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BIOMEDICINA

ESTÉTICA
Autoria
KARLA GONÇALVES
DOS SANTOS
MALACHOSK
Presidente da Divisão de Ensino Prof. Paulo Arns da Cunha
Reitor Prof. José Pio Martins
Pró-Reitor Prof. Carlos Longo
Coordenação Geral de EAD Prof. Everton Renaud
Coordenação de Metodologia e Tecnologia Profa. Roberta Galon Silva
Autoria Profa. Karla Gonçalves dos Santos Malachosk
Parecerista Profa. Aniely Ruckhaber Barbosa
Supervisão Editorial Felipe Guedes Antunes
Projeto Gráfico e Capa DP Content

DADOS DO FORNECEDOR
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional,
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Biblioteca da Universidade Positivo – Curitiba – PR

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Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido
Curitiba-PR – CEP 81280-330
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Imagens de ícones/capa: © Shutterstock

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Compreenda seu livro
Metodologia

Caro aluno,
A metodologia da Universidade Positivo tem por objetivo a aprendizagem e a comu-
nicação bidirecional entre os atores educacionais. Para que os objetivos propostos se-
jam alcançados, você conta com um percurso de aprendizagem que busca direcionar a
construção de seu conhecimento por meio da leitura, da contextualização prática e das
atividades individuais e colaborativas.
A proposta pedagógica da Universidade Positivo é baseada em uma metodologia dia-
lógica de trabalho que objetiva:

valorizar suas incentivar a estimular a oportunizar a


experiências; construção e a pesquisa;
reflexão teórica
reconstrução do
conhecimento; e aplicação
consciente dos
temas abordados.

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Metodologia
Com base nessa metodologia, o livro apresenta a seguinte estrutura:

OBJETIVOS DO CAPÍTULO
Indicam o que se espera que você
aprenda ao final do estudo do ca- TÓPICOS QUE SERÃO ESTUDADOS
pítulo, baseados nas necessidades Descrição dos conteúdos que
de aprendizagem do seu curso. serão estudados no capítulo.

CONTEXTUALIZANDO O CENÁRIO
Contextualização do tema que será PERGUNTA NORTEADORA
estudado no capítulo, como um Ao final do Contextualizando o cená-
cenário que o oriente a respeito do rio, consta uma pergunta que esti-
assunto, relacionando teoria e prática. mulará sua reflexão sobre o cenário
apresentado, com foco no desenvol-
vimento da sua capacidade de análi-
PAUSA PARA REFLETIR se crítica.
São perguntas que o instigam a
refletir sobre algum ponto BOXES
estudado no capítulo. São caixas em destaque que podem
apresentar uma citação, indicações
de leitura, de filme, apresentação de
um contexto, dicas, curiosidades etc.
PROPOSTA DE ATIVIDADE
Sugestão de atividade para que você
desenvolva sua autonomia e siste-
matize o que aprendeu no capítulo. RECAPITULANDO
É o fechamento do capítulo. Visa
sintetizar o que foi abordado, reto-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS mando os objetivos do capítulo, a
São todas as fontes utilizadas no pergunta norteadora e fornecendo
capítulo, incluindo as fontes mencio- um direcionamento sobre os ques-
nadas nos boxes, adequadas tionamentos feitos no decorrer do
ao Projeto Pedagógico do curso. conteúdo.

4
Boxes

AFIRMAÇÃO
Citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo.

ASSISTA
Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares

ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado.

BIOGRAFIA
Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa
relevante para o estudo do conteúdo abordado.

CONTEXTO
Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstra-se
a situação histórica do assunto.

CURIOSIDADE
Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado.

DICA
Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma
informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado.

ESCLARECIMENTO
Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de
conhecimento trabalhada.

EXEMPLO
Informação que retrata de forma objetiva determinado assunto.

5
Sumário
Capítulo 1 - Tecnologias avançadas para redução de medidas, flacidez e lipodistrofia
ginoide
Objetivos do capítulo ...................................................................................................... 18
Contextualizando o cenário ............................................................................................ 19

1.1 Radiofrequência seletiva .......................................................................................... 20


1.1.1 Propriedades biofísicas ..............................................................................................................................20
1.1.2 Mecanismo de ação .....................................................................................................................................22
1.1.3 Parâmetros de aplicação ...........................................................................................................................23
1.1.4 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................23

1.2 Laser frio ................................................................................................................... 24


1.2.1 Propriedades biofísicas ..............................................................................................................................24
1.2.2 Mecanismo de ação.....................................................................................................................................26
1.2.3 Parâmetros de aplicação ...........................................................................................................................27
1.2.4 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................28

Proposta de Atividade ..................................................................................................... 30


Recapitulando ................................................................................................................. 30
Referências bibliográficas .............................................................................................. 31

7
Sumário
Capítulo 2 - Criofrequência
Objetivos do capítulo ...................................................................................................... 32
Contextualizando o cenário ............................................................................................ 33

2.1 Propriedades do equipamento ................................................................................. 34


2.1.1 Sinergia entre a radiofrequência e o frio ................................................................................................35
2.1.2 Tecnologia do aplicador .............................................................................................................................35
2.1.3 Mecanismo de ação .....................................................................................................................................36
2.1.4 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................38

2.2 Técnicas subcutâneas ............................................................................................... 39


2.2.1 Lipodistrofia localizada ..............................................................................................................................39
2.2.2 Lipodistrofia ginoide ...................................................................................................................................41
2.2.3 Protocolos e associações ...........................................................................................................................41

2.3 Técnicas intradérmicas ............................................................................................ 42


2.3.1 Flacidez tissular e rejuvenescimento .......................................................................................................43
2.3.2 Protocolos e associações ...........................................................................................................................44

Proposta de Atividade ..................................................................................................... 46


Recapitulando ................................................................................................................. 46
Referências bibliográficas .............................................................................................. 48

8
Sumário
Capítulo 3 - Ultrassom microfocado
Objetivo do capítulo ........................................................................................................ 49
Contextualizando o cenário ............................................................................................ 50

3.1 Propriedades do equipamento ................................................................................. 51


3.1.1 Características ............................................................................................................................................52
3.1.2 Tecnologia do aplicador .............................................................................................................................54
3.1.3 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................55

3.2 Efeitos fisiológicos .................................................................................................... 57


3.2.1 Mecanismo de ação .....................................................................................................................................57
3.2.2 Técnicas de aplicação.................................................................................................................................58
3.2.3 Reações adversas e complicações............................................................................................................59

Proposta de Atividade ..................................................................................................... 60


Recapitulando ................................................................................................................. 60
Referências bibliográficas .............................................................................................. 61

