ATUALIDADES
O primeiro-ministro do Haiti, em discurso na Assembleia-Geral
MUNDO
Prêmio Nobel 20231
Nos primeiros nove dias de outubro, foram anunciados os lau-
reados do Prêmio Nobel de 2023. A seguir estão os vencedores em
cada categoria:
• Fisiologia ou Medicina: Katalin Karikó e Drew Weissman re-
ceberam o prêmio por sua pesquisa pioneira que desbravou o cami-
nho para o desenvolvimento das vacinas Pfizer/BioNTech e Moder-
na, eficazes contra a covid-19;
• Química: Moungi Bawendi, da França, Louis Brus, dos Esta-
dos Unidos, e Alexei Ekimov, da Rússia, foram agraciados pelo de-
senvolvimento de pontos quânticos, nanopartículas tão diminutas
que seu tamanho determina suas características;
• Física: Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L’Huillier foram
premiados por seus métodos experimentais que geram pulsos de
luz de atossegundos, permitindo o estudo da dinâmica dos elétrons
na matéria;
• Literatura: o escritor norueguês Jon Fosse foi reconhecido
“por suas peças e prosa que dão voz ao indizível”;
• Paz: a ativista dos direitos humanos iraniana Narges
Mohammadi conquistou o Prêmio Nobel da Paz 2023;
• Ciências Econômicas: a historiadora de economia norte-ame-
ricana Claudia Goldin foi honrada por seu avanço na compreensão
dos resultados no mercado de trabalho das mulheres.
Conselho de Segurança da ONU Aprova o Envio de Tropas In-
ternacionais para o Haiti2
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou o envio
de forças armadas internacionais para o Haiti em resposta à violên-
cia generalizada de gangues e à paralisia política que o país enfren-
ta. O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, havia solicitado re-
petidamente assistência militar, e essa decisão foi respaldada pelo
secretário-geral da ONU, António Guterres, e pelos Estados Unidos.
A resolução foi aprovada com 13 votos a favor no Conselho de
Segurança, com a Rússia e a China abstendo-se. Embora a força não
esteja formalmente sob o controle da ONU, a liderança da missão
será do Quênia, que prometeu contribuir com 1.000 policiais.
Vários países caribenhos vizinhos do Haiti, incluindo Antígua
e Barbuda, Bahamas e Jamaica, também ofereceram apoio à mis-
são. Gangues em guerra controlam partes significativas da capital
haitiana, Porto Príncipe, bloqueando linhas de abastecimento vitais
e aterrorizando a população com assassinatos indiscriminados, se-
questros, incêndios criminosos e estupros.
1 PRÊMIO Nobel da Paz vai para Narges Mohammadi, voz da revolução
feminina no Irã. G1, 2023. Disponíel em: https://g1.globo.com/mundo/
noticia/2023/10/06/premio-nobel-da-paz-vai-para.ghtm. Acesso em:
16 nov. 2023.
2 Conselho de Segurança da ONU aprova nova força internacional para
o Haiti. Exame, 2023. Disponível em: https://exame.com/mundo/con-
selho-de-seguranca-da-onu-aprova-nova-forca-internacional-para-o-
-haiti/. Acesso em: 16 nov. 2023.
1
das Nações Unidas em Nova York, enfatizou a urgência da aprova-
ção de uma missão militar para restabelecer a ordem no país. A
violência contribuiu para a instabilidade geral, com inflação acima
de 50% e quase 5 milhões de haitianos enfrentando dificuldades
alimentares.
Os Estados Unidos também se comprometeram a fornecer as-
sistência financeira e logística, incluindo um financiamento de US$
100 milhões, enquanto a missão busca fortalecer a segurança local
e apoiar a Polícia Nacional do Haiti na luta contra as gangues.
No entanto, críticos da missão lembram de escândalos asso-
ciados a missões anteriores de manutenção da paz da ONU no
Haiti, incluindo alegações de abuso sexual e a introdução de uma
epidemia mortal de cólera. Alguns haitianos também questionam o
mandato do primeiro-ministro Henry, que assumiu o cargo após o
assassinato do presidente Jovenel Moise em 2021, e argumentam
que as eleições não podem ocorrer até que o país atinja um nível
mínimo de segurança.
Candidato alinhado com a China, Mohamed Muizzu, conquis-
ta a presidência nas Maldivas3
O candidato da oposição, Mohamed Muizzu, emergiu como
vencedor nas eleições presidenciais das Maldivas, derrotando o
atual presidente, Ibrahim Solih. Esse resultado pode indicar uma
mudança de inclinação pró-China para o arquipélago do Oceano
Índico, em relação à Índia.
Com a quase totalidade dos votos contabilizados, a Comissão
Eleitoral das Maldivas divulgou em seu site que Muizzu obteve o
apoio de 54% dos eleitores, em comparação com os 46% de Solih.
Cerca de 85% dos 282 mil eleitores elegíveis das Maldivas compa-
receram às urnas nas mais de 586 assembleias de voto distribuídas
por 187 ilhas. As Maldivas são conhecidas por suas praias paradisía-
cas e resorts de luxo.
Solih, que havia defendido uma política de “Índia em primei-
ro lugar” durante seu mandato, permanecerá na presidência até a
posse de Muizzu, agendada para 17 de novembro.
A coalizão que apoiou Muizzu demonstrou apoio a emprés-
timos e projetos de investimento chineses no passado. O ex-pre-
sidente Abdulla Yameen, com fortes laços com Muizzu, está cum-
prindo uma pena de 11 anos de prisão por corrupção, embora seus
apoiadores aleguem que as acusações têm motivação política.
Muizzu, ao falar com jornalistas na capital, Malé, afirmou:
“Hoje, o povo tomou uma decisão forte para recuperar a indepen-
dência das Maldivas. Todos nós, trabalhando juntos, com a vontade
de Deus, teremos sucesso.”
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, enviou felicita-
ções a Muizzu após o anúncio de sua vitória, reafirmando o com-
promisso da Índia em fortalecer os laços bilaterais com as Maldivas
e melhorar a cooperação regional no Oceano Índico.
3 CANDIDATO pró-China vence eleições presidenciais nas Maldivas.
Observador, 2023. Disponível em: https://oservador.pt/2023/09/30/
candidato-pro-china-vence-eleicoes-presidenciais-nas-maldivas/. Aces-
so em: 16 nov. 2023.
 ATUALIDADES
Grande comício da oposição polonesa em Varsóvia antes das
eleições4
No domingo, 1º de outubro de 2023, um grande número de
pessoas reuniu-se na capital da Polônia, Varsóvia, para participar de
um comício organizado pelo partido da oposição antes das eleições
que terão um impacto significativo no futuro do país na Europa no
final do mês. Os organizadores relataram a presença de 1 milhão
de participantes na “Marcha de um Milhão de Corações”. No entan-
to, a agência de notícias polonesa PAP afirmou que a contagem da
polícia local estimava cerca de 100 mil pessoas.
Os líderes do partido da oposição Plataforma Cívica (PO) alme-
javam ganhar impulso com esse encontro, visando recuperar o con-
trole político do partido conservador Lei e Justiça (PiS), que governa
a Polônia desde 2015, antes da votação em 15 de outubro. O evento
teve início ao meio-dia com uma série de discursos proferidos por
várias lideranças. Após os discursos, os participantes iniciaram uma
marcha de 4 km que durou cerca de uma hora, conforme relatado
pela TVN Polônia.
Donald Tusk, ex-presidente do Conselho Europeu e atual líder
do PO, dirigiu-se à multidão, enfatizando que a magnitude da reu-
nião demonstrava o crescimento imparável do movimento político
liberal. Ele declarou: “Este gigante despertou, e essa mudança é ine-
vitável e para melhor.”
Essas eleições destacam duas visões políticas muito distintas
para o futuro da Polônia: a abordagem nacionalista, introspectiva
e anti-imigração do PiS, em contraste com a postura liberal e pró-
-europeia apresentada pelo PO de Tusk. Além disso, Tusk chegou a
acusar o PiS de buscar a saída da Polônia da União Europeia, uma
alegação negada pelo partido.
Nos últimos anos, o governo conservador polonês entrou em
conflito repetidamente com a UE, atingindo seu auge há dois anos,
quando o tribunal superior da Polônia desafiou a primazia da lei da
UE sobre a lei nacional.
Importante!
O PiS também adotou uma posição cultural mais conserva-
dora na tentativa de atrair eleitores conservadores, promovendo
uma imagem de nacionalismo católico, o que levou a medidas
contrárias aos direitos LGBTQIAPN+ e às leis antiaborto mais rigo-
rosas na Europa.
Rafal Trzaskowski, prefeito de Varsóvia, expressou sua esperan-
ça de que o evento de domingo marcasse o início de uma jornada
em direção a uma “Polônia completamente diferente”. Ele declarou:
“Milhões despertaram, e estamos avançando com coragem e de-
terminação em direção a um futuro onde a Polônia seja tolerante,
diversa, europeia e alegre.”
Taxa de desemprego na zona do euro atinge nível recorde de
baixa de 6,4% em agosto5
De acordo com os dados ajustados sazonalmente divulgados
em 2 de outubro de 2023 pela Eurostat, a agência oficial de estatís-
ticas da União Europeia, a taxa de desemprego na zona do euro re-
tornou ao nível mínimo histórico de 6,4% em agosto. A taxa de julho
foi revisada para cima, passando de 6,4% para 6,5%. O resultado de
agosto esteve em conformidade com as expectativas dos analistas
consultados pela FactSet.
