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APLICAÇÃO EM CERTIFICADO DE DEPÓSITO BANCÁRIO-CDB E

RECIBO DE DEPÓSITO BANCÁRIO-RDB DOS SERVIÇOS SOCIAIS


AUTÔNOMOS: O CASO DO SESCOOP

FABIO LUIS TRINCA1

RESUMO: O presente artigo visa conhecer as razões pelas quais os Serviços


Sociais Autônomos, mais especificamente o SESCOOP, estão autorizados a aplicar suas
disponibilidades de recursos financeiros em certificados de depósitos bancários-CDBs e em
recibos de depósitos bancários-RDBs, somente em instituições financeiras federais, bem
como apresentar à luz do das normas legais, qual a diferença das referidas aplicações
financeiras em outras instituições financeiras reguladas pelo Banco Central do Brasil, que não
as Federais. Salientar o caráter privado do recurso financeiro quando ingressado nos caixas
das entidades dos ditos Serviços Sociais Autônomos, bem como demonstrar a obrigação de
bem administrar tais disponibilidades por parte dos gestores das referidas entidades, da
mesma forma que deverão ser administradas as ações das suas atividades finalísticas. Mostrar
que aplicações financeiras em certificados de depósitos bancários-CDBs e em recibos de
depósitos bancários-RDBs, são serviços, claro que de caráter financeiros, contratados com
instituições financeiras, tais contratações se assemelham às demais feitas pelas instituições,
reguladas por meio de seus regimentos.

PALAVRAS CHAVES: Aplicação financeira em certificado de depósito


bancário-CDB e em recibo de depósito bancário-RDB, em bancos oficiais por parte dos
Serviços Sociais Autônomos.

1
TRINCA, Fabio Luis. Gerente de Finanças da Organização das Cooperativas Brasileiras OCB. Especialização
em Cooperativismo. Pós-graduando em Gestão e Direito dos Serviços Sociais Autônomos do IDP.
2

“... sem dúvida, a privatização dos bancos é o tema que suscita maiores
controvérsias e discussões mais acaloradas e abertas.” (Yttrio Corrêa da Costa Neto)2

INTRODUÇÃO

A frente da Gestão de uma entidade do Sistema S, compartilhada com a Gestão


de uma Gerência de Finanças em empresa, surgiu a problemática da aplicação financeira dos
recursos da entidade do Sistema S, mais especificamente o SESCOOP, em instituição
bancária que trouxesse maior remuneração ao capital.

Pesquisando no mercado financeiro, é possível notar que as taxas de


aplicações, tais como Certificado de Depósito Bancário – CDB e Recibo de Depósito
Bancário - RDB variam de instituição para instituição e, a primeira vista, tal variação pode
significar uma perda na remuneração do capital enquanto ele aguarda o emprego na atividade
finalística da entidade.

Ao consultar demais gestores ligados ao Sistema S foi possível notar uma


espécie de dogma: “o dinheiro somente pode ser aplicado em Bancos Oficiais.” Mas, de onde
surgiu essa diretriz? Ora, se o Gestor deve ser eficiente e probo, porque não buscar meios para
remunerar melhor o capital da entidade?!

Após uma longa inflexão sobre o tema, finalmente surgiu a primeira luz sobre
o início da problemática, em consulta formulada pelo Serviço Nacional de Aprendizagem da
Indústria - SENAI, junto ao Tribunal de Contas da União-TCU – Decisão 362/1994
(Plenário), questionando se a referida Entidade teria autorização para promover aplicações de
suas disponibilidades financeiras em Certificado de Depósito Bancário - CDB e em Recibo de
Depósito Bancário - RDB, mediante voto do Ministro Relator Paulo Affonso Martins de
Oliveira, assim decidiu o Tribunal Pleno, mediante as razões expostas pelo Relator:

1 - receber o expediente do Sr. Presidente do Conselho Nacional do SENAI,


Senador Albano Franco, na forma de consulta, uma vez não admitido como recurso

2
COSTA NETO, Yttrio Corrêa da. Bancos Oficiais no Brasil: Origem e Aspectos do Seu Desenvolvimento,
2004, p. 7.
3

nos termos do Regimento Interno deste Tribunal; 2 - informar à Presidência do


SENAI que os serviços sociais autônomos não estão impossibilitados de aplicar suas
disponibilidades de recursos em Certificados de Depósitos Bancário-CDBs e em
Recibos de Depósitos Bancários-RDBs, junto ao Banco do Brasil S.A. e Caixa
Econômica Federal, (grifei) desde que não tragam prejuízos à consecução das
finalidades para os quais foram instituídos os aludidos serviços, posto que não há
disposição legal contrária e ademais a Resolução CMN nº 50/67, que regulamentou
o D.L. nº 151, de 09.02.67, apenas e tão-somente proibiu aos serviços sociais
autônomos de manterem suas disponibilidades depositadas em outro
estabelecimento bancário distinto das sobreditas instituições financeiras federais; 3 -
tornar sem efeito a Decisão Plenária nº 129/92, face ao item anterior; 4 -
considerando o caráter normativo da resposta do Tribunal às consultas que lhe são
formuladas, ex vi do que dispõe o art. 1º, § 2º, da Lei nº 8.443/92, encaminhar aos
órgãos de Controle Interno da União cópia do inteiro teor desta Decisão, bem assim
do Relatório e Voto que a fundamentam.

