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

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MÓDULO I

1.0 A HISTÓRIA DO SERVIÇO PRÉ-HOSPITALAR NO BRASIL

O atendimento de emergência surgiu da necessidade da retirada e


assistência de combatentes feridos em campos de batalha. Foi a partir das guerras
que desenvolveu e iniciou-se o emprego de transporte de tração animal, e
atualmente o emprego de sofisticados aparelhos e veículos de locomoção aéreo ou
terrestre. Nos dias de hoje, este tipo de assistência é de grande importância no
atendimento à população, carente de cuidados imediatos, no transcorrer do seu
cotidiano.

“Atendimento pré-hospitalar (APH) é definido como conjunto de


procedimentos técnicos realizados no local da emergência e durante o transporte,
com objetivo de manter a vida da vítima, até a chegada em uma unidade hospitalar”.
E emergência é uma situação crítica acontecimento perigoso ou fortuito incidente.

No Brasil, os primeiros registros acerca do serviço de atendimento pré-


hospitalar datam de 1893, quando o Senado da República aprovou uma Lei que
pretendia estabelecer o socorro médico de urgência na via pública, no Rio de
Janeiro, no momento capital do país.

Em 1899, o Corpo de Bombeiros (CB), pertencente a capital do país,


colocava em ação a primeira ambulância (de tração animal) para realizar o
atendimento de urgência, fato este que caracteriza sua tradição na prestação desse
serviço. Em meados de 1950, instala-se o Serviço de Assistência Médica Domiciliar
de Urgência (SAMDU), na cidade de São Paulo, órgão da então Secretaria Municipal
de Higiene. A partir da década de 80, o APH passou a ser aplicado de forma mais
sistematizada por algum CB, os quais deram início à estruturação dos Serviços de
Atendimento Pré-Hospitalar (SvAPH).

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“Paralelamente ao SvAPH, foi iniciado em 1988, pelo Corpo de Bombeiros
Militar do Rio de Janeiro, o socorro extra-hospitalar aeromédico”.

Outro modelo proposto pelo Ministério da Saúde (MS), consiste no Sistema


Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergências (SIATE), implantadas
inicialmente em 1990, o atendimento era realizado pelos Socorristas do CB e
médicos dentro do sistema regulador. O SIATE serviu de modelo para uma
reestruturação do APH em nível nacional. Iniciou a partir de 1990 com a criação do
Programa de Enfrentamento às Emergências e Traumas (PEET) pelo MS, cujo
objetivo era a diminuição da incidência e morbi - mortalidade por agravos externos
por meio de intervenção nos níveis de Prevenção, Atendimento Hospitalar, APH e
Reabilitação.

Em meados de 1995, iniciou-se a implantação do SAMU. Este serviço pré-


hospitalar desenvolvido no Brasil, tende-se a basear no modelo americano ou
francês. O SAMU do sistema francês foi criado por anestesistas intensivistas e
emergências devido à necessidade da assistência pré-hospitalar dos pacientes que
chegavam ao hospital com agravo do caso ou mesmo mortos, por não receberem
atendimento precoce e adequado. Esse sistema tem como referencial o médico,
tanto na regulação do sistema, como no atendimento e monitorização do paciente,
até a recepção hospitalar. É um serviço ligado ao Sistema de Saúde, hierarquizado
e regionalizado, possuindo comunicação direta com os Centros Hospitalares. Já o
sistema Norte Americano trabalha com paramédicos, os quais passam por um
período de formação de três anos após o segundo grau. A implantação de serviços
pré-hospitalares no Brasil, seja municipal ou estadual, segue o modelo metodológico
de cada sistema de acordo com suas realidades, demandas, perfis, morbi -
mortalidade, recursos técnicos, tecnológicos e financeiros.

1.1 Normatização e Regulação do SAMU


O Atendimento Pré-Hospitalar no Brasil, surgiu sem muito sucesso, mas,
hoje é considerado um serviço primordial e tem demonstrado importantes resultados
para a sociedade.

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A Portaria nº. 2048/MS, em 5 de novembro de 2002, normatiza a
implantação do SAMU e considera que a área de Urgência e Emergência constitui-
se em um importante componente da assistência à saúde. E, de acordo com o § 2º,
este regulamento é de caráter nacional devendo ser utilizado pelas Secretarias de
Saúde dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios na implantação dos
Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência, com ou sem vínculo com a
prestação de serviços aos usuários do Sistema Único de Saúde.

Como descreve a Portaria citada acima, a área de urgência e emergência


constitui-se em um importante componente da assistência à saúde. A expansão de
serviços nesta área nos últimos anos tem contribuído decisivamente para a
sobrecarga dos serviços de urgência e emergência disponibilizados para o
atendimento da população, conforme ressalta o Ministério da Saúde:

O Ministério da Saúde, ciente dos problemas existentes e em parcerias com


as Secretarias de Saúde dos estados e municípios tem contribuído para reversão
deste quadro amplamente desfavorável à assistência da população. O sistema
estadual de urgência e emergência deve se estruturar a partir da leitura ordenada
das necessidades sociais em saúde e sob o imperativo das necessidades humanas
nas urgências. O diagnóstico dessas necessidades deve ser feito a partir da
observação e da avaliação dos territórios sociais com seus diferentes grupos
humanos, da utilização de dados de morbidade e mortalidade disponíveis e da
observação das doenças emergentes.

Atendendo a necessidade do atendimento emergencial foi implantado pelo


governo federal o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU-192); um
serviço de socorro pré-hospitalar móvel que chega rapidamente às pessoas, em
qualquer lugar ou qualquer problema de saúde urgente que possa levar ao
sofrimento ou até mesmo a morte. São feitos atendimentos por equipes de
profissionais de saúde, que recebem as chamadas gratuitas, feitas pelo telefone, e
como resposta envia uma ambulância, com técnico de enfermagem ou com
enfermeiro e médico, ou mesmo uma simples orientação.

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O Ministério da Saúde considera como nível pré-hospitalar, na área de
urgência e emergência, aquele atendimento que procura chegar à vítima nos
primeiros minutos. Após ter ocorrido o agravo à saúde, agravo este que possa levar
à deficiência física ou mesmo à morte, sendo necessário, portanto, prestar-lhe
atendimento adequado e transporte a um hospital devidamente hierarquizado e
integrado ao Sistema Único de Saúde.

A equipe de APH realiza procedimentos de reanimação cardiorrespiratória,


oxigenoterapia, contenção de hemorragias, imobilizações, intubação, punção venosa
com reposição de volume e medicação, entre outros.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) deve ser composto


por uma equipe multiprofissional oriundos da área de saúde, sendo o coordenador
do serviço, responsável técnico (médico), responsável de enfermagem (enfermeiro),
médicos reguladores, médicos intervencionistas, enfermeiros assistenciais,
auxiliares e técnicos de enfermagem. Além dessa equipe de saúde, em situações de
atendimento às urgências relacionadas às causas externas ou de pacientes em
locais de difícil acesso, deverá haver uma ação integrada com outros profissionais,
com bombeiros militares, policiais militares e rodoviários e outros. Essa equipe deve
trabalhar em conjunto, visando um só objetivo, ou seja, o atendimento sistematizado,
dinâmico e com qualidade ao cliente e sua família.

A portaria 824/99 adaptado pelo Ministério da Saúde, define que o sistema


de atendimento pré-hospitalar é um serviço médico; sua coordenação, regulação e
supervisão direta e à distância deve ser efetuada unicamente por médico; tem na
Central de Regulação Médica, o elemento ordenado e orientador da atenção pré-
hospitalar, sendo o médico regulador o responsável pela decisão técnica em torno
dos pedidos de socorro e decisão gestora dos meios disponíveis.

Diversos pontos de interesse no APH são discutidos por organizações


médicas, como por exemplo, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, que em julho de
1999, define as “Diretrizes sobre o Tratamento de Infarto Agudo do Miocárdio”. E,
ainda aborda em parte o APH no IAM, demonstrando que um melhor preparo das
equipes de APH, a eficiência dos treinamentos, o uso de algumas drogas a

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assistência via telefonia, colocação rápida da ambulância junto à vítima e a
conscientização da população, possivelmente irá reduzir os óbitos por mal súbito.

2.0 O SISTEMA DE ASSISTÊNCIA ÀS EMERGÊNCIAS

Milhões de vidas são salvas a cada ano pelo atendimento médico. Os


avanços no campo da saúde, nos últimos 50 anos, foram significativos. No século
passado, a maioria dos pacientes de emergência que entravam nos hospitais,
acabava morrendo. Hoje se observa que, em grande parte, os pacientes conseguem
recuperar-se e retornam a uma vida normal.
Mal súbito, doenças graves e os traumas produzidos pelos acidentes,
podem ocasionar a morte, antes mesmo de o paciente chegar ao hospital. O sistema
de saúde procura prevenir tais mortes, ampliando o seu campo de atuação. A
assistência começa no local da emergência e continua durante o transporte ao
hospital. Após o transporte, efetuado pelo serviço de emergência, ocorre à
transferência do paciente para o pronto socorro, assegurando a continuidade do
atendimento. Essa assistência profissional é acompanhada por uma cadeia de
recursos humanos, que trabalhando em conjunto, formam o Sistema de Assistência
às Emergências em Saúde (SAES).
A base da organização do Sistema de Assistência às Emergências é o
hospital ou outro estabelecimento de saúde. Médicos, enfermeiros e outros
profissionais estão aptos a oferecer a assistência integral ao paciente.
A falta de pessoal suficientemente treinado para o atendimento às
emergências, antes da chegada do serviço de atendimento pré-hospitalar,
representa o elo mais fraco na organização do SAES. Acredita-se que o treinamento
de socorristas pode contribuir para a diminuição deste problema.

2.1 O socorrista
O socorrista é um cidadão, que foi treinado para prestar primeiros socorros
e auxiliar o pessoal do APH, no local da emergência. É normalmente, a primeira
pessoa treinada a entrar em contato com o paciente.

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Nos Estados Unidos foi criado um programa de treinamento de socorristas,
onde centenas de pessoas completaram os cursos formais e auxiliam na assistência
às emergências e a manutenção da vida. Em quase todas as regiões dos EUA, os
socorristas tornaram-se parte importante do sistema de saúde e os cuidados, por
eles prestados, reduziram o sofrimento, diminuíram seqüelas adicionais e salvaram
muitas vidas.

2.1.1 Atribuições e responsabilidades do socorristas

A primeira atribuição do socorrista, no local da emergência, é com a


segurança pessoal. O desejo de ajudar as pessoas que têm necessidade de
atendimento pode favorecer o esquecimento dos riscos no local. O socorrista deve
ter segurança ao aproximar-se da vítima e permanecer em segurança, enquanto
presta o atendimento. Parte das preocupações do socorrista com a sua segurança
pessoal está relacionada com a própria proteção contra as doenças infecciosas. Ao
avaliar ou prestar atendimento às vítimas, deve evitar contato direto com o sangue
do paciente, fluidos corpóreos, mucosas, ferimentos e queimaduras.
O socorrista tem quatro deveres relacionados aos pacientes, que devem ser
cumpridos no local da emergência. Estes deveres são:
1. Ter acesso ao paciente, com segurança e utilizando instrumentos
manuais, quando necessário;
2. Identificar o que está errado com o paciente e providenciar a assistência
de emergência necessária;
3. Elevar ou mobilizar o paciente apenas quando for preciso e realizar tal
procedimento sem ocasionar lesões adicionais;
4. Transferir o paciente e as informações pertinentes para os profissionais
do serviço de emergência.
As responsabilidades do socorrista no local da emergência incluem o
cumprimento das seguintes atividades:
• Controlar o local do acidente de modo a proteger a si mesmo, ao
paciente e prevenir outros acidentes;

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• Ter certeza de que a central do sistema de emergência foi notificada,
permitindo a chegada dos profissionais no local da ocorrência, com o menor tempo
possível;
• Identificar o que está errado com o paciente, utilizando-se das
informações obtidas no local e pelo exame físico do paciente;
• Fazer o melhor possível, dentro de sua capacidade;
• Obter ajuda do pessoal presente no local da emergência e controlar
suas atividades;
• Transferir as informações pertinentes, sobre a ocorrência, para os
profissionais do serviço de emergência;
• Auxiliar os profissionais do serviço de emergência no local da
ocorrência e trabalhar segundo sua orientação.

3.0 PRECAUÇÕES UNIVERSAIS

Existem situações, em que o profissional de emergência sofre risco de


contaminação de doenças infecciosas. Por isso, é importante estar ciente dos riscos
decorrente da sua atuação, conhecer estas doenças e seguir as normas sanitárias
de controle de infecção.
A maioria das pessoas preocupa-se mais com a possibilidade de contrair
AIDS, do que entrar em um edifício em chamas. Não há dúvida em que doenças
infecciosas são realmente perigosas para os profissionais. Contudo, o aprendizado,
o uso de procedimentos de segurança e de equipamentos de proteção individual,
diminuirá consideravelmente estes riscos.

3.1 Noções fundamentais

Infecções são doenças causadas por organismos que penetram o corpo.


Doença contagiosa é aquela que pode ser transmitida de uma pessoa para outra.
A contaminação pode ocorrer pelo ar ou contato com sangue ou outros
fluidos corporais. Lesões pequenas, às vezes, despercebidas nas mãos, face ou

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partes expostas ou mucosas, como nariz e olhos. Até pequenas lesões encontradas
em volta das unhas podem ser porta de entrada. Partículas disseminadas por via
aérea podem ser transmitidas pela tosse, respiração ou espirros do paciente. As
partículas podem ser inaladas ou entrar em contato com as mucosas.
É impossível saber se os pacientes são portadores de doenças contagiosas
apenas com a inspeção visual. O sangue e certos fluidos corporais devem ser
encarados como infectantes em potencial. A esta conduta se dá o nome de
Precauções Universais. O profissional de emergência deve sempre utilizar
dispositivos de barreira para entrar em contato com a vítima. Os equipamentos de
proteção individual (EPI´s) são as luvas, máscaras ou protetores faciais, protetor
ocular, avental e gorro.
As doenças que podem ser adquiridas pelos professorais de emergência
são:
• Sangue: SIDA, Hepatite B, Hepatite C;
• Respiração: Tuberculose, Meningite Meningocócica, Gripe, Resfriado
comum e algumas viroses;
• Pele: Herpes e escabiose, Impetigo e Pediculose;
• Mucosas: Herpes e Conjuntivite;
• Fezes: Hepatite A e Diarréia infecciosa.

Devido estas doenças, as normas sanitárias estabelecem os procedimentos


denominados de “Precauções Padrão” ou “Precauções Universais” ou ainda
“Normas de Biossegurança”, como um meio de proteção ao contato de secreções
corporais. Estes padrões atualmente são adotados no mundo inteiro. Os
procedimentos de proteção devem ser usados com todos os pacientes.
As recomendações que podem auxiliar a diminuir os riscos de doenças
transmissíveis, principalmente nos ambientes de trabalho, são:

1. Providenciar vacinação contra hepatite B – um procedimento rotineiro e


seguro, que protege contra a infecção do Vírus da Hepatite B;

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2. Ensinar os meios de transmissão das doenças infecciosas pelo sangue
e treinar as práticas de segurança, incluindo o uso de equipamento de proteção
individual;
3. Estabelecer procedimentos de segurança no local de trabalho;
4. Abastecer o local de trabalho com equipamentos de proteção individual
tais como: luvas, aventais, máscaras e protetor ocular do tamanho certo e
equipamento de ressuscitação cardiopulmonar, incluindo a máscara facial de bolso;
5. Instalar recipientes especiais para descarte de agulhas e outros
materiais perfurocortantes, higienização das mãos e rótulos para os recipientes com
material contaminado;
6. Providenciar um local para limpeza do equipamento, separado das
áreas destinadas para o preparo de alimentos;
7. Assegurar que há recipientes de descarte apropriados e disponíveis de
acordo com a regulamentação;
8. Implementar um protocolo de seguimento das ocorrências de acidentes
perfurocortantes com os profissionais, de modo a identificar as causas do incidente,
documentar o evento e registrar a evolução dos funcionários.
O programa de controle de infecção somente funcionará se os profissionais
aprenderem e seguirem corretamente os procedimentos. Estes profissionais têm a
obrigação de manterem-se fiéis às práticas seguras de trabalho em relação à própria
proteção, de suas famílias e do público, lavando as mãos regularmente, usando
luvas e outros itens do equipamento de proteção individual e tornando um hábito as
práticas seguras no trabalho. Os profissionais que praticam o controle de infecção
podem sentir-se confiantes, pois não estão arriscando suas vidas.

4.0 INTRODUÇÃO A ANATOMIA E FISIOLOGIA

A anatomia é o estudo da estrutura do corpo humano e a fisiologia é o


estudo de seu funcionamento.
As estruturas de uma estrutura do corpo humano com a outra são descritas
pelo uso de termos anatômicos. Estes termos são sempre aplicados imaginando-se

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o corpo em posição anatômica, ou seja, posição em que o indivíduo está de pé, com
os pés juntos paralelos e braços estendidos junto ao corpo, com as palmas das
mãos para frente.

O corpo humano se divide em quatro regiões: cabeça, pescoço, tronco e membros. E


possui cavidades onde os órgãos se situam.
Fonte: corpohumano.hpg.com.br

4.1 Sistemas do Corpo Humano

Quando várias células que executam uma função específica são agrupadas
em conjunto, um tecido é formado. Um órgão é uma estrutura composta por vários

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tipos de tecidos para executar uma finalidade específica, por exemplo, o intestino
contém vários tipos de tecido que permitem que ele execute as funções relacionadas
à digestão. Um sistema reúne vários órgãos para executar uma função complexa. A
seguir estão enumerados os sistemas que compõem o corpo humano.

4.1.1 Sistema Músculo-Esquelético

Sistema formado pelos ossos (em um total de 206), articulações, músculos


esqueléticos e tendões. Tem como funções a sustentação e conformação do corpo;
a proteção de órgãos internos; o armazenamento de Ca (Cálcio) e P (Fósforo); a
produção de células sanguíneas (na medula óssea) e sistema de alavancas que
movimentadas pelos músculos permitem deslocamento do corpo.
O tecido muscular compreende de 40 a 50% de peso do corpo. Os
músculos esqueléticos são controlados voluntariamente. Eles obedecem aos
estímulos nervosos. Uma vez estimulados, eles podem rapidamente contrair-se e
depois relaxar, prontos para uma nova contração. O sistema dispõe de 501
músculos esqueléticos, necessários para a realização dos movimentos, coordenação
da postura corporal e produção de calor. A ligação entre os músculos e os ossos é
feita pelos tendões.

4.1.2 Sistema Nervoso

O sistema nervoso inclui o cérebro, a medula espinhal e os nervos. Essas


estruturas são classificadas topográficas e funcionalmente como: Sistema Nervoso
Central (SNC), Sistema Nervoso Periférico e Sistema Nervoso Autônomo.
O Sistema Nervoso Central é constituído pelo cérebro e medula espinhal.
Os nervos sensoriais (entrada dos estímulos) e os nervos motores (saída das
respostas) compõem o Sistema Nervoso Periférico. Os nervos do Sistema Nervoso
Autônomo estão dispostos paralelamente à medula espinhal, sendo involuntário a
estimulação.

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Os impulsos nervosos são gerados no Sistema Nervoso Central, eles
podem estimular ou inibir determinadas atividades.

4.1.3 Sistema Cardiovascular

O sistema circulatório é composto pelo coração, pelos vasos sangüíneos e


pelo sangue, que é o fluido movimentado sob pressão.
O coração é um órgão muscular que tem como função bombear através das
artérias. Está localizado no tórax protegido anteriormente pelo esterno e
posteriormente pela coluna. A parede do coração possui três camadas: o epicárdio,
que é a porção externa, o miocárdio, a camada média muscular e o endocárdio que
é a camada interna. É envolvido pelo pericárdio, que possui uma camada interna
(visceral) e uma camada externa (parietal). Entre estas camadas existe uma
pequena quantidade de líquido pericárdio que tem função lubrificante.
Existem três tipos de vasos sanguíneos: as artérias, as veias e os capilares.
As artérias transportam o sangue para fora do coração, dando origem a múltiplas
ramificações, que diminuem de tamanho, até formarem vasos sangüíneos
microscópicos denominados capilares, onde ocorrem as trocas entre o sangue e as
células. Os capilares dão origem a pequenas veias, que são os vasos sangüíneos
que transportam o sangue em direção ao coração, às veias vão-se unindo e
aumentando de tamanho até chegar ao coração.

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Tipos de vasos sanguíneos Sistema circulatório: grande circulação e pequena circulação
Fonte: corpohumano.hpg.com.br

4.1.4 Sistema Respiratório

Sistema composto pelos pulmões e vias aéreas. Tem como função captar e
efetuar as trocas de oxigênio e gás carbônico entre o corpo humano e a atmosfera.
As estruturas que compõem as vias aéreas são: nariz, laringe, traquéia,
brônquios e árvore brônquica.
Os pulmões são dois órgãos cônicos que possuem brônquios, bronquíolos e
alvéolos. Cada pulmão é dividido em lobos: o pulmão direito com três lobos e o
esquerdo com dois lobos.

4.1.5 Sistema Digestório

O sistema Digestório é formado pelo trato digestório e por várias estruturas


de apoio e glândulas acessórias. O trato inicia na cavidade oral coma participação
efetiva dos dentes e da língua; as glândulas salivares excretam saliva na cavidade
bucal ajudando na digestão dos alimentos. A partir desta cavidade, o bolo alimentar
passa pelo esôfago, esfíncter da cárdia e estômago. No estômago o bolo sofre ação
dos ácidos e enzimas gástricas formando o quimo. Este passa para o intestino

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delgado através do esfíncter pilórico. Enzimas digestivas provenientes do pâncreas e
a bile, produzida pelo fígado são adicionadas ao quimo. O processo de digestão e
absorção é completado no intestino delgado. Os movimentos peristálticos
transportam os resíduos dos alimentos digeridos e pela válvula ileocecal, entram no
intestino grosso. Por fim, ao chegarem ao reto, os resíduos são excretados pelo
ânus.

4.1.6 Sistema Urinário

Têm a função de filtrar o sangue e eliminar o excesso de água, sal e outras


excretas sob a forma de urina. Os rins filtram o sangue e reabsorvem substâncias
essenciais, formando a urina. A urina é transferida pelos ureteres até a bexiga onde
é estocada para ser eliminada. A bexiga é esvaziada durante o ato de urinar. A
uretra é o caminho de Aída da urina vinda da bexiga.

4.1.7 Sistema Reprodutivo

Os órgãos reprodutivos masculinos são os testículos, localizados no


escroto. Os testículos produzem os espermatozóides que vão até a próstata, onde
se misturam as secreções e formam o sêmem que é ejaculado através da uretra. Os
órgãos femininos localizados na pelve são os ovários, as trompas de falópio, o útero
e a vagina.

4.1.8 Sistema Endócrino

O sistema endócrino é também um sistema regulatório. As glândulas


secretam substâncias químicas chamadas hormônios, que influenciam funções do
corpo à distância. São exemplos de hormônios as insulinas, que controla o
metabolismo da glicose, e a noradrenalina produzida na supra-renal, que é liberada
em situações de estresse.

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4.1.9 Sistema Tegumentar

Tem a função de recobrir o corpo, protegendo-o do meio ambiente. É


composto pela pele, anexos (pêlos e unhas) e tecido subcutâneo. A pele e suas
estruturas associadas compõem o maior órgão do corpo humano. Serve como uma
barreira à invasão de bactérias, impede a perda de água e calor e permite as
sensações de tato, dor, pressão e temperatura.

5.0 FERIDAS

As feridas são resultados das agressões sofridas pelas partes moles,


produzindo lesão tecidual. Os ferimentos podem ser abertos ou fechados. Os
ferimentos abertos são aqueles em que há perda da integridade da superfície da
pele. Nos ferimentos fechados não ocorre por definição perda da integridade da
pele.

