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TRINCA, Fabio Luis. Gerente de Finanças da Organização das Cooperativas Brasileiras OCB. Especialização
em Cooperativismo. Pós-graduando em Gestão e Direito dos Serviços Sociais Autônomos do IDP.
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“... sem dúvida, a privatização dos bancos é o tema que suscita maiores
controvérsias e discussões mais acaloradas e abertas.” (Yttrio Corrêa da Costa Neto)2
INTRODUÇÃO
Após uma longa inflexão sobre o tema, finalmente surgiu a primeira luz sobre
o início da problemática, em consulta formulada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem da
Indústria - SENAI, junto ao Tribunal de Contas da União-TCU – Decisão 362/1994
(Plenário), questionando se a referida Entidade teria autorização para promover aplicações de
suas disponibilidades financeiras em Certificado de Depósito Bancário - CDB e em Recibo de
Depósito Bancário - RDB, mediante voto do Ministro Relator Paulo Affonso Martins de
Oliveira, assim decidiu o Tribunal Pleno, mediante as razões expostas pelo Relator:
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COSTA NETO, Yttrio Corrêa da. Bancos Oficiais no Brasil: Origem e Aspectos do Seu Desenvolvimento,
2004, p. 7.
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Ora, uma dúvida surge no referido voto; qual a diferença entre as aplicações
financeiras CDB e RDB, do Banco do Brasil S.A. e da Caixa Econômica Federal, em relação
às demais Instituições Financeiras reguladas pelo Banco Central do Brasil, já que todas as
Instituições Financeiras estão expostas aos mesmos riscos de mercado oferecidos por tais
papeis bancários?
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Lei 4.728/1965; Decreto-Lei 14/66; Art. 19 da Lei 8.088/90; Manual deTítulos e Valores Mobiliários (MTVM);
Manual de Normas e Instruções (MNI 2-7-4)
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Lei 4.728/1965; Decreto-Lei 13/1966, Art. 2°; Resolução CMN 3.454/2007; Manual deTítulos e Valores
Mobiliários (MTVM); Manual de Normas e Instruções (MNI 2-7-4)
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(...) Significa dizer que a fonte primária e mais relevante de receitas provém das
contribuições das próprias entidades cooperativas com destinação específica,
reclamando a intervenção da União para recolhimento e repasse em virtude da
natureza parafiscal, por imperativo do art. 149 da Constituição da República.
Por isso mesmo é que não soa exato afirmar, em compreensão restrita, que é custeado
por dinheiro público, visto que os seus pilares de sustentação estão apoiados nas
contribuições efetuadas exclusivamente pelas cooperativas com o propósito de
aperfeiçoamento do perfil social e profissional dos trabalhadores do mesmo
ramo.(grifo)
Note-se que, ao analisar outra questão, observou-se uma Ação Civil Originária,
que discutia a competência entre os Ministérios Públicos, Estadual e Federal para investigar
suposto ato de improbidade administrativa, o I. Ministro Eros Grau, doutrinariamente,
esclarece que os recursos das entidades do Sistema S ao ingressar nos cofres das mesmas são
privados, vejamos:
(...)
13. Por fim, importa destacar que os Serviços Sociais Autônomos recebem
subvenções recolhidas pelo órgão previdenciário (INSS), ou seja, auxílios pecuniários
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Art. 10. Constituem receitas do SESCOOP: I - contribuição mensal compulsória, a ser recolhida, a partir de 1o
de janeiro de 1999, pela Previdência Social, de dois vírgula cinco por cento sobre o montante da remuneração
paga a todos os empregados pelas cooperativas; II - doações e legados; III - subvenções voluntárias da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;IV - rendas oriundas de prestação de serviços, da alienação ou
da locação de seus bens; V - receitas operacionais;VI - penas pecuniárias.
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Ora, como muito bem destacado nas decisões acima, a partir do momento em
que o valor oriundo das contribuições compulsórias recolhidas sobre a folha de pagamento
dos empregados nas cooperativas ingressa nos cofres do SESCOOP, este perde o caráter de
público e passa a ser privado. Da mesma forma não se trata de valor custeado por toda a
sociedade, mas, sim de um valor oriundo exclusivamente de cooperativas, para
aperfeiçoamento de seus empregados e cooperados.
