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GISELA CONSOLMAGNO
MARCO NICOTARI
VAINE FERMOSELI VILGA
SILVIA HELENA CARVALHO RAMOS VALLADÃO DE CAMARGO
EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Vaine Fermoseli Vilga
Gisela Consolmagno
Silvia Helena Carvalho Ramos Valladão de Camargo
Marco Nicotari
Coautor: Renan Fonseca
2023
CASA NOSSA SENHORA DA PAZ – AÇÃO SOCIAL FRANCISCANA, PROVÍNCIA
FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL –
ORDEM DOS FRADES MENORES
PRESIDENTE
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
DIRETOR GERAL
Jorge Apóstolos Siarcos
REITOR
Frei Gilberto Gonçalves Garcia, OFM
VICE-REITOR
Frei Thiago Alexandre Hayakawa, OFM
PRÓ-REITOR DE ADMINISTRAÇÃO E PLANEJAMENTO
Adriel de Moura Cabral
PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO
Dilnei Giseli Lorenzi
COORDENADOR DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - NEAD
Franklin Portela Correia
CENTRO DE INOVAÇÃO E SOLUÇÕES EDUCACIONAIS - CISE
Franklin Portela Correia
REVISÃO TÉCNICA
Fernando Ortolani
PROJETO GRÁFICO
Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE
CAPA
Centro de Inovação e Soluções Educacionais - CISE
DIAGRAMADOR
Simone Aparecida Barbosa
GISELA CONSOLMAGNO
Doutoranda em Administração pela Universidade Estadual de Campinas e Mestra em
Administração pela UNICAMP (2020) na linha de pesquisa de Gestão e Sustentabilida-
de, possui pós-graduação (lato sensu) em Comércio Exterior e Negócios Internacionais
e graduação em Relações Internacionais pela ESAMC (2013). Docente na área de Ges-
tão do Núcleo Comum da Área da Saúde na Fundação Hermínio Ometto. Facilitadora
na Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP). Professora no ensino su-
perior na FATEC Araras.Desenvolve atividades como professora conteudista e curadora
e orientadora de TCC no MBA USP/ESALQ - PECEGE de Digital Business. Áreas de
interesse: empreendedorismo, digital business, tecnologias e sustentabilidade.
SILVIA HELENA CARVALHO RAMOS VALLADÃO DE CAMARGO
Doutora em Administração pela Universidade de São Paulo - FEA-USP, Mestre em Ad-
ministração pelo Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto (CUML), Pós-
-Graduada em Didática do Ensino Superior pelo CUML, Pós-Graduada em Mídias na
Educação pela Universidade Federal de São João Del-Rey, Graduada em Ciências
Contábeis e Administração pelo CUML. Docente do Ensino Superior, de MBAs, Pa-
lestrante e Instrutora do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo
CRC-SP e Representante do Conselho Regional de Administração em Ribeirão Preto-
-CRA-RP e revisora e parecerista de revistas científicas, congressos e CAPES. Gestora
da Pousada Acolhedora em Ribeirão Preto e atua com Auditoria em Condomínios e
Associações de Moradores.
MARCO NICOTARI
Professor universitário e administrador. Especialista em Marketing, em Gestão de Ne-
gócios e em Educação a Distância. Mestre em Educação. Graduando em Psicologia.
Ministra aulas em graduação nos cursos de Administração e Engenharia de Produção
no Centro Universitário Moura Lacerda de Ribeirão Preto/SP nas áreas de Marketing,
Administração Geral, Negócios e Marketing, com as disciplinas Marketing Estratégico,
Administração Mercadológica, Administração de Vendas, Marketing de Varejo, Admi-
nistração Geral, Empreendedorismo, Administração Estratégica, Planejamento Estra-
tégico, Estratégia Empresarial, Plano de Negócios, Gestão de Serviços, Sistemas de
Informações e Organizacionais, Comportamento Organizacional, Recursos Humanos.
Ministra aulas em cursos de pós-graduação em várias instituições com as disciplinas
Marketing, Vendas, Planejamento Estratégico, Metodologia Científica. Orientador de
TCC nos cursos de graduação e pós-graduação nas áreas de administração. Experi-
ência em Educação a Distância (EaD) em cursos de Graduação: Administração, e Tec-
nólogos: Gestão Comercial, Gestão de Marketing, Negócios Imobiliários, Sistema de
Inteligência de Marketing, todos com aulas expositivas gravadas e ao vivo; produção de
slides, avaliações, textos complementares e fóruns; produção de sete (7) títulos de ma-
teriais instrucionais. Experiência profissional não acadêmica em Administração Geral e
Marketing/Vendas, atuando principalmente com Varejo e Gestão Estratégica. Avaliador
Civil da Qualidade da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Avaliador pelo Ministério
da Educação (INEP/MEC) de Credenciamento e Reconhecimento de Cursos.
O COAUTOR: RENAN FONSECA
Graduado em História nas modalidades bacharelado e licenciatura pela Universidade
Federal de São João del Rei - UFSJ. Mestre pelo Programa de Mestrado em Letras -
UFSJ, Teoria Literária e Critica da Cultura, sendo bolsista CAPES/REUNI. Doutor pelo
programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade de São Paulo - USP.
Autor de material didático nas áreas de História e/ou para os itinerários formativos do
novo Ensino Médio. Professor de História para Ensino Superior, Médio e Fundamental
com experiência nas redes privada e federal de ensino. É autor dos livros: O transnacio-
nal e o local nas revistas Reader’s Digest e Seleções: relações de gênero nos Estados
Unidos e Brasil (1939 - 1971) e Amor e Gênero em Revista: os quadrinhos em sua (sub)
versão romântica, ambos publicados em 2020 pela Editora Ape’Ku. Tem interesse nos
seguintes temas: Mercado editorial brasileiro e estadunidense; História Social do Brasil
e Estados Unidos; Estudos de Gênero; Estudos Culturais; História Cultural; Histórias
em Quadrinhos; História e Memória. Desenvolve atividades relacionadas ao ensino de
História e já ministrou disciplinas relacionadas ao Funcionamento do Estado Moderno e
Escrita Criativa. Tem experiência na organização, em colaboração com professores de
rede privada de ensino, de eventos de Simulação das Nações Unidas para alunos do
Ensino Médio além de ter participado e orientado alunos nas últimas Olimpíadas Nacio-
nais em História do Brasil (ONHB). É historiador sob o registro 004810/SP.
O REVISOR TÉCNICO
FERNANDO ORTOLANI
Possui graduação em Administração pela Universidade de São Paulo (2002) e mestra-
do em Administração pela Universidade de São Paulo (2005). Atualmente é docente
da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ituverava/SP e do Centro Universitário
Estácio de Ribeirão Preto/SP. Tem experiência na área de Administração, com ênfase
em Empreendedorismo e Sustentabilidade Pessoal. Trabalha também com Mentoria e
Coaching, abordando os seguintes temas: Educação Ambiental e Financeira, Orienta-
ção de Carreira, Saúde e Qualidade de Vida e Criação de Empresas
SUMÁRIO
BRASIL: SOCIEDADE,
ECONOMIA, POLÍTICA E
1
EMPREENDEDORISMO SOCIAL
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, veremos o que são aspectos socioeconômicos e antropológicos e quais
as principais transformações relacionadas a eles que vêm acontecendo no Brasil e no
mundo, sendo que tais mudanças acabam por gerar informações precisas para que a
iniciativa pública tome ações assertivas no sentido de promover a melhoria das condições
de vida das pessoas, construindo uma sociedade mais equilibrada, justa e inclusiva.
Será abordado, também, o que é o empreendedorismo social, a forma híbrida que ele tem
de agregar valor para a sociedade, bem como o contexto histórico em que os empreendi-
mentos sociais surgiram no Brasil e as perspectivas para eles nos próximos anos.
Veremos, ainda, o que são as políticas sociais e como o governo se envolve com as
questões sociais. Esses entendimentos serão ilustrados pelos aspectos históricos re-
lacionados ao sistema de proteção social brasileiro, deixando claro de que forma as
políticas sociais podem ser agrupadas em eixos para que sejam mais bem analisadas
e implementadas. Bons estudos!
9
PARA REFLETIR
Quem não gosta de viajar para a praia com a família; fazer um happy hour com os amigos
1
no final do expediente; ir ao estádio de futebol para torcer pelo seu time junto com outros
inúmeros torcedores; estar em comunhão, em um local religioso, com outras pessoas que
professam da mesma fé; jantar com o cônjuge? É fácil imaginar que a grande maioria das
Agora, é importante que você compreenda que, à medida que a sociedade enfrenta
transformações históricas, o ser humano também é transformado. Sem precisar voltar
tanto no tempo, na época de nossas avós e bisavós, as pessoas faziam coisas que
seriam inimagináveis nos dias de hoje: fumar era um hábito refinado e cult (inclusive,
durante a gravidez!); dirigir sem cinto de segurança era uma prática comum; ir ao mer-
cado sem dinheiro não era problema porque o proprietário do estabelecimento vendia
fiado, marcando tudo na caderneta da família do comprador, já que estava seguro que
o chefe da casa iria quitar aquele valor o mais rápido possível; para não estragar, arma-
zenava-se a carne em latas preenchidas com banha de porco.
Estas mudanças de hábitos vivenciadas pelos seres humanos acontecem de forma
ininterrupta, estando muito ligadas a aspectos socioeconômicos e antropológicos. As-
sim, para iniciarmos esta discussão, você já parou para pensar o que são aspectos
socioeconômicos? Aspectos socioeconômicos são aqueles que impactam tanto a or-
dem social quanto a financeira (econômica) de um indivíduo, sociedade ou local. Eles
estão ligados a variáveis econômicas, sociológicas, educativas, de saúde, trabalhistas
etc. que podem ser mensuradas por índices, tais quais: o Produto Interno Bruto (PIB), a
taxa de desemprego, a renda per capita, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o
Coeficiente de Gini, entre outros.
GLOSSÁRIO
- PIB: é a soma de todos os bens e serviços finais produzidos em algum lugar (país, região
estado ou município), em determinado período de tempo (um mês, um semestre, um ano).
- Renda per capita: mostra a média de renda de uma pessoa, sendo calculada por toda a
riqueza econômica gerada em um país dividida pelo número de habitantes dele. Por ser um
índice feito pelo cálculo de uma média, a renda per capita não consegue mostrar possíveis
problemas relacionados à distribuição de renda.
- IDH: índice que mostra o nível de desenvolvimento de uma sociedade com base em dados
de saúde, renda e educação.
- Coeficiente de Gini: índice que mede o grau de concentração de renda (ou seja, de desi-
gualdade social) de uma nação.
Empreendedorismo Social 10
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
Por outro lado, aspectos antropológicos são aqueles relacionados aos seres humanos
de maneira mais ampla, ou seja, à maneira que eles se formaram e se tornaram aquilo
que são. Os aspectos antropológicos mostram possíveis caminhos para explicar as
1 diferenças (particularidades) culturais, os movimentos e desigualdades sociais, os sa-
beres tradicionais e o nível de desenvolvimento socioeconômico de uma comunidade,
um povo ou um país. Dessa forma, de maneira biológica (física), material, linguística e/
ou cultural, os estudos antropológicos buscam as raízes dos seres humanos, estabe-
lecendo uma análise do passado (histórica) para a compreensão dos fenômenos que
acontecem nos dias de hoje. Vamos compreender isso melhor?
EXEMPLO
Os estudiosos Roger e Martine Lichtenberg examinaram, com Raio-X, cerca de 130 múmias
egípcias (ARNT, 1998). Nestes exames, detectaram que os ossos de algumas mostravam si-
nais de crescimento raquítico, marcas de má nutrição e doenças durante a juventude, trazen-
do indicações de que passavam fome e tinham vidas bastante difíceis (ARNT, 1998). Além
disso, diversas múmias apresentavam sinais de reumatismo na coluna, o que evidenciava
um trabalho físico intenso e de transporte de cargas pesadas (ARNT, 1998). Os estudiosos
também encontraram algumas múmias sem os dentes, mostrando que tinham mais açúcar
na dieta (ARNT, 1998). Interessante, né?
Com relação à antropologia linguística, ela estuda o papel da linguagem na vida social
de indivíduos e grupos, explorando-o como elemento de identidade social, pertenci-
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mento de grupo, estabelecimento de crenças e ideologias culturais (GREELANE, 2019).
Nos dias de hoje, por exemplo, se você colocar num mesmo ambiente um rapper, um
surfista e um gamer, se você não pudesse vê-los, mas pudesse escutá-los, não seria
possível identificar cada um dos grupos a que pertencem pela forma que se comunicam? 1
Por fim, a antropologia cultural (social) é caracterizada pela compreensão da maneira
como os homens vivem em diferentes sociedades e culturas, sendo que estas culturas
Desta forma, estes quatro campos de estudo antropológicos trazem elementos que
permitem o entendimento da realidade, dos anseios e das expectativas da sociedade
em que estamos inseridos, bem como são capazes de mostrar as transformações que
ocorreram nela ao longo do tempo.
O interessante a se notar é que a pobreza, de acordo com Pereira (2007), pode ser vista
de várias maneiras, como: a) falta, ausência, carência e insuficiência de renda (devido
à baixa renda, as pessoas enfrentam situações de ausência de alimentação adequada
e de bens materiais básicos); b) demanda assistencial (como quem está na situação de
pobreza não tem condições por si só de atender a todas as suas necessidades, preci-
sará de algum tipo de assistência para supri-las); c) privação de capacidades (a situa-
ção de pobreza limita as pessoas a acessarem oportunidades econômicas, liberdades
políticas e condições habilitadoras (que estão relacionadas à boa saúde e educação
de qualidade); d) exclusão social (a pobreza também está relacionada a aspectos mais
subjetivos que geram sentimentos de rejeição, perda de identidade e ruptura de laços
culturais e de sociabilidade); e) vulnerabilidade social (uma condição que dificulta a
pessoa em estado de pobreza a sair dele, por conta do desemprego estrutural e das
diversas formas de precarização do trabalho (como o aumento da informalidade) que
geram pessoas descartáveis, refugadas para as novas exigências da modernização do
mercado de trabalho.
Empreendedorismo Social 12
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
contemporânea não pode mais ser tratada apenas como uma questão material (de
renda), desconsiderando-se outros aspectos importantes (PEREIRA, 2007). “A pobreza
que constitui uma questão histórica, assume novas dimensões, constituindo o foco das
1 problemáticas sociais contemporâneas” (PEREIRA, 2007, p. 8).
[...] a pobreza, hoje, amplia-se, rompendo fronteiras sociais entre grupos,
atingindo segmentos antes tidos como integrados socialmente. É uma po-
breza que se articula com a vulnerabilidade do trabalho, ou seja, ser pobre
implica em uma inserção precária excludente no mundo do trabalho sem
conseguir garantir condições efetivas de inclusão na vida social. (PEREIRA,
2007, p. 8)
Dessa forma, é importante entender que a batalha contra a pobreza deverá passar
por uma mudança radical pautada na educação e inclusão tecnológica. Se alguns
anos atrás, a inserção ao mundo do trabalho era uma dificuldade para uma grande
camada da população (por conta dos elevados níveis de desemprego), atualmente,
esta inclusão é ainda mais complexa. Apesar de, em vários momentos, o desemprego
permanecer alto, muitos empregos gerados na atual sociedade moderna exigem uma
formação educacional e tecnológica para acompanhar esta revolução vista no mun-
do. A Internet das Coisas (IoT), a Inteligência Artificial, a automatização, o blockchain
e muitas outras tecnologias que aparecerão no futuro não são aprendidos no dia a
dia de um indivíduo, necessitando de um ensinamento formal, que só acontece com
inclusão educacional.
Assim, inovação, tecnologia e educação serão fundamentais para qualquer país (in-
clusive, o Brasil) enfrentar a pobreza de sua população (que ganhou um status mais
complexo para que seja combatida), trazendo, novamente, a possibilidade de uma real
inserção social de boa parte dos cidadãos da nação.
Provavelmente, você já ouviu alguma história de sua avó/bisavó que dizia que as pes-
soas da vizinhança colocavam as cadeiras na calçada e ficavam conversando sobre
assuntos aleatórios. Atualmente, isso já não acontece mais (é até difícil as pessoas sa-
berem o nome de mais do que cinco pessoas que moram na mesma rua ou no mesmo
prédio delas). Mas, afinal, o que aconteceu para esta transformação tão drástica, em
poucos anos?
Além destes aspectos mais relacionados com a própria infraestrutura das cidades, tal
distanciamento das pessoas também se deve ao crescimento da internet e das Redes
Sociais, que passaram a preencher um espaço na sociabilização delas, transformando-
-a em algo mais virtual do que físico.
13
Como já visto anteriormente, as pessoas são seres sociais, que precisam se relacionar
com outras. Desta forma, essas transformações da sociedade são refletidas em mudan-
ças antropológicas, com o fortalecimento da cultura de grupos (comunidades) que têm
o mesmo objetivo, ideais, gostos e anseios (alguns formados em escassos encontros 1
face a face, outros, em sua maioria, formado nas Redes Sociais).
Em termos virtuais, as pessoas se aproximam nas redes sociais por conta de gostos si-
milares e posições/opiniões parecidas que possuem. Há grupos (comunidades) forma-
dos por várias questões comuns: time do coração; posicionamento político e religioso;
aspectos raciais e de gênero etc. Todos eles defendem seus interesses, clamam por
igualdade, espaço social, voz e justiça.
Diversas pesquisas (no Brasil e no mundo) mostraram que o isolamento social causado
pelo Coronavírus parece ter feito as pessoas e as empresas se preocuparem ainda
mais com a sustentabilidade, indicando que elas estão dispostas a mudar seus hábitos
para minimizarem os problemas ambientais.
Empreendedorismo Social 14
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
Sim, neste campo, muitos avanços ainda precisam ser conquistados. No entanto, agen-
1
tes públicos e privados passaram a fortalecer o pensamento crítico relacionado com
a sustentabilidade ambiental, percebendo-se como parte responsável do problema e
ressignificando seus conceitos, hábitos e expectativas.
Cabe destacar que esse movimento em direção à melhora nas condições da sociedade
não é feito apenas pela iniciativa pública, já que empreendedores sociais e parcerias
público-privadas estão ganhando cada vez mais relevância no nosso país, realizando
ações que trazem mais humanidade e pessoalidade às relações de mercado, contri-
buindo para o desenvolvimento do país.