Ora, uma dúvida surge no referido voto; qual a diferença entre as aplicações
financeiras CDB e RDB, do Banco do Brasil S.A. e da Caixa Econômica Federal, em relação
às demais Instituições Financeiras reguladas pelo Banco Central do Brasil, já que todas as
Instituições Financeiras estão expostas aos mesmos riscos de mercado oferecidos por tais
papeis bancários?

Para maior clarividência sobre o assunto, é preciso entender um pouco o que


“Certificado de Depósito Bancário-CDB” e o que é “Recibo de Depósito Bancário-RDB”.

Enquanto que o Certificado de Depósito Bancário-CDB é um título negociável


emitido por bancos comerciais, de desenvolvimento, de investimento e múltiplos
representativos de depósitos a prazo, eles são nominativos aos respectivos depositantes e
escriturais, custodiados na Câmara de Custódia e Liquidação – CETIP, a negociação de tais
certificados no mercado só pode ser feita mediante a intermediação de instituição financeira e
do sistema distribuidor de títulos e valores mobiliário.3

Já o Recibo de Depósito Bancário-RDB, é uma promessa de pagamento em


determinada data futura da importância do depósito, acrescida do valor da correção e dos
juros convencionados, o RDB é inegociável, não podendo ser resgatado antes do vencimento,
salvo mediante acordo com a instituição financeira depositária, geralmente sem o recebimento
dos rendimentos estabelecidos4.

3
Lei 4.728/1965; Decreto-Lei 14/66; Art. 19 da Lei 8.088/90; Manual deTítulos e Valores Mobiliários (MTVM);
Manual de Normas e Instruções (MNI 2-7-4)
4
Lei 4.728/1965; Decreto-Lei 13/1966, Art. 2°; Resolução CMN 3.454/2007; Manual deTítulos e Valores
Mobiliários (MTVM); Manual de Normas e Instruções (MNI 2-7-4)
4

Portanto, a luz da decisão supracitada e do dogma criado entre os gestores das


instituições do Sistema S, o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo-
SESCOOP, conservadoramente, vem mantendo aplicadas suas disponibilidades financeiras
em Certificado de Depósito Bancário - CDB em um banco oficial, sem se quer ter a opção de
escolha da melhor remuneração praticada pelas instituições financeiras no mesmo tipo de
aplicação financeira, o que poderia proporcionar uma melhor rentabilidade, de forma que esta
seja aplicada em sua atividade finalística.

O papel do presente artigo é trazer à baila a discussão sobre as


vantagens e desvantagens de se aplicar estes recursos em instituições com maior retorno para
investimento, os riscos para a entidade e para os gestores de tais aplicações financeiras, em
outras instituições financeiras.

2 O SESCOOP SUA NATUREZA JURÍDICA E SUAS FONTES DE RECEITA

O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – SESCOOP foi


criado pela Medida Provisória n° 1.715-7, em 11 de março de 1999 e posteriores reedições,
com personalidade jurídica de direito privado.

O objetivo principal do SESCOOP é organizar, administrar e executar o ensino


de formação profissional e a promoção social dos trabalhadores e dos cooperados das
cooperativas em todo o território nacional. Cabe também ao SESCOOP, operacionalizar o
monitoramento, a supervisão, a auditoria e o controle em cooperativas, conforme sistema
desenvolvido e aprovado em Assembleia da Organização das Cooperativas Brasileiras–OCB.

Os recursos financeiros do Serviço Nacional de Aprendizagem do


Cooperativismo - SESCOOP, na sua maioria, são constituídos por contribuição mensal
compulsória recolhida sobre o montante da folha de pagamento das cooperativas, a razão de
2,5% (dois e meio por cento), em substituição ao mesmo montante pago às outras entidades
do Sistema “S”, anteriormente recolhido pelas Cooperativas.

Além da receita citada anteriormente, há outras descritas no artigo 10 da


5

Medida Provisória 1.715-75. Todas as receitas aqui elencadas, inclusive a da aplicação


financeira, tem uma única finalidade, que é a aplicação nos objetivos principais do
SESCOOP, quais sejam: o monitoramento, a capacitação e a promoção social aos empregados
de cooperativas e seus cooperados.

Ao decidir um Recurso Ordinário, nos autos da Ação Civil Pública nº 01205-


2008-018-10-00-1 RO, o I. Desembargador Convocado Juiz João Luis Rocha Sampaio do
TRT da 10ª Região, esclarece sobre a origem dos recursos do SESCOOP, in verbis:

(...) Significa dizer que a fonte primária e mais relevante de receitas provém das
contribuições das próprias entidades cooperativas com destinação específica,
reclamando a intervenção da União para recolhimento e repasse em virtude da
natureza parafiscal, por imperativo do art. 149 da Constituição da República.

Daí se pode inferir que o financiamento do SESCOOP é assegurado pelas próprias


entidades que atuam no segmento do cooperativismo com a finalidade de fomentar a
qualificação profissional, o desenvolvimento e a promoção social dos trabalhadores
vinculados ao setor. (grifo)

Por isso mesmo é que não soa exato afirmar, em compreensão restrita, que é custeado
por dinheiro público, visto que os seus pilares de sustentação estão apoiados nas
contribuições efetuadas exclusivamente pelas cooperativas com o propósito de
aperfeiçoamento do perfil social e profissional dos trabalhadores do mesmo
ramo.(grifo)

São contribuições, pois, de interesse de categorias econômicas ou profissionais


específicas, cuja aplicação pelo ente privado beneficiário se sujeita à prestação de
contas e fiscalização pelo Tribunal de Contas da União (CF, art. 70, parágrafo único
c.c. art. 8º da MP 2.168-40/2001).