4 OPOSIÇÃO polonesa realiza massivo protesto anti-governo em Var-
sóvia. Brasil 247, 2023. Disponível em: https://www.brasil247.com/
mundo/oposicao-polonesa-realiza-massivo-protesto-anti-governo-em-
-varsovia. Acesso em: 16 nov. 2023.
5 TAXA de desemprego da zona do euro avança a 6,5% em setembro.
Correio Braziliense, 2023. Disponível em: https://www.correiobrazilien-
se.com.br/economia/2023/11/6530595-taxa-de-desemprego-da-zona-
-do-euro-avnca-a-65-em-setembro.html. Acesso em: 16 nov. 2023.
2
Atenção! A Eurostat estima que em agosto havia 10,856 mi-
lhões de desempregados na zona do euro. Em comparação com
julho, houve uma redução de 107 mil pessoas desempregadas na
região.
Israel enfrenta a maior ofensiva militar contra o país desde a
Guerra do Yom Kippur6
No sábado, 7 de outubro de 2023, Israel foi alvo da maior ação
militar contra o país desde a Guerra do Yom Kippur, nos anos 1970,
liderada pelo grupo islâmico extremista Hamas. O ataque resultou
em uma resposta imediata do exército israelense, e os confrontos
entre as duas partes causaram um saldo de ao menos 532 mortos e
1.697 feridos, de acordo com informações do Ministério da Saúde
palestino.
O incidente ocorreu no “sábado da paz”, um dia de descanso
após seis dias de trabalho, considerado uma data sagrada no ju-
daísmo. Esses bombardeios aconteceram logo após o término da
celebração judaica Sucot.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que o país
está em estado de guerra após o ataque surpresa do Hamas, enfa-
tizando que não se tratava de uma simples operação, mas de um
verdadeiro estado de guerra. O ministro da Defesa, Yoav Gallant,
reforçou a posição de Netanyahu, garantindo que Israel sairia vi-
torioso desse conflito com o Hamas, que lançou foguetes e enviou
soldados para território israelense.
Com a situação, a população de Israel vive um estado de medo
e apreensão. Embora não haja um toque de recolher oficial, as au-
toridades de defesa civil estavam pedindo às pessoas que permane-
cessem em casa. Sirenes foram acionadas durante os bombardeios,
alertando os cidadãos para se abrigarem nos bunkers em busca de
segurança.
Houve relatos de que membros do Hamas, disfarçados com uni-
formes do exército israelense, invadiram o país, provocando temor
entre os habitantes. Esse tipo de ataque foi descrito como “suicida”
pelos líderes do grupo, segundo o cientista político Ian Bremmer.
Importante!
O episódio revelou falhas no sistema de inteligência e defesa
de Israel, surpreendendo as forças militares do país, que possuem
uma reputação de excelência em termos de tecnologia e inteli-
gência. As questões internas, como manifestações e desvios de
atenção para outras áreas, foram apontadas como fatores que
contribuíram para essas falhas, tornando o país vulnerável a essa
ação do Hamas.
• Mais de 2.000 foguetes foram lançados contra Israel pelo
Hamas, de acordo com informações de autoridades7
As Forças de Defesa de Israel relataram que cerca de 2.200 fo-
guetes foram lançados de Gaza contra o país em um ataque surpre-
sa que resultou em dezenas de mortes no sábado, 7 de outubro de
2023. Esses números contradizem as declarações anteriores do co-
mandante militar do Hamas, Muhammad Al-Deif, que afirmou que
5 mil foguetes haviam sido lançados.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel, almirante Daniel
Hagari, anunciou que os militares reforçariam a região sul do país e
as comunidades ao redor de Gaza. “Muitos soldados das Forças de
6 AS perspectivas para Israel e para os palestinos após o ataque do Ha-
mas. O Globo, 2023. Disponível em: https://oglobo.glbo.com/podcast/
noticia/2023/10/10/as-perspectivas-para-israel-e-para-os-palestinos-
-apos-o-ataque-do-hamas.ghtml. Acesso em: 16 nov. 2023.
7 GOLD, H.; STAMBAUGH, A. Mais de 2.000 foguetes do Hamas foram
lançados contra Israel, dizem autoridades. CNN Brasil, 2023. Disponível
em: https://www.cnnbrasil.com.br/internacionl/mais-de-2-000-fogue-
tes-do-hamas-foram-lancados-contra-israel-dizem-autoridades/. Aces-
so em: 16 nov. 2023.
 ATUALIDADES
Defesa de Israel, incluindo equipes especiais, foram enviados para a
área ao redor da Faixa de Gaza e estão operando para proteger os
residentes do sul de Israel”, afirmou Hagari.
O Hamas é considerado uma organização terrorista por vários
países e organizações internacionais.
• Ofensivas do Hamas em Israel ocorreram durante o 50º ani-
versário da Guerra do Yom Kippur
Os ataques com mísseis do Hamas ocorreram durante o 50º
aniversário da Guerra de 1973. Essa guerra foi um ataque surpresa
liderado pelos países árabes vizinhos de Israel e começou em 6 de
outubro daquele ano. Israel refere-se a esse conflito como a Guerra
do Yom Kippur, uma vez que o bombardeio começou no Yom Kippur,
o dia mais sagrado do calendário judaico. Em algumas partes do
mundo árabe, o conflito é conhecido como a Guerra de 6 de Outu-
bro e é considerado uma vitória.
A guerra teve início quando o Egito e a Síria enviaram tropas
na tentativa de recuperar o território das Colinas de Golã e da Pe-
nínsula do Sinai, que haviam sido tomados por Israel na Guerra dos
Seis Dias, em junho de 1967. Vários países árabes, incluindo Arábia
Saudita, Kuwait, Líbia, Argélia, Tunísia, Sudão, Marrocos e Jordânia,
apoiaram o Egito e a Síria com tropas, assistência financeira e ar-
mas. A antiga União Soviética fornecia suprimentos para os com-
batentes árabes, enquanto os Estados Unidos enviavam ajuda para
Israel.
O conflito terminou com as tropas israelenses aproximando-se
de Damasco, capital da Síria, e com todo o exército egípcio cercado.
• Compreendendo o conflito
Segundo as Forças de Defesa de Israel (FDI), o ataque teve ori-
gem na Faixa de Gaza. O comandante militar do Hamas, Muhammad
Al-Deif, anunciou a operação “Tempestade Al-Aqsa”, na qual o gru-
po militante palestino afirmou ter atingido posições inimigas, aero-
portos e postos militares de Israel com milhares de foguetes.
Muhammad Al-Deif convocou um levante geral contra Israel em
uma mensagem gravada, declarando que era hora de usar qualquer
arma disponível e convocando uma resposta ao que ele considerou
ataques a mulheres, profanação da mesquita de Al-Aqsa e o cerco a
Gaza. Al-Deif também apelou aos povos árabes e islâmicos para se
unirem na “libertação de Al-Aqsa”, a mesquita em Jerusalém.
As FDI afirmam que o Hamas fez reféns e prisioneiros de guerra
desde o início de seu ataque surpresa no sábado. Vídeos mostram
o Hamas aparentemente fazendo prisioneiros israelenses dentro e
nas proximidades de Gaza, incluindo soldados israelenses.
Em um desses vídeos, uma mulher descalça é retirada de um
veículo por um homem armado e forçada a sentar-se no banco de
trás do carro. Ela parece estar ferida e com os pulsos amarrados
atrás das costas. O veículo também parece ter uma placa das FDI,
sugerindo que pode ter sido roubado e levado para Gaza. Outro
vídeo, que parece mostrar militantes do Hamas detendo vários is-
raelenses como prisioneiros, foi localizado na vila de Be’eri, no sul
de Israel, próxima a Gaza.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou
que o país está “em guerra” após o ataque surpresa do Hamas no
sábado, enfatizando que não se trata de uma operação ou medida
de segurança, mas de um estado de guerra. O ministro da Defesa
israelense, Yoav Gallant, apoiou a posição de Netanyahu, afirman-
do que Israel sairá vitorioso deste conflito com os militantes pales-
tinos, destacando que o Hamas cometeu um erro grave ao lançar
uma guerra contra o Estado de Israel.
3
EUA, Reino Unido, Alemanha, Itália e França emitem declara-
ção conjunta de apoio a Israel8
Os líderes dos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França
e Itália uniram-se na condenação dos ataques realizados pelo Ha-
mas contra Israel. Em uma declaração conjunta emitida em 9 de
outubro de 2023, expressaram seu “apoio firme e unido” a Israel.
No documento, afirmam:
Nos próximos dias, permaneceremos unidos e coordenados,
juntos como aliados e como amigos comuns de Israel, para garantir
que Israel seja capaz de se defender e, em última instância, estabe-
lecer as condições para uma região pacífica e integrada no Oriente
Médio.
O documento foi assinado pelo presidente dos EUA, Joe Biden,
pelo presidente francês, Emmanuel Macron, pelo chanceler ale-
mão, Olaf Scholz, pela primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, e
pelo primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak.
