Você está na página 1de 64

INSTITUTO DE PSICO EDUCAÇÃO

TRANSFORMACIONAL
Formação Profissional

ADMINISTRAÇÃO RURAL
Como aprender a administrar uma fazenda

7 principais dicas para administrar uma fazenda

1. Faça um planejamento estratégico. ...


2. Divida o projeto em etapas e estabeleça objetivos menores. ...
3. Invista na gestão de estoque. ...
4. Faça uma boa gestão financeira. ...
5. Entenda a logística da produção. ...
6. Faça a gestão de pessoas. ...
7. Invista em cursos para administrar uma fazenda.

Quais funções administrativas uma fazenda deve ter?

Para aplicar a administração rural na sua propriedade, é importante seguir quatro etapas:
planejamento, organização, direção e controle. A partir dessas etapas, é possível administrar a
propriedade rural com mais segurança e impactar positivamente os resultados da lavoura.

O que estuda em administração rural?

O egresso do curso Tecnólogo em Administração Rural será capaz de administrar, planejar,


desenvolver, criar, organizar, implementar, dirigir, gerenciar, assessorar ou coordenar
organizações e ações para o setor do agronegócio, envolvendo propriedades e empresas rurais.

Quais são os pilares da gestão rural?

Na gestão de uma fazenda, existem três pilares fundamentais para alcançar eficiência: pessoas,
processos e sistema. A combinação adequada desses três elementos proporciona uma melhor
organização, acesso a informações valiosas e segurança na tomada de decisões.

Quais as 5 funções administrativas?

A administração é função distinta das demais funções da empresa, como finanças, produção e
distribuição. A administração compreende cinco funções: planejamento, organiza- ção,
comando, coordenação e controle.

Quais os setores de uma fazenda?

Também podemos chamá-los de setores, sendo assim definidos:

 Primário: produtores rurais, agricultores e pecuaristas.


 Secundário: agroindústrias e fabricantes de insumos.
 Terciário: transportadoras, distribuidores e comerciantes de produtos agrícolas

Quais são os quatro papéis principais da administração rural?

O processo administrativo da empresa rural é constituído de quatro fun- ções


básicas: planejamento, organização, direção e controle.

O que valoriza uma fazenda?

Localização. Outro fator que contribui para atribuir valor a uma terra é a sua localização. No
caso das fazendas, a facilidade de acesso, a proximidade de canais para escoamento de produção
ou mercadorias e a proximidade de centros urbanos são fatores.
O que dá mais lucro por hectare?

O cultivo mais lucrativo é a soja, seguida pelo milho, que possuem as


projeções mais positivas. Mas também existem outros cultivos que geram grande
rentabilidade para as famílias no Brasi

O que dá mais dinheiro no campo?

A pecuária de leite é uma das maiores atividades do agronegócio nacional. Pelo fato de os
animais serem maiores, esse tipo de criação requer muito mais investimento, mas gera retorno
financeiro em pouco tempo, caso seja bem conduzido. Para início, o número de animais não
precisa ser muito grande.

Como Administrar uma Fazenda com Eficiência

Passo 1: Defina Seus Objetivos e Metas


Toda fazenda deve ter metas claras e objetivos bem definidos. Comece por identificar o que
você deseja alcançar com a sua propriedade. Esses objetivos podem variar desde aumentar a
produtividade, melhorar a qualidade dos produtos, reduzir custos ou até mesmo expandir o
negócio. Definir metas concretas e mensuráveis é essencial para manter o foco e direcionar os
esforços.

Passo 2: Plano de Negócios e Orçamento


Desenvolver um plano de negócios sólido é fundamental. Este documento servirá como um guia
para suas atividades agrícolas e ajudará na alocação de recursos, no planejamento de cultivos, na
compra de equipamentos e no gerenciamento de pessoal. Além disso, um orçamento bem
estruturado permitirá que você controle as finanças da fazenda de maneira eficaz.

Passo 3: Monitoramento e Uso de Tecnologia


A tecnologia desempenha um papel essencial na agricultura moderna. Utilize ferramentas como
sensores de solo, drones, GPS e software de gestão agrícola para monitorar o desempenho da
fazenda. Isso ajudará a tomar decisões baseadas em dados, otimizando o uso de recursos,
economizando tempo e reduzindo custos.

Passo 4: Manejo Sustentável


A sustentabilidade é um aspecto crítico na agricultura atual. Desenvolva práticas agrícolas
sustentáveis, como a rotação de culturas, a redução do uso de agroquímicos e a gestão eficiente
da água. Além de contribuir para a preservação do meio ambiente, a sustentabilidade pode
reduzir os custos operacionais e melhorar a qualidade dos produtos.

Passo 5: Gerenciamento de Recursos Humanos


Uma equipe bem treinada e motivada é essencial para o sucesso da fazenda. Invista em
capacitação e treinamento para seus funcionários. Estabeleça procedimentos claros de segurança
no trabalho e crie um ambiente de trabalho positivo para manter a moral da equipe alta.

Passo 6: Gestão Financeira


O gerenciamento financeiro adequado é crucial. Mantenha registros financeiros precisos e
atualizados. Use software de gestão financeira para facilitar o acompanhamento de receitas e
despesas. Mantenha um olhar crítico sobre seu orçamento e esteja preparado para ajustá-lo
conforme necessário.

Passo 7: Marketing e SEO


Para aumentar a visibilidade e a competitividade de sua fazenda, é essencial investir em
marketing. Além disso, otimizar seu conteúdo online para mecanismos de busca (SEO) pode
atrair mais clientes e parceiros de negócios. Crie um website informativo, mantenha as mídias
sociais atualizadas e use palavras-chave relevantes relacionadas à sua produção agrícola para
melhorar seu alcance online.

Passo 8: Avaliação e Melhoria Contínua


Regularmente avalie o desempenho de sua fazenda em relação às metas estabelecidas.
Identifique áreas de melhoria e faça ajustes conforme necessário. A agricultura está em constante
evolução, e a capacidade de se adaptar a novas tecnologias e práticas é essencial para o sucesso a
longo prazo.

Seguindo esse passo a passo, agricultores e gestores de fazendas podem administrar suas
operações com eficiência, aproveitando as oportunidades oferecidas pela tecnologia e pela
gestão sustentável. A combinação de práticas agrícolas inteligentes com estratégias de
marketing, como SEO, pode contribuir significativamente para o sucesso e a sustentabilidade de
uma fazenda no mundo agrícola em constante mudança.

Como ser um bom administrador de fazenda?

Ser gerente de fazenda é ter ''olhos de dono'' e sempre tirar o melhor de cada um sendo líder.
Possuir bom líder e boa equipe de trabalho, é fundamental para o crescimento e manutenção
da fazenda. A primeira vista, o bom gerente está preocupado em atingir metas, pois
as fazendas buscam alcançar propósitos.
Boa Sorte!

Ao curso de
admistração Rural
Introdução 02
Tempos Modernos na Administração Rural 02
Nova ordem da administração rural 03
2.0 Processos Administrativos 06
2.1 Processos de Tomada de Decisão 07
3.0 Capitais de Custo de Produção 09
3.2 Custo de Produção 09
4.0 Decisão do Agronegócio 15
4.1 Os estilos decisórios e o nível de informações de tomadas de decisão 19
4.2 Pressupostos e modelos de tomada de decisão 21
5.0 Economia no custo de Transição (ECT) 26
6.0 Complexidade administrativa dos Agronegócios 29
7.0 Análise econômica de empresa Rural 34
8.0 Crédito Rural 37
8.1 Notícias sobre Crédito Rural 39
8.2 Perguntas freqüentes sobre Crédito Rural 40
8.3 Novos Instrumentos para financiamento 49
9.0 Notas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 50
9.1 Comercialização e abastecimento 50
9.2 Seguro Social 50
9.3 Zoneamento Agrícola 51
10. Referências Bibliográficas 52

Administração Rural 1
1. Introdução

Administração rural é o conjunto de atividades que facilitam aos produtores rurais a tomada de
decisões ao nível de sua empresa agrícola, com o fim de obter melhor resultado econômico, mantendo a
produtividade da terra. O campo de atuação da Administração Rural está em plena expansão. Graças às
tecnologias cada vez mais presente no setor rural, surge a necessidade de contratação de um administrador
especialista na área. A tarefa de administrar começa pela tomada de conhecimento de tudo que constitui
uma empresa rural. Terra, pessoas, máquinas, equipamentos, instalações e benfeitorias, fornecedores,
clientes e dinheiro, são exemplos de recursos que uma empresa precisa para realizar suas atividades.

Tempos Modernos na Administração Rural

Frente às mudanças da administração rural atualmente os novos administradores flexibilizam as


formas de administrar criando visões e ações (Gestão Rural) de desenvolvimento das concepções e
definições metodológicas sobre a administração rural possibilitando uma sustentabilidade da promissora
oportunidade da economia brasileira.
A profissionalização do meio rural dita um sentido de crescimento e oportunidade na conquista
dos mercados mundiais, tendo como objetivo o aperfeiçoamento dos administradores como fonte de
entendimento e implantação de teorias administrativas na gestão das empresas rurais.
Podemos determinar o conceito de administração como sendo a ordenação do caos que se instala
quando um grupo de pessoas coopera no afã de conciliar metas estabelecidas com objetivos, interesses,
desejos e ambições pessoais.
Na concepção sistêmica, a administração é entendida como um mecanismo estruturador e
articulador de processos e recursos empresariais para a consecução dos resultados almejados: geração de
bens, lucro e promoção do bem-estar social.
Definindo concepções e conceitos da administração, podemos definir o campo de atuação que
mais cresce no Brasil atualmente, a administração rural.
A administração rural surgiu no começo do século XX junto às universidades de ciências agrária,
na Inglaterra e Estados Unidos nos chamados "land grant" com a preocupação de sobretudo, analisar, a
credibilidade econômica e técnicas agrícolas. Parcialmente a administração rural, tratando,
prioritariamente a área de produção e a função do controle desenvolve trabalhos e estudos de extensão
envolvendo principalmente a alocação de recurso e os registros contábeis e financeiros, sendo a
contabilidade o instrumento "gerencial" mais divulgado. Nesta fase inicial, considerava-se a

Administração Rural 2
administração rural como um ramo da economia rural. Ainda que essa visão persista em muitas
instituições, em nova ótica tem sido dada a administração rural. Para compreender sua abordagem, faz-se
necessário compreendê-la conceitualmente, Hoffmann (1987) em seu livro Administração da empresa
agrícola, elaborou a seguinte conceituação:
A administração rural como ramo da ciência administrativa o autor possibilita a acesso as suas
teorias, desde a abordagem clássica de Taylor até a moderna teoria do desenvolvimento organizacional.,
com essa nova abordagem introduziu-se ao conceito de administração rural as áreas de finanças,
comercialização, marketing e recursos humanos, sendo estas áreas tão importantes como a produção.
(HOFFMANN, 1987:96).
Ressaltou também a importância das demais funções administrativas (planejamento, organização e
direção).

Nova ordem da administração rural

A administração rural passa por várias modificações estruturais e comportamentais frente à nova
ordem mundial de globalização, consumindo conceitos antigos e reconhecendo suas teorias na busca do
aperfeiçoamento organizacional para a empresa rural.
Nestas perspectivas podemos definir a empresa rural como sendo: “são aquelas que exploram a
capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de
determinados produtos agrícolas” (MARION, 2005:24).
Os conceitos da administração foram definidos e desenvolvidos, quando a visão de mudança dos
conceitos de denominação de fazenda foi revertido para empresas rural, com missão e visão bem
definidos na estruturação da administração e da produção em busca de resultados palpáveis.
Em uma ordem cronológica a administração rural sofreu influencias de formas de administração
moderna como a estratégia corporativa que apresentou grande desenvolvimento, principalmente a partir
da década de 1980 quando o fenômeno da reestruturação empresarial – “conjunto amplo de decisões e de
ações, com dimensão organizacional, financeira e de portfólio” (WRIGHT, KROLL e PARNELL, 2000)
tornou-se imperativo.
Assim, a administração estratégica se constitui em uma disciplina que estrutura, integra e
consolida o conjunto de premissas, ativos tangíveis e intangíveis, mercados e ambiente, possibilitando à
organização obter vantagem competitiva na realização de seu negócio.

Administração Rural 3
Face à implementação da tecnologia no contexto rural a administração ganha novas perspectivas:

□ Grande encadeamento: Mecanização, produção de massa, ganho em volume...; com função


“otimizadora”;

Mediadora: Oferta de produtos e serviços na rede de relacionamentos (Banco, cotações internet, vendas
on-line, conexão com o mundo), exercendo função indutora;

□ Intensiva: exerce função de capacitar o profissional de administração rural (curso de administração


rural, consultorias, faculdades na área de administração rural).

A determinação dos conceitos da administração estratégica pode ser revista no contexto de


sustentabilidade que a administração rural construiu suas bases e conceitos administrativos, neste sentido,
podemos definir a evolução, estudo e construção das novas ordens administrativas na área rural, baseando
nas seguintes obras e contexto histórico:

□ 1954 – Teoria Geral de Sistemas de Ludwig Von Bertalanfy na Áustria, abordagem sistêmica -
organização como sistema aberto, visão holística. Peter Drucker com sua obra “The Pratice of
Manegement” inicia uma nova era no pensamento administrativo e gerencial que considera a
administração como disciplina dada sua importância no estudo da organização;

□ 1960– Teorias X e Y de Douglas Mcgregor, “The Human Side Of Enterprise”, nos Estados Unidos da
América.

□ 1981– Teoria Z de William Ouchi, USA, estabelece o conceito de administração participativa;

Delimitando as fontes de atuação nas novas concepções administrativas atualmente podemos


definir as bases de atuação e desenvolvimento da empresa rural, através de concepções de uma empresa
integrada com o meio externo perceptíveis a alterações de clima e mercadológicas a qual os
administradores tendem a conhecer sobre os ciclos produtivos e minimizar as perdas sobre a construção
de planejamentos estruturados, capacitando e desenvolvendo os colaboradores internos a ponto de sua
motivação gerar idéias de desenvolvimento pessoal com qualidade de vida e satisfação dos clientes e
fornecedores.

Administração Rural 4
Não delimitar a nova cara da administração rural e o desenvolvimento de métodos e estudos
construtivos com o desenvolvimento da definição de que não só a produção seja suficiente para o
crescimento do setor, mas sim sua política de comercialização destes produtos em torno: o
“Agronegócio”.

Assim, podemos definir Agronegócio como sendo:

- soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas
unidades agrícolas, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agropecuários e itens
produzidos a partir deles. Roberto Rodrigues, na edição Ano I/03 do Jornal da PUC-Campinas,
14/03/2005; <http://www.puc-ampinas.edu.br> entrevista /2005/03/14/ministro_rodrigues_integra.asp.

Conforme Souza et al (1988) “a administração é uma ciência e também uma arte. Ciência porque
possui um referencial teórico próprio, passível de ser tratado pelo método científico. E arte porque inclui,
na resolução dos problemas que surgem na condução das organizações, habilidade, sensibilidade e
intuição”.