CONCLUSÃO
Neste capítulo, percebeu-se que os seres humanos e as sociedades a que perten-
cem estão em constante transformação. Problemas socioeconômicos e antropológi-
cos, recentes ou de longa data, pelos quais o Brasil enfrenta precisam de um olhar
atento por parte da iniciativa governamental para que as políticas públicas alcancem
bons resultados na minimização das desigualdades e injustiças. No entanto, esta
batalha vem ganhando novos atores privados que, através do empreendedorismo
social e parcerias público-privadas, também buscam uma melhora nas condições de
vida das pessoas.
15
Figura 01. Transformação na sociedade e Políticas Públicas
Problemas
socioeconômicos,
antropológicos,
ambientais... 1
Políticas
Públicas
DICAS
Atualmente, é muito comum que as pessoas se agrupem em comunidades nas Redes So-
ciais para emitirem suas opiniões e atacarem aqueles que têm uma posição contrária à de-
las. Esse suposto “anonimato” sentido na internet torna as pessoas mais corajosas para:
distribuírem fakenews, atuarem como militantes cibernéticos e serem propagadores de ódio
e intolerância. Tal recente transformação antropológica pode ser conferida no filme “Rede de
Ódio” que aborda estes assuntos e outros que tratam da influência que as Redes Sociais têm
na vida das pessoas.
Rede de ódio. Direção de Jan Komasa. Los gatos: Netflix, 2020. (136 min.).
SAIBA MAIS
O artigo “A antropologia hoje”, de Bela Feldman-Bianco, mostra a crescente relação entre a
antropologia e a formulação de políticas públicas, trazendo exemplos reais desta aproxima-
ção que aconteceram no Brasil.
FELDMAN-BIANCO, Bela. A antropologia hoje. Revista Ciência e Cultura, São Paulo, vol.
63, n. 2, abr. 2011.
Empreendedorismo Social 16
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
SAIBA MAIS
1 Alguns anos atrás, a Prefeitura da cidade de Campinas, interior do estado de São Paulo,
criou um link dentro do seu site que permite que cidadãos, empresas e ONGs (Organizações
Não Governamentais) cadastrem ações e projetos na área de sustentabilidade. O objetivo
desta iniciativa é conhecer a realidade ambiental da cidade para que, a partir destas informa-
ções, sejam propostas políticas públicas de incentivo às atividades sustentáveis. Isso mostra
que cada vez mais, o mindset sustentável ganha espaço entre as pessoas, as empresas e
o governo, elevando a preocupação com a preservação ambiental a um novo patamar, em
que todos (cidadãos, setor produtivo e órgãos públicos), numa conscientização conjunta, se
percebem como atores realmente responsáveis pelo cuidado com as questões ambientais.
Fonte: BRITO, Manoel. Hotsite da Prefeitura fará cadastros de projetos sustentáveis. Portal
da Prefeitura de Campinas, Campinas, 1 mar. 2013.
No entanto, essa percepção sobre as empresas parece estar tomando um rumo di-
ferente, traçado pelos empreendedores sociais. Se você é uma pessoa que gosta de
acompanhar as novidades que acontecem no Brasil e no mundo, certamente, já ouviu
falar sobre os empreendimentos sociais. Mas, afinal, você sabe o que é o empreende-
dorismo social?
Apesar de não haver uma única definição para o termo “empreendedorismo social”, boa
parte dos autores que versa sobre este assunto acaba por trazer uma visão parecida
sobre o tema. Vamos a elas? De acordo com Marins (2018 apud SILVA E SILVA, 2019),
o empreendedorismo social está relacionado com empresas que aproximam os objeti-
vos buscados pelos empresários privados, tendo como missão institucional a diminui-
17
ção de problemas socioeconômicos, antropológicos e ambientais. Já para Barki (2015,
apud SILVA E SILVA, 2019), o empreendedorismo social é um modelo de organização
híbrido, que combina competências do setor privado com os conhecimentos de gestão
social, fornecendo soluções para problemas sociais e/ou ambientais para populações 1
de baixa renda, gerando lucros de forma sustentável, podendo, inclusive, fazer distribui-
ção de dividendos aos seus associados. Seguindo nesse mesmo sentido, Silva e Silva
(2019) diz que o empreendedorismo social compreende iniciativas empresariais com
IMPORTANTE
O enfoque do empreendedorismo social está no impacto socioeconômico, antropológico e
ambiental que ele causa, sendo que o lucro é um meio para alcançar a missão organizacio-
nal, tanto que o empreendedor social adota critérios de avaliação de desempenho que levam
em consideração tais impactos não financeiros (SILVA E SILVA, 2019).
Empreendedorismo Social 18
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
CURIOSIDADE
O Grameen Bank, fundado por Muhammad Yunus, foi o primeiro banco do mundo especiali-
zado em microcrédito. Em 1976, Yunus emprestou 46 dólares a 42 mulheres de Bangladesh
(pobre país asiático) que viviam em condição de extrema miséria, para que elas pudessem
pagar suas dívidas com agiotas e iniciar pequenos negócios (que acabaram por transformar
a realidade daquelas pessoas). Com essa experiência, Yunus decidiu fundar o Grameen
Bank, em 1983, com a finalidade de emprestar pequenas quantias de dinheiro para pessoas
(que não teriam acesso a empréstimos em bancos tradicionais), majoritariamente mulheres,
que investiriam os recursos, obrigatoriamente, em pequenos empreendimentos produtivos e
comerciais. O modelo de negócio foi um sucesso e ajudou muitas pessoas a superarem suas
difíceis condições de pobreza.
SAIBA MAIS
Para conhecer um pouco mais sobre a história de Yunus Muhammad, assista à entrevista
que ele concedeu a uma jornalista brasileira, para que você entenda como ele conseguiu
transformar a realidade social de milhares de pessoas ao redor do mundo, através do empre-
endedorismo social.
CURIOSIDADE
A Ashoka é uma organização presente em diversos países, inclusive no Brasil, que presta
ajuda especializada aos empreendedores sociais, que, ao fazerem parte da rede Ashoka,
passam a receber conselhos estratégicos, colaboração, intercâmbio de informações, habili-
dades, visibilidade, investimento e networking para desenvolverem suas atividades de trans-
formação social e ambiental. No mundo, há mais de 3.500 empreendedores sociais que
fazem parte da Ashoka.
19
social, enfatizando a importância de se ter uma sociedade justa, solidária e livre, bem
como destacou o princípio da defesa do meio ambiente. Nossa Carta Magna, portanto,
trouxe as bases em que o Empreendedorismo Social atua, estimulando o aparecimento
de negócios sociais no país. 1
Pode-se afirmar também que a Eco-92 (conhecida como Rio-92), primeira Conferência
mundial (organizada pelas Nações Unidas) para debater aspectos diplomáticos, cientí-
De acordo com Silva e Silva (2019), o empreendedorismo social pode ser considerado
uma forma de ação entre os três setores (público, privado e sociedade civil). Isso faz
com que os empreendimentos sociais sejam considerados como organizações híbridas,
que operam em ambientes desafiadores (BILLIS, 2010 apud LIMEIRA, 2015).
Empreendedorismo Social 20
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
GLOSSÁRIO
GLOSSÁRIO
O conceito “cadeia de valor” representa todas as atividades necessárias para o desenvol-
vimento, a produção, a comercialização, a entrega e o suporte de bens e serviços que são
realizadas por diferentes empresas que colaboram entre si, direta ou indiretamente, para ge-
rar valor a todos os envolvidos no processo (fornecedores, clientes, funcionários, instituições
governamentais etc.) (PORTER, 1985 apud LIMEIRA, 2015).
É importante que você perceba que a cadeia híbrida de valor, que está embutida no
modelo de negócio dos empreendedores sociais, vai além de uma relação cliente-for-
necedor, já que adota práticas de gestão colaborativa entre empresas tradicionais e
sociais, permitindo vantagens complementares como: escala, know-how em diversas
áreas, conexão e parcerias com redes sociais, clientes e comunidades em todo o mun-
do (LIMEIRA, 2015).
21
conscientização em massa e parcerias amplas entre diversos atores potencializam os
efeitos gerados pelo empreendedorismo social.
Estes números (que já são expressivos) têm grande potencial de crescimento no Bra-
sil e no mundo, já que há diversas movimentações globais em torno da mitigação de
problemas socioambientais que ainda são muito presentes em vários países e comuni-
dades (SILVA E SILVA, 2019; PEREIRA, 2020). Essa onda crescente será ainda mais
fortalecida por novas tecnologias (internet das coisas, conectividade generalizada etc.)
que permitem uma cooperação humana sem fronteiras, gerando ampla difusão e inclu-
são social de pessoas excluídas em termos culturais, econômicos e sociais (ABRAMO-
VAY, 2014 apud SILVA E SILVA, 2019).
CONCLUSÃO
Neste capítulo, percebeu-se que os empreendimentos sociais, apesar de visarem o
lucro, têm uma missão socioambiental que guia todos os seus movimentos. Como o
Brasil enfrenta mazelas sociais, culturais e ambientais desde o seu descobrimento, o
empreendedorismo social encontrou terreno fértil em nosso território, ganhando força
a partir da elaboração da Constituição de 1988 e da realização da Rio-92. Os negócios
sociais são uma realidade no mundo todo, já tendo impactado a vida de centenas de
milhões de pessoas. No entanto, ainda há bastante espaço para o seu crescimento, já
que novas tecnologias e, principalmente, uma conscientização coletiva global da im-
portância da inclusão social, da redução de desigualdades e da preservação ambiental
estão estimulando novos empreendedores a seguirem os caminhos dos precursores
das empresas sociais.
Empreendedorismo Social 22
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
Meios para
1 Objetivo
Tipo atingir o
central
objetivo
Gerar lucro e Venda de bens e ser-
riqueza para os viços diversos que
Privados satisfaçam e fideli-
proprietários e
zem os clientes. São
investidores. autossustentáveis.
Não são
Resolver autossustentáveis.
Prestam serviços
problemas socioambientais
socioambientais. gratuitos com
ONGs Não possuem fins recursos advindos de
lucrativos. doações e apoios
financeiros.
DICAS
Muitas vezes, o aparecimento de um empreendimento social está atrelado à criação de al-
guma inovação, que pode ser de um processo (mais produtivo, menos poluidor etc.) ou até
mesmo de algum produto. Em 2014, o lançamento do filme Slingshot, de Paul Lazarus, trou-
xe esse lado inovador dos empreendedores sociais, ao mostrar como a invenção de uma
máquina, capaz de reciclar qualquer tipo de água, poderia transformar a vida de milhões de
pessoas no mundo. O documentário retrata a cadeia híbrida de valor intrínseca ao empre-
endedorismo social, relatando a busca por parcerias para que a invenção pudesse ganhar
escala para ser economicamente viável.
SLINGSHOT. Direção de Paul Lazarus. Los Gatos: Netflix, 2014. (88 minutos).
23
SAIBA MAIS
O artigo “Economia Brasileira na década de oitenta e seus reflexos nas condições de vida 1
da população”, de Ana Maria H. Ometto, Furtuoso e Silva (1995), retrata a crise econômica
brasileira da década de 1980, a deterioração das contas públicas para a realização de polí-
ticas sociais e como as pessoas tentaram sobreviver diante deste cenário socioeconômico
OMETTO, Ana Maria H.; FURTUOSO, Maria Cristina O.; SILVA, Marina Vieira da. Economia
brasileira na década de oitenta e seus reflexos nas condições de vida da população. Revista
Saúde Pública, vol. 29, n. 5, Piracicaba, 1995. Departamento de Economia Doméstica da
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP).
CASOS DE APLICAÇÃO
Quem poderia prever que uma viagem de férias poderia se transformar no marco para a
criação de uma das empresas sociais mais bem-sucedidas do mundo? Isso aconteceu com
Blake Mycoskie, empresário que viajou para a Argentina, em 2006, para aprender a jogar
polo a cavalo e se deparou com uma situação muito triste: inúmeras crianças que não tinham
condições financeiras sequer para comprar um par de calçados. Essa realidade acabou por
ser o estopim para Blake fundar, juntamente com Alejo Nitti, seu sócio, a TOM SHOES, em-
presa social (portanto, com fins lucrativos) com um novo modelo de negócios: a cada sapato
que a empresa vende, ela doa um par para jovens argentinos e de outros países que não
têm condições de adquiri-los. A ideia foi um sucesso, sendo que já foram doadas dezenas de
milhões de sapatos em mais de 70 países. Atualmente, outros produtos entraram no portfólio
da empresa (óculos, sacolas e até café), que foi parcialmente vendida (50% das cotas), em
2014, por US$ 300 milhões, para um fundo de investimentos (Bain Capital).
Fontes:
TOMSShoes. Mundo Das Marcas, [Online],15 jun. 2015. Disponível em: https://mundodas-
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21 ago. 2022.
Empreendedorismo Social 24
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
Dessa forma, quando as empresas estabelecem normas para alinhar objetivos, elas fa-
zem políticas organizacionais; quando o governo administra algum assunto econômico
(taxa de câmbio, taxa de juros etc.), ele está fazendo política econômica; quando execu-
ta alguma ação com intuito de preservação ambiental, o governo faz política ambiental;
já quando ele direciona esforços às questões sociais, realiza política social.
Para focarmos um pouco mais no nosso objeto de estudo, Azevedo et al. (2018) afir-
mam que política social é aquela relacionada aos direitos de bem-estar social e à pos-
sibilidade de se ter um nível mínimo de consumo para toda a população, devendo ser
transversal e contemplar a totalidade da população para que haja o desenvolvimento
da comunidade e diminuição das desigualdades sociais. Já Iamamoto (2009 apud AZE-
VEDO et al., 2018) reforça que a política social visa agir sobre a questão social que é
expressa nas desigualdades econômicas, políticas e culturais, medidas pelas dispari-
dades nas relações de gênero, raciais, regionais etc. Dessa forma, percebe-se que as
políticas sociais são aquelas que se preocupam com a diminuição das desigualdades e
melhora na qualidade de vida da sociedade, voltando seus esforços para áreas como:
educação, transporte, saúde, previdência, saneamento básico, habitação etc.
A partir destas definições, neste momento, você pode estar se perguntando: as políticas
sociais são feitas para todas as pessoas? Em teoria, a resposta para esta pergunta se-
ria um “sim”, afinal qualquer brasileiro pode usar o transporte público, o Sistema Único
de Saúde, matricular seus filhos em escolas públicas, não é mesmo? No entanto, na
prática, cada vez mais tais políticas são executadas de maneira mais direcionada (políti-
cas de atendimento ao idoso, à infância, à mulher, ao negro, entre outros) (AZEVEDO et
al., 2018), descaracterizando sua função social mais ampla (VIEIRA, 2004 apud ROSA,
[s. d.]).
Assim, de acordo com Demo (1978 apud ZAMBELLO, 2016), é difícil se definir o al-
cance das políticas sociais pela pluralidade de ações e intervenções neste campo que,
ao longo dos anos, foram transitando entre diversas áreas; no entanto, é um consenso
25
dizer que as políticas sociais são feitas por ações que buscam uma dimensão assisten-
cialista de cobertura imediata. Ou seja, as políticas sociais são ações planejadas que
possuem um propósito bem definido, quando criadas: transformar, estrategicamente, a
realidade existente pelo enfrentamento de questões sociais (AZEVEDO et al., 2018). 1
IMPORTANTE!
Na maioria dos países, as políticas sociais são um misto de uma política social pública e
privada (AZEVEDO et al., 2018). Essa dualidade público-privada ocorre de maneira que o
governo define quais áreas são direitos sociais, cabendo à iniciativa privada decidir de que
forma ela quer (ou não) participar destas ações de cunho social (AZEVEDO et al., 2018).
De acordo com Azevedo et al. (2018), para uma política social ser considerada gover-
namental, ela precisa ter sido criada e administrada pelo Estado, estando alinhada com
o desenvolvimento das políticas de governo, com o orçamento público, direcionamento
de verbas e tema de atuação direcionados para o bem comum do cidadão, sendo que
o ator que realiza tal administração é chamado de gestor público, que obtém recursos
por meio da cobrança de tributos (impostos, taxas e contribuições). Por outro lado, as
políticas sociais privadas buscam realizar serviços de cunho social com o menor custo
possível, contribuindo para a sociedade como um todo, mas visando também o desen-
volvimento da organização e o benefício dos proprietários, acionistas e funcionários, al-
cançado pelo atendimento das necessidades de seus clientes (AZEVEDO et al., 2018).
Empreendedorismo Social 26
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
Exemplo
1 Vimos que a administração da política social pública é feita totalmente pelo governo. No en-
tanto, a execução desta política pode ser feita por empresas privadas ou ONGs.
Um exemplo de política social pública executada 100% pelo governo são os hospitais públi-
cos, que recebem recursos governamentais para atenderem, gratuitamente, os pacientes.
Neste caso, médicos, equipamentos, medicamentos etc. são pagos e geridos totalmente pela
esfera governamental. Por outro lado, temos o transporte público como exemplo
de serviço social público executado por empresas privadas, que são contratadas (pagas)
pelo governo para disponibilizarem seus funcionários (motoristas, cobradores etc.) e seus
meios de transporte próprios (ônibus, por exemplo) para a locomoção dos cidadãos brasilei-
ros nos lugares geográficos para os quais foram contratados.
Agora, vamos focar nossa atenção para as políticas sociais públicas? Bem, o governo é
o único agente econômico que pensa e age, prioritariamente, de forma coletiva, ou seja,
que busca melhorar o bem-estar de todas as pessoas da sociedade. Família, empresa
e outros países, que são os demais agentes econômicos, de forma simplificada, agem
de maneira mais individual: a família (formada pelas pessoas físicas) busca, a princípio,
maximizar seu próprio bem-estar; a empresa visa, prioritariamente, a ampliação do seu
próprio lucro; e os outros países agem de forma a manterem suas empresas e famílias
com suas expectativas atendidas.
Este caráter intrinsecamente coletivo da esfera governamental faz com que as políti-
cas públicas sociais (de distribuição de renda, de combate à pobreza, de educação,
de saúde, habitacionais, previdenciárias etc.) tenham papel fundamental na diminuição
das desigualdades e na melhoria do bem-estar das pessoas. No entanto, a quantidade
e frequência de políticas sociais públicas dependerão do sistema político de cada país
(SENNE, 2017). Vamos entender isso melhor?