5.1 Feridas Fechadas

Um impacto ou uma compressão podem causar rompimento de vasos


sangüíneos, causando o extravasamento de líquido ou sangue. Estas lesões são
chamadas de contusões, podem acometer somente estruturas superficiais, mas, em
casos de aplicação de força intensa, pode haver lesão de órgãos internos.
Normalmente, se houver apenas acometimento superficial, o paciente apresenta dor
e inchação (edema) da área afetada. Se houver hemorragia, o local adquire uma
coloração preta ou azulada, que é chamada equimose.

5.2 Feridas Abertas

São feridas abertas as escoriações, as incisões e as lacerações.

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As escoriações são lesões da camada superficial da pele ou mucosas que
apresentam sangramento discreto, mas costumam ser extremamente dolorosas.
Não representam risco ao paciente quando isoladas.
As incisões são lesões teciduais cujos bordos são regulares, sendo
produzidas por objetos cortantes. Podem causar sangramento de variados graus e
danos a tendões, músculos e nervos.
As lacerações são lesões teciduais e bordos irregulares, produzidas por
objetos rombos através de trauma fechado sobre superfícies ósseas. O socorrista
deve controlar o sangramento por compressão direta e aplicação de curativo e
bandagens.

5.3 Feridas Perfurantes

São lesões causadas por perfuração da pele e dos tecidos subjacentes por
um objeto. O orifício de entrada pode não corresponder à profundidade da lesão. As
lesões penetrantes de tórax devem ser ocluídas o mais rápido possível, para evitar a
aspiração de ar para o espaço pleural com a formação de pneumotórax aberto.
Verificar a presença de orifício de saída, mas nunca explorando a ferida. Tratar as
condições que causem risco iminente de vida. As vítimas com lesões penetrantes de
tronco e abdome devem ser removidas o mais rápido possível para o hospital que
disponha de equipe cirúrgica, pelo alto risco de hemorragias internas.

5.4 Avulsões

São lesões onde ocorre descolamento da pele em relação ao tecido


subjacente, que pode se manter ligado ao tecido sadio ou não. Apresentam graus
variados de sangramento, geralmente de difícil controle. A localização mais comum
ocorre em mãos e pés.
Recomenda-se colocar o retalho em sua posição normal e efetuar a
compressão direta da área, para controlar o sangramento. Caso as avulsões sejam

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completas, transportar o retalho ao hospital. A preparação do retalho consiste lavá-lo
com solução salina, evitando o uso de gelo direto sobre o tecido.

5.5 Amputações Traumáticas

As amputações são definidas como lesões em que há separação de um


membro ou de uma estrutura protuberante do corpo. Podem ser causadas por
objetos cortantes, por esmagamento ou por forças de tração. Estão freqüentemente
relacionadas a acidentes industriais e automobilísticos, tendo maior prevalência em
homens jovens.
Seu tratamento inicial deve ser rápido pela gravidade da lesão, que pode
causar a morte por hemorragia, e pela possibilidade de reimplante do membro
amputado.
O controle da hemorragia é crucial na primeira fase do tratamento. O
membro amputado deve ser preservado sempre que possível, porém a maior
prioridade é a manutenção da vida.
Condutas nas amputações traumáticas:
a) Abrir as vias aéreas e prestar assistência ventilatória, caso necessário;
b) Controlar a hemorragia;
c) Tratar o estado de choque, caso ele esteja presente;
d) Cuidados com o segmento amputado:
• Limpeza com solução salina, sem imersão em líquido;
• Envolvê-lo em gaze estéril seca ou compressa limpa;
• Cobrir a área cruenta (ensangüentada), com compressa úmida em
solução salina;
• Proteger o membro amputado com dois sacos plásticos;
• Colocar o saco plástico em recipiente de isopor com gelo ou água
gelada;
• Jamais colocar a extremidade em contato direto com gelo.

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5.6 Evisceração

Lesão em que ocorre extrusão (exteriorização) de vísceras. Nas lesões com


eviscerações, a conduta deve ser a seguinte:
a) Não tentar reintroduzir os órgãos eviscerados;
b) Cobrir as vísceras com curativo estéril umedecido em solução salina;
c) Utilizar compressas, não fazendo uso de materiais aderentes;
d) Envolver o curativo com bandagens;
e) Transportar o paciente em posição supina e com os joelhos fletidos.

5.7 Lesões oculares

Podem ser produzidas por corpos estranhos; queimaduras por exposição ao


calor; luminosidade excessiva, agentes químicos; lacerações e contusões.
Em traumatismos severos pode haver exteriorização do globo ocular de sua
órbita (extrusão).
Conduta pré-hospitalar:
• Irrigação ocular com soro fisiológico durante vários minutos em caso de
lesão por agentes químicos ou na presença de corpos estranhos;
• Não utilizar medicamentos tópicos (colírios e anestésicos) sem
prescrição de um oftalmologista;
• Não tentar remover objetos. Estabilizá-los com curativo apropriado;
• Oclusão ocular bilateral, com gaze umedecida, mesmo em lesões
unilaterais. Esta conduta objetiva reduzir a movimentação ocular e o agravamento da
lesão;
• Em caso de extrusão de globo ocular, não tentar recolocá-lo. Efetuar a
oclusão ocular bilateral;
• A remoção de lentes de contato deve ser efetuada somente em vítimas
inconscientes com tempo de transporte prolongado, que não apresentem lesão
grave.

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5.8 Esmagamento

Trata-se de lesão comum em acidentes automobilísticos, desabamentos e


acidentes industriais. Pode resultar em ferimentos abertos e fechados.
Existe dano tecidual extenso das estruturas subjacentes. Pode ser causa de
amputação de extremidades. Os esmagamentos de tórax e abdome causam graves
distúrbios circulatórios e respiratórios. O profissional de emergência deve preocupar-
se com a síndrome de reperfusão, após a liberação de uma extremidade esmagada,
pois pode ocorrer passagem de toxinas para a circulação.

As condutas são:
• Realizar ABCD;
• Administrar oxigênio em alto fluxo;
• Solicitar autorização ao coordenador médico para iniciar infusão de
soro fisiológico 0,9% IV.

6.0 AVALIAÇAO DA VÍTIMA

Na emergência, a vítima não pode receber uma assistência adequada, se


seus problemas de saúde não forem corretamente identificados. A avaliação da
vítima é um procedimento que auxilia a identificação das possíveis causas da
doença ou do trauma, e ajuda o profissional de emergência a tomar decisões sobre
os cuidados mais adequados.
A avaliação orientada para o cuidado é um método adotado na emergência.
Uma queixa ou problemas podem ser observados, mas inicialmente, procura-se
identificar as alterações que colocam em risco a vida da vítima e oferece-se
cuidados de Primeiros Socorros. Se não existe risco de morte, o profissional de
emergência busca identificar as condições que poderiam agravar o estado da vítima,
preocupa-se com o conforto e a continuidade da assistência de emergência.
A assistência às emergências é desenvolvida em etapas, tais como:

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6.1 Exame da Cena

O exame da cena tem o objetivo de preservar a segurança da equipe de


socorro e auxiliar no diagnóstico das lesões sofridas pela vítima.

6.1.1 Segurança

A cena deve ser avaliada quanto à presença de situações de risco antes do


profissional de emergência se aproximar, para que os mesmos preservem sua
segurança. A segurança da equipe é a prioridade número um.
A ambulância deve ser estacionada no local seguro mais próximo e, caso
necessário deve ser acionado outros recursos para o local como policiamento.
Os exemplos de situações de risco são: colisão, atropelamento,
desabamento, incêndio, explosão, contaminação por produtos tóxicos, eletrocussão
e agressão.

6.1.2 Mecanismo do Trauma

Ao se aproximar da cena, o Professional de emergência já pode constatar o


que ocorreu, observando, por exemplo, a presença de veículos danificados e a
posição da vítima.
Nos acidentes automobilísticos, deve-se observar a posição da vítima,
utilização do cinto de segurança, estado do veículo, condições do pára-brisa
dianteiro e da barra de direção. É importante procurar no local evidência de uso de
drogas, medicamentos e álcool.
Em vítimas de traumatismos por arma de fogo é importante saber, se
possível, o tipo de armamento, munição e distância que o tiro foi transferido.

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6.1.3 Número de vítimas

Avaliar o número de vítimas e a necessidade de outras ambulâncias para


apoio. Caso o número de vítimas exceda sua capacidade de atendimento, peça
auxílio imediatamente.

6.2 Autoproteção

O profissional de emergência não pode transformar em uma nova vítima. A


área de atendimento deve estar segura, sinalizada e isolada para prevenir novos
acidentes. Todas as precauções devem ser tomadas durante o exame e a
manipulação da vítima para evitar lesões corporais, contaminação por agentes
biológicos ou substâncias tóxicas.
Caso o local de socorro ofereça riscos que não possam ser neutralizados,
remover rapidamente a vítima para local seguro, mas sempre que possível fazer a
avaliação e estabilização do paciente.

6.3 Exame da Vítima

Divide-se em duas fases, sendo realizado ao mesmo tempo em que a


execução de medidas terapêuticas emergenciais. A primeira fase do exame é
denominada Exame Primário e, consiste na avaliação de todas as condições clínicas
que causem risco iminente de morte, que são: obstrução de vias aéreas, respiração
ineficaz ou ausente, lesões de coluna cervical instável e deficiência na circulação
sanguínea (o exame primário é denominado ABCD). A segunda etapa ou Exame
secundário consiste em uma avaliação mais detalhada da vítima (exame físico).
1. O líder deve ajoelhar-se ao lado da vítima no nível de seus ombros, pois
nesta posição é possível ter acesso à cabeça e ao tronco da vítima e permite o início
de uma ressuscitação cardiopulmonar (RCP) rapidamente sem mudança de posição.

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2. O auxiliar se posiciona ajoelhado atrás da cabeça do paciente, para
efetuar a abertura das vias aéreas, estabilização da coluna cervical e respiração
artificial da vítima. Deve estar com todo o material de assistência respiratória.
Deve levar todo o equipamento essencial até a cena para evitar perda de
tempo com retornos. O seguinte equipamento é considerado essencial ao
atendimento:
• Equipamentos de proteção individual – EPI´s (luvas, óculos);
• Prancha longa com imobilizador de cabeça;
• Colar cervical;
• Oxigênio, bolsa de ventilação, máscaras, cânulas orofaríngeas,
aspirador e cânulas de aspiração;
• Bandagens.

O exame primário deve ser completado em dois minutos ou menos. Não


deve ser interrompido, exceto em caso de obstrução das vias aéreas ou parada
cardiorrespiratória (PCR). Outras emergências devem ser atendidas pelos
socorristas auxiliares.

6.3.1 Nível de Consciência

Estimular a vítima verbalmente, identificando-se mesmo que a vítima pareça


inconsciente antes de qualquer manipulação.
A resposta verbal do paciente identifica que há circulação cerebral, vias
aéreas abertas e presença de respiração. Não havendo resposta a estímulos
verbais, é realizada a estimulação dolorosa sobre o esterno.

6.3.2 Avaliação da Vias Aéreas com Estabilização Cervical

Caso a vítima esteja inconsciente, deverá ser alinhada e posicionada em


decúbito dorsal com técnica de rolamento. Suspeitar de leso de coluna cervical em
todo paciente inconsciente.

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Vítimas de trauma devem ter a cabeça e o pescoço mantidos em posição
neutra, a não ser que haja dor ou resistência a seu alinhamento. As vias aéreas
devem ser mantidas abertas com a manobra de elevação da mandíbula, que é a
menos traumática para a coluna cervical.
Observar a presença de corpos estranhos, vômito ou sangue na cavidade
oral, retirar manualmente corpos estanhos, caso necessário. Nunca introduzir os
dedos na boca da vítima que apresente reação. A coluna cervical deve permanecer
estabilizada manualmente até que seja imobilizada através de equipamento
apropriado.

6.3.3 Respiração

a) Avaliar a freqüência (rápida, normal ou lenta) e profundidade das


respirações. O profissional deve aplicar a técnica de ver, ouvir e sentir, que consiste
em posicionar a face junto à do paciente, com o ouvido próximo do nariz da vítima,
procurando durante um período de cinco segundos detectarem a respiração do
paciente utilizando todos os sentidos:
• Ver a expansão;
• Ouvir o movimento aéreo pela boca e nariz e ruídos anormais;
• Sentir o ar sendo expirado.
b) Observar dificuldade respiratória e a coloração da pele e mucosas
(cianose);
c) Iniciar respiração artificial nas vítimas com ausência de movimentos
respiratórios (apnéicas) ou com respiração lenta e superficial;
d) Administrar oxigênio em todos os pacientes politraumatizados sob
máscara (12 L/min.)

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6.3.4 Circulação

Observar a coloração da pele, pacientes com coloração rosada raramente


têm hipovolemia crítica. A palidez ou tom acinzentado de pele indica problema
circulatório.
Na vítima não reativa:

• Palpar pulso carotídeo ao mesmo tempo em que o pulso radial;


• A presença de pulso carotídeo indica atividade cardíaca e o pulso
radial indica grosseiramente que a pressão arterial sistólica é maior que 80mmHg e
que qualquer distúrbio circulatório está em fase compensada;
• Verificar se o pulso está fino e avaliar se está lento ou rápido. Pulsos
rápidos e fracos são associados ao quadro de choque;
• Avaliar a temperatura da pele, o choque é sugerido pela presença de
pele fria;
• Iniciar reanimação cardiopulmonar (RCP) na ausência de pulso
carotídeo com massagem cardíaca externa.
• Observar hemorragias discretas;
• Hemorragias externas graves deverão ser controladas sem
interromper o exame primário;
• Testar o enchimento capilar das extremidades superiores, comprimindo
a ponta do dedo e observando o retorno da coloração normal que se dá em menos
de 2 segundos. Este é um sinal tardio de choque.

Na vítima reativa:

Nos pacientes reativos o primeiro pulso a ser avaliado é o radial


bilateralmente, pois obviamente o paciente não está em PCR. A seqüência descrita
é a seguinte

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autores
• Inspeção (deformidades, contusões, escoriações, perfurações,
queimaduras, lacerações, inchaço);
• Palpação (dor, instabilidade, crepitação, pulso, motricidade,
sensibilidade);
As figuras abaixo ilustram o ABCD primário.

Nível de Consciência Respiração

Ver, ouvir e sentir Circulação


Fonte: www.cvb.org.br

6.4 Decisões Críticas e de Transporte

Após o exame primário (ABCD), o paciente deve ser colocado sobre a


prancha longa. No caso de paciente estável, suas fraturas devem ser imobilizadas
antes desta manobra, mas em caso de instabilidade não é feita à imobilização para
poupar tempo.
Pacientes instáveis devem ser transportados para o hospital sem perda de
tempo, para que seja realizado o tratamento definitivo. São considerados pacientes
críticos:

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1. Traumatismo crânio-encefálico (TCE), com nível de consciência
diminuído, ou ferimento penetrante na cabeça;
2. Respiração anormal;
3. PCR;
4. Choque ou sinais ou condições que causam o choque rapidamente;
5. Mecanismo de lesão grave mesmo que a vítima aparentemente esteja
estável.
O paciente mais grave deve receber prioridade no atendimento.

6.5 Exame Secundário

A realização do exame secundário pode ser feita na cena caso a vítima


esteja estável ou a caminho do hospital em vítimas instáveis.
O exame secundário consiste no exame físico, porém mais detalhado,
incluindo a verificação dos sinais vitais periodicamente (pulso, respiração, pressão
arterial e temperatura) utilizando lanternas, esfigmomanômetro, estetoscópio e
oxigênio em casos de traumas. Deve ser realizado sobre a prancha. O exame
secundário consiste:
1. Exame das pupilas (usar lanterna);
2. Verificar a presença de objetos estranhos e/ou secreções na boca;
3. Verificar a saída de Liquor e/ou sangue pelo nariz e/ou ouvidos;
4. Verificar sinais vitais.
A reavaliação periódica do paciente deve ser realizada a cada cinco minutos
nos casos em que este se encontra instável, ou cada vez que ocorrer uma alteração
no quadro do paciente ou que for realizada uma intervenção. É realizada a
reavaliação clínica, reavaliação das vias aéreas e reavaliação de lesões.
Deverá ainda ser feita à comunicação e o preenchimento de documentação,
se for o caso.

------ FIM DO MÓDULO I ------

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Curso de
Urgência e Emergência

MÓDULO II

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na bibliografia consultada.
MÓDULO II

1.0 RESPIRAÇÃO

Respiração é o ato de respirar. As trocas de oxigênio e gás carbônico


ocorrem nos pulmões.
A respiração é essencial. Se este processo básico parar ou tornar-se
insuficiente, todos os outros processos da vida cessarão. Uma vez que a respiração
pára, o coração também irá parar de bater pouco tempo depois. Quando isso ocorre,
um dano irreversível nas células do cérebro começa dentro de quatro a seis minutos.
Após dez minutos, as células do cérebro começam a morrer. Em um período de
tempo pequeno, as células de vários órgãos e estruturas do corpo são destruídas. A
morte das células cerebrais, não é um processo reversível. Se muitas células
morrerem, a pessoa também irá a óbito.
Por isso, o acesso às vias aéreas tem prioridade sobre todos os aspectos
da reanimação (exceto a desfibrilação). Deve ter como objetivo manter
permeabilidade; evitar a broncoaspiração e efetuar respiração artificial.
Durante o exame primário a avaliação de vias aéreas e respiração devem
ser completadas em 10 a 15 segundos.
As causas de obstrução de vias aéreas podem ser divididas em dois
grandes grupos: causas tratáveis e não tratáveis pelos profissionais de emergência.
As causas tratáveis são: queda de língua, corpos estanhos, vômitos,
secreções e sangue. Nestes casos o profissional de emergência pode atuar mesmo
totalmente desprovido de equipamentos, através de manobras manuais. O simples
reposicionamento da cabeça e do pescoço desloca a língua da parede posterior da
faringe.
As causas não tratáveis com reações alérgicas graves, edema de glote e
infecções de trato respiratório superior com edema. É importante reconhecer estes

31
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quadros precocemente para não perder tempo com tentativas de resolver o
problema no pré-hospitalar.

1.1 Abertura das Vias Aéreas

1.1.1 Abertura da boca

• Verificar inconsciência;
• Cruzar o polegar e o indicador;
• Colocar o polegar nos incisivos superiores da vítima e o indicador nos
inferiores;
• Fazer um movimento de abertura em tesoura com estes dois dedos;
• Efetuar limpeza manual da orofaringe.

1.1.2 Inclinação da cabeça e elevação do queixo

É a manobra mais eficaz para queda de língua. A técnica é a seguinte:


• Colocar uma de suas mãos na fronte da vítima e a utilizar para inclinar
a cabeça para trás;
• Deslocar a mandíbula para frente com os dedos da outra mão
colocados no queixo da vítima;
• Não utilizar na suspeita de lesão de coluna cervical.

1.1.3 Elevação da mandíbula

Essa técnica é indicada para vítimas com queda de língua que possam ter
ou tenham lesão de coluna cervical. A técnica consiste em:
• Posicionar-se atrás da cabeça da vítima em decúbito dorsal;
• Segurar com as mãos os ângulos da mandíbula, deslocando-a para
frente enquanto faz a abertura da boca;
• Estabilizar ao mesmo tempo em que a coluna cervical da vítima.

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1.1.4 Elevação da mandíbula modificada

Essa técnica é indicada para paciente inconsciente com suspeita de lesão


de coluna cervical. A técnica é a seguinte:
• Posicionar-se por trás da vítima;
• Empurrar os ângulos da mandíbula com o polegar, deslocando-a para
cima;
• Estabilizar ao mesmo tempo a coluna cervical do paciente com as
mãos, evitando sua lateralização.
Os equipamentos básicos para abertura das vias aéreas consistem nas
cânulas orofaríngeas e nos equipamentos de aspiração.
A cânula orofaríngea ou cânula de Guedel é um aparelho semicircular feito
de plástico ou borracha, cuja função é a de evitar a queda da língua sobre a parede
posterior da faringe e permitir a introdução de cânulas de aspiração.
A aspiração das vias aéreas tem como finalidade a remoção de sangue,
vômito e de outros materiais das vias aéreas.

Tamanhos de cânula de Guedel.

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Tipos de manobras para abertura das vias aéreas

Fonte: www.bombeirosemergencia.com.br

1.2 Respiração Artificial

Após a abertura da via aérea, se o paciente não apresentar respiração


adequada, será necessário instituir ventilações sob pressão positiva. Ventilar é
insuflar ar nos pulmões. Quando o volume de ar é menor que o normal diz-se que o
paciente está hipoventilando, se é maior, diz-se que está hiperventilando. É possível
um paciente hipoventilar mesmo com freqüência respiratória alta desde que sua
respiração seja superficial. Existe técnica para ventilação sem e com equipamentos,
são elas:

1.2.1 Ventilação boca a boca

• Abrir a via aérea com manobra de inclinação da cabeça e elevação do


queixo;
• Pinçar as narinas do paciente com a mesma mão que inclina a cabeça;

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• Manter em posição próteses dentárias completas;
• Remover próteses dentárias incompletas que estão deslocadas;
• Aplicar sua boca sobre a da vítima (na criança, por ser impossível a
oclusão exclusiva da boca, realiza-se ao mesmo tempo a manobra de oclusão da
boca e do nariz);
• Efetuar duas ventilações completas (se adulto) e uma ventilação
completa (se criança ou bebê), com duração de um segundo a um segundo e meio,
ventilações mais rápidas causam distensão do estômago (lembre-se que, a
ventilação no bebê é feita apenas com o ar que está na boca do socorrista e não
com ar de dentro dos pulmões);
• Observar a expansão do tórax da vítima;
• Efetuar as ventilações posteriores em intervalos de cinco segundos no
adulto, resultando na freqüência de 12 expirações/min.;

1.1.2 Ventilação boca-nariz

Esta técnica é indicada para a vítima que necessita de respiração artificial


em situações que impeçam a abertura de sua boca ou se tem dimensões que
impeçam sua oclusão pela boca do socorrista. A técnica consiste:

• Abrir vias aéreas com as manobra anteriormente descritas;


• Ocluir a boca da vítima durante a ventilação, utilizando a mão que
segura o queixo;
• Ventilar a vítima pelo nariz;
• Abrir aboca da vítima nos intervalos da ventilação para facilitar a
expiração.

1.2.3 Ventilação boca-máscara

É preferível aos métodos anteriores, pois oferece maior proteção aos


socorristas.

• Ajoelhar-se atrás da vítima;

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• Aplicar a máscara de tamanho mais adequado;
• Utilizar os polegares e indicadores das duas mãos para fixar a máscara
à face da vítima, enquanto o quarto e quinto dedos elevam a mandíbula;
• Ventilar através da máscara.

1.2.4 Ventilação bolsa-máscara (ambú)

Sempre que possível deve ser executada por dois socorristas, pois é difícil
manter o selamento da máscara com a face usando apenas uma das mãos. O
tamanho da bolsa (ambú) utilizado em adultos é diferente do utilizado em crianças
(ver figura abaixo).

• Um socorrista aplica e fixa a máscara à face do paciente com


polegares e indicadores das duas mãos e eleva a mandíbula com quarto e quinto
dedos;
• Outro socorrista comprime a bolsa de ventilação;
• Um socorrista fixa a máscara e abre as vias aéreas;
• O outro comprime a bolsa.

