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B. F. Skinner
"um grande setor do psíquico que permanece inconsciente e parcialmente consciente, que
se desenvolve a partir do ego através da internalização ou introjeção em resposta a
conselhos, ameaças, avisos, e punição, especialmente pelos pais mas também por
professores e outras autoridades. Ele reflete a consciência familiar e as regras da sociedade,
servindo como uma ajuda na formação do caráter e como um protetor para o ego contra os
irresistíveis impulsos do id".
Mas é "um grande setor do psíquico" apenas no sentido de "uma grande parte do
comportamento humano", e é marcadamente inconsciente somente porque a comunidade
verbal não ensina as pessoas a observarem ou a descreverem isso. É principalmente o
produto das práticas punitivas de uma sociedade que tenta suprimir o comportamento
egoísta gerado pelos reforçadores biológicos, e pode tomar a forma de uma sociedade
imitadora ("servindo como vigário da sociedade") como as injunções dos pais, professores
e outros tornam-se parte desse repertório. O ego é o produto das contingências práticas da
vida cotidiana que necessariamente envolvem suscetibilidades ao reforço e às contingências
punitivas organizadas por outras pessoas, mas mostrando o comportamento formado e
sustentado por
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um ambiente comum. Considera-se que isso satisfaz o id se atinge uma certa quantidade de
reforço biológico, e o superego faz isso sem arriscar demais a punição. Não precisamos
dizer que essas três personalidades arquetípicas são os atores de um drama interior. O ator é
o organismo, que se tornou uma pessoa com repertórios diferentes, possivelmente
conflitantes, como o resultado de contingência diferentes, possivelmente conflitantes.
A análise de Freud parece convincente por causa de sua universalidade, mas são as
contingências ambientais e não o psíquico as invariantes. Os conflitos entre o superego e o
id, que o ego tão freqüentemente falha em resolver, mostram certos padrões familiares. Em
algumas culturas o fato de que uma pessoa ama a sua mãe e vê o seu pai como um rival é
quase uma característica do ser humano do sexo masculino enquanto a anatomia que define
o seu sexo, mas uma universalidade comparável é considerada como encontrada entre as
contingências sociais de reforço sustentadas por tipos de famílias em tais culturas. Os
padrões arquetípicos de Jung e o inconsciente coletivo podem ser vistos ou na evolução da
espécie ou na evolução das práticas culturais. "A surpreendente semelhança do inconsciente
reprimido através de todas as eras e civilizações conhecidas" é a semelhança das coisas que
reforçam as pessoas e dos comportamentos que provam ser injuriosos a outros. Os aspectos
universais, considerados como característicos de todas as linguagens, são o resultado de
características universais das comunidades linguísticas que surgem do papel desempenhado
pela linguagem na vida cotidiana.
A vida da mente parece requerer e consumir energia psíquica. Esta é simplesmente uma
outra maneira de repre/
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com uma história responsável pelo fato de ser Maomé, e não algum outro agente interno
fragmentário, a quem devemos nos voltar para explicar o comportamento.
Mas se nos voltarmos aos fatos sobre os quais essas expressões se baseiam, é comumente
possível identificar as contingências do reforço que são responsáveis pelas atividades
intrapsíquicas. Entre os fatos relevantes se encontram: a frustração é gerada pela extinção,
que é também freqüentemente responsável pelo comportamento agressivo. As medidas de
controle usadas por uma autoridade tornam mais prováveis que uma pessoa escape ou
contra-ataque, e as condições relevantes podem ser sentidas como ressentimento; ao mesmo
tempo, as medidas podem gerar comportamento complacente, razão pela qual as autoridade
as usam. As condições corporais associadas à complacência não podem ser sentidas se as
condições associadas á fuga ou contra-ataque forem fortes.
ou os mecanismos de defesa. Eles têm sido definidos como "reações de personalidade por
meio dos quais um indivíduo tenta satisfazer as suas necessidades emocionais; e.g.,
estabelecer harmonia entre forças conflitantes; reduzir sentimentos de ansiedade ou culpa
que surgem de desejos, pensamentos e emoções que não são aceitáveis". Definições
alternativas podem ser derivadas das contingências responsáveis pelo comportamento do
qual os dinamismos são inferidos. Eu considerarei três exemplos, usando definições do
Terceiro Dicionário Internacional de Webster.