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(...) CF - Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em
nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
7 (...) MP 1.715/98 Art. 7º Fica autorizada a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo-
SESCOOP, com personalidade jurídica de direito privado, sem prejuízo da fiscalização da aplicação de seus
recursos pelo Tribunal de Contas da União, com o objetivo de organizar, administrar e executar em todo o
território nacional o ensino de formação profissional, desenvolvimento e promoção social do trabalhador em
cooperativa e dos cooperados.
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Dever de eficiência é o que se impõe a todo agente público de realizar suas atribuições
com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da
função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com
legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório
atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros. Esse dever de
eficiência corresponde ao 'dever de boa administração', consagrado pelo Decreto-lei nº
200/67, quando submetido a atividade do Executivo ao controle de resultado (arts. 13
e 25).[...] A verificação da eficiência atinge os aspectos quantitativo e qualitativo do
serviço, para aquilatar do seu rendimento efetivo, do seu custo operacional e da sua
real utilidade para os administrados e para a Administração" (Hely Lopes Meirelles,
em Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros, 1994, págs. 90 e 91).
Talvez por estes motivos de ter que obedecer aos princípios inerentes ao
administrador público e gerir os recursos com eficiência, e muitas vezes diante da cobrança do
seu público alvo, próximo demais ao gestor, faça com que o mesmo tenha que ser muito mais
eficiente não há dúvidas, por exemplo, que os consultórios médicos das Entidades do Sistema
S são muito melhores que os correlatos públicos, o mesmo ocorre com a formação
profissional se comparada com os entes públicos.
Ora, se o gestor tem seus atos fiscalizados pelo Tribunal de Contas da União-
TCU e ao mesmo tempo deve ser eficiente ao ponto de trazer maiores benefícios para a
entidade que administra, onde estará o problema em deixar que este gestor escolha a forma e
as instituições financeiras onde e como trará maior rentabilidade aos recursos financeiros por
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Como o controle subjetivo, realizado pelo TCU sobre os atos praticados pelo
gestor pressupõe a aferição da conduta do mesmo, comparada com padrões médios caso essa
conduta seja reprovável caberá ao Tribunal de Contas a aplicação de sansões. Já no controle
objetivo, será verificado a legalidade do ato, caso o mesmo seja considerado ilegal, o TCU
determinará a adoção das providências necessárias ao cumprimento da lei.
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Sobre o tema, vide os acórdãos do TST, p.ex. RR - 141400-76.2008.5.03.0013, Relatora Ministra Dora Maria
da Costa, Ac. 8ª Turma, DEJT 1º/4/2011; RR - 146800-36.2008.5.20.0001, Relatora Ministra Kátia Magalhães
Arruda, Ac. 6ª Turma, DEJT 1º/6/2012, e outros.
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(...)“ Vejo, também, que essa regra salutar de depósito em bancos oficiais imposta pela
Constituição vai ao encontro do princípio da moralidade previsto no art. 37, caput do
seu texto, ao qual deve obediência a administração pública direta e indireta de
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
(...) ‘o fato de obrigar o depósito em instituições financeiras oficiais é medida
saneadora, pois evita que o prefeito faça como seu o saldo médio com o depósito da
Prefeitura para obter empréstimos pessoais.”
(...) têm, como característica própria, o fato de possuírem capital estatal e controle
diretor do Poder Público, e via de regra têm como finalidade fomentar de maneira
direta o bem-estar social e a produção regional ou setorial, especialmente daquelas
em que o particular capitalista, que busca a garantia de seu próprio numerário e o
rendimento imediato, não tem interesse porque o risco ou a rentabilidade não são
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condizentes, em termos de mercado financeiro, com outras aplicações possíveis.
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In Enciclopédia Saraiva de Direito: bacalar-benefício (Direito Civil). São Paulo: Saraiva, 1978. 517 p. R 34
F814e v. 10.