A determinação do agronegócio na administração rural mostrou aos administradores que o


desenvolvimento das estruturas operacionais da empresa teria que mudar em busca da implantação da
tecnologia na produção, o aperfeiçoamento e capacitação da mão de obra frente a essas novas tecnologias
(máquinas, Colheitadeiras), o desenvolvimento de créditos auto financiados em bancos de investimento
para custeio de produção e safras e o aprendizado e profissionalização da comercialização dos produtos
agropecuários em torno da diferenciação ou a busca e abertura de novos mercados consumidores, como
forma de agregar mais valor a esses produtos.

A nova ordem da administração rural vem mostrar aos administradores uma quebra de paradigma
onde os conceitos de propriedade rural familiar deu lugar à empresa rural administrada por profissionais
detentores do conhecimento cientifico e adaptando de forma flexível os conceitos administrativos à
realidade das empresas agrícolas brasileiras.
Definidos os novos modelos e funções de administração à empresa rural, foram formados
definições de planejamento, analisando as possíveis alternativas e minimizando os riscos externos a
produção agrícola, vimos várias escolhas administrativas em um ambiente pouco previsível em forma de
acompanhamento de mercado e definições de estratégias de produção e comercialização, em contato com
a tecnologia da informação dada aos administradores modernos, no intuito de respaldo nas decisões de
gestão da empresa rural.

Administração Rural 5
Determinamos e mapeamos um mercado flutuante onde a lei de oferta e demanda constrói
riquezas de consistentabilidade de produção e desenvolvemos controle e programas de redução de custos
para maximizarmos os lucros na capacidade de controles exatos das operações.

A nova era da empresa rural mostra e forma profissionais autodidatas, que reproduzem as teorias
existentes em novos modelos metodológicos devido o novo surgimento e crescimentos a administração
rural e seus conceitos propondo modificações e alterações estruturais nas administrações usuais, definindo
novos conceitos e desenvolvendo a agricultura de nosso país na mais avançada do mundo e nossos
administradores nos detentores dos conhecimentos práticos e eficazes mais lucrativos do Agronegócio
Mundial ( Representa 42% das exportações mundiais, 82% mercado de suco de laranja, 38% soja em
grão, 29% açúcar, maior exportador de frango e maior exportador de álcool, maior exportador de carne,
segundo Prof. Aziz G. da Silva Jr. Departamento de economia rural – Universidade Federal em Viçosa,
artigo “Administração Rural no Agronegócio Brasileiro, 2006.)

2.0 O Processo Administrativo

1.3.1. O Ambiente da Empresa


Rural

O ambiente é o universo que envolve


externamente a empresa. As variáveis que
compõem o ambiente da empresa rural são:
variáveis tecnológicas, variáveis
econômicas, variáveis políticas, variáveis
sociais, variáveis legais, variáveis
demográficas e variáveis ecológicas.

Do ambiente geral é constituído o ambiente operacional da empresa (necessárias ao seu funcionamento).


O ambiente operacional é constituído por quatro setores principais;

 Consumidores – pessoas físicas ou jurídicas. Formam o mercado agrícola e possuem,


normalmente, melhores informações sobre os preços do que o produtor.

Administração Rural 6
 Fornecedores - são todas as instituições que fornecem recursos para a empresa rural como; crédito,
mão-de-obra, insumos, assistência técnica, serviços em geral etc

 Concorrentes - formados pelos outros empresários rurais que concorrem tanto na venda de
produtos como na obtenção de insumos e serviços

 Regulamentadores formado por órgãos do governo, associações e sindicatos que de alguma forma
impõem controles, limitações ou restrições às atividades da empresa rural. Ex: normas para
produção de leite B, a legislação de crédito rural e trabalhista.

Todo proprietário rural, que decide pela transformação de sua “Fazenda” em uma EMPRESA,
deve passar inevitavelmente pelo processo administrativo. Ele é fundamental para o sucesso do
empreendimento.

Compõe o processo administrativo, o planejamento, a organização, a direção e o controle. Este


processo ocorre tanto no nível estratégico como no gerencial e no operacional.

Planejamento

“O planejamento é uma atividade pela qual o homem, agindo em conjunto e através da manipulação e do
controle consciente do meio ambiente, procura atingir certos fins já anteriormente por ele mesmo
especificados“.(Friedman, 1.960). Planejar é decidir antecipadamente o que deve ser feito, levando-se em
conta as condições da organização e do contexto da mesma.

O planejador dever imprimir flexibilidade ao seu trabalho para atender às constantes modificações
que ocorram nos ambientes, interno e externo da empresa.

O planejamento estratégico prevê as análises globais, considerando todas as explorações, atuais e futuras,
bem como as possíveis inter-relações entre elas. São definições de longo prazo, considerando os objetivos
da empresa, as variáveis do ambiente, as condições internas da empresa e as alternativas estratégicas.

O planejamento gerencial é a ponte entre o planejamento estratégico e o operacional. Os planos


gerenciais contemplam o orçamento, a programação linear e a relação custo-benefício, dentre outros.

O planejamento operacional refere-se às ações de curto prazo. Define para cada exploração, as
tarefas a serem executadas, a forma de executá-las e os responsáveis por elas. Refere-se quando executar
(tempo), como fazer (tecnologia) e os recursos financeiros e humanos a serem utilizados.

Administração Rural 7
Organização

A organização é a função administrativa que agrupa e estrutura os recursos da empresa para que
possam ser alcançados os objetivos gerais e específicos. Pode ser subdividido em Organização Pessoal e
Física.

A organização pessoal se refere à estruturação dos cargos e tarefas de todos os envolvidos nos
trabalhos da empresa. Como exemplo: Cargo: capataz do gado de corte. Função: controlar as operações
de campo como: Efetuar o controle diário das operações, anotações das ocorrências, planejar o manejo
dos pastos e etc.

A elaboração do organograma da empresa evidencia a estrutura hierárquica dos cargos existentes.


Evidencia a posição de cada um dentro da empresa.

A organização física se refere à disposição das áreas de exploração em relação às benfeitorias,


máquinas e equipamentos, materiais e insumos. Visa evitar movimentos inúteis, que acarretam perda de
tempo e aumento de consumo de combustíveis, maiores custos e conseqüentemente, redução do lucro.

2. 3 Direção

A direção é uma função essencial no processo administrativo. São as pessoas que fazem a empresa
funcionar. Motivação, liderança e comunicação são recursos que devem ser empregado para se buscar
êxito na ação diretiva.

Motivação: Refere-se ao aspecto interior das pessoas. A motivação aguça a vontade de execução do
trabalho.

Liderança: Influencia exercida sobre pessoas em determinadas situações visando a obtenção de objetivos
gerais ou específicos. Deve se ter em mente que o comportamento humano difere de pessoa para pessoa e
de situação para situação.

Administração Rural 8
Comunicação: é a troca de informações e transmissão de ordens entre os setores da empresa.

2. 4 Controle

Deve ser uma atividade contínua. Monitora as ações desempenhadas nos diversos setores da
empresa e a eficácia no cumprimento dos objetivos.
Para a execução do controle é necessário:

Estabelecer padrões – 10 dias/homem para confecção de 1 km de cerca de 5 fios e lascas a cada 5 metros.

Medir desempenho – Constatação de que foram suficientes 8 dias/homem.

Comparar desempenho com o padrão – superado o padrão.

Identificar as causas – condições de trabalho adequadas, material no lugar, mão de obra qualificada e
eficiente.

Ação corretiva – estabelecer novo padrão.


O controle deve ser usado como uma ferramenta para tomada de decisão.

Com o processo administrativo estruturado, o empresário rural está apto a alcançar os objetivos gerais e
específicos de sua empresa.

3. Capitais e Custos de Produção

Leis Gerais da Produção.

É importante conhecer os fatores da produção, para que possam ser reunidos e combinados, sempre
que for elaborado um projeto empresarial. Para se fazer projetos econômicos, são reunidas as estimativas
dos gastos em geral e os benefícios x previstos, rendas ou receitas. É importante a avaliação das
vantagens e desvantagens do uso dos fatores de produção disponível de um país, tendo como objetivo a
produção de bens econômicos.

Este texto é importante economicamente para a compreensão da teoria da formação do preço e também
para o estudo da distribuição da renda nacional ou social.

A empresa é voltada para a produção, então ela se destina a produzir bens e serviços observando a reunião

Administração Rural 9
ou combinação dos fatores de produção.

Vamos falar a seguir neste artigo das Leis Gerais da Produção, como a lei do rendimento crescente e a lei
do rendimento decrescente.

Esta matéria pode ser sintetizada ao estudo da lei da proporção dos fatores de produção, (denominada
também por lei do rendimento não proporcional, lei da produtividade crescente e lei das proporções
definidas), sendo que o rendimento crescente e o decrescente são considerados períodos diferentes do
mesmo processo de produção.

Os princípios, ou leis de algumas ciências são regulares, exemplo é a Química com a produção de água,
que é o resultado da combinação de duas moléculas de hidrogênio e uma molécula de oxigênio (H2O).
Quando não existe regularidade na dosagem ou reuniões dos fatores de produção para as empresas (nem
para as que exploram as mesmas atividades), alguns autores fazem uma avaliação nesses casos, como
uma tendência para o rendimento crescente ou para o rendimento decrescente, sem dar-lhes o caráter de
leis como em outras ciências.

Depois de esclarecer alguns pontos, vamos continuar às nossas considerações, usando as denominações
tradicionais que são: leis do rendimento crescente e decrescente e lei da proporção dos fatores da
produção.

Quando falamos da proporcionalidade dos fatores de produção, destacamos a importância para os


empresários ou à economia das empresas, porque a produção de bens e serviços envolve vários aspectos,
que vamos destacar a seguir:

1º Custo de produção (principalmente o custo dos fatores de produção).

2º Divisão do trabalho (considerado um dos princípios fundamentais da organização racional do trabalho.


O trabalho dividido resulta em maior e melhor produção).

3º Concentração das empresas (principalmente a localização estratégica das empresas visando às


facilidades na obtenção das matérias-primas e a da força do trabalho, isto é, mão-obra).

4º Produtividade ou rendimento (é considerado um índice que revela o grau de aproveitamento integral

Administração Rural 10
dos fatores de produção disponíveis).

5º Determinação de preços (visto de regra, os preços dos bens econômicos é estabelecido em função dos
custos dos fatores de produção).

Os cinco aspectos têm influência direta nos resultados, quanto a maior ou menor qualidade e quantidade
dos fatores de produção.

Os enunciados das leis do rendimento crescentes e decrescentes ficam assim:

1º Lei de rendimento crescente: Com o aumento da produção vem automaticamente o aumento dos
recursos (fatores de produção) importante para este objetivo. Porem isto acontece até um certo limite, o
qual foi denominado máximo rendimento crescente ou eficiência; a partir daí prevalece à lei do
rendimento decrescente.

2º Lei do rendimento decrescente: Normalmente quando atingi certo limite, as despesas podem aumentar
(custo dos fatores de produção), porém a produção não é proporcional aos gastos efetuados.

Os economistas da escola clássica ou ortodoxa observaram primeiro no setor agrícola, o fenômeno do


rendimento crescente e decrescente, então surgiu o conceito: "Todo acréscimo de produto se obtém por
um aumento mais do que proporcional na aplicação do trabalho a terra".

Seguindo esse raciocínio, podemos analisar o fenômeno assim: Quando aumentamos o trabalho, os
adubos e as sementes em determinada extensão territorial, nota-se a principio um aumento de produção.
Observamos que se continuar aplicando recursos disponíveis à produção tem um acréscimo para em
seguida decrescer, então o rendimento agrícola não será mais proporcional aos gastos efetuados.

O mesmo ocorre com a produção industrial, ou em qualquer produção. Não existe uma precisão
matemática, porém a tendência revele que os resultados não são proporcionais às despesas efetuadas
(maior emprego de fatores de produção).

Concluímos que para os empresários e o governo é importante saber dosar (qual proporção) os fatores de
produção, para se obter o máximo rendimento da empresa ou do sistema econômico.

Administração Rural 11
O aumento sucessivo da quantidade de um fator de produção, combinado com uma quantidade fixa de
outro fator de produção e se mantendo constante, o produto em relação ao fator variável crescera mais que
proporcionalmente, devera atingir o máximo, depois decrescerá.

Quando se faz acréscimo em alguns fatores, relativamente a outros fatores fixos, a produção cresce,
porém quando ultrapassar certo ponto, o acréscimo do produto resultante de igual adição de fatores se
tornará cada vez menor, observa-se um decréscimo de rendimento extra, o qual é o resultado do fato de
que as novas doses dos fatores variáveis têm de trabalhar com quantidade cada vez menor do fator fixo.
Alguns economistas reconhecem que a lei dos rendimentos decrescentes é um fenômeno regular
econômico técnico, freqüentemente observado, porém é difícil determinar o melhor ponto para a reunião
ou combinação dos fatores de produção, para se obter um rendimento máximo da produção.
O economista austríaco Joseph A. Schumpeter (1883-1950) desenvolveu a teoria das leis do rendimento
no sentido de que existe um ponto ótimo na reunião dos fatores de produção cujo resultado é o
rendimento máximo.

Custo de Produção

A produção é um fenômeno econômico que produz bens e serviços para serem comercializados (troca ou
permuta). Na qual a produção é o resultado da ação humana, ela exige, um sacrifício (ou esforço) e
também o aproveitamento de outros bens econômicos.

O esforço humano (mão de obra ou trabalho) e também o uso dos bens como: equipamentos, máquinas,
matéria-prima etc., foi denominado de "custo". Então a produção de bens e serviços gera um custo, não se
tem produção sem custo.

Quando a produção tem como consumidor o próprio produtor e sem a aquisição de materiais comprados,
o que dificilmente acontece, neste caso o custo é baseado somente no esforço produtivo. Exemplo: a
pessoa que busca a água no rio, tem como custo somente o esforço, o trabalho.

No passado o homem trocava os produtos que produziam ou que estava sobrando, (troca direta) por
outros produtos para satisfazer as suas necessidades, mas com o passar do tempo iniciou-se a fase da troca
indireta, onde a troca ocorria através da moeda ou do credito, então o custo de produção passou a ser
avaliado em dinheiro, obtendo assim uma expressão monetária.

Administração Rural 12
Existem duas definições de custo de produção que são: Definição de sacrifício e definição da
confiabilidade de custos.

1. Definição de sacrifício: Os custos de produção têm origem quando é realizado um ato concreto,
(quando produzimos certa quantidade de mercadorias) é a soma de valores sacrificados para completar
um ato.

2. Definição da confiabilidade de custos: Defini-se como custo o consumo, quando avaliamos em moeda
corrente do país, os bens e serviços voltados para a produção e que venha a constituir o objetivo da
empresa.

O nosso próximo passo é estudar a sua classificação de custos, que são muitas, encontradas
principalmente em livros que estuda a disciplina Contabilidade de custos, composta de custos diretos
(mão-de-obra e materiais) e custos indiretos (mão-de-obra indireta e outros gastos indiretos).

Em Economia a classificação de custos tem pouca diferença, a qual se resumi no modo de ver a questão.

John Maynard Keynes nasceu em Cambridge, Inglaterra (1883 - 1946), considerado o maior economista
do século XX. Escreveu várias obras, das quais podemos destacar a publicação em 1936, do livro "Teoria
Geral do Emprego, do Juro e da Moeda", na qual faz criticas as escolas clássicas e neoclássicas, ele
considerava os fatos econômicos pela ótica individual (microeconomia), denominada de parcial. Esta
teoria chamada de Geral estuda a economia global (macroeconomia).