Note-se que, ao analisar outra questão, observou-se uma Ação Civil Originária,
que discutia a competência entre os Ministérios Públicos, Estadual e Federal para investigar
suposto ato de improbidade administrativa, o I. Ministro Eros Grau, doutrinariamente,
esclarece que os recursos das entidades do Sistema S ao ingressar nos cofres das mesmas são
privados, vejamos:

(...)

13. Por fim, importa destacar que os Serviços Sociais Autônomos recebem
subvenções recolhidas pelo órgão previdenciário (INSS), ou seja, auxílios pecuniários

5
Art. 10. Constituem receitas do SESCOOP: I - contribuição mensal compulsória, a ser recolhida, a partir de 1o
de janeiro de 1999, pela Previdência Social, de dois vírgula cinco por cento sobre o montante da remuneração
paga a todos os empregados pelas cooperativas; II - doações e legados; III - subvenções voluntárias da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;IV - rendas oriundas de prestação de serviços, da alienação ou
da locação de seus bens; V - receitas operacionais;VI - penas pecuniárias.
6

determinados em lei, calculados sobre a folha de pagamentos total de empregados do


estabelecimento contribuinte. Conforme a maior parte da doutrina, esta distribuição
que mantém os Serviços Sociais Autônomos não integra a título algum a receita do
Estado, pois a passagem de recursos pelo INSS é meramente procedimental. (grifo)

14. Em parecer elaborado a pedido do SESI e do SENAI, o ex-ministro ILMAR


GALVÃO esclareceu que, quando o produto das contribuições ingressa nos cofres dos
Serviços Sociais Autônomos, este perde o caráter de recursos públicos (GALVÃO,
Ilmar. Parecer elaborado ao SESI e SENAI. Brasília, [s.d.], p. 18).

Ora, como muito bem destacado nas decisões acima, a partir do momento em
que o valor oriundo das contribuições compulsórias recolhidas sobre a folha de pagamento
dos empregados nas cooperativas ingressa nos cofres do SESCOOP, este perde o caráter de
público e passa a ser privado. Da mesma forma não se trata de valor custeado por toda a
sociedade, mas, sim de um valor oriundo exclusivamente de cooperativas, para
aperfeiçoamento de seus empregados e cooperados.

3 O DEVER DE PRESATAR CONTAS E A RESPONSABILIDADE DOS GESTORES

A obrigação do SESCOOP de prestar contas encontra respaldo, tanto no artigo


70 parágrafo único da Constituição Federal6, quanto artigo 7° da Medida Provisória 1.715/987
e posteriores reedições. Ou seja, o mesmo artigo que criou o SESCOOP e lhe deu
personalidade jurídica de direito privado, também lhe impôs a fiscalização da aplicação de
seus recursos pelo Tribunal de Contas da União.

Tal obrigação decorre da exegese do artigo 5° da Lei nº 8.443/1992, que dispõe


em seu inciso V, que mesmo os responsáveis por entidades dotadas de personalidade jurídica
de direito privado, desde que recebam contribuições parafiscais e prestem serviço de interesse

6
(...) CF - Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das
entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo
sistema de controle interno de cada Poder.
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que utilize, arrecade,
guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em
nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.

7 (...) MP 1.715/98 Art. 7º Fica autorizada a criação do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo-
SESCOOP, com personalidade jurídica de direito privado, sem prejuízo da fiscalização da aplicação de seus
recursos pelo Tribunal de Contas da União, com o objetivo de organizar, administrar e executar em todo o
território nacional o ensino de formação profissional, desenvolvimento e promoção social do trabalhador em
cooperativa e dos cooperados.
7

público ou social, como no caso do SESCOOP, estão sujeitos a jurisdição do Tribunal de


Contas da União.

Portanto, sobre o ponto de vista do Tribunal de Contas da União-TCU o gestor


de uma entidade do Sistema S, ao ter as suas contas analisadas é equiparado a um
administrador público devendo gerir com eficiência os recursos que lhe são colocados à
disposição para produzir benefícios ao seu público alvo, uma vez que, repita-se, ao contrário
do administrador público o gestor da Entidade do Sistema S, não dirige a sua atividade a toda
a sociedade, mas, sim exclusivamente ao seu público alvo, no caso do SESCOOP para
aperfeiçoamento dos empregados de cooperativas e cooperados.

Este encargo traz para o gestor responsabilidades e deveres em especial o


inescusável dever de eficiência, sobre o qual nunca é demais relembrar os comentários de
Hely Lopes Meirelles, qual seja:

Dever de eficiência é o que se impõe a todo agente público de realizar suas atribuições
com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno princípio da
função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada apenas com
legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório
atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros. Esse dever de
eficiência corresponde ao 'dever de boa administração', consagrado pelo Decreto-lei nº
200/67, quando submetido a atividade do Executivo ao controle de resultado (arts. 13
e 25).[...] A verificação da eficiência atinge os aspectos quantitativo e qualitativo do
serviço, para aquilatar do seu rendimento efetivo, do seu custo operacional e da sua
real utilidade para os administrados e para a Administração" (Hely Lopes Meirelles,
em Direito Administrativo Brasileiro, São Paulo, Malheiros, 1994, págs. 90 e 91).

Talvez por estes motivos de ter que obedecer aos princípios inerentes ao
administrador público e gerir os recursos com eficiência, e muitas vezes diante da cobrança do
seu público alvo, próximo demais ao gestor, faça com que o mesmo tenha que ser muito mais
eficiente não há dúvidas, por exemplo, que os consultórios médicos das Entidades do Sistema
S são muito melhores que os correlatos públicos, o mesmo ocorre com a formação
profissional se comparada com os entes públicos.