9
Sumário
Capítulo 4 - Fundamentos da hidrolipoclasia
Objetivo do capítulo ........................................................................................................ 62
Contextualizando o cenário ............................................................................................ 63

4.1 Fundamentos da hidrolipoclasia .............................................................................. 64


4.1.1 Conceito ........................................................................................................................................................65
4.1.2 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................66

4.2 Ultrassom .................................................................................................................. 67


4.2.1 Propriedades biofísicas ..............................................................................................................................67
4.2.2 Tipos de ultrassom para hidrolipoclasia..................................................................................................68
4.2.3 Parâmetros de aplicação ...........................................................................................................................70

4.3 Mecanismo de ação................................................................................................... 70


4.3.1 Solução hipertônica ....................................................................................................................................71
4.3.2 Ativo lipolítico .............................................................................................................................................72
4.3.3 Ultrassom .....................................................................................................................................................72

4.4 Técnicas de aplicação............................................................................................... 72


4.4.1 Infiltração com cânula ...............................................................................................................................73
4.4.2 Infiltração com agulha ...............................................................................................................................74
4.4.3 Anestesia ......................................................................................................................................................75
4.4.4 Recomendações pós-procedimento .........................................................................................................75

Proposta de Atividade ..................................................................................................... 76


Recapitulando ................................................................................................................. 76
Referências bibliográficas .............................................................................................. 78

10
Sumário
Capítulo 5 - Estética íntima
Objetivo do capítulo ........................................................................................................ 79
Contextualizando o cenário ............................................................................................ 80

5.1 Anatomia e fisiopatologia íntimas ........................................................................... 81


5.1.1 Anatomia.......................................................................................................................................................82
5.1.2 Fisiopatologia ...............................................................................................................................................83

5.2 Hiperpigmentação .................................................................................................... 84


5.2.1 Preparação da região .................................................................................................................................84
5.2.2 Peeling íntimo..............................................................................................................................................85
5.2.3 Indicações e contraindicações ..................................................................................................................87
5.2.4 Recomendações pós-procedimento .........................................................................................................88

5.3 Flacidez ...................................................................................................................... 88


5.3.1 Microagulhamento íntimo ..........................................................................................................................89
5.3.2 Criofrequência e radiofrequência íntima ................................................................................................92
5.3.3 Indicações e contraindicações na saúde estética..................................................................................94
5.3.4 Recomendações pós-procedimento .........................................................................................................94

5.4 Tonicidade ................................................................................................................. 94


5.4.1 Preenchimento íntimo ................................................................................................................................95
5.4.2 Indicações e contraindicações ..................................................................................................................96
5.4.3 Recomendações pós-procedimento .........................................................................................................96

Proposta de Atividade ..................................................................................................... 97


Recapitulando ................................................................................................................. 97
Referências bibliográficas .............................................................................................. 99

11
Sumário
Capítulo 6 - Fundamentos da hidrolipoclasia
Objetivo do capítulo ......................................................................................................100
Contextualizando o cenário ..........................................................................................101

6.1 Principais características ......................................................................................102


6.1.1 Conceito ..................................................................................................................................................... 103
6.1.2 Classificação de Fitzpatrick ................................................................................................................... 104
6.1.3 Classificação do peeling.......................................................................................................................... 106

6.2 Níveis .......................................................................................................................106


6.2.1 Muito superficial .......................................................................................................................................107
6.2.2 Superficial ..................................................................................................................................................107
6.2.3 Médios ........................................................................................................................................................ 108
6.2.4 Profundo .................................................................................................................................................... 108

6.3 Avaliação do paciente.............................................................................................108


6.3.1 Avaliação e anamnese ............................................................................................................................. 109
6.3.2 Preparação da pele .................................................................................................................................. 111
6.3.3 Despigmentantes...................................................................................................................................... 111
6.3.4 Fotoprotetores .......................................................................................................................................... 113

6.4 Procedimento pós-peeling .....................................................................................113


6.4.1 Recomendações........................................................................................................................................ 114
6.4.2 Complicações ............................................................................................................................................ 115

Proposta de Atividade ...................................................................................................116


Recapitulando ...............................................................................................................116
Referências bibliográficas ............................................................................................118

12
Sumário
Capítulo 7 -Ácidos I
Objetivo do capítulo.................................................................................................... 119
Contextualizando o cenário........................................................................................ 120

7.1 Ácido retinoico........................................................................................................ 121


7.1.1 Características básicas ........................................................................................................................... 122
7.1.2 Mecanismo de ação .................................................................................................................................. 123
7.1.3 Indicações e contraindicações ............................................................................................................... 123
7.1.4 Protocolo ................................................................................................................................................... 124

7.2 Ácido glicólico...................................................................................................... 125


7.2.1 Características básicas ........................................................................................................................... 125
7.2.2 Mecanismo de ação .................................................................................................................................. 126
7.2.3 Indicações e contraindicações ................................................................................................................127
7.2.4 Protocolo ....................................................................................................................................................127

7.3 Ácido salicílico...................................................................................................... 128


7.3.1 Características básicas ........................................................................................................................... 129
7.3.2 Mecanismo de ação .................................................................................................................................. 130
7.3.3 Indicações e contraindicações ............................................................................................................... 130
7.3.4 Protocolo ................................................................................................................................................... 131

7.4 Jessner .................................................................................................................. 131


7.4.1 Características básicas ........................................................................................................................... 132
7.4.2 Mecanismo de ação .................................................................................................................................. 133
7.4.3 Indicações e contraindicações ............................................................................................................... 134
7.4.4 Protocolo ................................................................................................................................................... 134

Proposta de Atividade................................................................................................. 135


Recapitulando............................................................................................................ 135
Referências bibliográfi cas .......................................................................................... 137

13
Sumário
Capítulo 8 -Ácidos II
Objetivo do capítulo.................................................................................................... 138
Contextualizando o cenário........................................................................................ 139

8.1 Ácido tioglicólico................................................................................................... 140


8.1.1 Características básicas ........................................................................................................................... 142
8.1.2 Mecanismo de ação.................................................................................................................................. 142
8.1.3 Indicações e contraindicações ............................................................................................................... 143
8.1.4 Protocolo ................................................................................................................................................... 143

8.2 Ácido tricloroacético ............................................................................................ 144


8.2.1 Características básicas ........................................................................................................................... 145
8.2.2 Mecanismo de ação.................................................................................................................................. 145
8.2.3 Indicações e contraindicações ............................................................................................................... 146
8.2.4 Protocolo ................................................................................................................................................... 146

8.3 Ácido mandélico................................................................................................... 148