A sua teoria teve grande repercussão, fazendo uma revolução na economia, a qual foi denominada
"Revolução Keynesiana". O autor ao tratar do conceito de renda, define os vários custos que integram a
produção de bens econômicos. Alterando o seu texto original podemos classificar em duas categorias
gerais que são: custos primários e custos suplementares.

Custos primários: subdivididos em "custos dos fatores" e "custo de uso", são voluntários. Significa que
dependem de decisões dos agentes de produção que são os empresários.

Custos suplementares: subdivididos em "custos de obsolescência" e "custos fortuito", são involuntários,


quer dizer não dependem da vontade dos agentes da produção.

Administração Rural 13
Classificação de custos:

Custos primários (voluntários).

A - "Custo dos Fatores": pagamento aos fornecedores dos fatores da produção.

B - "Custo de Uso": 1º Utilização de bens adquiridos de outros empresários. 2º Depreciação do capital


fixo (equipamentos).

Custos suplementares (involuntários).

A - "Custo de Obsolescência: O equipamento com o passar do tempo perde seu valor por se tornar
obsoleto, então se tem a perda do equipamento de produção, que é denominado capital fixo, isso ocorre
independentemente do desgaste físico. É uma diminuição involuntária do valor do capital, porem prevista
pelo empresário. Em alguns casos este fato ocorre devido à existência de equipamentos mais modernos,
deixando ultrapassada os equipamentos industriais. Então se tem aumento de custos nas industrias com
equipamentos obsoletos. A denominação "desinvestimento" é quando a empresa desativa os equipamentos
de produção danificados ou ultrapassados.

B - "Custo Fortuito" (involuntário): A redução do capital pode ocorrer por vários motivos inesperados
como roubos, incêndios, enchentes etc. Nestes casos deve-se reconhecer a redução do capital e patrimônio
da empresa. A nossa legislação reconhece que pode haver tais ocorrências, permitindo a regularização de
seus registros contábeis, para que seja retratada a verdadeira situação econômico-financeira da empresa.

O que vamos ver a seguir é muito importante o seu entendimento, porque mostra o que ocorre na micro e
na macroeconomia, mostrando igualdade da produção global do sistema econômico. Veja como fica a
fórmula:

Produção global = Consumo + Investimento = Renda global.

Podemos afirmar que toda produção econômica tem um custo, o qual tem influencia na formação do
preço de venda para o consumidor, com qualquer metodologia adotada para o seu cálculo.

Administração Rural 14
4.0 Decisão do Agronegócio

Pode-se dizer que qualquer tipo de tomada de decisão envolve um processo complexo, na medida
que necessita da consideração de múltiplas variáveis que influenciam os resultados, sejam as mesmas
internas ou externas ao ambiente de decisão. È possível ainda afirmar que, quanto mais complexo for o
ambiente que envolve o processo decisório, mais difícil este último se torna, uma vez que aumenta o
número de variáveis a serem analisadas, assim como as relações entre estas variáveis tomam formatos
quem nem sempre permitem algum tipo de previsão.

Se considerada uma conjuntura econômica atual marcada, tanto pelo aumento dos players
mundiais, quanto pela aceleração da reorganização dos processos produtivos, movimentos que são
decorrentes da abertura das economias e do aprimoramento dos sistemas de informação, percebe-se que
tomar uma decisão deixou de ser, há muito tempo, uma questão trivial.

No ambiente dos agronegócios o panorama observado não parece ser diferente. A gestão de
cadeias produtivas que tenham por base commodities agrícolas envolve uma série de decisões específicas
à mesma, o que envolve uma crescente complexidade de elementos envolvidos em algumas delas. Isto
ocorre não somente em função de sistemas produtivos cada vez mais tecnificados e pela ampliação da
especificidade exigida pelos mercados demandantes, mas também de fatores como o incremento de valor
agregado de alguns produtos finais e a ampliação de opções existentes entre os insumos disponíveis.

Visando o entendimento desta complexidade que envolve as cadeias produtivas, pode-se buscar
em Azevedo (2001) a crítica sobre a visão tradicional de comercialização, que seria a simples venda de
determinado produto. Para este autor, quando se trata de uma cadeia produtiva, deve-se entender que o
conceito de comercialização é mais amplo, sendo entendido como a transmissão do produto pelos vários
estágios produtivos. Esta concepção traz consigo algo de sistêmico, e obriga a pensar que variações em

Administração Rural 15
qualquer um dos estágios pelos quais o produto passa, poderão ser sentidas nos demais estágios, como
numa “reação em cadeia”.

Este mesmo autor ainda afirma que, como em outra qualquer atividade econômica, a
competitividade global de uma empresa agrícola depende da sua eficiência em comercializar seus
insumos e produtos. Mas, no caso específico das atividades agrícolas, cabe acrescentar a este cenário
algumas particularidades que acabam por influir na tomada de decisão, principalmente no que concerne à
sazonalidade da oferta, constância da demanda e natureza biológica da produção agrícola.

Devido à dependência que as atividades agropecuárias têm, tanto do ciclo de vida das plantas e
dos animais, quanto do clima e das estações do ano, acaba por existir a concentração da oferta de produtos
agrícolas em determinados períodos do ano. Aliado a isto tem-se que a demanda de grande parte dos
produtos agrícolas está relacionada à alimentação humana, havendo assim uma tendência para que esta
comporte-se de maneira estável ao longo do ano. Estas relações entre “oferta oscilante e sazonal x
demanda constante” refletem-se nos preços dos produtos, os quais tendem a baixar em momentos de
oferta crescente, aumentando novamente em momentos de escassez de oferta.

De acordo com Buainaim e Souza Filho (2001), o progresso tecnológico tem modificado a
sazonalidade “natural”, encurtando os tempos de crescimento e maturação das espécies, desenvolvendo
espécies adaptadas a ambientes diferentes daqueles originários, além de vir possibilitando o
desenvolvimento de tecnologias que reproduzem as condições climáticas e ambientais originais.
Entretanto, apesar do progresso nestes campos, em menor ou maior grau a atividade agropecuária
continua sazonal e, em grande medida, fortemente dependente de fatores da natureza.

Essa sazonalidade reflete-se em uma acentuada rigidez da produção agropecuária, seja para
responder às mudanças nas demandas dos mercados, seja para o produtor organizar seus fluxos
financeiros. Enquanto na indústria é, em geral, possível utilizar as receitas correntes para cobrir pelo
menos parte dos gastos correntes, na agricultura despesas e receitas realizam-se em períodos diferentes,
uma vez que ao longo de vários meses o agricultor deve cobrir os gastos com preparação do solo, plantio,
mão-de-obra, serviços, etc., e só depois da colheita é que realizará a receita decorrente da venda de sua
produção (BUAINAIM e SOUZA FILHO 2001).

Outro elemento que complexifica o processo de tomada de decisão dentro do ambiente


agronegocial é o surgimento de novos mercados e finalidades para produtos agrícolas que, historicamente,
vinham sendo usados para a alimentação humana e animal. Um exemplo desta situação é a abertura de um
espaço de mercado, cada vez mais amplo, para a geração de energia renovável, onde se destacam os

Administração Rural 16
biocombustíveis. Frente a este contexto, estudos apontam para o fato de haver, em um futuro próximo, a
competição entre produtos destinados para fins de alimentação e para a obtenção de energia.

Um destes estudos é o de Hill et al. (2006), o qual aponta que se os Estados Unidos da América
utilizasse toda sua produção de milho e de soja em 2006 para fins de obtenção de biodiesel, a mesma seria
suficiente para atender apenas 6% da demanda anual de diesel neste mesmo país. O estudo ainda aponta
que, sob o ponto de vista de energia, o consumo do alimento milho por seres humanos gera mais energia
do que se transformado em combustível, sendo em função disso inviável sob o ponto de vista da
conversão energética.

Pode-se vislumbrar, preliminarmente, que a utilização de produtos agrícolas para fins de obtenção
de biocombustíveis irá gerar, pelo lado da demanda, incrementos, o que, associado à uma oferta
inelástica, geralmente condicionada, entre outros fatores, pela disponibilidade de terras para plantio,
ocasionará incrementos positivos nos preços das commodities, impulsionando assim os produtores rurais a
optarem pela sua produção. Ainda, se a configuração de ampliação da especificidade dos grãos
oleaginosos para produção de combustíveis se materializar (estudos indicam a seleção de grãos e melhoria
genética para ampliação da capacidade produtiva destes, com fins de geração de combustível) o produtor
rural definiria o mercado para seu produto já no momento do plantio, limitando as possibilidades de
reorientação do mesmo para outros mercados, caso algum percalço o atinja durante o processo produtivo.

Com base nestes elementos é possível afirmar que a tomada de decisão em cadeias produtivas
agroindustriais tem um elevado grau de complexidade, o que dificulta o processo que antecede a mesma.
Neste sentido, tentativas, por parte dos atores envolvidos nestas cadeias produtivas, de observar e
entender este processo, precisam considerar esta complexidade para que sejam eficientes. O objetivo deste
estudo está relacionado a esta idéia, ou seja, a partir de uma pesquisa bibliográfica, abordar elementos já
estudados sobre o processo de decisão, bem como elementos da Economia dos Custos de Transação e da
Análise Sistêmica, visando a elaboração de uma estrutura analítica sistêmica, multinível e interdisciplinar,
que possa ser usada para o estudo da tomada de decisão em cadeias produtivas agronegociais.

A teoria clássica do processo de tomada de decisão deriva da Escola de Economia Clássica, tendo
como seus pressupostos, entre outros, o entendimento de que os indivíduos possuem informações
completas acerca das possibilidades de decisão, racionalidade plena na escolha das opções e princípio
maximizador de utilidade.

Porém, a partir dos primeiros trabalhos do Professor Herbert Simon, na década de 1930, tais
premissas passam a serem contestadas. Simon (1945) sugeriu que os seres humanos não são
completamente racionais, mas racionalmente limitados. Além disso, de acordo com Simon (1977) e

Administração Rural 17
Leibenstein (1976), o agente econômico não é um maximizador por excelência, mas procura alcançar
objetivos satisfatórios, escolhendo uma alternativa que atenda a determinados critérios de decisão, sem
que esta seja a única ou a melhor opção disponível. Deve-se mencionar que os pressupostos de Simon
derivam da Psicologia e, como tal, estão focados na análise do comportamento dos agentes individuais,
comportamento este que acaba por influenciar os sistemas.

No ambiente organizacional as decisões estão diretamente relacionadas com o rumo do


empreendimento. Freitas et al. (1997) afirmam que é por meio de suas decisões que os administradores
procuram conduzir seu negócio a uma determinada situação. Para Simon (1945, p. 54) “as decisões são
algo mais do que simples proposições factuais. Para ser mais preciso, elas são descrições de um futuro
estado de coisas, podendo essa descrição ser verdadeira ou falsa, num sentido empírico. Por outro lado,
elas possuem, também, uma qualidade imperativa, pois selecionam um estado de coisas futuro em
detrimento de outro, e orientam o comportamento rumo à alternativa escolhida”.

Desta forma, pode-se dizer que uma decisão baseia-se em conhecimentos acerca de determinadas
relações de causa-efeito das opções disponíveis, visando escolher alternativas que levem às conseqüências
preferidas. Neste contexto, existem inúmeras variáveis que interferem no processo decisional. Para Freitas
et al. (1997) seriam relevantes para as decisões concernentes às organizações: a) seus objetivos; b) os
critérios de racionalidade e de eficacidade; c) as informações (falta ou excesso, situação de incerteza,
complexidade e conteúdo); d) raciocínio; e) valores; f) crenças; e g) recursos.

Em virtude inclusive desta amplitude de variáveis envolvidas, torna-se necessário que o


administrador dedique um tempo considerável ao processo decisório, pois este é o núcleo e a atividade
essencial dos administradores. Conforme Ansoff (1965), no entanto, as exigências em relação ao tempo
do responsável pela tomada de decisões parecem ser sempre superiores ao total do tempo que este dispõe,
o que acaba fazendo com que o processo de decisão não seja feito da forma mais adequada.

De acordo com Simon (1972, p.19), e ponderando a questão do tempo utilizado para um processo
de decisão, estas podem ser programadas ou não-programadas. As decisões são programadas na medida
que são repetitivas e rotineiras, havendo um processo definido para sua abordagem, dispensando assim a
necessidade de retroalimentação constante. Nos agronegócios pode-se associar esse tipo de decisão aos
fatores técnicos de produção. As decisões serão não-programadas na medida em que forem novas, não
estruturadas e de efeitos relevantes no sistema. Diante destas questões não existirá um método pré-fixado
para tratar o problema, em função da estrutura complexa e da diversidade de variáveis que podem se
apresentar envolvendo uma situação que exija uma decisão não programada.

Administração Rural 18
Pode-se dizer, então, que a decisão não programada é o tipo de decisão mais comum existente
atualmente, principalmente em função do processo de abertura constante das economias nacionais para
mercados globais e acirramento da concorrência. Estes processos influenciam as estruturas das cadeias
produtivas agroindustriais, exigindo novos arranjos de processos produtivos e de relação com
stakeholders organizacionais, fazendo com que cada vez mais o consumidor passe a ser o indutor do
processo produtivo, havendo então maior imprevisibilidade nas decisões organizacionais.

Outro elemento a ser considerado é que dentro de uma organização as decisões podem ter três
níveis. O primeiro é o nível operacional, onde as decisões são programáveis e os procedimentos a serem
seguidos são estáveis e cujo processo visa assegurar que as atividades operacionais serão bem
desenvolvidas. Já as decisões de nível tático normalmente são relacionadas ao controle administrativo e
ao processo de operações de controle, sendo que neste nível é necessário um determinado grau de
antecipação, ou seja, de planejamento a ex-ante e mensuração de efeitos a ex-post. Por fim, as decisões
em nível estratégico englobam a definição de objetivos, politica e critérios gerais de planejamento do
curso da organização, tudo com o propósito de desenvolver estratégias para que a organização seja capaz
de atingir seus objetivos gerais (SIMON, 1972; DRIVER et al., 1990; FREITAS et al., 1997).

No que tange ao processo decisório, relevante contribuição é dada por Macadar (1998), por meio
da criação e validação de um instrumento de pesquisa que procura definir o processo decisório a partir das
características individuais e coletivas dos agentes tomadores de decisão. Naquele trabalho são
apresentados construtos de tomada de decisão, os quais permitem identificar e definir o processo de
tomada de decisão, a partir da captura e análise das características dos indivíduos, estejam eles
organizados individualmente ou coletivamente.

Além das questões abordadas até aqui, outros aspectos podem influenciar a tomada de decisão, só
que agora ligados ao agente tomador de decisão. Entre estes aspectos estão o estilo decisório do
administrador e o nível de informação existente, os quais serão abordados no próximo item.

4.1. Os estilos decisórios e o nível de informações na tomada de decisão

Segundo Driver et al. (1990), os estilos decisórios variam de acordo com a quantidade de
informações que são utilizadas para a decisão, bem como pelo nível de planejamento utilizado, podendo
ser classificados como: decisivo, flexível, hierárquico, integrativo e sistêmico. Enquanto o primeiro é o
que utiliza poucas informações e pouco planejamento, orientando-se exclusivamente por resultados, o
último combina qualidades de outros estilos, tais como: planejamento de longo prazo, maximização do
uso de informações, valorização e criatividade. O estilo do decisor, segundo o mesmo autor, é

Administração Rural 19
determinante para a formulação intuitiva de seu processo decisório, sendo que este processo, em grande
parte, decorre da experiência decisória do indivíduo.