O Conselho de Segurança rejeita as novas resoluções da Rús-
sia e EUA relacionadas à guerra de Israel9
Uma nova resolução russa sobre o conflito em Israel foi rejeita-
da em uma votação no Conselho de Segurança das Nações Unidas
(ONU) em 25 de outubro de 2023. Houve quatro votos a favor (Rús-
sia, China, Emirados Árabes e Gabão), dois votos contrários (Esta-
dos Unidos e Reino Unido) e nove abstenções (incluindo o Brasil).
Portanto, não foi alcançado o número mínimo de votos necessários
para que a resolução fosse aprovada. A proposta russa buscava um
“cessar-fogo humanitário” e instava Israel a cancelar “imediatamen-
te” a ordem de retirada dos palestinos do norte de Gaza.
O conflito Israel-Palestina é um problema duradouro que gera
tensões na região do Oriente Médio. Na ONU, as resoluções de-
sempenham um papel fundamental na busca de soluções para essa
questão complexa. Nesse contexto, as recentes resoluções propos-
tas pela Rússia e pelos Estados Unidos geraram controvérsia.
Antes da votação, o representante russo na ONU, Vasily Neben-
zya, afirmou que “ideias ideológicas e interesses políticos” foram os
fatores que impediram a aprovação da primeira resolução propos-
ta pela Rússia. Além disso, ele alegou que o texto dos EUA estava
“cheio de disposições ambíguas e politizadas”, visando preservar a
posição política do país na região e não reduzir as tensões. De acor-
do com Nebenzya, o documento dos Estados Unidos não condena-
va os “ataques arbitrários contra alvos civis em Gaza” e não atendia
aos requisitos mínimos de qualidade.
A resolução dos Estados Unidos foi analisada e vetada pela
Rússia, e também pela China, antes da votação da resolução russa.
A proposta dos EUA concentrava-se no “direito de autodefesa” de
Israel e não fazia apelos por um cessar-fogo, como também afirmou
Rittner.
Observação: esses vetos refletem as divisões existentes no âm-
bito da ONU em relação ao conflito Israel-Palestina. As discordân-
cias ideológicas e os interesses políticos desempenham um papel
significativo na dificuldade de alcançar um consenso. Enquanto a
Rússia alega que a resolução dos EUA não condenava ataques a ci-
8 LÍDERES de EUA, Reino Unido, Alemanha, Itália e França expressam
apoio a Israel. Uol, 2023. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/
ultimas-noticias/reuters/2023/10/09/lideres-de-eua-reino-unido-ale-
manha-italia-e-franca-expressam-apoio-a-israel.htm. Acesso em: 16
nov. 2023.
9 PERRIN, F. Conselho de Segurança da ONU rejeita resolução da Rússia
sobre conflito em Israel. Folha de S. Paulo, 2023 Disponível em: https://
www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/10/conselho-de-seguranca-da-
-onu-rejeita-resolucao-da-russia-sobre-conflito-em-israel.shtml. Acesso
em: 16 nov. 2023.
 ATUALIDADES
vis, os EUA concentraram-se no direito de Israel à autodefesa. Essas
divergências tornam a resolução do conflito uma tarefa desafiadora
no cenário internacional.
O rascunho americano mencionava apenas “pausas humanitá-
rias” para o fornecimento de itens essenciais, como água, alimen-
tos, combustíveis e medicamentos à população civil na Faixa de
Gaza. A representante dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield,
defendeu que o documento era “forte e equilibrado” e que eles ha-
viam buscado o diálogo com todos os membros do Conselho para
fazer modificações no texto. Ela destacou a importância de “libertar
imediatamente todos os reféns sem condições” e da necessidade de
mais ajuda humanitária em Gaza.
A diplomata também ressaltou a importância de “medidas con-
cretas” para evitar a expansão do conflito além de Gaza, além do
trabalho conjunto para reduzir o armamento e financiamento do
Hamas, visando à coexistência pacífica de “dois Estados democrá-
ticos no futuro”.
Importante!
A votação que ocorreu em 25 de outubro atrasou devido a
pedidos de consultas diplomáticas fechadas por parte de países
antes da reunião. Isso também ocorreu no primeiro dia em que a
resolução brasileira seria votada, bem como em outra resolução
russa, com a representante dos Emirados Árabes solicitando mais
tempo para análise e sugestões.
No entanto, nesse mesmo dia, o representante russo submeteu
o documento à votação, que acabou sendo vetado. Dias depois, os
Estados Unidos vetaram o texto brasileiro, apesar do forte apoio
dos outros membros do Conselho.
• Assembleia-Geral da ONU discute o conflito em Israel
Em 26 de outubro de 2023, a Assembleia-Geral da ONU debate
o conflito no Oriente Médio. Por iniciativa de 57 países de maioria
muçulmana, divididos em dois blocos (Grupo Árabe e Organização
para a Cooperação Islâmica), uma resolução alternativa pode ser
votada. Na Assembleia-Geral, as resoluções sobre guerra e paz são
aprovadas por dois terços dos votos, sem o poder de veto dos mem-
bros permanentes do Conselho de Segurança.
O rascunho apresentado pelos países muçulmanos segue em
grande parte a linguagem sugerida pelo Brasil na semana anterior.
Ele não menciona o “direito de autodefesa” de Israel, pede um “ces-
sar-fogo imediato” e insta o encerramento das ordens de evacuação
dos palestinos do norte de Gaza.
O documento também aborda a importância de prevenir uma
maior desestabilização e escalada da violência na região, bem como
pede a todas as partes que exerçam a máxima contenção para al-
cançar esses objetivos. Contudo, é importante observar que todas
as resoluções da ONU são recomendações e não possuem cumpri-
mento obrigatório por parte das nações mencionadas.
Decisão judicial permite que o Texas suspenda a remoção de
arame farpado na fronteira com o México10
Uma juíza federal atendeu, em 30 de outubro de 2023, ao pedi-
do do Texas para suspender temporariamente a remoção do arame
farpado na fronteira entre os Estados Unidos e o México, feita pela
administração Biden, enquanto aguardam uma audiência prelimi-
nar. No entanto, a vitória temporária do Texas, que alega que o go-
verno federal não pode remover, desmontar, danificar ou adulterar
10 DECISÃO judicial permite que o Texas suspenda a retirada de ara-
me farpado na fronteira com o México. Rádi Pampa, 2023. Disponível
em: https://www.radiopampa.com.br/decisao-judicial-permite-que-o-
-texas-suspenda-a-retirada-de-arame-farpado-na-fronteira-com-o-me-
xico/. Acesso em: 16 nov. 2023.
4
o arame farpado, vem com uma exceção: ele pode ser removido
em caso de “emergência médica que provavelmente resultará em
lesões graves ou morte de uma pessoa”, conforme a ordem emitida
pela juíza Alia Moses.
Essa ação foi movida no distrito oeste do Texas e é um recente
capítulo na disputa legal entre o estado do Texas e a administração
Biden sobre a segurança nas fronteiras. Isso ocorre em meio a uma
onda de migrantes que está colocando à prova os recursos locais e
federais.
Os réus incluem o Departamento de Segurança Interna (DHS),
seu secretário Alejandro Mayorkas, a Alfândega e Proteção de Fron-
teiras dos EUA (CBP), seu comissário interino Troy Miller, a Patrulha
de Fronteira dos EUA, seu chefe Jason Owens e o principal agente
interino do USBP, Setor Del Rio, Juan Bernal.
Em 24 de outubro de 2023, o procurador-geral do Texas, Ken
Paxton, processou a administração Biden, alegando que agentes
federais estavam destruindo a propriedade do estado ao cortar o
arame farpado na zona de Eagle Pass, no Texas, com a intenção de
permitir a entrada de migrantes nos Estados Unidos.
Em 27 de outubro de 2023, Paxton notificou o tribunal de que
o governo federal estava usando máquinas, como empilhadeiras,
para desmontar a barreira fronteiriça instalada pelo Texas e solici-
tou ao tribunal que obrigasse temporariamente o governo federal a
interromper essa ação.
Um porta-voz do DHS afirmou que não poderia comentar sobre
litígios pendentes, mas enfatizou que, em termos gerais, os agen-
tes da Patrulha de Fronteira têm a responsabilidade, sob a lei fede-
ral, de conduzir aqueles que cruzaram a fronteira para o país, bem
como de agir quando há condições que coloquem em risco a força
de trabalho ou os migrantes.
Importante! Uma audiência preliminar de medida cautelar es-
tava agendada para 7 de novembro, e a ordem de restrição tempo-
rária expiraria em 13 de novembro, a menos que fosse prorrogada
pelo tribunal, de acordo com a ordem da juíza.
O Parlamento russo dá início ao procedimento para retirar a
Rússia do tratado nuclear11
Em 17 de outubro de 2023, o Parlamento russo deu início ao
processo de revogação da ratificação do Tratado de Proibição Com-
pleta de Testes Nucleares (CTBT). O presidente da Câmara Baixa
alertou os Estados Unidos de que Moscou poderia abandonar com-
pletamente o pacto. A Rússia alega buscar restaurar a igualdade no
acordo, já que os EUA assinaram, mas nunca ratificaram o tratado
de 1996. O país afirma que não retomaria os testes a menos que
Washington o fizesse.