Ambú – bolsa utilizada para ventilação artificial

Fonte: www.lfequipamentos.com.br

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2.0 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS

2.1 Vítimas conscientes

O quadro clínico das obstruções completas é típico, o paciente apresenta-se


agitado, com grave dificuldade respiratória, cianótico, incapaz de tossir, respirar e
falar. Caso não seja instituído tratamento, o paciente evolui rapidamente para
inconsciência e óbito. Assume a postura típica de colocar os dedos ao redor do
pescoço. Antes de qualquer intervenção, o profissional de emergência deve
perguntar se a vítima está sufocando e verificar sua capacidade de emitir sons
(tossir ou falar).
Caso o paciente emita sons a obstrução não é completa. Com obstruções
parciais o paciente pode apresentar uma respiração suficiente para manter a vida ou
respiração insuficiente. Se houver respiração eficiente, o paciente deve ser
estimulado a tossir e observado atentamente em suas tentativas de expelir o objeto
ao mesmo tempo em que se administra oxigênio suplementar. A respiração ineficaz
se caracteriza por tosse fraca, ruído agudo durante a inspiração (estridor),
dificuldade respiratória grave. Caso o paciente apresente respiração ineficaz desde
o início ou deteriore para uma respiração ineficaz devem ser instituídas manobras de
desobstrução como se o paciente tivesse obstrução completa.
A conduta nas obstruções completas é aplicar a manobra de desobstrução,
chamada manobra de Heimlich. O seu objetivo é expulsar o corpo estranho através
da eliminação do ar residual dos pulmões, criando uma espécie de tosse artificial. A
técnica é a seguinte:
• Abraçar a vítima por trás com os seus braços na altura do ponto entre
a cicatriz umbilical e o apêndice xifóide. A mão do profissional em contato com o
abdome da vítima está com punho fechado e o polegar voltado para dentro. A outra
mão do profissional é colocada sobre a primeira;
• Fazer compressões abdominais sucessivas, direcionadas para cima,
até desobstruir a via aérea ou o paciente perder a consciência;

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• Em mulheres grávidas, obesos e lactentes, as compressões são
efetuadas no tórax, no mesmo ponto da massagem cardíaca externa.
As complicações desta técnica são lesões de vísceras abdominais como:
fígado e o baço e a regurgitação de material do estômago com broncoaspiração.

2.2 Vítimas inconscientes

Quando o profissional de emergência assiste uma vítima consciente


obstruída que se torna inconsciente, o diagnóstico é fácil.
A obstrução por corpo estranho deve ser suspeitada em vítimas
inconscientes quando encontra dificuldade excessiva para insuflar seus pulmões
durante as manobras de respiração artificial.
A técnica para desobstrução de vias aéreas em vítimas inconscientes é a
seguinte:
• Reposicionar a cabeça da vítima e tentar a respiração artificial;
• Casos esta seja uma vítima que já estava sendo tratada para
obstrução, tentar em primeiro lugar a varredura digital;
• O profissional de emergência deve ficar ajoelhado a cavaleiro sobre a
vítima em decúbito dorsal ou ao seu lado;
• Posiciona as mãos uma sobre a outra entre a cicatriz umbilical e o
apêndice xifóide. Em mulheres grávidas, obesas e lactentes, as compressões são
efetuadas no tórax, no mesmo ponto da massagem cardíaca externa.
• Efetua até cinco compressões abdominais direcionadas para o
epigástrico da vítima;
• Ventilar pacientes duas vezes;
• Varredura digital;
• Remove se possível, o corpo estranho;
• Repete a seqüência;
• Prosseguir até remover o corpo estranho ou um médico assumir o
paciente.

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Manobra de Heimlich, utilizada para desobstrução das vias aéreas. Fig. 1 (pacientes
conscientes) e Fig. 2 (pacientes inconscientes)
Fonte: www.cvb.org.br

3.0 CIRCULAÇAO

O sistema circulatório mantém o sangue em movimento constante e em


fluxo unidirecional. O centro desta atividade é o coração. Quando o coração bate,
age como bomba. O sangue do corpo é trazido de volta para o coração e
posteriormente vai para os pulmões.
Há uma forte relação entre a respiração, a circulação e certas atividades
cerebrais. Esta relação pode ser comprovada de acordo com os seguintes aspectos:
• Se a respiração pára, o sangue que é bombeado para o cérebro não
terá o oxigênio suficiente. Devido à falha cerebral e a falta de oxigênio em seus
próprios tecidos, o coração funcionará inadequadamente e depois deixará de bater
completamente.
• Quando o coração pára de bater, a parada respiratória ocorre quase
que imediato.

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3.1 Parada Cardíaca

Ocorre quando o coração pára de bater ou a circulação é subitamente


alterada por contrações irregulares de alta freqüência dos ventrículos (fibrilação
ventricular). Os sinais da parada cardíaca são:
• O paciente não responde (inconsciência);
• O paciente não respira (a respiração normalmente pára dentro de 30
segundos, após a parada cardíaca);
• Não há pulso carotídeo;
As causas de PCR podem ser divididas em dois grupos: primária e
secundária.
As causas primárias de parada cardíaca se deve a um problema do próprio
coração, causando uma arritmia cardíaca, geralmente a fibrilação ventricular. A
causa principal é a isquemia cardíaca (chegada de quantidade insuficiente de
sangue oxigenado ao coração).
As causas secundárias são a disfunções do coração é causada por
problema respiratório ou por uma causa externa. São as principais causas de PCR
em crianças e vítimas de traumatismos:
a) Oxigenação deficiente: obstrução de vias aéreas e doenças
pulmonares;
b) Transporte inadequado de oxigênio: hemorragias graves, estados de
choque e intoxicação pelo monóxido de carbono;
c) Ação de fatores externos sobre o coração: drogas e descargas
elétricas

FREQUÊNCIA CARDÍACA NORMAL – A freqüência normal dos batimentos cardíacos é de 60 a 100


ciclos por minuto.

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BRADICARDIA SINUSAL – Quando a freqüência cardíaca é menor que 60 batimentos por
minuto.

TAQUICARDIA VENTRICULAR - Quando a freqüência cardíaca é maior que 100 batimentos por
minuto.

FIBRILAÇÃO VENTRICULAR - A fibrilação ventricular é um tipo de arritmia cardíaca. Acontece


quando não existe sincronicidade na contração das fibras musculares cardíacas (miocárdio) dos
ventrículos. É indicado o uso de desfibrilador automático.

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3.2 Ressuscitação Cardiopulmonar

Ressuscitação Cardiopulmonar ou RCP é um procedimento de emergência


aplicado quando as atividades do coração e do pulmão param. (Cardio se refere ao
coração, e pulmonar refere-se aos pulmões). É adotada para retardar a lesão
cerebral até a instituição de medidas de suporte avançado.
Os componentes da técnica de RCP incluem: avaliação do nível de
consciência; ativação do socorro especializado; abertura de vias aéreas; avaliação
da respiração; realização de respiração de resgate (ventilações artificiais);
verificação de pulso e compressões torácicas.
Os objetivos da RCP são:
a) Oxigenar e circular o sangue até que seja iniciado o tratamento
definitivo;
b) Retardar ao máximo a lesão cerebral;
c) Prolongar a duração da fibrilação ventricular impedindo que ela se
transforme em assistolia, e permitir que a desfibrilação tenha sucesso;
d) Reverter a parada cardíaca em alguns casos de PCR por causas
respiratórias.
Os princípios que conduzirão à aplicação da RCP devem ser:

1. Verificar inconsciência - O paciente está respondendo? Pacientes que


requerem RCP não estarão conscientes;
2. Posicionar o paciente;
3. Desobstruir as vias aéreas;
4. Verificar a respiração – Use o método ver, ouvir e sentir;
5. Ventilar duas vezes, adequadamente – Se houver obstrução nas vias
aéreas, fazer a desobstrução e ventilar duas vezes;
6. Verificar o pulso carotídeo;
7. Se o paciente não respirar e não houver pulso, iniciar a RCP.

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3.2.1 Compressões torácicas

As compressões torácicas consistem em aplicações rítmicas de pressão


sobre o terço inferior do esterno. O aumento generalizado da pressão no interior do
tórax e a compressão do coração fazem com que o sangue circule. Mesmo com
aplicação perfeita da técnica a quantidade de sangue que circula está entre 10% e
30% do normal. A técnica de compressão torácica é a seguinte:
• Com a mão, localizar a margem inferior do rebordo costal da vítima;
• Percorrer o rebordo costal até identificar o apêndice xifóide;
• Colocar dois dedos acima do apêndice xifóide sobre o esterno;
• Apoiar a palma de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno;
• Colocar a outra mão sobre a primeira. Os dedos podem ficar
estendidos ou entrelaçados, mas não devem ficar em contato com o esterno;
• Deve manter os braços esticados, com os ombros diretamente sobre
as mãos. A compressão deve ser efetuada diretamente sobre o esterno;
• A força da compressão deve ser provida pelo peso do tronco do
socorrista e não pela força dos seus braços. A utilização da força dos braços causa
rapidamente o cansaço do socorrista;
• O esterno deve ser deprimido cerca de 3,8 a 5,1 cm para o adulto
normal. O ideal é verificar se a compressão efetuada é suficiente para gerar um
pulso carotídeo palpável;
• A compressão deve ser aliviada completamente sem que o socorrista
retire suas mãos do tórax do paciente, para que não seja perdida a posição correta
das mãos;
• A compressão deve se mantida por aproximadamente 50% do tempo
de duração do ciclo;
• As compressões torácicas e as respirações artificiais devem ser
combinadas para que a RCP seja eficaz. A relação ventilações/compressões varia
com a idade da vítima e com o número de socorristas;

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• O sincronismo das ventilações e massagens cardíacas externas no
adulto realizadas com dois socorristas é de 02 insuflações (ventilações) e 30
massagens cardíacas externas (02x30), verificando o pulso a cada 04 ciclos.
• A freqüência das compressões torácicas deve ser mantida em 80 a
100/min. Com a pausa que é efetuada para ventilação a freqüência real de
compressões cai para 60/min.
Mesmo quando efetuada seguindo os padrões técnicos, as compressões
torácicas podem produzir fratura de costelas em alguns pacientes, especialmente
em idosos. Outras lesões são as separações entre as costelas e o esterno, a fratura
de esterno, pneumotórax, contusões pulmonares e hemotórax. O traumatismo de
órgãos abdominais também pode ser ocasionado por compressões torácicas baixas
sobre o apêndice xifóide.
A prevenção destas complicações é realizada seguindo a técnica correta de
RCP. As mãos devem ser posicionadas no local correto com a identificação precisa
dos pontos de referência. Os dedos do socorrista não devem tocar o tórax do
paciente, a compressão lateral aumenta o risco de lesão na costela. A aplicação de
força excessiva e súbita também aumenta a probabilidade de danos à parede
torácica. Entre as compressões, o socorrista deve aliviar a pressão sobre o tórax
sem perder o contato de sua mão com a parede do tórax.

Técnica de RCP: identificação correta dos pontos de referência e posição das mãos do
socorrista do paciente.
Fonte: www.cvb.org.br

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3.3 Técnicas de RCP para Bebês e Crianças

Pessoas treinadas em primeiros socorros consideram a RCP em bebês e


crianças um ponto mais delicado no atendimento de emergência. Os profissionais
sabem, teoricamente, como fazer a RCP em bebês e crianças, porém, têm menos
oportunidade de praticar, pois poucas crianças precisam da técnica fora do ambiente
hospitalar.
É considerado bebê até um ano de idade e, crianças de um a oito anos de
idade.
Como o paciente adulto, bebês e crianças devem ser colocados deitados,
em decúbito dorsal, em uma superfície dura. O tamanho grande da cabeça de bebê
ou da criança farão com que a cabeça flexione para frente quando o paciente estiver
deitado. O simples alinhamento anatômico da cabeça possibilita a abertura das vias
aéreas. Avalie a respiração através da técnica de ver, ouvir e sentir. Verifique o
pulso. No bebê deve verificar o pulso braquial, que é encontrado na região média da
parte superior do braço do paciente (na criança verifica o pulso carotídeo).
Para realização de compressões em crianças, deve usar a base de apenas
uma mão, no mesmo ponto que se fazem as compressões no adulto. O esterno das
crianças deve ser deslocado de 2,5 a 3,5 cm.
• O sincronismo das ventilações e massagens cardíacas externas na
criança realizadas com um ou dois socorristas é de 01 insuflação (ventilações) e 05
massagens cardíacas externas (01x05), verificando o pulso a cada 10 ciclos.
A posição das compressões externas no bebê é diferente do paciente
adulto. Aplique as compressões no esterno, usando as pontas de um ou três dedos
abaixo de uma linha imaginária entre os mamilos. O esterno de bebê deve ser
deslocado de 1,5 a 2,5 cm.
• O sincronismo das ventilações e massagens cardíacas externas no
bebê realizadas com um socorristas é de 01 insuflação (ventilações) e 05
massagens cardíacas externas (01x05), verificando o pulso a cada 10 ciclos.

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Técnica de RCP em criança e bebê
Fonte: www.cvb.org.br

3.4 Desfibrilador Semi-Automático

A primeira Lei de Suporte Básico de Vida (BLS) da América Latina foi


aprovada, tornando obrigatório a estabelecimentos de grande circulação de pessoas
como shopping centers, rodoviárias, estádios e hipermercados. Também o
treinamento de seu pessoal em (BLS) e a aquisição de, no mínimo, um desfibrilador
semi-automático.
O desfibrilador semi-automático serve para corrigir as disfunções no ritmo
cardíaco através do choque, para que em seguida seja ministrada a técnica de
massagem cardíaca, evitando seqüelas no paciente.
De acordo com a American Heart Association, a chance de sobreviver ao
ataque cardíaco súbito diminui de 7% a 10% a cada minuto a partir do momento do
ataque. Após apenas 10 minutos, as possibilidades de sobrevivência tornam-se
praticamente inexistentes, aumentando o risco de danos cerebrais irreversíveis.
O equipamento ao ser colocado em contato com a vítima analisa o ritmo
cardíaco, decide se é necessário aplicar um choque, e instrui os operadores, em
português, quais ações são necessárias para administrar o choque. O aparelho
mantém a monitoração do batimento cardíaco e pode aplicar choques adicionais, se

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necessário. Operadores são instruídos para verificar as vias aéreas e realizar a
ressuscitação cardiopulmonar. O equipamento também grava o ritmo cardíaco
digitalmente que, mais tarde, pode ser usado para auxiliar médico nos diagnósticos.
A desfibrilação precoce é somente uma parte do tratamento da morte súbita
cardíaca. Ela somente terá sucesso quando estiver ligada ao conceito da Corrente
da Sobrevivência. O conceito dos elos de uma corrente aplica-se tanto a paradas
cardíacas no hospital como para mortes súbitas cardíacas no ambiente pré-
hospitalar. Cada conjunto de ações ou elos dessa cadeia deve ser realizado o mais
rápido possível. Se algum anel for fraco, demorado ou inexistente, as chances de
sobrevida e recuperação do paciente estarão muito diminuídas.

As figuras são de um desfibrilador externo automático (DEA) e um Desfibrilador portátil.


Fonte: www.lfequipamentos.com.br

3.4.1 Operação do desfibrilador semi-automático

• Colocar o aparelho, se possível, próximo à orelha da vítima;


• Realizar os procedimentos ao lado do paciente;
• Ligar o aparelho;
• Conectar pás adesivas ao tórax do paciente, uma na borda esternal
superior direita e a outra no ápice cardíaco;
• Cessar toda movimentação do paciente;
• O socorrista deve dizer em voz alta: “afastar-se do paciente”;
• Pressionar o botão de análise do ritmo;
• Seguir a mensagem gravada do aparelho;

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• Caso o aparelho indique choque, o operador deve pressionar o botão e
o desfibrilador efetuará a descarga única de 360J (é obrigatório observar o paciente
e certificar-se de que ninguém o toque). Caso após uma das análises de ritmo a
mensagem do desfibrilador seja “choque não indicado”, palpar o pulso carotídeo por
cinco segundos reiniciando a Ressuscitação cardiopulmonar (RCP) por um minuto,
se ele estiver ausente. Após um minuto de RCP o pulso carotídeo é verificado e,
caso ausente, repetir a análise do ritmo (se o aparelho indicar, reiniciar os choques);
• Se o pulso estiver presente, avaliar a ventilação do paciente, iniciando
respirações artificiais, se necessário, ou apenas a administração de oxigênio
suplementar;

4.0 AFOGAMENTOS E ACIDENTES DE MERGULHOS

Afogamento é todo acidente por submersão em que a vítima morre dentro


das primeiras 24 horas.
Quase afogamento é todo acidente por submersão em que a vítima
sobrevive no mínimo por 24 horas, independentemente do resultado final.
O afogamento é uma causa comum de morte acidental em crianças e
adultos jovens. A prevenção é o principal instrumento para redução nos casos de
afogamento, através da educação da população e do aumento do número de
guarda-vidas nas praias.
Os tipos de afogamentos são:
• Afogado molhado: associado à aspiração de líquido, tem pior
prognóstico e representa 85% dos afogamentos fatais;
• Afogado seco: não apresenta aspiração pulmonar de líquido devido ao
espasmo da musculatura da laringe. Cerca de 10% dos óbitos por afogamento
ocorrem por asfixia verdadeira. As vítimas que não aspiram líquidos geralmente
respondem melhor ao tratamento, quando resgatadas a tempo.
Do ponto de vista prático o quadro dos pacientes que se afogam em água
doce ou salgada é idêntico, devido à pequena quantidade de fluido que normalmente
é aspirada. É necessário que o profissional de emergência informe ao médico se o

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atendimento ocorreu em água poluída ou contaminada por produtos químicos e qual
era a temperatura da água, pela possibilidade de a hipotermia coexistir com o
afogamento.
A maioria dos afogamentos segue um padrão comum, após um período de
pânico, a vítima tenta se manter em apnéia enquanto luta para emergir. É freqüente
a deglutição de água que causa distenção do estômago e vômitos. Com a queda da
oxigenação ocorrem respirações involuntárias durante a submersão e aspirações de
quantidade variáveis de água.
A passagem de líquido pela laringe causa nas fases iniciais um intenso
laringoespasmo que previne a aspiração de maiores quantidades de água.

4.1 Classificações do Afogado

• Resgate: paciente tem tosse e falta de ar;


• Grau I: paciente lúcido, apresentando tosse seca. Inicialmente o
paciente está taquicárdio e taquipnéico, mas melhora rapidamente à medida que se
acalma. Não há aspiração pulmonar significativa e tratamento na cena: repouso,
aquecimento e oxigênio;
• Grau II: lucidez ou agitação: elevação moderada das freqüências
respiratória e cardíaca, taquipnéicos, sem grande dificuldade respiratória. Há
presença de tosse seca e vômitos. Existe pequena quantidade de espuma na boca e
no nariz. Óbito em 0,6% dos casos;
• Grau III: paciente agitado e pouco colaborativo devido à falta de
oxigênio. As freqüências cardíacas e respiratórias estão elevadas e o paciente
apresenta grave dificuldade respiratória, muitas vezes com cianose. Ocorre tosse
com espuma esbranquiçada ou rósea em quantidade. A mortalidade é elevada neste
grupo. Óbito em 5,2% dos casos;
• Grau IV: semelhante ao grau III, porém o pulso radial está fraco ou
ausente (sinais de choque). Óbito em 19,4% dos casos;
• Grau V: presença de parada respiratória. Óbito em 44% dos casos;
• Grau VI: presença de PCR. Óbito em 93% dos casos.

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Obs.: esta classificação não tem caráter evolutivo.

4.2 Abordagem e Conduta

• Remover a vítima da água o mais rapidamente possível (resgate


realizado por bombeiros e não profissionais de saúde);
• Avaliar a segurança do local;
• Manter o paciente na horizontal em paralelo a água; executar a
avaliação primária (ABCD);
• Abrir as vias aéreas é a prioridade através de técnicas usuais.
Observar cuidados com a coluna cervical se houver evidência de trauma;
• Iniciar ventilação pulmonar se houver indicação, utilizando oxigênio
suplementar;
• Administrar oxigênio sob máscara em pacientes, ventilando
espontaneamente com fluxo de 12L/min;
• Não tentar retirar a água dos pulmões ou do estômago. A utilização da
manobra de heimlich para esvaziar o estômago distendido só aumenta o risco de
aspiração pulmonar. A manobra só deve se utilizada se houver suspeita de
obstrução de vias aéreas por corpos estranhos;
• Caso o paciente inconsciente apresente vômitos, coloque-o em posição
lateral de segurança;
• Não colocar a vítima com a cabeça mais baixa que o corpo. A
reanimação deve ser feita em paralelo com praia;
• Iniciar RCP na ausência de pulso carotídeo mesmo em indivíduos que
ficaram submersos por longos períodos, pois a água fria protege o indivíduo da
morte cerebral. Caso a ambulância esteja equipada com desfibrilador semi-
automático, deve ser realizada a rotina de análise do ritmo. As compressões
torácicas só devem ser iniciadas após a retirada da vítima da água;
• Aquecer os pacientes, secando-os e cobrindo-os com cobertores;
• Prevenir a aspiração pulmonar em vítimas com respiração espontânea,
colocando o paciente em decúbito lateral esquerdo (posição lateral de segurança);

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• Todas as vítimas de submersão, mesmo as que só necessitaram de
mínima reanimação, devem ser submetidas à avaliação médica. Às vezes a lesão
pulmonar ocorre horas após o episódio de submersão.

4.0 TRAUMAS

4.1 Traumatismo Cranioencefálico (TCE)

O trauma de crânio é responsável por 50% das mortes em pacientes


traumatizados. São as principais causas de óbito nas vítimas de acidentes
automobilísticos. A maioria das vítimas está na faixa etária de 15 aos 24 anos. E
mesmo quando não causam a morte, pode causar seqüelas graves, incompatíveis
com uma vida produtiva. O tratamento adequado é eficaz para diminuir estas
complicações.
Os traumatismos da cabeça podem envolver, isoladamente ou em qualquer
combinação, o couro cabeludo, crânio e encéfalo.

4.1.1 Lesões no couro cabeludo

Podem causar hemorragias importantes devido a sua intensa


vascularização. Nos adultos, os hematomas subdurais (galos) são úteis para
determinar a força do traumatismo. Os sangramentos devem ser controlados com
compressão. Na presença de fratura com depressão, efetuar a compressão na
margem da lesão para evitar agravamento.

4.1.2 Fraturas de crânio

As fraturas de crânio não implicam, necessariamente, presença de lesão


encefálica, mas indicam a severidade do trauma e maior probabilidade de ocorrer
lesão intracraniana. Podem ser classificadas em:

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• Fraturas linear ou simples: representam 80% das fraturas de crânio,
são lineares e sem desvio;
• Fraturas abertas: localizam-se sob lesões do couro cabeludo e têm
maior potencial para infecção;
• Fraturas deprimidas: ocorrem geralmente após lesão de baixa
velocidade com impactos de pequenos objetos. Têm maior potencial para causar
lesão cerebral, pois fragmentos ósseos penetram na massa encefálica;
• Fraturas de base de crânio: a presença de sangramento pelo nariz
(rinorragia) ou pelo ouvido (otorragia) indica a possibilidade desta lesão. A equimose
periorbitária (olhos de guaxinim) surge algumas horas após o trauma. A equimose de
mastóide é um sinal tardio (mais de 24 horas após a lesão).

4.1.3 Lesões cerebrais

a) Concussão: episódio de alteração do nível de consciência após um


violento choque, com retorno rápido ao normal. Não há lesão cerebral definida. O
quadro clínico é a perda da consciência por alguns segundos ou minutos, confusão,
amnésia, e vômitos.
b) Contusão cerebral: ocorre geralmente nas áreas em que o cérebro
entra em contato com protuberâncias ósseas, caracteriza-se por áreas de
hemorragia no cérebro. Pode causar déficits permanentes ou se resolver totalmente.
As lacerações cerebrais podem ocorrer nas mesmas situações das contusões
cerebrais.
c) Hematomas intracranianos: existem três tipos de hematomas
(epidurais, subdurais e intracerebrais);
Hematomas epidurais: ocorrem em quase todos os casos de fratura de
crânio, sendo venosos na maioria dos casos e não ocasionando seqüelas graves.
Criam um aumento da pressão intracraniana em poucas horas. São responsáveis
por 5 a 10% dos óbitos por TCE;
Hematomas subdurais: ocorre quando o sangramento está presente entre a
dura-máter e a aracnóide. Geralmente de natureza venosa, tendo uma velocidade

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de expansão menor. Podem ser classificados de acordo com a apresentação clínica
em agudos, subagudos e crônicos;
Hematomas intracerebrais: são causados por dano vascular no momento do
impacto. O quadro clínico depende da região do cérebro que foi afetada.

