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BENGUELA, 2022
i
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA DUCAÇÃO DE BENGUELA
DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
BENGUELA, 2022
ii
PENSAMENTO
iii
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, que conduziram a minha carreira estudantil até onde
a vida lhes permitiu, e souberam passar valores morais que fizeram de mim a mulher que
sou hoje.
iv
AGRADECIMENTO
Agradeço à Deus por ter me permitido fazer uma faculdade, por ter me protegido e me
mantido lá até o fim, apesar dos desafios da jornada;
Aos meus pais por me terem dado o privilégio de vê-los vibrar de alegria no começo
desta jornada universitária.
Agradeço aos meus irmãos, Familiares e amigos por todo apoio e força que me têm
proporcionado.
Agradeço aos meus Professores, que incansavelmente conduziram este processo com
sabedoria e inteligência. Ao meu orientador, Sr. Professor Celso David Ph .D, por todo
rigor e disciplina que apresentou durante todos esses anos de formação e durante a
construção desta obra descritiva.
Finalmente, agradeço aos meus colegas por tudo quanto aprendemos em interacção, pelas
experiencias trocadas e as lições tiradas de cada experiência, que de certa maneira
contribuíram para a construção do nosso ser.
Com humildade reconheço que para chegar até aqui, tive que apoiar-me em ombros de
gigantes, por tanto, à todos endereço a minha gratidão.
v
SIGLAS E ABREVIATURAS
BG- Benguela
WC – Banheiro
vi
ÍNDICE GERAL
PENSAMENTO .............................................................................................................. iii
DEDICATÓRIA ..............................................................................................................................iv
AGRADECIMENTO .......................................................................................................................v
SIGLAS E ABREVIATURAS ......................................................................................................vi
RESUMO.......................................................................................................................................... ix
ABSTRACT ..................................................................................................................................... xi
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 12
CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................... 18
1.1.Dificuldades de Aprendizagem ............................................................................................. 18
1.1.1.Dislexia .............................................................................................................................. 20
1.1.2.Tipos de Dislexia .............................................................................................................. 22
1.1.3.Causas……………………………………………………………………………………………………………………..…… 24
1.2.Sinais e Diagnóstico ............................................................................................................... 25
1.3.Estilos de Aprendizagem ....................................................................................................... 28
1.3.1.Estilo de Aprendizagem de Dunn e Dunn ..................................................................... 29
1.3.2.Estilo de Aprendizagem de David Kolb ........................................................................ 30
1.3.3.Modelo de estilo de Aprendizagem de Felder-Silverman ........................................... 32
1.4.Modelos Metodológicos de Ensino em Língua Portuguesa .............................................. 34
1.4.1.Modelo Metodológico Tradicionalista ........................................................................... 35
1.4.2.Modelo Metodológico Activo da Aprendizagem ........................................................ 37
1.5.Métodos de Ensino para Trabalhar com Alunos com Dislexia em Salas de Aulas De
Língua Portuguêsa. ........................................................................................................................ 39
CAPITULO II: METODOLÓGIA ......................................................................................... 42
2.1. Métodos de Investigação....................................................................................................... 43
2.1.1. Teóricos............................................................................................................................. 43
2.1.2. À Nível Empírico............................................................................................................. 45
2.2. Técnicas de Investigação. ..................................................................................................... 45
2.3. Breve Caracterização do local de Estágio .......................................................................... 46
2.4. População e Amostra ............................................................................................................ 46
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS DE INVESTIGAÇÃO .................................................................................. 47
3.1.Tipos de Actividades Realizadas .......................................................................................... 48
vii
3.1.1.Observação ........................................................................................................................ 48
3.1.2.Entrevista; .......................................................................................................................... 51
CONCLUSÃO GERAL................................................................................................................ 59
RECOMENDAÇÕES ................................................................................................................... 60
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................... 61
APÊNDICE .................................................................................................................................... 64
ANEXOS
viii
INDICE DE TABELAS
ix
RESUMO
x
ABSTRACT
xi
INTRODUÇÃO
A educação em Angola passou por grandes transformações que se estende desde o período
pré-colonialista até os dias actuais, que tem requerido um conjunto de leis e decretos para
a sua a regência. Alguns anos após a proclamação da independência, surgiu a primeira lei
de bases do sistema educativo angolano. Lei nº 13/01 de 31 de Dezembro que considerava
a vontade de realizar a escolarização de todas as crianças em idade escolar, de reduzir o
analfabetismo dos jovens e de aumentar a eficácia do sistema educativo; tinha como um de
seus objectivos Desenvolver harmoniosamente as capacidades físicas, intelectuais, morais,
cívicas, estéticas e laborais da jovem geração de maneira contínua e sistemática e elevar o
seu nível científico, técnico e tecnológico a fim de contribuir para o desenvolvimento
socioeconómico do País.
De 2001 até os dias actuais, surgiram outras Leis de Bases do Sistema Educativo.
Nomeadamente, a Lei nº 17/16 de 7 de Outubro que revogou a Lei nº 13/01 de 31 de
Dezembro e que foi revogada pela actual Lei do Sistema Educativo Angolano, Lei nº 32/20
de 12 de Agosto, que vem alterar alguns artigos da Lei que a antecede, e que define o
Sistema de Educação e Ensino como sendo o conjunto de estruturas, modalidades e
instituições de Ensino por meio das quais se realiza o processo Educativo, tendente à
formação harmoniosa e integral do indivíduo com vista na construção de uma sociedade
livre, democrática, de direito de paz e progresso social.
Quanto a esta última Lei que se constitui a Lei vigorante no nosso país e que revoga a lei
nº17/16 de 7 de Outubro, verifica-se também que seus objectivos se propõem a responder
as necessidades e/ou exigências de educação a nível nacional.
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A Lei vigorante (Lei nº 32/20 de 12 de Agosto), define a Educação Especial como sendo
uma modalidade de Ensino transversal a todos os subsistemas de Ensino e é destinada aos
indivíduos com deficiências e educandos com altas habilidades, sobredotados, talentosos e
autistas visando a sua integração socioeducativa.
Nesta senda, existem outros Decretos e Leis que vigoram no País e que dão
sustentabilidade à secção referente à modalidade de Educação Especial presente na Lei
nº32/20 de 12 de Dezembro, actual Lei de Bases do Sistema Educativo Angolano, a fim de
promover a inclusão de toda a pessoa com deficiência no Sistema Educativo Angolano, nas
salas de aulas e em toda a parte da sociedade possuírem o acesso livre.