Ora, se o gestor tem seus atos fiscalizados pelo Tribunal de Contas da União-
TCU e ao mesmo tempo deve ser eficiente ao ponto de trazer maiores benefícios para a
entidade que administra, onde estará o problema em deixar que este gestor escolha a forma e
as instituições financeiras onde e como trará maior rentabilidade aos recursos financeiros por
8

ele administrados. Cabe sim ao TCU no momento da fiscalização verificar se as escolhas do


gestor foram corretas e em caso de dano à entidade por culpa ou dolo punir o gestor ímprobo.

Como o controle subjetivo, realizado pelo TCU sobre os atos praticados pelo
gestor pressupõe a aferição da conduta do mesmo, comparada com padrões médios caso essa
conduta seja reprovável caberá ao Tribunal de Contas a aplicação de sansões. Já no controle
objetivo, será verificado a legalidade do ato, caso o mesmo seja considerado ilegal, o TCU
determinará a adoção das providências necessárias ao cumprimento da lei.

Não se pode substituir o gestor pelo controlador!

4 NORMATIVOS SOBRE APLICAÇÃO DAS DISPONIBILIDADES FINANCEIRAS

O Princípio da legalidade, consagrado pelo artigo 5° inciso II da Constituição


Federal, prevê que nenhum cidadão será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em
virtude de lei. Já no Capítulo consagrado à administração pública direta e indireta, em
especial no caput do artigo 37 da CF, temos que o administrador público não está livre para
fazer algo de acordo com sua vontade somente, mas, que deverá obedecer a lei estritamente.

O TST ao julgar as Ações Civis Públicas intentadas pelo Ministério Público do


Trabalho visando compelir as Entidades do Sistema S a observar em suas contratações o caput
do art. 37 da Constituição Federal, consagrou o entendimento de que, não obstante os serviços
sociais autônomos integrantes do intitulado SISTEMA S, sejam classificados como
paraestatais porque subvencionados por recursos públicos angariados por contribuições
compulsórias oriundos das folhas de pagamento das empresas, não se autoriza o entendimento
de que esses serviços façam parte da Administração Pública Direta ou Indireta, já que as
exigências quanto aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência previstas na Constituição de 1988, decorrentes da percepção desses recursos
públicos, sujeita às empresas integrantes à fiscalização do Tribunal de Contas da União, mas
não modifica, por si só, a natureza jurídica de direito privado destas, não se podendo exigir
regras dirigidas tão somente aos entes da Administração Pública8.

8
Sobre o tema, vide os acórdãos do TST, p.ex. RR - 141400-76.2008.5.03.0013, Relatora Ministra Dora Maria
da Costa, Ac. 8ª Turma, DEJT 1º/4/2011; RR - 146800-36.2008.5.20.0001, Relatora Ministra Kátia Magalhães
Arruda, Ac. 6ª Turma, DEJT 1º/6/2012, e outros.
9

Nota-se que a definição de Administração Pública direta e indireta é bem clara,


com imputação de regras aos seus administradores, senão vejamos o entendimento da
Ministra Ellen Gracie proferido no voto da ADIN 2.600-MC:

(...)“ Vejo, também, que essa regra salutar de depósito em bancos oficiais imposta pela
Constituição vai ao encontro do princípio da moralidade previsto no art. 37, caput do
seu texto, ao qual deve obediência a administração pública direta e indireta de
qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
(...) ‘o fato de obrigar o depósito em instituições financeiras oficiais é medida
saneadora, pois evita que o prefeito faça como seu o saldo médio com o depósito da
Prefeitura para obter empréstimos pessoais.”

Ou seja, por estes entendimentos, embora o SESCOOP deva observar os


princípios do artigo 37 da Constituição Federal quanto à fiscalização pelo Tribunal de Contas
da União dele não se pode exigir o cumprimento de regras dirigidas tão somente à
administração pública.

Repita-se que na norma de criação do SESCOOP, não há determinação onde os


recursos devam ser alocados ao contrário do que ocorre no Decreto-Lei n° 151, de 09 de
fevereiro de 1967 que regulamentou sobre os depósitos bancários do SESI, SESC, SENAI,
SENAC e das entidades sindicais, está explícito que tais entidades deverão manter seus
depósitos exclusivamente no Banco do Brasil S.A. e na Caixa Econômica Federal, veja
salienta-se a vontade do legislador quando tratou dos depósitos das referidas entidades,
vejamos:
Art. 1º do Decreto-Lei 151/67 - As disponibilidades do Serviço Social da Indústria
(SESI), Serviço Social do Comércio (SESC), Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial (SENAI), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC) e dos
Sindicatos, Federações e Confederações das categorias econômicas e profissionais
deverão ser mantidas em depósito exclusivamente no Banco do Brasil S.A. e nas
Caixas Econômicas Federais.
Parágrafo único. Excluem-se da obrigatoriedade de que trata o artigo 1º os depósitos
dos Sindicatos sediados em localidades onde não exista Agência de um dos
estabelecimentos ali mencionados, assim como aqueles que, excepcionalmente, for
indispensável, a qualquer das entidades referidas no artigo, manter nessas
localidades, por período determinado, para atender ao pagamento de obras em
realização ou de serviços prestados. (...)