Macadar (1998) afirma existir um background decisório, ou um conjunto de habilidades


adquiridas por meio de diferentes vivências e experiências do individuo. Estas formam a “bagagem” de
experiência decisória do individuo, sendo que quanto maior for a mesma, mais capacitado e apto o decisor
está a tomar decisões com maior grau de complexidade. Ainda, aspectos como a idade, o tempo de
trabalho, a experiência gerencial, nível educacional, vivência em outros países ou regiões e o tipo de
decisões tomadas (operacionais, táticas e estratégicas) possuem relação positiva com o estilo decisório e
quanto maiores forem as capacitações, mais próximo o decisor estará do estilo decisório sistêmico
(MACADAR, 1998, KIRSCHENBAUM, 1992; DRIVER et al., 1990).

Outra variável relevante na tomada de decisão, e que está inter-relacionada ao estilo e à


experiência decisória individual, é o nível de informações. Conforme Davis e Olson (1987), a informação
de um tomador de decisão pode variar desde o conhecimento perfeito (certeza perfeita), passando pelo
risco, até a incerteza perfeita (ignorância completa), sendo que quanto maior for a incerteza, maior o grau
de risco envolvido numa decisão.

Para estes mesmos autores é mais comum a tomada de decisão sob condições de variação nos
graus de risco e de incerteza. O risco é um estado de conhecimento onde o tomador de decisão está
consciente dos problemas que enfrenta, mas não tem certeza a respeito dos resultados da aplicação do
plano de ação. Neste sentido, pode-se dizer que existem dois tipos de risco, identificados como risco
objetivo ou calculado, e risco subjetivo ou cognitivo. O risco objetivo é aquele onde a probabilidade de
ocorrência de um determinado evento pode ser mensurado, seja mediante histórico de dados, ou a priori.
Conforme varia negativamente a disponibilidade de informações, diminuiu a possibilidade de mensuração
do risco, havendo a transição para a decisão sob condição de risco subjetivo. Este se caracteriza por
ocorrer quando a probabilidade de incidência de um evento é determinada subjetivamente, ou seja,
baseando-se a decisão fundamentalmente na intuição, que deriva da experiência e da familiaridade com
uma determinada situação, que por isso relaciona-se com a cognição.

Diante disto, conforme cresça em complexidade o ambiente e a quantidade de informações


disponíveis, o processo de tomada de decisão varia desde a incerteza perfeita à certeza perfeita. Em geral,
estes opostos não são atingidos, o que por um lado decorre do fato de o ser humano ser dotado de
limitações cognitivas, o que impede que esse individuo possa ter conhecimento completo de um fato ou
da conseqüência futura de uma decisão. E, por outro lado, a ignorância completa é rara, pois os seres
humanos são dotados de uma racionalidade, que ainda que incompleta, permite aos mesmos antecipar
fatos, muitas vezes em função de seus instintos (SIMON, 1986).

Administração Rural 20
A ampliação dos estudos sobre tomada de decisão fez com que vários autores propusessem
modelos e pressupostos acerca destes. O próximo item faz uma abordagem de alguns modelos,
enfatizando os elementos escolhidos para a estrutura analítica que se quer elaborar.

Pressupostos e modelos de tomada de decisão


A maioria dos modelos elaborados sobre os processos decisórios parte do pressuposto da
racionalidade plena, que envolve a idéia do individuo maximizador e possuidor de todas as informações,
tendo total controle sobre os efeitos do processo de tomada de decisão. Estes modelos são denominados
de Modelos Racionais de Tomada de Decisão, sendo usados geralmente por organizações que pesam
suas opções e calculam níveis de risco ótimos. Assim acreditam ser possível minimizar a incerteza,
possibilitando uma decisão que assegura o sucesso da ação com efeitos duradouros (STONER e
FREEMAN, 1985).

No entanto, para um grupo de autores, como Dewey (1933), Kepner e Tregoe (1965), Archer (1980), e
Bethlem (1987), nenhuma abordagem do processo de decisão é capaz de garantir que a decisão seja a
certa, mas tenta garantir que os gestores que usam uma abordagem racional e sistemática tenham mais
probabilidade de chegar a soluções satisfatórias. Para estes a operacionalização deste modelo dá-se
mediante a execução de quatro estágios principais: a) exame da situação (consiste da definição do
problema, da identificação dos objetivos da decisão e do diagnóstico das causas); b) criação de
alternativas; c) avaliação das alternativas e seleção da melhor; e d) implementação e monitoramento da
decisão.

Já para Davis (1988) o processo decisório é composto de cinco fases indivisíveis. Estas fases, mesmo
variando de caso em caso, são aplicáveis, em geral, a todos os tipos de empreendimentos, pois seus
objetivos são praticamente os mesmos. Segundo este autor, o processo decisório consiste de se identificar,
ou formular, quais alternativas estão a disposição para a escolha. Em seguida vem a fase onde são
examinados todos os fatores que influenciam de forma relevante o valor e risco. Então são avaliadas, e
analisadas, as alternativas em termos dos requerimentos necessários para que sejam alcançados os
objetivos. A partir disso deve ser estabelecido e comparado um ranking de escolhas, para finalmente ser
selecionada a alternativa que provê o melhor, e mais aceitável, curso de ação. O fluxo entre estas fases
pode ser observado na figura 1.

Administração Rural 21
Figura 1 - As Cinco Fases do Processo Decisório.

Fonte: Adaptado de Davis (1988).

No entanto, as relações sócio-econômicas atuais, muito mais interativas e influenciadas por fatores
oriundos de vários meios, fazem com que esses modelos pareçam distantes da aplicabilidade geral. Eles
tangenciam a idéia de que o ser humano tem o domínio de todas as variáveis, porém sabe-se que estes não
tomam suas decisões somente desta forma. Em vez disso, estes tendem a usar o que Simon (1945) chama
de racionalidade limitada. Mais do que isso, de acordo com Tversky e Kahneman (1971) os seres
humano também decidem com base em regras empíricas, as quais denominam de heurísticas,
dificilmente passíveis de previsibilidade ou padronização. Ambas as características remetem ao fato de
que tendências também influenciam a tomada de decisão.

A racionalidade limitada mostra que os tomadores de decisão, freqüentemente, decidem com base
em uma assimetria de informações, ou seja, os mesmos não percebem todos os fatores que podem
influenciar a natureza do problema e de suas possíveis soluções. Isto deriva, entre outros fatores, da
incapacidade do ser humano em trabalhar com grandes quantidades de informação devido aos seus limites
cognitivos. Assim, ao invés de buscar a decisão perfeita, ou ideal, os administradores aceitam e se
satisfazem com a primeira decisão tomada, ao invés de maximizar ou encontrar a decisão ótima (SIMON,
1945).

Outros aspectos presentes na tomada de decisão são os princípios heurísticos, ou regras empíricas,
que em geral simplificam a tomada de decisão. A capacidade heurística é uma característica dos seres
humanos, que pode ser descrita como a arte de descobrir e inventar, ou resolver problemas, mediante a
criatividade e o uso do pensamento. Entende-se por heurística o método de tomada de decisão que se
desenvolve por meio dos conhecimentos prévios do decisor para solucionar impasses semelhantes, a partir
do uso de sua capacidade de análise e síntese. Em geral, conforme Bazerman (1988), três heurísticas
podem aparecer na tomada de decisão: disponibilidade, representatividade e ancoragem e ajuste.

O Modelo Decisório de Racionalidade Limitada de Simon leva em conta os pressupostos


mencionados anteriormente, quais sejam: racionalidade limitada e heurística. A tomada de decisão por
este modelo, conforme Simon (1977), compreende quatro fases, as quais são indivisíveis e
complementares, estando envolvidas por um constante feedback.

A primeira fase (inteligência ou investigação) compreende a análise do ambiente, na qual é feita a


coleta e o processamento de informações de forma a se identificar as oportunidades e ameaças. Já a
segunda fase (concepção ou desenho) consiste de analisar os possíveis cursos de ação, formular o
problema, construir e analisar as alternativas viáveis para uma situação que requer decisão. A terceira fase

Administração Rural 22
(escolha) é aquela onde se escolhe uma determinada linha de ação, dentre as alternativas disponíveis, ou
viáveis, sendo esta escolha determinada por um número restrito de informações captadas, em função da
limitação de racionalidade e de cognição. Esta também pode ser chamada de fase da implementação da
decisão escolhida. Por fim, a quarta fase (revisão) consiste de avaliar as escolhas passadas, de forma a
retroalimentar o sistema futuro por meio do aprendizado passado.

Os modelos de decisão vão com o tempo se sofisticando, até que se perceba que todos têm
características comuns. Verifica-se, por exemplo, que o processo de tomada de decisão é acurado, e por
muitas vezes seu sucesso depende da quantidade de informações que se dispõe, bem como dos possíveis
resultados da aplicabilidade de planos de ação determinados por estas variáveis. Mesmo assim, um último
conjunto de elementos precisa ser considerado para que se tenha noção das variáveis que podem
influenciar o processo: o ambiente decisório e os fatores que influenciam a tomada de decisão, o que será
visto no próximo item.

O ambiente decisório e os fatores que influenciam a tomada de decisão

O processo de decisão ocorre em um ambiente que é influenciado diretamente por diversos grupos
com diferentes interesses. Pode-se dizer que até mesmo a diferença do próprio ambiente condiciona a
ocorrência de fatores específicos que afetam a decisão. Neste sentido, Davis (1988) procurou descrever,
em seu modelo, um conjunto de fatores que influenciam a tomada de decisão em uma organização.

Os fatores operacionais são aqueles que estão mais presentes no processo decisório. Nele se
enquadram aspectos como a mão-de-obra, os recursos e meios de produção com seus respectivos custos,
as habilidades dos produtores e funcionários, entre outros. Já os fatores organizacionais estão
relacionados às questões internas das organizações - como a imagem, aos problemas motivacionais e
envolvimento de seus participantes, de sua estruturação e até mesmo às suas políticas internas. Os fatores
externos relacionam-se ao ambiente exterior à organização, como a avaliação de questões legais, da
dinâmica de mercado, dos competidores e de aspectos regulatórios, sendo necessário o entendimento
destas interações para a tomada decisão com menor grau de incerteza. Ainda os fatores de considerações
informacionais relacionam-se a disponibilidade de informações ao decisor no momento em que as
mesmas sejam necessárias. Por fim, os objetivos gerenciais constituem-se do último nível, logo sendo o
mais abrangente, e por isso capaz de influenciar de maneira determinante o processo decisório.

Todos os modelos apresentados até então são em geral aplicados a organizações que sejam produtoras de
bens de consumo duráveis e não-duráveis, e bens de capital. Torna-se necessário então diferenciar as
cadeias produtivas que tenham como base organismos de origem biológica, na medida que estes tem uma
série de especificidades que agregam complexidade à tomada de decisão. Por este motivo, agrega-se aos

Administração Rural 23
elementos teóricos já abordados outros elementos que tratem dos fatores que podem influenciar a tomada
de decisão em propriedades agrícolas, como as especificidades inerentes à produção e comercialização de
commodities agrícolas.

Decisão em cadeias produtivas constituídas a partir de commodities agrícolas

A tomada de decisão em cadeias produtivas que tenham por base commodities agrícolas está
sujeita a uma série de outros fatores, os quais podem ser exclusivos da atividade rural. Em função destas
especificidades, podem tanto ocorrer decisões não programadas, as quais foram já caracterizadas, como
decisões novas, não estruturadas e raramente decorrentes de outras.

Isso remete ao fato de que a decisão em cadeias produtivas baseadas em commodities agrícolas
talvez seja mais complexa do que em outros setores produtivos. Este pode ser o motivo pelo qual, de
acordo com Bethlem (1987), não exista um método pronto para se resolver os problemas que vão
surgindo ao longo da cadeia produtiva, visto que: a) eles nunca ocorreram antes; b) a sua natureza e
estrutura são indefinidas, imprecisas ou complexas ou; c) porque é tão importante que merece um
tratamento “sob medida”.

Ainda de acordo com esse autor, vários são os modelos de decisão que podem auxiliar a tomada de
decisão do produtor rural, porém nenhum deles é de aplicabilidade universal. Assim, torna-se necessário a
seleção e uso de aspectos presentes em modelos distintos, formando o melhor modelo possível, e não o
modelo ideal, para ser usado na tomada de decisão.

Neste estudo parte-se dos pressupostos do Modelo Decisório de Simon, o mesmo modelo
referenciado por Macadar (1998) na construção de um instrumento de coleta de dados para observar a
percepção do processo decisório e as diferenças culturais. No entanto, devido a complexidade do setor, a
proposta analítica deverá contemplar também os diferentes fatores que podem influenciar a tomada de
decisão em níveis distintos de uma cadeia produtiva, passando desde aspectos ligados à atividade agrícola
dentro da porteira, até aqueles aspectos que envolvem a industrialização das commodities, ou seja,
localizados mais a jusante na cadeia produtiva.

No entanto, antes mesmo de discutir especificamente estes fatores, deve-se mencionar que a
atividade agrícola está ligada a um sistema maior, o qual, segundo Rodriguez (1996), é definido como
Sistema de Exploração Agrária. Este autor mostra em seu trabalho como as relações existentes neste
sistema influenciam a tomada de decisão em produzir commodities agrícolas. Assim, considera-se que o
agricultor, pessoa física, sua estrutura produtiva e os critérios de gestão que esta emprega, formam parte

Administração Rural 24
de um sistema de produção. Este sistema é uma combinação de uma série de elementos que se relacionam
entre si e com o exterior, levando-se em conta estes aspectos como condicionantes para a tomada de
decisão.

Outra relevante contribuição acerca dos fatores que influenciam a tomada de decisão dos
produtores rurais é a de Gasson (1973), em seu trabalho chamado “Objetivos e Valores dos Agricultores”.
Nesta obra é apontada a importância dos valores nas decisões dos agricultores, onde as metas (ou
objetivos), são definidas pela autora como “estados finais aos quais o individuo desejaria chegar”, os
quais dependem dos sistemas de orientações, ou valores, para serem alcançados.

Porém, é somente nos anos 80 que se passa a compreender que os agentes econômicos não
otimizam decisões com base em um único objetivo. Este paradigma ficou conhecido por paradigma
decisional multicritério. Segundo este, os agentes buscam um equilíbrio, ou compromisso entre um
conjunto de metas que estão usualmente em conflito. Destas contribuições é que surge a Teoria da
Decisão Multicritério, a qual por meio de uma ferramenta conhecida por programação multicritério pode
permitir completar as explicações sobre os tipos de decisão dos agricultores (RODRIGUEZ, 1996).

A partir das contribuições que a programação multicritério trouxe para esta área de estudos é que
Brandt (1980) constrói sua tipologia, ainda que naquele trabalho o foco não fosse o de analisar o processo
decisional, mas sim apontar os aspectos que podem influenciar a oferta de produtos agrícolas. O autor
aponta existirem cinco categorias de fatores que influenciam o processo de tomada de decisão dos
agricultores: econômicos, tecnológicos, ecológicos, institucionais e incertezas (advindas das
externalidades).