Lei nº10/16 de 27 de Julho - Lei das acessibilidades Que tem como um de seus princípios
gerais o respeito pelas diferenças e aceitação das pessoas com deficiência e/ou com
mobilidade condicionada; a efetiva participação e inclusão de todos na vida social.
Declaração de Salamanca - uma declaração que resultou da reunião decorrente nos dias 7 à
10 de Junho de 1994, que contou com mais de 300 participantes, em representação de 92
governos e 25 organizações internacionais, a fim de promover o objetivo da educação para
todos, e que procuraram examinar as mudanças fundamentais de políticas necessárias para
desenvolver a abordagem de educação inclusiva, capacitando as escolas para atender todas
as crianças, sobretudo, as que têm necessidades educativas especiais.
13
O presente estudo retrata sobre o Modelo Metodológico utilizado no ensino da Língua
Portuguesa em Alunos da 5ª Classe com Dislexia do Complexo Escolar do Ensino
Especial- BG nº1038
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possível analisar e traçar os métodos e/ou as técnicas adequadas, capazes de ajuda-las no
processo Ensino-Aprendizagem.
A escolha do tema justifica-se pela necessidade de saber sobre qual modelo metodológico
tem sido utilizado no ensino da Língua Portuguesa em alunos da 5ª Classe com Dislexia,
no complexo Escolar do Ensino Especial-BG nº 1038. Sendo que, só o processo de ensino
da Língua Portuguesa em alunos ditos normais, já constitue um grande desafio nas salas de
aulas comuns.
Desta forma, para a nossa investigação levantamos o seguinte problema: Que modelo
metodológico proporciona melhor índice de aprendizagem da Língua Portuguesa em
alunos da 5ª Classe com Dislexia no Complexo Escolar do Ensino Especial-BG nº1038?
O Que abordam os teóricos a volta das metodologias de ensino da Língua Portuguesa para
alunos com dislexia?
Marconi e Lakatos (2002), referem que "toda pesquisa deve ter um objectivo determinado
para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar". Em conformidade com os
autores, afirmamos que, os objectivos da investigação possuem um caracter reitor da
investigação. Desta feita, para a presente pesquisa foram traçados os seguintes obectivos
de investigação:
Geral:
Específicos:
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Descrever o Modelo Metodológico utilizado pelos professores no ensino da Língua
Portuguesa em alunos da 5ª Classe com Dislexia do Complexo Escolar do Ensino
Especial-BG nº1038.
Relativamente ao valor prático, centra-se no facto de que o presente trabalho possa servir
para que professores do Ensino Especial e não só, reflitam de forma estratégica em novas
formas para trabalhar com alunos com Dislexia em aulas de Língua Portuguesa.
Estrutura do Trabalho
Com o propósito de melhorar a compreensão do conteúdo deste estudo, para além das
partes pré-textuais e pós-textuais, da introdução, conclusão e considerações finais, o
trabalho encontra-se estruturado em capitulos, a saber:
16
PARTE I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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CAPITULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo serão apresentadas as analises feitas em torno dos posicionamentos
teóricos de diferentes autores que serviram de base para a argumentação científica desta
investigação.
Segundo Luís Miranda Correia (2007), no período inicial dos anos 60 duas definições
deram corpo a um conjunto de definições posteriores, algumas usadas actualmente dado
que cada uma delas continha elementos que hoje se reconhecem como essenciais para a
identificação de indivíduos com Dificuldades de Aprendizagem.
Correia (2007) afirma que, em 1962, Kirki ao definir dificuldade de aprendizagem,
referia-se a esta como sendo um atraso, uma desordem ou imaturidade num ou mais
processos da linguagem falada, da leitura, da ortografia, da caligrafia, ou da aritmética,
resultantes de uma possível disfunção cerebral ou distúrbios de comportamento e não
dependentes de uma deficiência mental, de uma privação sensorial, de uma privação
cultural ou de um conjunto de factores pedagógicos.
Esta definição apresentada por Kirk em 1962, despertou o interesse de outros
investigadores, sendo uma delas Barbara Bateman que mais tarde apresentou uma nova
definição de dificuldade de aprendizagem baseada nas correntes que vigoravam naquela
época.
Uma criança com Dificuldade de Aprendizagem é aquela que manifesta uma
discrepância educacional significativa entre o seu potencial estimado e o seu
nível actual de realização, relacionada com as desordens básicas dos processos
de aprendizagem que podem ser ou não acompanhadas por disfunção do sistema
nervoso central, e que não são causadas por deficiência mental generalizada, por
privação educacional ou cultural, perturbação emocional severa ou perda
sensorial. (Bateman, ap. Correia, 2007).
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“Segundo a conceitualização internacional, as dificuldades de aprendizagem se
caracterizam por um funcionamento substancial abaixo do esperado, considerando a
idade cronológica do sujeito e seu quociente intelectual, além de interferirem
significativamente no rendimento acadèmico ou na vida cotidiana.” Nicasio (2004)
Para este autor, a conceitualização feita pelo Comitè Conjunto, sobre dificuldade de
aprendizagem, está na mesma linha às suas ideias ao sugerir que as dificuldades de
aprendizagem são heterógenas, supõem problemas significativos na conquista das
habilidades de leitura, de escrita e/ou de Matemática que se acredita ser intrincica ao
indivíduo.
As dificuldades de aprendizagem não surgem do nada, existem alguns factores
causadores das dificuldades de aprendizagem. Apontam algumas causas Smith e Strick
(2001), em seu livro intitulado Dificuldade de Aprendizagem de A a Z, quando
debruçam-se da lesão cerebral; Alterações no desenvolvimento cerebral; desequilíbrio
químico; hereditáriedade e influências ambientais (familiar e/ou escolar), como um dos
factores que podem causar dificuldades de aprendizagem.
Para este autor, os trabalhos dos Doutores Bennett e Sally Shaywitz, especializados nos
estudos das dificuldades de aprendizagem específica (DAE), mais especificamente dos
processos de leitura de crianças com Dislexia, também apontam neste sentido. Os
trabalhos realizados por estes investigadores têm provado de uma forma irrefutável,
através de estudos e da imagiologia por ressonância magnética, que as Dificuldades de
Aprendizagem Específica o que inclui a Dislexia, têm uma origem neurobiológica.
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Desta feita, a origem biológica das Dificuldades de Aprendizagem Específicas
propriamente da Dislexia, se traduz um conjunto de problemas inerentes ao
processamento da informação.