De acordo com Maigón (1998 apud SENNE, 2017), as formas com que o governo se
relaciona com a sociedade (inclusive, fazendo políticas sociais) podem ser divididas em
três: 1) liberal ou neoliberal (sistema em que as políticas sociais são definidas como
compensatórias e complementares às políticas econômicas, com base na ideia de que
o Estado é ineficiente e ineficaz, devendo ter uma menor interferência e participação
possíveis na economia; 2) neo-estruturalistas (modelo que considera as políticas so-
ciais como fortes determinantes do bem-estar social, reconhecendo o papel mais ativo e
prioritário do Estado na condução da economia, inclusive, na busca por maior equidade
social; e 3) economia social de mercado (sistema que objetiva combinar as premissas
dos dois modelos anteriores, reconhecendo que o foco ou sujeito das políticas sociais
deve ser o setor mais pobre da população, modificando a estrutura do gasto social,
tornando-o mais seletivo.
27
Quando comparado a outros países, o Brasil é uma nação relativamente nova: temos
um pouco mais de 500 anos de história, sendo apenas 200 anos como nação indepen-
dente. Por esse motivo, as políticas sociais brasileiras também têm uma história não
tão extensa, que começa a ganhar forma a partir de 1930, já que, até os anos 30 do 1
século passado, a legislação do Brasil não tratava da questão social, pois aqueles que
não conseguiam alcançar destaque econômico sobreviviam sem nenhum tipo de auxílio
governamental (DRAIBE, 1989; SANTOS, 1979 apud ZAMBELLO, 2016).
Com o início do governo militar, em 1964, houve uma reestruturação da forma como o
governo brasileiro administrava o país, desde aspectos políticos a econômicos, o que
acabou por trazer mudanças consideráveis no sistema de proteção social brasileiro,
que, com o objetivo de alcançar uma abrangência nacional, foi expandido por meio de
um aparelho governamental mais centralizado (IPEA, [s.d.]), que trouxe uma consolida-
ção das instituições que planejavam as políticas sociais, como o antigo INPS (Instituto
Nacional de Previdência Social) – hoje, transformado em INSS (Instituto Nacional do
Seguro Social) – e o BNH (Banco Nacional da Habitação) (ZAMBELLO, 2016).
No final dos anos 1970 e início dos anos 1980, houve uma reversão do crescimento
econômico brasileiro, o que acabou por estrangular e quase parar o sistema de políticas
sociais (autossustentáveis) daquele período, já que as fontes de financiamento delas
enfrentavam queda drástica (por conta da ampliação do desemprego) (IPEA, [s.d.]).
Isso aconteceu exatamente em um momento em que as carências sociais foram am-
pliadas (em um cenário de queda do emprego e altíssima inflação), o que gerou pressão
dos movimentos sociais a favor da redemocratização e evidenciou o esgotamento do
sistema nacional de políticas sociais em vigor até então (IPEA, [s.d.]).
Este cenário político, econômico e social culminou no fim do governo militar e na pro-
mulgação da Constituição de 1988, que lançou as bases para uma expressiva mudança
da responsabilidade e da participação social do governo, que passou a ter que buscar
Empreendedorismo Social 28
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
Mesmo com estas alterações, as políticas sociais, ao longo da década de 1990, ficaram
estagnadas (ZAMBELLO, 2016), principalmente, por conta das ações governamentais
em favor da redução dos gastos públicos, necessários para o controle da alta inflação e
para a superação da crise internacional que foi apresentada ao mundo no final daquela
década. Cabe destacar que, neste período, a desaceleração dos gastos sociais só não
foi maior por conta da proteção jurídica contra cortes orçamentários em áreas como:
educação, saúde, seguro-desemprego e previdência social (CASTRO et al., 2008 apud
IPEA, [s.d.]).
A partir dos anos 2000, houve uma melhora na conjuntura econômica brasileira e mun-
dial, o que permitiu que uma visão governamental mais voltada ao lado social ganhasse
voz. Com isso, são fortalecidas políticas sociais garantidoras de itens necessários à
sobrevivência substancial, com o crescimento de ações governamentais: de transfe-
rência de renda, previdenciária, de reconhecimento cultural de minorias, de proteção
social etc. (ZAMBELLO, 2016). A partir deste período, as políticas sociais começam a
ser vistas pelo governo muito mais como investimentos capazes de promover o cresci-
mento econômico, ao invés de serem um peso orçamentário obrigatório (ZAMBELLO,
2016), fazendo com que os debates políticos a respeito do tema mudassem de caráter
e permanecessem nesta direção até os dias atuais.
EXEMPLO
Como exemplo de política social sendo vista como um investimento capaz de promover cres-
cimento econômico apresenta-se, de acordo com Zambello (2016), um estudo do IPEA, de
2011, que mostra que a cada R$ 1,00 (um real) investido em educação no Brasil, há o retorno
de R$ 1,85 (um real e oitenta e cinco centavos) no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
29
Você já deve ter percebido que as políticas sociais feitas no Brasil abrangem muitas áre-
as: previdência; habitação; trabalho; saúde; assistências mais focadas de acordo com
gênero, etnia e grupos identitários; transferência de renda etc. (SENNE, 2017). Para
facilitar o entendimento de toda esta gama de políticas sociais brasileiras, podemos 1
agrupar o Sistema Brasileiro de Proteção Social (SBPS) em quatro eixos: 1) trabalho; 2)
assistência social, segurança alimentar e combate à pobreza; 3) cidadania social; e 4)
infraestrutura social. Vamos conhecê-los com mais detalhes?
De acordo com Senne (2017), o eixo do trabalho é formado tanto pelo emprego assa-
lariado contributivo quanto pelo trabalho socialmente útil, mas não necessariamente
assalariado. Nesse eixo, aparecem as seguintes práticas sociais do governo:
[...] política previdenciária contributiva (assalariados do setor privado, fun-
cionários públicos estatutários e militares), política previdenciária parcial e
indiretamente contributiva (segurados especiais em regime de economia
familiar rural), políticas de proteção ao trabalhador assalariado formal (abo-
no salarial e seguro desemprego), políticas de proteção ao trabalhador em
geral (intermediação de mão-de-obra, qualificação profissional e concessão
de microcrédito produtivo popular) e políticas agrária e fundiária. (SENNE,
2017, p. 03)
O Programa Fome Zero, o Programa Bolsa Família, o Auxílio Brasil e o Auxílio Emer-
gencial são (foram) exemplos de ações diretas de combate à pobreza.
Empreendedorismo Social 30
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
GLOSSÁRIO
` O Programa Fome Zero foi um conjunto de programas públicos sociais que ti-
nham como objetivo enfrentar as causas da fome e da insegurança alimentar,
com ações que iam desde ajuda financeira (como o Bolsa Família), até a cons-
trução de cisternas no Nordeste brasileiro, abertura de restaurantes populares e
instrução sobre hábitos alimentares.
CONCLUSÃO
Neste capítulo, percebeu-se o que são as políticas sociais, como elas podem ser agru-
padas em eixos (para que sejam mais bem analisadas e implementadas), bem como
a importância da participação governamental para cuidar das questões sociais, sendo
que as políticas sociais públicas dependem, ao longo da história, tanto do sistema de
31
governo (mais intervencionista ou menos intervencionista, neste aspecto) quanto do
cenário econômico enfrentado pelo Estado, que vão determinar suas prioridades de
governo.
Figura 03. Sistema Brasileiro de Proteção Social 1
Eixo Políticas
DICAS
O documentário brasileiro “Garapa”, do diretor José Padilha, acompanha a dura realidade de
três famílias cearenses no ano de 2009. A película documenta a seca e a fome daquelas fa-
mílias, mostrando o cotidiano delas ao longo de quatro semanas. A obra, além de mostrar as
mazelas sociais que ainda afetam milhões de pessoas no Brasil, evidência a importância de
um programa público federal de erradicação da fome (através de transferência de renda dire-
ta) para uma daquelas famílias, que só tinha água com açúcar (garapa) para disfarçar a fome.
Fonte: GARAPA. Direção de José Bastos Padilha. Rio de Janeiro: Downtown Filmes, 2009.
Empreendedorismo Social 32
Brasil: Sociedade, Economia, Política e Empreendedorismo Social
SAIBA MAIS
1 Para entender a história das políticas sociais no território brasileiro, recomenda-se a leitura
do livro “Políticas sociais: acompanhamento e análise”, elaborado pela equipe técnica do
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). O material traz a evolução das políticas
sociais brasileiras desde a década de 1930 até o início do século XXI, enfatizando as respon-
sabilidades sociais que ficaram a cargo da esfera pública, a partir da Constituição de 1988.
SAIBA MAIS
Atualmente, a administração pública está bastante descentralizada. Isso pode ser visto em
diversas áreas, inclusive, aquelas relacionadas às questões sociais. Em 2017, por exemplo,
o Ministério da Educação (portanto, um órgão federal) liberou R$ 3,8 milhões para a prefeitu-
ra de Bragança Paulista/SP construir uma nova unidade escolar no município. O repasse do
recurso aconteceu por meio do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação),
com o objetivo de melhor as condições do ensino público na cidade, além de trazer emprego
e renda para ela.
33
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2022.
35
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade UNIDADE 2
EMPRESA E SOCIEDADE:
RESPONSABILIDADE E
2
SUSTENTABILIDADE
INTRODUÇÃO
As empresas podem ser associadas a um grande poder transformador. Tal poder não
consiste apenas em criar novos produtos e serviços desejados pelos consumidores,
mas também no sentido de agir como um vetor transformador.
As organizações traduzem as metas de desenvolvimento sustentável e adotam, através
da Responsabilidade Social, práticas que transformam a sociedade onde vivemos.
O primeiro capítulo desta unidade tem como objetivo trazer conceitos relacionados à
Responsabilidade Social (RS) (tópico 1); ESG – Environmental, Social & Governance
(tópico 2); por que adotar RS (tópico 3) e meios de implementá-la (tópico 4).
No segundo capítulo da unidade você terá contato com os 17 Objetivos de Desenvol-
vimento Sustentável da ONU, entendendo de que forma os empreendedores privados
estão se moldando para atendê-los, como forma de estratégia organizacional. Além
disso, você poderá compreender como é feito o controle que indica se um país está
conseguindo (ou não) evoluir no alcance das metas da ONU, até 2030.
Por fim, a proposta do último capítulo desta unidade é estabelecer uma reflexão sobre
sustentabilidade ambiental e financeira e apontar possibilidades de se conciliar desen-
volvimento sustentável com lucratividade no âmbito empresarial.
37
b. A globalização, que acelera o ritmo do compartilhamento de tecnologia, tendência, entre outros.
c. O Estado, que acaba, pouco a pouco, transformando seu papel de executor e cede es-
paço para os demais atores da sociedade, executando, portanto, uma função reguladora.
2
O termo ‘responsabilidade social’ remete, de acordo com Dias (2012, p. 6), “[...] à boa
governança da organização, a uma gestão ética e sustentável e ao conjunto dos compro-
` Dimensão interna: esta dimensão se trata das práticas relacionadas aos traba-
lhadores. Ou seja, se refere aos investimentos direcionados a recursos humanos,
à saúde do trabalhador, sua segurança, os recursos internos da organização.
` Dimensão externa: nesta dimensão, os limites da organização são ultrapassados
e alcançam a comunidade, os interlocutores que abrangem os clientes, ONGs e
o meio ambiente. Nesse âmbito, a ação da empresa ocorre através de apoio à
comunidade, doações, entre outros.
Segundo a Fundação Nacional da Qualidade - FNQ (DIAS, 2011), a adoção da respon-
sabilidade social corporativa ocorre em cinco estágios evolutivos, conforme a figura 01.
Figura 01. Estágio de evolução da Responsabilidade Social
Empreendedorismo Social 38
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
SAIBA MAIS
Segundo o Relatório do Pacto Global em parceria com a Stiligue, as pesquisas e relatórios
sobre o tema em 2019 ainda eram mais informativos, no entanto, passaram a se intensifi-
car e tiveram alguns focos específicos, dentre os quais:
Na pesquisa realizada pelo Pacto Global e a Stilingue (2021), 68% dos entrevistados
apontaram ser incentivados a colocar em práticas as ações com impacto social positivo,
enquanto o aumento do interesse pelas práticas ESG foi registrado por 93% dos respon-
dentes, com destaque para a categoria ambiental (84%).
39
É relevante destacar que a sigla ESG geralmente é associada ao aspecto ambiental,
mudanças climáticas e gestão de recursos escassos, no entanto, apesar de integrar a
sigla (E=ambiental), abrange também as questões sociais e governança.
2
No que tange às questões sociais, refere-se às práticas de inclusão, contratação e re-
lacionamento com os clientes e comunidade, enquanto a governança se trata da ética
nos negócios, composição do conselho da organização (PWC, 2020).
Empreendedorismo Social 40
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
que suas ações chamam atenção dos clientes e interessados, bem como da
mídia (MACHADO FILHO, 2006). Quando se destaca perante as mídias, é impor-
tante reforçar que quando atitudes antiéticas são descobertas e expostas, danos
2 irreversíveis à sua reputação podem ser auferidos.
Além dos dois pontos mencionados acima, pode-se destacar que a adoção da Respon-
sabilidade Social e práticas éticas agregam valor aos serviços e produtos de uma or-
ganização, destacando-se das empresas que não possuem tais práticas, zelando pela
comunidade e colaboradores, bem como do ambiente.
41
Figura 03. Proposta de Modelo – Tachizawa
Para o autor, o modelo – que se apresenta de forma genérica e para qualquer tipo de
negócio – parte do pressuposto que as organizações são distintas e possuem objetivos
únicos. Desse modo, existirão estratégias genéricas que são comuns no mesmo seg-
mento e estratégias específicas que irão se adaptar ao estilo de gestão adotado pela
organização, bem como aos seus valores e crenças.
Destaca-se que a adoção das decisões ambientais é um processo que parte dos obje-
tivos iniciais da organização, portanto, faz-se necessário que uma organização em vias
de adotar a Responsabilidade Social estabeleça-a também em seus objetivos corpora-
tivos, de forma que as estratégias adotadas tanto para os objetivos genéricos quanto
específicos sejam norteados pela ética e pela Responsabilidade Social.
Empreendedorismo Social 42
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
Ainda se apresentou uma sugestão de modelo de adoção de RS, que parte do princípio
que é possível realizar implementações a partir do direcionamento da organização com
o estabelecimento de seus objetivos gerais, passando para os específicos e pulverizan-
do tais objetivos para os demais aspectos da organização, como por exemplo a cadeia
de abastecimento, fornecedores, entre outros.
Figura 04. Mapa conceitual
Transparência
Dimensão
Governança
Ética
interna:
Governança colaboradores,
saúde, Social Sustentabilidade
segurança e RH Financeira
Dimensão
externa: Equilíbrio entre
Ética Responsabilidade
Social
shareholders
(a comunidade,
consumidores,
Ambiental
ESG o fator
econômico,
social e
ambiental
instituições
interessadas, etc.)
SAIBA MAIS
6 Exemplos de Responsabilidade Social para empresas
43
IMPORTANTE
Pacto Global Rede Brasil 2
O relatório do Pacto Global nos apresenta informações sobre o tema e sua importância, bem
como sobre seus participantes. Além disso, ao acessar o link, é possível ler informações e re-
Através do relatório é possível compreender um pouco mais sobre os segmentos mais ativos
nessa iniciativa, além de compreender a evolução do tema.
SAIBA MAIS
Conhecendo o caso da B3 e Mercado Livre
Agora que você já conhece esse importante tema, vamos conhecer um caso aplicado?
Empreendedorismo Social 44
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
Pelo contexto, é até possível que esta música tenha servido como inspiração para que
os quase 200 países associados da Organização das Nações Unidas (ONU), em se-
tembro de 2015, lançassem uma nova política global: a Agenda 2030 para o Desenvol-
2 vimento Sustentável. Mas, o que esta Agenda 2030 trazia em relação à política global?
Os ODS estabelecem 169 metas a serem atingidas, até 2030, em 5 grandes áreas
(conhecidas como 5 P’s): 1) Pessoas (com a erradicação da pobreza e da fome para
se garantir a dignidade e a igualdade delas); 2) Prosperidade (com a garantia de vidas
prósperas, plenas e harmonizadas com o meio ambiente); 3) Paz (com a promoção de
sociedades justas, inclusivas e pacíficas); 4) Parcerias (com a implementação do pro-
jeto da ONU por meio de sólidas parcerias globais); e 5) Planeta (com a preocupação
relacionada às questões climáticas, tendo a preservação ambiental como centro de
ação para uma vida com qualidade às futuras gerações). Assim, para o alcance destes
objetivos, governos, empresas e pessoas do mundo inteiro precisam se unir para que
haja um real desenvolvimento econômico sustentável, trazendo um mundo melhor para
todos os povos e nações.
45
Figura 05. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU
O ODS de número 2, fome zero e agricultura sustentável, visa acabar com a fome, al-
cançar a segurança alimentar (ou seja, que todas as pessoas do mundo tenham acesso
a alimentos de qualidade, nutritivos, na quantidade desejada e por um preço justo) e
promover um cultivo agrícola que preserve o meio ambiente. Para isso, é necessário
tanto o aumento da produção agrícola mundial, de forma sustentável (o que exigirá
ampliação de investimentos em infraestrutura rural, pesquisa e extensão de serviços
agrícolas, desenvolvimento de tecnologia e os bancos de genes de plantas e animais)
quanto à correção de imperfeições existentes ao comércio internacional de produtos
agrícolas (subsídios, barreiras tarifárias etc.) (ONU BRASIL, [s.d.]).
O terceiro ODS, saúde e bem-estar, pretende assegurar uma vida mais saudável, pro-
movendo bem-estar para todos. Para isso: a redução da mortalidade infantil, o extermí-
nio de epidemias, a prevenção de doenças e o acesso universal à saúde, e, inclusive, a
redução de acidentes e mortes por acidentes em estradas fazem parte desta dimensão
com a qual a ONU está preocupada, o que exigirá investimentos em várias frentes
(campanhas preventivas, pesquisa e desenvolvimento de vacinas e medicamentos, for-
mação e treinamento de profissionais da área da saúde etc.) (ONU BRASIL, [s.d.]).