No entanto, é somente em Machado (1999) que são consolidados estes conceitos em relação ao
processo decisional. Em suma, este autor aponta que se tais aspectos afetam a oferta agrícola, isto ocorre
porque também estão influenciando as decisões dos agricultores, na medida em que ofertar um produto no
mercado é uma situação que exige o ato de decidir fazê-lo. Logo o ato de ofertar ou não sua produção no
mercado, é um processo que pode ser afetado pelas cinco categorias de fatores apontadas acima.

Concomitante a isso, a equipe de economia rural do CIMMYT (1991), subdivide as circunstâncias


que afetam a decisão dos agricultores, quais sejam as condições internas e externas. As condições
internas que afetam a decisão são os objetivos dos agricultores (risco, preferências e ingressos) e suas
restrições de recursos (terra, capital e trabalho), enquanto que as externas são as condições de mercado
(produto, insumos e crédito), as instituições e as políticas públicas. Ainda este autor aponta a tecnologia a
ser usada como um fator relevante da tomada de decisão, bem como aquelas circunstâncias que

Administração Rural 25
freqüentemente são fontes de incertezas para a tomada a decisão – clima, aspectos biológicos (pestes,
doenças, etc) e as condições de mercado.

Diante destas duas abordagens, foi elaborada a figura 2, que procura unificar os fatores gerais que
influenciam a tomada de decisão dos produtores rurais. Para esta construção adotou-se como pressuposto
a semelhança das abordagens, a qual mostra características homólogas que afetam a decisão do produtor
rural. Assim, é a partir desta construção, bem como daquela proposta por Davis (1988), complementadas
pelas contribuições das abordagens anteriores (tomada de decisão em cadeias produtivas), e posteriores
(Economia dos Custos de Transação), que será elaborada a proposta de estrutura analítica para observação
da decisão nos agronegócios.

Figura 2 - Os fatores que influenciam a tomada de decisão do produtor rural.

Fonte: Adaptado de Brandt (1980) e CIMMYT (1991).

A Economia dos Custos de Transação (ECT)

No âmbito do trabalho, busca-se apoio no referencial teórico da ECT para que se possa verificar o
papel da incerteza, freqüência, estrutura de informação e especificidade dos ativos no processo decisório
que compõe cadeias produtivas baseadas em produtos commoditizados.

A ECT está inserida no contexto da Nova Economia Institucional (NEI) - tendo como precursor o
trabalho de Coase (1937) The Nature of the Firm, que é uma vertente da economia que procura mais do
que somente analisar os custos de produção, admitindo que também existem custos associados às
transações (atos de compra e venda). Esta abordagem considera que, uma vez atuando em um ambiente

Administração Rural 26
institucional carregado de incertezas, as empresas utilizam nas suas transações instrumentos de
normalização, os contratos, que visam resguardá-las em caso de não cumprimento de termos ou de ganhos
adquiridos na operação (COASE, 1937).

A ECT pretende explicar as diferentes formas organizacionais prevalecentes no mercado. Entre


seus pressupostos, destaca-se que as empresas estão imersas em um ambiente de racionalidade limitada,
caracterizado pela incerteza e informação imperfeita. Assim, dessas características, decorrem os custos
de transação, cuja minimização vai explicar os diferentes arranjos contratuais que cumprem a finalidade
de coordenar as transações econômicas de maneira eficiente (WILLIANSOM, 1985).

Neste sentido, como referido anteriormente, pode-se mencionar as cadeias produtivas que tenham
por base commodities agrícolas como imersas neste mesmo ambiente, tudo ainda mais potencializado por
aspectos como a sazonalidade e a natureza biológica da produção agrícola. Desta forma, a organização
ideal da cadeia produtiva deveria possibilitar a minimização dos custos de transação, os quais oscilariam
de acordo com os atributos da mesma: complexidade e incerteza quanto aos resultados; especificidade dos
ativos envolvidos; freqüência e duração das transações; dificuldade de mensuração do desempenho das
instituições. No entanto, em função dos aspectos presentes na mesma, longe da lógica de minimização,
deveria se buscar a melhor combinação desses fatores de modo a possibilitar a garantia de custos de
transação apropriados à manutenção econômica da cadeia.

Assim, o propósito das propriedades agrícolas, das empresas, ou seja, da cadeia produtiva de
forma geral, é diminuir os custos de transação, estando incluídos nestes todos os custos necessários para
mover o sistema econômico. Estas transações são realizadas entre agentes econômicos, seja para trocar
bens, seja para permutar serviços. Ao realizarem as trocas, os agentes engajam-se em transações, as quais
distinguem-se por três características básicas (WILLIANSOM, 1985):

a) Freqüência: característica relacionada ao número de vezes que dois agentes realizam certas
transações, as quais podem ocorrer uma única vez, ou se repetir dentro de uma periodicidade. Nesta, a
reputação e a confiança tem papéis centrais, pois impedem que um dos agentes rompa algum contrato por
comportamento oportunístico;

b) Incerteza: está associada a fatos ou efeitos não previsíveis. É uma característica que pode levar
ao rompimento de um contrato de forma não oportunística e;

c) Especificidade dos Ativos: é a perda de valor dos ativos envolvidos em uma determinada
transação, quando a mesma não se concretizar.

De acordo com Williansom (1985), para compreender o fenômeno das transações, e por
conseqüência, a teoria da Economia dos Custos de Transação, faz-se necessário analisar algumas

Administração Rural 27
características dos agentes envolvidos, especificamente o oportunismo e a racionalidade limitada. Para o
autor o oportunismo implica no reconhecimento de que os agentes não apenas buscam o auto-interesse,
mas podem fazê-lo rompendo contratos já firmados a fim de apropriar-se de rendas associadas àquela
transação. Contudo, ainda identificamos três razões para os indivíduos manterem os contratos: reputação,
garantias legais firmadas nos contratos e princípios éticos. Quanto à racionalidade limitada, Williansom
(1985) afirma que os agentes desejam ser racionais, mas só conseguem sê-lo parcialmente. A limitação
surge da complexidade do ambiente que cerca as decisões dos agentes, fazendo com que os mesmos não
atinjam a racionalidade plena, bem como dos limites cognitivos do ser humano.

Visando minimizar o oportunismo dos agentes, mediante o estabelecimento de normas a serem


cumpridas, ou seja, estabelecer as regras do jogo, tem relevância a elaboração de contratos. Em suma, ao
se efetuar um contrato pretende-se reduzir os custos de transação, o que ocorre em virtude da
minimização dos custos de barganha a ex-post.

Os aspectos aqui apresentados podem servir de suporte ao entendimento dos fatores que
influenciam a tomada de decisão nos diferentes elos da cadeia produtiva, propondo como os agentes
podem definir como se tratará determinado tipo de contrato. A racionalidade limitada e os contratos
incompletos tornam complexa a elaboração de contratos que contenham todas as possibilidades futuras.
Aliado a isso, tem-se o fato de que os agentes possam vir a comportar-se de maneira oportunística, bem
como existe a possibilidade de existir especificidade nos ativos. Assim, o princípio básico que a teoria
demonstra é de que as organizações buscarão o alinhamento entre as características das transações, e as
características dos agentes, dentro de um ambiente institucional.

De forma geral, as commodities agrícolas possuem baixa especificidade, cabendo portanto ao mercado a
transação necessária para a aquisição do insumo, sem a necessidade de contratos. Porém, quando uma
commoditie começa a ter especificidades de características para usos determinados, pode-se passar a ter
uma oferta cativa do produto. Serve como exemplo disso a obrigatoriedade da adição de biodiesel ao óleo
diesel a partir de 2008. Este movimento faz com que as indústrias, mesmo diante de um ativo de baixa
especificidade, estejam promovendo a realização de contratos de fornecimento com determinadas
cooperativas e estas com produtores rurais de soja do RS, para que se alcance escala de fornecimento de
grão necessária para suprir a demanda das usinas produtoras de biodiesel.

Complexidade administrativa dos agronegócios


A análise sistêmica tem sua origem na Teoria Geral dos Sistemas elaborada por Ludwig Von
Bertalanffy. Para Bertalanffy (1979), o sistema é composto de um complexo de elementos em interação.

Administração Rural 28
O autor constata em seus estudos que existem leis gerais aplicáveis a qualquer sistema de determinado
tipo, sem importar as propriedades particulares do sistema nem seus elementos participantes.

Complementar a esta idéia, para Edgar Morin (1987, p. 99-100) o sistema é “uma interação de
elementos que constituem uma entidade ou unidade global”. Para o autor, esta definição compreende uma
idéia de inter-relação dos elementos e outra da unidade global que a inter-relação dos elementos acaba
constituindo. Neste sentido, não é suficiente associar inter-relação e totalidade, mas é preciso ter claro que
o caráter regular e estável das inter-relações é que vai garantir a idéia de organização necessária para que
se tenha o completo sentido de totalidade. Outra idéia de sistema, que se orienta por esta mesma
concepção de inter-relação, é a apresentada por Luhmann (1997), para quem sistema é um conjunto de
elementos que mantêm determinadas relações entre si e encontram-se separados por um ambiente
determinado.

Na concepção do autor, a relação entre o sistema e o ambiente é fundamental para caracterizar o


sistema, pois este é definido a partir do ambiente, o que faz com que os sistemas sejam abertos e fechados
ao mesmo tempo. Este paradoxo é explicado por Luhmann (1995) quando afirma que o sistema é fechado
no momento em que se observam as relações que ocorrem dentro do próprio sistema, ou seja, suas
relações internas, as quais lhe conferem uma série de características, orientando seu funcionamento.
Porém, estas relações sofrem o impacto do meio, os quais afetam e modificam o funcionamento do
sistema, sendo, neste momento, aberto.

Assim, para que o sistema seja entendido, os elementos do ambiente que lhe afetam passam a ser
incorporados como elementos pertencentes ao próprio sistema, fazendo com que este passe a ser fechado
novamente, ou seja, afetando o funcionamento do sistema, qualquer elemento externo passa a ter que ser
considerado como pertencente ao sistema. Assim a abertura existe no sentido de que um sistema não está
completo, nem pode ser considerado fechado, se todos os elementos que participam de sua dinâmica não
estiverem sendo considerados.

Ponderando esta afirmativa numa outra perspectiva, pode-se dizer que olhando para o interior do
sistema, observando suas características, fluxos e falhas, é que consegue saber o que buscar no seu meio
de inserção para completar o próprio sistema, melhorando seu entendimento e possibilitando seu melhor
funcionamento. Assim, fica mais clara a afirmativa de Luhmann (1997) acerca do fato dos sistemas
incluírem em sua constituição a diferença originada em seu ambiente e só poderem ser entendidos a partir
dessa mesma diferença.

Retornando às idéias de Morin (1987), no momento que os sistemas compõem uma organização
maior que o indivíduo, não se pode dizer que esta representa a soma dos indivíduos, pois as interações

Administração Rural 29
decorrentes deste arranjo produzem, por muitas vezes, um resultado maior do que apenas a agregação de
indivíduos. Ao mesmo tempo em que a observação do todo faz com que se percam especificidades que
são inerentes apenas aos indivíduos e que podem fazer com que estes sejam, em certos aspectos, maiores
que o todo considerado. Esta formulação paradoxal indica que um sistema é um todo que toma forma ao
mesmo tempo em que os seus elementos se transformam. Essa afirmativa leva a uma visão de
complexidade, de ambigüidade, de diversidade sistêmica, fazendo com que se passe a considerar em todo
o sistema não só o ganho em emergências, mas também a perda em imposições, sujeições e repressões
(MORIN, 1987).

Isto acontece porque a organização liga, de modo inter-relacional, elementos, acontecimentos ou


indivíduos diversos que passam a ser componentes de um todo. Os dois conceitos (organização e sistema)
estão ligados pelo conceito de inter-relação. Para Morin (1987) toda a inter-relação dotada de certa
estabilidade ou regularidade toma um caráter organizacional e produz um sistema. Desta forma o sistema,
considerado sob o ângulo do todo, é uno e homogêneo; considerado sob o ângulo dos constituintes, é
diverso e heterogêneo (MORIN, 1987). Esta seria a primeira e fundamental complexidade do sistema:
associar em si a idéia de unidade, por um lado, e de diversidade ou multiplicidade, por outro.

Outro enfoque de sistema, que também passa a idéia de organização, totalidade e complexidade, é
dado por Donnadieu (1997). Para este autor o sistema é um conjunto de elementos em dinâmica interação
e organizado em função de um objetivo. Nesta definição, encontra-se a idéia de complexidade, equilíbrio
e finalidade. A complexidade pode ser entendida, na visão de Donnadieu (1997), como a pluralidade de
elementos e sua interação, movimento. Por outro lado, a idéia de equilíbrio de um sistema mostra que
suas partes não são inertes umas em relação às outras, mas que interagem dinamicamente, sempre dentro
de uma organização. Por fim a idéia de finalidade, a qual aponta que os sistemas têm objetivos, pode ser
pré-determinada (como é o caso dos sistemas vivos, cuja finalidade é crescer e se multiplicar), como pode
ser auto-determinante (ou seja, o próprio sistema escolhe e trabalha por sua finalidade, com é o caso da
sociedade).

Uma ênfase deve ser dada ao elemento “complexidade”, que acompanha as definições ligadas às
idéias sistêmicas. Para Morin e Le Moigne (2000) o grande mérito do pensar complexo seria a
possibilidade de observar qualquer objeto ou contexto de forma a apreender o máximo possível de seu
funcionamento, características ou detalhes. Apesar da racionalidade limitada que acompanha o
pesquisador e que lhe impede de entender a completude de seus objetos, a complexidade o aproximaria
mais do real, do que os métodos reducionistas tradicionalmente utilizados.

Administração Rural 30
As inter-relações existentes no referencial: proposição de uma estrutura analítica

Nesta seção tem-se como objetivo consolidar os referenciais teóricos utilizados, de forma que se
possam observar as inter-relações e complementaridades existentes entre as contribuições dos autores
revisados, as quais servirão de base para a elaboração de uma estrutura analítica sistêmica, passível de uso
para análise de processos decisórios dentro do agronegócio.

Para que se construa o esquema a partir das bases teóricas referenciadas, foram considerados os
seguintes elementos:

1. Modelo de tomada de decisão de Simon (1977);


2. Aspectos ligados às especificidades presentes em cadeias produtivas que tenham como base
produtiva commodities agrícolas, um dos objetos deste estudo;
3. Características dos decisores;
4. Características da decisão;
5. Pressupostos da Economia dos Custos de Transação, os quais parecem estar presentes no ambiente
que engloba os agronegócios, seja ao nível das relações econômicas, ou até mesmo nas
características individuais dos agentes, ou atores, que compõe a mesma.
6. Elementos que dêem um caráter sistêmico à estrutura analítica, integrando elementos do ambiente
complexo de inserção dos processos de tomada de decisão.
Estes referenciais servirão tanto para agregar à análise aspectos específicos, tais como as
categorias inerentes às commodities (natureza biológica da produção agrícola e sua sazonalidade), e
elementos gerais que compõem os processos decisórios em qualquer área, além de levar em consideração
o macro-ambiente que afeta o agronegócio. A interação destes elementos permitiu a elaboração da
estrutura apresentada na figura 3.