1.1.1. Dislexia
“A primeira definição de Dislexia foi apresentada pelo neurologista americano, Dr.
Samuel T. Orton, a quem foi dedicado o nome da primeira instituição criada para
pesquisas e estudos sobre a dislexia. A Orton Dyslexia Society, actual International
Dyslexia Association (IDA).” Ponçano (2007).
De acordo com a autora, Orton entendia a Dislexia como sendo uma Dificuldade que
ocorre no processo de leitura, escrita, soletração e ortografia. Não é uma doença, mas um
distúrbio com uma série de características. Torna-se evidente na época da alfabetização,
embora os sintomas já estejam presentes em fases anteriores. Apesar de instrução
convencional, adequada inteligência e oportunidade sociocultural e ausência dos
distúrbios cognitivos fundamentais, a criança falha no processo da aquisição da
linguagem. A Dislexia é independente de causas intelectuais, emocionais e culturais.
20
Davis (2004), procurou apresentar o desmembramento da palavra Dislexia. Na visão
deste autor, remetendo de imediato à noção básica da origem etimológica da palavra,
"Dis" = distúrbio, dificuldade; "lexia" = leitura (do latim) e/ou linguagem (do
grego);"Dislexia" = distúrbio de linguagem.
Ponçano (2007), concorda que apesar de que a Dislexia seja etimologicamente traduzida
do latim e do grego como distúrbio de linguagem, esse termo foi adoptado para
denominar um distúrbio específico da leitura e escrita. Isso não implica que, ao menor
sinal de dificuldade nessa área, possamos identificar um indivíduo como Disléxico.
Segundo Ianhez e Nico (2002), existe uma outra definição de Dislexia muito utilizada
nas pesquisas de Neuroanatomia e Neuropsicologia. É a definição da International
Dyslexia Association, que retrata a Dislexia como um distúrbios de aprendizagem.Um
distúrbio específico da linguagem, de origem constitucional, caracterizado pela
dificuldade em decodificar palavras simples. Mostra uma insuficiência no processo
fonológico. Essas dificuldades na decodificação de palavras simples não são esperadas
em relação à idade. Apesar da instrução convencional, adequada inteligência,
oportunidade sociocultural e ausência dos distúrbios cognitivos e sensoriais, a criança
falha no processo da aquisição da linguagem, com frequência, incluídos aí os problemas
de leitura, aquisição e capacidade de escrever e soletrar.
É possivel comprender que a Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem que não deve
ser encarada como uma doença. Este tipo de dificuldade de aprendizagem específica não
surge por intermédio de uma privação sensorial, ou por meio de uma deficiència de
caracter desenvolvi mental, motor e outros. Porém, ela pode ocorrer em comcumitância a
estas, elevando o grau de dificuldade de aprendizagem dos alunos ou estudantes que a
possue.
21
1.1.2. Tipos de Dislexia
A classificação taxonómica apresentada por Diaz (2013), faz referência aos tipos de
Dislexia na perspectiva de três autores nomeadamente: Capovilla, que apresenta seis tipo
de Dislexia; Boder, que apresenta Três tipos de Dislexia e Micklebust que propõem
quatro tipos de Dislexia.
Dislexia Atencional: acontece quando ocorre migrações de letras numa mesma palavra
ou de uma palavra à outra quando se lê frases, apesar de haver uma adequada
identificação paralela das letras.
22
Dislexia morfômica (ou semântica): contrariamente à Dislexia fonológica, na Dislexia
morfômica, a leitura fonológica é correcta, apresentando dificuldades na leitura de rota
lexical. Por este motivo o aluno com Dislexia morfômica apresenta dificuldades em ler
palavras regulares e/ou irregulares.
Por último, Myklebust Citado por Diaz (2013), divide a Dislexia em quadro partes;
nomeadamente:
23
Dislexia intermodal: resulta do produto da dificuldade para decodificar o grafema
(visualizado) num fonema (ouvido) ou vice-versa manifestando-se dificuldades afectando
a compreensão do texto lido.
1.1.3. Causas
Para Fiedorowicz et.al (2001), as dificuldades de leitura têm uma transmissão familiar e
que existe uma base genética para a condição, com possível ligação a vários
cromossomos, especialmente 6 e 15, bem como 1 e 2. Pesquisas em agentes
toxicológicos, nutricionais e teratogênicos, bem como eventos pré-natais e perinatais e
eventos pós-natais indicam que estes agentes e eventos podem ter efeitos adversos no
cérebro capazes de desenvolver e causar dificuldades de aprendizagem.
Estudos neuroanatómicos mostram que os cérebros de casos com Dislexia do
desenvolvimento carecem de assimetria no lobo temporal comum. Neuroimagens revêm
actividades cerebral atípicas em área directamente relacionada com o distúrbio de
desenvolvimento da linguagem.
Segundo Rodrigues e Ciasca (2016), As causas exatas da Dislexia ainda não estão
completamente claras, porém estudos com neuroimagem demonstram que há diferença
no desenvolvimento e funcionamento cerebral. Também há forte indicativo de
componente genético, uma vez que os estudos clínicos indicam que parte das crianças
com dislexia possuem um histórico familiar de pessoas com a mesma condição
especifica, sendo comum pais e irmãos apresentarem o mesmo transtorno
Dislexia não é causada por uma baixa de inteligência. Na verdade, há uma lacuna
inesperada entre a habilidade de aprendizagem e o sucesso escolar. O problema não é
comportamental, psicológico, motivação ou social.
24
Poderosas técnicas modernas de neuroimagem, que nos permitem tirar "fotos" do cérebro
e também localizar quais regiões são activadas durante a leitura ou outras actividades,
complementam informações de estudos de mais de 50 anos atrás que detectaram aspectos
diferentes no crescimento e organização do cérebro de pessoas com Dislexia. Tomadas
em conjunto, essas evidências mostram sem dúvida que crianças e adultos com Dislexia
activam de forma diferente as regiões de seus cérebros quando lêem palavras em
comparação com crianças e adultos sem Dislexia quando lêem as mesmas palavras nas
mesmas circunstâncias.
