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FUNDAMENTOS DO

SISTEMA MDA PARA


GESTÃO EFICIENTE DE
FAZENDAS LEITEIRAS

DA GESTÃO

NOSSA PROPOSTA É UMA NOVA
FORMA DE PENSAR. PARA TER
EMPREGADOS FELIZES E ENGAJADOS,
CLIENTES SATISFEITOS E, O MAIS

IMPORTANTE, SUCESSO PESSOAL E
PROFISSIONAL.
Prof. Paulo Machado,
Diretor do ICL e Criador do Modelo Agro+Lean
Toda boa gestão, em qualquer negócio, passa por um gerenciamento
eficiente, preciso e constante dos processos, indicadores e colaboradores.
Na atividade leiteira não é diferente, e isto é válido tanto para as grandes
quanto para as pequenas propriedades. Em todos os casos, a regra do
jogo é clara: gerenciar para avançar.

No entanto, sabemos que esta não é uma tarefa fácil. Antes de tudo, é
preciso conhecer e identificar todas as dificuldades e gargalos presentes
na sua propriedade, uma vez que os processos não se copiam, não são
iguais. Cada fazenda tem a sua própria maneira de executar as atividades,
ou seja, quando falamos em gestão, não existe uma receita de bolo
para todas as propriedades leiteiras, cada uma precisa formular a sua.

Neste contexto, um grande aliado no gerenciamento das fazendas leiteiras


é o Sistema MDA, idealizado pelo Professor Paulo Machado, Diretor da
Clínica do Leite. Esta forma de gestão é baseada no Sistema Toyota de
Produção ou Toyotismo. O sistema utiliza a filosofia Lean Manufacturing,
que busca eliminar desperdícios, atender o cliente final e melhorar
sempre, sendo composta por três pilares: escassez, dependência mútua e
valorização do esforço.

Neste e-book, você encontrará algumas dicas e insights baseados no


Sistema MDA para gerenciar a sua propriedade, aumentar a
produtividade, otimizar e melhorar continuamente os processos e reduzir
desperdícios, bem como engajar seus colaboradores.

Este conteúdo foi elaborado com base na palestra do Professor Paulo


Machado, do projeto Agro + Lean, ministrada no dia 21 de maio de 2021
no evento MilkPoint Experts Feras da Gestão.
PILARES DA
FILOSOFIA LEAN
A mentalidade da filosofia Lean é baseada em três pontos, que permitem
definir os princípios comportamentais e gerenciais que direcionarão a
rotina da propriedade. Conheça a seguir os três pilares do Lean:

ESCASSEZ
Este pilar não só limita apenas a escassez de capital, mas também
refere-se a não realizar atividades além daquilo que é necessário e
demandado. Ou seja, é preciso fazer exatamente o tem que ser feito,
na quantidade correta e na hora exata, a fim de eliminar todo e
qualquer tipo de desperdício, seja do uso da terra, instalações, animais,
insumos e pessoas. É simples: utilizar corretamente hoje todos os
recursos para tê-los amanhã.

DEPENDÊNCIA MÚTUA
De fato, nós não estamos sozinhos no mundo, muito menos em nossas
fazendas. É preciso saber viver em comunidade e se relacionar com os
demais. Portanto, é necessária uma boa gestão de pessoas para cultivar e
atrair colaboradores, com o intuito de formar uma equipe de sucesso. Nas
propriedades leiteiras, todos os integrantes precisam estar entrosados
e engajados em prol do mesmo objetivo, visto que todos os processos
são interligados. Por exemplo, a criação de bezerras hoje afetará o setor
de ordenha no futuro.
VALORIZAÇÃO DO ESFORÇO
Na filosofia Lean não se valoriza o destino, mas a caminhada. Em outras
palavras, a valorização deve ser do esforço e não dos resultados. Todo e
qualquer esforço dos colaboradores deve ser reconhecido para que seja
possível conseguir melhores resultados. Ou seja, os resultados devem
ser encarados como a consequência e não como a razão.

Se o objetivo da propriedade é reduzir a Contagem de Células Somáticas


(CCS) do tanque e após o final do plano de ação esta meta não foi
alcançada, não procure culpados e nem gaste energia com o resultado.
Reconheça o trabalho realizado, foque em rever cuidadosamente o
processo e escutar a sua equipe.
PRINCÍPIOS
COMPORTAMENTAIS
E GERENCIAIS
Os princípios comportamentais e gerenciais podem ser considerados
como a “Constituição” da fazenda. É a partir deles que serão baseadas as
normas e regras de conduta e a forma de gestão da propriedade. Eles são
os norteadores dos comportamentos sociais e gerenciais.