A palavra "repressão" é parte de uma metáfora elaborada que oferece um caráter dinâmico
ao efeito da punição. Quando sentimentos não podem ser expressos, diz-se que surge uma
pressão, até que uma explosão ocorre. Um jornal afirma que "a coisa assustadora sobre as
pessoas quietas como Bremer e Sirhan e Oswald é que deve haver milhões deles nos
Estados Unidos segurando a sua raiva dentro de si até que - na ausência de uma válvula de
escape que muitos indivíduos possuem - eles explodem". Mas o que acontece quando uma
pessoa "segura a sua raiva dentro de si", e o que é essa "válvula de escape" através da qual
a maioria das pessoas deixar o vapor emocional sair? As respostas devem ser encontradas
nas
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condições sob as quais o comportamento se torna muito forte porque ele não pode ser
emitido.
Estamos freqüentemente a par de uma forte tendência a fazer ou dizer algo, embora uma
ocasião esteja faltando; podemos estar "repletos de boas notícias" mas não ter ninguém a
quem contá-las. Mais freqüentemente, porém, não respondemos porque fomos punidos;
"reprimimos nossa raiva" porque fomos punidos para "expressá-la". Se algo como uma
explosão acontece subitamente, é porque a situação muda. Encontramos alguém com quem
conversar e "trocar idéias longamente", ou nosso comportamento se torna mais forte do que
os comportamentos incompatíveis que previamente o deslocaram. Se uma explosão tem
conseqüências inesperadas por outros, medidas apropriadas podem ser tomadas para
impedi-lo. A "pressão pode ser deduzida" fornecendo-se um ambiente no qual o
comportamento pode ser emitido livremente ou "os impulsos podem ser dirigidos a saídas
mais úteis". "Armas de brinquedo", diz um psiquiatra, "permitem às crianças trabalharem
os seus conflitos e ventilar alguns impulsos agressivos". Devemos, ao invés disso, dizer que
eles permitem às crianças se comportarem agressivamente sem a ameaça da punição.
Conversão: "a transformação de um conflito inconsciente em um sintoma somático
simbolicamente equivalente". Uma das manifestações mais dramáticas do suposto poder da
vida mental é a produção de doença física. Como uma idéia na mente é considerada como
movendo os músculos que a expressam, assim também atividades não somáticas no
psíquico são consideradas como afetando a SOMA. Por exemplo, úlceras são consideradas
como sendo produzidas por uma "raiva dirigida a si mesmo". Devemos, ao invés disso,
dizer que a condição sentida como raiva é medicamente relacionada à úlcera, e que a
situação social complexa causa a ambos. Similarmente, quando se considera que o ato falho
se deve possivelmente
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ao ódio inconsciente da criança ou do pai, podemos dizer, ao invés disso, que a condição
sentida como raiva é medicamente relacionada à falha, e que deve ser atribuída, por sua
vez, a uma situação social complexa. A úlcera e o ato falho são "simbolicamente
equivalentes" à raiva na medida em que estão associadas a uma grande probabilidade de
causar dano. A conversão não demonstra que a mente atua sobre a matéria; o psíquico não
muda o físico. As condições físicas, muitas das quais relevantes ao comportamento e
sentidas de vários modos, têm efeitos físicos (médicos).
Tem sido dito que "forças inibidoras que se opõem à descarga da tensão são o tema
imediato da psicologia". Se assim é, isso se deve ao fato de que
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essas forças inibidoras e a descarga da tensão são figuras de linguagem que se referem à
punição ou reforço, respectivamente.
In Skinner, B. F. (1974): About Behaviorism, New York: Vintage Books, pgs. 166-174.