25
lenta e hesitante); frequentemente, tenta adivinhar as palavras e tem dificuldade para
soletrá-las;
Dificuldade para compreender o sentido do que é lido. Pode realizar leitura com precisão,
porém não compreende a sequência, as relações, as inferências ou os sentidos mais
profundos do que é lido;
Entretanto, a simples presença de um ou mais sintomas não significa que a criança tenha
Dislexia, uma vez que estes podem ser decorrentes de factores variados, o que inclui:
deficiência (intelectual e sensorial, por exemplo), síndromes neurológicas diversas,
transtornos psiquiátricos, problemas emocionais e factores de ordem socioambiental
(pedagógico, por exemplo).
Nesse sentido, o manual (DSM-V) considera que, além dos sintomas mencionados, se
deve levar em consideração os seguintes critérios:
Em relação a esta última habilidade, estudos demonstram que pode haver associação
entre déficit do processamento e da consciência fonológica com desfasagem na
aritmética. O mau rendimento em matemática parece não ser tão evidente na fase inicial
da alfabetização, porém, com o tempo esse tende a se agravar.
O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar. Não somente para se obter
o diagnóstico de Dislexia, mas para se determinar, ou eliminar, factores coexistentes de
importância para o tratamento. O diagnóstico deve ser significativo para os pais e
educadores, assim como para a criança. Simplesmente encontrar um rótulo não deve ser o
objectivo da avaliação, mas tentar estabelecer um prognóstico e encontrar elementos
significativos para o programa de reeducação.
27
Em todos os diagnósticos o facto da criança não ter sido alfabetizada pelos processos
comuns, ou um histórico familiar com distúrbios de aprendizagem, são importantes.
Quanto antes for descoberto este transtorno, melhor será para evitar rótulos depreciativos
ao indivíduo com Dislexia, dificuldades com os colegas na escola, constrangimento no
local de trabalho, problemas de relacionamento seja com amigos, parceiros ou familiares.
Concorda com esta afirmação, Diaz (2013), quando define estilos de aprendizagem como
sendo “um conjunto de acções mentais-físicas consolidadas e/ou potenciais para
aprender, de acordo as condições especificas do meio e das preferências biopsicossociais
do indivíduo, concretizadas comportamentalmente por conhecimentos, habilidades e
interesses.”
Filatro (2015) concorda que, o homem tem curiosidade natural pelo conhecimento. A
escola ou qualquer outra instituição formal de ensino é um local de encontro deliberado e
intencional entre pessoas que buscam experiências significativas, crescimento,
28
actualização e mudança. O professor é facilitador da aprendizagem, e a relação
pedagógica se baseia no respeito e na liberdade.
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comummente preferível pela maioria dos estudantes não se deve jamais descartar a
realidade de que existam pessoas com preferências diferentes das condições
apresentadas.
Estímulos Emocionais e Psicológicos também são factores que muito influenciam no
modo como um individuo aprende, visto que estudantes bem motivados apresentam um
bom desempenho nos seus trabalhos estudantis e estudantes desmotivados não
apresentam um desempenho igual a estes, na mesma senda, estudantes analíticos
aprendem melhor quando recebem as informações passo a passo em uma sequência
lógica, ao passo que, estudantes globais preferem entender o todo para depois se
concentrarem nos detalhes, os sujeitos impulsivos oferecem respostas rápidas muitas
vezes sem organizá-las de maneira prévia, quando na verdade, os sujeitos mais reflexivos
obedecem a ordem contrária.
Lindemann (2008), em sua tese de Doutorado abordou que, pesquisas realizadas com este
modelo retratam que a interiorização destes elementos ocorre de maneira diferente em
cada sujeito. Apesar de este modelo compor Vinte e Um elementos, a maioria dos
sujeitos sofrem influência de Seis a Catorze elementos, que acaba por determinar seus
estilos de aprendizagem.
Para Kolb (1984) ap. Lindemann (2008), estilos de aprendizagem, é um estado duradouro
e estável que deriva de configuração consciente das interações entre o indivíduo e o seu
meio ambiente.
30
conceitualização abstracta (Como eles percebem a informação); Experiência activa ou
observação reflexiva (Como eles processam a informação).
Lindemann (2008), destaca que a hipótese subjacente ao modelo de Kolb é que toda
aprendizagem eficaz requer este movimento cíclico dos quatro estilos de aprendizagem,
embora cada indivíduo se sinta mais confortável em um dos estilos do ciclo, baseado nas
suas preferências na extensão das suas dimensões, isto é, Percepção e processamento.
31
1.3.3. Modelo de estilo de Aprendizagem de Felder-Silverman
Felder, compreende estilos de aprendizagem como preferências e Características
dominantes no modo como as pessoas recebem e processam as informações. Para ele os
estilos de aprendizagem são habilidades que podem e devem ser desenvolvida no sujeito.
32
Verbal das palavras- explicações orais ou
escritas.
Sujeitos activos tendem a
Activo compreender e reter informações,
mais eficientes discutindo, aplicando
Processamento da conceito e/ou explicando para outras
Informação pessoas, gostam de trabalhar em
grupo.
Reflexivo Sujeitos reflexivos precisam de um
tempo para refletir sobre as
informações recebidas; Preferem os
trabalhos individuais.
33
A temática estilos de aprendizagem, levanta a questão: Como as pessoas aprendem?
34
1.4.1. Modelo Metodológico Tradicionalista
“Este Modelo Metodológico de Ensino consiste na transmissão de conhecimento aos
alunos e mediado pelo professor que já possui uma aula previamente estruturada e os
alunos que somente assistem e repetem o que já lhes foi ensinado”. Pereira et.al (2020)
Expositivo: Segundo Ayres (2004) é o método que mais tradicionalmente vem sendo
utilizado em escolas de todos os níveis. É o método em que o professor, posicionado
diante do grupo, expõe parte da lição ou mesmo a lição inteira, falando ele só, o tempo, e
o poder da palavra falada ou escrita contribui para o desenvolvimento da personalidade
do professor junto aos alunos.
Para Ayres (2004),as vantagens para este método é que ele abrange um grande número de
pessoas; Permite ao professor organizar sua apresentação, expondo maior quantidade de
informações, em menor espaço de tempo; Facilita uma apresentação sistemática, na qual
podem ser delineados, com precisão, a introdução, o desenolvimento e a conclusão,
evitando-se desta forma disgressões; Pode ser enriquecido com a eloquencia e o
entusiamos do professor, o que cria um clima propício ao ensino.
35
Método de Trabalho Independente: Segundo Silva e Morais (2011) este método
consiste na aplicação de tarefas por parte do professor a fim de que estas sejam resolvidas
pelos alunos, porém dirigidas e orientadas por ele.