4.1.4 Avaliação e abordagem da vítima

• Avaliar a cena;
• Realizar a seqüência ABCD (abertura das vias aéreas, boa ventilação,
verificação da circulação com controle de hemorragias);
• Realizar mini-exame neurológico (escala de coma de glasgow);
• Avaliar pupilas (tamanho, simetria, responsividade à luz);
• Movimentos das extremidades (comparar a simetria entre o lado direito
e esquerdo do corpo);
• Transportar rapidamente para o serviço apropriado para reduzir a
gravidade das lesões. E diminuir a mortalidade das vítimas.

4.1.5 Escala de coma de glasgow

É utilizada para avaliação e comparações repetidas no nível de consciência


em intervalos freqüentes. São atribuídos valores numéricos às seguintes respostas
da vítima: abertura ocular, respostas motora e verbal. A pontuação obtida é somada
e reflete o status neurológico da vítima de TCE. A pontuação mínima é três e a
máxima 15, pontuações menores ou iguais a oito são compatíveis com o estado de
coma.

Abertura Ocular Espontânea 4


Ao comando verbal 3
À dor 2

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Ausente 1
Resposta Motora Obedece a comandos 6
Localização à dor 5
Flexão inespecífica (retirada) 4
Flexão hipertônica 3
Extensão hipertônica 2
Sem resposta 1
Resposta Verbal Orientado e conversando 5
Desorientado e conversando 4
Palavras inapropriadas 3
Sons incompreensíveis 2
Sem resposta 1

4.2 Traumatismo da Coluna Vertebral

A idéia mais difundida em relação aos acidentes é que “não se deve


remover a vítima”, uma vez que a remoção inadequada pode causar danos
irreversíveis. Tal preocupação é fundada, principalmente no risco de lesão de coluna
vertebral. Esta, se não reconhecida e adequadamente tratada, pode deixar a pessoa
paralítica por toda a vida ou levá-la à morte imediata.
Este tipo de traumatismo é mais comum em jovens (entre 16 e 35 anos),
tendo como causas mais freqüente: acidentes automobilísticos, mergulhões em
águas rasas, acidente de motocicletas e quedas.
A proteção da coluna cervical deve ser uma das prioridades do tratamento
pré-hospitalar, a não ser que outra situação esteja produzindo risco de vida iminente.

4.2.1 Mecanismos específicos de lesão

• Sobrecarga Axial – esta compressão da coluna ocorre mais


comumente quando a cabeça atinge um objeto e o peso do corpo, ainda em

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movimento, vai de encontro à cabeça. Exemplos: vítima sem cinto de segurança que
vai de encontro com o pára-brisa em colisão frontal, ou indivíduo que bate a cabeça
durante mergulho em águas rasas;

• Flexão excessiva, lateralização, extensão ou hiper-rotação – a coluna é


mais susceptível à flexão lateral, sendo necessário um menor grau de movimento
para produzir lesão do que na extensão e flexão antero-posteriores. Um choque
lateral causa danos mais facilmente que um impacto anterior ou posterior;

• Estiramentos - ocorrem quando a cabeça é mantida em uma posição


fixa enquanto o movimento de tronco tende a separá-los. Este é o mecanismo de
leso dos enforcamentos;
As lesões medulares podem ser classificadas do ponto de vista clínico
em completas e incompletas. As completas resultam em perda total de função, ao
exame o paciente não tem movimentação ou sensações abaixo do nível da lesão;
nas incompletas, há preservação de algumas funções. Mesmo algumas lesões que
parecem completas podem melhorar deste modo todos os pacientes devem ser
tratados com o máximo de cuidado para evitar o segundo Trauma e danos
secundários à medula espinhal.

4.2.2 Avaliação e Abordagem da Vítima

• Avaliar da cena;
• Realizar a seqüência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa
ventilação, verificação da Circulação com controle de hemorragias, verificarem
Déficits neurológicos e Exposição da vítima prevenindo resfriamentos);
• Observar sinais e sintomas indicativos de lesão da coluna como dor ao
movimento, pontos de maciez, deformidade e defesa;

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• Observar sinais e sintomas neurológicos indicativos como paralisia
bilateral, paralisia parcial, fraqueza (paresia), “dormência” do membro, sensação de
fincadas, formigamento e choque neurológico.
• Imobilizar da vítima;
• Adaptar a vítima à prancha longa, em decúbito dorsal e em posição
neutra;
• Reavaliar a imobilização, periodicamente, durante o transporte. Pode
estar “frouxa”, colocando a coluna em risco, ou muito apertada, comprometendo a
circulação nos membros.
‘ Todos os passos devem ser seguidos sem movimentação da cabeça ou
da coluna vertebral. Se há possibilidade de lesão da coluna vertebral, considerar
como certeza até que essa possa ser excluída.

4.2.3 Imobilização da coluna vertebral

A cabeça, pescoço, tórax, abdome e pelve devem ser imobilizados em


bloco. Os pacientes com indicação de cuidados especiais devem ter a coluna
imobilizada, quer se encontrem de pé, sentados ou deitados no momento do
socorro. A posição mais estável para o transporte é o decúbito dorsal, que permite
fácil acesso a todos os segmentos corporais.

4.3 Traumatismo de tórax

Os traumatismos de tórax causam aproximadamente 25% das mortes nos


pacientes politraumatizados. Cerca de 60% dos politraumatizados que evoluem para
o óbito apresentam lesões torácicas.
Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes, dependendo da
integridade da parede torácica. Os traumatismos fechados podem ser por
compressão dos órgãos torácicos ou por aceleração-desaceleração e são mais

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freqüentes que os penetrantes. Os traumatismos penetrantes podem ser causados
por arma branca ou arma de fogo. São mais evidentes e a trajetória do projétil ou
lâmina pode ser imaginada, determinando o local de lesões em órgãos. As lesões
específicas no trauma de tórax são:

4.3.1 Fratura de costelas

As fraturas mais comuns são as laterais entre a terceira e oitava costelas.


Elas são longas, finas e pouco protegidas. Fraturas simples isoladas quase nunca
trazem risco de morte. Podem ser detectadas por dor ao movimento ou palpação e,
às vezes, crepitação local. As fraturas de costelas mais baixas podem ser
associadas com lesões do fígado (à direita) e, baço (à esquerda).

4.3.2 Tórax instável

O tórax instável é causado geralmente por um impacto no esterno ou


na parede lateral com fraturas de duas ou mais costelas adjacentes em dois ou mais
pontos, deixando uma parte da parede “solta”. Esta porção perde o suporte ósseo e
passa a fazer movimento contrário ao resto do tórax em cada respiração. É uma
lesão grave e pode levar à hipóxia e à morte, se associada à contusão pulmonar e
não tratada adequadamente. O tratamento consiste em medicação para dor e, em
alguns casos, suporte ventilatório por aparelhos.

4.3.3 Contusão pulmonar

A compressão do pulmão pode produzir hemorragia dentro dos alvéolos,


reduzindo a capacidade do pulmão de transferir oxigênio para o sangue. Deve ser
suspeitada se houver sinais de trauma importante do tórax, como fraturas de várias
costelas, tórax instável e equimoses. Crianças podem apresentar contusões graves
sem qualquer sinal de lesão externa ou fratura de costela. O tratamento específico

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somente será realizado em ambiente hospitalar ou por unidade de suporte
avançado.

4.3.4 Pneumotórax hipertensivo

Pneumotórax significa a presença de ar no espaço entre pleuras. Pode ser


resultante de lesão aberta no tórax (facada, por exemplo), ou lesão do próprio
pulmão (após ser atingido por um fragmento de costela quebrada, por exemplo), ou
ambos. À medida que o ar entra para o espaço pleural ele impede o pulmão de
expandir-se e de realizar as trocas gasosas. Se o ar estiver entrando em um
mecanismo de válvula (entra e fica aprisionado), haverá compressão total do pulmão
do mesmo lado com desvio do mediastino para o lado oposto, levando à redução do
retorno de sangue para o coração e ao choque. Normalmente, há grande dificuldade
respiratória, taquicardia, hipotensão arterial e distensão do lado do tórax afetado.
Nesta situação, o ar pode escapar para debaixo da pele, podendo ser detectado
pela palpação e sendo chamado enfisema subcutâneo. O pneumotórax hipertensivo
poderá matar a vítima em poucos minutos, se não for detectado. Tratamento
específico só em ambiente hospitalar, ou por equipe de suporte avançado de vida.
Consiste na drenagem do ar, permitindo expansão pulmonar.

4.3.4 Pneumotórax aberto

É produzido quando um ferimento penetrante conecta o espaço pleural com


a atmosfera. Quando maior que 2/3 do diâmetro da traquéia torna o paciente
incapaz de encher os pulmões durante a inspiração, pois o ar tende a entrar pela
ferida e não pelas vias aéreas.

4.3.5 Contusão cardíaca

A contusão cardíaca pode produzir leso miocárdica. Deve ser suspeitada


quando a vítima apresenta contusão ou fratura esternal. Devido a sua posição

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anterior e subesternal o ventrículo direito é mais afetado que o direito. Tem como
complicações as arritmias, hipotensão e rupturas de miocárdio ou válvulas.

4.3.6 Tratamento e Condutas

• Avaliar da cena;
• Realizar a seqüência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa
ventilação, verificação da Circulação com controle de hemorragias, verificarem
Déficits neurológicos e Exposição da vítima prevenindo resfriamentos);
• Transporte imediato para centro de saúde de referência.

4.4 Trauma de Abdome

O trauma de abdome ocorre em 20 a 40% dos politraumatizados, causando


50% das mortes evitáveis por trauma. A mortalidade elevada é explicada pelo fato
de que, freqüentemente, o paciente não é diagnosticado na avaliação inicial, na
emergência. O óbito pode ocorrer devido à hemorragia extensa proveniente de lesão
aberta (trauma abdominal penetrante) ou lesão fechada (trauma abdominal contuso).
Complicações tardias também podem surgir se lesões pequenas passarem
despercebidas, principalmente quando confia no aspecto externo da vítima e não
valoriza o potencial de dano causado pelo acidente, sobretudo no trauma contuso. A
completa ausência de sintomas e sinais locais não descarta a possibilidade de
trauma abdominal.
Os traumatismos podem ser fechados ou penetrantes, dependendo da
integridade da parede abdominal.

4.4.1 Traumatismos fechados

Os traumatismos fechados podem ocorrer por compressão dos órgãos


abdominais ou por aceleração-desaceleração, e são cinco vezes mais freqüentes

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mais que os penetrantes. As vítimas podem não ter dor ou evidências de trauma ao
exame.

4.4.2 Traumatismos penetrantes

Os traumatismos penetrantes podem ser causados por arma branca ou


arma de fogo. São mais evidentes e a trajetória do projétil ou lâmina pode ser
imaginada, determinando o local de lesões em órgãos. A mortalidade é bem mais
elevada em ferimentos por arma de fogo, pois as lesões aos órgãos abdominais são
bem mais freqüentes.

4.4.3 Abordagem e condutas

• Avaliar da cena;
• Realizar a seqüência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa
ventilação, verificação da Circulação com controle de hemorragias, verificarem
Déficits neurológicos e Exposição da vítima prevenindo resfriamentos);
• Administração de oxigênio;
• Imobilização rápida;
• Acesso venoso e infuso de soro (somente com supervisão e/ou
orientação médica)
• Transporte imediato para o centro de saúde de referência.
™ A avaliação e o tratamento cirúrgico são os elementos básicos para a
redução da mortalidade dessas vítimas. Por isso, qualquer medida que retarde a
chegada da vítima até esse recurso deve ser bem justificada. O tempo de chegada
ao centro de saúde de referência é crucial.

4.5 Trauma Músculo-Esquelético

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Lesões músculo-esqueléticas ou de extremidades são muito comuns.
Pequenos acidentes domésticos, recreativos ou esportivos levam a esse tipo de
lesão, na maioria das vezes, sem maiores conseqüências.
O principal mecanismo pelos quais essas lesões podem representar uma
ameaça à vida é a perda sanguínea, que pode causar choque, dano a vasos
sanguíneos e nervos. Os tipos de lesões músculo-esqueléticas são:

4.5.1 Fraturas abertas e fechadas

Ocorre interrupção na continuidade do osso. Nas fraturas fechadas à pele


está intacta, e na fraturas abertas ocorre sobre a lesão de continuidade da pele
sobre a lesão, que pode ser produzida pelos próprios fragmentos ósseos ou por
objetos penetrantes.

4.5.2 Luxações

São lesões em que à extremidade de um dos ossos que compõem uma


articulação é deslocada de seu lugar. O dano a tecido mole pode ser muito grave,
afetando vasos sanguíneos, nervos, e a cápsula articular.

4.5.3 Entorses

São lesões aos ligamentos. Podem ser de grau mínimo ou grave, causando
ruptura completa do ligamento. As formas graves produzem perda da estabilidade da
articulação, à vezes, acompanhada por luxação.

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4.5.4 Distensões

São lesões aos músculos ou seus tendões, geralmente são causados por
hiperextensão ou por contrações violentas. Em casos graves pode haver ruptura do
tendão.

4.5.5 Amputações traumáticas

As amputações traumáticas são lesões em que há separação de um


membro ou de um uma estrutura protuberante do corpo. Podem ser causadas por
objetos cortantes, esmagamentos ou tracionamento. As causas por acidentes
industriais e automobilísticos são mais comuns em jovens.

4.5.6 Abordagem e condutas (gerais)

• Avaliar da cena;
• Realizar a seqüência ABCDE (Abertura das vias aéreas, Boa
ventilação, verificação da Circulação com controle de hemorragias, verificarem
Déficits neurológicos e Exposição da vítima prevenindo resfriamentos);
• Imobilização adequada (se lesão óssea, imobilizar incluindo uma
articulação acima e uma abaixo; e se lesão articular, imobilizar incluindo um osso
cima e um abaixo);
• Transporte para o centro de saúde de referência (realizar radiografia).

4.5.7 Condutas nas amputações

O tratamento inicial deve ser rápido pela gravidade da lesão, que pode
causar a morte por hemorragia, e pela possibilidade de reimplante do membro
amputado. O controle ABC é crucial na primeira fase do tratamento.

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O membro amputado deve ser protegido com pano limpo e o sangramento
comprimido. O uso de torniquete não é recomendado, pois reduz as chances de
reimplante com sucesso.
Observar sinais de choque hipovolêmico, devido à hemorragia.
As partes amputadas devem ser enxaguadas com solução salina normal ou
água limpa, colocadas em um saco plástico e mantidas frias durante o transporte
para o hospital. Não devem ser colocadas em contato direto com gelo.
Transportar a vítima e o membro amputado o mais rápido possível para o
hospital. Quanto mais precocemente o atendimento, mais chance tem de
reconstituição.

5.0 IMOBILIZAÇÕES

A maioria de vítima de trauma necessitará de algum tipo de imobilização e a


totalidade necessitará de transporte. O objetivo da imobilização é a condução das
vítimas à assistência especializada sem causar danos adicionais, principalmente no
que diz respeito à coluna vertebral.

5.1 Equipamentos de Imobilização

5.1.1 Colar Cervical e Imobilizador Lateral

É importante que a vítima tenha sua cabeça e coluna cervical imobilizadas


manualmente até que elas estejam fixadas em dispositivo próprio. Para imobilizar
parcialmente a coluna cervical da vítima, emprega-se um dispositivo de resina
resistente que envolve o seu pescoço como se fosse um colar. O colar cervical,
isoladamente, não imobiliza o pescoço, apenas limita os movimentos de flexão.
Utiliza-se então, o imobilizador lateral (bachal) ou fitas adesivas e rolos de pano para
fixação na prancha longa.

5.1.2 Prancha Longa

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É o equipamento indicado para a remoção de vítimas encontradas em
decúbito (deitadas). Eventualmente, pode ser utilizadas como suporte secundário
quando outros materiais são empregados. É feita de compensado naval ou resina
resistente. Possui saliência para que o socorrista possa introduzir seus dedos e
elevar a prancha, e sua espessura deve ter poucos centímetros para facilitar a
colocação do paciente. Sua superfície deve ser lisa para facilitar o deslizamento da
vítima. A maioria das pranchas encontradas no mercado suporta até 150 Kg.
A vítima deve ser fixada na prancha por, pelo menos, três cintos (tirantes),
que devem estar posicionados nos ombros, no quadril e acima dos joelhos. Após o
ajuste do tronco e das pernas, fixa-se a cabeça. Só neste momento pode-se liberar a
imobilização manual.
As técnicas para colocação de pacientes na prancha longa devem respeitar
a estabilização da coluna vertebral, movimentando a vítima em bloco. As mais
utilizadas são as manobras de rolamento.

5.1.3 KED

O KED (Kendrick Extrication Device) é um dispositivo utilizado na


imobilização da coluna cervical, vertebral e lombar em uma posição anatômica,
permitindo que a vítima seja imobilizada, extricada e transportada na posição
sentada.

Colar Cervical Prancha Longa

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Bachal KED

Equipamentos utilizados nas imobilizações de coluna vertebral


Fonte: www.med-mundo.com

5.2 Técnicas de Imobilização

Dois indivíduos podem ser suficientes para a execução destas técnicas,


porém o ideal são três. Existem rolamentos de 90 e 180 graus. O princípio básico
consiste em estabilizar inicialmente a cabeça e o pescoço mediante tração manual e,
em seguida, em alinhar os membros. Rola-se, então, o paciente em bloco,
preferencialmente pelo lado menos lesado.

5.2.1 Rolamento de 90 graus

É utilizado para vítimas encontradas em decúbito dorsal, devendo o


socorrista ficar ajoelhado por trás de sua cabeça, promovendo a estabilização
manual da coluna cervical. Aplica-se o colar cervical a partir da parte anterior do
pescoço por outro socorrista. Posiciona a prancha paralelamente à vítima, do lado
oposto ao rolamento. Os dois socorristas ajoelham-se do mesmo lado, no nível dos
ombros e dos quadris da vítima. E feito o alinhamento dos membros. Ao comando do
líder (aquele que assume a cabeça), o paciente é rolado em bloco, ficando de lado.
A prancha é deslizada até encostar-se ao corpo da vítima. Sob novo comando, a
vítima retorna ao decúbito dorsal, sobre a prancha. Se houver necessidade de ajuste
de posição, este deverá ser feito com deslizamento lateral, em bloco, sempre

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mantendo a estabilização manual da cabeça. Em seguida é feita a fixação dos
tirantes.

5.2.2 Rolamento de 180 graus

É utilizada em vítimas que se encontra em decúbito ventral. O socorrista


posiciona ajoelhado atrás da cabeça da vítima e estabiliza a cabeça e pescoço. A
prancha é posicionada no lado para qual a vítima será rolada. Os outros dois
socorristas se posicionam ajoelhados sobre a prancha, no nível dos ombros e dos
quadris. Os membros devem ser alinhados. Após comando verbal, é feito meio
rolamento na direção da prancha, ficando a vítima de lado. Os dois socorristas saem
da prancha ficando sobre o solo. Ao novo comando, completam o rolamento,
deitando a vítima sobre a prancha. Coloca-se então, o colar cervical e completa-se a
imobilização.

5.2.3 Elevação a cavaleiro

Indicada em locais estreitos. Um socorrista posiciona-se a cavaleiro nível


dos ombros do paciente, estabilizando manualmente sua cabeça e seu pescoço. O
colar cervical é aplicado por outro socorrista. Posiciona-se a prancha próximo aos
pés da vítima, no sentido de orientação de seu corpo. Um outro socorrista posiciona-
se o cavaleiro sobre a vítima no nível do seu quadril e outro no nível dos pés.
Promove então, alinhamento dos membros, no eixo do corpo e, ao comando, a
pessoa é elevada em bloco, cerca de 20 cm. O socorrista próximo aos pés desliza a
prancha por baixo do corpo da vítima. Mediante novo comando, o paciente é
colocado sobre a prancha e devidamente fixado.

5.2.4 Imobilização com a vítima sentada

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Este procedimento é realizado com o uso de “KED” (colete de imobilização
dorsal). Antes de iniciar o procedimento cria-se um acesso para se chegar atrás da
vítima, onde irá promover a estabilização manual da cabeça e do pescoço. Outro
socorrista se encarrega da colocação do colar cervical. O KED é colocado entre o
banco e as costas da vítima. São, então, presos os tirantes médio, inferior, das
coxas e, por último, o do tórax. Em seguida, fixa-se a cabeça, liberando-se a
imobilização manual. Um socorrista aborda a vítima pelas pernas e pelo quadril e
outro pelas alças do colete. Promovem, então, rotação, deixando a vítima de costas
para a porta e com os pés sobre o banco do passageiro. A prancha longa será
colocada com sua extremidade inferior sob as nádegas da vítima e a extremidade
superior apoiada por outro socorrista. A vítima é, então, deitada sobre a prancha e
deslizada para adaptação a esta. Os tirantes da coxa são liberados para que as
pernas possam ser estendidas. Em seguida, fixa a vítima à prancha.

6.0 PARTICULARIDADES NO ATENDIMENTO DE BÊBES E CRIANÇAS

De uma forma geral, a avaliação e tratamento das enfermidades e traumas


do bebê e na criança, são basicamente os mesmos indicados para os adultos.
Porém, deve considerar as características peculiares do bebê e da criança, pois sua
fisiologia e respostas emocionais são especiais.
Um exemplo da anatomia característica dos bebês e das crianças está na
cabeça, que é maior e mais pesada, em proporção ao resto do corpo. Em traumas
suspeite especialmente de danos na coluna vertebral e na cabeça. Também,
manipule a cabeça de uma criança de até 18 meses com extrema precaução. Não
aplique pressão nas estruturas delicadas como as fontanelas. A área da superfície
do corpo de um bebê ou de uma criança é grande se comparada à sua massa
corporal. Isto os faz mais vulneráveis a hipotermia. Cobrindo o paciente,
especialmente a cabeça, ajudará mantê-lo aquecido.
Não espere pelo aparecimento de sinais e sintomas de choque no bebê. Se
o trauma ou a enfermidade apresentam risco potencial, providencie
antecipadamente os cuidados de emergência. Deve lembrar de que uma criança tem

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menos sangue que um adulto. Uma perda de sangue relativamente pequena pode
oferecer risco de morte.
As crianças respiram pelo nariz, que se estiver obstruído, não os fará
abrirem a boca para respirar. Por isso, deve preocupar em limpar o nariz das
secreções. Lembrar também de que a língua é proporcionalmente maior em
crianças, que é uma possível causa de obstrução das vias aéreas. Quando
manusear as vias aéreas de um bebê, tenha certeza de que a cabeça está numa
posição neutra, nem hiperfletida e nem hiperestendida.
Qualquer alteração respiratória em bebê e crianças é grave. Para
insuficiência respiratória, providenciar oxigênio através de uma máscara de tamanho
pediátrico. Para insuficiência respiratória severa ou parada respiratória, providenciar
ventilações ou ventilador manual (ambú) com oxigênio suplementar e, transportar
imediatamente para o hospital.
As crianças toleram febre alta melhor que os adultos, mas uma febre que
sobe rapidamente pode causar convulsões. Providenciar transporte para a criança, o
mais rápido possível. Também encaminhar a criança com diarréias e vômitos para a
assistência médica.
Fique atento para necessidades emocionais e para o sofrimento do paciente
vítima de maus tratos, abuso sexual ou negligência. Nestes casos, deve ser discreto
nas suspeitas, na presença do possível indivíduo que praticou o abuso, mas, deve
defender a criança e informar as suspeitas para as autoridades competentes.
Os cuidados gerais para traumas de bebê ou criança são:
• Assegurar as vias aéreas permeáveis. Usar a manobra de tração da
mandíbula para proteger a coluna cervical;
• Assegurar que as vias aéreas estejam limpas. Fazer aspiração, se
necessário;
• Providenciar oxigênio pela máscara ou fazer ventilações com um
ventilador manual com máscara e oxigênio suplementar, seguindo o protocolo;
• Imobilizar a coluna vertebral;
• Providenciar transporte o mais rápido possível para o centro de saúde
de referência;

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• Durante o transporte, reavaliar sempre as condições do bebê ou
criança e oferecer os cuidados adequados.
Quando for determinar prioridade de transporte para o bebê ou criança,
considere alta prioridade se:
• O estado geral da criança não for bom;
• O paciente estiver diferente ou apático;
• Paciente com vias aéreas comprometidas;
• Dificuldade respiratória ou respiração inadequada;
• Possibilidade de choque;
• Hemorragia descontrolada.
Deve-se prestar atenção para condições de risco de vida e lembrar que uma
resposta indiferente da criança necessitará de cuidados imediatos.

