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Jornada de TCCs – Terapia do Esquema: Caso Marcelo

Marcelo é um homem de 33 anos que trabalha com seu pai em uma empresa familiar, onde possuem uma
pequena rede local de postos de combustíveis. Na empresa, Marcelo exerce a função de gerente administrativo.
Ele é casado e possui dois filhos, uma menina de 7 anos e um menino de 9. O paciente buscou terapia devido
à sua dificuldade em dirigir outras pessoas no trabalho.

Além disso, em sua vida pessoal, Marcelo é extremamente complacente com as pessoas, sempre priorizando
as necessidades dos outros às suas. Quando solicitado a expressar seus desejos e opiniões, ele sempre
responde: "Para mim tanto faz! Você decide". Marcelo busca agradar a todos, inclusive sua esposa,
concordando com tudo o que ela deseja, e aos filhos, nunca dizendo "não", embora se sinta culpado por nunca
impor limites e por prover materialmente mais do que julga necessário. Apesar de ter uma relação harmoniosa
com a família até agora, Marcelo está preocupado com a possibilidade de ela estar se deteriorando.

Quanto ao seu pai e ao trabalho, o paciente relata maior desconforto: "Olha, sendo super sincero, eu nunca
quis assumir este cargo... nunca foi meu desejo ou sonho fazer o que faço! Às vezes me sinto muito miserável
no final do dia. Quando fiz Administração, passei a sonhar e planejar fazer uma startup no ramo de
tecnologia... passei anos da graduação planejando o escopo de tudo. Mas, nas reuniões familiares, meu pai
sempre falava como eu seria seu sucessor para meus tios... que, claro, quando eu me formasse, eu iria ser o
braço direito dele. Mesmo que a ideia me desagradasse, nunca me opus... sempre me calei e aceitei... assim a
vida seguiu seu rumo".

Ironicamente, as pessoas se sentiam irritadas com Marcelo, apesar de seus esforços para agradá-las. Ele se
sacrificava tanto pelas outras pessoas que sua esposa, Catarina, se aborrecia com ele por não ser o pilar da
família. As crianças, mesmo aproveitando a permissividade do pai, de alguma forma se aborreciam por ele
não lhes impor limites. Seu pai se aborrecia frequentemente pela debilidade e falta de autoridade do filho no
trabalho, principalmente no trato com os funcionários.

Mesmo sem se dar conta, Marcelo também estava aborrecido, pois havia abdicado de suas próprias
necessidades por muito tempo. Esse padrão ele aprendeu muito cedo na vida. O pai de Marcelo prosperou
controlando e dominando os outros, sendo considerado um tirano tanto pela família quanto pelos funcionários.
Tudo tinha que ser do seu jeito. Quando criança, se Marcelo discordasse ou discutisse, seu pai o depreciava,
e sua mãe adotava um papel completamente passivo diante disso.

A mãe de Marcelo sofria de depressão, e ele se lembra dela estar deprimida durante quase toda sua infância e
adolescência. Desta forma, Marcelo costumava adotar o papel de cuidador, procurando fazer com que a mãe
se sentisse melhor e jamais desagradá-la para não deixá-la pior. Não havia nenhum lugar aonde ele pudesse
recorrer para atender às suas necessidades.

Ao ser questionado sobre suas relações com amigos, o cliente relata: "Não tenho amizades relevantes,
infelizmente. Eu só me reúno com um grupo de colegas, às quintas, em um clube para jogar bola. São pessoas
aleatórias, sócios do clube. Nunca fico depois dos jogos porque tenho uma grande dificuldade em expressar
minhas opiniões quando estamos conversando. Tenho uma preocupação muito grande em não agradar.
Consigo conversar numa boa, não me julgo tímido... mas quando a questão envolve fazer algum juízo de valor,
emitir minha opinião, preferências (seja sobre um time de futebol!), eu tenho muito medo de dizer o que sinto
/ penso... preocupo-me em entrar em confronto e não ter harmonia ali". Segundo o cliente, esse padrão é mais
frequente com homens (colegas e funcionários) e com seu pai (sua maior dificuldade reside nestes casos).