No entanto, especialistas em controle de armas estão preocu-
pados com a possibilidade de a Rússia aproximar-se de um teste,
o que poderia desencadear uma nova era de grandes potências
nucleares. Isso poderia ser interpretado pelo Ocidente como uma
escalada nuclear russa em meio à guerra da Ucrânia.
A Duma, Câmara Baixa do Parlamento russo, aprovou por 412
votos a zero, sem abstenções, a retirada da ratificação em uma pri-
meira de três votações. O presidente da Câmara, Vyacheslav Volo-
din, afirmou que o voto é uma resposta à abordagem grosseira dos
EUA em relação aos deveres de segurança global. Quanto ao futuro
da participação russa no tratado, Volodin destacou a importância
de agir de acordo com os interesses da segurança global e dos ci-
dadãos russos.
11 PUTIN assina saída da Rússia de tratado ue proíbe testes nucleares.
Carta Capital, 2023. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/
mundo/putin-assina-saida-da-russia-de-tratado-que-proibe-testes-nu-
cleares/. Acesso em: 16 nov. 2023.
 ATUALIDADES
Observação: Volodin revelou que os EUA pediram à Rússia, por
meio da ONU, que não revogasse a ratificação. Ele interpretou a
ação de Moscou como um alerta a Washington devido à sua falha
em ratificar o tratado nos últimos 23 anos, sendo que a Rússia o
ratificou em 2000.
Em 5 de outubro, Putin declarou que não estava pronto para
decidir se a Rússia retomaria os testes nucleares, apesar dos apelos
de alguns especialistas em segurança e parlamentares russos para
que o país realizasse um teste nuclear como um aviso ao Ocidente.
Desde o início do século, nenhum país, exceto a Coreia do Norte,
realizou um teste envolvendo uma explosão nuclear. A Rússia pós-
-soviética nunca realizou um teste nuclear, enquanto a antiga União
Soviética e os Estados Unidos fizeram seus últimos testes em 1990
e 1992, respectivamente.
Israel alocou uma quantia de US$ 23,4 bilhões em sua infraes-
trutura militar, correspondendo a cerca de 4,5% do Produto Inter-
no Bruto (PIB) do país em 202212
Israel ocupa a 14ª posição entre os países que mais investem
em arsenal militar, com gastos de R$ 23,4 bilhões em 2022, repre-
sentando 4,5% do PIB. Os EUA lideram, investindo cerca de US$ 877
bilhões, o que corresponde a 39% dos gastos militares globais em
2022. A China está em segundo lugar, com investimento de cerca de
US$ 292 bilhões, enquanto a Rússia aumentou seus gastos em 9,2%,
totalizando US$ 86,4 bilhões.
Os EUA expressaram apoio militar prioritário a Israel e à Ucrâ-
nia, com a secretária do Tesouro, Janet Yellen, destacando isso
como uma “prioridade absoluta”. Até então, os EUA forneceram
US$ 3,8 bilhões em ajuda militar a Israel. O presidente Joe Biden
mencionou o reforço do apoio militar a Israel após um ataque do
grupo extremista Hamas em outubro de 2023.
Israel possui armamento nuclear, contribuindo para tensões no
conflito com os palestinos. Além disso, possui tecnologias como o
“Domo de Ferro” para defesa contra mísseis inimigos. Apesar do
ataque do Hamas, a eficácia desses sistemas de defesa tem sido
questionada. O financiamento e treinamento militar do Irã têm con-
tribuído para o poder do Hamas, que não divulga detalhes sobre
sua força e armamento.
A Rússia solicita uma cadeira no Conselho de Direitos Huma-
nos da ONU, mesmo após ter enfrentado uma suspensão13
A Rússia solicitou um assento no Conselho de Direitos Huma-
nos da ONU, buscando retorno após a suspensão devido à invasão
da Ucrânia. A votação, marcada para 10 de outubro de 2023, se-
ria crucial para determinar se Moscou será aceita novamente. As
acusações de abusos contra os direitos humanos durante a guerra
persistem, incluindo o sequestro de crianças ucranianas, levando
a um mandado de detenção para o presidente Vladimir Putin pelo
Tribunal Penal Internacional.
Enquanto a guerra continua, a votação oferece uma perspecti-
va global sobre como o mundo percebe a Rússia em meio às ações
na Ucrânia. A votação na Assembleia Geral da ONU considera a
competição entre Rússia, Albânia e Bulgária por dois lugares no blo-
co da Europa do Leste.
12 OLIVEIRA, D. Israel investiu US$ 23,4 bilhões em aparato militar,
o equivalente a 4,5% do PIB do país em 2022. CNN Brasil, 2023. Dis-
ponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/economia/israel-invste-us-
-234-bilhoes-em-aparato-militar-o-equivalente-a-45-do-pib-do-pais-
-em-2022/. Acesso em: 16 nov. 2023.
13 RÚSSIA falha em tentativa de retomar assento no Conselho de
Direitos Humanos da ONU. Estado de Minas, 2023. Disponível em:
https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2023/10/10/inter-
na_internacional,1574743/russia-falha-em-tentativa-de-retomar-as-
sento-no-conselho-de-direitos-humano.shtml. Acesso em: 16 nov. 2023.
5
O histórico e compromissos em direitos humanos são teori-
camente considerados na votação secreta. Países podem escolher
com base em seus interesses geopolíticos, desde enviar uma men-
sagem aos EUA até garantir generosidade econômica de Moscou.
Em 2022, a Rússia foi removida do conselho com 93 votos a favor,
24 contra e 58 abstenções.
Críticos, incluindo a Human Rights Watch, destacam os regis-
tros negativos de Rússia, Burundi, China e Cuba, todos competindo
por assentos no Conselho. A delegação russa afirmou estar compro-
metida com os direitos humanos, enquanto os representantes dos
EUA lembram as violações após a invasão russa.
Com a esperança de rejeitar a candidatura russa, a votação re-
flete a complexidade geopolítica e os desafios éticos na decisão de
aceitar ou rejeitar a Rússia no Conselho de Direitos Humanos.
A OTAN emite um alerta sobre o esgotamento dos estoques
de munição para a Ucrânia e solicita que os países intensifiquem
a produção14
O Ocidente enfrenta uma possível escassez de munições para
a Ucrânia, alertando autoridades britânicas e da Otan. A falta de
inclusão de fundos para armas no projeto de lei provisório de gastos
dos EUA levanta incertezas sobre o apoio financeiro. O presidente
da Câmara dos EUA, Kevin McCarthy, destituído, intensifica a preo-
cupação sobre o compromisso contínuo. O presidente do Comitê
Militar da Otan, almirante Rob Bauer, destaca a visibilidade do “fun-
do do barril” em termos de munições ocidentais.
O ministro de Estado das Forças Armadas do Reino Unido, Ja-
mes Heappey, enfatiza a necessidade de aumentar a produção de
munições para apoiar a Ucrânia na luta contra os invasores russos.
No entanto, analistas alertam que a produção e entrega não acom-
panham a urgência da situação. A Ucrânia, após atrasos na ofensiva
de verão para reforçar munições, enfrenta desafios na retomada de
território diante das defesas russas.
Os acontecimentos em Washington questionam os suprimen-
tos, ameaçando as operações cruciais da Ucrânia. O subsecretário
de Defesa dos EUA, Michael McCord, destaca a possibilidade de
atrasos ou reduções na assistência urgente, incluindo defesa aérea
e munições críticas.
Importante!
A ajuda militar dos EUA à Ucrânia totaliza US$ 46,6 bilhões
desde o início da guerra, mas a rápida utilização de munições in-
tensifica a preocupação sobre a capacidade de manter o apoio
eficaz.
A luta intensiva de artilharia na Ucrânia, com 2 mil a 3 mil projé-
teis de artilharia disparados diariamente, pressiona o fornecimento
internacional. O fornecimento de munições de artilharia padrão da
Otan está baixo, levando à decisão controversa de fornecer muni-
ções de fragmentação à Ucrânia. A escassez potencial destaca a im-
portância crítica de garantir financiamento e produção adequados
para apoiar efetivamente a Ucrânia na resistência contra a Rússia.
Cenário aterrorizante: furacão Otis assola Acapulco, México,
com ventos de 265 km/h15
O furacão Otis atingiu a costa do México, próximo a Acapulco,
nas primeiras horas da quarta-feira, 25 de outubro de 2023. Clas-
sificado como um furacão de categoria 5, o sistema representou
14 LANDALE, J. Aliados da Ucrânia alertam que estoque de munição
está no fim. BBC News Brasil, 2023. Disponívelem: https://www.bbc.
com/portuguese/articles/c19rj088r92o. Acesso em: 16 nov. 2023.
15 ACAPULCO vira “cenário de filme apocalíptico” após passagem do
furacão Otis. Clima Info, 2023. Disponível em: https://limainfo.org.
br/2023/10/29/acapulco-vira-cenario-de-filme-apocaliptico-apos-pas-
sagem-do-furacao-otis/. Acesso em: 16 nov. 2023.
 ATUALIDADES
uma ameaça à vida e criou um cenário preocupante para a costa sul
do país, com a possibilidade de ventos destrutivos, fortes chuvas e
tempestades.