Método de Elaboração Conjunta: Para Libanêo (2004), pode ser aplicado em vários
momentos de uma aula. Este método tem grande valor didático, pois estimula nos alunos
as habilidades de expressar opiniões, verbalizar suas experiências, discutir, aprender a
escutar, interpretar e finalmente processar novos conhecimentos, também denominado de
assembleia.
O método de elaboração conjunta que também pode ser entendido de trabalho em grupo,
tem como principal objectivo a cooperação entre si na realização de uma determinada
actividade.
Dos Métodos Tradicionais de ensino, encontram-se dois métodos muito usados em língua
portuguesa e que refletem-se com eficácia nos primeiros anos de escolaridade do
indivíduo, nomeadamente: Método Sintético e Método Analítico
Método Sintético: Para Almeida (2015), o Método Sintético segue a marcha que vai das
partes para o todo, ou seja, primeiro a criança internaliza as unidades menores (fonémas)
para que gradativamente chegue as unidades maiores.
Segundo Azevedo et al. (2017) Este é o método mais antigo, com mais de 2000 anos de
existência. Inicialmente utilizava-se para ensinar o Latin para depois inserir a Língua
Portuguesa.
Este metodo tem como ponto de partida unidades linguisticas maiores como, palavras,
frases, e pequenos textos para depois conduzir a análise das partes menores que a
constituem, como as letras e as silabas.
36
Estes métodos são considerados métodos tradicionais ou cartilheiros, pelo facto de estes
serem expressos apenas por cópias, ditados, listas e exercicios de conformidades
37
consideração da solução posta pelo educando como base do diálogo, assim como as
conversas informais, os jogos, a convivência colectiva , a construção de projectos, etc.
38
O processo mental que serve ao modelo metodológico estrutural é a indução, ou seja, a
criança ouve as frases e posteriormente as raciocina de modo a que esta consiga tirar
conclusões genéricas.
1.5. Métodos de Ensino para Trabalhar com Alunos com Dislexia em Salas de Aulas
De Língua Portuguêsa.
O docente deve avaliar o seu aluno e identificar qual prática deverá utilizar levando em
consideração a maneira como o aluno aprende. Reconhecendo suas habilidades,
conhecimentos prévios e seu papel activo na acção educativa.
Tal como concorda Gonçalves (2019), ao se tratar dos métodos mais adequados a serem
utilizados no processo de ensino de alunos com dislexia, é importante considerar que não
existe uma “receita pronta”, e sim estratégias didacticas que podem auxiliar de forma
significativa e eficaz no processo de cognição da leitura e da escrita.
39
Assim, o ensino da Língua Portuguesa em alunos da 5ª Classe com dislexia do Complexo
Escolar do Ensino Especial-BG nº 1038, é regido por um modelo metodológico
tradicionalista que, se associado à estratégias inovadoras e activas da aprendizagem, pode
resultar em um nível satisfatório e significativo da aprendizagem por parte dos alunos.
Silva (2019), estabelece em sua obra o M.R.D ( Método de Repetição para Disléxicos),
que consiste em uma forma diferenciada de transmitir e repetir os conteúdos
transmitidos, fazendo o uso de recursos como CD e outros, a fim de fazer com que o
aluno com dislexia aprenda.
Concorda Campos et. al (2016) ap. Silva (2019) que as acções ou actividades repetitivas
habituais envolvem o Sistema Nervoso e estimulam o aumento da matéria neural. Nessa
lógica a imitação é muito importante para o processo ensino-aprendizagem. Assim, Silva
(2019), apresenta o M.R.D sistematizado em três fases:
1ª. Após obter o diagnóstico formal do disléxico e identificar as palavras e sons que
manifestam amaior dificuldade do aluno, o professor elaboara um texto didactico-
pedagogico que contenha em sua composição frases formadas com as palavras que foram
detectadas durante o diagnostico; palavras estas que são visivelmente distorcidas pelo
dislexico ao tentar comunicar pela linguagem oral e escrita. Depois com o texto já
elaborado e com o auxílio de um dispositivo de gravação de audio, o Professor capturará
sua voz via gravação durantea leitura do texto previamente elaborado, e salavará o
arquivo para posteriormente o audio registado. O processamento auditivo está
directamente ligado a conciência fonológica, e, nesta perspectiva, a primeira fase do
M.R.D conciste em apresentar para o aluno o texto produzido que bloqueam o dislexico.
O aluno será submetido a ouvir o audio e a ler simultaneamente o texto em silencio por
pelo menos 20 minutos diário; durante esse tempo o texto e o audio ficarão a repetir,
assim, o exercicio de relacionar as palavras (lendo) com o som da pronúncia (ouvindo)
solicitará um trabalho significativo do hemisferio cerebral esquerdo que é o lado
responsavel pelo processamento da linguagem.
2ª. Sabendo que as actitudes repetitivas que envolvem as actividades cerebral promovem
o aumento da materia neural, à cada duas semanas o professor deverá verificar a
evolução do aluno em relação as palavras que o bloqueavam. Visto o progresso, o aluno
40
então será submetido a imitar em voz alta, cada parágrafo que o áudio apresenta uma vez
que a imitação alavanca o processo do ensino-aprendizagem.
3ª. Esta terceira fase pode ser aplicada quando o aluno estiver a dominar o texto, as
características de domínio incluem:
Feito isto, o aluno escreverá o parágrafo que foi emitido pelo áudio e pela própria voz. Se
houver bloqueio em alguma palavra o processo poderá auxiliar mostrando no texto como
escrevê-la.
41
CAPITULO II: METODOLOGIA E TÉCNICAS DE
INVESTIGAÇÃO
42
CAPÍTULO II – METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
Este capítulo destina-se ao enquadramento metodológico da investigação, onde é feita a
justificação da opção metodológica e do tipo de abordagem adoptada, bem como a
enunciação dos métodos, técnicas e procedimentos selecionados para o alcance dos
objectivos previstos e de uma forma explicativa de como foram recolhidos os dados da
presente investigação.
De acordo com a sua natureza, esta obra conta uma pesquisa do tipo descritiva que
segundo Mendes e Manuel (2016), esta consiste em um estudo detalhado de uma
situação-problema ou facto, a fim de elencar e relacionar variáveis que interferem em
suas relações, sem manipulá-las ou sobre elas emitir juízo de valor.
Mendes e Manuel (2016) definem métodos de investigação, como sendo o caminho para
chegar ao conhecimento científico; conjunto de procedimentos que servem de
instrumentos para alcançar os fins da pesquisa.