-----FIM DO MÓDULO II-----

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Curso de
Urgência e Emergência

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na bibliografia consultada.

M
MÓDULO III

1.0 HEMORRAGIA

A importância do sangue é inquestionável. O sangue é o meio onde é


realizado o transporte de oxigênio e nutrientes para as células e gás carbônico e
outras excretas para os órgãos de eliminação.
O corpo humano possui normalmente um volume sanguíneo de
aproximadamente 70ml/Kg de peso corporal para adultos e 80ml/Kg para crianças,
ou seja, um indivíduo com 70ml/Kg possui aproximadamente 4.900ml de sangue.
Hemorragia é definida como a perda de sangue devida ao rompimento de
um vaso sanguíneo.
Quanto maior a quantidade perdida de sangue, mais graves serão as
hemorragias. Geralmente a perda de sangue não pode ser medida, mas pode ser
estimada através da avaliação do paciente (sinais de choque compensado ou
descompensado).
Quanto mais rápida a hemorragia, menos eficientes são os mecanismos
compensatórios do organismo. Um indivíduo pode suportar a perda de um litro de
sangue, que ocorre em um período de horas, mas não tolera esta mesma perda se
ela ocorrer em minutos.
Os mecanismos normais que o corpo possui para limitar as hemorragias são
as contrações da parede dos vasos sangüíneos, diminuindo o tamanho da abertura
por onde o sangue está escapando e a coagulação do sangue, que é uma série de
reações químicas. Formando o trombo ou coágulo, que bloqueia o escape de
sangue pelo orifício de vaso lesado.
Estes mecanismos têm como objetivo a hemostasia, ou seja, o controle do
sangramento pelo organismo isoladamente defendendo-o, ou em associações com
técnicas de tratamento médico-básicas e avançadas (cirúrgicas).

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Os pacientes com distúrbios no mecanismo de coagulação, por exemplo, os
hemofílicos, podem apresentar hemorragias graves por traumas banais.

1.1 Classificação das Hemorragias

1.1.1 Hemorragias externas

Sangramento de estruturas superficiais com exteriorização do sangue.


Podem ser controladas utilizando técnicas básicas de primeiros socorros. As
hemorragias podem ser: arterial, venosa e capilar.

Tipos de hemorragias externas.


Fonte: www.manualscout.cl/ppa/clashemo.gif

1.1.2 Hemorragias internas

Sangramento de estruturas profundas pode ser oculto ou se exteriorizar (por


exemplo, hemorragia do estômago com hematêmese). As medidas básicas de
socorro não funcionam. O paciente deve ser tratado no hospital.

1.2 Conseqüências das Hemorragias

As hemorragias graves não tratadas ocasionam o desenvolvimento do


estado de choque. As hemorragias lentas e crônicas (através de uma úlcera, por
exemplo), causam anemia (ou seja, quantidade baixa de glóbulos vermelhos).
O quadro clínico varia de acordo com a quantidade perdida de sangue,
velocidade do sangramento, estado prévio de saúde e idade da vítima.

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Perdas de até 15% do volume sanguíneo (750ml em adultos), geralmente
não causam alterações. São totalmente compensadas pelo corpo (exemplo: doação
de sangue).
Perdas maiores que 15% e menores que 30% (750 a 1.500ml). Geralmente
causam estado de choque (sem hipotensão arterial). Os sinais e sintomas são:
ansiedade, sede, taquicardia, pulso radial fraco, pele fria, palidez, suor frio,
taquipnéias, enchimento capilar lentificado.
Perdas acima de 30% (maiores que 1.500) levam ao choque
descompensado com hipotensão. Os sinais e sintomas são: alterações das funções
mentais, agitação, confusão ou inconsciência, sede intensa, pele fria, palidez, suor
frio, taquicardia, pulso radial ausente, taquipnéia importante, enchimento capilar
lento.
A perda de mais de 50% do volume sangüíneo causa morte.

1.3 Reconhecimento das Hemorragias

As hemorragias externas podem muitas vezes ser reconhecidas na


inspeção. O sangue pode ser absorvido pelas vestes da vítima, pelo solo ou tapetes,
dificultando a avaliação pelo profissional de emergência. Os pacientes
politraumatizados com sinais de choque e lesões externas pouco importantes
provavelmente apresentam lesão interna.
Os locais mais freqüentes de hemorragia interna são: o tórax e o abdome.
Observar presença de lesões perfurantes, e equimoses ou contusões na pele sobre
estruturas vitais. Os órgãos abdominais que mais freqüentemente produzem
sangramentos graves são: o fígado e o baço. Algumas fraturas, especialmente de
quadril e fêmur, podem produzir hemorragias internas graves. Observar
extremidades com deformidade e dolorosas e instabilidade pélvica. A distensão
abdominal com dor após traumatismo deve sugerir hemorragia interna.
Algumas hemorragias internas podem se exteriorizar, por vezes,
hemorragias do tórax produzem hemoptise, que é à saída de sangue através das
vias aéreas. O sangramento do esôfago, estômago e duodeno. Eles possam se

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exteriorizar através da hematêmese, que é a saída de sangue com o vômito, o
sangue eliminado pode se vermelho vivo ou estar parcialmente digerido, com
aparência de borra de café. Neste caso, o socorrista pouco pode fazer no pré-
hospitalar para controlar a hemorragia. As condutas visam ao suporte da vida,
principalmente via aérea e respiração, até o hospital.

1.4 Abordagem da Vítima e Condutas (Hemorragias Externas)

1. Realizar ABCDE;
2. Desobstruir vias aéreas e efetuar assistência ventilatória, se
necessário. Suplementar oxigênio em alta concentração, utilizando máscara com
reservatório e fluxo de 12L/min;
3. Elevar extremidades com sangramento acima do nível do coração;
4. Colocar compressa sobre o ferimento, efetuando a compressão direta
da lesão, com a mão enluvada. Caso a compressa fique encharcada de sangue,
coloque novas compressas secas sem retirar a primeira. O objetivo é não retirar o
coágulo;
5. Fixar a compressa sobre o ferimento com bandagem ou, caso não
disponha de bandagem, manter a compressão manual.
6. Se houver persistência da hemorragia, ocluir a artéria próxima ao
ferimento, para diminuir a circulação no local.
A compressão direta e a elevação do membro são os principais métodos
para deter uma hemorragia, pois não diminuem a irrigação sanguínea em outros
locais.

1.5 Controle das Hemorragias Internas

O controle pré-hospitalar de hemorragias internas é impossível, o


tratamento é cirúrgico. Pacientes com hemorragias internas devem ser removidos
rapidamente para o hospital, mantendo os cuidados de suporte básico de vida.

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Em focos de fratura é possível reduzir a perda sanguínea através de
manipulação adequada e imobilização.

2.0 CHOQUE

Choque é uma síndrome caracterizada pela incapacidade de o sistema


circulatório fornecer oxigênio e nutrientes aos tecidos de forma a atender as suas
necessidades metabólicas. A insuficiência circulatória causa dano celular e lesão em
vários órgãos, que podem tornar-se irreversível se o choque não for rapidamente
corrigido.
Não se deve definir choque com base apenas na pressão arterial, já que
existem condições que pode haver hipotensão sem choque, com oferta e consumo
adequados de oxigênio.
O conceito atual de choque e toda sua fisiopatologia envolvem um
desequilíbrio entre a oferta e a demanda celular de oxigênio. Para que as
necessidades metabólicas celulares sejam atendidas, deve haver uma adequada
oferta de oxigênio. Esta oferta é a quantidade total de oxigênio transportada aos
tecidos, e é dependente de três fatores: a concentração de hemoglobina, o débito
cardíaco e o conteúdo de oxigênio no sangue arterial.
Após o estabelecimento do quadro de choque, vários mecanismos
compensatórios ocorrem para preservar o suprimento de oxigênio a órgãos vitais
como coração e o cérebro, atuando para restaurar pelo menos parcialmente o
volume intravascular efetivo e aumentar o débito cardíaco.
A moderna classificação do choque foi proposta por Weil em 1972,
utilizando quatro categorias, baseadas na causa primária da anormalidade
perfusional. Estas categorias, contudo, não são isoladas entre si, havendo
considerável superposição entre os diversos tipos.

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2.1 Choque Hipovolêmico

No choque hipovolêmico o desarranjo inicial é a perda de volume circulante,


com redução do retorno venoso e diminuição do débito cardíaco e da oferta de
oxigênio. A pressão arterial isoladamente não é um bom indicador da severidade do
choque hipovolêmico, pois pode ser mantida em níveis próximos da normalidade
devido à vasoconstrição intensa (especialmente em pacientes jovens e sem
patologia prévia), devendo ser analisada em conjunto com outros parâmetros na
avaliação da gravidade do choque.
Nas fases iniciais o choque hipovolêmico é rapidamente reversível pela
restauração apropriada do volume intravascular. Contudo, se a perfusão tissular e a
oferta de oxigênio permanecem severamente diminuídas, dano celular irreversível
pode ocorrer.
O choque hipovolêmico pode ser classificado em hemorrágico e não-
hemorrágico. O choque hipovolêmico hemorrágico caracteriza por baixas pressões
de enchimento ventricular e pressão capilar pulmonar associada a níveis reduzidos
de hemoglobina e hematócrito. Pode ocorrer por perdas sanguíneas externas ou por
sangramentos ocultos, não exteriorizados.
O choque hipovolêmico não-hemorrágico é resultante de perda apenas do
componente líquido do compartimento intravascular. Geralmente estes casos são
devidos à perda excessiva de líquidos pelos tratos gastrointestinais ou urinário.
Também pode ser resultado de transudação para o meio extravascular, como ocorre
nas queimaduras, traumatismos extensos em partes moles, peritonites, pancreatites
e obstrução intestinal. Achados que suportam o diagnóstico de choque hipovolêmico
não hemorrágico incluem baixas pressões de enchimento e hematócrito normal ou
elevado.

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2.2 Choque Cardiogênico

Choque cardiogênico pode ser definido como uma incapacidade primária do


coração de fornecer um débito cardíaco suficiente para as necessidades
metabólicas, na presença de um volume circulante adequado. Pode ser encontrado
em diversas situações clínicas, porém, sua principal causa é a perda súbita de
massa muscular por infarto agudo do miocárdio (IAM). O choque cardiogênico ocorre
em cerca de 7 a 10% dos casos de IAM, com mortalidade de 70 a 90%, sendo
geralmente associado à perda superior a 40% da massa muscular do ventrículo
esquerdo. Esta perda pode ocorrer em conseqüência de um grande infarto ou com
infartos menores sucessivos.
O resultado do tratamento clínico no choque cardiogênico é extremamente
desfavorável. A mortalidade é alta e os sobreviventes apresentam baixa expectativa
de vida devido ao avançado grau de insuficiência cardíaca que se estabelece. A
infusão de drogas inotrópicas deve ser iniciada imediatamente. Vasodilatadores
como a nitroglicerina ou nitroprussiato de sódio, podem ser benéficos, pois diminuem
a pré e pós-carga, reduzindo a congestão pulmonar e facilitando o esvaziamento
ventricular. O uso de dispositivos de assistência circulatória mecânica, o balão intra-
aórtico, pode ser uma alternativa terapêutica nos casos de grande perda de massa
ventricular.

2.3 Choque Anafilático

As reações alérgicas do tipo I, ou anafiláticas, são mediadas por anticorpos


da classe IgE. Como parte da reação ao antígeno, os anticorpos são gerados e
ligados a receptores de superfície nos mastócitos e basófilos com alta afinidade por
sua porção Fc. Se a porção Fab dos anticorpos se ligarem a um antígeno, ocorre a
ativação de múltiplos sistemas enzimáticos intracelulares, levando à produção e
liberação de vários mediadores químicos vasoativos (histamina, prostaglandinas,
leucotrienos), causando vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular e

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inflamação. A reação ocorre pouco tempo após a exposição ao antígeno é
caracterizada por sensação de sufocamento, broncoespasmo, edema laríngeo,
angiodema, respiração ruidosa, transudação pulmonar e alterações cutâneas
agudas urticariformes. As seguintes alterações hemodinâmicas são encontradas:
baixas pressões de enchimento ventricular, débito cardíaco baixo, resistência
vascular sistêmica reduzida e em geral hematócrito elevado.

2.3 Choque Neurogênico

A insuficiência circulatória periférica aguda de causa neurogênica acontece


nos casos de sofrimento intenso do tronco cerebral, precedendo a morte encefálica,
com falência hemodinâmica e vasodilatação generalizada por perda do tônus
vasomotor simpático, ou em lesões da medula espinhal alta, caracterizando o
“choque espinhal”. Este último inclui hipotensão arterial secundária a vasodilatação
periférica pela deficiente atividade autonômica simpática e pela hipotonia e paralisia
musculares.
A diminuição da inervação simpática resulta em redução do débito cardíaco,
pois provoca redução da contratilidade miocárdica e do retorno venoso pelo
aumento do volume sanguíneo no sistema capacitância venosa secundária e
venodilatação. Finalmente, reflexos cardíacos em nível espinal também estão
abolidos, pois a lesão T1 a T4 leva à perda de inervação simpática cardíaca,
facilitando a bradicardia uma vez que a inervação vagal parassimpática permanece
preservada.

2.4 Choque Séptico

Este termo refere-se ao estágio avançado de uma síndrome progressiva,


denominada sepse. Termos como sepse, septicemia, bacteriemia, síndrome séptica,
choque endotóxico, choque séptico são usados como sinônimos, dando margem a
confusões e um conhecimento impreciso da fisiopatologia.

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Choque séptico pode ser causado por uma variedade de microorganismos.
Os mais freqüentemente envolvidos são as bactérias gram-negativas (50% dos
casos) e gram-positivas (30 a 35% dos casos). O restante abrange bactérias menos
comuns, fungos, vírus e até protozoários. Apesar de a sepse poder afetar qualquer
faixa etária, o risco maior é para pessoas acima dos 65 anos, pois a defesa contra
infecções requer uma complexa interdependência de diversos sistemas que podem
ser comprometidos pela idade avançada e pela presença de condições co-mórbidas
que aumentam a suscetibilidade às infecções. Fatores que predispõem à sepse por
qualquer agente incluem desnutrição, alcoolismo, diabetes melito, neoplasias, AIDS,
doenças leucoproriferativas, cirrose hepática, queimaduras, tratamento com
imunossupressores e procedimentos invasivos.
O processo, na sepse, começa com a proliferação do microorganismo no
foco da infecção. O organismo pode invadir a corrente sanguínea diretamente,
levando as hemoculturas positivas, ou pode proliferar apenas localmente e liberar
várias substâncias na circulação.
O choque séptico é caracterizado inicialmente por débito cardíaco reduzido,
devido à hipovolemia e ao baixo retorno venoso que existe na maior parte dos
casos. Diversos fatores contribuem para a diminuição do volume intravascular:
a) Desidratação produzida por febre, taquipnéia, redução da ingestão de
líquidos e eventualmente vômitos, diarréia, poliúria, sangramentos e seqüestração
em cavidades;
b) Aumento da permeabilidade vascular e transudação para o espaço
extravascular;
c) Aumento da capacitância venosa por venodilatação;
d) Síntese protéica redirecionada para a produção de diversas proteínas da
fase inflamatória aguda em detrimento da síntese de albumina, com redução da
pressão coloidosmótica intravascular.
Após a adequada reposição volêmica, os achados típicos do choque séptico
são: débito cardíaco elevado e resistência vascular reduzida, com tendência ao
aumento progressivo da resistência vascular pulmonar.

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2.5 Tratamento do Choque

A maior parte dos casos de choque requer administração de volume


intravascular. O maior desafio neste ponto é restaurar rapidamente as pressões de
enchimento ventricular a um nível ótimo sem comprometer secundariamente a
função respiratória por sobrecarga hídrica.

2.5.1 Transfusões

Os principais motivos que levam à transfusão de sangue em pacientes em


estado crítico são hemorragia aguda e aumento da capacidade transportadora de
oxigênio. A ocorrência de efeitos adversos com as transfusões faz com que as suas
indicações sejam cada vez mais criteriosas.

2.5.2 Soluções Cristalóides

Soluções isotônicas como soro fisiológico a 0,9% e a solução de Ringer é


universalmente reconhecido como expansores volêmicos primários. Uma dificuldade
que surge com seu uso é a necessidade de grandes volumes para a ressuscitação,
muitas vezes resultando em edema pulmonar e periférico. Estas soluções
equilibram-se rapidamente entre compartimentos intra e extravascular. Apresentam
efeitos hemodinâmicos máximos no término da infusão, não produzindo efeitos
duradouros.

2.5.3 Soluções Colóides

Os colóides têm seu efeito Máximo duas a três horas após o término da
infusão, com persistência de 12 a 24 horas. Sua utilização baseia-se na presença de
grandes moléculas relativamente impermeáveis às membranas capilares,

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produzindo uma efetiva pressão osmótica no intravascular com pouco
extravasamento para o extravascular. O efeito final é uma marcada redução no
volume infundido necessário para a expansão volêmica.
As principais soluções colóides utilizadas são: Albumina, Plasma, Gelatina
(Haemacel®)., Dextrans, Amido hidroxietílico (Plasmasteril®), Drogas vasoativas
(Dopamina, Dobutamina, Noradrenalina, Nitroprussiato de Sódio).

2.6 Acesso Venoso

O cateterismo Venoso Periférico é indicado para permitir reposição volêmica


e administração de medicamentos por via intravenoso.
Os acessos venosos recomendados pela facilidade e segurança são as
veias periféricas de membros superiores. Caso todas as veias de uma extremidade
superior estejam inacessíveis, pode ser necessário posicionar um cateter venoso em
uma extremidade inferior e, neste caso a veia recomendada é a safena
anteriormente ao maléolo medial da tíbia. Devido às condições encontradas em
ambientes pré-hospitalares, nem sempre é possível manter níveis adequados de
assepsia durante a obtenção do acesso venoso. Após a estabilização do paciente no
hospital, os cateteres venosos devem ser substituídos durante o primeiro
atendimento.
Os cateteres para punção venosa podem ser de vários tipos: cateter dentro
da agulha (intracath), cateteres sobre a agulha (jelco) e tipo scalp.
Cateteres sobre agulha são os mais utilizados no ambiente pré-hospitalar,
pois são fáceis de colocar, têm um diâmetro interno maior que a agulha e diminuem
o extravasamento.
Os cateteres dentro da agulha são pouco utilizados no ambiente pré-
hospitalar, pois apresentam maior incidência de extravasamento, pois têm o orifício
de introdução mais largo que o cateter e costumam ser menos calibrosos do que os
anteriores.

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2.6.1 Técnica de Punção Venosa

• Colocar o paciente em posição de conforto, em decúbito dorsal, com a


extremidade que vai ser utilizada para a punção repousando sobre uma superfície
firme;
• Aplicar o garrote acima da fossa antecubital, prendendo-o de modo que
possa ser removido com apenas uma das mãos;
• Se possível, solicitar ao paciente que abra e feche suas mãos para
auxiliar a visualização da veia;
• Selecionar uma veia apropriada. Os melhores locais são o aspecto
radial do antebraço junto ao punho e o dorso da mão. A veia não necessita ser
visualizada para ser cateterizada com sucesso;
• Realizar a assepsia do local escolhido;
• Segurar o conjunto agulha-cateter diretamente com sua mão
dominante;
• Inserir o conjunto agulha-cateter através da pele em um ângulo de 10º
a 20º sobre a veia ou o seu lado; aplicar tração na pele distal ao sítio de punção;
• Ao penetrar a luz da veia se observará o sangue fluindo; continuar
inserindo o conjunto por 4 a 6 mm e observar o retorno do sangue;
• Manter a agulha em posição e empurrar somente o cateter para dentro
da veia;
• Ocluir a veia em local proximal ao cateter e remover a agulha;
• Soltar o garrote;
• Conectar o equipo ao cateter e iniciar a infusão;
• Fixar o cateter com esparadrapo.

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Cateter inserido no dorso da mão
Fonte: www.enfermeriadeurgencias.com

3.0 QUEIMADURAS

A maior parte das queimaduras que ocorre nas residências é de pequena


gravidade. Somente 3 a 5% dos casos são graves. As queimaduras têm o potencial
de desfigurar, causar incapacitações temporária ou permanente ou mesmo a morte.
A principal conseqüência da queimadura é a perda de líquidos, que saem
dos vasos sanguíneos e espalham-se entre as células, causando edema e redução
do volume circulante, com conseqüente insuficiência circulatória (choque).
A gravidade da queimadura depende da causa, profundidade, percentual
de superfície corporal queimada, localização, associação com outras lesões,
comprometimento de vias aéreas e o estado prévio da vítima.

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3.1 Classificação das Queimaduras

3.1.1 Quanto à profundidade

1º Grau – se restringem à epiderme e são causadas por exposição ao sol,


líquidos quentes ou contato rápido com cáusticos. Manifestam por vermelhidão, dor
leve a moderada e, algumas vezes, bolhas muito pequenas;
2º Grau – acometem epiderme e derme e são caracterizadas pela presença
de bolhas. Levam, dependendo da extensão, a perda de líquido significante,
podendo causar choque. São causadas por exposição prolongada aos agentes
anteriores, mas também por chama;
3º Grau – acomete toda a extensão da pele (epiderme, derme e
subcutâneo) e, em alguns casos, tecidos mais profundos (músculos, tendões e
ossos). Apresenta coloração tipo marmórea ou enegrecida e consistência firme,
como couro. Apesar de a queimadura de 3º grau não ser dolorosa, quase sempre
existem áreas de 2º grau em suas proximidades. Por isso, deve-se sempre
considerar que o paciente sente dor intensa. Queimaduras estão entre as mais
dolorosas lesões que o ser humano pode experimentar.

1º grau 2º grau 3º grau


As figuras acima ilustram os tipos de queimaduras e as lesões provocadas por cada uma.
Fonte: www.drsergio.com.br

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3.1.2 Quanto à extensão

A extensão é estimada pela regra dos nove. A cabeça e cada membro


superior representam 9% da superfície corporal, cada membro inferior 18% e o
tronco 36% da superfície corporal.
Em crianças pequenas deve-se atribuir maior valor à cabeça (18%) e menor
valor às extremidades inferiores (13,5%).

Regra dos nove: porcentagem relacionada a cada área corporal


Fonte: www.ufrrj.br

3.1.3 Quanto à localização

Queimaduras nas seguintes áreas são consideradas lesões graves:


- Mãos e pés: podem produzir incapacidade permanente após o processo
de cicatrização devido às retrações;
- Face: associa-se com queimaduras de vias aéreas, inalação de fumaça,
intoxicação por monóxido de carbono e desfiguração;
- Olhos: podem causar cegueira;

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- Períneo: tem alta incidência de infecção, sendo de difícil tratamento.

3.2 Queimadura Térmica

Causadas pela condução de calor através de líquidos, sólidos, gases


quentes e do calor de chamas.
Uma queimadura superficial ou pouco profunda (1º e 2º graus) envolvendo
pequena porção do corpo do paciente tem menor gravidade, exceto quando envolver
o sistema respiratório, face, mãos, pés, virilha, nádegas e articulações. Se estas
aéreas apresentarem queimaduras graves ou se as queimaduras cobrirem
inteiramente uma parte do corpo, trate o paciente como um grande queimado.