Deve-se mencionar, que sob o ponto de vista metodológico, a construção da estrutura analítica
proposta foi dividida em dois núcleos de análise, sendo o primeiro deles o nível analítico dos fatores e
motivações ligados ao processo de decisão. Neste núcleo estão: a) os aspectos ligados às especificidades
das cadeias produtivas, estruturadas a partir de commodities agrícolas; b) os pressupostos da ECT, os
quais parecem estar presentes no ambiente que engloba as cadeias produtivas, seja ao nível das relações
econômicas ou nas características individuais dos atores que as compõem.

As premissas presentes nestes referenciais, em menor ou maior grau, afetam diretamente os fatores
e motivações que influenciam a tomada de decisão em cadeias produtivas, os quais em determinados
casos podem estar todos presentes. Deve-se ressaltar que isso não quer dizer que haja um equilíbrio na

Administração Rural 31
ocorrência dos mesmos, pois as motivações podem ser distintas para cada elo, ou ator, dependendo do
objetivo individual a ser alcançado.

Partindo para o segundo núcleo de análise, denominado nível analítico das características ligadas
ao processo de decisão, deve-se mencionar que este é diretamente influenciado pelo nível anteriormente
mencionado, ou seja, tem presentes aspectos dos fatores e motivações ligados ao processo de decisão.
Neste nível estão presentes as naturezas da decisão e do decisor. Estas se subdividem, respectivamente,
em tipos de decisão e nível de informações, bem como estilo e experiência decisória.

Figura 3 - Consolidação e inter-relações do referencial teórico.


Fonte:Elaboração do autor com base em (1) Simon (1977) e (1945); Leibenstein (1976); Davis (1988); (2) Tversky e Kahnemann (1971); Bazermann (1988);
Driver et al. (1990); Macadar (1998); Kirschenbaum (1992); Davis e Olson (1987); (3) Simon (1972); Freitas et al. (1997); Driver et al. (1990); Davis
e Olson (1987); (4) Davis (1988); Brandt (1980); CIMMYT (1991). (5) Batalha (2001) e; (6) Coase (1937); Williansom (1980).

Em relação ao modelo de Processo de Tomada de Decisão proposto por Simon (1977), deve-se
mencionar que este mostra o ato de decidir como um processo contínuo e complementar, onde as fases de
inteligência e concepção “alimentam” a escolha da linha de ação, ou decisão, a qual por sua vez é

Administração Rural 32
revisada, fazendo assim com que se retro-alimente uma nova fase de inteligência, a qual se utiliza dos
elementos do processo decisório anterior, permitindo ações com base na heurística, de acordo com o
referencial abordado.

Diante disso, compreender os fatores que influenciam a tomada de decisão dos atores das cadeias
produtivas agroindustriais, bem como analisá-los, passa por identificar e analisar as inter-relações entre os
pressupostos e contribuições das teorias apresentadas, gerando uma inter-relação sistêmica entre as
abordagens, como descrito na figura 3.

Pode-se dizer que a estrutura analítica proposta é sistêmica, multinível e interdisciplinar em


função de estarem presentes os seguintes elementos:

1. Existe uma dinâmica interativa entre os elementos observados e a soma das unidades selecionadas
para a estrutura é maior do que a soma das partes, ao mesmo tempo em que é menor do que esta
por perder a especificidade de alguns elementos quando olhados isoladamente, caracterizando um
sistema;
2. É uma estrutura fechada, no momento em que se foca para o processo de tomada de decisão, mas é
aberta no momento em que traz para o sistema de tomada de decisão um conjunto de elementos
externos que lhe afetam, tais como os fatores de influência e motivadores da decisão, a ECT e a
especificidade das commodities agrícolas, o que lhe confere adaptabilidade;
3. Associa em si a idéia de unidade, através do foco no processo decisório, que pode ser restrito a
decisões específicas, mas considera a diversidade e a multiplicidade, quando traz para dentro da
estrutura a característica do decisor e da decisão, e as especificidades das commodities agrícolas;
4. A pluralidade de elementos e sua interação está presente na consideração de uma diversidade de
fatores influenciadores e motivadores do processo decisional, bem como na dinâmica proposta
para a estrutura que considera não só o fluxo de decisão, mas as diversas influencias que este
sofre, permitindo um feedback ao final do processo, que o realimenta num novo ciclo;
5. Esta interação acaba mostrando que existe um equilíbrio na estrutura, pois há possibilidades de
ajustes, a partir da interação com o meio e por meio dos feedbacks obtidos a cada ciclo decisório e
que suas partes não são inertes umas em relação às outras, mas que interagem dinamicamente de
uma organização;
6. Pode-se dizer que a estrutura tem um objetivo claro: observar o processo decisório considerando
elementos que possam permitir uma compreensão ampla deste processo em cadeias produtivas
agronegociais;

Administração Rural 33
7. O uso destes vários elementos dá um caráter complexo à estrutura, aproximando-a mais do real, o
que tende a fazer com que as observações feitas a partir dela sejam também mais próximas da
realidade do que outros sistemas mais simplificadores;
8. O uso de elementos oriundos da área das Ciências Sociais Aplicadas (processo decisório e ECT),
das Ciências Sociais (complexidade e análise sistêmica) e das Ciências Humanas (modelo
decisório de Simon) caracteriza a estrutura analítica como interdisciplinar;
9. A proposição da estrutura em dois níveis analíticos que permitem uma visão de âmbito macro
(contexto de inserção da decisão, fatores motivadores e elementos de influência), bem como de âmbito
micro (característica do decisor e do processo de decisão) caracterizam-na como uma proposta multinível;
Feitas estas considerações, pode-se dizer que o objetivo proposto fora atendido, restando, no
entanto, algumas limitações a serem contempladas em fases posteriores do processo de pesquisa que deu
origem a este ensaio, tais como: o estabelecimento de um método de pesquisa adequado e o teste da
estrutura analítica, bem como do método, em ambiente empírico, ou seja, em cadeias produtivas
estruturadas a partir de commodities.

7.0 Análise econômica da empresa rural.

No setor primário a tendência mundial é de redução das margens de lucro e a profissionalização do


produtor é uma necessidade premente. Sua preocupação deve estar voltada não somente para os processos
produtivos, mas também para as ações gerenciais e administrativas visando a maximização dos resultados
econômicos de sua empresa.

A análise econômica da empresa rural, por intermédio do cálculo dos custos de produção e das medidas
de resultado econômico, é um forte subsídio para o produtor fundamentar as decisões a serem tomadas,
estabelecer quais são as prioridades, a possibilidade de novos investimentos e a visão de viabilidade do
negócio.

Essa análise pode ser feita tanto para a empresa como um todo (análise global) como para as atividades
individuais (análise setorizada), de acordo com os centros de custos: 1) produção de leite/carne; 2)
produção de animais de reposição; 3) produção de alimentos volumosos/concentrados.

A análise setorizada oferece ao produtor meios para decidir, por exemplo, entre a alternativa de criar os
animais de reposição, comprá-los no mercado ou terceirizar sua criação; ou, ainda, produzir os alimentos,

Administração Rural 34
comprá-los no mercado ou terceirizar sua produção.

Podemos apresentar os custos de produção e as medidas de resultado econômico conforme o quadro 1.

Quadro 1: Custos de produção e medidas de resultado econômico.

Fonte: adaptado de Matsunaga et al. (1976); Gomes (1999); Yamaguchi (1999); Gomes (2006).

Os custos normalmente são expressos em R$/ano, R$/litro ou R$/quilo. As medidas de resultado


econômico normalmente são expressas em R$/ano, R$/litro, R$/quilo ou R$/hectare e a taxa de
remuneração do capital investido normalmente é expressa em % ao ano.
O custo operacional efetivo (COE) refere-se apenas aos gastos efetivamente realizados na condução da
atividade. São os gastos de custeio da atividade e, normalmente, implicam em desembolso do produtor
(alimentos, mão-de-obra, fertilizantes, sementes, medicamentos, energia, combustível, manutenção,
impostos e taxas, assistência técnica, etc).
O custo operacional total (COT) corresponde ao custo operacional efetivo mais as depreciações do capital
imobilizado em benfeitorias, máquinas, equipamentos, animais de serviços e forrageiras não-anuais e
mais os custos correspondentes à mão-de-obra familiar.
O custo total (CT) engloba o custo operacional total mais a remuneração do capital investido em
benfeitorias, máquinas, equipamentos, animais, forrageiras não anuais e terra.
A renda bruta (RB) é determinada pelo preço do produto multiplicado pela respectiva quantidade vendida,
consumida ou estocada. A análise da renda bruta, isoladamente, é pouco conclusiva, pois nem sempre as
linhas de exploração que apresentam maior renda bruta são as melhores do ponto de vista econômico.
Torna-se importante comparar os custos associados, ou seja, o montante investido na produção.
A margem bruta corresponde à renda bruta menos o custo operacional efetivo (MB = RB - COE).

Administração Rural 35
Margem bruta positiva significa que a exploração está se remunerando e sobreviverá pelo menos no curto
prazo. Margem bruta negativa significa que a atividade está antieconômica, pois o que se compra e
consome é maior do que se consegue de renda bruta.
A margem líquida corresponde à renda bruta menos o custo operacional total (ML = RB - COT). Quando
a margem líquida é negativa, o produtor pode não abandonar a atividade. Isto acontece quando ele
concorda em trabalhar na sua empresa (mão-de-obra familiar) por um salário menor que o salário
considerado no cálculo do custo e, ou, não consegue cobrir a depreciação do capital investido. A
continuidade da margem líquida negativa leva ao empobrecimento do produtor.
O lucro corresponde à renda bruta menos o custo total (L = RB - CT). Quando o lucro é positivo, pode-se
concluir que a atividade é estável e com possibilidade de expansão. Em caso de lucro negativo, mas em
condições de suportar o custo operacional efetivo (ou seja, com margem bruta positiva), pode-se concluir
que o produtor poderá continuar produzindo por determinado período, embora com um problema
crescente de descapitalização. A perpetuação do lucro negativo torna a atividade não atrativa. Lucro nulo
significa que a empresa está no ponto de equilíbrio e em condições de refazer, no longo prazo, seu capital
fixo.
Pensando em termos de lucro, deve-se entender os fatores que o afetam. Como apresentado, basicamente
o lucro resulta da diferença entre a renda bruta e o custo total. Por sua vez, a renda bruta é igual à
quantidade do produto vezes seu preço de venda (RB = P x $P) e o custo total é igual às quantidades dos
insumos vezes seus respectivos preços de compra (CT = I x $I).
Desta forma, pode-se dizer que: 1) o preço de venda do produto ($P) é apenas um dos 4 componentes do
lucro. O produtor deve buscar o máximo lucro e não, necessariamente, o maior preço de venda do
produto; 2) o lucro da atividade depende da produtividade P/I (litros de leite ou quilos de carne
produzidos por quilo de alimento consumido) e da relação de troca $P/$I (quilos de ração comprados com
um litro de leite ou um quilo de carne vendido). A queda do preço pago pelo produto ($P) deve ser
compensada pelo aumento da produtividade (P/I).
A taxa de remuneração do capital é igual à margem líquida dividida pelo capital investido (benfeitorias,
máquinas, equipamentos, animais e terra). Fornece informações sobre a atratividade do negócio. Quando
a taxa de remuneração calculada for maior que a taxa de juros de uma aplicação alternativa, significa que
o negócio é atrativo. Em análises desta natureza, é usual utilizar, como referência na comparação, a taxa
real de juros da caderneta de poupança, que é de 6% ao ano.
O produtor deve encarar sua atividade como uma opção de investimento de tempo e capital. É o que se
chama de custo de oportunidade: quanto eu estou deixando de ganhar em comparação a um investimento
alternativo?
Infelizmente são poucos os produtores que fazem anotações contábeis de forma sistemática e sabem

Administração Rural 36
realmente como vai o seu negócio. A maioria está preocupada em acompanhar apenas os índices de
produção e esquece os de rentabilidade

Crédito Rural

A agricultura e a pecuária, bem como as indústrias relacionadas ao setor, contribuem de maneira


significativa para nossa economia e são parte fundamental do crescimento e da segurança econômica do
país. O crédito rural é um crédito bancário que vem atender ás necessidades dos empreendimentos do
homem do campo. Estimula investimentos de produtores e cooperativas, facilitando a produção, a
comercialização e a inovação dos métodos e procedimentos de plantio e criação.

O produtor rural pode contar com o crédito rural para produzir, beneficiar ou comercializar sua
produção, seja ela agrícola ou pecuária. Cooperativas de produtores também podem solicitar crédito nas
instituições que o oferecem. E até mesmo pessoas físicas ou jurídicas não caracterizadas como produtores
rurais podem ter acesso ao crédito rural, desde que se encaixem em uma das atividades previstas pelo
governo para tal acesso. Essas atividades incluem as relacionadas à produção de sementes, inseminação
artificial, prestação de serviços de mecanização agropecuária, e pesca comercial.

O crédito é acessível, mas não é um crédito fácil. A instituição que oferece o crédito estabelece
condições para sua liberação, incluindo, por vezes, a necessidade de que haja acompanhamento e
supervisão técnica na atividade financiada. O banco também irá examinar a idoneidade do tomador, o
projeto em questão e se o valor solicitado condiz com a atividade prevista. A instituição financeira
também irá exigir garantias, como penhores, hipoteca, aval ou fiança, entre outros. Também irão ser
cobradas taxas e impostos pertinentes à operação, inclusive prêmio de seguro rural e adicional do
Programa de Garantia de Atividade Agropecuária (Proagro).

Existem linhas de crédito desenvolvidas e oferecidas pelas instituições financeiras e existem linhas
de crédito rural desenvolvidas pelo governo, como as linhas específicas para modernização de frota de
tratores e outros implementos, ou para correção de solos, recuperação de pastagens ou incentivo a

Administração Rural 37
atividades específicas, como fruticultura ou apicultura. Uma consulta ao banco ou cooperativa de sua
cidade pode esclarecer quais linhas estão acessíveis ao seu tipo de atividade. As taxas de juros variam
conforme a linha de crédito rural que estiver sendo pleiteada. Uma vez concedido o crédito, ele será
liberado em parcela única ou várias parcelas. O pagamento do empréstimo também pode ser feito de uma
única vez ou em parcelas.

Fundamental para o produtor rural,seja ao tomar um empréstimo ou não, é o seguro rural. Ele
protege o produtor de possíveis resultados adversos por problemas climáticos ou outras ocorrências. O
seguro rural pode ser feito para safras, patrimônio e até mesmo como seguro de vida do produtor.

Um outro tipo de crédito disponível para os trabalhadores e produtores rurais é o empréstimo


consignado. Da mesma forma que ocorre com os aposentados e pensionistas do INSS, os aposentados ou
pensionistas rurais podem ter acesso a esse tipo de crédito. A diferença do crédito consignado para outros
tipos de empréstimo é que nele o pagamento do empréstimo é descontado diretamente em folha, isto é,
diretamente do benefício. Isso oferece garantia extra para o emprestador que, desse modo, pode oferecer
taxas de juros menores e mais atraentes. No entanto, é preciso tomar os mesmo cuidados que são tomados
ao contratar qualquer tipo de empréstimo – analisar bem a necessidade do empréstimo, analisar bem a
capacidade de pagá-lo e examinar bem os contratos e condições.