A educação de qualidade também é um ODS da Agenda 2030. Mas, o que significa uma
educação de qualidade? Ela está relacionada com um aprendizado inclusivo, equitativo
Empreendedorismo Social 46
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
EXEMPLO
Além da violência física, sexual e psicológica que muitas mulheres sofrem em todas as partes
do mundo, em diversos países há práticas nocivas contra as mulheres que são vistas como
situações socialmente comuns e aceitáveis, como, por exemplo, os casamentos forçados (ou
seja, em que pelo menos uma das partes casa obrigada, sem o seu consentimento e contra
a sua vontade). Você pode até pensar que tais situações só acontecem em países africanos
ou asiáticos, no entanto, há milhares de casamentos forçados no mundo todo, inclusive, em
locais como o Reino Unido e Estados Unidos que, em 2012, segundo Cimenti (2012), regis-
traram mais de oito mil uniões forçadas.
A questão energética também é alvo de preocupação da ONU, que traz a energia limpa
e acessível como sétima ODS. Dessa forma, espera-se avanços consideráveis, até
2030, sobre o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço justo à energia, o que
indica a necessidade de expansão e modernização da infraestrutura energética, bem
como a importância de novas pesquisas voltadas para energias mais limpas e renová-
veis (ONU BRASIL, [s.d.]).
47
No mesmo sentido, aparece o ODS relacionado à indústria, inovação e infraestrutura,
que visa o desenvolvimento tecnológico para modernizar a infraestrutura e revigorar as
indústrias, de forma sustentável. Para isso acontecer, muitas ações serão importantes,
como as que envolvem o apoio e ambiente político para estímulo à pesquisa, inovação 2
e comunicação global (ONU BRASIL, [s.d.]).
Outro ODS buscado pela Agenda 2030 da ONU é a redução das desigualdades den-
Como décimo primeiro ODS, surge a preocupação da ONU com as cidades e comuni-
dades sustentáveis, em que há a preocupação com: a moradia para todas as pessoas;
transportes públicos seguros, acessíveis e de qualidade; a preservação de patrimônios
culturais; o acesso a espaços públicos seguros, inclusivos e verdes; e a gestão de
assentamentos humanos participativos. Para que isso aconteça, é fundamental que o
crescimento das cidades seja feito de forma planejada e adaptada às mudanças climá-
ticas (ONU BRASIL, [s.d.]).
Rumando para a mesma direção, a ação contra a mudança global no clima também é
um ODS buscado pela ONU. Para isso, os países precisam estar dispostos a integra-
rem políticas nacionais relacionadas às questões do aquecimento global, respeitando
os acordos internacionais sobre o assunto para que as futuras gerações possam conti-
nuar a viver com qualidade no planeta Terra.
Com relação ao ODS “paz, justiça e instituições eficazes”, a ONU prevê a promoção de
sociedades pacíficas, em que todos tenham acesso à justiça, alicerçados por institui-
ções eficazes. Com isso, espera-se avanços significativos em assuntos como: violên-
cia, tráfico (de armas, de pessoas e de drogas), corrupção, terrorismo e discriminação,
com a garantia das liberdades individuais e cumprimento igualitário das leis.
Por fim, quando a Agenda 2030 se refere às parcerias e meios de implementação (ODS
de número 17), ela sinaliza que o alcance de todos os ODS dependerá de parcerias glo-
bais em diversas áreas, tais como: finanças, tecnologia, capacitação, comércio, pres-
tação de contas etc. Com este último ODS, a ONU reforça que todos os seres huma-
nos merecem condições e oportunidades iguais, que devem ser construídas de forma
Empreendedorismo Social 48
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
Mas, nesse momento, você pode estar se perguntando: por qual motivo, uma empre-
sa poderia estar interessada em contribuir com o alcance dos ODS? A resposta para
este questionamento é que o mundo e os consumidores vêm mudando, ao longo dos
últimos anos, trazendo ao mercado preferências às marcas que, de alguma forma, se
posicionam e assumem sua responsabilidade com a sociedade e o meio ambiente (AL-
TER, [s.d.]). Assim, para se perpetuarem no mercado e permanecerem na cabeça e no
coração dos consumidores (além de atraírem talentos e gerarem satisfação aos funcio-
nários), as empresas devem adotar os ODS como valor estratégico do negócio, o que
gerará benefícios econômicos para elas, além de ganhos sociais e ambientais para a
sociedade (ALTER, [s.d.]).
Claro que, por ser uma iniciativa recente, a implementação dos ODS às estratégias
organizacionais ainda é uma tarefa desafiadora. Grandes empresas precisam mudar a
mentalidade de suas lideranças, engajar todos os stakeholders (pessoas e empresas
interessadas, de alguma forma em um projeto, tais quais: fornecedores, funcionários,
clientes etc.) e estabelecer metas a serem alcançadas (PACTO GLOBAL REDE BRA-
SIL, 2018). Micro, pequenas e médias empresas precisam conhecer melhor o assunto
e se sentir parte importante do processo.
49
zacionais de várias empresas, no sentido do alcance dos ODS. Tanto que, muitas em-
presas estão se tornando signatárias do Pacto Global da ONU, assumindo, voluntaria-
mente, o compromisso de alinhar suas estratégias de negócio aos ODS mais relevantes
para as suas atividades. 2
GLOSSÁRIO
EXEMPLO
A MRV (maior construtora do Brasil) é signatária do Pacto Global, adotando princípios de
desenvolvimento sustentável às suas estratégias de negócio. Ela enxerga essa adoção como
investimento (e não como custo) capaz de gerar melhores negócios. Como práticas da MRV
alinhadas aos ODS, é possível citar: a inspeção dos fornecedores (para o monitoramento de
possíveis vulnerabilidades relacionadas aos direitos humanos); a revitalização de áreas pró-
ximas aos empreendimentos imobiliários em construção (o que traz um ambiente inclusivo
e socioambientalmente responsável); a diminuição do consumo de água e aumento do seu
reuso; a utilização de painéis de energia solar nos imóveis construídos; o cálculo de emissão
de gases de efeito estufa em suas operações, com a aquisição de créditos de carbono para
compensá-la etc. (WAYCARBON, 2019).
Por exemplo, no ODS 3 (saúde e bem-estar), uma das metas estabelecidas pela ONU
([s.d.], [n.p.]) é acabar, até 2030, “[...] com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária
e doenças tropicais negligenciadas, e combater a hepatite, doenças transmitidas pela
Empreendedorismo Social 50
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
água, e outras doenças transmissíveis”. Para medir parte disso, o indicador estabeleci-
do mundialmente pela ONU é a incidência de tuberculose por 100.000 habitantes. Com
essa métrica estabelecida, o Brasil e os outros países fazem a coleta dos dados e os
2 repassam para a ONU. Só para exemplificar, a taxa de incidência de tuberculose por
100.000 habitantes, em 2019, no Brasil, estava em 36,90 (ODS BRASIL, 2022), o que
atesta que nosso país ainda não cumpriu esta meta da Agenda 2030.
EXEMPLO
Para saber mais sobre o status brasileiro no cumprimento das metas da Agenda 2030, aces-
se o Relatório dos Indicadores para os ODS, no site dos Objetivos de Desenvolvimento Sus-
tentável do Brasil:
CONCLUSÃO
Neste capítulo, você entendeu como os países têm se conscientizado para buscar a
melhora na qualidade de vida dos seus habitantes e para preservarem o nosso planeta.
Essa conscientização está materializada nos 17 ODS da Agenda 2030 da ONU, que in-
dicam diversas metas, em várias áreas de âmbitos social, ambiental e econômico, sen-
do que vultuosos investimentos precisam ser realizados no mundo todo para atingi-las.
Isso precisa ser feito com esforços conjuntos dos governos e da iniciativa privada, sen-
do que as empresas que encararem isso como oportunidade de negócio, conseguirão
atender às necessidades de consumidores cada vez mais engajados nestas causas,
trazendo ganhos para si, para a sociedade à sua volta e para o meio ambiente.
51
Áreas ODS
1. Erradicação da Pobreza
2. Fome zero e agricultura sustentável 2
Pessoas 3. Saúde e bem-estar
4. Educação de qualidade
DICA
No documentário “Nações Unidas: soluções urgentes para tempos urgentes”, de 2020, o diretor
Richard Curtis mostra diversos depoimentos sobre assuntos relacionados com os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU, tais quais: pandemia do Coronavírus,
pobreza, discriminação de gênero, desigualdade social, mudança climática, direitos humanos e
justiça. Personalidades como Malala Yousafzai (ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, em 2014),
Beyoncé e Julia Roberts, além de líderes da ONU, falam sobre fatos concretos relacionados a
esses assuntos, bem como a necessidade de soluções para tais problemas.
Fonte: NAÇÕES UNIDAS: SOLUÇÕES URGENTES PARA TEMPOS URGENTES. Direção de Richard Curtis.
Londres: 72 Films, 2020.
Empreendedorismo Social 52
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
SAIBA MAIS
2 Para entender melhor como o Índice de ODS é formulado e quais são as metas que geram os
indicadores dos ODS da Agenda 2030, recomenda-se a leitura do Relatório Global “Índice e
Painéis de ODS” (material em português), elaborado pela equipe técnica do Conselho de Lide-
rança da SDSN e da Bartlesmann Stiftung, grupos que pesquisam e noticiam dados relaciona-
dos ao futuro da humanidade. O material traz a posição de cada país na largada para o alcance
dos ODS, mostrando que os objetivos da Agenda 2030 necessitarão de uma agenda extensa
de ações tanto para os países desenvolvidos quanto para aqueles em desenvolvimento.
SACHS, J.; SCHMIDT-TRAUB, G.; KROLL, C.; DURAND-DELACRE, D.; TEKSOZ, K. SDG
Index and Dashboards – Global Report. New York: Bertelsmann Stiftungand Sustainable
Development Solutions Network, 2016.
IMPORTANTE
A Natura possui uma linha de produtos, 100% vegano, para cuidar do corpo e do cabelo,
que utiliza matéria-prima advinda da Amazônia, cultivada de forma totalmente sustentável e
que respeita todos os princípios que regem atividades comerciais éticas e socioambiental-
mente responsáveis: a Natura Ekos. Essa linha de produtos da Natura assumiu o desafio de
desenvolver alternativas para contribuir com o desenvolvimento da região amazônica, tendo
ações relacionadas a 10 ODS da Agenda 2030. Assim, a estratégia de negócios da Natura
Ekos apresenta resultados relacionados à: erradicação de pobreza (via parceria com mais de
2.000 famílias da região, gerando trabalho e renda); fome zero e agricultura sustentável (via
modelos de produção que garantem a segurança alimentar das comunidades envolvidas);
saúde e bem-estar (via disponibilização de água tratada nas comunidades, contribuindo para
uma vida mais saudável); educação de qualidade (via oferecimento de ensino técnico, médio
e inclusão digital para mais de 600 famílias da região); igualdade de gênero (via incentivo
às lideranças femininas na Amazônia e oportunidade de capacitação, trabalho e renda para
elas); água potável e saneamento (via parceria com o governo federal que levou infraestrutu-
ra de saneamento básico e água potável para 500 famílias amazônicas); trabalho descente
e crescimento econômico (via empregos diretos e indiretos gerados); indústria, inovação e
infraestrutura (via instalação de cadeias produtivas de sustentabilidade na região); redução
das desigualdades (via geração de riquezas para as comunidades da Amazônia); e cidades
e comunidades sustentáveis (via ações de reciclagem do lixo).
Fonte: NATURAEkos e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. NATURA CAMPUS, [Online], [s.d.].
53
3. SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL E FINANCEIRA
Falar de sustentabilidade ambiental no Brasil parece algo distante, enquanto diariamen-
te nos deparamos com pessoas vivendo da coleta do lixo orgânico e inorgânico na porta 2
de residências.
Vellani e Ribeiro (2009) afirmam que no contexto dos negócios, a sustentabilidade pode
Empreendedorismo Social 54
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
6. Código Florestal Brasileiro, o primeiro, data de 1934, 1965, 1986, 2012, dentre outras
leis;
PARA REFLETIR
Unindo sustentabilidade e produto.
55
aquecimento global, a ainda profunda e persistente desigualdade social e o desapa-
recimento da biodiversidade, com destaque para o caso amazônico (NATURA, 2020).
Ressaltamos aqui que a origem da base da matéria prima dessas empresas vem da
2
“natureza”, plantio, colheita. Então preservar a “Amazônia” para ter matéria prima no
futuro e contribuir como o aquecimento global (o que talvez possa ser uma estratégia
de marketing).
DICA
Ilha das flores.
Partindo da proposta apresentada pela ONU (2022) os objetivos definidos para o De-
senvolvimento Sustentável mundial será o apelo global à ação para:
` Clima;
Empreendedorismo Social 56
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
Estes são os objetivos definidos pelas Nações Unidas para que o Brasil consiga atingir
até 2030: ressaltamos que se trata de algo que envolve fatores ligados à política públi-
ca, educação e sociedade, sendo:
2 1. Erradicação da pobreza;
3. Saúde e bem-estar;
4. Educação de qualidade;
5. Igualdade de gênero;
SAIBA MAIS
Cartilha busca promover a integridade no setor de Limpeza Urbana.
57
Toda empresa tem um ciclo de vida, nasce, cresce e se fortalece. Na medida que a
empresa nasce, desenvolve seu produto e seu mercado, ela vai se estabilizando e de-
senvolvendo indicadores que sinalizam onde investir e melhorar em função da gestão
de pessoas, da localização, da produção, do escoamento, da logística, do marketing e 2
das finanças e do mercado local, nacional e internacional.
IMPORTANTE
O pacto global disponibiliza as ferramentas e os conhecimentos necessários para transfor-
mar as metas globais de sustentabilidade em estratégias de negócios.
Empreendedorismo Social 58
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
SAIBA MAIS
A não prestação de contas pode acarretar multas e à ação civil de improbidade administrativa.
SAIBA MAIS
Cartilha de prestação de contas.
59
Quadro 01. Modelos de exemplos de prestação de contas
Fonte: adaptado de pesquisas realizadas nos sites das empresas. Acesso em: 03 jan. 2023.
CONCLUSÃO
No contexto dos negócios, pensar em sustentabilidade parece algo distante nos grandes
centros onde uma camada da população vem em busca de uma condição de vida melhor.
Empreendedorismo Social 60
Empresa e Sociedade: Responsabilidade e Sustentabilidade
Por meio das boas práticas de gestão, compliance faz investimentos em pesquisas para
contribuir com a sustentabilidade ecológica e manter ecossistemas vivos, clima, água,
ar e com a diversidade.
61
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de janeiro de 2002, que institui o Código Civil, e o art. 192 da Lei no 11.101, de 9 de fevereiro de 2005, e dá
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TACHIZAWA, T. Gestão Ambiental Responsabilidade Social Corporativa. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2019.
E-book.
Empreendedorismo Social 64
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social UNIDADE 3
PLANEJAMENTO E GESTÃO DE
NEGÓCIOS COM IMPACTO SOCIAL
3
INTRODUÇÃO
A presente unidade tem como objetivo abordar questões referentes ao planejamento e
gestão de negócios com impacto social. O primeiro capítulo, Negócios com impacto
social, destaca importantes conceitos referentes à temática do negócio de impacto,
destacando o contexto brasileiro e apontando os desafios apresentados. Por fim, é des-
tacado o modelo de negócio de impacto que pode ser desenvolvido.
Por fim, o capítulo quatro, Planos de negócios para organizações sociais, procura
estabelecer os caminhos necessários para se estabelecer um plano de negócios (que
abarque aspectos financeiros, de marketing, etc.) para os denominados empreendedo-
res sociais. Neste sentido, será amplamente analisado o Marco Regulatório das Orga-
nizações da Sociedade Civil (OSC), visando estabelecer os passos corretos para que
as Organizações da Sociedade Civil possam funcionar de forma legal perante os órgãos
públicos, que sejam funcionais e que possam atingir seus objetivos com a finalidade de
contribuir para mudanças positivas para a sociedade. Então, vamos aos estudos!
De acordo com Limeira (2018), seu surgimento foi marcado por desafios no campo
econômico nos EUA, o que motivou os negócios a buscarem novas fontes de financia-
66
mento, apoiando-se no governo, em doações e na filantropia empresarial e teria sido
em Harvard que o termo “empreendedorismo social” surgiu.
Empreendedorismo Social 67
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
Observe que suas diferenças versam sobre o público atingido, bem como suas
estruturas de lucros, visando ou não a distribuição de dividendos, o cliente alvo,
entre outros.
3
Além dos dois exemplos citados acima, também é possível encontrar negócios sociais
híbridos, que combinem as características mencionadas nos exemplos e também vi-
sem lucro.
As oportunidades do setor versam sobre três áreas: saúde, saneamento básico e edu-
cação (SEBRAE, 2019). Em 2019, os números apontavam que o país contava com uma
concentração de apenas 11% na região nordeste.
Segundo o Sebrae (2019), 76% dos negócios apontavam que contavam com in-
vestimento próprio, 43% ainda não faturavam, enquanto 34% faturavam até R$
100.000,00 por ano. Além disso, apenas 17% destes negócios adotavam uma me-
dição do impacto causado.
9 no uso tecnológico, 27% reportam o uso de Big Data, 26% de Internet das Coi-
sas e 20% utilizam energias renováveis.
Em 2021, os setores com maiores impactos podem ser vistos na figura a seguir:
68
Figura 02. Mapa de impacto
Um dado importante do último mapeamento é que 27% das empresas que participaram
já contavam com patentes de suas inovações (PIPELABO, 2021). Em termos de ten-
dência, a pesquisa aponta que o Brasil possui um potencial para o desenvolvimento de
tecnologias verdes, que vêm crescendo desde 2016, tanto no setor agro, florestal, no
uso de solos, no uso de energia, biocombustíveis, água, entre outros.
Empreendedorismo Social 69
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
70
3
O autor também sugere que a modelagem de negócio também se apresente com vari-
áveis relacionadas à missão, visão e valores, além de trazer a proposta de valor social
agregada ao modelo.