8.3.1 Características básicas ........................................................................................................................... 148
8.3.2 Mecanismo de ação.................................................................................................................................. 149
8.3.3 Indicações e contraindicações ............................................................................................................... 149
8.3.4 Protocolo ................................................................................................................................................... 150

8.4 Fenol .................................................................................................................... 150


8.4.1 Características básicas ........................................................................................................................... 151
8.4.2 Mecanismo de ação.................................................................................................................................. 152
8.4.3 Indicações e contraindicações ............................................................................................................... 152
8.4.4 Protocolo ................................................................................................................................................... 152

Proposta de Atividade................................................................................................. 153


Recapitulando............................................................................................................ 153
Referências bibliográfi cas .......................................................................................... 155

14
15
APRESENTAÇÃO

A disciplina de Biomedicina Estética tem como intuito apresentar os melho-res e


mais tecnológicos recursos da saúde estética para o tratamento e a recuperação dos
tecidos e do organismo como um todo. Desta forma, o profissional poderá atuar de
maneira diferenciada, munido de entendimento e um domínio preciso do desenvolvi-
mento de protocolos, potencializando e garantindo melhores e efetivos resultados sem
causar riscos à saúde, focado no bem-estar e na melhora da qualidade de vida do pa-
ciente saudável.
Com a disciplina de Biomedicina Estética, o aluno estará preparado para realizar
protocolos para clareamento e rejuvenescimento íntimo, aplicação de tecnologias
como a criofrequência, laser frio, ultrassom microfocado, hidrolipoclasia enzimática,
além de adquirir conhecimento sobre os peelings magistrais, conhecendo as caracterís-
ticas de cada um, a profundidade de atuação, efeitos esperados, indicações, contraindi-
cações, reações adversas e atuação nas complicações pós-peeling. Concomitante a este
conhecimento, serão retomados temas como anamnese, biotipos e fototipos cutâneos,
visando a aplicação assertiva de qualquer tipo de procedimento.

16
O autor

A Professora Karla Glazielle Gonçalves


dos Santos Malachoski é especialista em
Biomedicina Estética pela FACEI (Faculda-
des Einstein), graduada em Biomedicina
pela UTP (Universidade Tuiuti do Paraná)
e sócia-proprietária em clínica de estética
avançada, além de docente universitária e
professora em especializações na área de
saúde estética.
Currículo Lattes:
http://lattes.cnpq.br/4851254865648257

“Dedico ao meu marido e meu filho,


pelos momentos ausentes. Sempre
que precisei, pude contar com o
apoio e o incentivo.”

17
TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Reconhecer a indicação para cada RADIOFREQUÊNCIA SELETIVA
• Propriedades biofísicas
procedimento, bem como seu
• Mecanismo de ação
mecanismo de ação, tornando assim, os
• Parâmetros de aplicação
procedimentos seguros e eficazes. • Indicações e contraindicações na
saúde estética

LASER FRIO
• Propriedades biofísicas
• Mecanismo de ação
• Parâmetros de aplicação
• Indicações e contraindicações na
saúde estética

18
Contextualizando o cenário
Cada vez mais, as pessoas se preocupam com a aparência e buscam tratamentos esté-
ticos. Em vista disso, novas tecnologias para o tratamento de disfunções corporais pre-
cisam ser desenvolvidas. É importante que haja maior eficácia e menor agressividade.
Por esse motivo, alguns equipamentos como a radiofrequência seletiva e o laser frio vem
ganhando espaço, pois promovem resultados satisfatórios e com zero down time, ou
seja, o indivíduo não precisa se ausentar das atividades diárias, como ocorre em proces-
sos cirúrgicos. Sendo assim, como ocorre o mecanismo de ação das técnicas abordadas?
Quais são suas indicações?

19
1.1 Radiofrequência seletiva
A área da estética possui um sentido mais profundo do que apenas um cuidado com a vai-
dade física. Trata-se de um ramo da ciência que estuda a natureza do belo. A sociedade julga e
estabelece padrões para determinar o que é considerado belo ou não. Assim, estética não diz
respeito somente à beleza, mas ao bem-estar e ao conhecimento do organismo humano, da
parte anatômica à fisiológica.
Com a tecnologia em amplo crescimento, a saúde estética vem se desenvolvendo rapida-
mente. Na Biomedicina Estética, o profissional deve se preocupar com a saúde e o bem-estar
do seu paciente, e o acesso a essas novas tecnologias pode, portanto, proporcionar tratamen-
tos mais eficazes e seguros ao paciente.
A radiofrequência seletiva começou a ser utilizada na área da saúde estética nos Estados
Unidos e na Europa. No Brasil, seu uso foi aprovado em 2014 pela ANVISA. A radiofrequência
seletiva é uma tecnologia não invasiva capaz de tratar uma região maior do corpo, diferente
dos demais equipamentos da estética. Os resultados observados em estudos revelam que é
possível reduzir até 40% da gordura na região tratada. A tecnologia seletiva permite selecionar
apenas o tecido adiposo para absorção das ondas eletromagnéticas, as quais são convertidas
em calor, mantendo a pele e os músculos intactos.

1.1.1 Propriedades biofísicas


A tecnologia contém dois tipos de aplicadores. O primeiro, e mais utilizado, é composto por
três placas as quais atingem toda a região abdominal e flancos. O segundo aplicador é destinado
ao tratamento de regiões mais difíceis de acoplamento, como o interno de coxa, culote e braço.

Figura 1. Placas de acoplamento. Fonte: Veja São Paulo. Acesso em: 10/02/2019.

20
Os aplicadores devem ficar a uma distância de aproximadamente 1 cm da pele. A área do
corpo a ser tratada fica no centro do campo elétrico de alta frequência. No campo, há uma
emissão de ondas eletromagnéticas, as quais são transformadas em calor nos tecidos de baixa
condutividade, como é o caso do tecido adiposo. A temperatura chega a 45º C.

Figura 2. Emissão de energia. Fonte: Cutis Medical Laser Clinics. Acesso em: 09/02/2019. (Adaptado).

No processo, é necessário haver troca de polaridades (positivo e negativo) para que haja a
produção de calor e, consequentemente, ocorra a apoptose programada nos adipócitos.

+ + --
+ + --
+ -

Figura 3. Polaridade. Fonte: Cutis Medical Laser Clinics. Acesso em: 09/02/2019. (Adaptado).

Essa tecnologia esvazia as células de gordura e também pode matá-las. Os tecidos circunvi-
zinhos se mantêm protegidos, uma vez que a tecnologia é seletiva.