Evidente que, no caso do SESCOOP, o legislador não se esqueceu de colocar


tal disposição e, como ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de
Lei, não há como se estender tal obrigatoriedade ao SESCOOP, como dito acima.
10

Já para a administração pública temos regra expressa no artigo 164, parágrafo


3°, da Constituição Federal que dispõe:

164, § 3º da CF: “as disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco


central; as dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou
entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas, em instituições
financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei”.

Cabe ainda uma conceituação sobre as Instituições Financeiras Oficiais, neste


caso segundo o ensinamento de Rubens Limongi França, citando que tais instituições:

(...) têm, como característica própria, o fato de possuírem capital estatal e controle
diretor do Poder Público, e via de regra têm como finalidade fomentar de maneira
direta o bem-estar social e a produção regional ou setorial, especialmente daquelas
em que o particular capitalista, que busca a garantia de seu próprio numerário e o
rendimento imediato, não tem interesse porque o risco ou a rentabilidade não são
9
condizentes, em termos de mercado financeiro, com outras aplicações possíveis.

E, no entendimento do Tribunal de Contas da União – TCU10, as Instituições


Financeiras Oficiais são: o Banco do Brasil S.A. (sociedade de economia mista), a Caixa
Econômica Federal (empresa pública), as demais instituições de caráter regional com as
características dessas duas anteriores e as instituições financeiras estaduais. 11

5 CONCEITO DE SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Importante se faz esclarecer um pouco sobre o Sistema Financeiro Nacional, do


qual faz parte todas as Instituições Financeiras autorizadas a operarem com papeis do tipo
Certificado de Depósito Bancário - CDB e Recibo de Depósito Bancário - RDB.

O Sistema Financeiro Nacional é a composição de instituições e órgãos que


controlam, fiscalizam e regulam à circulação de papel moeda, de crédito e de operações
financeiras no Brasil. A Constituição Federal em seu Artigo 192, aborda este assunto de
forma clara, salientando que os tratamentos específicos serão dados por Leis complementares,
vejamos:

9
In Enciclopédia Saraiva de Direito: bacalar-benefício (Direito Civil). São Paulo: Saraiva, 1978. 517 p. R 34
F814e v. 10.
10
Revista do TCU, ano 38, número 108, jan./abr. 2007, p. 47 a 49. HTTP://portal2.tcu.gov.br/portal
/page/portal/TCU/comunidades/biblioteca_tcu/biblioteca_digital/REVISTA108_0.PDF. Acesso em 06 de
outubro de 2012
11
TCU, Acórdão 1.967/2006 – Plenário, número interno do documento AC-1967-43/06-P.
11

(...) “Art. 192 O Sistema Financeiro Nacional, estruturado de forma a promover o


desenvolvimento equilibrado do país e a servir aos interesses da coletividade, em
todas as partes que o compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regulado
por leis complementares que disporão, inclusive, sobre a participação do capital
estrangeiro nas instituições que o integram". (...)

O Sistema financeiro é dividido em dois Subsistemas, o de Supervisão e o


operativo. Enquanto que o de supervisão é responsável por elaborar as normas para
transferência de recursos financeiros, bem como por supervisionar o funcionamento de
instituições financeiras que façam intermediação de valores, o subsistema operativo realiza a
aplicação das normas de transferência de recursos.

O melhor conceito sobre Sistema Financeiro Nacional, e sua composição,


encontramos no site http://sistema-financeiro-nacional.info 12 que assim descreve:

(...) O subsistema de supervisão é formado por: Conselho Monetário Nacional,


Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, Banco Central do Brasil,
Comissão de Valores Mobiliários, Conselho Nacional de Seguros Privados,
Superintendência de Seguros Privados, Brasil Resseguros (IRB), Conselho de
Gestão da Previdência Complementar e Secretaria de Previdência Complementar.
Dos que participam do subsistema de revisão, podemos destacar as principais
funções de alguns: O Banco Central (BACEN) é a autoridade que supervisiona todas
as outras, além de banco emissor de dinheiro e executor da política monetária. O
Conselho Monetário Nacional (CMN) funciona para a criação da política de moeda
e do crédito, de acordo com os interesses nacionais. A Comissão de Valores
Mobiliários tem a função de possibilitar a alta movimentação das bolsas de valores
e do mercado acionário (isso inclui promover negócios relacionados à bolsa de
valores, proteger investidores e ainda outras medidas). O outro subsistema, o
operativo, é composto por: Instituições Financeiras Bancárias, Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo, Sistema de Pagamentos, Instituições Financeiras Não
Bancárias, Agentes Especiais, Sistema de Distribuição de TVM. As partes
integrantes do subsistema operativo, citados acima, são grupo que compreendem
instituições que são facilmente achadas em nosso dia a dia. As Instituições
Financeiras Bancárias, por exemplo, representam as Caixas Econômicas,
Cooperativas de Crédito, Bancos comerciais e Cooperativos. As instituições
Financeiras Não Bancárias são, por exemplo, Sociedades de Crédito ao
Microempreendedor, Companhias Hipotecárias, Agências de Desenvolvimento. A
autoridade do Sistema Financeiro Nacional também podem ser divididas em dois
grupos: Autoridades Monetárias e Autoridades de Apoio. As autoridades monetárias
são as responsáveis por normatizar e executar as operações de produção de moeda.
O Banco Central do Brasil (BACEN) e o Conselho Monetário Nacional (CMN). Já
as autoridades de apoio são instituições que auxiliam as autoridades monetárias na
prática da política monetária. Um exemplo desse tipo de instituição é o Banco do
Brasil. Outro tipo de autoridade de apoio são instituições que têm poderes de