O Crédito Rural abrange recursos destinados a custeio, investimento ou comercialização. As suas regras,
finalidades e condições estão estabelecidas no Manual de Crédito Rural (MCR), elaborado pelo Banco
Central do Brasil. Essas normas são seguidas por todos os agentes que compõem o Sistema Nacional de
Crédito Rural (SNCR), como bancos e cooperativas de crédito.

Os créditos de custeio ficam disponíveis quando os recursos se destinam a cobrir despesas habituais dos
ciclos produtivos, da compra de insumos à fase de colheita. Já os créditos de investimento são aplicados
em bens ou serviços duráveis, cujos benefícios repercutem durante muitos anos. Por fim, os créditos de
comercialização asseguram ao produtor rural e a suas cooperativas os recursos necessários à adoção de
mecanismos que garantam o abastecimento e levem o armazenamento da colheita nos períodos de queda
de preços.

O produtor pode pleitear as três modalidades de crédito rural como pessoa física ou jurídica. As
cooperativas rurais são também beneficiárias naturais do sistema.

Administração Rural 38
Ano a ano, o governo Federal tem alocado cada vez mais recursos para o crédito rural. A maior parte do
dinheiro destina-se a créditos de custeio para cobrir os gastos rotineiros com as atividades no campo. Esse
dinheiro é tomado diretamente nos bancos ou por meio das cooperativas de crédito.

A oferta de linhas de créditos para investimentos conta com recursos do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e dos Fundos Constitucionais de Financiamento do
Centro-Oeste, Norte e Nordeste, conhecidos, pela ordem, como FCO, FNO e FNE.

Notícias

Crédito Rural

Os financiamentos de custeio agrícola que forem contratados no terceiro trimestre deste ano também
poderão abater o recolhimento compulsório dos bancos sobre depósitos à vista. A decisão foi publicada na
tarde desta segunda-feira (19/03) pelo Banco Central (BC), ao divulgar a circular n° 3.586.

Mais abrangente - O normativo por ela modificado permitia que fossem deduzidas apenas operações
contratadas no primeiro semestre de 2012. O novo texto é mais abrangente também porque prevê a
dedução de operações de crédito para custeio pecuário, o que não constava na circular 3.573, editada em
21 de janeiro deste ano.

Genérica - No caso das operações de crédito agrícola, a norma editada nesta segunda é mais genérica,
pois se refere apenas a custeio agrícola, ao passo que a anterior permitia que fossem abatidas
especificamente operações de financiamento da safrinha (2ª safra), safra de inverno e da safra do
Nordeste.

Aumento de recursos - A possibilidade de considerar operações de crédito rural para reduzir o


compulsório sobre depósito à vista foi aberta pela norma de janeiro. Na ocasião, o BC informou que a
medida aumentaria em R$ 3 bilhões a disponibilidade de recursos para financiamento ao setor em 2012.

Abatimento - O abatimento está limitado a 5% do compulsório. Atualmente, as instituições financeiras


que captam depósitos à vista são obrigadas a recolher 43% desses recursos ao BC, sem contar aí o
desconto autorizado a partir de janeiro. Em julho, a alíquota vai subir para 44%; no mesmo mês de 2013,

Administração Rural 39
para 45%. É do valor resultante da aplicação dessas alíquotas que os bancos podem abater o saldo médio
diário das operações de crédito rural citadas na circular publicada nesta segunda.

Agricultor pode ser isento de comprovação de tributos para pedir crédito

Projeto nesse sentido, apresentado pelo senador Acir Gurgacz (PDT-RO), foi aprovado nessa quinta-feira
(15) na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA). A matéria vai à Comissão de Assuntos
Econômicos (CAE), onde será votada em decisão terminativa.

O autor do projeto (PLS 732/2011) explica que são muitas as exigências para concessão de crédito rural,
como apresentação de comprovante de pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR), de Certificado de
Regularidade do FGTS e certidão negativa de débito junto ao INSS, entre outras, “a depender da fonte de
financiamento e do programa”.

Acir Gurgacz lembra que, atualmente, apenas pequenos produtores e agricultores familiares estão
dispensados do cumprimento de algumas dessas exigências, “ficando os demais obrigados a buscar junto
à Receita Federal, à Caixa Econômica Federal e às agências da Previdência Social as certidões
necessárias”.
Fonte: WWW.portaldoagronegócio.com.br

Perguntas freqüentes sobre crédito RURAL:

1. Quais são os objetivos do crédito rural?

 estimular os investimentos rurais efetuados pelos produtores ou por suas cooperativas;

 favorecer o oportuno e adequado custeio da produção e a comercialização de produtos


agropecuários;

 fortalecer o setor rural;

 incentivar a introdução de métodos racionais no sistema de produção, visando ao aumento de


produtividade, à melhoria do padrão de vida das populações rurais e à adequada utilização dos
recursos naturais;

Administração Rural 40
 propiciar, pelo crédito fundiário, a aquisição e regularização de terras pelos pequenos produtores,
posseiros e arrendatários e trabalhadores rurais;

 desenvolver atividades florestais e pesqueiras;

 estimular a geração de renda e o melhor uso da mão-de-obra na agricultura familiar.

2. Que atividades podem ser financiadas pelo crédito rural?

 custeio das despesas normais de cada ciclo produtivo;

 investimento em bens ou serviços cujo aproveitamento se estenda por vários ciclos produtivos;

 comercialização da produção.

3. Como se classifica o custeio?

 custeio agrícola;

 custeio pecuário;

 custeio de beneficiamento ou industrialização.

4. A que pode se destinar o crédito de custeio?

A despesas normais, tais como:

 do ciclo produtivo de lavouras periódicas, da entressafra de lavouras permanentes ou da extração


de produtos vegetais espontâneos ou cultivados, incluindo o beneficiamento primário da produção
obtida e seu armazenamento no imóvel rural ou em cooperativa;

 de exploração pecuária;

 de beneficiamento ou industrialização de produtos agropecuários.

5. Quem pode se utilizar do crédito rural?

 produtor rural (pessoa física ou jurídica);

 cooperativa de produtores rurais; e

Administração Rural 41
 pessoa física ou jurídica que, mesmo não sendo produtor rural, se dedique a uma das seguintes
atividades:

a) pesquisa ou produção de mudas ou sementes fiscalizadas ou certificadas;

b) pesquisa ou produção de sêmen para inseminação artificial e embriões;

c) prestação de serviços mecanizados de natureza agropecuária, em imóveis rurais, inclusive para a


proteção do solo;

d) prestação de serviços de inseminação artificial, em imóveis rurais;

e) exploração de pesca e aquicultura, com fins comerciais;

f) medição de lavouras;

g) atividades florestais.

6. A contratação de assistência técnica é obrigatória?

Cabe ao produtor decidir sobre a necessidade de assistência técnica para elaboração de projeto e
orientação, salvo quando considerados indispensáveis pelo financiador ou quando exigidos em operações
com recursos controlados.

7. Quais são as exigências essenciais para concessão de crédito rural?

 idoneidade do tomador;

 apresentação de orçamento, plano ou projeto, exceto em operações de desconto de Nota


Promissória Rural ou de Duplicata Rural;

 oportunidade, suficiência e adequação de recursos;

 observância de cronograma de utilização e de reembolso;

 fiscalização pelo financiador;

Administração Rural 42
 liberação do crédito diretamente aos agricultores ou por intermédio de suas associações formais ou
informais, ou organizações cooperativas;

 observância das recomendações e restrições do zoneamento agroecológico e do Zoneamento


Ecológico-Econômico (ZEE).

8. É necessária a apresentação de garantias para obtenção de financiamento rural? Como é feita a


escolha dessas garantias?

Sim. As garantias são livremente acertadas entre o financiado e o financiador, que devem ajustá-las de
acordo com a natureza e o prazo do crédito e podem se constituir de:

 penhor agrícola, pecuário, mercantil, florestal ou cedular;

 alienação fiduciária;

 hipoteca comum ou cedular;

 aval ou fiança;

 seguro rural ou ao amparo do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro);

 proteção de preço futuro da commodity agropecuária, inclusive por meio de penhor de direitos,
contratual ou cedular;

 outras que o Conselho Monetário Nacional admitir.

9. A que tipo de despesas está sujeito o crédito rural?

 remuneração financeira;

 Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, e sobre Operações relativas a Títulos e
Valores Mobiliários - IOF;

 custo de prestação de serviços;

 as previstas no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro);

 sanções pecuniárias;

 prêmio de seguro rural;

Administração Rural 43
 prêmios em contratos de opção de venda, do mesmo produto agropecuário objeto do
financiamento de custeio ou comercialização, em bolsas de mercadorias e futuros nacionais, e
taxas e emolumentos referentes a essas operações de contratos de opção.

Nenhuma outra despesa pode ser exigida do mutuário, salvo o exato valor de gastos efetuados à sua conta
pela instituição financeira ou decorrentes de expressas disposições legais.

Relativamente ao IOF, o Decreto 6.306, de 14.12.2007, estabelece alíquota zero para as operações de
crédito rural, ressalvadas as condições do artigo 8º, parágrafo 1º.

10. Como se classificam os recursos do crédito rural ?

Controlados:

a) os recursos obrigatórios (decorrentes da exigibilidade de depósito à vista);

b) os oriundos do Tesouro Nacional;

c) os subvencionados pela União sob a forma de equalização de encargos (diferença de encargos


financeiros entre os custos de captação da instituição financeira e os praticados nas operações de
financiamento rural, pagos pelo Tesouro Nacional);

d) os oriundos da poupança rural, quando aplicados segundo as condições definidas para os recursos
obrigatórios.

Não controlados: todos os demais.

11. Quais são os limites de financiamento?

Recursos controlados - Crédito de custeio:

O montante de crédito de custeio para cada tomador, não-acumulativo, em cada safra e em todo Sistema
Nacional de Crédito Rural (SNCR), está sujeito aos seguintes limites:

a) R$ 600 mil - para algodão, frutas ou milho, ou para lavouras irrigadas de arroz, feijão, mandioca, soja,
sorgo ou trigo;

Administração Rural 44
b) R$ 450 mil - para amendoim ou café ou para lavouras não irrigadas de arroz, feijão, mandioca, soja,
sorgo, ou trigo, sendo que, para o café, consideram-se neste limite os valores de financiamentos tomados
pelo mutuário na mesma safra com recursos do Funcafé destinados a tratos culturais e colheita;

c) R$ 250 mil - para cana-de-açúcar, pecuária bovina e bubalina leiteira ou de corte, e para avicultura e
suinocultura exploradas em sistemas que não o de parceria;

d) R$ 170 mil - quando destinado às outras operações de custeio agrícola ou pecuário.

Recursos controlados - Empréstimos do Governo Federal (EGF):

O montante de EGF para cada tomador, não-acumulativo, em cada safra e em todo Sistema Nacional de
Crédito Rural (SNCR), está sujeito aos seguintes limites:

a) R$ 600 mil - para algodão, uva ou milho;

b) R$ 450 mil - para amendoim, arroz, café, feijão, mandioca, soja, sorgo ou trigo;

c) R$ 250 mil - para leite;

d) R$ 170 mil - quando destinados a outras operações de EGF.

Recursos não controlados:

São livremente pactuados entre as partes.

12. Quais são as taxas efetivas de juros segundo a origem dos recursos aplicados?

 recursos obrigatórios: 6,75% a. a., exceto para o Programa Nacional de Fortalecimento da


Agricultura Familiar - Pronaf (ver módulo específico);

 recursos das Operações Oficiais de Crédito: a serem fixadas por ocasião da divulgação da
respectiva linha de crédito;

 recursos equalizados pelo Tesouro Nacional (aplicados com a subvenção da União sob a forma de
equalização de encargos financeiros): de acordo com o que for definido para cada programa pelo
Conselho Monetário Nacional (ver detalhamento dos programas no MCR 13);

Administração Rural 45
 recursos não controlados: livremente pactuadas entre as partes.

13. Como obter financiamentos ao amparo dos Programas com recursos equalizados pelo Tesouro
Nacional junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)?

Por meio dos agentes financeiros credenciados pelo BNDES.

14. Como pode ser liberado o crédito rural?

De uma só vez ou em parcelas, em dinheiro ou em conta de depósitos, de acordo com as necessidades do


empreendimento, devendo sua utilização obedecer a cronograma de aquisições e serviços.

15. Como deve ser pago o crédito rural?

De uma vez só ou em parcelas, segundo os ciclos das explorações financiadas. O prazo e o cronograma de
reembolso devem ser estabelecidos em função da capacidade de pagamento, de maneira que os
vencimentos coincidam com as épocas normais de obtenção dos rendimentos da atividade assistida.

16. A instituição financeira é obrigada a fiscalizar a aplicação do valor financiado?

Sim. A instituição financeira deve obrigatoriamente fiscalizar, sendo-lhe facultada a realização de


fiscalização por amostragem em créditos de até R$ 170 mil. Essa amostragem consiste na obrigatoriedade
de fiscalizar, diretamente, pelo menos 10% dos créditos deferidos em cada agência nos últimos 12 meses.

17. Quando deve ser realizada a fiscalização do crédito rural?

Deve ser efetuada nos seguintes momentos:

 crédito de custeio agrícola: antes da época prevista para colheita;

 Empréstimo do Governo Federal (EGF): no curso da operação;

 crédito de custeio pecuário: pelo menos uma vez no curso da operação, em época que seja possível
verificar sua correta aplicação;

 crédito de investimento para construções, reformas ou ampliações de benfeitorias: até a conclusão


do cronograma de execução, previsto no projeto;

Administração Rural 46
 demais financiamentos: até 60 (sessenta) dias após cada utilização, para comprovar a realização
das obras, serviços ou aquisições.

Cabe ao fiscal verificar a correta aplicação dos recursos orçamentários, o desenvolvimento das atividades
financiadas e a situação das garantias, se houver.

18. Quais são os instrumentos utilizados para a formalização do crédito rural?

De acordo com o Decreto-Lei 167, de 14.02.1967, a formalização do crédito rural pode ser realizado por
meio dos seguintes títulos:

 Cédula Rural Pignoratícia (CRP);

 Cédula Rural Hipotecária (CRH);

 Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária (CRPH);

 Nota de Crédito Rural (NCR).

Faculta-se a formalização do crédito rural por meio de contrato, no caso de peculiaridades insuscetíveis de
adequação aos títulos acima mencionados.

A Cédula de Crédito Bancário (CCB), nos termos da Lei 10.931, de 02.08.2004, é um instrumento para
formalização de crédito de qualquer modalidade, também admitido no crédito rural, conforme
esclarecimento divulgado na Carta-Circular 3.203, de 30.08.2005.

19. O que são esses títulos de crédito?

São promessas de pagamento sem ou com garantia real cedularmente constituída, isto é, no próprio título,
dispensando documento à parte. A garantia pode ser ofertada pelo próprio financiado, ou por um terceiro.
Embora seja considerada um título civil, é evidente sua comercialidade, por sujeitar-se à disciplina do
direito cambiário.

20. O que é Nota Promissória Rural?

Título de crédito, utilizado nas vendas a prazo de bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril, quando
efetuadas diretamente por produtores rurais ou por suas cooperativas; nos recebimentos, pelas
cooperativas, de produtos da mesma natureza entregues pelos seus cooperados, e nas entregas de bens de

Administração Rural 47
produção ou de consumo, feitas pelas cooperativas aos seus associados. O devedor é, geralmente, pessoa
física.