Para Neta (2017), métodos de investigação são etapas dispostas ordenadamente para a
investigação da verdade, no estudo de uma ciência para atingir determinadas finalidades.
2.1.1. Teóricos
Segundo Falcón e Serpa (2021), os métodos de investigação a nível teórico, são aqueles
que permitem revelar as relações essenciais do objecto de pesquisa, não directamente
observáveis. Participam no processo de assimilação dos factos, fenómenos e a construção
do modelo teórico e hipóteses de pesquisa e permite a interpretação conceitual dos dados
empíricos encontrados e, assim, contribuir para o desenvolvimento de teorias científicas.
Indutivo: “Parte de registos menos gerais para enunciados mais gerais”. Neta (2017)
Método Estatístico: Para Neta (2017), este é um método de análise planejado por dados
que permite obter de conjuntos complexos, representações simples e constatar se essas
verificações simplificadas têm relações entre si. Quando a partir de uma amostragem ou
de um caso particular, fazem-se generalizações, tem-se a probabilidade e não a certeza da
ocorrência de tal fenómeno.
44
2.1.2. À Nível Empírico
Segundo Mendes e Manuel, (2016), métodos empíricos, correspondem a uma parte dos
métodos de investigação científica responsáveis por nortear e operacionalizar a
investigação.
Consulta Bibliográfica: Para Falcón e Serpa (2021), esta pesquisa consiste na revisão
crítica do material bibliográfico existente com respeito ao tema a estudar. A pesquisa
bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições de diversos autores. Consiste
no levantamento de escritos de vários autores, aspectos que possam contribuir para
esclarecer o problema da pesquisa.
Entrevista: segundo Batista et. al. (2012), esta técnica é uma modalidade de interacção
entre duas ou mais pessoas. Por meio dela os pesquisadores buscam colectar dados
objectivos e Subjectivos.
A entrevista é uma das técnicas de colecta de dados mais utilizadas nas pesquisas sociais.
Esta técnica de colecta de dados é bastante adequada para a obtenção de informações
acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam e desejam, assim como suas razões para
cada resposta.
45
Questionário: Segundo Chaer et al. (2012). O questionário é uma técnica de
investigação que serve para colectar as informações da realidade, composta por um
número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo
por objectivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas,
situações vivenciadas etc.
Para a concretização desta pesquisa, foi eleito o complexo escolar BG nº 1038 do ensino
especial localizado na Província de Benguela, Município de Benguela, Bairro da
Cambanda, com uma estrutura arquitectónica moderna, comporta 12 salas de aulas
definitivas, 2 improvisadas, 1 sala de informática, 2 gabinetes, 1 sala de atendimento
educacional especializado, 1 secretaria, 1 cozinha, 1 sala dos professores, 3 laboratórios,
1 posto de saúde, 1 arrecadação, 3 casas de banho (wc), 1 armazém e 1 sala de
tatame/ginásio dividido em dois turnos.
Amostra: Sendo a amostragem para os mesmos autores, (2016), o processo pelo qual um
grupo de pessoas ou uma porção da população é escolhida para representar uma
população inteira.
Desta feita, a presente pesquisa tem como população todos os professores da 5ª Classe do
Complexo Escolar do Ensino Especial-BG nº1038 que trabalham com alunos com
Dislexia que corresponde a 8 professores, e, conta com uma amostra de 4 professores
desta mesma população.
46
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS DA
INVESTIGAÇÃO
47
CAPÍTULO III: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
DOS RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO.
3.1.1. Observação
48
apresentadas de forma muito monótona, sobre os recursos didácticos que poderiam ser
utilizados para auxiliar na aplicação dos métodos escolhidos, eram apenas, o Manual de
Apoio, Quadro, Giz e outros tradicionalmente usados. São exploradas poucas formas de
promover a aprendizagem multissensorial, Não é verificável a apresentação de estratégias
metodológicas inovadoras, para promover a aprendizagem significativa em alunos com
dislexia; Ora, a instituição não apresenta uma turma específica ou única para alunos com
dislexia, pelo que, estes encontram-se em salas com outras deficiências, no entanto, para
criar estratégias metodológicas inovadoras, estas estratégias teriam de ser capazes de
responder não somente as necessidades de alunos com dislexia, porém quanto a isto,
afirma-se que a técnica de repetição é muito utilizada pelas professoras.
Apesar de na maioria das vezes não terem sido respondidas de forma satisfatória, é
realmente evidente a atenção às particularidades individuais dos alunos por parte das
professoras desta sala. Em algumas vezes, foi possível constatar trabalhos educativos
realizados pelas professoras a respeito da auto-estima dos alunos, o que foi ou é muito
positivo, pois ajuda a desenvolver a autoconfiança no aluno e aumenta o grau de
afectividade do aluno para com as professoras, que se for muito bem aproveitado pode
gerar incríveis resultados de aprendizagem.
Turma B: Esta é uma turma de Deficiência Visual composta por 2 Professoras e mais de
20 alunos aproximadamente, durante a observação da aula nesta turma, foi logo evidente
que as professoras adaptam as aulas de acordo a condição visual dos estudantes, isto é,
utilizam o sistema de escrita e leitura Briller, apesar de estes não terem a possibilidade
de ver o que está no quadro, é exigido às professoras que ainda assim escrevam os
preliminares no quadro; no que diz respeito às planificações, as professoras desta turma
apresentam um nível de organização quanto a este ponto, conduzem bem suas aulas,
acompanham de perto alunos que mesmo estando na 5ª Classe, ainda apresentam
dificuldade em ler e escrever na sua condição natural, às vezes pegam nas mãos e outras
49
vezes mandam repetir, as modalidades de leitura são as mesmas, começa por uma leitura
modelo por parte da professora onde cada pessoa que tiver seu manual acompanha a
leitura passando a ponta dos dedos sobre o texto a ser tratado, de cordo a condição
natural dos alunos desta sala, as aulas de língua Portuguesa decorrem de maneira normal,
dentro dos seus moldes, estando as professoras cientes de que cada aluno é um aluno e
que todos apesar da mesma condição natural, possuem ritmos de aprendizagem
completamente diferentes, então elas respeitam o tempo e o ritmo de aprendizagem de
cada aluno; Em aulas de leitura, as professoras fazem o máximo para que as crianças ou
os alunos procurem aprender por meio do tato, visto que, estes alunos apresentam o
sentido visual comprometido mas que se lhes resta os outros sentidos, estes são
explorados no sentido de promover a aprendizagem por meio deles. Durante a
observação nesta turma, foi possível notar que os métodos utilizados são os mesmo, isto
é, métodos tradicionais, e pouco ou quase nunca são utilizadas estratégias inovadoras
para levar uma aprendizagem significativa aos alunos com dificuldade de ler e escrever
na sua condição natural, porém, verifica-se ali, também o uso da repetição sempre que
necessário.