12
Publicação no site http://sistema-financeiro-nacional.info/mos/view/Sistema_Financeiro_Nacional-_Conceito/
Acesso em 18 de outubro de 2012.
12

normatização limitada a um setor específico. O exemplo desse tipo de autoridade é a


Comissão de Valores Mobiliários. As Instituições financeiras, termo muito usado
para definir algumas empresas, são definidas como as pessoas jurídicas, públicas ou
privadas e que tenham sua função principal ou secundária de guardar, intermediar ou
aplicar os recursos financeiros (tanto dos próprios recursos como recursos de
terceiros), que sejam em moeda de circulação nacional ou de fora do país e também
a custódia de valor de propriedade de outras pessoas. Pessoas físicas que façam
atividades paralelas às características acima descritas também são consideradas
instituições financeiras, sendo que essa atividade pode ser de maneira permanente ou
não. No entanto, exercer essa atividade sem a prévia autorização devida do estado
pode acarretar em ações contra essa pessoa. Essa autorização deve ser dada pelo
Banco Central e, no caso de serem estrangeiras, a partir de um decreto do presidente
da república. As decisões tomadas pelo conselho monetário nacional, logo pelo
sistema financeiro nacional tem total ligação com o estado da economia do país.
Suas mudanças são determinantes, para o funcionamento do mercado financeiro. A
chamada bolsa de valores (mercado onde as mercadorias são ações ou outros títulos
financeiros) tem empresas, produtos e ações que variam de acordo com o que esse
sistema faz. Considerando o alto valor de dinheiro investido nesse mercado, a bolsa
de valores é um espelho das grandes proporções que as decisões tomadas por esse
sistema podem afetar a vida de todas as esferas da sociedade.

Há, portanto, um rígido controle junto às instituições financeiras integrantes do


Sistema Financeiro Nacional, o que comprova que as mesmas, uma vez registradas e
controladas pelo Sistema, estão aptas a custodiar títulos públicos federais, repita-se, desde que
credenciadas junto à CETIP, balcão organizado de ativos e derivativos, sendo assim, em tese,
tais instituições financeiras estão aptas a prestar serviços a todas as entidades privadas do país,
entre elas as Entidades do Sistema S.

Pelo exposto considera-se que tais instituições podem ser submetidas ao


critério de concorrência previsto nos regulamentos de contratações das referidas Entidades do
Sistema S e dar maior transparência a aplicação dos recursos, algo como acontece com a
contratação de empresas para aquisição de passagem aérea, onde a ganhadora é a empresa que
oferece o maior desconto, no mesmo caso, o ganhador poderia ser a instituição que oferece a
melhor rentabilidade e as melhores taxas de serviços bancários.

6 CONCEITO DE CERTIFICADOS DE DEPÓSITO BANCÁRIO - CDB E RECIBO


DE DEPÓSITO BANCÁRIO - RDB

Antes de abordar sobre o que é CDB e RDB, é importante fazer uma citação
sobre o que é Certificado de Depósitos Interbancário CDI, pois, é por meio de sua taxa de
juros, que são negociadas por parte das instituições financeiras, as taxas de juros para
13

captação do RDB e do CDB, no site <http://www.portalbrasil.net> esclarece muito bem o que


é CDI13, vejamos sucintamente o que é CDI:

As instituições financeiras disputam no mercado os recursos disponíveis para


captação. Devido à volatilidade das taxas dos diferentes papéis em mercado, os
recursos financeiros disponíveis estarão procurando as melhores aplicações, quer
seja em CDB, LC ou LI.

De forma a garantir uma distribuição de recursos que atenda ao fluxo de recursos


demandados pelas instituições, foi criado, em meados da década de 1980, o CDI. Os
Certificados de Depósito Interbancário são os títulos de emissão das instituições
financeiras, que lastreiam as operações do mercado interbancário. Suas
características são idênticas às de um CDB, mas sua negociação é restrita ao
mercado interbancário. Sua função é, portanto, transferir recursos de uma instituição
financeira para outra. Em outras palavras, para que o sistema seja mais fluido, quem
tem dinheiro sobrando empresta para quem não tem.

As operações se realizam fora do âmbito do Banco Central, tanto que, neste


mercado, não há incidência de qualquer tipo de imposto, as transações são fechadas
por meio eletrônico e registradas nos computadores das instituições envolvidas e nos
terminais da Câmara de Custódia e Liquidação (CETIP). A maioria das operações é
negociada por um só dia, como no antigo overnight.

Portanto, pode-se definir como sua função manter a fluidez do sistema, ou seja,
quem tem dinheiro em excesso empresta para quem estiver precisando. Grande parte
das operações é negociada com período de apenas um dia. Apesar disso, tem as
vantagens de ser rápido, seguro e não sofrer nenhum tipo de taxação. Agora, os
CDI's também podem ser negociados em prazos mais dilatados e com taxas pré-
fixadas e pós-fixadas. Os Certificados de Depósitos Interbancários negociados por
um dia, também são denominados Depósitos Interfinanceiros e detém a
característica de funcionarem como um padrão de taxa média diária, a CDI over.

As taxas do CDI over vão estabelecer os parâmetros das taxas referentes às


operações de empréstimos de curtíssimo prazo, conhecidas como hot money que
embute, na maioria dos casos, o custo do CDI over acrescido de um spread mínimo,
além do custo do PIS.

A taxa média diária do CDI é utilizada como parâmetro para avaliar a rentabilidade
de fundos, como os DI, por exemplo. O CDI é utilizado para avaliar o custo do
dinheiro negociado entre os bancos, no setor privado e, como o CDB (Certificado de
Depósito Bancário), essa modalidade de aplicação pode render taxa de prefixada ou
pós-fixada.