21. O que é Duplicata Rural?

Nas vendas a prazo de quaisquer bens de natureza agrícola, extrativa ou pastoril, quando efetuadas
diretamente por produtores rurais ou por suas cooperativas, poderá ser utilizada também, como título do
crédito, a duplicata rural. Emitida a duplicata rural pelo vendedor, este ficará obrigado a entregá-la ou a
remetê-la ao comprador, que a devolverá depois de assiná-la. O devedor é, geralmente, pessoa jurídica.

22. Segundo a natureza das garantias como devem ser utilizados os títulos de crédito rural?

Com garantia real:

 penhor: Cédula Rural Pignoratícia;

 hipoteca: Cédula Rural Hipotecária;

 penhor e hipoteca: Cédula Rural Pignoratícia e Hipotecária.

Sem garantia real:

 Nota de Crédito Rural.

23. Quando o título de crédito rural adquire eficácia contra terceiros?

Apesar de a cédula rural valer entre as partes desde a emissão, ela só adquire eficácia contra terceiros
depois de registrada no Cartório de Registro de Imóveis competente.

Administração Rural 48
Novos instrumentos para financiamento

Com o desenvolvimento do mercado financeiro e com a globalização, torna-se necessário o


desenvolvimento de mecanismos mais modernos de apoio à produção agrícola. No ano de 2004 foi criada
a Lei 11.076, que estabelece novos instrumentos para estímulo e financiamento da produção, como
Títulos de Créditos de Recebíveis do Agronegócio (CDCA, LCA e CRA) e Contratos Privados de Opção
de Venda (PROP).

Os Títulos de Crédito de Recebíveis do Agronegócio são títulos representativos de direitos creditórios do


agronegócio, que podem ser emitidos por cooperativas de produtores rurais e pessoas jurídicas que
exerçam atividades de comercialização, beneficiamento ou industrialização de produtos e insumos
agropecuários ou de máquinas e implementos utilizados na produção agropecuária, no caso dos CDCA
(Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio); por instituições financeiras públicas e privadas,
para a LCA (Letras de Crédito do Agronegócio); e por companhias securitizadoras de direitos creditórios
do agronegócio, para os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio). Já os Contratos Privados de
Opção de Venda (PROP) são lançados pelo setor privado, e, segundo a Secretaria de Política Agrícola,
apresentam como vantagens a facilitação de compras pelos consumidores, a redução da pressão sobre o
orçamento das operações de crédito, e a aproximação dos produtores e consumidores à cadeia produtiva.

8.3.2 PRONAF

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) financia projetos individuais ou


coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui
as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os
sistemas de crédito do País.

O acesso ao Pronaf inicia-se na discussão da família sobre a necessidade do crédito, seja ele para o
custeio da safra ou atividade agroindustrial, seja para o investimento em máquinas, equipamentos ou
infraestrutura de produção e serviços agropecuários ou não agropecuários.

Após a decisão do que financiar, a família deve procurar o sindicato rural ou a Emater para obtenção da
Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que será emitida segundo a renda anual e as atividades
exploradas, direcionando o agricultor para as linhas específicas de crédito a que tem direito. Para os
beneficiários da reforma agrária e do crédito fundiário, o agricultor deve procurar o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou a Unidade Técnica Estadual (UTE).

Administração Rural 49
O agricultor deve estar com o CPF regularizado e livre de dívidas. As condições de acesso ao Crédito
Pronaf, formas de pagamento e taxas de juros correspondentes a cada linha são definidas, anualmente, a
cada Plano Safra da Agricultura Familiar, divulgado entre os meses de junho e julho.

9. Notas do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento)

Comercialização e Abastecimento

Garantir o abastecimento nacional com alimentos de qualidade e assegurar ao produtor preços que
permitam sua manutenção na atividade rural é um compromisso do Ministério da Agricultura.
A cada safra, as diretrizes da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) são coordenadas,
elaboradas, acompanhadas e avaliadas para garantir segurança alimentar e a comercialização dos produtos
agropecuários.
O financiamento da estocagem, a armazenagem, a venda de estoques públicos de produtos agropecuários
e a equalização de preços e custos são alguns dos mecanismos de que o ministério se vale para garantir
abastecimento e comercialização.
Toneladas de produtos agrícolas excedentes podem ser comercializadas, por meio de leilões eletrônicos
monitorados pelo governo, de forma a abastecer regiões deficitárias e, ao mesmo tempo, garantir aos
produtores um preço que lhes permita manter-se na atividade rural.
As tabelas e os gráficos elaborados pelo ministério reúnem dados atualizados mensalmente sobre
exportações e importações; área plantada, produção e produtividade; preço mínimo e de mercado; entre
outros.

Seguro Rural

Proteger-se de riscos causados por adversidades climáticas é imprescindível para o produtor que, ao
contratar o seguro rural, pode recuperar o capital investido em sua lavoura ou empreendimento. O
Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) oferece ao agricultor a oportunidade de
segurar sua produção, por meio de auxílio financeiro que reduz os custos de contratação do seguro.

A subvenção econômica concedida pelo Ministério da Agricultura pode ser pleiteada por qualquer pessoa
física ou jurídica que cultive ou produza espécies contempladas pelo programa e permite ainda, a
complementação dos valores por subvenções concedidas por estados e municípios.

Administração Rural 50
Para contratar o seguro rural, o produtor deve procurar uma seguradora habilitada pelo ministério no
programa de subvenção. A liberação de recursos não permite que o produtor já tenha cobertura do
Proagro ou do Proagro Mais para a mesma lavoura e na mesma área.

De acordo com o Decreto nº 6.709, de 23 de dezembro de 2008, os percentuais de subvenção na


modalidade agrícola variam entre 40% e 70% de acordo com a cultura produzida, com um limite máximo
de R$ 96 mil. Feijão, trigo e milho (segunda safra), por exemplo, recebem 70% de subvenção. Já para as
modalidades pecuárias, de florestas e aquícola, o percentual de subvenção é de 30%, com teto de R$ 32
mil.

Zoneamento Agrícola de Risco Climático

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na


agricultura. O estudo é elaborado com o objetivo de minimizar os riscos relacionados aos fenômenos
climáticos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes
tipos de solo e ciclos de cultivares. A técnica é de fácil entendimento e adoção pelos produtores rurais,
agentes financeiros e demais usuários.

São analisados os parâmetros de clima, solo e de ciclos de cultivares, a partir de uma metodologia
validada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e adotada pelo Ministério da
Agricultura. Desta forma são quantificados os riscos climáticos envolvidos na condução das lavouras que
podem ocasionar perdas na produção. Esse estudo resulta na relação de municípios indicados ao plantio
de determinadas culturas, com seus respectivos calendários de plantio.

O Zoneamento Agrícola de Risco Climático foi usado pela primeira vez na safra 1996 para a cultura do
trigo. Recebe revisão anual e é publicado na forma de portarias, no Diário Oficial da União e no site do
ministério. Atualmente, os estudos de zoneamentos agrícolas de risco climático já contemplam 40
culturas, sendo 15 de ciclo anual e 24 permanentes, além do zoneamento para o consórcio de milho com
braquiária, alcançando 24 Unidades da Federação.

Para fazer jus ao Proagro, ao Proagro Mais e à subvenção federal ao prêmio do seguro rural, o produtor
deve observar as recomendações desse pacote tecnológico. Além disso, alguns agentes financeiros já
estão condicionando a concessão do crédito rural ao uso do zoneamento.

Administração Rural 51
12. Referências Bibliográficas

ANSOFF, H. I.. Corporate strategy. New York: McGraw-Hill, 1965.

ARCHER, E. R. How to Make a Business Decision: An Analysis of Theory and Practice. Management
Review 69, n. 2 (fevereiro de 1980): 43-47.

AZEVEDO, P. F.. Comercialização de Produtos Agroindustriais. In.: BATALHA, M. O. Gestão


Agroindustrial. São Paulo: Atlas, 2001. 2 ed. V. 1.

BAZERMAN, M.. Judgement in Managerial Decision Making. New York: Wiley, 1988.

BETHLEM, A. de S. Modelos de processo decisório. Revista de Administração. Vol. 22 (3),


julho/setembro 1987, p. 27-39.

BERTALANFFY, L. V. Teoria General de los Sistemas. México: Fondo de Cultura Econômica, 1979.
p. 32-214.

BRANDT, S. A. Comercialização agrícola. Piracicaba: Livroceres, 1980. 195p.

BUAINAIM, A. M. e SOUZA FILHO, H. M. Política Agrícola no Brasil: Evolução e Principais


Instrumentos. In.: BATALHA, Mário Otário. Gestão Agroindustrial. São Paulo: Atlas, 2001. 3 ed. V. 2.

CIMMYT - Centro Internacional de Mejoramiento de Maíz y Trigo. El Enfoque de Sistemas Agrícolas


y la Participación de los Agricultores en el Desarrollo de una Tecnología Apropiada. Personal del
Programa de Economía. In: EICHER y STAATZ (Comp.), Desarrollo Agrícola en el Tercer Mundo.
México: Fondo de Cultura Económica. p. 443-463. 1991.

COASE, R. H. The nature of the firm. Economica 4, 1937.

DAVIS, M. W. Applied Decision Support. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1988.

DAVIS, G. B.; OLSON, M. Sistemas de informácion gerencial. Bogotá: McGrawn-Hill, 1987. 718 p.

DEWEY, J. How We Think. Boston: Heath, 1933. pp. 102-118.

DONNADIEU, G. Manager avec lê social: l´approche systémique appliquée à léntrepise. Rueil-


Malmaison: Éditions Liaision, 1997.

DRIVER, M. J.; BROUSSEAU, K. R.; HUNSAKER, P. L. HOONEY, G. The dynamic decision-


maker: five decision styles for executive and business success. New York: Harper and Row, 1990. 264p.

FREITAS, H. ; BECKER, J. L. ; KLADIS, C. M. ; HOPPEN, N. Informação e Decisão: sistemas de


apoio e seu impacto. Porto Alegre: Ortiz, 1997. 214 p.

GASSON, R. Goals and values of farmers. Journal of Agricultural Economics 24 (3), 1973. pp. 21-537.

Administração Rural 52
GOMES, S.T. Cuidados no cálculo do custo de produção de leite. In: Seminário sobre Metodologias de
Cálculo do Custo de Produção de Leite, 1, Piracicaba, 1999. Anais ... Piracicaba:USP, 1999.
GOMES, S.T. Diagnóstico da pecuária leiteira do Estado de Minas Gerais em 2005: relatório de pesquisa.
Belo Horizonte: FAEMG, 2006. 156 p.

HILL, J. ; NELSON, E. ; TILMAN, D. ; POLASKY, S. ; TIFFANY, D. Environmental, economic, and


energetic costs and benefits of biodiesel and ethanol biofuels. Proceedings of the National Academy of
Sciences of the United States of America, Vol. 103, Issue 30, 2006. pp. 11206-11210.

KIRSCHENBAUM, S. Influence of experience on information-gathering strategies. Journal of Applied


Psychology, v. 77, n. 3, p. 343-352, 1992

KEPNER, C. H. ; TREGOE, B. The Rational Manager: A Systematic Approach in Problem Solving


and Decision Making. New York: McGraw-Hill, 1965.

LEIBENSTEIN, H. Beyond economic man. Cambridge: Harvard University Press, 1976.

LUHMANN, N. Sociedade y sistema: la ambición de la teoria. 1. reimpressión, Buenos Aires –


México: ICE, 1997. 144 p.

MACADAR, M. A. Concepção, desenvolvimento e validação de instrumentos de coleta de dados


para estudar a percepção do processo decisório e as diferenças culturais. PPGA/EA/UFRGS,
Dissertação de Mestrado, 1998.

MACHADO, J. A. D. Analisis del Sistema Informacion-Decision em Agricultores de Regadio del


Valle Medio del Guadalquivir. Cordoba/Espanha: UCO, 1999 (Tese de Doutorado).

MATSUNAGA, M., et al. Metodologia de custo de produção utilizada pelo IEA. Agricultura em São
Paulo, v.23, n.1, p.123-139, 1976.
MORIN, E. O método I: a natureza da natureza. Portugal: Miran-Sintra – Mem Martins, 1987.

MORIN, E. ; LE MOIGNE, J.L. A inteligência da complexidade. São Paulo (SP): Pierópolis, 2000.

QUEIROZ, M.P. Você tem retorno de 9% ao ano no seu negócio? 15/10/2004. Disponível
em:http://www.beefpoint.com.br/?actA=7&areaID=60&secaoID=158¬iciaID=21275 Acesso: 20 out
2004.

RODRIGUEZ, A. Propuesta Metodológica para el Análisis de la Toma de Decisiones de los


Agricultores: aplicación al caso del regadío extensivo cordobés. Córdoba / España: ETSIAM. Tesis
Doctoral. 1996. 221p.

SIMON, H. A. Administrative behavior. New York: MacMillam, 1945.

Administração Rural 53
. Models of discovery. Dordrecht: Holland, D. Reidel Publishing Company, 1977.

. A capacidade de decisão e de liderança. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1972.

. Decision making and problem solving. National Academy Press: Washington, 1986.

STONER, J. A.; FREEMAN, R. E. Administração. 5º edição. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil,


1985.

TVERSKY, A. ; KAHNEMAN, E. The Belief in the Law of Numbers. Psychological Bulletim 76, 1971.
pp. 105-110.

YAMAGUCHI, L.C.T. Custo de produção de leite: critérios e procedimentos metodológicos. In:


Seminário sobre Metodologias de Cálculo do Custo de Produção de Leite, 1, Piracicaba, 1999.
Anais...Piracicaba:USP, 1999.

WILLIANSON, O. E. The Mechanisms of Governance and Management. London: Oxford University


Press: 1985.

Administração Rural 54
Referências bibliográficas

Referências:
AZIZ, G. da Silva Jr. Administração Rural no Agronegócio Brasileiro Departamento de economia
rural,Universidade Federal em Viçosa: Viçosa, 2006.
BERTALANFFY, Ludwig Von. Teoria Geral dos Sistema. Petrópolis: Vozes, 1975.
CHIAVENATO. Idalberto. Teoria Geral da Administração. São Paulo: Makron Books, 1993.

. Recursos Humanos. São Paulo: Atlas, 1980.

Referência or: Caio Junqueira

Postado em 15/12/2000. WWW.beefpoint.com.br

RODRIGUES, Roberto. Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Jornal da PUC, n. 1/03,


Campinas, 14 mar.2005. http://www.puc-
campinas.edu.br/entrevista/2005/03/14/ministro_rodrigues_integra.asp. Acessado em: 14 mar. 2005.
HOFFMANN, R et al. Administração da empresa agrícola. 5 ed.. São Paulo: Pioneira, 1987.
MARION, José Carlos. Contabilidade Rural: contabilidade agrícola, contabilidade da pecuária,
imposto de renda pessoa jurídica. 8 ed. São Paulo: Atlas, 2005.
OUCHI, W.G. Teoria Z: como as empresas podem enfrentar o desafio japonês. São Paulo: Nobel,
1985.

WRIGHT, Peter; KROLL, Mark; PARNEL, John. Administração Estratégica: conceitos. São Paulo:
Atlas, 2000.

TEMPOS MODERNOS DA ADMINISTRAÇÃO RURAL

Adriano Marques Azer1

Administração Rural 55
Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

Você também pode gostar