Deste modo, para ilustrar este modelo com impacto imagine uma empresa que atua
neste modelo. Os benefícios que tal organização pode oferecer à comunidade ou pú-
blico-alvo podem se referir tanto ao aspecto social quanto ambiental. Tomemos como
exemplo a empresa Good Truck. Segundo o site institucional Good Truck (2022), a
empresa já alimentou 157.000 pessoas e possui 1.500 voluntários, doando mais de
360 toneladas de alimentos. Destaca-se que os benefícios oferecidos pela organização
consistem em diminuir a pobreza e a fome, que são parte dos Objetivos de Desenvol-
vimento Sustentável.
Empreendedorismo Social 71
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
De acordo com Sparviero (2019), a tentativa de criar valores sociais e ambientais atra-
vés dos negócios apresenta diversos desafios no âmbito estratégico, de governança e
de legitimidade. A iniciar pela estratégia, uma vez que o desafio é permanecer no mer-
3 cado e ainda assim equilibrar demais objetivos e missão. No âmbito da estratégia de
preços, desafia-se as organizações a pensarem em preços competitivos, que cubram
os custos operacionais e que ainda possam alcançar o mercado-alvo, equilibrando o
aspecto social.
SAIBA MAIS
A iniciativa PIPE.Social, plataforma que trata do Programa Pesquisa Inovativa Em Pequenas
Empresas com ênfase em impacto social, realizou uma pesquisa (PIPESOCIAL, 2020) du-
rante a crise gerada pelo Covid-19. Segundo os entrevistados, os maiores desafios foram,
de fato, comercializar seus produtos e serviços, seguido pela produção dos produtos, rece-
bimento das contas dos clientes, realizar os pagamentos de salários e contas e, por último,
pagar os fornecedores.
CONCLUSÃO
Em suma, este capítulo apresentou os conceitos de negócio de impacto encontrados na
literatura, abordando algumas diferenças entre nomenclaturas similares.
Nota-se que o mapa de negócios de impacto no Brasil ainda está em fase de crescimen-
to, e, como consequência, ainda há espaço para desenvolvimento. É possível notar um
grande foco na utilização de tecnologia e tecnologias verdes, além de um foco expres-
sivo de negócios de impacto na região sudeste do país.
Figura 05. Negócio de impacto
72
Modelo de negócio
Conceito
04 Divide-se, além das 9 partes
01 Focam em resolver tradicionais do Canvas, em
problemas ligados à pobreza
(educação, saneamento, mais duas: custos e
beneficios ambientais e
habitação)
Negócio de sociais 3
02 Foco Impacto
Indivíduos de baixa renda, Desafios
preferencialmente 05 • Criação do capital social;
SAIBA MAIS
TED TALK:
Os cinco passos para criar um modelo de negócio replicável | Guilherme Oliveira.
SAIBA MAIS
Muhammad Yunus: uma oportunidade para os pobres
Muhammad Yunus é responsável pela criação de um banco – chamado de Grameen Bank
– que oferece microcrédito para a população pobre não atingida pelos serviços bancários
tradicionais. Foi destaque em sua atuação, devido ao sucesso de suas operações bancárias,
o que conferiu à Yunus o Nobel da Paz.
SAIBA MAIS
O texto complementar se trata de uma pesquisa realizada pela PIPE.Social em 2019 e nova-
mente em 2021, que retrata o mapa dos negócios de impacto no Brasil. A leitura trará insights
sobre o cenário brasileiro, no que tange os setores mais abordados pelos negócios, assim
como as regiões, as tecnologias utilizadas e seus desafios.
Pesquisa 2019: Disponível em: https://noticiasdeimpacto.com.br/pipe-social-apresen-
ta-resultados-do-2o--mapa-de-negocios-de-impacto-social-ambiental/#:~:text=Na%20
pr%C3%A1tica%2C%20a%20Pipe.,nos%20diferentes%20est%C3%A1gios%20de%20
matura%C3%A7%-C3%A3o.
Empreendedorismo Social 73
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
IMPORTANTE!
3 Um aspecto importante do negócio de impacto é que ele é, por diversas vezes, confundido
com Organizações Sem Fins Lucrativos (ONGs). No entanto, faz-se necessário destacar
que, com a evolução do modelo de negócio, atualmente é possível constatar que é uma for-
ma legal e ética de obtenção de lucro e ainda assim contribuir positivamente com a sociedade
ou determinadas causas. Discorrer sobre um caso específico.
O modelo de Negócio Social e sua estrutura é tratado em seguida, incluindo sua com-
paração com plano de negócio.
Por fim, trata-se da Gestão do Negócio Social. Poder-se-á verificar as diferenças bá-
sicas entre empreendedorismo privado, a responsabilidade social de organizações e o
empreendedorismo social. O perfil do gestor de empreendimento social também será
abordado. E, também, o fluxo do processo de gestão de organizações que atuam no
âmbito social como negócio.
74
Figura 06. O Empreendedor e a Cooperação
¾ Empreendedorismo Econômico
Empreender não é apenas criar um negócio que gera dividendos ou lucros aos seus
fundadores. Empreender é tomar um conjunto de atitudes, ter ideias, inovar, tomar deci-
sões, que trazem contribuições e benefícios aos indivíduos e/ou grupos de pessoas ao
adquirirem seus bens e serviços.
Figura 07. Ideias conjuntas, benefícios coletivos
Fonte: 123RF.
Empreendedorismo Social 75
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
Então, se não é tão simples assim ser empreendedor, qual o perfil esperado? O SE-
BRAE, uma destacada entidade especializada em estudos, pesquisas, consultorias e
cursos a micro e pequenos empresários, destaca alguns requisitos do candidato a em-
3 preendedor: visão de futuro; coragem para assumir riscos calculados; responsabilidade
sobre o negócio e pessoas; facilidade de comunicação e expressão; capacidade de
liderança; habilidades de lidar com equipes de trabalho; ser excelente ouvinte; com-
petência em planejamento e organização; [se possível] criatividade, inovação; ter pre-
disposição, indo em busca de informações, soluções, ideias, visando melhoria ao seu
próprio negócio; persistência; disciplina. Sim, não é nada simples. Caberiam aqui mais
substantivos e adjetivos ao perfil do empreendedor.
Mas, duas coisas são evidentes: a primeira é que nada garante o sucesso ou o êxito
de organização própria – depende de muitas variáveis que não estão sob o controle do
empreendedor, como economia da localidade/região/estado/país, clima, políticas públi-
cas e governamentais, aspectos socioculturais, tecnologia acessível, movimentos dos
concorrentes, entre outras; e, segundo, que é fundamental, portanto, indispensável, a
capacidade de gestão do empreendedor.
SAIBA MAIS
É de Joseph Schumpeter a frase que o empreendedorismo é o agente de destruição cria-
tiva, que é o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista.
Empreendedorismo provoca a destruição criativa?! Assista a esse vídeo – um mapa mental
- para conhecer um pouco dos importantes dos pensamentos de Schumpeter (economista,
1883-1950) sobre economia, inovação tecnológica, destruição criativa, desenvolvimento eco-
nômico e empreendedorismo.
“Quem foi Schumpeter? Entenda suas contribuições para Economia nesse Mapa Mental”.
Disponível em: https://youtu.be/x5qO0sFAtcU.
76
¾ Empreendedorismo Social
SAIBA MAIS
Conheça a Ashoka Empreendedores Sociais.
Empreendedorismo Social 77
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
Obtém-se lucro com o empreendedorismo social? Sim, mas a riqueza pessoal do funda-
dor não é o foco. Num olhar ampliado, o empreendedorismo social pode requerer inves-
timentos sociais e comerciais, os quais devem produzir retorno lucrativo aos investido-
res, mesmo tendo objetivos sociais. Há, também, as atividades sociais corporativas não
lucrativas. Ou, ainda, as híbridas, com as duas vertentes (lucrativas e não lucrativas) no
mesmo negócio. Em qualquer das ênfases de negócio social o enfoque é a inovação
invés de replicação de negócios já existentes.
78
Quadro 02. As 10 características dos empreendedores sociais – Os 10 ‘Ds’
OS 10 DS CARACTERÍSTICAS
Os empreendedores sociais conseguem visionar o que o futuro pode trazer, não apenas
Dream
aos próprios (o que sucede com os empreendedores privados), mas às organizações e 3
(Sonhadores)
à própria sociedade onde estão envolvidos.
Decisiveness Os empreendedores sociais são por natureza indivíduos que rapidamente tomam
EXEMPLO
Conheça aqui 10 empreendedores sociais internacionais.
Empreendedorismo Social 79
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
AUTOR CONCEITO
O empreendedor social é uma das espécies dos empreendedores. [...] São
3 Leite (2002) empreendedores com uma missão social, que é sempre central e explícita.”
(OLIVEIRA, 2004, p.12)
“Os empreendedores sociais possuem características distintas dos empreen-
dedores de negócios. Eles criam valores sociais pela inovação, pela força de
Ashoka Empreendedores recursos financeiros em prol do desenvolvimento social, econômico e comu-
nitário. Alguns dos fundamentos básicos do empreendedorismo social estão
Sociais; Mackinsey e Cia.
diretamente ligados ao empreendedor social, destacando-se a sinceridade,
INC (2001) a paixão pelo que faz, clareza, confiança pessoal, valores centralizados, boa
vontade de planejamento, capacidade de sonhar e uma habilidade para o
improviso.” (OLIVEIRA, 2004, p.12)
“Quando falamos de empreendedorismo social, estamos buscando um novo
paradigma. O objetivo não é mais o negócio do negócio [...] trata-se, sim, do
Melo Neto; Froes (2001) negócio social, que tem na sociedade civil o seu principal foco de atuação e
na parceria envolvendo comunidade, governo e setor privado, a sua estraté-
gia.” (OLIVEIRA, 2004, p.12)
“Empreendedores sociais, indivíduos que desejam colocar suas experiên-
Rao (2002) cias organizacionais e empresariais mais para ajudar os outros do que para
ganhar dinheiro.” (OLIVEIRA, 2004, p.12)
“Constituem a contribuição efetiva de empreendedores sociais inovadores
cujo protagonismo na área social produz desenvolvimento sustentável, quali-
Rouere; Pádua (2001)
dade de vida e mudança de paradigma de atuação em benefício de comuni-
dades menos privilegiadas.” (OLIVEIRA, 2004, p.12)
Fonte: Oliveira (2004, p. 12).
EXEMPLO
Conheça 5 exemplos de empreendedorismo social no Brasil.
IMPORTANTE!
Esse artigo explica as diferenças entre Plano de Negócio e Modelo de Negócio, e 13 tipos e
exemplos reais de modelos de negócio.
1
A metodologia mais conhecida e usada para elaborar um modelo de negócio é o Business Model Generation
(BMG) ou pela ferramenta Business Model Canvas – ver subitem 3.
80
MODELO DE NEGÓCIO PARA O EMPREENDEDORISMO SOCIAL
Os negócios com impacto social objetivam geração de valor social. Os aspectos econô-
micos desse tipo de negócio são tratados como a condição necessária para assegurar 3
a viabilidade financeira.
Os negócios com impacto social – algumas publicações os tratam pela sigla NIS
SAIBA MAIS
Saiba mais sobre o Terceiro Setor com exemplos.
Os modelos de negócios com impacto social podem ser descritos pelas seguintes formas:
01. Negócios para a base da pirâmide. São negócios que oferecem acesso a bens
e serviços para a população de baixa renda, contribuindo para a diminuição do déficit
social. Por exemplo, preços mais baixos, embalagens menores.
03. Negócios inclusivos. São negócios que estabelecem elos entre o negócio e a po-
pulação, gerando benefício mútuo. Contempla a efetiva inserção da população de baixa
renda no processo produtivo do negócio e não somente ao consumidor. Envolvem, efe-
tivamente, pessoas de comunidades de baixa renda nos processos do negócio.
Quadro 04. Modelos de negócios com impacto social - NIS
Empreendedorismo Social 81
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
EXEMPLO
Conheça 8 exemplos práticos de empreendedorismo social.
Essa ferramenta permite que o empreendedor tenha maior controle, maior conheci-
mento sobre o negócio, saber seus pontos fortes e pontos fracos, aprimorar e otimizar
suas atividades.
O BMG foi desenvolvido como um mapa visual pré-formatado em blocos com quatro
pilares: Oferta, Clientes, Infraestrutura e Finanças. Contém as principais categorias em
vários setores do empreendimento: (1) O quê? Proposta de Valor. (2) Para Quem?
Relacionamento com Clientes; Canais; Segmentos de Clientes - (3) Como? Parcerias
Principais; Atividades Principais; Recursos Principais – (4) Quanto? Estrutura de Cus-
tos; Fontes de Receita.
SAIBA MAIS
Leia o resumo do livro Business Model Generation de Alexander Osterwalder.
82
Figura 08. Apresentação do Modelo de Negócio Canvas
Fonte: 123RF.
SAIBA MAIS
Leia mais sobre o Business Model Canvas.
SAIBA MAIS
Assista a vídeos com explicações e exemplos de aplicação do Business Model Canvas.
Disponível em: https://youtu.be/OTOJ8RUy75c.
Disponível em: https://youtu.be/mSJARw1iCHA.
Disponível em: https://youtu.be/_9Fst3Os3Ds.
Disponível em: https://youtu.be/dPDrK43pqZg.
Disponível em: https://youtu.be/3zie3De4jKA.
Disponível em: https://youtu.be/gTLMz8mz4nQ. Acesso em: 14 fev. 2023.
Empreendedorismo Social 83
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
Por sua natureza econômica, os negócios sociais promovem impactos sociais, cujos
resultados são obtidos pela capacidade de gestão sobre esses negócios. Trata-se, as-
sim, da autossuficiência financeira, ou seja, obter receita, pagar os custos, promover
investimentos e contemplarem-se com resultados econômicos e financeiros. É um ne-
gócio! Ou seja, utiliza-se de mecanismos de mercado oferecendo maiores benefícios a
setores da sociedade com dificuldades sociais e estruturais, sendo um meio e não um
fim em si mesmo.
2
STAKEHOLDERS. Conceito criado na década de 1980 pelo filósofo norte-americano Robert Edward Free-
man. Stakeholder é qualquer indivíduo ou organização que, de alguma forma, é impactado pelas ações de
uma determinada empresa. Em uma tradução livre para o português, o termo significa parte interessada. Por
exemplo, sócios, investidores, funcionários, fornecedores, clientes, sociedade em geral, parceiros.
84
Quadro 06. Perfil do empreendedor social
Para uma gestão consistente do negócio social, há sete princípios dessa operação
apresentados por Yunus (2010) apud Sucupira (2015, p. 42):
Empreendedorismo Social 85
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
Fonte: 123RF.
CONCLUSÃO
Pode-se entender, em várias frentes de abordagens, do que se trata a prática do em-
preendedorismo social.
O empreendedorismo social é um negócio, uma atividade que obtém lucros, mas que
esses não são o seu objetivo principal. Seu foco está voltado para atividades centradas
86
nas pessoas e grupos sociais que necessitam de apoio e oportunidades para sua inclu-
são no mercado de trabalho e na própria comunidade que vive.
Neste capítulo, estudaremos o que são projetos, seus fundamentos, os aspectos e pas-
sos que dirigem sua gestão qualificada.
Por que eles são tão requeridos? Porque antes de se transformarem em realidade, pos-
tos em prática, os projetos podem ser ajustados, alterados, reduzidos, ampliados até
serem aprovados e confirmados ou não. Sim, os projetos não são garantias e certezas,
também podem apontar objetivos e desejos que são inviáveis.
Empreendedorismo Social 87
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
Um dos principais institutos foi o Project Management Institute (PMI), localizado na Fi-
ladélfia, nos Estados Unidos. Com o PMI surgiu um guia chamado Guide to the Project
Management Body ok Knowledge (PMBOK) – Guia do Conjunto de Conhecimentos em
Gerenciamento de Projetos, que fornece uma visão geral sobre como os processos de
gestão interagem no desenvolvimento de projetos.
88
ESCOPO
É o que será feito no projeto. Uma vez identificadas as partes interessadas no projeto,
ou seja, as áreas que serão atendidas no projeto, o escopo do projeto deve ser bem e 3
amplamente elaborado.
Entende-se por escopo de projeto todas as etapas e recursos necessários para atingir
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre o escopo do projeto no vídeo “Escopo Do Projeto: Para que serve e
Como fazer”.
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre a EAP no vídeo “Como Elaborar Uma Eap - Estrutura Analítica Do Pro-
jeto - Cinco Regras Básicas”.
CRONOGRAMA
O cronograma de um projeto corresponde exatamente o seu significado: é planejamen-
to do tempo necessário para realizar o projeto e obter seus objetivos.
Empreendedorismo Social 89
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
SAIBA MAIS
3 Conheça mais sobre pensar e elaborar o cronograma do projeto no vídeo “Como Definir As
Atividades E O Cronograma De Um Projeto?”.
CUSTOS
O projeto deve conter a estimativa de gastos para sua execução. Para tal, um orça-
mento deve ser detalhadamente preparado. Além dos gastos previstos com o projeto,
reservas de contingência, destinadas a riscos previstos, e as reservas gerenciais, que
visam cobrir gastos imprevisíveis, devem constar no orçamento de custos do projeto.
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre a estimativa de custos de projetos no vídeo “Gestão De Custos Em
Projetos (Como Fazer)”.
QUALIDADE
A qualidade de um projeto é imprescindível, pois ela estabelece formas de garantir que
expectativas das partes interessadas sejam atingidas. Portanto, a qualidade de um proje-
to é planejada. A inspeção pode ser verificada à medida que a execução do projeto evolui.
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre a qualidade nos projetos no vídeo “Entenda A Área De Qualidade Do
Pmbok Em Tempo Recorde”
RECURSOS
São os itens necessários para a qualidade de execução do projeto, como os materiais,
os equipamentos e as pessoas envolvidas direta e indiretamente no projeto.
90
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre a área de pessoas envolvidas no projeto no vídeo “Entenda A Área De 3
Recursos Humanos Do Pmbok Em Tempo Recorde”.
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre como se dá se a comunicação nos projetos no vídeo “Gestão De Proje-
tos De Comunicação: Qual Sua Importância?”.
RISCOS
Os riscos de um projeto geram uma Estrutura Analítica dos Riscos (EAR) ou Risk Break-
down Structure (RBS), em inglês. Não confunda com a EAP, que é a Estrutura Analítica
do Projeto.
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre o EAR no vídeo “Gestão De Riscos Em Projetos”.
AQUISIÇÕES
Ou procurement, em inglês, refere-se a tudo o que for necessário adquirir para o bom
andamento do projeto em termos de produtos, mercadorias, serviços e terceiros.