Como o CDI quantifica o custo do dinheiro para os bancos em um determinado dia,


ele é utilizado pelo mercado como parâmetro para fundos de renda fixa e DI. O CDI
é usado também como parâmetro para operações de Swap (contrato de troca de
qualquer tipo, seja ele de moedas, commodities ou ativos financeiros), na Bolsa de
Mercadoria & Futuros (BM&F) para o ajuste diário do DI futuro.

O Certificado de Depósito Bancário-CDB é um título negociável emitido por


bancos comerciais, de desenvolvimento, de investimento e múltiplos representativos de
depósitos a prazo, eles são nominativos aos respectivos depositantes e escriturais, custodiados

13
Publicação no site http://www.portalbrasil.net/indices_cdi.htm - Acesso em 06/10/2012.
14

na Câmara de Custódia e Liquidação – CETIP, a negociação de tais certificados no mercado


só pode ser feita mediante a intermediação de instituição financeira e do sistema distribuidor
de títulos e valores mobiliário.14

Já o Recibo de Depósito Bancário-RDB, é uma promessa de pagamento em


determinada data futura da importância do depósito, acrescida do valor da correção e dos
juros convencionados, o RDB é inegociável, não podendo ser resgatado antes do vencimento,
salvo mediante acordo com a instituição financeira depositária, geralmente sem o recebimento
dos rendimentos estabelecidos.15

A legislação16 é expressa quando autoriza as Instituições Financeiras


autorizadas a operar no mercado de capitais, com papeis do tipo: Certificado de Depósito
Bancário – CDB e Recibo de Depósito Bancário – RDB, da a sua forma e condições, mais
abaixo veremos detalhes dos dois tipos de aplicação financeira, senão vejamos:

(...) Art. 5º - O sistema de distribuição de títulos ou valores mobiliários no mercado


de capitais será constituído: (1)

I - das Bolsas de Valores e das sociedades corretoras que sejam seus membros.

II - das instituições financeiras autorizadas a operar no mercado de capitais;

III - das sociedades ou empresas que tenham por objeto a subscrição de títulos
para revenda ou sua distribuição no mercado e que sejam autorizadas a funcionar
nos termos do art. 11;

IV - das sociedades ou empresas que tenham por objeto atividade de intermediação


na distribuição de títulos ou valores mobiliários, e que estejam registradas nos
termos do art. 12.

(1) - Lei 6385/76 DOU 09/12/1976 pág. 16037 - conferir: art.15 - Revogação
Parcial.

Estas aplicações são consideradas aplicações conservadora, considerada pelo


mercado financeiro como uma aplicação de baixo risco, mas com rentabilidade superior a da
poupança. Não se trata de uma aplicação especulativa, muito pelo contrário, a taxa de

14
Lei 4.728/1965; Decreto-Lei 14/66; Art. 19 da Lei 8.088/90; Manual de Títulos e Valores Mobiliários
(MTVM); Manual de Normas e Instruções (MNI 2-7-4)
15
Lei 4.728/1965; Decreto-Lei 13/1966, Art. 2°; Resolução CMN 3.454/2007; Manual deTítulos e Valores
Mobiliários (MTVM); Manual de Normas e Instruções (MNI 2-7-4)
16
Legislação no site do Banco Central do Brasil. http://www.bcb.gov.br/pre/leisedecretos/Port/lei4728.pdf.
Acesso em 18 de outubro de 2012
15

rendimento é informada pela instituição financeira no momento da aplicação de acordo com o


valor investido e o tempo de permanência do investimento.

No caso, o CDB em todas as instituições financeiras é composto, na sua


maioria, por papéis de títulos públicos federais, podendo ser lastreado, também, com outros
títulos de baixo risco, da carteira do próprio banco. O CDB é um certificado endossável, que
pode ser negociado com outros bancos e, nestas transações o Banco ser remunerado. Já no
caso do o RDB, embora a composição seja a mesma, não pode haver negociação destes títulos
entre as instituições bancárias.

Esta negociação é diferente do que acontece com os fundos de investimento,


que possuem maior rentabilidade, porém maior risco, pois o percentual de lastro em títulos
públicos federais é inferior ao do CDB e RDB, os fundos de investimento se lastreiam em
ações de bolsa de valores, títulos de dívidas diversos, imobilizados e, por isto, são
considerados pelo mercado financeiro de alto risco.

Para ilustrar, abaixo se demonstra uma simulação de taxas de um CDB pós-


fixado nos Bancos Oficiais, que remuneram no máximo 98% da taxa do CDI, ao passo que as
demais instituições privadas podem remunerar um montante superior a 100%, podendo chegar
a 105%, dependendo do volume aplicado, contudo faremos a simulação de 98%, 100% e
103% do CDI, considerando que esta última seja o máximo suportado pelo mercado
financeiro, vejamos:
16

CONCLUSÃO

Embora a questão seja relativamente controvertida e de alta complexidade,


devido a um entendimento confuso dado entre o que são atos de um administrador público e o
que são atos de gestão cabíveis aos gestores do Sistema S.

Claro que há posicionamentos divergentes de alguns estudiosos, contudo, o


presente estudo faz uma reflexão com breves considerações entre o que são recursos
efetivamente públicos e os de caráter parafiscais que ao ingressarem nos cofres das entidades
privadas, que no entender do presente trabalho devem ser considerados como recursos
privados, devendo estes ter o mesmo entendimento das demais operações, por meio de
regulamentos próprios para contratação de prestação de serviços, o mesmo devendo-se aplicar
aos serviços prestados pelas instituições financeiras, visando o oferecimento de melhores
condições de tarifação e taxas de aplicação financeira.