Por exemplo, se não existe uma regra gerencial na fazenda sobre o


descarte de animais, como é possível decidir em que situações descartar
uma vaca? Como agir? O que deve ser feito nesta e em outras situações?
Os princípios de comportamento e gestão são capazes de responder estes
questionamentos, direcionando as ações e tomadas de decisão da
propriedade.

No sistema MDA, essencialmente, os principais comportamentos são a


melhoria contínua e o trabalho em equipe. São eles que garantem
melhoras na qualidade do leite e na reprodução, o lucro e a perpetuidade
da fazenda. Desta forma, podemos dizer que os resultados nascem da
mentalidade de melhorar continuamente os processos e do trabalho
conjunto de todos os colaboradores.
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Antes de tudo, você, como dono ou responsável pela fazenda, precisa
querer e entender que as mudanças serão gradativas, que pequenas
ações resultarão em grandes resultados. Deste modo, o sistema MDA não
acontece em um passe de mágica, é necessário aplicar a filosofia
diariamente em todos os processos.

Para começar é necessário definir o “norte verdadeiro” da sua


propriedade. Para isso, pode ser utilizado o Canvas para a estruturação
do seu modelo de negócio. Por meio dele, por exemplo, é possível
estabelecer qual o desejo do cliente final e o que você está entregando
para ele.

Pense: qual é a sua proposta de valor? Um leite de qualidade, com altos


teores de gordura e proteína? O que eu estou fornecendo para o meu
cliente? Quais são as ações necessárias para conseguirmos entregar a
proposta de valor?

Deste modo, a partir da proposta de valor e do entendimento da situação


atual do negócio, também é possível, por meio do Canvas, elaborar o
plano de ação - o qual é chamado de “atividades-chave” - para cumprir
com o propósito da propriedade.
Por exemplo, pode-se optar por uma assistência técnica, qualificação dos
colaboradores, adequações dos processos de alimentação das vacas etc.
Além disso, podem ser avaliadas se existe necessidade de investimentos.
Neste ponto, o controle de custos é fundamental, item que também pode
ser feito pelo modelo Canvas.

Além disso, é importante se questionar: como é possível ganhar dinheiro


com a minha proposta de valor? Será que a indústria, por meio do
pagamento da qualidade, vai pagar a mais pelo litro de leite com maiores
teores de gordura e proteína? Será que com a tecnificação e adequação
dos processos da propriedade é possível obter maior rendimento e lucro
por litro de leite, com custos de produção iguais ou inferiores aos
anteriores? Enfim, as oportunidades são muitas, mas é preciso que você
encontre o modelo de negócio da sua fazenda.
MAPEAMENTO E
PADRONIZAÇÃO DOS
PROCESSOS
Os processos precisam ser mapeados para
capacitar e desenvolver os colaboradores.
As atividades críticas, como o processo de
ordenha, devem ser mapeadas. Neste processo,
é necessário padronizar a forma como esta
atividade deve ser executada, de modo que,
todas as ordenhas sejam realizadas
da mesma maneira.

Após o mapeamento de todas as etapas que envolvem


a ordenha, é feita a padronização de cada uma: a
limpeza lateral e da ponta dos tetos; o descarte na
caneca dos primeiros jatos ordenhados; aplicação
do pré-dipping; secagem da ponta e da lateral dos
tetos; colocação e ajuste da teteira e a aplicação do
pós-dipping cobrindo todo o teto.

Todas estas etapas são padronizadas de modo que


todas as pessoas saibam como a ordenha deve
ser realizada e qual é o resultado esperado.
ORGANIZAÇÃO DO
AMBIENTE DE TRABALHO
Quem nunca escutou falar que “a empresa é a cara do dono?”. Então,
como será que está a imagem da sua fazenda? Como é visto o ambiente
de trabalho? Uma coisa é certa: não tente mudar o comportamento das
pessoas, mude o ambiente de trabalho que elas estão inseridas, fazendo a
mudança partir dos próprios colaboradores.

Para isso, é preciso fornecer as condições necessárias para que as


pessoas possam trabalhar. Organizar o ambiente de trabalho, não
deixar faltar os insumos necessários para a execução das atividades,
melhorar a comunicação, implementar a gestão à vista, realizar a
manutenção de máquinas e equipamentos são exemplos de ações que
resultam no envolvimento e engajamento de todos os colaboradores.