3.2.1 Conduta

• Avaliar a cena;
• Realizar ABCDE;
• Resfriar a área queimada;
• Envolver a queimadura com curativo frouxo, estéril ou limpo;
• Oferecer cuidados especiais às áreas que são consideradas lesões
graves;
• Não umedecer o curativo;
• Providencie cuidados para o choque (em caso de grande queimado);
• Transporte para o hospital
Obs.: Na avaliação da vítima de queimaduras, nunca arranque suas roupas
aderidas ao corpo, pois pode provocar maiores danos aos tecidos queimados.

3.3 Queimaduras Químicas

Existem numerosas substâncias capazes de causar lesões. Algumas


substâncias podem ser voláteis e causar lesão por inalação ou mesmo

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envenenamentos As queimaduras químicas colocam em risco os socorristas, por
isso, o material de segurança específico é necessário.

3.3.1 Condutas

• Use luvas, óculos de proteção e vestes especiais;


• Realizar ABCDE;
• Remova as vestes contaminadas da vítima;
• Escove resíduos sólidos da pele da vítima antes da irrigação;
• Irrigue com água por 15 minutos os produtos químicos, a não ser que a
condição seja crítica e se necessite transportar a vítima mais precocemente;
• Mantenha o ABCDE.

3.4 Queimaduras Elétricas

A lesão nas queimaduras elétricas é causada pela eletricidade atravessando


os tecidos e sendo convertida em calor. As extremidades geralmente sofrem maior
dano, pois têm menor diâmetro e resultam em maior fluxo de corrente. A corrente
elétrica pode causar, imediatamente, arritmias cardíacas e paradas
cardiorrespiratórias.
Outras lesões são queimaduras da pele nos sítios de entrada e saída,
geradas pelo arco elétrico. As roupas do paciente podem se incendiar e causar
queimaduras de pele adicional. A passagem da corrente através dos músculos pode
causar violenta contração muscular com fraturas e luxações. A lesão de órgãos
internos como o fígado e o baço são raros. O dano tecidual profundo é
desproporcional ao aspecto da lesão.

3.4.1 Condutas

• Avaliar a cena;
• Realizar ABCDE;

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• Transporte o paciente para avaliação médica, pois é impossível dizer a
extensão do dano no pré-hospitalar;
• Preparar para assistir a ventilação ou para uma parada
cardiorrespiratória;
• Monitorar o paciente;
• Obter acesso venoso e início de reposição volêmica com soro
fisiológico (com autorização médica).

4.0 EMERGÊNCIAS AMBIENTAIS

4.1 Emergências causadas pelo calor excessivo

Emergências podem resultar de exposição excessiva ao calor. O corpo é


incapaz de livrar-se sozinho do calor excessivo por meio dos mecanismos naturais
de radiação, transpiração e expiração.

4.1.1 Insolação

A maior parte dos relatos dessas emergências diz respeito a uma produção
prolongada de calor corporal interno. O calor externo, que o paciente está exposto,
não precisa ser maior que a temperatura ambiental normal. Com a transpiração
continua, água e sais minerais são perdidos pelo corpo, ocasionando cãibras
musculares dolorosas ou cãibras produzidas pelo calor.
Os sinais e sintomas são: severas cãibras musculares, esgotamento,
vertigem, fraqueza e perda da consciência, pulso fraco e respiração rápida e
superficial, sudorese intensa. Nestes casos, os cuidados de emergência são:
• Realizar ABCDE;
• Conduzir o paciente para um local fresco e colocá-lo em posição
confortável;
• Afrouxar ou remover as roupas em excesso;
• Providenciar oxigênio;

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• Fornecer água se o paciente estiver consciente;
• Aplicar compressas úmidas sobre a pele para resfriá-la;
• Se necessário, transporte para um hospital, para realizar reposição
volêmica.

4.1.2 Intermação

Quando uma pessoa é exposta ao calor excessivo, os mecanismos


termorreguladores do organismo falham. A emergência, com risco de vida, é
conhecida por choque pelo calor, pode estar se desenvolvendo. A pele apresenta-se
quente e usualmente a pessoa pára de transpirar.
Muitos casos de intermação são relatados em dias quentes e úmidos.
Entretanto, muitos casos decorrem da exposição ao calor seco (exemplo: Uma
pessoa que trabalha em caldeiras com altas temperaturas). Essa é uma real
emergência, requerendo resfriamento do paciente e seu transporte para um hospital.
Os sinais e sintomas incluem: respiração profunda, seguida de superficial,
pulso rápido e forte, seguido de pulso fraco, fraqueza, escassez ou ausência de
transpiração, pupilas dilatadas, inconsciência, convulsões ou contrações musculares
podem ser observadas. Os cuidados de emergência são:
• Realizar ABCDE;
• Conduzir o paciente para um local fresco e colocá-lo em posição
confortável;
• Resfrie o paciente de qualquer maneira, retire suas roupas em
excesso, molhe-o. A temperatura do corpo deve ser abaixada rapidamente ou o
paciente corre risco de morrer;
• Bolsas de gelo, se possível, devem ser colocadas nas axilas, punhos,
tornozelos, virilhas e pescoço do paciente ou imergir o paciente em água fria;
• Monitorar os sinais vitais;
• Providenciar oxigênio;
• Transporte para um hospital.

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4.2 Emergências causadas pelo frio

Acidentes por resfriamento podem ocorrer. Alguns desses problemas são


vistos até mesmo em ambientes com temperaturas moderadas, especialmente se o
paciente for idoso ou tenha abusado de álcool ou drogas.

4.2.1 Hipotermia

O esfriamento geral do corpo humano é conhecido como hipotermia.


Exposição ao frio reduz a temperatura do corpo. Com o tempo, o corpo fica incapaz
de manter sua temperatura interna. Se a hipotermia continua, poderá levar a morte.
Os sinais e sintomas de hipotermia são:
a) Calafrios (observados em estágios iniciais);
b) Sensação de entorpecimento;
c) Sonolência e desinteresse até mesmo para atividades simples;
d) Respiração e pulsos rápidos (nas fases iniciais);
e) Respiração e pulsos lentos (observados quando a hipotermia se
prolonga);
f) Articulações e músculos rígidos;
g) Perda da coordenação e habilidade para pegar e segurar
objetos;
h) Alterações na cor da pele em face, orelhas e dedos. Inicialmente
vermelhos depois cianóticos;
i) Falha na acuidade visual (observada em casos de hipotermia
prolongada);
j) Inconsciência, usualmente com o paciente apresentando um
olhar parado (observa em casos extremos);
Os cuidados aos pacientes com hipotermia moderada (ativo com calafrios e
talvez algum entorpecimento).
a) Realizar ABCDE;

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b) Realize a assistência ao paciente e uma entrevista para determinar a
extensão do problema;
c) Mantenha o paciente seco. Remova roupas molhadas e envolva-o com
mantas;
d) Use calor para elevar a temperatura do corpo do paciente. Mova-o para
um local aquecido. Aplique calor ao corpo do paciente, na forma de bolsas de água
quente, garrafas com líquidos quentes, acolchoados elétricos ou o calor de seu
próprio corpo e de acompanhantes;
e) Se o paciente estiver consciente, dê líquidos quentes. Não dê bebidas
alcoólicas;
f) Providencie cuidado para o choque e administre oxigênio;
g) Monitore os sinais vitais;
h) Transporte para um centro de saúde de referência.

Obs.: Não reaqueça um paciente em hipotermia severa. O reaquecimento


poderá causar um ritmo cardíaco letal (fibrilação ventricular).
Considere um paciente em severa hipotermia quando apresentar os
seguintes sinais:
• Inconsciência;
• Respiração lenta ou parada respiratória;
• Pulso lento ou parada cardíaca;
• Confusão mental ou apatia;
• Rigidez muscular
Nestes casos, os cuidados de emergência devem ser:
a) Dirija-se ao paciente gentilmente. Manipulações bruscas podem
provocar ritmos cardíacos letais;
b) Assegure vias aéreas permeáveis. Providencie oxigênio, se estiver
autorizado. Uma fonte aquecida de oxigênio é recomendada;
c) Envolva o paciente com mantas;
d) Esta é uma emergência, requer um avançado suporte à vida e
transporte imediato.

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4.2.2 Congelamento

É uma forma de resfriamento local. A pele e as camadas inferiores dos


tecidos estão congeladas. É causa de ulceração profunda. Requerem manipulação
cuidadosa para evitar danos adicionais.
Os sinais e sintomas incluem:
• A área afetada da pele terá aspecto branco, como que revestida por
cera;
• A área afetada estará gelada na superfície;
• A pele poderá tornar-se manchada ou com bolhas. A cor branca pode
tornar cinza-amarelada e, por fim, cinza azulada;
• No local do resfriamento, a pele terá sua superfície gelada e as
camadas de tecidos abaixo poderão apresentar-se, também, endurecidas.

Os cuidados oferecidos a este paciente devem ser:


a) Realizar ABCDE;
b) Prevenir o choque e administrar oxigênio se estiver autorizado;
c) Cuidadosamente leve o paciente a um local aquecido;
d) Reaqueça a parte do corpo afetada como foi descrito nos casos de
hipotermia;
e) Aplique uma fonte fixa de calor sobre o local afetado;
f) Transporte para um centro de saúde de referência.

FIM DO MÓDULO III

93
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Curso de
Urgência Emergência

MÓDULO IV

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na bibliografia consultada.

M
MÓDULO IV

1.0 DIMINUIÇÃO DO NÍVEL DE CONSCIÊNCIA

As alterações da consciência são desafios para medicina em geral.


Salienta-se que a alteração de consciência é meramente um sintoma, a expressão
clínica comum a muitas patologias que põem em risco a vida do paciente, exigindo
atuação adequada e urgente.
Define-se inconsciência como ausência de qualquer resposta
psicologicamente compreensível a qualquer estímulo externo ou necessidade
interna. Os quadros clínicos responsáveis pelos quadros de inconsciência podem ser
prolongados ou de curta duração, dependendo de suas causas.
O estado de inconsciência somente em 20% dos casos é causado por
lesões cerebrais (traumatismos da cabeça, derrames cerebrais e meningite). A
maioria dos estados de inconsciência é causada por condições extracranianas
como:
• Hipoglicemia (freqüente em pacientes diabéticos que tomam insulina);
• Choque;
• Diminuição dos níveis de oxigênio no sangue;
• Intoxicações por álcool e outras drogas.

O primeiro passo no atendimento ao paciente com rebaixamento do nível de


consciência é o suporte vital. Contudo, a história clínica (atual e pregressa) deve ser
pormenorizada, com informações acuradas e em quantidade, obtidas quase que
simultaneamente ao atendimento. Nos distúrbios da consciência devem-se reunir os
dados da história, exame físico geral e neurológico, tentando realizar um
diagnóstico.

95
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O paciente, na maioria das vezes, não pode fornecer informações
adequadas. Assim, testemunhas, quando presentes, devem ser entrevistadas,
promovendo diagnósticos diferenciais importantes.
Sintomas gerais, febre, cefaléia, antecedentes epidemiológicos e doenças
pré-existentes (epilepsias, diabetes, hipertensão arterial, insuficiência hepática ou
renal), devem ser investigados. Verificar causa de pioras como infecções,
sangramentos, paradas do uso de medicação apropriada.
A próxima fase do atendimento é a realização sistemática de exame físico,
avaliando-se o paciente da cabeça aos pés (e também o dorso). Lesões cervicais
devem ser sempre consideradas e a mobilização para o exame deve ser feita de
forma cuidadosa. Dor espontânea ou à palpação na região cervical, sempre sugerir
trauma. Ferimentos na língua e na mucosa jugal lembram crise convulsiva recente.
Trauma craniano pode ser suspeitado por lacerações e ferimentos no couro
cabeludo e face.
A febre alerta para a presença de um quadro infeccioso do sistema nervoso.
A hipotermia pode representar hipotireoidismo, exposição ao frio ou uso de
barbitúricos.
É importante diferenciar o estado confusional agudo do estado de
demência. O nível de consciência pode ser avaliado descritivamente ou através de
“Escala de Coma de Glasgow”.

1.1 Abordagem e Conduta

• Realizar ABCDE;
• Posicionar o paciente em decúbito dorsal;
• Desobstruir as vias aéreas com manobras manuais;
• Assistir a respiração em pacientes bradipnéicos ou em apnéia.
Administrar oxigênio sob máscara;
• Estabilizar a coluna vertebral;
• Verificar a presença de pulso carotídeo; caso ausente iniciar RCP;

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• Pacientes com evidências de choque devem ser colocados em
decúbito dorsal com os membros inferiores elevados;
• Não permitir a administração de líquidos e/ou sólidos ao paciente,
devido o risco de aspiração pulmonar;
• Transporte rápido para o centro de saúde de referência.

2.0 SÍNCOPE

Síncope ou desmaio é a perda temporária, súbita e breve da consciência e


conseqüentemente da postura, devido à isquemia cerebral transitória generalizada
(redução na irrigação de sangue para o cérebro).
Síncopes simulam crises de ausência simples ou crises parciais complexas
com perda da consciência desde o início. A abordagem inicial de pacientes com
síncope envolve diversos passos (suporte básico de vida) antes da suspeita de uma
crise epiléptica. Verificação da condição hemodinâmica, pesquisa de distúrbios
metabólicos ou hipóxia fazem parte desta rotina.
A síncope é um problema freqüente, sendo responsável por 1 a 6% de
todas as admissões hospitalares. Cerca de 30% das pessoas têm pelo menos uma
síncope nas suas vidas; Em 40% existe recidiva, sobretudo após os primeiros 12
meses após o primeiro episódio.
As causas principais são as alterações vasovagais, ou seja, uma
hipersensibilade do reflexo vasovagal, ocasionando dor intensa, estresse, emoção.
Ou secundária a fatores cardíacos (arritmia cardíaca e/ou cardiopatia obstrutiva) ou
mais freqüentemente devido à alteração da resposta neuromediada do sistema
nervoso autônomo que controla a pressão arterial e a freqüência cardíaca.
As outras causas são devido à hipotensão postural, após mudança rápida
para posição de pé e medicamentos como anti-hipertensores, antiarrítmicos e
antidepressivos, que são os fármacos normalmente associados à perda de
consciência (estas drogas podem tornar o doente mais susceptível para mudanças
de pressão sanguínea).

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Na síncope, nem sempre existe uma diferenciação tão clara e os achados
de exames diagnósticos podem ser frustrantemente inespecíficos.

3.0 CONVULSÃO E EPILEPSIA

O cérebro controla as funções do nosso organismo através do envio de


estímulo elétrico para os diversos sistemas.
Chama-se convulsão, ou crise convulsiva, a atividade elétrica
desorganizada e descontrolada que envia impulsos intermitentes para o organismo.
Pode-se manifestar por movimentos repetidos, hipertonia, taquicardia e
inconsciência. Em algumas, a pessoa mantém-se consciente. Aquelas em que a
pessoa, mesmo com os olhos abertos não responde a estímulos dolorosos e ficam
se debatendo, as mais graves.
A crise pode durar minutos e ceder espontaneamente. Caso se prolongue
por mais de 30 minutos, ou se repita neste período sem que a pessoa recupere a
consciência entre uma crise e outra, recebe o nome de status epilépticus. O estatus
epilépticus é uma emergência médica. O prolongamento das crises leva a uma
atividade cerebral intensa, sem que o fluxo sanguíneo atenda às suas necessidades.
Assim, sem a chegada de oxigênio e glicose suficientes, ocorre sofrimento cerebral,
podendo resultar em graves seqüelas neurológicas ou em morte.
A principal causa de convulsão é a epilepsia, porém, existem tipos de
epilepsia que não estão associados a convulsões, e existem convulsões por outras
condições diferentes da epilepsia.
A crise convulsiva tipo grande, mal pode ser precedida dos casos que
duram alguns segundos e envolvem sensações como alucinações visuais ou
gustativas. Geralmente as convulsões são de curta duração, cessando
espontaneamente sem necessidades de medicação. Divide-se em duas fases
distintas:
• Fase Tônica: dura de 15 a 20 segundos e se caracteriza por perda da
consciência e contração muscular contínua, inclusive do diafragma. No início desta

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fase a contração da musculatura abdominal força o ar pela laringe fechada,
produzindo um grito.
• Fase Clônica: tem geralmente entre 30 e 60 segundos de duração.
Ocorre alternância entre contrações musculares intensas e relaxamento em rápida
sucessão. Pode haver parada respiratória e perda do controle esfincteriano.
Caracteristicamente, ocorre salivação excessiva (sialorréia).
Após a cessação das convulsões segue-se o estado pós-comicial, onde
ocorre o embotamento, ou seja, o estado de sonolência e desorientação, após um
episódio convulsivo que dura de cinco minutos a algumas horas.
As epilepsias constituem um conjunto de síndromes caracterizadas por
crises epilépticas periodicamente recorrentes e com manifestação eletroencefálica
característica. Há certa polêmica quanto a sua classificação como doença.
Independente disto, o termo “epilepsia” refere-se a um grupo maior, compreendendo
tanto os quadros idiopáticos, sintomáticos, criptogênicos, primários ou secundários.
O quadro clínico, aliado ao ECG, determina a melhor terapêutica a ser
empregada. Daí a importância da caracterização e classificação das crises
epilépticas.
Considera-se como epiléptico o indivíduo que passa por dois episódios de
crises não provocadas com intervalo de tempo de pelo menos 24 horas. Esta
definição determina que mesmo um surto de várias crises consecutivas dentro de 24
horas ou um estado de mal epiléptico não caracterizam uma epilepsia, pois podem
ser decorrentes de fatores causais externos e não de epilepsia propriamente dita.
É importante conseguir uma descrição pormenorizada do evento, com
testemunhas. Deve pesquisar ativamente sinais podrômicos, o momento do início da
perda de contato, presença de movimentos automáticos, abalos, torções da face ou
dos olhos, tempo de duração do fenômeno, liberação esfincteriana, e eventuais
traumatismos e ferimentos decorrentes. As crises podem ser parciais ou
generalizadas.
As crises parciais caracterizam-se por descargas epilépticas que acometem
um lobo ou um hemisfério. Se o paciente preserva a plenitude cognitiva são
chamadas de crises parciais simples. Se a crise parcial atinge o complexo amígdalo-

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hipocampal, o paciente apresenta perda da plenitude cognitiva. Nesta situação
teremos uma crise parcial complexa, que pode ser acompanhada de movimentos
automáticos ou não.
As crises generalizadas caracterizam-se por alterações
eletroencefalográficas de início simétrico e síncrono em ambos os hemisférios
cerebrais. Quando estas crises apresentam manifestação motora, elas acometem os
dois lados do corpo.

3.1 Abordagem e Conduta

• Avaliar a cena;
• Procurar sinais de consumo de drogas ou envenenamentos;
• Uso de EPI´s;
• Realizar ABCD;
• Verificar o nível de consciência da vítima e se a mesma ainda
apresenta convulsões;
• Solicitar auxílio;
• Tranqüilizar pacientes lúcidos; não tentar introduzir objetos na boca do
paciente durante a convulsão;
• Não tentar conter a vítima;
• Proteger a cabeça do paciente colocando um apoio;
• Afastar do paciente de objetos perigosos;
• Aguarde a crise seguir sua evolução natural;
• Em caso de convulsão em criança febril, resfriá-la com toalhas
molhadas com água em temperatura ambiente;
• Abrir a via aérea com manobras manuais após a cessação das
convulsões;
• Assistir a ventilação, caso esta não retorne após a convulsão;
• Preparar para a ocorrência de novo episódio convulsivo, se a vítima
não recupera a consciência nos primeiros 10 minutos;

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• Caso a vítima apresente vários episódios de crises convulsivas sem
recuperar a consciência, o profissional de emergência estará diante de um estado de
grande mal epiléptico, devendo providenciar transporte imediato para um centro de
saúde de referência. Esta é uma emergência médica.

4.0 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE)

O acidente vascular encefálico (AVE) é uma condição freqüente, que


representa uma das causas mais comum de óbito. Há também o potencial de
produzir seqüelas graves nos sobreviventes. O AVE ocorre quando a circulação
cerebral é interrompida por coágulos sanguíneos ou hemorragias, causando algum
tempo a necrose da área do cérebro suprida pelo vaso obstruídos.

4.1 Causas do AVE

O AVE é produzido pela oclusão ou ruptura de um vaso sanguíneo que


irriga o cérebro. Existem dois tipos básicos de AVE:
• AVE isquêmico: é o tipo mais comum, deriva da oclusão de um vaso
sanguíneo por coágulo, que pode se originar do próprio vaso obstruído (trombo) ou
do coração ou de outro vaso (êmbolo), condição esta menos comum que a primeira.
• AVE hemorrágico: secundário à ruptura de um vaso sangüíneo
cerebral. O sangramento pode ocorrer em um vaso adjacente ao cérebro
(hemorragia subaracnóide) ou dentro da substância cerebral (hemorragia
intracerebral);

4.2 Fatores de Risco

O melhor tratamento para AVE é o preventivo; assim, as pessoas com


fatores de riscos devem ser identificadas e educadas para reconhecer os sinais de
AVE. Estes pacientes têm que ser acompanhadas permanentemente por um
médico. Os pacientes com doenças cardíacas, diabéticas e hipertensos têm maior

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chance de sofrer um AVE. Geralmente as vítimas de AVE são idosas, porém jovens
podem apresentar esta condição. Mais de 70% das vítimas têm mais de 65 anos. Os
fatores de risco que podem ser controlados são:
• Hipertensão;
• Colesterol elevado;
• Diabetes;
• Tabagismo;
• Doença cardíaca.

4.3 Sinais e Sintomas do AVE

O AVE deve ser suspeitado em qualquer paciente com perda súbita de


função neurológica ou alteração no nível de consciência. Os sinais e sintomas mais
comuns, que podem ocorrer isolados ou em combinação, são:
• Alteração do nível de consciência (sonolência, torpor ou coma);
• Cefaléia (dor de cabeça) intensa de início súbito. Qualquer cefaléia
associada à alteração do nível de consciência e dor cervical;
• Fala incoerente ou dificuldade de entender a fala;
• Paralisia ou fraqueza facial. Pedir ao paciente que sorria para tornar
este sinal mais evidente;
• Incoordenação, fraqueza, paralisia ou perda sensorial em um membro
ou diminuída (metade) do corpo;
• Perda do equilíbrio;
• Perda da visão;
• Convulsões.

Os sinais e sintomas podem atingir o máximo de severidade desde o início,


piorar gradativamente ou flutuar. Por vezes é impossível distinguir os AVE
isquêmicos dos hemorrágicos, mas a cefaléia acompanhada de náuseas e vômitos
são mais proeminentes com as hemorragias. A perda da consciência é mais
freqüente nos AVE hemorrágico.

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Muitos pacientes apresentam sintomas de um AVE com duração menor que
24 horas, são os chamados ataques isquêmicos transitórios. Estes ataques muitas
vezes precedem o AVE, devendo servir como um alerta para o risco. Os
profissionais de emergência não devem tentar diferenciar um AVE de um ataque
transitório e o paciente deve ser levado para o hospital de referência mais próximo.