O centro de Otis tocou a costa mexicana por volta das 0h25,
horário local, com ventos atingindo 265 km/h, de acordo com o
Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos. Em poucas horas,
a velocidade do vento diminuiu para 210 km/h, enquanto os ventos
perigosos com força de furacão estendiam-se a cerca de 50 km a
partir do centro de Otis.
Por volta das 3h, o furacão estava localizado a cerca de 40 km
ao norte-noroeste de Acapulco, conforme relatado pelo centro de
furacões. A previsão indicava que a tempestade enfraqueceria ra-
pidamente à medida que se movesse para o interior e sobre áreas
mais elevadas do sul do México, com expectativa de dissipação na
noite de quarta-feira.
Na terça-feira, 24 de outubro de 2023, o presidente mexicano,
Andrés Manuel López Obrador, fez um apelo aos residentes da re-
gião litorânea do estado de Guerrero, que inclui a cidade de Acapul-
co, para que buscassem abrigo e evitassem áreas próximas a rios,
riachos e barrancos antes da chegada da tempestade. Um alerta de
furacão estava em vigor na costa de Punta Maldonado, a oeste de
Zihuatanejo.
O Centro Nacional de Furacões alertou que essa situação repre-
sentava uma ameaça extremamente séria para a área metropolita-
na de Acapulco. Não havia registros de furacões com essa intensida-
de nessa região do México.
Observação: a cidade de Acapulco abriga cerca de 800 mil habi-
tantes. Os ventos próximos ao centro de Otis foram descritos como
“extremamente destrutivos”, representando maior risco para os
andares superiores de edifícios altos em comparação com aqueles
mais próximos do solo.
Além disso, o furacão deveria causar tempestades capazes de
gerar “ondas grandes e destrutivas” e inundações potencialmente
fatais na área de impacto costeiro. As previsões apontavam para
acúmulos de chuva de até 200 mm até o final da semana, com al-
gumas áreas podendo receber até 500 mm de precipitação. Esse
volume de chuva significativo poderia resultar em inundações re-
pentinas e urbanas, além de aumentar o risco de deslizamentos de
terra em áreas montanhosas.
Otis experimentou uma rápida intensificação ao longo do dia
de terça-feira, ganhando 130 km/h em apenas 12 horas. Esse rápido
fortalecimento o tornou o furacão de intensificação mais rápida na
história do Pacífico Oriental. Para efeito de contexto, uma rápida
intensificação significa um aumento de pelo menos 55 km/h nos
ventos máximos sustentados da tempestade em um período de 24
horas ou menos.
Otis superou o recorde anterior, já que não havia registro de
um furacão de categoria 5 no Pacífico Oriental. O furacão Patricia,
em 2015, havia sido o mais forte na região, atingindo a categoria 4
ao tocar o solo com ventos de 240 km/h. No entanto, ao contrário
de Otis, Patricia passou por uma área montanhosa e pouco povoa-
da da costa, poupando as cidades de Puerto Vallarta e Manzanillo.
Patricia rapidamente enfraqueceu após atingir a costa e deixou um
rastro estreito de danos significativos, com dois óbitos relatados di-
retamente relacionados à tempestade.
6
BRASIL
Outubro registra previsão de temperaturas acima do normal
em grande parte do país16
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) previu que as
temperaturas em outubro estariam acima da média na maior parte
do Brasil, com algumas variações regionais:
• em estados como Mato Grosso, Pará, Tocantins, Maranhão,
Piauí e oeste da Bahia, as temperaturas superariam os 29 °C;
• no sul de Mato Grosso do Sul e em parte da região Sul, os
termômetros deveriam marcar temperaturas próximas ou ligeira-
mente abaixo de 1 °C da média normal para o mês;
• a ocorrência de dias consecutivos com chuva nessas áreas
poderia amenizar as temperaturas, chegando a valores inferiores
a 20 °C.
Quanto às chuvas, a previsão foi a seguinte:
• nas regiões Norte e Nordeste, as chuvas devem ficar abaixo
da média histórica, com volumes menores de 70 mm;
• no Centro-Oeste e Sudeste, a chuva deve retornar gradual-
mente, principalmente nos estados de Mato Grosso do Sul, São
Paulo e Minas Gerais;
• na região Sul, há probabilidade de grandes quantidades de
chuva, com o Rio Grande do Sul sendo uma das áreas mais afetadas.
O Inmet previu volumes acima de 250 mm.
Importante!
Essa previsão de chuva no Sul pode estar relacionada ao fe-
nômeno climático El Niño, que tende a aumentar a ocorrência de
chuvas na região, devido a mudanças na circulação de ventos que
interferem no movimento de frentes frias pelo Brasil, fazendo com
que elas fiquem estacionadas por mais tempo no Sul.
35 Anos da Constituição Federal de 1988: descubra a trajetó-
ria da Carta Magna brasileira17
A Constituição Federal desempenha o papel de ser a principal
lei que governa todas as outras normas legais no país. Sua função
primordial é estabelecer os direitos e deveres tanto dos cidadãos
como das organizações públicas e privadas.
No ano de 2023, a Constituição Federal celebra seu 35º aniver-
sário, com sua promulgação marcada pelo discurso proferido pelo
então deputado federal Ulysses Guimarães: “A Constituição aspira
a representar a voz, a letra e a vontade política da sociedade em
busca de mudanças. Que a promulgação seja o nosso grito: Mudar
para vencer! Muda, Brasil!”
A promulgação ocorreu em 5 de outubro de 1988 e, até os
dias atuais, é considerada um modelo para várias nações, sendo
reconhecida como um dos documentos legais mais abrangentes
existentes. No entanto, ainda existem disposições que carecem de
regulamentação.
Para discutir a Constituição Federal de 1988, é relevante traçar
brevemente o cenário que antecedeu sua promulgação, marcado
pelos 21 anos de regime militar no Brasil.
• O período da Ditadura Civil Militar
Entre 1964 e 1985, o Brasil viveu sob um regime de ditadura
militar. Durante esse período, foi promulgada a Constituição de
1967, elaborada pelos militares, que concedeu a eles o poder de
17 MARCADA pela participação, Constituição completa 35 anos. IRIB,
2023. Disponível em: https://www.irib.org.br/noticias/detalhes/marca-
da-pela-participacao-popular-constituicao-comp-35-anos. Acesso em:
nov. 2023.
 ATUALIDADES
suspender direitos políticos, cassar mandatos e extinguir partidos
políticos; permitiu-se apenas a existência de dois partidos: a ARENA
(Aliança Renovadora Nacional), ligada aos militares, e o MDB (Movi-
mento Democrático Brasileiro), que atuava como oposição.
Além disso, durante o governo do general Emílio Garrastazu
Médici (1969-1974), houve um período de “milagre econômico”
que impulsionou o Brasil a uma notável taxa de crescimento eco-
nômico, tornando-o um destaque global. No entanto, essa bonança
econômica foi seguida por uma crise econômica que afetou espe-
cialmente a classe média, levando ao crescimento da oposição ao
regime militar.
Em resposta a essa pressão, os militares começaram a discutir
a abertura política, culminando na democratização do sistema elei-
toral, na permissão para criar partidos, na redução da censura e na
anistia de exilados e presos políticos.
A sociedade, desejando eleições diretas, lançou o movimento
“Diretas Já”, um dos maiores movimentos democráticos do país.
Entretanto, em 1985, apesar da pressão popular, as eleições presi-
denciais ainda foram indiretas, resultando na eleição de Tancredo
Neves como presidente, com José Sarney como vice.
Após a morte de Tancredo Neves, José Sarney, que havia
apoiado o regime militar e pertencia à ARENA, tornou-se presiden-
te. Durante o governo de José Sarney, uma Assembleia Nacional
Constituinte foi eleita, um passo fundamental para a elaboração da
Constituição Federal de 1988.
• As constituições brasileiras anteriores
▪ Constituição de 1824
A primeira Constituição Federal brasileira foi promulgada em
1824, marcando a independência do país do império português.
Antes disso, um projeto de constituição havia sido elaborado em
1823, apelidado de “constituição da mandioca” devido aos critérios
de renda que restringiam o direito de voto.
No entanto, D. Pedro I dissolveu essa constituição e, posterior-
mente, outorgou a Constituição de 1824, que estabelecia a monar-
quia constitucional hereditária, o voto censitário e a união entre a
igreja católica e o Estado. Além disso, introduziu o quarto poder, o
poder moderador, que conferia amplos poderes ao imperador. Essa
constituição foi a mais longa da história do Brasil, com 60 anos de
vigência.
▪ Constituição de 1891
A Constituição de 1891 foi a primeira da República brasileira,
revogando a Constituição Imperial de 1824. Ela introduziu o fede-
ralismo no país. Apesar de ser um passo em direção à democra-
cia, ainda tinha limitações significativas, como eleições diretas por
maioria absoluta de votos não secretos apenas para brasileiros
natos com mais de 35 anos de idade e direitos políticos restritos,
excluindo as mulheres.
▪ Constituição de 1934
Em 1934, sob a presidência de Getúlio Vargas, foi promulgada
a Constituição de 1934. Ela representou um marco no constitucio-
nalismo brasileiro, introduzindo o voto feminino e as primeiras pro-
teções trabalhistas.
▪ Constituição de 1937
A Constituição de 1937 foi elaborada após Getúlio Vargas assu-
mir o poder e instaurar uma ditadura, dando início ao Estado Novo.