Empreendedorismo Social 91
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
3 SAIBA MAIS
Conheça mais sobre a etapa de aquisições no projeto no vídeo “Entenda A Área De Aquisi-
ções Do Pmbok Em Tempo Recorde”.
PARTES INTERESSADAS
Partes Interessadas no projeto são todas as pessoas ligadas direta ou indireta-
mente no projeto, e afins. Essa identificação se inicia tão logo o projeto é autori-
zado a ser arquitetado.
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre as partes interessadas no projeto no vídeo “Entenda A Área De Partes
Interessadas Do Pmbok Em Tempo Recorde”.
Fonte: 123RF.
92
REUNIÕES
As reuniões de planejamento e execução dos projetos devem ser produtivas de modo que
a pauta deve ser delineada com clareza e com foco. Os participantes devem ser todas 3
as pessoas ou partes interessadas e envolvidas de alguma forma no projeto em questão.
OPNIÃO ESPECIALIZADA
5W2H
Essa é uma técnica que orienta as pessoas envolvidas no projeto a como entender de-
terminadas situações, documentá-las, identificar alternativas e compor planos de ação.
É um roteiro com perguntas para entender o que se está avaliando. O site PMO Escri-
tório de Projetos sintetiza no Quadro 08:
Empreendedorismo Social 93
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
SAIBA MAIS
Nesse vídeo o autor explica sobre metodologia e o uso de ferramentas genéricas para a ges-
tão de projetos: “Melhores Ferramentas Para Gestão De Projetos 2021 - Como Escolher?”.
SAIBA MAIS
Os links a seguir são de empresas especializadas em gestão de projetos. Contém diversas
ferramentas específicas e genéricas.
Ferramentas e técnicas do Guia PMBOK®. Por: Eduardo Montes. Disponível em: https://es-
critoriodeprojetos.com.br/ferramentas-e-tecnicas-do-guia-pmbok. Acesso em: 17 jan. 2023.
5 ferramentas para gestão de projetos para facilitar o seu dia a dia e alcançar grandes
resultados. Por: Siteware. Disponível em: https://www.siteware.com.br/projetos/ferramen-
tas-acompanhamento-de-projetos/. Acessos em: 14 nov. 2022.
94
3.4 PASSOS PARA GESTÃO DE PROJETOS
Um dos grandes desafios dos projetos é garantir a sua execução, o seu monitoramento
até o encerramento.
3
EXECUÇÃO
ÁREAS DE
ATIVIDADES
CONHECIMENTO
Integração Manter as áreas e os recursos do projeto integrados
Qualidade Realizar a garantia da qualidade
Adquirir Recursos
Recursos Desenvolver a equipe
Gerenciar a equipe
Comunicações Gerenciar as informações
Riscos Implementar as respostas aos riscos (quando isso for aplicável)
Aquisições Efetuar as aquisições e contratações
Gerenciar as expectativas das partes interessadas
Partes Interessadas Gerenciar as estratégias para manter um alto nível de engajamento das
partes interessadas
SAIBA MAIS
Nesse vídeo o canal explica desde o que é projeto até os passos de como aplicar a gestão de
projetos de forma eficiente e eficaz: “GERENCIAMENTO DE PROJETOS (05 DICAS CER-
TEIRAS PARA TRABALHAR O GERENCIAMENTO DE PROJETO).
MONITORAMENTO
Monitorar o projeto é acompanhar passo a passo se sua execução está em conformi-
dade com o planejado.
Empreendedorismo Social 95
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
ÁREAS DE
MONITORAMENTO E CONTROLE DOCUMENTOS
CONHECIMENTO
3 Monitorar e controlar o trabalho
Integração Realizar o controle integrado de Plano de Gerenciamento de Projeto
mudanças
Verificar escopo
Escopo EAP e Dicionário da EAP
Controlar escopo
Cronograma Controlar cronograma Cronograma
Custos Controlar custos Orçamento
Listas de Verificação (Checklists) e Matriz
Qualidade Controlar a qualidade
de Rastreabilidade e plano de aquisições
Matrizes de recursos, matriz RACI, crono-
Recursos Controlar os recursos
grama e plano de aquisições
Plano de Comunicações
Comunicação Controlar as comunicações Relatórios de Desempenho
Atas de Reuniões
Riscos Monitorar os riscos Análise de Riscos
Aquisições Controlar as aquisições Plano de Gerenciamento das Aquisições
Monitorar o nível de engajamento Matriz de Gerenciamento das Partes
Partes Interessadas
das partes interessadas Interessadas
SAIBA MAIS
Nesse vídeo o canal explica o papel do gerente de projetos: “(Entenda) O Papel Do Gerente
De Projetos”.
ENCERRAMENTO
É o fechamento de todas as atividades do projeto.
Atividades:
Reunião de encerramento;
96
9 Apresentar um relatório do projeto quanto aos aspectos apreendidos;
5. Os objetivos do projeto foram atingidos? Se não foram, o que precisa ser mudado
para os próximos?
SAIBA MAIS
Nesse vídeo o canal dá um exemplo simulado sobre como gerenciar um projeto: “Como ge-
renciar um projeto na prática?”.
CONCLUSÃO
Neste capítulo estudamos o que são projetos, seus fundamentos, os aspectos e passos
que dirigem sua gestão qualificada.
Tendo em vista várias decisões das organizações sobre mudanças estruturais, investi-
mentos, retomada ou busca de novos caminhos, lançamentos de novos produtos etc.,
serem de tamanha relevância, a gestão dispõe da ferramenta projeto como grande alia-
do no sentido de se proceder análises e discussões que forneçam elementos seguros
para que, com maior convicção, se entenda com profundidade o que se deseja, bem
como suas repercussões, facilitando o processo.
Empreendedorismo Social 97
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
em prol de uma mudança social, e cujos objetivos são o bem público de maneira geral,
sem restringir-se aos interesses individuais ou de determinado grupo da sociedade.
Portanto, pode-se dizer que uma grande parte das organizações sociais são fundadas
3 sem o plano de negócios (plano financeiro, de marketing, dentre outros).
Conhecida como Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil (OSC), a Lei
13.019/14 representa um avanço no âmbito do novo regime jurídico das parcerias por
meio de instrumentos jurídicos capazes de assegurar a continuidade das atividades das
organizações junto aos entes públicos, assim, beneficiando diretamente a sociedade civil.
O Marco Regulatório das OSC foi pensado para que as entidades tenham um norte a
seguir uma vez que seus fundadores são visionários e nem sempre conseguem apoio
ou recursos para que a entidade comece “certo”, “legalizada” perante os órgãos públicos.
IMPORTANTE!
Filme: O curta metragem Sorry: um filme sobre pessoas com deficiência e atitude ilustra uma
cena rápida no elevador de um shopping que está sobrecarregado. Uma metáfora ao individu-
alismo e ao direito que cada um acha que possui, fazendo com que o elevador não se mova.
DINIZ, A. A. A importância do marketing social para o terceiro setor. Disponível em: https://co-
nafasf.fasf.com.br/anais2020/arquivos/10142020_181044_5f8772b41f169.pdf. Acesso em:
22 jan. 2023.
2ª: estar organizada dentro de algum modelo de organização sem fins lucrativos defini-
do pela legislação;
98
3ª: ter estruturas de governança que excluam de antemão qualquer possibilidade de
trabalhar por interesses privados ou de obter qualquer ganho financeiro individual;
SAIBA MAIS
Antes de iniciar a atividade é importante que todas as pessoas que farão parte da entidade
tenham acesso ao Estatuto Social para a leitura antes da realização da primeira assembleia.
A leitura e a interpretação do Estatuto são necessárias para que cada membro, ora convidado
para fazer parte da entidade, conheça o propósito a que se destina a ONG, para que pessoas
façam uma análise e contribuam para o seu desenvolvimento do respectivo documento e
para posterior registro em cartório.
No primeiro momento algumas entidades surgem com o trabalho de voluntários que vão
arrecadando algo e gerando os primeiros recursos, ou a pessoa tem algum ente querido
que nasce com algum problema e, diante das dificuldades encontradas, vai buscando
forças para superar o dia a dia (empreendedor por necessidade). Não é difícil nos de-
pararmos com vendas de rifa, almoço, jantar, quermesses, dia do sorvete e da pizza,
bazar, ou festa em prol de uma determinada entidade.
Empreendedorismo Social 99
Planejamento e Gestão de Negócios com Impacto Social
Fonte: 123RF.
100
` Quais serão as atividades principais – primárias - secundárias?
Com a ideia em mente, parte-se para a elaboração do Estatuto Social da Entidade. Atu-
9 Equipe contratada;
9 Voluntários.
Segundo RAMAL,
[...] o Sumário Executivo deve conter as seguintes informações:
• Objetivo do Plano de Negócios;
• A oportunidade de trabalho percebida e como será desenvolvida;
• O público-alvo que se pretende atender e suas características principais;
• A missão da organização;
• A formação do Conselho Diretor;
• Quais produtos/serviços serão fabricados, vendidos, prestados, forne-
cidos pela organização;
• Como será abordado o público alvo;
• Como serão vendidos os produtos/serviços;
• Como a organização será estruturada para cumprir seus objetivos;
• As características (perfil) do pessoal da empresa e dos voluntários;
• O volume total de investimentos necessários para a organização reali-
zar o trabalho que se propõe;
• O volume de recursos mensais para manter a organização em
funcionamento;
• O fluxo de caixa previsto para a organização: como evoluirão suas re-
ceitas e despesas;
• A previsão da organização de tornar-se autossustentável; e
• Que impactos a organização espera obter e como estes serão mensu-
rados. (RAMAL, [s.d.], [n.p.])
Uma vez definido o plano de negócios, ora de começar a buscar recursos: onde? Como?
102
PARA REFLETIR
Na reunião de apresentação dos possíveis associados de uma determinada entidade um 3
dos membros pega o telefone, liga para um empresário e pede uma bicicleta para fazer uma
rifa para os custos iniciais da abertura da entidade. O empresário imediatamente concede a
bicicleta. Outro membro informa que ganhou um cavalo para a entidade. De imediato, veio a
Passados dois anos de organização estabelecida, as portas se abrem com mais facili-
dade. Com a organização estabelecida é possível buscar recursos na Prefeitura Muni-
cipal, na Secretaria da Educação, no Fundo Social e dentre outros. Antes, é preciso ler
os editais de chamamento e interpretar para que os projetos sejam desenvolvidos de
acordo com cada necessidade. Outras fontes de recursos são as emendas parlamenta-
res, juízes (recursos de multas), empresas privadas, comunidade local.
SAIBA MAIS
Leia os textos a seguir para enriquecer seu conhecimento.
Plano de ação:
Entrada de recursos:
104
CURIOSIDADE
A Associação Comunidade Auxiliadora Recuperando Vidas de Batatais, em São Paulo, é uma 3
comunidade terapêutica que oferece acolhimento voluntário e transitório, para pessoas com
problemas decorrentes do uso e/ou dependência de substâncias psicoativas. Com o objetivo
de promover a organização biopsicossocial do indivíduo, com a garantia de direitos, qualida-
Além disso, a entidade se mantém ativa com recursos vindos do poder público como o
Programa Recomeço do Governo do Estado de São Paulo e a Secretaria Nacional de
cuidados e Prevenções à Drogas (SENAPRED) do Governo Federal. Além do poder pú-
blico, a entidade também se mantém ativa com recursos vindos de empresas privadas
e da sociedade, como a Usina Batatais, Família do Sr. João Martins de Barros, Sócios
contribuintes e dentre outros. Nesse caso, a entidade pode adotar a estratégia de sócio
contribuinte, grupo de pessoas que contribuem mensalmente com a entidade por meio
de depósito bancário ou valor em espécie.
Outra opção utilizada por algumas entidades é o telemarketing, o qual existe um call
center onde um grupo de funcionários, por meio de ligações telefônicas, solicita a con-
tribuição em espécie naquele mês. Após a solicitação e a aceitação da doação, um
motoboy vai até o local recolher o valor doado (em espécie).
CURIOSIDADE
Na entidade AAA, a tesoureira, mãe de um incapaz, recebe diariamente os valores arrecada-
dos em espécie pelo malote. O malote sai do prédio do telemarketing e vai para a sede. Sua
função é fazer a conferência do relatório e enviar os valores para depósito bancário. Acontece
que a contabilidade é terceirizada e o contador nunca parou para pensar como é de fato o
funcionamento da entidade. Por uma falha no processo, o estagiário do curso de Direito pre-
senciou por várias vezes a tesoureira colocando o dinheiro em espécie em sua bolsa. O fato
é que os valores arrecadados pelo telemarketing em espécie nunca foram depositados e não
foram contabilizados. Com o passar dos anos, surgem atritos e o estagiário então, se torna
advogado e coloca câmeras para gravar os fatos. O rombo foi em torno de R$3.200.000,00
(processo em segredo de justiça).
A relevância pública e social no primeiro momento é o que mais chama a atenção para
atender a demanda da sociedade. O poder público por si só não dá conta de atender todas
as demandas existentes por diferentes tipos de diagnósticos e necessidades. Por exemplo:
9 Quantas pessoas estão dormindo na rua e podem morrer de frio por não que-
rer ir para o abrigo? É uma opção não querer ir para um abrigo, pois lá existem
regras.
Para auxiliar uma entidade que cuida de crianças de comunidades carentes, um grupo
de jovens se propôs a trabalhar distribuindo hambúrguer e, para isso, denominaram
como o dia da Hamburgada do Bem (s.d.). Além de levar amor, diversão, cuidados e
informações, o grupo listou os pontos principais que os levaram a tomar essa iniciativa:
106
A questão é: como irão organizar os próximos passos para que todos saiam satisfeitos
desse dia especial de comunhão e solidariedade?
Figura 13. Crianças comendo na confraternização
3
9 Público-alvo;
9 Prestação de serviços;
9 Demanda;
9 Resultado;
9 Voluntários; e
No final, tudo o que foi discutido e planejado, em reunião, o grupo irá oferecer essas informa-
ções em forma de sumário (Quadro 11) tanto para os membros quanto para os voluntários.
Prezado voluntário,
Ficamos felizes em tê-lo conosco, participando desse dia especial: a Hamburgada do Bem.
3
A inquietude está estampada nos nossos rostos quando nos unimos em prol do bem-estar de crianças que
não tiveram privilégios ou sentem falta de paz e alegria em suas vidas. Por isso, pensamos realizar essa
confraternização de recreação e adoção, passando um dia com essas crianças e realizando seus simplórios
sonhos e desejos. Para começar, pedimos para a entidade que suas crianças escrevessem uma cartinha
com seus pedidos particulares, como: querer que os pais parem de brigar, ao invés de um brinquedo; que
sua avó volte...lá do céu...; ter um amigo para brincar, ou seja, coisas que o dinheiro não compra.
Os tópicos abaixo apresentam as propostas, as regras e o passo-a-passo que vamos realizar no dia.
O Estudo de caso: Hamburgada do bem
A natureza econômica da entidade é: 94.93-6-00 - atividades de organizações associativas ligadas à
cultura e à arte.
Atividade secundária: 94.30-8-00 - atividades de associações de defesa de direitos sociais; 94.99-
5-00 - atividades associativas não especificadas anteriormente; 88.00-6-00 - serviços de assistência
social sem alojamento.
9 O atendimento à demanda da sociedade é feito por meio de trabalho voluntário, ou seja, são de
preferência jovens que estão em busca de curtir algo diferente a cada final de semana. O jovem
paga para fazer parte desse grupo de voluntários, ou seja, para participar do evento ele precisa
fazer a inscrição, e, no dia e horário da prestação de serviços, estará à disposição da organização
para realizar o trabalho voluntário. No ato da inscrição a informação é de que o voluntário está
custeando o café da manhã (seu), o almoço (seu e de uma criança), que seria hambúrguer, batata
e refrigerante, milk-shake de sobremesa e muita diversão.
9 O voluntário fica responsável por acompanhar uma criança o dia todo na recreação, outro time fica
na organização do evento, na cozinha, churrasqueira, fazendo desde o hambúrguer com o manu-
seio da carne até a entrega do hambúrguer pronto às crianças e muita diversão.
9 O primeiro trabalho é descarregar o caminhão logo cedo e começar a montar os brinquedos da
recreação, ou seja, trabalho voluntário o dia todo. Além de trabalhar gratuitamente para a ONG, o
voluntário também contribui com doces e brinquedos. Pelos grupos dos WhatsApp, os voluntários
se agrupam por atividade e vão arrecadando doces, brinquedos, roupas, calçados, itens de higiene
pessoal etc.
9 Após o evento o voluntário é convidado a realizar o sonho de uma criança que esteve presente
nesse evento: um ursinho de pelúcia, computador, celular, bicicleta, compra de supermercado etc.,
pois os sonhos são variados e tem aqueles que pedem que a vó volte, o pai e a mãe parem de
brigar, a polícia prenda os ladrões e assim por diante.
Público-alvo: criança feliz de uma escola da rede pública de ensino.
Prestação de serviços: por voluntários dispostos a prestar serviços e pagar para proporcionar um dia
feliz na vida de uma criança.
Demanda: uma escola da periferia.
Resultado: a criança não quer ir para sua casa, então, pela cor da pulseira a criança vai sendo chamada
pela equipe de recreação para receber sua lembrancinha e é direcionada para o portão da escola. E no
término dos eventos, alguém da equipe da recreação faz agradecimento aos voluntários, canta o hino da
Hamburgada e são recolhidos os brinquedos.
Voluntários: alguns vão para suas residências e não participam mais de eventos, outros mais assíduos
vão para o after.
Resultado financeiro da ação: a entidade não disponibiliza a prestação de contas no portal da transparência.
108
PARA REFLETIR
O pulo do gato
3
Gestão participativa: com o trabalho de voluntários a empresa não cria vínculo empregatício,
ou seja, não possui encargos trabalhistas. Em sua atividade principal retrata cultura e arte.
Os voluntários fazem sua parte no trabalho voluntário “antes, durante e depois do evento”.
Após a realização do evento a entidade deve ser transparente na prestação de contas do
resultado daquele evento, se deu lucro, ou prejuízo.