Nota-se por parte das professoras desta turma, uma boa capacidade de comunicação,
capacidade de ouvir e um olhar atento às actividades realizadas pelos alunos nas aulas de
Língua Portuguesa, nota-se um acompanhamento e uma atenção as particularidades
individuais, apesar de estas algumas vezes não terem conseguido responder as
necessidades de aprendizagem de alunos com dificuldade na área de leitura e escrita; é
realmente notável a boa relação de convivência entre alunos e professoras, o que seria
bom se este fosse bem aproveitado para fazer um trabalho educativo, no sentido de
levantar a auto-estima dos alunos, porque esta constitui um factor preponderante na
promoção da aprendizagem significativa, logo, as professoras poderiam encarar este
aspecto como uma estratégia de ensino e fazer o seu uso regularmente.
50
professoras procuram explorar mais outros sentidos como a visão e a propriocepção (que
se reflectirá na noção da posição das mãos que este terá que trabalhar para conseguir se
comunicar por meio da assim denominada, linguagem gestual) a fim de levar a
aprendizagem significativa aos alunos; fazem-se dos métodos tradicionais para conduzir
suas aulas, verificando-se assim a presença do método expositivo/explicativo no
momento em que estas professoras expõem por meio de gestos o conteúdo a ser tratado,
o método de elaboração conjunta está reflectido em todas as partes das aulas, o método
de trabalho independente está patente nas horas de exercício e t.p.c (Tarefa Para Casa).
De realçar que, apesar de ser uma turma de alunos com as capacidades auditivas e
habilidades de fala condicionada, as professoras destas turmas são orientadas a expor de
forma escrita os preliminares e o assunto no quadro.
3.1.2. Entrevista;
Estes alunos estão organizados em salas de aulas junto a outros alunos com outras
deficiências, a escola não possui uma única turma para alunos com dislexia, eles são
enquadrados de acordo a deficiência que apresentam.
51
3ª Os Alunos que têm Dislexia têm mostrado um bom Rendimento?
Sim têm mostrado um bom rendimento, nem tanto acima ou na média do que se espera,
mas procuramos dar o nosso melhor, com o tempo eles aprendem uma ou outra coisa o
que já se torna gratificante para nós.
4ª Como têm feito para que eles aprendam, que método têm utilizado e que tem lhes
proporcionado maior aprendizagem?
52
Tabela 3- Distribuição dos Professores de acordo com sexo, idade e grau académico.
Sexo Nº %
Masculino 0 0%
Feminino 4 100%
Idade Nº
25-35 2 50%
36-45 1 25%
46-55 1 25%
Grau Académico Nº
Ensino Médio 0 0%
Bacharelado 0 0%
Ensino Superior/ Licenciado 3 75%
Mestre 1 25%
Total 4 100%
53
Toda a parte representativa da população da presente investigação, não é alheia ao
assunto Dislexia, pelo que os resultados da tabela supramencionada evidencia
claramente.
Opção Nº %
Sim 4 100%
Não 0 0%
Total 4 100%
Tal como ilustra a tabela, estes mesmos professores conhecem as características de uma
criança com Dislexia, visto que, segundo a entrevista, estes conseguem detectar que uma
criança apresenta ou não sinais de Dislexia, por meio de uma observação. Mais foi
preciso advertir a estes professores, isto em conversa, que, nem toda a criança que
apresenta dificuldade de leitura e escrita, deve de imediato ser diagnosticada como uma
criança com Dislexia, porque existem critérios para se chegar a tal diagnóstico, como
afirma O Manual de Diagnostico e Estatística de Deficiência Mental-V e, como está
expresso na fundamentação teórica desta obra descritiva.
Opção Nº %
Sim 4 100%
Não 0 0%
Total 4 100%
54
Quanto a questão acima, todos os representantes da população responderam que
realmente conhecem as particularidades dos seus alunos. Isto nota-se no momento de
interacção professor-aluno no decorrer de todas as aulas. Porém conhecer só não basta é
necessário que os professores ajam no sentido de ajuda-los a superar as suas limitações,
com a utilização dos métodos e técnicas adequadas a estes alunos.
Opção Nº %
Sim 3 75%
Não 0 0%
Total 4 100%
A maior parte da amostra reconhece que tem em seu colectivo de estudantes algum aluno
com Dislexia sendo que outra parte da população absteve-se em responder esta questão.
Entretanto, não descurando a ideia de que realmente esta alegação seja verdadeira, na
prática observa-se que existem verdadeiramente alunos com grandes dificuldades de
leitura e escrita, principalmente dificuldades de leitura, porém é de realçar que não se
deve fazer um diagnóstico precipitado a fim de que se evite erros no modo de
transmissão de conhecimento.
Opção Nº %
Sim 4 100%
Não 0 0%
Total 4 100%
55
Especial- BGnº1038, porque o que se verifica a nível das salas de aulas é uma atenção
aos alunos que, cinge-se em esclarecer dúvidas corrigir erros de forma individual e
colectiva, pedir que estes repitam de uma forma a acertarem. Pois bem, para que se
efectue um apoio educacional individualizado, é evidentemente necessário que se trace
um plano educacional individualizado que na visão de mascaro (2018) este consiste num
planeamento individualizado, periodicamente avaliado e revisado, que consideram o
aluno um patamar actual de habilidades, conhecimentos e Desenvolvimento, idade
cronológica, nível de escolarização já alcançado e objectivos educacionais desejados em
curto, médio e longo prazo. Este planeamento deve ser realizado em colaboração com
diferentes atores da escola nomeadamente: Professores do ensino comum; Professores
especialistas Profissionais de apoio da escola, familiares e o aluno.
Tabela 8- Os métodos usados são adequados a todos os alunos em particular alunos com
Dislexia?
Fonte: Elaboração Própria.