21
1.1.2 Mecanismo de ação
A energia emitida promove o aquecimento do tecido adiposo de modo mais profundo e
uniforme, pois as placas funcionam juntas em toda a região acometida pela disfunção. As
células de gordura atingidas iniciam um processo de apoptose celular (morte programada da
célula). Assim, todo o conteúdo intracelular é absorvido pelo sistema linfático e encaminhado
para a metabolização.

ASSISTA:
Para um melhor entendimento do funcionamento da radiofrequência seletiva, as-
sista ao vídeo Vanquish,, disponível no canal Beauty Management Medical Institute,
no Youtube.

O alto índice de triglicerídeos, na corrente sanguínea, estimula a ação da enzima lipase, a


qual dissocia os triglicerídeos em ácidos graxos e glicerol. Em seguida, os ácidos graxos pro-
venientes da metabolização precisam ser eliminados. Isso ocorre de maneira eficaz com a
produção de energia – ATP.
Para que haja produção de ATP, o organismo precisa de oxigênio e glicose. Se não há
uma quantidade suficiente de glicose, o ácido graxo é utilizado. Por isso, é importante orientar
o paciente sobre a importância de realizar uma atividade física e para gerar um gasto calórico.
Além disso, é necessário reduzir o consumo de carboidratos e gorduras da alimentação, para
que, assim, o organismo possa utilizar as moléculas lipídicas provenientes da aplicação da tec-
nologia da radiofrequência seletiva.
Caso esse gasto não aconteça, os ácidos graxos serão reabsorvidos e depositados nova-
mente em outras células de gordura, na forma de triglicerídeos. Como ocorre uma diminui-
ção do tecido adiposo, se a região tratada também for acometida pela lipodistrofia ginoide, o
aspecto será melhorado. Os substratos celulares serão fagocitados por meio da ativação do
sistema imune e os macrófagos, células responsáveis pela limpeza do organismo, irão atuar na
região e fagocitar os restos celulares gerados pela apoptose adipocitária.
O procedimento é indolor e não invasivo. Além disso, o único sintoma decorrente do pro-
cesso é a vermelhidão da pele, que cessa em poucos minutos.
Por fim, o equipamento também promove a produção de colágeno. A temperatura ele-
vada, entre 40° C e 41° C, estimula os fibroblastos, células responsáveis pela síntese das
fibras colágenas.

22
1.1.3 Parâmetros de aplicação
O paciente deve ficar em posição confortável, pois a sessão tem uma duração aproximada
de 45 minutos. Nesse tempo, o paciente não poderá se movimentar, nem usar o celular, pois as
ondas interferem na aplicação da tecnologia. O aplicador é colocado na região, sem encostar
na pele do paciente. Ao acionar o equipamento, ele realiza a medição da impedância do teci-
do e então seleciona o tecido adiposo para a
emissão das ondas eletromagnéticas.
O protocolo indicado é um tratamento com
quatro sessões, realizadas semanalmente. Os
resultados obtidos são duradouros, desde
que a alimentação balanceada e prática de
exercício físico sejam mantidas pelo paciente.
Portanto, é uma tecnologia segura com poucas reações adversas. Alguns efeitos como erite-
ma e edema, calor e sensibilidade na região são transitórios e regridem espontaneamente em
poucas horas após a aplicação da técnica.

1.1.4 Indicações e contraindicações na saúde estética


O maior benefício do tratamento com a radiofrequência seletiva é a eliminação da gordura
localizada de maneira eficaz. Além disso, ele também pode estimular a produção de colágeno,
amenizar a lipodistrofia ginoide e, alguns especialistas relatam que pode apresentar benefícios
aos diabéticos.
Apesar de ser uma tecnologia altamente segura, a aplicação da técnica tem algumas restri-
ções e não deve ser realizada nas seguintes situações:
• Presença de marca-passo;
• Presença de próteses metálicas na região de aplicação;
• Alterações hepática e renal;
• Alteração no perfil lipídico;
• Gestantes e lactantes;
• Processo cirúrgico recente;
• Presença de infecção;
• Portadores de doenças autoimunes;
• Presença de DIU de cobre (se aplicação for abdominal);
• Presença de ferida/lesão na região a ser tratada.

23
PAUSA PARA REFLETIR
Quais são os benefícios que a tecnologia pode promover a pessoas diabéticas?

1.2 Laser frio


Os procedimentos estéticos com uso de laser são mais conhecidos. Entretanto, a utilização
do laser para redução do tecido adiposo ainda é desconhecida. Há 21 anos, alguns estudos
avaliaram os resultados da laserterpaia no tecido subcutâneo. As tecnologias CO2 contínuo,
CO2 pulsado, CO2 ultrapulsado, Erbium contínuo e ultrapulsado e ND-Yag apresentaram um
resultado positivo para redução lipídica. Porém complicações como edema e eritema prolon-
gados (até seis meses após o tratamento) foram constatadas. Dentre elas, o laser de diodo
apresentou resultados satisfatórios e com menos complicações.

1.2.1 Propriedades biofísicas


A técnica do laser frio não é invasiva e é aceita pelos pacientes. Sua atuação se dá por meio
da fotoestimulação e apresenta um comprimento de onda específico para atingir a camada
adiposa. No caso do laser de diodo, o comprimento de onda pode variar de 658 nm a 924 nm,
com pico de absorção entre 658nm e 685nm. A emissão das ondas atua apena na região
alvo, preservando estruturas adjacentes, como nervos, vasos sanguíneos e pele. Alguns
equipamentos apresentam o comprimento de onda que ativa a produção de colágeno. Assim,
é possível realizar a redução adiposa e esti-
mular a neocolagênese, a fim de manter uma
pele firme e tonificada após a diminuição da
camada lipídica.
O equipamento de laser frio é composto
por placas as quais emitem as ondas atra-
vés de fontes emissoras. Essas placas devem
estar em contato com a pele durante todo o
tempo de aplicação da técnica. Figura 4. Placas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/02/2019.

Durante a sessão, sondas são utilizadas para que o conteúdo celular liberado possa ser me-
tabolizado. Elas precisam ser acopladas nos gânglios linfáticos mais próximos da região que
será submetida ao tratamento, a fim de estimular o sistema linfático. Por exemplo, no abdô-
men, as sondas são posicionadas nos gânglios inguinais.

24
Figura 5. Sondas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/02/2019.

O SISTEMA LINFÁTICO

Linfonodos cervicais
Amígdala palatina
Timo

Linfonodos axilares
Duto linfático direito
Baço

Cisterna do quilo Duto torácico

Gânglios linfáticos inguinais


Figura 6. Gânglios linfáticos. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/02/2019. (Adaptado).