Essa constituição restringiu liberdades individuais, suprimiu parti-
dos políticos e concentrou poder no Executivo, enfraquecendo os
demais poderes da República. Ela também estabeleceu a eleição
indireta com mandato fixo de seis anos para o presidente da Re-
pública.
7
▪ Constituição de 1946
Após a queda de Vargas, a Constituição de 1946 foi promul-
gada, reintroduzindo princípios democráticos da Constituição de
1934. Ela instituiu o regime parlamentarista, mas, após um plebis-
cito em 1963, a população decidiu pela restauração do regime pre-
sidencialista.
▪ Constituição de 1967
A Constituição de 1967 marcou o início da Ditadura Militar de
1964, enfraquecendo os princípios democráticos do direito consti-
tucional e reintroduzindo eleições indiretas. Durante esse período,
houve mudanças frequentes na constituição, incluindo atos institu-
cionais e complementares, como o AI-5, que resultou no fechamen-
to do Congresso Nacional e na imposição da censura.
▪ Constituição Federal de 1988
A Constituição Federal de 1988, também conhecida como
“constituição cidadã”, foi promulgada após o período de Ditadura
Militar. Ela marcou o início da redemocratização do Brasil, estabe-
lecendo o sistema presidencialista com voto direto, fortalecendo o
Judiciário, promovendo o nacionalismo econômico e o assistencia-
lismo social, bem como expandindo os direitos dos trabalhadores.
A constituição é dividida em nove títulos e estabelece os cinco
princípios do direito constitucional no seu primeiro artigo. Além dis-
so, define os direitos e garantias fundamentais.
Uma em cada três pessoas no Brasil acredita que os professo-
res sofrem com falta de valorização, aponta pesquisa18
O Indicador de Valorização de Professores (IVP) revelou que
apenas 26% dos brasileiros acreditam que os professores recebem
a devida valorização no país. Essa é a primeira edição dessa ferra-
menta, lançada pelo Instituto Península. O estudo também revela
que apenas 20% dos professores compartilham essa percepção de
serem valorizados.
Além disso, um em cada três brasileiros considera a carreira de
professor como pouco valorizada. Heloisa Morel, diretora executiva
do Instituto Península, explicou que tanto os professores quanto a
população reconhecem a importância da educação. “Todos com-
preendem o papel dos professores na transformação das vidas das
crianças, mas o que tem uma valorização baixa é a carreira de pro-
fessor”, disse ela.
O indicador avaliou cinco áreas:
• atuação (que engloba o reconhecimento da educação);
• carreira (incluindo remuneração e condições de trabalho);
• ambiente de trabalho (relações na escola entre professores,
estudantes e pais);
• profissionalismo (compromisso e competência dos professo-
res);
• indivíduo (envolvendo bem-estar e realização pessoal).
Heloisa Morel também destacou que existem soluções factíveis
para melhorar a carreira dos professores. “Escolas de tempo inte-
gral, por exemplo, são uma ótima alternativa”, afirmou. Isso se deve
ao fato de que “com mais tempo na escola, há a possibilidade de
criar projetos mais robustos e uma maior probabilidade de alocar
professores.”
O índice foi compilado a partir de duas pesquisas, uma com a
sociedade e outra com professores. No levantamento com a popu-
lação, foram entrevistadas presencialmente 2 mil pessoas em ju-
18 GARCIA, A. Um a cada três brasileiros acredita que professores são
desvalorizados, diz índice. CNN Brasil, 2023. Disponível em: https://
www.cnnbrasil.com.br/nacional/um-a-cada-tres-brasileiros-acredita-
-que-professore-sao-desvalorizados-diz-indice/. Acesso em: 16 nov..
 ATUALIDADES
nho de 2022, representando a população brasileira com 16 anos ou
mais, residente nas cinco regiões do país e em cidades de diferentes
tamanhos demográficos e populacionais.
As entrevistas com os professores, por sua vez, ocorreram por
telefone entre julho e dezembro de 2022, envolvendo 6.775 profis-
sionais com 18 anos ou mais. Eles representam os docentes da edu-
cação básica nas redes públicas estaduais e municipais de ensino,
conforme os dados do Censo Escolar do Inep.
Chuvas intensas impactam pelo menos 78 municípios em San-
ta Catarina19
As fortes chuvas que atingiram Santa Catarina causaram ala-
gamentos, deslizamentos e outros incidentes em pelo menos 78
cidades do estado, conforme relatório divulgado pela Defesa Civil
catarinense em 7 de outubro de 2023.
31 municípios já declararam situação de emergência devido
à situação.
A Defesa Civil estadual alerta que a população deve manter-se
vigilante, já que as chuvas intensas — que resultaram em vítima fa-
tal em Rio do Oeste e ferimentos em outra pessoa em Timbó — con-
tinuaram durante o fim de semana em várias áreas do estado. Essas
chuvas são acompanhadas por raios, rajadas de vento e granizo.
Na região que abrange do centro ao norte de Santa Catarina,
incluindo Grande Florianópolis, Planalto Norte, Litoral Norte e Vale
do Itajaí, o volume de chuva pode exceder 80 mm em algumas lo-
calidades. Já do Extremo Oeste ao Litoral Sul, a precipitação média
deve variar entre 40 mm e 60 mm.
Desde o início das fortes chuvas em 3 de outubro de 2023, o
Corpo de Bombeiros atendeu a 184 ocorrências, incluindo o resga-
te de famílias de comunidades isoladas. Equipes municipais, Polícia
Militar e outros órgãos estaduais também foram mobilizados para
socorrer pessoas e prestar assistência em casos de alagamentos,
deslizamentos e outros problemas em áreas urbanas e rurais, inclu-
sive com bloqueios em pontos de rodovias e estradas.
Os 31 municípios que emitiram decretos de situação de emer-
gência são: Agronômica, Araquari, Lebon Régis, Jaborá, Rio do Sul,
Aurora, Rio do Oeste, Laurentino, Rio Negrinho, Campo Alegre,
São Bento do Sul, Ibiam, Campos Novos, Frei Rogério, Monte Car-
lo, Brunópolis, Curitibanos, Corupá, Presidente Getúlio, Itaiópolis,
Canoinhas, Papanduva, Mafra, Tangará, Vargem, Mirim Doce, Três
Barras, Bela Vista do Toldo, Itaiópolis, São Cristóvão do Sul e Erval
Velho.
Existem dois aspectos que o Congresso deve revisar no proje-
to de lei referente ao ensino médio20
O Congresso Nacional terá a necessidade de efetuar modifica-
ções em dois elementos do projeto de lei que define as orientações
para a Política Nacional de Ensino Médio, o qual propõe alterações
no Novo Ensino Médio aprovado em 2017. Essa avaliação foi feita
por Ana Gardennya Linard, gerente de políticas educacionais do To-
dos Pela Educação. É importante notar que o governo federal enca-
minhou o projeto de lei para análise.
A especialista enfatizou que, embora existam aspectos positi-
vos no Novo Ensino Médio, há necessidade de discussão pelos par-
lamentares de certos ajustes. “Um deles é a falta da definição da
19 RODRIGUES, A. Chuvas intensas afetam ao menos 78 cidades de
Santa Catarina. Agência Brasil, 2023. Disponível em: https://agencia-
brasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-10/chuvas-intensas-afetam-ao-
-menos-78-cidades-desanta-catarina. Acesso em: 16 nov..
20 PIMENTEL, C. Entenda o que prevê o projeto de lei que muda o en-
sino médio. Agência Brasil, 2023. Disponível: https://aenciabrasil.ebc.
com.br/educacao/noticia/2023-10/entenda-o-que-preve-o-projeto-de-
-lei-que-muda-o-ensino-medio. Acesso em: nov. 2023.
8
carga horária mínima para a parte flexível do ensino, o que gera
confusão e falta de alinhamento entre os estados e até mesmo en-
tre escolas no mesmo estado”, declarou.
Outro ponto de preocupação, de acordo com ela, é a dispari-
dade na formação geral básica e técnica em relação à carga horá-
ria, o que dificulta a garantia de equidade para que os jovens con-
cluam essa etapa com a mesma carga horária. Apesar disso, Ana
Gardennya Linard reconhece aspectos positivos na revisão da lei
do Novo Ensino Médio de 2017. “A reformulação é necessária para
evitar um currículo rígido e inflexível; precisamos de diversificação”,
defendeu.
Segundo ela, a extensão da formação básica de 1.800 para
2.400 horas é positiva, bem como a integração com a formação pro-
fissional. Além disso, ela aprova a eliminação completa do ensino
à distância na educação básica, que anteriormente tinha uma cota
de 20%.
Somente um quarto dos jovens de 18 a 24 anos possuem
oportunidades de ingressar no ensino superior, revela pesquisa21
Na terça-feira, 10 de outubro de 2023, o Ministério da Educa-
ção e o Instituto de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
(Inep) divulgaram os resultados do Censo da Educação Superior. De
acordo com os dados, menos de um quarto dos jovens com idades
entre 18 e 24 anos têm acesso ao ensino superior.
No total, as instituições de ensino superior, incluindo faculda-
des, centros universitários e universidades, ofereceram 22 milhões
de vagas em 2022, distribuídas em cerca de 40 mil cursos. Apro-
ximadamente 75% dessas vagas eram na modalidade de ensino a
distância.