CONCLUSÃO
Diariamente nos deparamos com pessoas pedindo dinheiro ou comida, uma ajuda qual-
quer, ou as vezes, a pessoa nem pede, pega restos de alimentos do lixo. Alguns optam
por recolher lixo reciclado, vende no depósito mais próximo em função do peso que car-
rega e dorme na rua, calçada ou qualquer lugar coberto. Um retrato triste da realidade
em qualquer cidade no Brasil.
Não é difícil encontrar famílias, igrejas, grupo de amigos, comunidades que se juntam
em prol desses necessitados, preparam refeições, arrecadam alimentos, fazem o pre-
paro e saem para distribuição. Do jeito que vem e vai, pede arroz, feijão, café, roupas,
agasalhos, calçados etc., monta-se uma cesta básica e alguém fica responsável por
entregar. Parece simples, pedir e ajudar em pequena proporção e esse negócio é como
se fosse um vício, você ajuda, e vai recebendo forças para ajudar mais, ajuda uma
família e quando vê, já são dez, cem, mil e por ai vai, somasse tudo que é palpável e o
amor ao próximo.
A parte mais difícil é entender que se tornou um negócio e que alguém já faz um con-
trole de quem precisa e de quem pode ajudar, a soma vai aumentando na medida que
vão surgindo as necessidades. Ninguém tem tempo para parar e escrever o “plano de
3 negócios” para organizações sociais, ele vai sendo moldado na cabeça dos integrantes
que vão fazendo com que o negócio dê certo.
O fato de atender quem necessita se torna mais importante do que atender a burocracia
e a formalidade do negócio. Parar para elaborar o plano de negócios pautado no Esta-
tuto Social, estabelecer metas e buscar recursos, é algo que acontece naturalmente, é
como apagar um incêndio, “deixa que depois alguém faz”, “é só papel mesmo” e dentre
outros jargões que as pessoas falam no cotidiano. Tudo o que importa é buscar parce-
rias com o poder público e privado, atender a demanda da sociedade e, em seguida,
resolver os problemas.
SAIBA MAIS
Leitura complementar para entender um pouco sobre as legislações que amparam o
terceiro setor.
110
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Governo do Distrito Federal. Secretaria da Casa Civil, Relações Institucionais e Sociais. Gestão
de parcerias do marco regulatório das organizações da sociedade civil. Lei Nacional nº 13.019/2014 e
3
Decreto Distrital nº 37.843/2016. Manual MROSC-DF, Brasília – DF, nov. 2018. Disponível em: https://www.
casacivil.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2018/11/Manual-MROSC-DF-FINAL.pdf. Acesso em: 19 out. 2022.
BRASIL. Lei nº 8.742, de 7 dez. 1993. Dispõe sobre a organização da Assistência Social e dá outras providên-
cias. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8742compilado.htm. Acesso em: 19 out. 2022.
ESCOLA Nacional de Administração Pública (ENAP). Marco Regulatório das Organizações da Sociedade
Civil. ENAP, Brasília, 2019. Disponível em: https://repositorio.enap.gov.br/bitstream/1/3845/1/MROSC%20
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CIEDADE%20CIVIL.pdf. Acesso em: 11 ago. 2022.
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Acesso em: 03 dez. 2022.
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nível em: https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/UFs/RN/Anexos/Versa%CC%83o%201%20
PETRINI, M.; SCHERER, P.; BACK, L. Modelo de Negócios com Impacto Social. Revista de Administração
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--de-impacto-no-brasil-durante-a-crise-da-covid-19/. Acesso em: 04 out. 2022.
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Bookman, 2005.
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ago. 2022.
ROSSI, S. C. Comunicado SDG n° 49/2020 - transparências das entidades do terceiro setor - obrigações
dos órgãos repassadores. Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, São Paulo, out. 2020. Disponível em:
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SPARVIERO, S. The Case for a Socially Oriented Business Model Canvas: The Social Enterprise Model Can-
112
vas. Journal of Social Entrepreneurship, [S.I.], vol. 10, n. 2, p. 232-251, 2019. Disponível em: https://www.
tandfonline.com/doi/full/10.1080/19420676.2018.1541011. Acesso em: 06 dez. 2022.
WOLF, T. Managing a Nonprofit Organization in the Twenty-First Century. New York: Simon &Schuster, 3
1999.
EDUCAÇÃO, INOVAÇÃO
E TENDÊNCIAS NO
4
EMPREENDEDORISMO SOCIAL
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, que destaca a Educação, inovação e tendências no empreendedorismo
social, vocês poderão aprofundar seus estudos e práticas relacionadas ao empreendedo-
rismo social. No primeiro capítulo, Inovação aplicada aos negócios sociais, possibilida-
des tecnológicas e propostas de criação e inovação são destacadas e aprofundadas.
Por fim, o capítulo que encerra a unidade e o curso, tendências: economia colaborativa
e consumo consciente, procura estabelecer reflexões sobre as mudanças de impacto
baseadas na economia colaborativa, no consumo com sustentabilidade e nas relações
entre inovação sustentável e consumo, sempre projetando mudanças sociais pautadas
nos pilares da economia compartilhada. Esperamos que tais reflexões possam contribuir
para a concretização de sonhos e planos e que tais práticas possam ser realizadas de
forma ética, com consciência social em empreendimentos sustentáveis. Paz e Bem!
Nos negócios sociais não é diferente. Por serem organizações que atuam diretamente
com as necessidades e desejos de pessoas e do meio ambiente, e por serem ativida-
des que também visam resultados financeiros, seus produtos e seu modelo de gestão
requerem atualizações no mesmo ritmo, devem buscar incessantemente meios de ge-
ração de ideias.
A criatividade e a inovação são os caminhos mais viáveis para que as organizações não
se tornem obsoletas. Qual o desafio, então? Saberem se aparelhar de modo que tais
possibilidades sejam exploradas e potencializadas no ambiente interno da organização.
115
A cultura da inovação é o primeiro grande passo no sentido de novos hábitos e costu-
mes que propiciem um ambiente de mudanças contínuas.
SAIBA MAIS 4
2. Inovação: https://www.significados.com.br/inovacao/
PARA REFLETIR
“[...] a inovação deriva de conhecimento prévio e aplicação pontual em algo que nunca havia
sido pensado antes. Para inovar, é necessário que se tenha uma boa dose de criatividade. E,
se a criatividade é uma das habilidades profissionais mais importantes do presente e do futu-
ro, olhá-la com bastante compreensão é um passo enorme frente à concorrência na maioria
dos setores, principalmente se estivermos em território nacional.”
Fonte: SILVA, F. P. et al. Gestão da inovação. São Paulo: Grupo A, 2018. p. 56.
Silva et al. (2018, p. 54-55) propõem ideias que podem surgir espontânea e naturalmen-
te, porém o pensamento criativo pode ter três fases:
01. A escolha do foco: é o centro que receberá a energia dos pensamentos, podendo ser
um problema a ser resolvido ou um objetivo previsto e desejado ou uma nova prática real.
02. O deslocamento: é a movimentação que se admite em função do foco; a flexibili-
zação das ideias.
Fonte: 123RF.
117
De acordo com Bezerra (2011 apud Silva et al., 2018, p. 57), afirma-se “[...] que a
capacidade de inovar pode ser desenvolvida por qualquer pessoa, não estando atre-
lada exclusivamente à idade ou à origem, mas, sim, à qualidade das suas ideias”. Um
profissional inovador analisa as perspectivas que existem de inovação, sempre com a
4
amplitude de conexões entre demandas, áreas e capacidade de execução – como se
diz: “mente aberta”, “sair da caixa”. Na Figura 03, alguns papéis dos indivíduos-chave
no processo de inovação.
Indivíduo-chave Papel
SAIBA MAIS
Nesse vídeo uma das referências em novas ideias, a empresa 3M apresenta a história do
lançamento do famoso e útil Post-It®: “CASE DE INOVAÇÃO - A VERDADEIRA HISTÓRIA
DO POST-IT ®”.
SAIBA MAIS
Nesse vídeo, uma palestra sobre criatividade e cocriação com Silda Santos: “Criatividade e
inovação social”.
Cultura da Inovação
119
Portanto, não é suficiente desejar ser uma organização inovadora apenas pelo desejo.
É necessário algo maior. Esse algo é o poder da cultura propagando, disseminado, for-
talecendo e incentivando a criatividade e a inovação.
4
As Pessoas da Organização
Lideranças
Está nas lideranças os desafios de saber colocar em prática esses fundamentos. Inte-
gração, unidade, equipe, significados da inovação, coesão, comunicação, convergência
são alguns dos alvos das lideranças frente à cultura da inovação.
Cada organização tem a sua dinâmica de gestão, geralmente particular à sua cultura.
Mas há condutas que parametrizam os movimentos no sentido de se ter um ambiente
favorável à inovação.
SAIBA MAIS
Nesse vídeo, uma conversa sobre a promoção da inovação dentro das organizações: “COMO
PROMOVER A INOVAÇÃO DENTRO DA EMPRESA”.
EXEMPLO
Tateni Home Care
Veronica Khosa estava frustrada com o sistema de saúde na África do Sul. Como enfermeira,
viu pessoas doentes ficarem ainda mais doentes, idosos impossibilitados de conseguir um
médico e hospitais com leitos vagos que não aceitavam pacientes com HIV. Então Veronica
criou a Tateni Home Care Nursing Services e instituiu o conceito de home care (atendimen-
to do paciente a domicílio) em seu país. Começando com praticamente nada, sua equipe
arregaçou as mangas para oferecer atendimento a pessoas de uma forma que elas jamais
haviam recebido: no conforto e na segurança de seus lares. Poucos anos depois, o governo
adotou o plano, e com o reconhecimento de organizações líderes em saúde, a ideia foi difun-
dida para outros países além da África do Sul.
Fonte: 123RF.
121
SAIBA MAIS
Conheça algumas organizações com foco em Inovação Social e Impacto Social:
4
“Como a inovação pode ser promovida através do impacto social”.
Disponível em: https://anpei.org.br/impacto-social-inovacao-como-promover/.
“Criatividade, inovação e impacto social, com foco na diversidade: Conheça a Vale do Dendê”.
Disponível em: https://impactanordeste.com.br/criatividade-inovacao-e-impacto--social-
-com-foco-na-diversidade-conheca-a-vale-do-dende/.
Fonte: 123RF.
SAIBA MAIS
Fonte: 123RF.
SAIBA MAIS
Nesse vídeo, uma palestra com Gabriela Werner, sócia fundadora da Impact Hub Floripa,
com 10 anos de experiência em gestão, marketing e sustentabilidade em diversos segmen-
tos, incluindo ONG’s, consultoria, finanças e manufatura.
CONCLUSÃO
Pelos fundamentos explorados neste capítulo, pode-se ter mais elementos da importân-
cia e dos fundamentos da criatividade e da inovação.
Adaptação da cultura organizacional, do comportamento dos membros, da ambienta-
ção e recursos visando geração de ideias, de visão de futuro, são alguns dos desafios
do processo de gestão. Processo esse que se faz imprescindível não só pela compe-
titividade, mas, inclusive, e, às vezes, tão somente, de as organizações sobreviverem.
123
Viu-se que, para gerar impacto social, os negócios sociais também devem se incluir nessas
práticas, uma vez que lidar com questões socioambientais, mudanças de ordem econô-
mica, políticas públicas, modelagem de negócio são alguns dos fatores que naturalmente
pressionam seus gestores a atualizarem seus processos, produtos e relacionamentos. 4
Portanto, tratar de criatividade e inovação não é pauta de médias e grandes organizações,
que são mais complexas, que possuem recursos vultuosos, ou que operam em segmentos
Talvez aqui esteja a tarefa mais simples ou a mais complexa/difícil de ser acompanhada
em uma organização não governamental.
Qualquer contador diria que o primeiro passo é a elaboração do Estatuto social da
organização e a definição dos cargos, e quem fará o que? Quem fará cada tarefa desig-
nada? Ou, quem vai correr atrás do que for necessário?
Já o administrador irá pensar em como arrecadar recursos financeiros, humanos, o
marketing e a manutenção da organização, onde irá aplicar os recursos arrecadados.
A intenção de ambos os profissionais não é de engessar a empresa, mas sim pensar
no planejamento da organização como um todo diante do cenário e do objetivo que a
entidade está se propondo a trabalhar e a contribuir com a sociedade.
No primeiro momento surgem as primeiras dificuldades em arrecadar recursos para o
início das atividades que pode vir de doações de pessoas físicas (amigos) ou jurídicas.
Geralmente as primeiras doações são de pessoas mais próximas que acreditam na ideia do
fundador: a gestão se inicia a partir do momento que o gestor começa a pedir aquilo que ele
necessita e começa gerenciado a arrecadação e a distribuição aos que necessitam.
IMPORTANTE!
Caso da Gestão da ADEVIRP (Associação dos Deficientes Visuais de Ribeirão Preto e Região)
4 A ADEVIRP é gerenciada por um contador e ex-gerente da Caixa Econômica Federal. Vários
são os obstáculos na gestão de organizações não governamentais. Então, o empreendedor
e seu grupo de trabalho vão lutando para conseguir dar os passos até que se consiga sobre-
viver nos três primeiros anos.
A entidade em 2022 encontra-se consolidada e recebe apoio da comunidade local e conta
com recursos financeiros do:
9 Conselho Municipal da Criança e do Adolescente;
9 Prefeituras Municipais de Cajuru, Morro Agudo, Orlândia, Pitangueiras, Pradópolis, São
Joaquim da Barra, Santa Rosa do Viterbo, Serrana e Sertãozinho;
9 Secretaria da Assistência de Ribeirão Preto;
9 Secretaria da Educação de Ribeirão Preto;
9 Secretaria de Desenvolvimento do Estado de São Paulo.
IMPORTANTE!
A Gestão da CIEDS – Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável
Como construir o planejamento e garantir que será cumprido?
Olhar para o futuro é fundamental para o sucesso e a sustentabilidade de uma instituição, inclu-
sive do terceiro setor. Mas é importante fazê-lo sem se desconectar do presente, das tendên-
cias e, especialmente, dos contextos socioeconômicos em que se está inserido. Por isso, uma
das etapas mais importantes para a gestão eficaz de qualquer organização é o planejamento.
No CIEDS, desde os primeiros anos e completando 25 anos de atuação em 2023 – sempre
pensou no futuro considerando o tripé: governança, planejamento estratégico e monitoramento.
Para elaborar o planejamento coletivamente pela área de PGG (Planejamento, Gestão e
Governança), existe uma equipe autogerida formadas na instituição desde 2021. A entidade
chamou o trabalho elaborado sobre os aspectos de governança do modelo de gestão, de
Prosperidade 360, e entende como o fluxo e os processos de trabalho podem ajudar a orga-
nização a construir um planejamento sólido e, a garantir que o planejamento seja cumprido,
com rotinas de monitoramento.
Construção de objetivos e iniciativas
Para que o CIEDS alcance os resultados de impacto socioambiental positivos esperados, a
equipe de Planejamento, Gestão e Governança constrói um planejamento estratégico a par-
tir de um processo que envolve mapeamento de macrotendências; hackathons disruptivos,
com forte aspecto de inovação; convidados externos que trazem novos olhares; entre outras
dinâmicas internas e externas.
Definição de indicadores de sucesso
Os indicadores são uma ferramenta para tangibilizar o sucesso de uma ação. O indicador de
sucesso deve materializar-se em cifras tangíveis ou em uma entrega concreta que possa evi-
denciar a conclusão da iniciativa estratégica em questão, considerando os recursos, prazos
e qualidades acordadas.
Fonte: CIEDS, Como construir seu planejamento e garantir que será cumprido?
Disponível em: https://www.cieds.org.br/noticias/detalhe/como-construir-seu-planeja-
mento-e-garantir-que-sera-cumprido.
Acesso em: 22 jan. 2023.
125
SAIBA MAIS
Disponível em: http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/10/entenda-como-ocorrem- 4
-fraudes-nos-convenios-entre-ongs-e-governos.html.
A seguir retrataremos alguns dos cargos existentes no Estatuto de acordo com o Código
Civil Brasileiro.
Presidente
4 Tesoureiro
Vice-presidente
Marke�ng Secretário
Captação de Recursos
Operacional
deRecursos
Eventos
Saúde Educação
SAIBA MAIS
AMA, Associação dos amigos do autista. Consolidação dos estatutos sociais.
b. Manutenção corretiva: é aquela que acontece sem ter uma previsão: como um vaza-
mento da caixa d´água, um trinco/rachadura em uma parede, um vento/chuva inespera-
do destelha a entidade, um vendaval.
127
Pautado no fluxo de caixa mensal (entradas/saídas) e no histórico do que vai sendo
criado na entidade, ano após ano, o gestor tem em mente quais serão as atividades de
captação e aplicação de recursos durante o ano e quais serão suas despesas anuais
além da folha de pagamentos e dos encargos trabalhistas. 4
Figura 08. Modelo de cronograma de trabalho
À medida que o gestor vai dimensionando o que precisa ser feito, o trabalho vai sendo
delineado e as pessoas vão desenvolvendo suas atividades em função das propostas
de trabalho.
Por meio da prestação de contas a entidade apresenta aos “contribuintes” seus relató-
rios e demonstrativos contábeis.
Desta forma, a prestação de contas pode ser entendida como uma obrigação das partes
em apresentar as contas (resultados), pois representa um direito para o titular do bem (en-
tidade e órgãos públicos) e dever para o administrador que utilizou o bem prestar contas
à sociedade. A ação de prestação de contas deve acontecer mensalmente pautado em
documentos comprobatórios e dentro da legislação cabível e posteriormente a prestação
de contas aos possíveis interessados, e em Assembleia Geral. Ou seja, se a entidade
recebeu um determinado valor para usar em uma atividade, o recurso recebido somente
poderá ser utilizado para aquela finalidade.
Ainda pouco explorado em termos do terceiro setor, a estrutura Internacional para Rela-
to Integrado (RI) (2014) menciona que o pensamento integrado é mola propulsora que
uma organização dá aos relacionamentos entre suas unidades produtivas, bem como
4 os investimentos realizados e a criação de indicadores sustentáveis. O pensamento
integrado leva à tomada de decisão consciente de ações que levam em consideração a
geração de valor. Com a elaboração do relatório integrado (RI) leva-se em consideração
a conectividade e a interdependência entre os vários setores da organização e a redu-
ção de falhas e integra todos os fatores que afetam a capacidade de uma organização
no tocante a prestação de contas ao poder público.