A tecnologia é considerada segura e alguns estudos realizados apontam que não há casos
de equimoses, eritema e edema prolongado.
O controle da potência é fundamental, pois sabe-se que um controle adequado da potência
interfere diretamente nos resultados obtidos. Quanto maior a potência, maior a energia acu-
mulada na região e maior a temperatura alcançada, mobilizando o tecido adiposo. Para atingir
o tecido subcutâneo, a potência utilizada é de 40 W, e para estimular a síntese das fibras colá-
genas é de aproximadamente 24 W.
A energia ideal gira em torno de 3 a 5 kJ por área de 10 cm2. A energia é absorvida pelas
mitocôndrias e altera o equilíbrio sódio-potássio. Isso faz com que haja um aumento da per-
meabilidade celular e o esvaziamento das células adiposas.
Vale ressaltar que a tecnologia do laser frio para alterações no tecido adiposo não gera
apoptose celular. As células adiposas ficam intactas, apenas o seu tamanho é reduzido.

25
1.2.2 Mecanismo de ação
A tecnologia do laser frio promove um efeito fototérmico na região da hipoderme. A tem-
peratura da região é elevada, promovendo uma tumefação adipocitária (aumento/inchaço da
célula). O aumento da temperatura ocorre pela absorção da energia por estruturas intra-
celulares chamadas de mitocôndrias, responsáveis pela produção de energia.
O processo de esvaziamento adipocitário, facilitado pela permeabilidade celular inicia-se
no momento em que a mitocôndria absorve a energia. O triglicerídeo (TG) sofrerá a ação da
enzima lipase, iniciando o processo de lipólise. Isso faz com que o ácido graxo e o glicerol sejam
liberados na corrente sanguínea, e o rompimento dos TGs ocorre graças ao processo desenca-
deado após a absorção de energia, conforme mostrado no Diagrama 1.

Diagrama 1. Mecanismo de ação laser frio

Absorção Citocromo Movimentos


da energia C oxidase de elétrons

Permeabilidade Célula em Formação de


da membrana estado oxidativo moléculas de água

Transferência Síntese Rompimento


de prótons H+ de ATP triglicerídeo

Com as sondas acopladas nos gânglios linfáticos, o ácido graxo é facilmente metabolizado
através da produção de energia, a fim de consumir todo o substrato liberado. Quem faz esse
trabalho de captação e transporte é a albumina, levando os ácidos graxos até os músculos
e fígado para oxidação, ou seja, para obtenção de energia, por isso a prática de atividade física
mantém um metabolismo sistêmico acelerado, tendo, então, um balanço energético negativo
e consequente consumo do substrato.
Caso contrário os ácidos graxos são reabsorvidos e depositados em forma de triglicerídeos
nas células adiposas, já que a apoptose celular não ocorre na aplicação do laser frio.

26
4 minutos de exposição ao laser. 6 minutos de exposição ao laser.

Células adiposas intactas


80% da gordura é liberada do A gordura é liberada em sua
meio intracelular totalidade do meio intracelular

Figura 7. Resposta celular. Fonte: NEIRA, R. et al., 2002. Acesso em: 10/02/2019. (Adaptada).

É importante considerar que, como as células adiposas não são eliminadas, uma recidiva na
má alimentação faz com que as células voltem a depositar triglicerídeos no seu interior, anu-
lando os resultados obtidos ao longo do tratamento realizado pelo laser frio.

ASSISTA:
Vamos relembrar o processo de lipólise. Para isso, assista ao vídeo Lipólise,, disponível
no canal Allan Serafim, no Youtube.

1.2.3 Parâmetros de aplicação


A aplicação da técnica do laser frio é simples. A primeira etapa consiste em posicionar as
placas na região a ser tratada. Para segurar as placas na região uma faixa deverá auxiliar na
fixação. A segunda consiste em acionar o equipamento. A programação já vem determinada e
o único parâmetro que precisa ser direcionado é o tempo de aplicação do laser. É indicado 30
a 40 minutos por região.
Os lasers serão ativados promovendo a penetração na hipoderme, irradiando até as cé-
lulas adiposas. A terceira etapa é a absorção do laser pelas mitocôndrias, mecanismo de ação
que resultará na dissociação dos TGs em ácidos graxos e glicerol, sendo então a quarta etapa.
Na quinta e última etapa, ocorre o esvaziamento da célula. Os ácidos graxos liberados com o
auxílio das sondas serão eliminados pelo sistema linfático.
Nesse tratamento, é indicada a realização de 8 a 10 sessões, duas vezes por semana, quan-
do aplicado isoladamente, sem associações de outras tecnologias. O exercício físico é indispen-
sável. Para ativar o metabolismo sistêmico, alguma atividade de, no mínimo, 20 minutos deve

27
ser feita em até 2 horas após a aplicação da técnica. É importante que o exercício seja aeróbico,
ou seja, funcional, e que eleve os batimentos cardíacos para consumir a maior parte do subs-
trato liberado por meio da produção de energia.

ASSISTA:
Para uma melhor elucidação da aplicação do laser frio, assista ao vídeo i-Lipo,
i-Lipo dis-
ponível no canal Blush Hair & Beauty, no Youtube.

1.2.4 Indicações e contraindicações na saúde estética


O laser frio é indicado para qualquer alteração que acometa o tecido adiposo. Também
pode auxiliar tratamentos por meio do aumento da síntese do colágeno, mas este só é possível
se o equipamento utilizado conter o comprimento de onda para tal estimulação. Portanto, as
indicações são:
• Contorno corporal;
• Redução da camada lipídica:
• Região infraglútea;
• Abdômen;
• Flancos;
• Costas;
• Submentoniana;
• Culotes;
• Interior de coxa;
• Braços.

Figura 8. Regiões de aplicação com acoplamentos das placas – Figura 9. Regiões de aplicação com acoplamentos das placas –
Infraglútea. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/02/2019. Abdômen. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/02/2019.

28
Figura 10. Regiões de aplicação com acoplamentos das placas – Flancos e costas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/02/2019.

• Redução da celulite:
• Glúteo;
• Posterior e anterior de coxa.

Figura 11. Regiões de aplicação com acoplamento das placas – Figura 12. Regiões de aplicação com acoplamentos das placas –
Glúteo. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/02/2019. Posterior de coxa. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/02/2019.

• Prevenção de fibroses pós-cirúrgicas.