Vale ressaltar que todas estas ações devem padronizadas e realizadas


diariamente, minuto a minuto e que a gestão da rotina deve ser feita pelo
Gerente, Supervisor, Auxiliares e Operadores da fazenda. A rotina da
propriedade é formada por todos seus integrantes!
FERRAMENTAS DE
GESTÃO: O LEAN NA
PRÁTICA
As ferramentas gerenciais são técnicas que podem ser aplicadas
diariamente em todos os processos das propriedades leiteiras. Elas
auxiliam no mapeamento, controle e padronização das atividades,
embasando, desta maneira, tomadas de decisões mais assertivas.
Entre as ferramentas de gestão utilizadas nas fazendas, podemos citar a
gestão à vista, Kanban, Planejamento e Controle da Manutenção (PCM) e o
programa 5S. Conheça a seguir cada uma:

GESTÃO À VISTA
Esta técnica de gestão é simples, prática e, claro, visual. O objetivo é
tornar visíveis as principais informações para todos os colaboradores. Por
exemplo, procedimentos e protocolos relacionados a tratamentos médicos
podem ser definidos utilizando a gestão à vista.

As vacas em tratamentos podem ser identificadas por cores


correspondentes aos medicamentos que estão sendo utilizados. Por
exemplo, vacas com mastite podem ter uma fitinha da cor azul na perna,
indicando que o leite daquele animal deve ser descartado. Deste modo, os
processos são padronizados, uma vez que as pessoas envolvidas sabem
exatamente o que fazer em cada situação.
KANBAN
Assim como a gestão à vista, o Kanban também é uma ferramenta visual
que auxilia no gerenciamento da rotina das atividades. Basicamente, é
uma maneira de gerenciar tarefas baseado em informações visuais.

Por meio da utilização do Kanban nas propriedades leiteiras, é possível o


controle de estoques de insumos. No local de armazenamento da ração
para as bezerras, por exemplo, pode ser demarcado um limite na parede
que, a partir dele, sabemos que é necessário repor o estoque.

O mesmo pode ser feito para a controlar a quantidade de feno. No local


em que ele é armazenado também podem ser demarcados limites nas
paredes que indicam a necessidade de repor o estoque deste insumo.
Desta maneira, o Kanban permite que todos os insumos necessários para
os processos estejam disponíveis, bem como medicamentos e materiais
para os colaboradores. Ou seja, esta ferramenta de gestão organiza o
ambiente de trabalho.

PLANEJAMENTO E CONTROLE DA MANUTENÇÃO (PCM)


Sabemos que os equipamentos e maquinários estão sujeitos a
apresentarem defeitos. Aqui, o ditado “é mais fácil prevenir do que
remediar” faz todo sentido. Neste contexto, o Planejamento e Controle da
Manutenção (PCM) é importante, uma vez que são feitas manutenções
preventivas e não corretivas nos maquinários e equipamentos.

Por exemplo, a manutenção preventiva pode ser realizada nas


ordenhadeiras, de modo que garantam que quando o equipamento for
utilizado, ele estará em perfeitas condições (organização do ambiente de
trabalho).
E mesmo que, apresente alguma falha no momento da ordenha, o
problema pode ser rapidamente resolvido, por meio da utilização das
demais ferramentas de gestão e dos mapeamentos dos processos.

PROGRAMA 5S
O programa 5S é uma ferramenta de gestão que busca melhorar o
ambiente de trabalho e a produtividade, tendo como princípios: utilização,
organização, limpeza, bem-estar e autodisciplina.

Na prática, nas fazendas leiteiras o 5S facilita e otimiza os processos, visto


que, com a organização do ambiente de trabalho, é possível saber onde
estão os recursos necessários para determinada atividade. Por exemplo, a
caixa de luvas que o colaborador utiliza no momento da ordenha está
sempre no mesmo local, de modo que todos saibam onde procurar no
momento que precisarem.
A IMPORTÂNCIA DAS
REUNIÕES: SOLUCIONANDO
AS ANOMALIAS
As reuniões dos gestores com as suas equipes são fundamentais pois, a
partir delas, os colaboradores podem expor as anomalias do seu setor, ou
seja, as dificuldades encontradas para executarem suas atividades no dia
a dia.

Com isso, nas reuniões, os próprios colaboradores podem sugerir


soluções, criando uma voz ativa e um senso de autogestão. Além disso, é
possível melhorar continuamente as atividades, visto que as pessoas
envolvidas diretamente estão engajadas e empenhadas em buscar
soluções de melhoria contínua para os processos.

Aqui, também é válido ressaltarmos a importância do treinamento e


capacitação técnica e comportamental. Invista, desenvolva e entenda
seus colaboradores. Para finalizar, lembre-se sempre: nós gerenciamos
processos, nos quais as pessoas são as protagonistas!
DA GESTÃO

www.milkpointexperts.com.br

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