4.4 Abordagem e Conduta

Até pouco tempo não havia tratamento hospitalar específico para os AVE,
os pacientes eram colocados em um protocolo geral de “Alteração do Nível de
Consciência”. Porém, com o desenvolvimento de novos tratamentos à base de
drogas, que dissolvem coágulos, tornou-se importante que estes pacientes sejam
removidos rapidamente para o hospital, mesmo que aparentemente sua situação
não seja crítica, pois, três horas após o início do quadro este tratamento não é mais
eficaz. O profissional de emergência deve ter a seguinte conduta:
• Avaliar a cena
• Realizar exame primário (ABCD);
• Observar cuidados com a coluna cervical em situações nas quais se
suspeita que o paciente possa ter sofrido algum traumatismo (em caso de queda).
• Abrir as vias aéreas é prioridade caso o paciente esteja inconsciente ou
sonolento;
• Iniciar a ventilação pulmonar, caso necessário. A respiração
inadequada piora ainda mais as condições cerebrais e pode aumentar a área de
necrose;
• Administrar oxigênio sob máscara em todos os casos e manter a
oximetria monitorizada acima de 92%;
• Prevenir a broncoaspiração, colocando o paciente em decúbito lateral,
caso ocorram vômitos;
• Caso o paciente apresenta sinais de choque, iniciar o tratamento;
• As alterações dos sinais vitais são comuns após o AVE,
particularmente a pressão arterial;

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• Exame secundário com avaliação neurológica: escala de coma de
Glasgow e escala de Cincinatti.
• Transportar para um centro de saúde de referência
Na alteração súbita no nível de consciência e paralisia podem preceder a
obstrução de vias aéreas ou a aspiração de vômito. Muitos pacientes com AVE não
podem falar, mas podem entender o que é falado.
As complicações do AVE podem ser: coma; obstrução de vias aéreas por
queda de língua; Broncoaspiração; Distúrbio respiratório; Hipertensão arterial;
Convulsões.

5.0 ANGINA DE PEITO

Angina é a dor ou desconforto que surge no tórax, causado pela chegada de


quantidade insuficiente de sangue oxigenado ao miocárdio. É descrita como uma
sensação de peso intenso ou aperto, mas pode ser do tipo queimação. Um fato
importante é que a dor pode estender-se e irradiar para o braço esquerdo (com
caráter de dor ou formigamento) ou para o lado esquerdo do pescoço ou até para a
mandíbula.
A angina é causada pela obstrução parcial das coronárias por uma placa de
gordura, que limita a capacidade do coração de aumentar a chegada de sangue
oxigenado em resposta a um aumento de consumo de oxigênio. Pode ser
desencadeada por um aumento das necessidades de oxigênio do coração, ou que
não pode ser atendida pelas coronárias obstruídas devido a exercícios físicos, febre,
emoções fortes e traumatismos.
Nos casos em que a dor dura até cinco minutos e pode ser aliviada pelo
repouso ou por medicamentos específicos, ela pode ser considerada menos grave.
Se a dor não desaparecer em menos de cinco minutos ou se não for aliviada
completamente por medicação, o paciente deverá ser levado o mais precocemente
possível para avaliação médica. Deve ser evitado qualquer tipo de esforço físico por
parte da vítima, inclusive andar até um carro.

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Quando a dor for prolongada, podemos ter duas situações: ou o paciente
tem uma angina grave (chamada de angina instável) ou um infarto agudo do
miocárdio. Ambos são considerados uma emergência. Deve ser transportado
imediatamente para o hospital.

6.0 INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO (IAM)

O infarto agudo do miocárdio (IAM) refere-se ao processo pelo qual áreas


de células miocárdicas no coração são destruídas de maneira permanente. Como a
angina instável, o IAM é usualmente causado por fluxo sanguíneo reduzido em uma
artéria coronária devido à aterosclerose e oclusão de uma artéria por um êmbolo ou
trombo. As outras etiologias do IAM incluem o vasoespasmo (constrição ou
estreitamento súbito) de uma artéria coronária; suprimento de oxigênio diminuído
(em razão da perda sanguínea aguda); e a demanda aumentada de oxigênio (em
razão de uma freqüência cardíaca rápida ou ingestão de cocaína).
Oclusão coronariana, ataque cardíaco e infarto agudo do miocárdio são
termos usados como sinônimos. A área de infarto leva tempo para se desenvolver. À
medida que as células são privadas de oxigênio, a isquemia se desenvolve, ocorre à
lesão celular e, com o passar do tempo, a falta de oxigênio resulta em infarto ou
morte das células, que não pode mais ser revertida. A expressão “tempo é músculo”
reflete a urgência do tratamento apropriado para melhorar os resultados do paciente.

6.1 Manifestações Clínicas

A dor torácica que ocorre de forma repentina e contínua apesar do repouso


e medicamento é o sintoma apresentado na maioria dos pacientes com um IAM.
Esta dor pode irradiar para os braços (principalmente o esquerdo), ou pescoço.
Alguns pacientes podem apresentar dor epigástrica, dorsal, no membro superior
direito e nos ombros. A dor pode associar-se a vômitos, sudorese, ansiedade,
inquietação e falta de ar.

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Geralmente os sintomas se iniciam em repouso, pioram gradualmente e
duram horas caso não tratado. Os sinais vitais são inespecíficos, pois podem estar
dentro dos parâmetros normais.
As complicações do IAM são classificadas como elétricas (arritmias) e
mecânicas (falência cardíaca), a fibrilação ventricular é a principal causa de óbito por
arritmias em pacientes infartados. A maioria das mortes ocorre nas primeiras 24
horas, especialmente na primeira hora (50% dos óbitos). O profissional de saúde
pode atuar com eficácia utilizando o desfibrilador semi-automático e transportando a
vítima rapidamente ao hospital.

6.2 Abordagem e Condutas

• Realizar a avaliação primária ABCD e colher informações;


• Perguntar sobre outros episódios de dor, diagnósticos prévios e uso de
medicações;
• Todo paciente adulto com dor torácica aguda e de forte intensidade
deve ser considerado como vítima de IAM, até que prove ao contrário;
• Manter a vítima em repouso absoluto;
• Tranqüilizar pacientes lúcidos;
• Caso o paciente se torne inconsciente, abrir as vias aéreas e assistir a
respiração;
• Administrar oxigênio suplementar sob máscara e todos os casos;
• Caso o paciente já tenha o diagnóstico de angina de peito, faça o uso
de medicação prescrita por médico e tenha o medicamento em seu poder;
• O transporte rápido é fundamental, pois quanto mais rápido o paciente
chegar a um centro de saúde de referência, maiores são as possibilidades de reduzir
a área de infarto;
• Obter acesso venoso periférico em membro superior, mantendo-o com
solução glicosada 5%, desde que prescrito pelo médico;
• Reavaliar freqüentemente o paciente;

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• Preparar para complicações súbitas como parada cardíaca, choque ou
edema pulmonar agudo.

7.0 O PACIENTE DIABÉTICO NA EMERGÊNCIA

O diabetes mellitus é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por


níveis elevados de glicose no sangue (hiperglicemia) decorrentes dos defeitos na
secreção e/ou na ação da insulina. Normalmente, determinada quantidade de
glicose circula no sangue. As principais fontes dessa glicose são: a absorção do
alimento ingerido no trato gastrointestinal (GI) e a formação de glicose pelo fígado a
partir das substâncias alimentares.
A insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas, controla o nível da
glicose no sangue ao regular a produção e o armazenamento de glicose. No estado
diabético, as células podem parar de responder à insulina ou o pâncreas pode parar
totalmente de produzi-la. Isso leva à hiperglicemia, a qual pode resultar em
complicações metabólicas agudas.
Existem vários tipos de diabetes mellitus. Eles podem diferir quanto à causa,
evolução clínica e tratamento. As principais classificações do diabetes são:
• Diabetes do tipo 1 – originalmente referido como diabetes mellitus
insulino-dependente, caracteriza-se pela destruição das células beta pancreática.
Acredita-se que os fatores genéticos, imunológicos e, possivelmente, ambientais
combinados contribuam para a destruição da célula beta;
• Diabetes do tipo 2 – originalmente referido como diabetes mellitus não-
insulino-dependente, está caracteriza-se pela resistência à insulina e a secreção de
insulina comprometida.

O paciente portador de diabetes mellitus dos tipos 1 ou 2 procura


atendimento médico em pronto-socorro por vários motivos:

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a) por descompensação de seu quadro metabólico, desde uma
hiperglicemia moderada até as síndromes de maior gravidade como a cetoacidose
diabética e coma hiperosmolar;
b) devido a efeitos colaterais dos medicamentos, particularmente
hipoglicemia provocada por insulina ou sulfonilréia;
c) por distúrbios agudos de consciência, que podem ser eminentemente
metabólicos ou neurológicos;
e) por cardiopatia aguda podendo haver insuficiência coronariana ou
arritmias;
f) devido à agudização de sintomas urêmicos num portador de insuficiência
renal crônica.

7.1 O Diabético na Emergência com Infecção

A idéia que pacientes diabéticos apresentam aumento da incidência de


infecção em geral não tem respaldo científico. Entretanto, algumas infecções
específicas são mais comuns em diabéticos, e algumas ocorrem exclusivamente
neles. Outras infecções ainda apresentam severidade aumentada, com risco
acentuado de complicações nos portadores de diabetes mellitus.
Inúmeras variáveis facilitam o aparecimento de infecções em pacientes com
diabetes mal controlado: desidratação, desnutrição, insuficiência vascular,
neuropatia, redução da fagocitose e da atividade bactericida dos leucócitos
polimorfonucleares.

7.1.1 Pneumonia na comunidade

Há aumento da morbidade, da mortalidade e do risco de bacteremia na


pneumonia pneumocócica em diabéticos, havendo também aumento freqüência de
pneumonia por Staphylococcus aureus e bacilos gram-negativos.

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7.1.2 Infecção urinária

Bacteriúria é mais comum em mulheres diabéticas. Há também maior


incidência de infecção em trato urinário alto, bilateralmente e com maior taxa de
complicações. Frente a um paciente diabético com disúria e polaciúria, deve-se fazer
o diferencial entre cistite bacteriana aguda e cistite fúngica.
Se a apresentação clínica for de dor em flancos e febre, faz-se a hipótese
de pielonefrite aguda, colhe-se sedimento urinário e urocultura, e inicia-se
antibioticoterapia.

7.1.3 Infecção de partes moles

São necrotizantes, podendo envolver pele, subcutâneo, fáscia e músculo. A


maioria é originada por úlceras de decúbito, ou nas extremidades inferiores em
locais de lesões cutâneas pré-existentes, ou traumas mínimos. No “pé diabético”
encontra desde pequenas úlceras causadas por S. aureus ou estreptococos, até
úlceras profundas com celulite de causa polimicrobiana.

7.2 Descompensação Diabética

Cetoacidose diabética (CAD), é uma complicação metabólica aguda do


diabetes mellitus. Embora a maior parte dos pacientes já tenha diagnóstico de
diabetes, um percentual razoável apresenta-se em primodescompensação no pronto
socorro.
Num paciente com diabetes do tipo 1, a deficiência de insulina e os níveis
elevados de glucagon, catecolaminas, GH e cortisol levam a um aumento de
catabolismo protéico e lipólise, gerando níveis séricos elevados de aminoácidos,
glicerol e ácidos graxos livres, havendo então aumento da neoglicogênese com
conseqüente hiperglicemia.

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Os sintomas e sinais são geralmente inespecíficos. Classicamente ocorre
poliúria, polidpsia, náusea, vômito, fraqueza e alteração de sensório.

7.3 O Diabético com Distúrbio Neurológico

Os pacientes diabéticos podem procurar o serviço de emergência em


virtude de quadros neurológicos agudos. Estes eventos podem ser com ou sem
déficit de consciência.

7.3.1 Com déficit de consciência

Diante de qualquer paciente que apresente distúrbio de consciência, desde


uma discreta confusão mental até um coma profundo, devemos fazer uma glicemia
capilar para descartar principalmente hipoglicemia, além de uma anamnese com os
familiares e um exame clínico e neurológico completos. O diagnóstico diferencial
neste caso pode ser: acidente vascular cerebral, hipoglicemia, descompensação
diabética.

7.3.2 Sem Déficit de Consciência

O paciente diabético pode procurar o pronto socorro devido à


mononeuropatia geralmente de início súbito e assimétrico. Pode ser de pares
cranianos ou periféricos.

7.4 O Diabético com Distúrbio Cardíaco

Doença cardiovascular é a principal causa de morte em diabéticos. A maior


incidência é a coronopatia, sendo também importante insuficiência cardíaca
congestiva. Diabetes mellitus, hipertensão arterial, resistência à insulina e obesidade

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estão claramente interligados e isso contribui significativamente para o
desenvolvimento da valvulopatia.

7.5 O Diabético com Uremia na Emergência

Diabetes mellitus é a principal causa de insuficiência renal crônica, seguida


por hipertensão arterial. Falência renal é importante causa de morte, particularmente
em diabéticos tipo 1. Os principais eventos que ocasionam tal agudização são:
a) Desidratação decorrente de mau controle do diabetes, levando à
hiperglicemia, à poliúria, à hipovolemia e ao aumento dos níveis de uréia e
creatinina;
b) Uso de drogas com potencial nefrotóxico, como antiinflamatórios
não-hormonais, ou antibióticos como aminoglicosídeos e anfotericina B;
c) Infecção urinária em especial se houver papilite necrotizante ou
pielonefrite enfisematosa;
d) Nefrotoxidade dos radiocontrastes iodados utilizados em exames
como tomografia computadorizada e urografia excretora. Os diabéticos são
particularmente susceptíveis a esta complicação;
e) Hipertensão arterial mal controlada deteriorando a função renal.
O desenvolvimento de complicações agudas do diabetes secundárias ao
controle inadequado dos níveis glicêmicos pode estar associado a outros problemas
de saúde por causa das alterações no nível de atividade e alterações fisiológicas e
na dieta relacionadas com o próprio problema de saúde primário. Portanto, o
paciente deve ser monitorado para as complicações agudas e devem ser
implementadas medidas para as suas prevenções e tratamentos precoces.

8.0 O PACIENTE ALCOOLISTA NA EMERGÊNCIA

Bebidas fermentadas são utilizadas pela humanidade há aproximadamente


8.000 anos. Acreditava-se, nesta época, que o etanol teria o poder de curar todas
as patologias conhecidas até então.

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Atualmente, o álcool é a mais comum das drogas relacionadas não apenas
ao abuso, mas também à dependência. Esta situação é agravada pela associação
freqüentemente com outras drogas ilícitas. O consumo de etanol sofreu, nas últimas
décadas, um incremento da ordem de 30%, sendo, portanto considerado como um
dos maiores problemas médico-sociais em todo o mundo. A dependência do
consumo de álcool está associada à tolerância, abstinência e incapacidade em
interromper o uso, apesar do desenvolvimento de seqüelas clínicas. Fatores
genéticos estão relacionados ao consumo de etanol.
Em decorrência das características intrínsecas dos serviços de emergência
em geral, a saber, número excessivo de pacientes com diferentes níveis de
gravidade, a abordagem ao paciente usuário de álcool no pronto socorro tende a ser
suficiente. Entretanto, deve-se salientar que o atendimento de emergência a esta
população não deve absolutamente ser subestimado, já que geralmente os
indivíduos usuários de álcool buscam os serviços de emergência por apresentarem
situações clínicas bastantes complexas concomitantes ao alcoolismo propriamente
dito.

8.1 Características e Farmacocinética do Etanol

O etanol presente em todas as bebidas alcoólicas é derivado da


fermentação de açúcares presentes em cereais, vegetais e frutas. O conteúdo de
álcool, normalmente expresso em volume percentual, varia de acordo com o tipo de
bebida alcoólica, girando em torno de 2%. O álcool etílico é tanto lipossolúvel como
hidrossolúvel. Atravessa, portanto, facilmente as membranas, atingindo todos os
segmentos do organismo.
Em virtude das suas características, uma vez ingerido, o etanol é
rapidamente absorvido pelo trato gastrointestinal, também facilmente distribuído por
todos os tecidos e fluidos corpóreos.
O etanol é armazenado nos diversos tecidos e fluidos numa proporção que
obedeça ao conteúdo de água local. O sistema nervoso central, por ser

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extremamente vascularizado, apresenta concentrações teciduais muito semelhantes
às plasmáticas.

8.2 Paciente Etilista com Problemas Neurológicos na Emergência

Várias podem ser as manifestações neurológicas em um paciente usuário


de etanol que procura serviços de emergência. Como regra geral, não se deve
assumir que a diminuição de nível de consciência no paciente alcoolizado é
simplesmente causada pela intoxicação alcoólica aguda. Este paciente deve ser
cuidadosamente investigado para a exclusão de traumatismo cranioencefálico,
hipoglicemias, intoxicações por outras drogas ilícitas, infecções, cetoacidose
alcoólica, estado pós-ictais, acidente vascular cerebral, entre outras situações.
A intoxicação alcoólica é tão comum que freqüentemente se esquece que a
mesma pode ser fatal. A tolerância, entretanto, faz com que a sintomatologia não
tenha correlação com a concentração sérica. Paradoxalmente, alguns indivíduos
podem ter excitação intensa, delírios, alucinações e comportamento violento. Alguns
têm ainda períodos de amnésia, embora permaneçam alerta.
Traumatismo craniano, com hemorragia intraparenquimatosa ou hematoma
subdural, constitui o diagnóstico diferencial mais importante em paciente etilista com
quadro neurológico. O indivíduo alcoolizado está mais propenso a sofrer acidentes,
com risco de hematoma extradural subdural agudo e contusão cerebral.
A hipoglicemia, muito comum no paciente etilista, é resultado da má
alimentação, doença hepática, depleção de glicogênio e principalmente deficiência
de niconamida-adenina-dinucleotídeo, que bloqueia a neoglicogênese.
Comportamento bizarro, agitação psicomotora, sonolência, coma e convulsão
podem ocorrer como manifestações da queda dos níveis plasmáticos de glicose.
O uso crônico de etanol está associado à ocorrência de doenças
vasculares cerebrais, que por sua vez estão relacionadas à mortalidade elevada
desta população quando comparada a indivíduos não usuários de álcool.

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Pacientes com intoxicação alcoólica são mais propensos a cometer suicídio,
sendo a dependência alcoólica o segundo fator de risco mais importante para tal. O
alcoolismo é comumente associado a distúrbios afetivos, principalmente depressão.
A abordagem de emergência a um paciente com alteração mental inclui um
acesso intravenoso, administração de glicose (25g) e tiamina (50mg). A suspeita de
traumatismo craniano deve ser investigada. As vias aéreas devem estar pérvias e a
ventilação adequada, ou medidas pertinentes terão que ser adotadas. O
emergencista tem que estar atento e suspeitar de hipoglicemia, infecção, hemorragia
intracraniana e gastrointestinal, falência hepática e insuficiência cardíaca no
paciente alcoólatra ou que tenha ingerido álcool com alteração no nível de
consciência.

8.3 Paciente Etilista com Problemas Cardiovasculares na Emergência

O consumo crônico de etanol está relacionado a uma série de


acometimentos no aparelho cardiovascular, destacando-se falência cardíaca,
hipertensão arterial, morte súbita e acidente vascular cerebral. Em fases precoces,
muitas destas alterações são totalmente reversíveis após a interrupção do consumo.
No entanto, em fases mais avançadas, a suspensão do uso de etanol está
associada, na maioria das vezes, a uma redução na sintomatologia.

8.4 Pacientes Etilista com Sintomas Gastrointestinais na Emergência

Todos os órgãos do sistema gastrointestinal são bastante afetados pelo


álcool. Sintomas inespecíficos como: náuseas, vômitos, sangramentos, diarréia e dor
abdominal são comuns. A esteatose é a primeira manifestação de doença alcoólica
hepática que pode se desenvolver após poucos dias de ingestão pesada. Ocorre
fibrose precoce, que por sua vez pode associar a uma hepatite alcoólica levando à
cirrotização. A infecção por vírus de hepatite B e C é mais comum em alcoólatras,
independentemente de outros fatores de risco.

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O abuso de álcool está associado à gastrite erosiva aguda. A gastrite
crônica no alcoólatra é devida principalmente à infecção pelo Helicobacter pylori e
geralmente responde à erradicação deste agente.

8.5 Paciente Etilista com Sintomas Respiratórios na Emergência

Agudamente, o álcool pode induzir depressão respiratória e predispor à


aspiração, com conseqüentes pneumonite e edema pulmonar.
Pneumonias bacterianas são muito comuns em pacientes etilistas em
decorrência da baixa imunidade, condições de vida desfavoráveis, carências
nutricionais entre outros. Tuberculose constitui outro diagnóstico que deve ser
aventado no indivíduo sintomático respiratório por mais de três semanas.
O alcoólatra tem maior predisposição à aspiração mesmo sem grande
depressão respiratória, com maior incidência de pneumonite e edema. Atelectasias
também são mais comuns que na população geral. Entre os alcoólatras também há
maior prevalência de tabagismo, aumentando os fatores de co-morbidade.

8.6 Sintomas e Sinais Associados ao Uso de Etanol

Frente aos achados listados a seguir, o emergencista é obrigado


considerar o etanol como um dos possíveis fatores envolvidos no quadro clínico
apresentado pelo paciente:
• Alteração do nível de consciência;
• Tontura;
• Convulsões; ataxia;
• Cefaléia;
• Náuseas e vômitos;
• Dor abdominal;
• Diarréia;
• Palpitações-taquicardia;
• Hipertensão;

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• Insuficiência cardíaca;
• Perda de peso e sinais de desnutrição;
• Achados de hipertensão portal como ascite, esplenomegalia, circulação
colateral;
• Icterícia;
• Sangramentos digestivos.

-----FIM DO MÓDULO IV-----

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Curso de
Urgência e Emergência

MÓDULO V

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores
descritos na bibliografia consultada.
MÓDULO V

1.0 INTOXICAÇÕES

Um tóxico é qualquer substância que, quando ingerida, inalada, absorvida,


aplicada à pele ou produzida, dentro do organismo em quantidades relativamente
pequenas, lesiona o corpo por sua ação química. A intoxicação por inalação e
ingestão de materiais tóxicos, tanto intencionais quanto inadvertida, constitui um
perigo importante para a saúde e é um a situação de emergência.
Os tóxicos apresentam variado grau de morbimortalidade para o homem,
daí a importância da abordagem bibliográfica entre os temas de emergências
clínicas. A constituição química do toxicante, quantidade utilizada início da
intervenção terapêutica, uso de substâncias simultâneas, presença de co-
mobidades, suscetibilidade individual, entre outros fatores, influenciam a evolução
clínica dos casos de intoxicação por esses “agentes externos”.
O estímulo às medidas de prevenção e a suspeita clínica imediata (na
chegada do paciente) são a chave para o sucesso do prognóstico nesse tipo de
patologia.
Medidas simples como o armazenamento de produtos químicos para uso
doméstico em embalagens resistentes, associado ao hábito de armazená-lo em local
seguro, fora do alcance de crianças e/ou idosos demenciados reduzem de modo
comprovado os altos índices de intoxicações acidentais registrados nos centros de
toxicologia.
A orientação da população sobre os riscos das intoxicações por
medicamentos de uso comum, assim como dos familiares de crianças e indivíduos
com antecedentes de tentativa de suicídio. São alternativas para reduzir a
freqüência de intoxicações nos prontos-socorros.
As informações obtidas dos acompanhantes do paciente, em uma
anamnese detalhada e um exame físico minucioso (logo que a estabilidade

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hemodinâmica do intoxicado assim o permita), na maioria das vezes, serão
suficientes para dar origem a um diagnóstico sindrômico até que um diagnóstico
definitivo seja estabelecido. Durante a história clínica sobre a etiologia do quadro do
paciente, é importante tentar obter receituários antigos, embalagens, os produtos
encontrados próximos à vítima, determinar o tempo entre a ingestão ou inalação do
produto até chegada ao serviço médico. Os antecedentes patológicos pregressos
(história de tratamento psiquiátrico, uso de lítio, antidepressivos cíclico,
neurolépticos, analgésicos, opióides, digitálicos, anticonvulsivantes, dependência de
drogas, etc.). São associados aos dados de exame físico como o grau de orientação,
suas condições de fornecer ou não informações adequadas, hálito, presença de
picadas ou manchas na pele, reflexo pupilar, alterações motoras e/ou
hemodinâmicas permitirão ao médico socorrista elaborar um diagnóstico, e, ao
mesmo tempo, muitas vezes, inferir a etiologia.
Intoxicação por drogas(s) entra no diagnóstico diferencial de qualquer
paciente com alteração do estado mental. Entra no diagnóstico de quaisquer sinais
ou sintomas inexplicados em crianças menores de cinco anos ou adultos jovens.
As intoxicações, geralmente, não requerem análises toxicológicas, embora
suporte de departamento de bioquímica e hematologia seja necessário. As maiores
finalidades que justificam esse procedimento são a necessidade de um tratamento
específico e do uso de antídoto para droga suspeitada. Compostos como lítio,
acetaminofen, metanol são exemplos de poucas substâncias que devem ser
avaliadas qualitativa e quantitativamente, para melhor eficácia da assistência ao
paciente vítima de intoxicação por elas.
De acordo com a epidemiologia das intoxicações no Brasil, por tipo de
agente, os medicamentos lideram as estatísticas (ácido acetilsalicílico, barbitúricos,
antidepressivos cíclicos, neurolépticos, benzodiazepínicos, digoxina, lítio, codeína),
seguidos pelos produtos de limpeza de uso doméstico (saneantes);
desengordurantes (destilados do petróleo: querosene, gasolina, tinner) e cáusticos
(soda cáustica).
Os produtos químicos industriais (sulfeto de hidrogênio, CO, tolueno, xileno)
são citados mais freqüentemente em medicina ocupacional. Em quarto lugar

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encontramos os praguicidas (raticidas, principalmente), seguidos pelos agrotóxicos
de uso doméstico (inseticidas do grupo dos clorados, fosforados, carbamatos e com
menor toxidade, os piretos) e em sexto lugar aparecem às drogas como cocaína,
maconha, opióides, isto é, drogas de abuso.
Os envenenamentos ou intoxicações predominam em crianças (<12 anos),
principalmente entre um e quatro anos. Geralmente, por supervisão inadequada dos
pais, ou pela acessibilidade de produtos caseiros com potencial tóxico. Os adultos
entre 15 e 40 anos são os mais afetados, a maioria do sexo feminino, e de modo
intencional.