As restrições ocorrem devido à liberação dos ácidos graxos na corrente sanguínea. Portan-
to, o tratamento não deve ser feito em pessoas que apresentem os seguintes quadros clínicos:
• Hipertensão descompensada;
• Diabetes descompensada;
• Alteração hepática;
• Alteração renal;
• Perfil lipídico alterado – como taxa de TGs e colesterol elevado;
• Gestantes e lactantes.

PAUSA PARA REFLETIR


Qual é o motivo da restrição para pessoas que apresentam alterações hepática e renal?

29
Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore uma sín-
tese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese,
destaque pontos positivos e negativos da técnica abordada. Para essa produção, considere as
leituras básicas e complementares realizadas.

Recapitulando
Prezado aluno, estamos encerrando o primeiro capítulo! Ao longo deste, pudemos conhecer
as novas tecnologias que vêm sendo desenvolvidas na área da estética. Vimos que essas novas
tecnologias não só pretendem trazer resultados satisfatórios, mas também segurança, no que
diz respeito à saúde do paciente. Observamos que na tecnologia da radiofrequência seletiva, o
tecido alvo é selecionado por meio da impedância da região. O tecido adiposo é o que possui
menor condutividade e o aquecimento na região faz com que as células adiposas sejam elimi-
nadas por meio da morte programada - apoptose. Observamos também que essa tecnologia é
segura, pois o aplicador não encosta na pele, e fica a uma distância de 1 cm da região. A técnica
é indicada para a redução do tecido adiposo em locais como abdômen, flancos, costas, coxas,
braços. Como podemos observar na primeira Pausa Para Refletir, os diabéticos também podem
se beneficiar da técnica, pois a diminuição da gordura corporal promove a diminuição da resis-
tência à insulina e melhor os parâmetros de glicemia.
Também conhecemos a tecnologia do laser frio, na qual os comprimentos de ondas especí-
ficos podem reduzir a camada de gordura e, com isso, diminuir medidas e melhorar a celulite
da região. A ação do laser se dá pelo aumento na permeabilidade da célula e, por conseguinte,
facilita seu esvaziamento. A gordura liberada é então direcionada à metabolização através das
vias linfáticas. A diferença entre essa técnica e a da radiofrequência seletiva é que o laser não
realiza a morte celular. As células permanecem intactas e podem ser preenchidas novamente
com triglicerídeos, caso o paciente não mantenha uma dieta alimentar específica e atividades
físicas. Como vimos na segunda Pausa Para Refletir, as pessoas que têm alguma alteração hepá-
tica e renal não podem realizar a técnica, visto que a metabolização lipídica ocorre no fígado e
parte da eliminação dos metabólitos ocorre por via renal. Assim, a realização da técnica nesses
indivíduos pode sobrecarregar o organismo e agravar o quadro.

30
Referências bibliográficas
AZULAY, R. D. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
CHROMOGENEX. Manual I-Lipo. Disponível em: <http://www.revitallebrasil.com.br/gerencia-
dor/wp-content/uploads/2014/08/I-Lipo-Informativo.pdf.>. Acesso em: 09 fev. 2019.
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<https://www.cutislaserclinics.com/blog/how-does-radiofrequency-remove-fat/>. Acesso em:
09 fev. 2019.
CUTIS MEDICAL LASER CLINICS. The Fat Reduction Procedure that Doesn’t Even Touch Your
Skin. Disponível em: https://www.cutislaserclinics.com/blog/the-fat-reduction-procedure-tha-
t-doesnt-even-touch-your-skin/. Acesso em: 09 fev. 2019.
I-LIPO. Postado por: Blush Hair & Beauty. (1min. 48s). son. color. leg. Disponível em: <https://
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LIPÓLISE. Postado por: Allan Serafim. (8min. 27s). son. color. port. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=lMnpN0E9f7Y>. Acesso em: 06 mar. 2019.
NEIRA, R. et al. Fat-liquefaction: effect of low level laser energy on adipose tissue. Plast. Re-
constr. Surg. 2002.
PEREZ, E. Técnicas Estéticas Corporais. São Paulo Erica 2014
PETRI, V. Dermatologia prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
REVISTA VEJA SÃO PAULO. Conheça os tratamentos da moda para eliminar gordura localizada
e flacidez. Disponível em: <https://vejasp.abril.com.br/blog/vida-boa/conheca-os-tratamentos-
-da-moda-para-eliminar-gordura-localizada-e-flacidez/>. Acesso em: 09 fev. 2019.
RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2014.
VANQUISH. Postado por: Beauty Management Medical Institute. (4min. 20s). son. color. port.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=4kX-XrrT74s>. Acesso em: 10 fev. 2019.
WOLFENSON, M. et al. Laserlipólise: redução da pele e prevenção de umbigo flácido nas lipo-
plastias seguindo parâmetros de segurança no uso do laser de diodo - com duplo comprimen-
to de onda 924 e 975 nm. Rev. Bras. Cir. Plást. 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
rbcp/v26n2/a12v26n2.pdf.>. Acesso em: 09 fev. 2019.

31
TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Ampliar as opções de tratamentos, PROPRIEDADES DO EQUIPAMENTO
• Sinergia entre a radiofrequência e o frio
trabalhando de forma prática, segura e
• Tecnologia do aplicador
sem complicações, garantindo, assim,
• Mecanismo de ação
resultados reais e de impacto. • Indicações e contraindicações na
saúde estética

TÉCNICAS SUBCUTÂNEAS
• Lipodistrofia localizada
• Lipodistrofia ginoide
• Protocolos e associações

TÉCNICAS INTRADÉRMICAS
• Flacidez tissular e rejuvenescimento
• Protocolos e associações

32
Contextualizando o cenário
Com o desenvolvimento da Biotecnologia, a área da saúde estética também tem sido
beneficiada ao longo dos últimos anos. A criação de equipamentos mais modernos e
completos que abrangem diversos tratamentos em uma só plataforma, podendo ame-
nizar várias disfunções estéticas com uma única tecnologia, tem crescido significativa-
mente – é o que pode ser observado na criofrequência. A tecnologia ganhou espaço
dentro das clínicas de estéticas, pois atua tanto nas camadas mais superficiais quanto
nas camadas mais profundas, podendo tratar, então, disfunções como a flacidez de pele
e a redução de gordura localizada. Além disso, quando necessário, as duas disfunções
podem ser tratadas simultaneamente, e os pacientes tem aderido ao tratamento por ser
mais rápido, seguro e eficaz. Sendo assim, como a criofrequência age nos tecidos?