Das vagas disponíveis, apenas 4,3 milhões foram preenchidas,
e praticamente 96% delas foram em instituições privadas. Vale
destacar que o setor privado representa a maioria das instituições
de ensino superior no país; apenas 321 das 2.595 instituições são
públicas, ou seja, federais, estaduais ou municipais.
O Censo da Educação Superior é uma pesquisa estatística rea-
lizada anualmente, e os dados coletados auxiliam o Ministério da
Educação (MEC) na avaliação, acompanhamento e desenvolvimen-
to de políticas públicas para o ensino superior no Brasil. A pesqui-
sa envolve instituições públicas e privadas que oferecem cursos de
graduação e sequenciais de formação específica.
• Um olhar para educação a distância
Uma das preocupações destacadas pelo ministro da Educação é
o aumento da oferta de cursos de ensino à distância. A graduação a
distância cresceu 21% de 2021 para 2022, chegando a 17,1 milhões
de vagas em comparação com 5,6 milhões no ensino presencial.
O ministro Camilo Santa descreveu esse fenômeno como “alar-
mante e desafiador” e prometeu a implementação de medidas
mais rigorosas na coordenação e fiscalização dos cursos a distância.
Recentemente, ele determinou a suspensão da criação de cursos
de enfermagem a distância e o cancelamento do processo que visa-
va estudar a implantação de outras graduações nessa modalidade,
como direito.
O objetivo é assegurar a qualidade dos cursos oferecidos para
a formação profissional, sem se opor ao ensino a distância como
opção, mas garantindo sua regulamentação e coordenação adequa-
das.
21 BANDEIRA, K.; ALFANO, B. Censo da Educação Superior: apenas
um em cada quatro jovens de 18 a 24 anos entrou na faculdade no
Brasil, 2023. Disponível em: https://oglobo.globo.com/brasil/noti-
cia/2023/10/10/censo-educacao-superior-754percent-dos-jovens-de-
-18-a-24- -nao-acessam-a-faculdade-no-brasil.ghtml. Acesso em: 16
nov. 2023.
 ATUALIDADES
Previsão do FMI: Brasil deve retornar ao ranking das 10 maio-
res economias globais22
O Brasil está previsto para retomar sua posição no ranking das
10 maiores economias globais, de acordo com projeções do Fundo
Monetário Internacional (FMI). O FMI divulgou suas previsões eco-
nômicas globais no World Economic Outlook.
Em 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil ocupou a 11ª
posição global. Para este ano, o país deve subir duas posições e al-
cançar o 9º lugar no ranking. As previsões do FMI sugerem que o
Brasil manterá essa 9ª posição até 2024.
Além disso, para 2026, o Brasil tem potencial para alcançar a
8ª posição entre as maiores economias do mundo, de acordo com
o FMI.
Rodrigo Valdés, diretor do Departamento do Hemisfério Oci-
dental do FMI, destacou que o Brasil surpreendeu com seu desem-
penho econômico, citando o crescimento do setor agrícola como
um dos fatores que contribuíram para essa expansão. As projeções
do FMI para as 10 maiores economias em 2024 são as seguintes:
• 1. Estados Unidos;
• 2. China;
• 3. Alemanha;
• 4. Japão;
• 5. Índia;
• 6. Reino Unido;
• 7. França;
• 8. Itália;
• 9. Brasil;
• 10. Canadá.
Em uma dúzia de anos, população brasileira com 65 anos ou
mais aumenta quase 60%23
A estrutura etária da população brasileira passou por mudan-
ças significativas nos últimos anos, de acordo com os dados do Cen-
so 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica (IBGE) em 27 de outubro de 2023. Veja algumas das principais
conclusões a seguir.
A população de idosos (com 65 anos ou mais) cresceu subs-
tancialmente, com um aumento de 57,4% em relação ao Censo de
2010. Em 2022, havia 22.169.101 idosos no país, em comparação
com 14.081.477 em 2010.
A proporção de idosos em relação à população total também
aumentou. Em 2010, os idosos representavam 7,4% da população
total, enquanto, em 2022, essa proporção subiu para 10,9%.
Por outro lado, o número de crianças com até 14 anos diminuiu
em 12,6%, passando de 45.932.294 em 2010 para 40.129.261 em
2022. Em 2010, as crianças dessa faixa etária representavam 24,1%
da população total, enquanto, em 2022, essa proporção caiu para
19,8%.
A proporção da população nas faixas etárias intermediárias, en-
tre 15 e 64 anos, teve uma leve variação. Em 2010, essa faixa etária
representava 68,5% da população total, enquanto, em 2022, essa
proporção aumentou ligeiramente para 69,3%.
A idade mediana da população brasileira aumentou de 29 anos
em 2010 para 35 anos em 2022.
22 AS 10 maiores economias do mundo em 2023, segundo o FMI.
Valor, 2023. Disponível em: https://valor.globo.com/brasil/noti-
cia/2023/10/17/as-10-maiores-economias-do-mundo-em-2023-segun-
do-o-fmi.ghtml. Acesso em: 16 nov. 2023.
23 EM 12 anos, população brasileira com 65 anos ou mais cresceu
quase 60%. Band, 2023. Disponível em: https://www.bad.uol.com.br/
noticias/em-12-anos-populacao-brasileira-com-65-anos-ou-mais-cres-
ceu-quase-60-16643156. Acesso em: 16 nov..
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O índice de envelhecimento, que mede a proporção de idosos
em relação a crianças até 14 anos, aumentou significativamente.
Em 2010, o índice era de 30,7, enquanto, em 2022, subiu para 55,2,
o que significa que há 55,2 idosos para cada 100 crianças.
As regiões Sudeste (12,2%) e Sul (12,1%) têm a maior propor-
ção de idosos com 65 anos ou mais. Os estados com maior repre-
sentatividade de idosos são o Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e
Minas Gerais. Por outro lado, a população mais jovem, composta
por crianças com até 14 anos, é mais expressiva no Norte (25,2%) e
no Nordeste (25,2%).
O Censo 2022, que deveria ter ocorrido em 2020, foi adiado de-
vido à pandemia de covid-19 e questões orçamentárias. Os dados
coletados fornecem informações essenciais para o planejamento
de políticas públicas, programas habitacionais, transporte, saúde,
educação e mercado de trabalho. Também são fundamentais para
cálculos de projeções populacionais e alocação de recursos.
• População total do Brasil
A população total do Brasil, de acordo com o Censo 2022, foi
inicialmente relatada em 203.062.512 habitantes. No entanto, no fi-
nal de agosto, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
divulgou uma nota informando correções nos números, elevando a
população brasileira recenseada no Censo 2022 para 203.080.756
pessoas, um aumento de 18.244 em relação aos números anterio-
res. Essa variação representa apenas 0,009% do contingente popu-
lacional total.
Essa atualização afetou a população de 566 municípios. Em 71
deles, foram identificados problemas pontuais na coleta de dados
que exigiram correções. Além disso, houve alterações nos dados de
361 cidades devido à detecção de casos em que os recenseadores
não observaram corretamente os limites de suas áreas de atuação,
resultando em visitas equivocadas a alguns domicílios. Em alguns
municípios, as variações ocorreram após aprimoramentos na etapa
pré-crítica, que envolve o refinamento dos dados coletados.
Brasil realiza diálogos com os EUA, Rússia e China na busca
por aprovar uma resolução na ONU24
No dia 31 de outubro de 2023, o ministro das Relações Exterio-
res, Mauro Vieira, realizou reuniões pessoais com os embaixadores
dos Estados Unidos, Rússia e China na tentativa de aprovar uma
nova resolução relacionada ao conflito entre Israel e o Hamas. Esses
três países são membros permanentes do Conselho de Segurança
da ONU e haviam vetado resoluções anteriores sobre o tema. Di-
plomatas brasileiros também entraram em contato com a França e
o Reino Unido.
Essa ação representa um esforço concentrado do Brasil para
buscar um consenso em torno da resolução que já está sob con-
sideração pelos membros permanentes. O rascunho da resolução
apresentado pelo Brasil busca equilibrar o direito de defesa de Is-
rael com certas condições, ao mesmo tempo em que busca garantir
ajuda humanitária para Gaza.
A ação foi movida no que era o último dia da presidência do
Brasil no Conselho de Segurança, embora o país continue sendo
membro até o final do ano. Era improvável que a resolução, que é a
quinta sobre o assunto, fosse votada nesse mesmo dia.
24 MATOSO, F.; MAZUI, G. Presidência brasileira do Conselho de Se-
gurança da ONU chega ao fim sem resolução sobre Oriente Médio;
veja motivos. G1 2023. Disponível em: https://g1.globo.com/politica/
noticia/2023/11/01/presidencia-brasileira-do-conselho-de-seguranca-
-da- -chega-ao-fim-sem-resolucao-sobre-oriente-medio-veja-motivos.
ghtml. Acesso em: 16 nov. 2023.
 ATUALIDADES
Dica
A partir de 1º de novembro de 2023, a China assumiu a pre-
sidência do Conselho de Segurança; ela tem demonstrado alinha-
mento com a Rússia em oposição aos Estados Unidos.