Ressaltamos que a entidade, por meio de chamadas, solicita os recursos e depois deve
prestar contas apresentando os documentos que comprovem o efetivo gasto. Assim
sendo, na hipótese de tais documentos apresentados não serem adequados/idôneos
ou suficientes para atender a conferência e averiguação das demandas da adminis-
tração pública ou no caso de os mesmos não corroborarem a integridade do emprego
dos recursos repassados, o órgão público poderá solicitar uma intervenção judicial para
averiguar a veracidade e esclarecimentos sobre os itens que foram adquiridos com o
confronto com os documentos apresentados.
SAIBA MAIS
As Dimensões da Sustentabilidade e seus Indicadores.
Prestar contas a quem confiou te dar recursos é o sinal de que a entidade adquiriu
credibilidade na comunidade na qual está inserida. As pessoas sentem-se obrigadas a
contribuir mensalmente com aquela entidade desde que ela seja séria ou que realmente
alguém de sua confiança utilize os serviços oferecidos a sociedade.
129
A sociedade em si não está preocupada com a prestação de contas, apenas se respon-
sabiliza em ajudar com aquilo que pode “doar” e a responsabilidade em prestar contas
fica a cargo dos responsáveis pela entidade e sua equipe gestora.
4
Nesse interim é que atribuímos a maior responsabilidade ao profissional da contabilida-
de. O Relato Integrado (RI) é um novo método de divulgação corporativa, que vem ga-
nhando destaque por integrar informações financeiras e de sustentabilidade da empre-
Segundo Estrutura Internacional para Relato Integrado, 2014, p. 28-29), este documen-
to demonstra a capacidade da organização “[...] sobre como a estratégia, a governança,
o desempenho e as perspectivas de uma organização, no contexto de seu ambiente
externo, levam à geração de valor em curto, médio e longo prazo”.
SAIBA MAIS
Relato integrado.
REFLETIR
Aplicar uma temática estudada a uma situação da vida cotidiana (preferencialmente profissio-
nal), mostrando que tal reflexão contribui para um melhor entendimento.
Em bairros populares é comum conversar com uma criança com o sonho de empreender.
EXEMPLO
José, conhecido na vizinhança como Zé, sempre trabalhou na informalidade e nunca se
preocupou em pagar a previdência social. Apesar de trabalhar em tais condições, acabou
empreendendo por necessidade, o aprender fazendo. Zé vende pipas e papagaios, sua
família produz varetas, corta e cola o papel e amarra para no final produzir uma pipa que é
vendida em dois períodos do ano: nas férias escolares de julho e dezembro (alta demanda).
O que Zé não contava era com o imprevisto: certo dia sofreu um grave acidente de moto, pre-
cisando no fim das contas colocar pino no pé. No entanto, para bancar e realizar a cirurgia, o
montante que possui das vendas não é o suficiente.
Isso desperta em seu filho mais novo, uma criança, o interesse de ajudar o pai e sua família.
“Vou vender uma pipa”, “vou vender linha chilena”, “vou vender”, em outros termos, é o não
o aprender a fazer, isto é, o desejo e o despertar do empreendedorismo na criança, quando
esta ainda não pode (e nem deve) trabalhar.
Junto com as outras crianças da comunidade, que também desejam ter dinheiro para com-
prar a pipa ou o papagaio nas férias da escola, o filho do José quer soltar a sua e lançá-la no
céu colorido junto com as outras pipas
Para Dolabela (1999), o empreendedor cria e aloca valores para os indivíduos e para
a sociedade, ou seja, é fator de inovação tecnológica e crescimento econômico. É mo-
tivado pela liberdade de ação, automotivado. Arregaça as mangas, vai e faz, colabora
no trabalho dos outros. Tem mais faro para os negócios que habilidades gerenciais ou
políticas. Visa, principalmente, à tecnologia e ao mercado. Em outras palavras, segue
a própria visão e intuição, adota decisões próprias e coloca em primeiro plano a ação
em relação à discussão. Caso o sistema não o contente, ele o abandona para construir
o seu. As transações e a forma de negociar são seus modos de relação norteadores
(DOLABELA, 1999, p. 30-38).
131
SAIBA MAIS
FONSECA, Alexandre Pereira. História de superação de jovem que teve paralisia cere-
bral se transforma em livro. 4
Mercearia Paraopeba.
Disponível em: https://www.google.com/search?q=mercearia+paraopeba&oq=merce-
aria+paraopeba&aqs=chrome.0.0i355i512j46i175i199i512j0i22i30l2.8645j0j15&sour-
ceid=chrome&ie=UTF-#fpstate=ive&vld=cid:9552dc2c,vid:VckAaCrEVb8.
Para quem é pai ou mãe, família mais próxima ou responsável de uma criança, e tem
uma visão de empreendedorismo, começa os primeiros ensaios de empreendedorismo.
A criança, ao observar o comportamento de seus pais, responsáveis e parentes, começa
de forma psicológica a querer vender figurinhas da copa na escola, tiara, maquiagem,
brigadeiro, frutas. Talvez esse seja os primeiros passos para o empreendedorismo.
Por não ser permitido ao jovem vender no ambiente escolar, a escola fracassa nessa
âmbito, embora seja a escola o espaço que deveria incentivá-lo e estimulá-lo a empre-
ender. Por exemplo, o estudante poderia, uma vez por mês, vender seus brinquedos
usados, suas roupas, ou alimentos que sua família produz, estimulando uma relação
entre família, escola e comunidade.
4
Segundo Hirish (2004), as habilidades exigidas aos empreendedores podem ser clas-
sificadas em três principais áreas: técnica, administrativa e empreendedora. A primeira
área abrange redação, atenção, apresentações orais, organização, treinamento, tra-
balho em equipe e know how técnico. Quanto à habilidade administrativa, verifica-se
habilidades inerentes a administração de qualquer empresa, sendo elas: habilidade
para tomada de decisões, marketing, administração, finanças, contabilidade, produção,
controle e negociação. Trazer à tona a importância do empreendedorismo na escola
pública e privada nos remete a uma camada da população “podre” que vive com pou-
cos recursos e que não tem interesse algum pelo conteúdo abordado pelo professor na
sala de aula e tão pouco está preocupado em ter um compromisso com uma empresa,
com normas e regras a ser seguida, em ter horário para entrar e sair, ou cumprir o que
determina a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).
Por outro lado, escolas particulares, por meio de projetos, incentivam os alunos a de-
senvolverem trabalhos focando o empreendedorismo, como é o caso da Babson Colle-
ge, FGV, INSPER, SENAC (ensino profissionalizante) dentre outras.
CURIOSIDADE
Jovens do Ensino Médio desenvolvem projeto do copo que identifica substância do “Boa
Noite, Cinderela”.
O senso de responsabilidade já foi inserido no seu dia a dia enquanto criança pelos
seus pais: acordar cedo, cuidar do gado, cultivar, plantar, colher, vender, negociar etc.
133
Esse profissional aprendeu na lida a colocar em prática suas habilidades de administra-
dor, sua competência (característica de um indivíduo), abordando diferentes traços de
personalidade, habilidades e conhecimentos, que partem da influência e de experiências,
treinamentos, educação, família e outras variáveis demográficas. As competências ne- 4
cessárias ao empreendedor, segundo Hashimoto (2006), são: capacidade de liderança,
capacidade de influenciar pessoas e construir redes de relacionamento, desenvolvimento
de visões e pensamento estratégico, habilidades de comunicação, capacidade de criar e
Aquilo que a criança vive é o reflexo dela na escola, ou seja, se em casa a criança não
tem exemplo dos pais cumprindo horário no trabalho, a criança também não cumprirá
com seus fazeres na escola e na vida adulta. O exemplo pode vir de casa, da igreja,
da escola, da comunidade em geral. A escola por si só não forma o cidadão melhor, é
preciso que exista um mix entre o todo (por exemplo, família, escola e igreja) para que
a pessoa tenha vontade de estudar, de trabalhar, ser automotivado para desenvolver
suas habilidades.
SAIBA MAIS
O texto a seguir aborda aspectos importante relacionados a Educação Empreendedora, a
estratégia de investimentos de impacto, explicitamente alinhado aos Objetivos de Desenvol-
vimento Sustentável das Nações Unidas.
A liberdade para correr atrás daquilo que se tem vontade é um fator fundamental para
o empreendedorismo e, sem ela, torna-se complexa a transformação de ideias em re-
alizações (HASHIMOTO, 2006). Quando se pratica o ensino focado na aprendizagem
baseada em Projetos, é preciso fazer o aluno pensar em pequenos detalhes, como o
mundo que vive, a vida real, a realidade do dia a dia e o “sonho da vida melhor” – “pro-
jetos”. São iniciativas que envolvem o desenvolvimento de novos produtos e processos
em função da aprendizagem desenvolvida na escola e, nesse caso, o professor deve
estar motivado a injetar na veia do aluno a vontade de elaborar o projeto.
O projeto pode ser uma viagem para conhecer um museu ou uma indústria de grande
porte. Baseado na visita técnica, o professor vai trabalhando habilidades e conheci-
mento e incentivando o aluno a pensar na estrutura de uma empresa desde a portaria
até o Chief Executive Officer (CEO), o controle interno, os custos, as despesas, as
ferramentas, maquinário, capital de giro, o recurso humano e a linha de produção. Não
necessariamente o estudante deve empreender de imediato, o professor pode ensiná-lo
a pensar enquanto funcionário (intraempreendedor) de uma empresa. Empresas mu-
dam, se adaptam, melhoram, inovam buscam o crescimento por meio de projetos de
melhoria contínua ou inovadores. Algumas empresas investem em seus funcionários
para que eles possam crescer junto investindo em tecnologia, infraestrutura, projetos,
novos produtos ou processos.
135
SAIBA MAIS
AMARAL, João Alberto Arantes do; ARAUJO, Cíntia Möller. Programa: Aprendizagem basea- 4
da em projetos sociais. [S.I.]: [s.n.], [s.d.].
O empreendedor social tem como missão de vida construir um mundo melhor para as
pessoas terem uma condição de vida melhor (desde que elas queiram melhorar de vida)
(DORNELAS, 2005). Além disso, Parenson (2010) reforça que o empreendedorismo
4 social se refere à atividade inovadora com um objetivo social, tanto no setor com fins
lucrativos quanto no setor sem fins lucrativos ou entre outros setores. Mas o que seria
atividade inovadora no empreendedorismo social? Atender uma demanda reprimida da
sociedade pensando:
9 na criança;
9 no jovem;
9 no adulto;
9 no idoso;
9 na redução da fome;
9 na redução da pobreza;
9 na redução do desemprego;
9 no meio ambiente;
9 no clima e no ar;
9 dentre outros.
SAIBA MAIS
INFOMONEY. Geraldo Rufino: o ex-catador de latinhas que criou uma das maiores empre-
sas de reciclagem de caminhões.
137
CONCLUSÃO
Pouco se falava do ensino do empreendedorismo nas escolas públicas ou privadas,
pois o foco de ensino é um pouco de português, matemática, ciências, história e geogra- 4
fia. Em algumas épocas, inclusive, em função da mudança do currículo escolar, o aluno
teve um idioma incluso (francês, inglês ou espanhol). Em outros termos, a base do ser
humano estava formada, pronta para o ingresso ao ensino técnico e profissionalizante
Partindo do ensino do empreendedorismo na escola fica mais prático para o aluno apli-
car metodologias ativas para a aprendizagem baseada em projetos, focando naquilo
que ele busca para suprir uma demanda da sociedade não atendida pelo setor público.
Por meio da pedagogia empreendedora o docente será capaz de incluir projetos sociais
para estimular o aluno a pensar e a vivenciar a realidade no contexto que está inserido.
Partindo da elaboração de projetos, o empreendedor comprometido com o tripé da sus-
tentabilidade (econômica/social/ambiental) abraça a causa que a sociedade necessita
em um curto espaço de tempo.
Com base nisso, neste capítulo serão abordados as principais mudanças que causaram
estas tendências, bem como conceitos e pilares relacionados à denominada “economia
colaborativa”, de modo que seja possível relacioná-los ao consumo e também à inovação.
4
4.1. AS MUDANÇAS DE IMPACTO
Como consumidores, talvez já tenhamos notado que nossos comportamentos podem
mudar de acordo com a necessidade ou a renda em determinado período do mês. No
cotidiano, estes aspectos são corriqueiros, no entanto, não são só aspectos relacionados
à renda e às necessidades que acabam por impactar a forma com que nós, indivíduos,
compramos. Em defesa deste ponto de vista, Parente, Geleilate e Rong apontam que:
Os clientes estão exigindo soluções cada vez mais complexas, sustentáveis e integra-
das, em vez de produtos e serviços padronizados e homogêneos. Além disso, uma
confluência de eventos importantes estimulou o rápido desenvolvimento e adoção da
chamada “economia compartilhada”. Fatores como a onipresença da internet e dos
dispositivos móveis, abundância de mercadorias em capacidade ociosa, crescimento.
De acordo com Santos e Pereira (2019), existem condutores que impulsionam a econo-
mia colaborativa, conforme a Figura 08 a seguir.
Figura 09. Condutores
Condutores sociais
Condutores econômicos
Condutores tecnológicos
139
Desse modo, é possível destacar que além das mudanças comportamentais tradicio-
nais do consumidor, é possível que ele também seja influenciado nas esferas sociais,
econômicas e tecnológicas. Assim, no âmbito dos condutores sociais é necessário des-
tacar a crescente preocupação dos consumidores com o impacto de suas compras no 4
meio ambiente. Deste modo, o estilo de vida dos indivíduos vai se adaptando à uma
mentalidade mais sustentável e alinhando-se à uma cultura menos consumista.
SAIBA MAIS
Brave Blue World – A crise hídrica
Disponível em streamings como Netflix, este filme lançado em 2020 apresenta como as ino-
vações podem auxiliar no desenvolvimento de soluções para um recurso crucial para nossa
existência: a água.
O termo economia colaborativa surgiu nos anos 1990 nos Estados Unidos e foi im-
pulsionada pela intensificação do uso de tecnologias (SILVEIRA; PETRINI; SANTOS,
2016), sendo também conhecida como economia compartilhada. Seu conceito vem
sendo debatido amplamente no mundo acadêmico, especialmente devido ao impacto
que vem gerando através do crescimento de organizações que trabalham desta forma
(HOSSAIN, 2020). Descreve como as organizações conectam usuários e proprietários
através de uma dinâmica Consumidor-Consumidor, do inglês Consumer to consumer
(C2C) (PARENTE; GELEILATE; RONG, 2018).
Além deste novo modelo de negócio, também pode-se destacar que a economia com-
4
partilhada impacta positivamente os pilares da sustentabilidade: o social, o econômico
e o ambiental, uma vez que substitui o consumo excessivo. De acordo com Hossain,
tais plataformas ainda enfrentam desafios, principalmente no âmbito da regulamenta-
ção, que ocorre de forma diferente entre os países onde este tipo de economia vem se
popularizando (HOSSAIN, 2020).
¾ Confiança: ao confiar no usuário para usufruir do seu veículo ou casa, por exemplo.
SAIBA MAIS
Título: Inovação e sustentabilidade.
Esse texto complementar apresenta os desafios para organizações e também para a socie-
dade, os aspectos econômicos e a sustentabilidade. Trazendo como debate a inovação den-
tro do Tripé da Sustentabilidade. Apresentando desde conceitos até conteúdos sobre design
de produtos, a responsabilidade social estará sempre presente neste texto que complementa
este capítulo.
141
4.3. CONSUMO E SUSTENTABILIDADE
O consumo é um tema que vem sendo debatido globalmente, inclusive em eventos
internacionais e agendas da Organização das Nações Unidas (ONU) (SCHAEFER;
CRANE, 2005). No marketing, é tratado como um aspecto hedônico do comportamento 4
humano, ou seja, se relaciona ao desenvolvimento do prazer (SCHAEFER; CRANE,
2005). Do ponto de vista sociológico, reforça-se esse conceito e também o importante
SAIBA MAIS
Conheça mais sobre o Objetivo 12 de Desenvolvimento Sustentável diretamente no site da
Organização das Nações Unidas (ONU).
Eco-eficiência
Oportunidades novas no mercado
Objetiva fazer melhor.
Reduz o dano. Mudança social
Faz melhor criando novos
Estabelece melhorias no
produtos e serviços.
negócio. Faz melhor criando novos
Cria valor compartilhado.
Estabelece mudança no produtos e serviços e
coração do negócio. também em parceria.
Cria impacto positivo.
Estende alémda empresa
o impacto e mudança.
143
A partir desta figura pode-se concluir que a inovação é um aspecto de destaque dentro
da sustentabilidade e que possui um amplo impacto no consumo dos indivíduos. Em
um primeiro nível, na ecoeficiência, já é possível visualizar mudanças impactantes na
sociedade, de modo que as organizações empregam técnicas para fazer melhor com 4
o que já existe, ou seja, implementam melhorias processuais, otimizando recursos já
empregados. Dessa forma, é possível reduzir o impacto produzido por seus produtos
e serviços, através de uma produção que utiliza menos água ou energia, por exemplo.
Por fim, temos a mudança social, cujo nível possui um impacto extenso na sociedade,
uma vez que expande o impacto da organização pouco a pouco na forma de viver dos
indivíduos e também na forma com que o mercado atua.
PARA REFLETIR
Como a inovação afeta o consumo?
CONCLUSÃO
Neste capítulo foram abordados importantes conceitos sobre inovação sustentável,
economia compartilhada e consumo. Talvez você já tenha notado que o comportamento
de compra do consumidor (e até mesmo o seu) vem mudando nos últimos anos, assim
como as empresas, que vêm acompanhando a evolução da necessidade da sociedade
como um todo.
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belece o regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou não transferências de recursos financeiros,
entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a
consecução de finalidades de interesse público; define diretrizes para a política de fomento e de colaboração
com organizações da sociedade civil; institui o termo de colaboração e o termo de fomento; e altera as Leis
n º 8.429, de 2 de junho de 1992, e 9.790, de 23 de março de 1999”; altera as Leis n º 8.429, de 2 de junho
de 1992, 9.790, de 23 de março de 1999, 9.249, de 26 de dezembro de 1995, 9.532, de 10 de dezembro de
1997, 12.101, de 27 de novembro de 2009, e 8.666, de 21 de junho de 1993; e revoga a Lei nº 91, de 28 de
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