Opção Nº %
Sim 4 100%
Não 0 0%
Total 4 100%
Não devemos jamais ignorar os métodos tradicionais de e ensino, pois eles servem como
base para a execução de uma aula, quando bem empregues tendo em conta a realidade e
quando auxiliados a recursos didácticos favoráveis ao que se exige. Porém é crucial
56
perceber a importância da implementação de estratégias inovadoras no ensino de alunos
com dislexia no sentido de estes, auxiliados aos métodos tornem-se potentes e geradores
aprendizagem efectivamente significativa.
Tabela 9- Ao ensinar crianças com dislexia têm encontrado dificuldade ao utilizar estes
métodos?
Fonte: Elaboração Própria
Opção Nº %
Sim 2 50%
Não 2 50%
Total 4 100%
Para além destas perguntas fechadas houveram outras perguntas abertas dentro deste
mesmo questionário que são:
R: Das Respostas apresentadas, a Professora (A) e (B) Afirmaram que têm utilizado em
Língua portuguesa os métodos tradicionais tais como: Explicativo; Demostrativo;
Expositivo e outros.
Diferente da (C) que limitou-se em não responder esta questão e as demais perguntas
abertas, a professora (D) afirmou que têm utilizado cópias, e escritas repetidas das
palavras erradas.
57
R: Quanto a esta questão que foi respondida apenas por duas professoras da 5ª Classe,
que afirmaram, que realmente tem encontrado dificuldades quanto a exposição
Audiovisual e no tocante a maneira que estes alunos têm de perceber o conteúdo
Quais condições sugerem para a melhoria dos métodos utilizados no ensino da Língua
Portuguesa em Alunos com Dislexia do Complexo Escolar do Ensino Especial- BG nº
1038?
R: Limitaram-se a responder esta questão apenas duas professoras, das quais uma fez
menção ao uso de computadores com sons, para melhoria do processo de ensino da
Língua Portuguesa em Alunos com Dislexia e a outra respondeu escrevendo que, os
métodos não diferem muito daqueles já sugeridos nas questões anteriores como, escrever
repetidas vezes as palavras.
58
CONCLUSÃO GERAL
Feita a pesquisa com base no problema levantado, nos objectivos traçados e nas
perguntas científicas elaboradas, chegou-se as seguintes conclusões:
Pelo facto de estas turmas serem miscigenadas de alunos com dislexia e não só, a
utilização deste modelo no ensino da Língua Portuguesa, se torna um desafio para os
professores desta classe ao passar os conhecimentos de modo a que os alunos disléxicos
consigam aprender de forma significativa. É evidente que não existe um tipo específico
de modelo metodológico para o ensino da Língua Portuguesa em alunos com dislexia,
porém, partido do facto de que o ensino de alunos com Dislexia não faz-se unicamente
com a utilização de um método, é possível promover uma aprendizagem significativa a
estes alunos, para tal, é necessário que exista uma adequação de novas estratégias,
associadas ao modelo metodológico vigorante e não só, isto é, é preciso uma combinação
harmoniosa dos métodos, auxiliados às estratégias adequadas e adaptadas à realidade e
estilo de aprendizagem dos alunos com dislexia destas salas de aulas.
59
RECOMENDAÇÕES
60
BIBLIOGRAFIA
Costa, A., Botelho, F., Solla, L., e Soares, L. Y. (2019). manual de língua portuguesa
para professores do ensino primário: projecto aprendizagem para todos. 2ª edição,
Luanda.
61
Fiedorowicz, C., Benezra, E., MacDonald, W., McElgunn, B., Wilson, A., e Kaplan, B.
(2001). Base neurobiológica das dificuldades de aprendizagem: Uma
actualização. Incapacidades de aprendizagem-revista multidisciplinar-, 11(2), 61-
74.
Ianhez, M.E., e Nico, M. A. (2002). Nem sempre é o que parece: como enfrentar a
dislexia e os fracassos escolares. São Paulo. Alegro.
Pereira, R. J. B., Azevedo, M.M. R., Sousa, E. T. F., e Hage, A. X. (2020). Método
tradicional e estratégias lúdicas no ensino de Biologia para alunos de escola rural
do município de Santarém-PA. Experiências em Ensino de Ciências, 15(02), 106-
123.
62
Rodrigues, S., e Ciasca, S. (2016). dislexia na escola: identificação e possibilidades de
intervenção. Revista Psicopedagógica, 33(100), 86-97
Documentos Legislativos
Lei nº 32/20 de 12 de Agosto – Lei de bases do sistema educativo angolano. (lei actual)
63
APÊNDICE
64
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE BENGUELA
DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
REPARTIÇÃO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
Guião de Entrevista
R:
R:
R:
4ª Como têm feito para que eles aprendam, que método têm utilizado e que tem lhes
proporcionado maior aprendizagem?
R:
65
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE BENGUELA
DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
REPARTIÇÃO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
Guião de Observação
Nº INDICADORES ESCALA DE
APRECIAÇÃO
1 2 3 4 5
1 Planificação da Aula
2 Habilidades na condução da Aula
3 Atenção aos problemas de leitura e escrita dos
alunos com Dislexia
4 Criatividade na transmissão de conhecimentos
5 Respeito ao Tempo e ao Ritmo de
Aprendizagem do aluno
6 Promoção da Aprendizagem Multissensorial
7 Utilização de modelos e/ou Estratégias
metodológicas inovadoras
8 Ouvido e Olhar Atento
9 Capacidade Comunicativa
10 Relação Professor-Aluno
11 Atenção as particularidades individuais
12 Contribuição para promoção de uma boa auto-
estima às crianças com Dislexia
(1) Muito bom; (2) Bom; (3) Regular; (4) Mau; (5) Não Utilizado.
66
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCACÃO DE BENGUELA
DEPARTAMENTO DE ENSINO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
REPARTIÇÃO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
Obrigada!
IDENTIFICAÇÃO
SEXO:
Masculino____ Feminino_____
Idade:____ Anos.
Especialidade:____________________________________________________
5- Tem algum aluno com Dislexia na turma em que lecciona? Sim___ Não___
67
7-Que modelo(s) metodológico(s) é/são utilizado(s) no ensino da Língua
Portuguesa?_____________________________________________________________
_______________________________________________________________________
________________________________________________________________.
9.1Quais________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
________________________________________________________________
10- Dos modelos metodológicoss utilizados em aulas de Língua Portuguesa qual deles
proporciona maior aprendizagem aos alunos com dislexia?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
________________________________________________________________
11-Quais Condições sugere para a melhoria dos métodos utilizados no ensino da Língua
Portuguesa em Alunos com Dislexia?
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
______________________________________________________________.
68
69
ANEXO
70