1.1 Intoxicações por Ingestão

No caso provável de intoxicação por ingestão, devem-se obter informações


rapidamente. Se possível, levantar a história enquanto faz o exame físico. Ver se há
vômitos. Conferir se há qualquer substância nas roupas da vítima. A cena pode estar
associada a algum tipo específico de envenenamento.
Os sinais e sintomas de intoxicação por ingestão podem ser identificados
durante a avaliação da vítima. Eles podem incluir:
• Queimadura ou mancha ao redor da boca da vítima;
• Odores incomuns da respiração, no corpo, nas roupas do paciente ou
no ambiente;
• Respiração anormal;
• Pulsação com freqüência e características anormais;
• Sudorese;
• Pupilas dilatadas ou contraídas;
• Produção excessiva de saliva ou presença de espuma na boca;
• Dores na garganta ou na boca ou deglutição dolorosa;
• Dor no estômago ou abdominal;
• Convulsões;
• Estado alterado de consciência;

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Na maioria dos casos o cuidado de emergência consistirá em: realizar
ABCDE, diluir a substância no estômago da vítima e então administrar o carvão
ativado para absorvê-la. Nunca tente provocar vômito se a vítima estiver
inconsciente.

1.2 Intoxicação por Inalação

Obtenha o máximo de informações e o mais depressa possível, da vítima e


das pessoas presentes no local. Procure identificar a substância inalada. As
possíveis fontes podem ser os escapamentos dos automóveis, fogões a gás,
solventes industriais e latas de spray. Os sinais e sintomas de intoxicação por
substâncias inaladas variam e dependem do tipo de substância. A reação do
organismo para casos de intoxicação por gases tóxicos, freqüentemente pode
demorar. Respiração rápida e tosse são indicadores característicos. A freqüência do
pulso é normalmente muito rápida e/ou muito lenta.
Provavelmente poderá perceber a irritação dos olhos e danos das vias
aéreas. Irritações de pele e olhos podem ser tratadas com água corrente. A
prioridade do profissional de emergência deve ser cuidar dos danos às vias aéreas
da vítima. Em caso de inalação de fumaça deve ter as seguintes condutas:

• Remover a vítima com segurança para áreas livres de fumaça;


• Executar avaliação inicial e medidas de suporte básico de vida, e de
acordo com a necessidade (ABCD);
• Se a vítima estiver consciente e sem sinais de lesão no pescoço ou
coluna, coloque-o em posição sentada ou semi-sentada. Esta posição facilita a
respiração;
• Monitorar a vítima e preparar para uma perda de consciência;
• Proporcione cuidados para o choque;
• Transporte para um centro de saúde de referência.

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1.3 Intoxicação por Absorção (Contato)

As intoxicações por absorção, normalmente irritam a pele e os olhos.


Porém, há casos raros onde a substância é absorvida com mínimo ou nenhum dano
à pele. Os sinais e sintomas de intoxicação por absorção incluem uma ou todas as
seguintes reações:
• Reação cutânea – irritações moderadas de queimaduras por
substâncias químicas;
• Prurido;
• Irritação nos olhos;
• Cefaléia;
• Temperatura da pele aumentada;
• Choque por alergia (Choque anafilático)

Os cuidados de emergência para intoxicações por absorção incluem


remover a vítima da fonte da substância e lavar imediatamente com água corrente
todas as áreas expostas. Depois desta conduta inicial, remova as vestes
contaminadas e lave as áreas afetadas da pele da vítima com água e sabão,
continue lavando abundantemente com água corrente. Transporte para o hospital.

2.0 ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS

São acidentes causados por ofídios, escorpiões, aranhas, vespas, abelhas e


algumas formas marinhas de vida animal que se constitui em um tipo de
envenenamento, cujo veículo de introdução, no coro humano, se faz através de
presas, ferrões, etc.
A toxidade do veneno varia em função do tamanho e estado de nutrição do
animal agressor, a quantidade de veneno inoculada, o peso e estado de saúde da
vítima.

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Como profissional de emergência, não é necessário ser capaz de classificar
insetos, aranhas, artrópodes e ofídios, porém, deve saber o mínimo indispensável
sobre estes animais, para que seja possível utilizar a técnica adequada a cada
situação.

2.1 Envenenamento Ofídico

O acidente por picada de cobra venenosa é denominado ofidismo. O Brasil


é o país que possui a mais rica variedade de ofídios do mundo, e as não venenosas
existem em grande maioria. Podemos classificar as serpentes venenosas, no Brasil,
em quatro grandes gêneros, que são:

2.1.1 Micrurus (Corais)

Conhecidas vulgarmente como Corais. São encontradas nas regiões


Centro, Sul e Nordeste.
A ação do veneno dos Corais no organismo é muito rápida, de grande
potência e mortal, se não for cuidado a tempo. Por isso, os sintomas e sinais
aparecem em questão de minutos. São eles:
• Dificuldade em abrir os olhos;
• “Cara de bêbado”;
• Falta de ar;
• Dificuldade em engolir;
• “Formigamento” e “Adormecimento”;
• Insuficiência respiratória aguda.

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autores
Micrurus (Corais) “Cara de bêbado”
Fonte: www.animalworld.com.br

2.1.2 Crotalus (Cascavéis)

São as famosas Cascavéis, facilmente reconhecidas pelo “guizo” existente


na ponta da cauda. Ocorrem nas regiões Sul e Centro.
A ação do veneno limita-se a um pequeno e discreto inchaço, ao redor do
ferimento, que pode passar despercebido. Mas o veneno das cascavéis é de muita
potência, sendo os acidentes provocados por essas cobras muito graves, levando à
morte, caso não sejam tomadas providências. São alguns sinais e sintomas de
envenenamento:
• Dificuldade de abrir os olhos;
• “Cara de bêbado”;
• Visão dupla;
• Visão turva;
• Dor muscular;
• Sensação de formigamento no membro afetado;
• Dificuldade de falar.

Após 6 a 12 horas:
• Escurecimento da urina.

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Crotalus (Cascavéis)
Fonte: www.animalworld.com.br

2.1.3 Bothops (Jararacas)

São as mais comuns e as mais numerosas, vulgarmente chamadas de


Jararacas, estas serpentes são responsáveis por cerca de 90% dos acidentes
ofídicos do Brasil e são encontradas em todo território nacional.
O seu veneno provoca hemorragia. A ação do veneno no organismo
apresenta as seguintes manifestações locais:
• Dor imediata;
• Inchaço (edema);
• Calor e rubor no local da picada;
• Hemorragia no local da picada ou distante dele.

As complicações que podem surgir:


• Bolhas;
• Gangrenas;
• Abscesso;
• Insuficiência renal aguda.

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autores
Bothops (Jararacas)
Fonte: www.animalworld.com.br

2.1.4 Lachesis (Surucucus)

São serpentes pouco conhecidas, são chamadas de Surucucu ou


Surucutinga, sendo encontradas na região Amazônica e Zona da Mata Nordestina.
Os acidentes com Surucucus são muito raros no Brasil. O seu veneno no
organismo do acidentado provoca reações semelhantes ao veneno das Jararacas.
São eles:
• Inchaço no local da picada;
• Diarréia;
• Hemorragia.

Lachesis (Surucucus)
Fonte: www.animalworld.com.br

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2.1.5 Condutas

• Avaliar ABCD;
• Procure identificar o animal agressor (não perca tempo em fazer isto),
se o capturar, leve-o morto para o hospital;
• Avalie os sinais vitais;
• Limpe o local da picada com água ou solução de PVPI;
• Administre oxigênio;
• Mantenha o paciente deitado;
• Em caso de acidente com Botrópico (Jararaca), e se a vítima estiver
com edemas no membro, eleve o membro para aliviar o edema;
• É importante que se faça um círculo em volta do local da picada com
uma caneta, a fim de marcar o local da inoculação do veneno;
• Trate o choque, caso necessário;
• Transporte para um centro de saúde de referência.

2.2 Acidentes com Aranhas

Acidentes leves e benignos causados por Armadeiras e Viúvas-Negras


causam apenas dor discreta no local da picada, enquanto os provocados pela
Tarântula e Aranha-Marron, provocam equimose local ou pequena necrose.
Nos casos graves originados pelas aranhas Armadeira e Viúva-Negra, a dor
é bem mais interna, e a vítima apresenta sudorese, náuseas, vômitos, hipertermia e
hipertensão, evoluindo para coma e choque.
Nos casos graves originadas por picadas de Aranha-Marrom produzem dor
forte no local da picada, náuseas, vômitos, hipertermia e grandes equimoses no
membro afetado, geralmente acompanhados por flictenas hemorrágicas.
As condutas a serem realizadas em casos de acidentes com aranhas são as
mesmas realizadas com acidentes ofídicos.

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autores
Aranha Armadeira Aranha Marrom Aranha Viúva Negra
Fonte: www.hospvirt.org.br

2.3 Acidentes com Escorpião

A incidência real do acidente escorpiônico é ainda pouco conhecida, pois à


semelhança dos acidentes aracnídeos, a maioria dos dados restringe-se àqueles
casos onde houve envenenamento e utilização de soro específico.
A maioria dos acidentes ocorre nos meses quentes e chuvosos (são mais
freqüentes de setembro a novembro), atingindo predominantemente os membros
superiores, principalmente as mãos e os antebraços.
A letalidade situa-se em 0,5 como médias nacional (aproximadamente 35
óbitos/ano no período de 1990-1993) sendo que a maior proporção é registrada em
indivíduos menores de 14 anos.

2.3.1 Reconhecimento

• Procure identificar e capturar o animal agressor, porém não perca


tempo neste trabalho;
• Dor local muito intensa;
• Náuseas e vômitos;
• Dores abdominais;
• Convulsões;
• Entorpecimento e formigamento no membro afetado;
• Espasmo do músculo do maxilar causando dificuldade de abrir a boca;

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• Choque;
• Edema.
O tratamento é o mesmo utilizado para ofídicos.

Tytius bahiensis (escorpião preto) - fig. 1 e Tytius serrulatus (escorpião amarelo) - fig. 2
Fonte: www.hospvirt.org.br

3.0 RAIVA

A raiva, também chamada hidrofobia (medo de água), é uma doença


sempre fatal, que leva à morte, se não for tratada imediatamente. É provocada por
um vírus que ataca o sistema nervoso. Seu período de incubação é de 40 a 50 dias,
às vezes pode aparecer mais precocemente (a partir do 10º dia). Poucas vezes
depois de três meses.
Inicialmente ocorrem pruridos, no local da mordida, cefaléia e irritabilidade,
além de intolerância aos ruídos fortes. Às vezes, ocorrem sensações de medo. Pode
haver rouquidão e dificuldade para engolir. Após um ou dois dias, aparece o período
da excitação.

3.1 Condutas

• Lavar o ferimento com água e sabão;

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• Caso seja possível, o animal agressor deve ser capturado e deixado
em observação pelo período de dez dias, para se saber se ele está ou não
contaminado pelo vírus da raiva;
• Em caso de morte do animal, deve-se enviar a carcaça do mesmo, a
uma repartição do serviço de saúde local;
• Procurar o órgão de saúde da cidade e comunicar a ocorrência;
• O tratamento anti-rábico (vacina) será necessário, se o animal:
o Morrer por qualquer motivo, em menos de 10 dias, após a mordida;
o Desaparecer em menos de 10 dias, após a mordedura;
o For desconhecido;
o Desenvolver a raiva ou outra doença;
• Será necessário o tratamento anti-rábico, se o animal, após 10 dias de
observação, estiver sadio.

4.0 TRIAGEM E SITUAÇÕES ESPECIAIS

Triagem é a classificação de pacientes em categorias de prioridade de


cuidados, baseado em traumas e emergências clínicas. Esse processo é usado em
situações de acidentes com múltiplas vítimas e emergências. Quando há mais
vítimas do que profissionais de emergência treinados, a triagem se torna essencial.
Se a triagem não for feita, um paciente com um dano menor poderá receber cuidado,
enquanto alguém que poderia estar com uma parada respiratória não seria notado.
A triagem também é feita para determinar a ordem de transporte de
pacientes. Pacientes com ataque cardíaco, com choque anafilático, múltiplos danos
ou em choque, têm prioridade sobre os pacientes com danos menores.
O exame do paciente é muito importante durante a triagem. Sinais vitais e
outras alterações principais são usados. Pulso, respiração, temperatura, coloração
da pele, tamanho e reação das pupilas, estado de consciência, paralisia e perda de
sensação são dados levantados no exame físico inicial.

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O profissional de emergência deve usar a classificação para triagem
adotada pela sua localidade. Algumas vezes os pacientes são classificados como
maior, média e menor prioridade. A maioria das jurisdições usa uma forma de
triagem que têm quatro categorias de vítimas. Eles classificam as vítimas de maior
prioridade em: média prioridade, tardia ou morta. Em alguns sistemas, máxima
prioridade é chamada de: classe 1 grave, emergência, imediato. A segunda
prioridade é chamada de classe 2, moderada, urgente, ou alta prioridade. A baixa
prioridade, às vezes, é chamada de classe 3: prioridade tardia, não emergencial. A
última categoria pode ser chamada de classe 4 ou morte provável.
A seguir, um exemplo das quatro categorias de triagem:

1. Prioridade máxima (número 1, imediata):


• Parada cardiorrespiratória ou obstrução de vias aéreas;
• Artéria seccionada: com hemorragia severa;
• Dano na coluna cervical;
• Danos severos na cabeça e inconsciência;
• Ferimentos torácicos e abdominais abertos;
• Queimaduras graves ou complicadas;
• Choque severo;
• Queimadura na área respiratória;
• Ferimento torácico com aparente perfuração do pulmão;
• Inconsciência;
• Fraturas ou outros danos de extremidades sem pulso distal;
• Danos severos para o fêmur
• Ferimento aberto do olho.

2. Prioridade moderada (número 2):


• Danos nas costas, com ou sem suspeita de lesão da coluna cervical;
• Perda moderada de sangue, normalmente menos que meio litro;
• Fraturas expostas ou múltiplas;
• Traumas abdominais estáveis;

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• Traumas sérios na cabeça (consciente);
• Overdose de drogas com quadro estável;
• Queimaduras moderadas e pequenas.

3. Prioridade mínima (número 3, controlada):


• Hemorragia pequena;
• Pequena dilaceração de tecido mole;
• Fraturas simples;
• Luxações;
• Vítimas que, por causa de severidade dos danos tenham pequenas
chances de sobrevivência.

4. Sem prioridade (morte evidente):


• Decapitação;
• Sem pulsação por mais de 20 minutos (exceto em casos de
afogamento em água gelada e hipotermia extrema);
• Tronco cortado;
• Queda de lugares muito altos com múltiplos danos e fraturas, sem
respiração;
• Incineração.

Vários fatores podem interferir nas prioridades durante a triagem. Estes


fatores incluem o tipo de acidente, o local do acidente, números de casos, tipos de
danos e número de profissionais. Uma mudança principal nas prioridades de
triagem, normalmente é o resultado de limitações em que o Resgate poderá atuar
em uma determinada situação.

5.0 RESGATE E TRANSPORTE

O conhecimento de várias técnicas de resgate incluindo suas indicações e


contra-indicações é muito importante para prática do atendimento pré-hospitalar. O

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emprego de técnica incorreta pela equipe de resgate é arriscado para a vítima, que
pode desenvolver o “Segundo Trauma”, e para o próprio profissional de emergência,
que pode desenvolver lesões musculares ou de coluna vertebral. A escolha da
estratégia de transporte varia com a situação, riscos no local, número de resgatistas
e estabilidade do paciente.
Ao levantar uma vítima, os músculos utilizados são os da coxa, pois são os
mais fortes do corpo humano. A musculatura das costas é fraca e mais propensa a
lesões secundárias a esforço. A técnica de levantar um peso consiste em:
• Manter sempre a coluna ereta antes de elevar um peso;
• Flexionar os joelhos;
• Posicionar-se de cócoras para elevar um paciente do solo;
• Ficar bem próximo à vítima;
• Movimentar-se sempre em conjunto com outros socorristas.

5.1 Extricação

Palavra derivada do termo inglês extrication. Significa um conjunto de


manobras que tem por objetivo retirar o indivíduo de um local de onde ele não pode
ou não deve sair por seus próprios meios. Este conceito é mais abrangente que o
desencarceramento (retirar uma pessoa presa por obstáculos físicos).

5.1.1 Indicações

• Obstáculos físicos;
• Inconsciência;
• Risco de lesões secundárias pelo uso dos próprios músculos;
• Combinação destes fatores.
As manobras de extricação requerem pessoal treinado e experiente e, em
alguns casos, de equipamento especial.

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Devido ao risco de segundo trauma, é importante que os socorristas antes
de imobilizar o paciente efetuem o exame primário, dando especial importância à
motricidade e sensibilidade da vítima.

5.1.2 Técnica de Extricação

Existem duas técnicas de extricação e a escolha entre elas é feita de acordo


com as condições do local e a gravidade do paciente.
1 – Padrão: serve para cenas seguras e vítimas estáveis e emprega
equipamentos de imobilização. Deve ser a técnica preferida pela sua segurança
quando as condições da vítima e do local permitem;
2 – Rápida: está indicada em pacientes instáveis ou na presença de risco no
local, utilizando pouco ou nenhum equipamento.

5.2 Transporte de Emergência

Em situações de risco iminente no local é necessário remover o paciente


rapidamente. O transporte de emergência é empregado em situações de perigo para
a vítima e para o profissional. A manobra a ser utilizada depende do peso do
paciente, tipo de terreno, equipamentos e número de profissionais de emergência.
Pode haver segundo trauma, pois existe movimentação significativa da coluna.

5.2.1 Técnicas com um socorrista

Arrastamento pela roupa

• Arrastar a vítima no sentido da cabeça, utilizando camisa ou casaco


como ponto de apoio;

Arrastamento com cobertor


• Preferir a técnica anterior, pois é menos lesiva ao paciente;

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• Rolar a vítima sobre o cobertor;
• Arrastar o cobertor no sentido do maior comprimento.

Apoio lateral simples


• Utilizada em pacientes capazes de andar;
• Passar o braço da vítima sobre seus ombros atrás do pescoço;
• Segurar firmemente o braço da vítima;
• Envolver com seu outro braço a cintura da vítima;

5.2.2 Técnicas com dois ou mais socorristas


Transporte pelas extremidades
• O primeiro socorrista posiciona ajoelhado junto à cabeça do paciente,
enquanto outro socorrista se ajoelha ao lado do paciente no nível de seus joelhos;
• Enquanto o primeiro socorrista levanta a vítima, o segundo socorrista
puxa pelos braços em sua direção;
• O primeiro socorrista apóia o tronco da vítima passando seus braços
sob suas axilas;
• O segundo segura a vítima pelos membros inferiores passando suas
mãos pela região poplíteas;
• O paciente é elevado em um movimento sincronizado dos dois
socorristas;
• O transporte das vítimas é efetuado no sentido de seus pés.

Apoio lateral com seis socorristas


• Dois socorristas se posicionam um de cada lado da vítima;
• Os braços da vítima são apoiados sobre os ombros dos socorristas;
• Os socorristas seguram os punhos da vítima;
• Os socorristas envolvem a cintura da vítima abraçando-a.

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Técnicas de transporte de emergência.
Fonte: www.primeirossocorros.com

5.2 Equipamentos de Extricação e Transporte

O transporte da vítima politraumatizada deve ser efetuado em imobilizador,


que mantenha a estabilidade de toda a coluna vertebral. O decúbito dorsal é a
posição preferida, pois permite estabilização da coluna e início das medidas de
suporte de vida. A vítima deve permanecer estabilizada manualmente até estar
fixada no imobilizador. Os equipamentos utilizados para esta imobilização é a
prancha longa, colar cervical e imobilizador lateral (Ver imobilização no Módulo II).

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6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O atendimento a uma vítima que tenha apresentado alguma intercorrência,


a um caso de emergência, é uma experiência que todos os profissionais de
emergência enfrentam. Para a grande maioria deste, entretanto, trata-se de um
desafio pouco freqüente e que pode revestir-se de aspectos nem sempre muito
confortáveis. Às vezes chega a ser um ambiente desgastante, pois ocorre de forma
inesperada e pode implicar atendimento prestado em ambiente pouco familiar e em
condições precárias. Resta o consolo de saber que, mesmo para aqueles que estão
habituados a trabalhar em pronto-socorros, o serviço de emergência constitui-se,
não raramente, em um complexo desafio.

-----FIM DO MÓDULO V-----

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BERGERON, J.D.; BIZJAK.G. Primeiros Socorros. São Paulo: Atheneu Editora,


1999.

EID, Carlos Alberto G. APH. Disponível em: <http:/www.aph.com.br/atend


_infarto_agudo_miocardio.htm. Acesso em 18 de agosto de 2005.

MARTINS, F.J.A. A Primeira Resposta – Manual de Socorros Básicos de


Emergência – 8ª ed. Belo Horizonte. Feldar editora, 2001.

MARTINS,P.P.S., PRADO,M.L. Enfermagem e Serviço de Atendimento Pré-


Hospitalar: descaminhos e perspectivas. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília
(DF), 2003.

Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção às Urgências. Brasília, 2004.

REVISTA NURSING – Serviço 192 de APH: A Enfermagem conquistando novos


rumos – NURSING Revista Técnica de Enfermagem. Abril, 2001.

ROCHA,P.K.; PRADO,M.L.; RADUNZ,V.; WOSNY,A.M. Assistência de


Enfermagem em Serviço Pré-Hospitalar e Remoção Aeromédica. Revista
Brasileira de Enfermagem. Brasília (DF). 2003 nov/dez; 56(6).

SANTOS, R.R.; CANETTI,M.D.; JÚNIOR,C.R.; ALVAREZ,F.S. Manual de Socorro


de Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2005.

SERGIO, D.G; HERMETO, M.V.; MOURA,A.D.;FERREIRA,F.L. Manual de


Emergências. Belo Horizonte. Ed. Folium, 2001.

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autores
SMELTZER, S.; BARE, B.G.; Brunner e Suddarth - Tratado de enfermagem
médico-cirúrgico. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

VELASCO, I.T. Propedêutica na Emergência. São Paulo: Editora Atheneu, 2005.

FIM DO CURSO!

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