33
2.1 Propriedades do equipamento
A criofrequência é uma tecnologia que
foi associada a duas tecnologias de radiofre-
quência, a monopolar e a bipolar, juntamen-
te com o resfriamento superficial do tecido,
trazendo a questão do choque térmico ao
tecido. É uma tecnologia que permite tratar
várias disfunções estéticas em uma só plata-
forma e, dependendo do caso, o tratamento
pode ser simultâneo, ou seja, trata mais de
uma disfunção ao mesmo tempo. Dessa forma, é um procedimento que otimiza o tempo do
profissional e promove resultados mais rápidos e satisfatórios.
O equipamento de criofrequência é uma evolução do equipamento de radiofrequência.
Diferentes temperaturas irão trabalhar de forma simultânea, realizando o tratamento tanto da
superfície quanto de camadas mais profundas, como o tecido adiposo. As sessões são rápidas
e seguras, e os resultados já são visíveis nas primeiras sessões. Os utensílios do equipamento
são produzidos com materiais hipoalergênicos, como o acetato de polivinil e aço cirúrgico.
Cada manopla e programação possui sua especificidade, desencadeando eventos importantes
no organismo para o melhora do quadro que está sendo tratado.

ASSISTA:
Para um melhor entendimento da tecnologia da criofrequência, assista ao vídeo
Criofrequência - O que é e como funciona?,, cujo link está nas referências bibliográfi
bibliográfi--
cas, postado no Youtube pelo canal Body Health Brasil.

A tecnologia da criofrequência consiste em associar duas temperaturas, uma com valores


negativos abaixo de 0º C, e outra com valores acima de 40º C. Ao associar as duas temperatu-
ras, simultaneamente, ocorre o desencadeamento de um choque no interior da pele, graças à
combinação do frio externo e o calor interno. Essa tecnologia pode ser realizada tanto na face
quanto nas regiões corporais.
As manoplas do equipamento possuem a tecnologia monopolar e multipolar. Dependendo
da disfunção, um tipo de manopla será mais indicado do que outra, e através da tela é possível
programar a potência da radiofrequência e das ondas frias. Em algumas marcas de criofre-

34
quência, é possível trabalhar apenas com as temperaturas frias, ou seja, de forma isolada, e
em outras, a única forma de aplicação é a associação do crio com a radiofrequência.
Em outras marcas, é possível também realizar a esterilização das ponteiras. Essa informa-
ção é importante para o profissional que almeja trabalhar com a parte da estética íntima,
assim, após a aplicação da técnica na região, a ponteira pode ser esterilizada na autoclave,
evitando a contaminação de um paciente para o outro.

2.1.1 Sinergia entre a radiofrequência e o frio


Após a realização de estudos, foi comprovado que a associação entre a radiofrequência e
uma onda eletromagnética de 1050 W chega a esse valor quando somada à potência monopo-
lar de 400 W e multipolar de 650 W, e o frio com uma temperatura de até –10º C. Se atuadas
simultaneamente, promoveria resultados mais rápidos, significativos e duradouros.
Com o desenvolvimento da tecnologia da criofrequência, os estudos foram comprovados.
A tecnologia age através da ação das temperaturas quente e fria, trabalhando em conjunto.
Quando se trata das temperaturas, a ação ocorre da seguinte forma:
• O frio irá agir de fora para dentro, ou seja, da região mais superficial para a mais profunda;
• Já a radiofrequência, que age com temperaturas mais elevadas, irá realizar sua ação de
dentro par fora, ou seja, das camadas mais profundas para as mais superficiais. Por agir de
dentro para fora, por conversão, a onda de radiofrequência assegura o controle da temperatu-
ra que continua sendo oferecida ao paciente.
Quando as duas temperaturas colidem, ocorre um número enorme de choques térmicos
que são produzidos nos tecidos.

2.1.2 Tecnologia do aplicador


O aplicador da criofrequência possui duas
tecnologias de radiofrequência simultâneas,
a multipolar e a monopolar, que funcionam
com termos indutores ao frio de até –10º C,
dependendo do equipamento, trazendo a
questão do choque térmico ao tecido. Na par-
te do aplicador monopolar, a corrente elétrica
é emitida através de um eletrodo aplicado à área de tratamento, e retorna ao gerador através
de um eletrodo de dimensões maiores, localizado paralelo ao aplicador. A energia desprendida

35
desse eletrodo leva ao melhor aporte circulatório e nutricional, melhora a hidratação tecidual,
aumenta a oxigenação, acelera a eliminação de catabólitos, promove a lipólise, contrai o tecido
conectivo e, juntamente a isso, provoca contração das fibras de colágeno, melhorando simulta-
neamente as alterações da arquitetura externa da pele. A RF multipolar apresenta os eletrodos
despolarizados que se cruzam na saída e no retorno da corrente na própria ponteira, gerando,
dessa forma, um circuito elétrico de efeito mais superficial em relação à RF monopolar (que
alcança até 2 mm de profundidade).

Figura 1. Ponteira multipolar. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/03/2019.

Conclui-se, então, que a ponteira monopolar é ideal para tratamento de disfunções estéti-
cas que acometem tecidos mais profundos, como é o caso da camada adiposa. Já a ponteira
multipolar, com sua ação mais superficial, é a melhor indicada para tratar disfunções que aco-
metem o tecido tissular, como a flacidez.
É importante lembrar que, na utilização da pontaria monopolar, o uso de uma placa é obri-
gatório, pois é através dessa placa que o campo elétrico será fechado pela troca de polaridades.

2.1.3 Mecanismo de ação


A criofrequência atua desde camadas mais superficiais, como a derme, até as camadas mais
profundas, como o tecido adiposo. O mecanismo de ação ocorre através das duas temperatu-
ras que a criofrequência tem capacidade de gerar, as ondas frias, podendo chegar a –10º C. O
frio auxilia no controle do inchaço e, com o choque gerado, há uma tensão na pele instantânea,
o que gera um efeito desintoxicante, dilatando os vasos sanguíneos que irrigam a pele. Isso
eleva a oxigenação nos tecidos, produzindo um lifting imediato, progressivo e duradouro des-

36
de a primeira sessão. O equipamento funciona através da emissão de radiofrequência quando
os polos estão em temperaturas abaixo de zero, com os efeitos quente–frio, o que provoca a
contração do tecido e estimula a produção de colágeno e elastina, promovendo resultados de
maneira não invasiva.

ASSISTA:
Para um melhor entendimento do mecanismo de ação, assista ao vídeo Criofre-
quência ONODERA,, cujo link está nas referências, postado pelo canal TrueMo-
tionStudios no Youtube.

Antes 4s 6s 13s

Figura 2. Contração imediata do colágeno no tecido. Fonte: PAUL et al., 2011.