A poluição causada pela fumaça das queimadas classifica Ma-
naus como uma das cidades com a qualidade do ar mais prejudi-
cada no cenário global25
Manaus, no dia 11 de outubro de 2023, encontrava-se envolta
em uma densa camada de fumaça resultante de incêndios flores-
tais, classificando-se entre as cidades com a pior qualidade do ar
globalmente. Essa névoa cinzenta envolvia tanto edifícios quanto
marcos turísticos da cidade, como o Teatro Amazonas e a Ponte Rio
Negro.
A plataforma Selva, encarregada de monitorar os níveis de po-
luição do ar na capital, revelou que a qualidade do ar alcançou ní-
veis extremamente prejudiciais em várias áreas da cidade. A polui-
ção chegou a ultrapassar os limites da escala utilizada para medir as
concentrações de partículas por metro cúbico. Num intervalo que
normalmente varia de 0 a 160 µg/m³, Manaus chegou a registrar
499 µg/m³ entre 8h e 9h na Zona Sul durante esse dia.
Os dados coletados pelo Selva, que dispõe de 17 sensores em
Manaus, são utilizados pela World Air Quality Index, outra platafor-
ma que informa sobre os níveis de poluição em todo o mundo. Du-
rante o decorrer desse dia, os índices classificaram a capital como
uma das piores cidades do planeta em termos de poluição do ar.
Manaus atingiu o ápice de poluição às 11h, equivalente a 12h
no horário de Brasília, com uma leitura de 485 µg/m³. Rodrigo Sou-
za, pesquisador e coordenador do projeto Selva, na Universidade
do Estado do Amazonas (UEA), ressalta a importância de analisar
esses dados ao longo de um período de 24 horas, já que eles são
dinâmicos.
Ele alerta: “É preciso ter cuidado com comparações rápidas,
pois muitas vezes são instantâneas e válidas apenas naquele
minuto. Se uma chuva cair em Manaus e limpar a atmosfera, a
comparação perde sua validade no minuto seguinte.”
A fumaça oriunda de incêndios no Amazonas vem encobrindo
Manaus desde agosto do mesmo ano. Em setembro e outubro, a
presença dessas nuvens de fumaça intensificou-se devido aos in-
cêndios registrados em municípios da Região Metropolitana, como
Iranduba, Novo Airão e Careiro.
Quanto à origem da fumaça em Manaus, a prefeitura alega
que provém dos municípios da Região Metropolitana de Manaus
(RMM). Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sus-
tentabilidade (Semmas), os dados provêm do programa Queima-
das, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Sete décadas da Petrobras: os imensos desafios de uma das
principais empresas petrolíferas do mundo26
A Petrobras, a maior empresa estatal do Brasil, celebra seu
70º aniversário como uma das principais produtoras de petróleo
no mundo, porém, enfrenta desafios significativos em sua jornada
em direção à transição energética e restrições para expandir suas
reservas de petróleo.
25 FUMAÇA causada por incêndios florestais encobre Manaus, preju-
dica visibilidade e qualidade do ar. 2023. Disponível em: https://tinyurl.
com/. Acesso em: 16 nov. 2023.
26 RIZÉRIO, L. Nascida sob o lema “o petróleo é nosso”, Petrobras faz 60
anos com inúmeros desafios. InfoMoney 2023. Disponível em: https://
www.infomoney.com.br/negocios/nascida-sob-o-lema-o-petroleo-e-
-nosso-petrobras-faz-60-anos-com-inumeros- /. Acesso em: 16 nov.
2023.
10
Fundada em 3 de outubro de 1953 com o objetivo de garantir
o suprimento nacional de petróleo, a empresa cumpriu sua missão
original, especialmente após a descoberta do pré-sal há 15 anos,
que tornou o Brasil um grande exportador de petróleo, parte fun-
damental da balança comercial do país.
Em 2022, o setor registrou um superávit comercial de US$ 20,6
bilhões, o maior desde que o país começou a exportar mais do que
importar em 2016. A dependência externa de combustíveis, princi-
palmente do diesel, ainda persiste, mas é compensada pelas expor-
tações de petróleo do pré-sal.
O petróleo do pré-sal é considerado por especialistas do setor
como mais resistente às restrições relacionadas às emissões de ga-
ses poluentes, devido aos baixos níveis de enxofre e à alta produti-
vidade dos reservatórios. Isso coloca a Petrobras entre as empresas
de petróleo com menores índices de emissões.
No entanto, a Petrobras prevê que o pico de produção do pré-
-sal ocorrerá no final desta década, com uma subsequente queda
na produção nos anos seguintes. A renovação das reservas no país
torna-se cada vez mais desafiadora.
Importante!
A empresa está focando suas esperanças nas bacias da Mar-
gem Equatorial brasileira, mas enfrenta obstáculos significativos,
incluindo pareceres negativos do Ibama para licenças de perfura-
ção em algumas áreas consideradas promissoras, como as bacias
da Foz do Amazonas e Barreirinhas.
A Petrobras continua buscando aprovações para a exploração
dessas regiões, alegando que é crucial para compensar o declínio da
produção do pré-sal. No entanto, as autorizações ainda não foram
concedidas, e há resistência significativa.
Embora a Petrobras enfrente desafios na corrida em direção à
transição energética e tenha ficado para trás em relação às empre-
sas europeias em investimentos em energias renováveis, a empresa
acredita que o petróleo brasileiro ainda terá um papel relevante no
mercado global devido às suas emissões mais baixas em compara-
ção com outros países.
Para atender a novas tecnologias de geração de energia lim-
pa, a empresa pretende manter sua receita com petróleo como um
suporte econômico. A empresa reconhece o atraso em relação aos
concorrentes, mas está tomando medidas para corrigir essa situa-
ção, com investimentos em diesel verde, energia eólica no mar e
outras tecnologias de baixa emissão.
Portanto, Petrobras está comprometida em se adaptar às mu-
danças no cenário energético global e explorar alternativas mais
sustentáveis enquanto continua a ser uma peça-chave na economia
brasileira.
A expansão da área destinada à agropecuária no país aumen-
tou 50% em quase quatro décadas27
No período de 1985 a 2022, a área destinada à agropecuária
no Brasil aumentou em 50%, totalizando 95,1 milhões de hectares.
Essa área representa 10,6% do território nacional, superando a ex-
tensão do estado de Mato Grosso. Os dados foram divulgados pela
rede colaborativa MapBiomas, que monitora anualmente o uso e
cobertura da terra no Brasil.
Segundo o levantamento, quase dois terços (64%) do cresci-
mento da agropecuária no país, equivalente a 64,5 milhões de
hectares, resultaram do desmatamento para criação de pastagens.
O desmatamento realizado como parte do preparo da terra para
a agricultura corresponde a 10% do aumento, abrangendo 10 mi-
27 AGROPECUÁRIA ocupa um terço do território brasileiro. Agrofy,
2023. Disponível em: https://news.agrofy.com.br/noticia/20275/agro-
pecuaria- -um-terco-do-territorio-brasileiro. Acesso em: 16 nov. 2023.
 ATUALIDADES
lhões de hectares. Cerca de 26% da expansão da atividade agrícola,
o que equivale a 26,7 milhões de hectares, envolveu terras que já
passaram por processos de transformação devido à ação humana.
Em 1985, a agropecuária ocupava 22% do território brasileiro,
abrangendo 187,3 milhões de hectares. Quase quatro décadas de-
pois, essa proporção aumentou para 33% do território, totalizando
282,5 milhões de hectares. Do total, 58% são destinados às pas-
tagens, que cresceram mais de 60% entre 1985 (103 milhões de
hectares) e 2022 (164,3 milhões de hectares).
A área destinada ao cultivo agrícola aumentou em 41,9 milhões
de hectares durante o período analisado, passando de 19,1 milhões
de hectares para 61 milhões de hectares. Esse aumento equivale a
duas vezes a extensão do estado do Paraná.
A expansão da agropecuária é impulsionada principalmente
pelo cultivo de grãos e cana-de-açúcar, que juntos representam
96% do aumento. A área dedicada a essas culturas triplicou no pe-
ríodo, passando de 18,3 milhões de hectares em 1985 para 58,7
milhões de hectares em 2022. A soja e o milho desempenham um
papel significativo nesse crescimento, com destaque para a expan-
são da soja, que aumentou quatro vezes.
É importante notar que a conversão direta de vegetação nativa
em áreas agrícolas permaneceu relativamente estável durante o
período, com uma tendência de declínio entre 2018 e 2022. Além
disso, as áreas de conversão geográfica mudaram, com novas
fronteiras agrícolas desenvolvendo-se em regiões como Matopiba,
Amacro e no bioma Pampa.
A maioria das áreas agrícolas convertidas (72,7%) resulta de in-
tensa intervenção humana, incluindo a transformação de pastagens
em áreas de cultivo. O desmatamento para pastagens que poste-
riormente foram convertidas em áreas agrícolas foi mais significati-
vo em estados da Amazônia e Matopiba, como Pará, Mato Grosso,
Rondônia, Maranhão e Tocantins.
Nos casos de desmatamento direto para agricultura, os maio-
res estados envolvidos incluem Mato Grosso, Rio Grande do Sul,
Bahia, Maranhão e Goiás. O estudo destaca o impacto significati-
vo das práticas de desmatamento e conversão de terras no cenário
agrícola do Brasil.

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