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Revista do TCU, ano 38, número 108, jan./abr. 2007, p. 47 a 49. HTTP://portal2.tcu.gov.br/portal
/page/portal/TCU/comunidades/biblioteca_tcu/biblioteca_digital/REVISTA108_0.PDF. Acesso em 06 de
outubro de 2012
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TCU, Acórdão 1.967/2006 – Plenário, número interno do documento AC-1967-43/06-P.
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Publicação no site http://sistema-financeiro-nacional.info/mos/view/Sistema_Financeiro_Nacional-_Conceito/
Acesso em 18 de outubro de 2012.
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Antes de abordar sobre o que é CDB e RDB, é importante fazer uma citação
sobre o que é Certificado de Depósitos Interbancário CDI, pois, é por meio de sua taxa de
juros, que são negociadas por parte das instituições financeiras, as taxas de juros para
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Portanto, pode-se definir como sua função manter a fluidez do sistema, ou seja,
quem tem dinheiro em excesso empresta para quem estiver precisando. Grande parte
das operações é negociada com período de apenas um dia. Apesar disso, tem as
vantagens de ser rápido, seguro e não sofrer nenhum tipo de taxação. Agora, os
CDI's também podem ser negociados em prazos mais dilatados e com taxas pré-
fixadas e pós-fixadas. Os Certificados de Depósitos Interbancários negociados por
um dia, também são denominados Depósitos Interfinanceiros e detém a
característica de funcionarem como um padrão de taxa média diária, a CDI over.
A taxa média diária do CDI é utilizada como parâmetro para avaliar a rentabilidade
de fundos, como os DI, por exemplo. O CDI é utilizado para avaliar o custo do
dinheiro negociado entre os bancos, no setor privado e, como o CDB (Certificado de
Depósito Bancário), essa modalidade de aplicação pode render taxa de prefixada ou
pós-fixada.
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Publicação no site http://www.portalbrasil.net/indices_cdi.htm - Acesso em 06/10/2012.
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I - das Bolsas de Valores e das sociedades corretoras que sejam seus membros.
III - das sociedades ou empresas que tenham por objeto a subscrição de títulos
para revenda ou sua distribuição no mercado e que sejam autorizadas a funcionar
nos termos do art. 11;
(1) - Lei 6385/76 DOU 09/12/1976 pág. 16037 - conferir: art.15 - Revogação
Parcial.
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Lei 4.728/1965; Decreto-Lei 14/66; Art. 19 da Lei 8.088/90; Manual de Títulos e Valores Mobiliários
(MTVM); Manual de Normas e Instruções (MNI 2-7-4)
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Lei 4.728/1965; Decreto-Lei 13/1966, Art. 2°; Resolução CMN 3.454/2007; Manual deTítulos e Valores
Mobiliários (MTVM); Manual de Normas e Instruções (MNI 2-7-4)
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Legislação no site do Banco Central do Brasil. http://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/Port/lei4728.pdf.
Acesso em 18 de outubro de 2012
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CONCLUSÃO
Por fim, cabe salientar que a pulverização dos recursos financeiros em várias
instituições financeiras sólidas, reduziria em potencial os riscos inerentes às instituições
financeiras que operam no país, dando uma segurança maior ao capital financeiro do
SESCOOP ou de qualquer outra entidade do Sistema S.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Decisão 362/1994 – Plenário. Sessão 08/06/1994. Consulta formulada pelo SENAI.
Aplicação de disponibilidades financeiras em Certificado de Depósito Bancário e em Recibo
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BRASIL. Lei n. 8.443, de 16 de julho de 1992. Dispõe sobre a Lei Orgânica do Tribunal de
Contas da União e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil.
Brasília, 16 jul. 1992.
COSTA NETO, Yttrio Corrêa da. Bancos Oficiais no Brasil: Origem e Aspectos de seu
Desenvolvimento. Brasília, DF: Banco Central do Brasil, 2004. Disponível em:
<http://www.bcb.gov.br/htms/public/BancosEstaduais/livros_bancos_oficiais.pdf> Acesso
em: 06 out. 2012.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1994,
págs. 90 e 91.