Oi, querida(o)! Você realmente precisa imprimir? Em um futuro (médio ou longo), a tendência é que você jogue esta folha no lixo ou que nunca mais a reveja ou a reutilize!
Para cada folha impressa, além dos custos econômicos desnecessários ao seu bolso, serão gastas tinta, energia, matérias-primas exploradas indiscriminadamente, etc. Talvez
esquecemos disso pela correria do dia a dia ou pela comodidade que a folha impressa dá, mas, atualmente, existem muitos leitores de texto e apps, equipamentos que podem
facilitar a leitura – aumentam e reduzem letras, dão a opção de marcar o texto no PDF e, até mesmo, inserir comentários e anotações! Antes de imprimir pergunte-se: “isto é
absolutamente necessário e indispensável?”. Minha dica é: não imprima! Evite! Com carinho, Dra. Ane Vaz.
Marcelo tem mais dificuldade em confrontar o pai, devido à sua posição dominante. Adicionalmente, o
paciente também contou que, em suas relações, sempre suprime a raiva: "É muito difícil me tirar do sério,
sabe? Minha esposa chega a dizer isso – que deixo as pessoas abusarem de mim e nunca falo / faço nada".

Marcelo relata ser uma pessoa que agrada a todos e sempre se sente defeituosa. "De algum modo, nego minhas
próprias necessidades porque não sinto que são legítimas". Na terapia, o cliente parece bastante apático e
inibido. Relata que, em geral, em sua vida, também suprime suas expressões emocionais. "Cresci em uma
família que desencorajava comportamentos e expressões emocionais – minha mãe não podia ser 'incomodada'
por causa de sua condição e meu pai era muito rígido e punitivo. Quando eu chorava (independentemente do
motivo!), era levado a me sentir culpado por perturbar minha mãe e punido por meu pai ('homem não chora!').
Em casa, as necessidades dos meus pais sempre precederam as minhas. Da infância à adolescência, me sentia
fraco, impotente... também me sentia envergonhado quando agia de forma mais expansiva ou brincalhona".

De modo geral, "trabalho e performance" sempre foram super enfatizados na vida do cliente, não o prazer.
Seus pais não estavam satisfeitos a não ser que ele estivesse "performando" perfeitamente.

Marcelo, que sempre procurou agradar a todos, cresceu num meio que feriu sua autoestima. Seu pai era crítico
e controlador, e sua mãe estava frequentemente deprimida e doente. A identidade de Marcelo não importava
muito; seus pais o usavam para seu próprio interesse. Ele aprendeu a colocar suas necessidades em segundo
plano, caso contrário, seus pais ficavam bravos ou deprimidos. Sua infância foi cruel e desprovida de
altruísmo. "Ele sentia como se nunca tivesse sido realmente uma criança", ele diz.

O cliente sente-se deprimido e descontente com sua vida. Buscou tratamento psicológico anteriormente, já
passando por dois terapeutas (desconhece a abordagem teórica), mas sempre desistiu da terapia por considerar
ser "penoso demais confrontar suas dificuldades e as pessoas". Relata que, diariamente, ao entardecer, é o pior
momento do seu dia: "Quando chego em casa após um dia de trabalho, tudo parece pior... Fico pensando como
não gosto deste trabalho e onde eu estaria se não fosse tão covarde". Os piores dias são aqueles em que seu
pai está no posto que administra - na noite anterior, quando sabe que ele estará lá, não dorme... Sente tensão
muscular e chega a suar frio por ter que encontrá-lo avaliando seu trabalho. Quando tem conflitos com
funcionários e precisa resolver problemas ou orientar, também não se sente diferente: fica muito nervoso e
tem reações fisiológicas, chegando a se sentir um impostor - "O que estou fazendo ali, administrando um
funcionário?".

"Nunca me sinto confortável em delegar e mediar... Com meus filhos, no entanto, é um pouco mais fácil
quando minha esposa está junto... No trabalho, ao contrário, parece um pouco menos penoso quando meu pai
não está presente".

Esta é a situação de Marcelo, um homem aprisionado em um ciclo de complacência e supressão de suas


próprias necessidades, em uma constante busca por agradar aos outros.

Oi, querida(o)! Você realmente precisa imprimir? Em um futuro (médio ou longo), a tendência é que você jogue esta folha no lixo ou que nunca mais a reveja ou a reutilize!
Para cada folha impressa, além dos custos econômicos desnecessários ao seu bolso, serão gastas tinta, energia, matérias-primas exploradas indiscriminadamente, etc. Talvez
esquecemos disso pela correria do dia a dia ou pela comodidade que a folha impressa dá, mas, atualmente, existem muitos leitores de texto e apps, equipamentos que podem
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absolutamente necessário e indispensável?”. Minha dica é: não imprima! Evite! Com carinho, Dra. Ane Vaz.

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