O dogma criado entre os gestores ligados ao Sistema S, atribuído ao Decreto-


Lei 151/67, que legislou sobre as entidades ligadas ao Comércio e a Indústria, onde estes
deveriam manter seus recursos financeiros aplicados somente em bancos oficiais, trouxe para
as demais entidades o mesmo entendimento.

É importante mostrar uma interpretação histórica da época do Decreto-Lei


151/67, onde a administração pública tinha um entendimento diferenciado em relação ao
advento da Constituição de 1988, um pouco mais rígido, devido ao controle ainda precário em
relação às instituições financeiras privadas e instabilidade financeira, somado ao fato que
existiam outras instituições financeiras oficiais, além das únicas duas que hoje existem, fato
este que, aumentaria sensivelmente a concorrência entre elas, para melhor prestação de
serviços.

Hoje, porém, pode-se afirmar que o mercado financeiro, leia-se instituições


financeiras, são muito bem controladas e reguladas pelo Banco Central do Brasil, sejam elas
públicas ou privadas, lembrando que na prática as Entidades do Sistema S só tem duas
opções, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, sendo esta última muito pouco
utilizada pelo Sistema “S”.
17

Para o caso do SESCOOP observa-se que a legislação não obrigou a esta


limitação imposta aos chamados S Clássicos, aqueles dos idos de 1967 e, portanto, anteriores
à Constituição Federal de 1988. Repita-se que no Decreto-Lei de criação do SESCOOP, o
legislador não previu tal restrição sobre a movimentação bancária em instituições financeira
privadas, podendo por este motivo, permitir-se uma reflexão, visando a melhoria da oferta dos
serviços bancários, pois, a concorrência apresenta uma melhora nos serviços hoje restritos a
dois bancos.

Pode-se sugerir, que o SESCOOP poderia manter sua movimentação financeira


àquelas instituições financeiras que melhor oferecer seus serviços, seja na cobrança de tarifas,
seja na oferta de melhor taxa de aplicação financeira, claro, que seria razoável, que da mesma
forma que se contrata os demais produtos e serviços por meio de um regulamento de
licitações e contratos próprio, o mesmo entendimento deveria ser dado aos serviços bancários
disponíveis no mercado. Entende-se que é importante um estudo um pouco mais profundo do
tipo stricto sensu, de forma comparativa com outros modelos de gestão e com modelos
parecidos utilizados em outros países.

Por fim, cabe salientar que a pulverização dos recursos financeiros em várias
instituições financeiras sólidas, reduziria em potencial os riscos inerentes às instituições
financeiras que operam no país, dando uma segurança maior ao capital financeiro do
SESCOOP ou de qualquer outra entidade do Sistema S.

BIBLIOGRAFIA

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Manual de Normas e Instruções - MNI 02-07-04. Normas


Operacionais de Instituições Financeiras. Disponível em
<http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=mni020704> Acesso em 06/10/2012.

BRASIL. Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988. Diário Oficial da República


Federativa do Brasil. Brasília, 05 out. 1988. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em
06/10/2012.

BRASIL. Decisão 362/1994 – Plenário. Sessão 08/06/1994. Consulta formulada pelo SENAI.
Aplicação de disponibilidades financeiras em Certificado de Depósito Bancário e em Recibo
18

de Depósito Bancário.Recebimento.Análise da matéria. – Processual. Inexistência de previsão


regimental para interposição de recursos contra decisão proferida em processo concernente a
consulta. Disponível em <http://contas.tcu.gov.br/portaltextual/ServletTcuProxy> Acesso em
06 out. 2012.

BRASIL. Decreto-Lei n. 13, de 18 de julho de 1966. Autoriza o Banco Central do Brasil a


suprir recursos para assistência financeira de empresas. Diário Oficial da República
Federativa do Brasil. Brasília, 18 jul. 1966.

BRASIL. Decreto-Lei n. 14, de 29 de julho de 1966. Autoriza bancos privados a emitir


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Federativa do Brasil. Brasília, 29 jul. 1966.

BRASIL. Decreto-Lei n. 151, de 09 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre os depósitos


bancários do SESI, SESC, SENAI, SENAC e das entidades sindicais. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil. Brasília, 09 fev. 1967.

BRASIL. Lei n. 4.728, de 14 de julho de 1965. Diciplina o mercado de capitais e estabelece


medidas para o seu desenvolvimento. Diário Oficial da República Federativa do Brasil.
Brasília, 14 jun. 1965.

BRASIL. Lei n. 8.088, de 31 de outubro de 1990. Dispõe sobre a atualização do Bônus do


Tesouro Nacional e dos depósitos de poupança e dá outras providências. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil. Brasília, 31 out. 1990.

BRASIL. Lei n. 8.443, de 16 de julho de 1992. Dispõe sobre a Lei Orgânica do Tribunal de
Contas da União e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil.
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BRASIL. Medida Provisória n. 1.715, de 03 de setembro de 1998. Dispõe sobre o Programa


de Revitalização de Cooperativas de Produção Agropecuária – RECOOP, autoriza a criação
do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – SESCOOP, e dá outras
providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, 03 set. 1998.

COSTA NETO, Yttrio Corrêa da. Bancos Oficiais no Brasil: Origem e Aspectos de seu
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