Esse equipamento pode entregar maior energia do que qualquer outro, e deve ser trabalha-
do em temperatura abaixo de zero, permitindo um tratamento controlado. Tal estímulo tem
pico de 21 dias, e continua sua ação por até quatro meses.
Já no tecido adiposo o metabolismo local é desestabilizado, causando um aumento na lipó-
lise, com morte celular dos adipócitos. Diante do calor provocado pela radiofrequência interna
e pelos choques térmicos gerados, há uma quebra da gordura de reserva dentro da célula
adiposa, passando de triglicerídeos para ácidos graxos e gliceróis, processo conhecido como
lipólise. Após esse processo, a célula adiposa “expulsa” a gordura, que passa a ser consumida
pelo organismo como fonte de energia para queima calórica, seja em atividades físicas ou em
dietas restritivas de carboidratos e gorduras. A célula é eliminada devido à desnaturação da
membrana celular, promovida pela exposição interna às altas temperaturas.

37
A criofrequência é composta de multifrequências. Para a programação específica da ca-
mada-alvo, a tecnologia conta com alguns parâmetros importantes, denominados high, me-
dium, low e mix.

Epiderme

Derme

Subcutâneo

High Medium Low Mix

Figura 3. Frequências da criofrequência. Fonte: Body Health Brasil, 2017.

High – Para regiões onde o colágeno precisa ser estimulado ou áreas mais finas, como o
contorno dos olhos e a testa, usa-se a alta frequência, pois sua ação é mais superficial. A pro-
gramação é em uma frequência de 1 MHz, chegando a uma profundidade de 5,5 mm;
Medium – Para tratamentos em que a ação precisa ser em camadas mais profundas, como
o tecido adiposo, porém com um acúmulo baixo a médio de gordura, a indicação é utilizar uma
frequência mediana, podendo chegar a 0,8 MHz, e uma profundidade de 7,2 mm;
Low – Para camadas profundas em que o comprometimento do tecido adiposo já está em
um nível considerado grave, a frequência é baixa, chegando a 0,5 MHz, e uma profundidade
de 120 mm;
Mix – Atua com as três frequências simultaneamente, fornecendo uma aplicação mais unifor-
me e podendo tratar disfunções que acometem tanto o tecido profundo quanto o superficial.

2.1.4 Indicações e contraindicações na saúde estética


O maior benefício do tratamento com a criofrequência é poder trabalhar com várias dis-
funções ao mesmo tempo, se for necessário. As indicações dessa técnica no tratamento das
disfunções estéticas se dão quando o paciente apresenta:

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• Flacidez tissular corporal;
• Gordura localizada;
• Lipodistrofia ginoide;
• Necessidade de rejuvenescimento facial;
• Necessidade de rejuvenescimento íntimo;
• Fibrose e aderências;
• Insatisfações no pós-operatório.
Apesar de ser uma tecnologia altamente segura, algumas restrições devem ser respeitadas,
impedindo alguns indivíduos de realizarem a aplicação da técnica, como quando há:
• Presença de marca-passo;
• Presença de próteses metálicas na região de aplicação;
• Alterações hepática e renal;
• Alteração no perfil lipídico;
• Gestantes e lactantes;
• Processo cirúrgico recente;
• Presença de infecção;
• Portadores de doenças autoimunes.

PAUSA PARA REFLETIR


Quais são os benefícios da criofrequência quando comparado à radiofrequência tradicional?

2.2 Técnicas subcutâneas


Devido à ação em camadas mais profundas, a criofrequência é uma tecnologia muito eficaz
para tratamento das disfunções que acometem o tecido adiposo. As altas temperaturas reali-
zam uma diminuição no acúmulo de gordura de uma forma duradoura e efetiva, não apenas
pelo esvaziamento do adipócito, mas também promovendo sua total eliminação.

2.2.1 Lipodistrofia localizada


Com a ação da criofrequência na camada adiposa, ocorre um aumento no metabolismo
local. Com o metabolismo acelerado, o sistema nervoso simpático é ativado com a finalidade
de liberar na corrente sanguínea as catecolaminas, que, por sua vez, irão ativar a lipólise in-
terna dos adipócitos através da enzima lípase. A enzima tem sua produção realizada no tecido

39
adiposo, transformando-o, assim, em um órgão endócrino. Após a liberação enzimática, os
triglicerídeos são “quebrados” em ácido graxo e glicerol.

DICA:
Para entender um pouco mais sobre a ação da criofrequência na região adiposa, e
também entender as diferenças básicas entre a criofrequência e a radiofrequên-
cia, leia o artigo Análise comportamental do tecido adiposo frente ao tratamento de
radiofrequência e criofrequência, do Prof. Rodrigo Fabrizzio Inacio, cujo link está
nas referências.

Além disso, a tecnologia da criofrequência possui a capacidade de realizar a apoptose celu-


lar, ou seja, a membrana da célula adipocitária sofre desnaturação devido às altas temperatu-
ras. Com isso, a célula entra em morte programada e é eliminada na sequência.

APOPTOSE

Condensação
do núcleo

CÉLULA QUE COMEÇA


A APOPTOSE
Corpo
apoptótico

PARTIÇÃO DO CITOPLASMA
E NÚCLEO EM CORPOS
FAGOCITOSE APOPTÓTICOS

Figura 4. Apoptose celular. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/03/2019.

As moléculas de ácido graxo são liberadas na circulação sanguínea. A partir desse momen-
to, dois fatores poderão ocorrer:
• A possível queima desses ácidos graxos, diminuindo, assim, de maneira eficaz, o acúmulo de
gordura na região tratada. Para que ocorra essa queima, é importante a realização de atividade
física diária, a fim de converter o ácido graxo em energia em uma alimentação equilibrada;
• A redeposição desse ácido graxo, na forma de triglicerídeos em outro adipócito, pelo pro-
cesso chamado de lipogênese, não sendo eliminado, mas, sim, reabsorvido.

40
2.2.2 Lipodistrofia ginoide
A celulite, ou lipodistrofia ginoide, como se sabe, é uma disfunção estética que gera um mau
funcionamento na circulação sanguínea, devido ao acúmulo exacerbado de gordura ou líquido
em uma determinada região. Com isso, ocorre uma compressão dos vasos sanguíneos e repu-
xo dos septos fibrosos, lembrando a aparência de uma casca de laranja.
Como a criofrequência gera um efeito desintoxicante, aumenta a oxigenação dos tecidos e a
dilatação dos vasos sanguíneos, acaba promovendo um melhor fluxo sanguíneo e uma melhor
nutrição ao tecido acometido pelos nódulos, ajudando, também, na eliminação de líquidos e
toxinas. A região acometida pela celulite será beneficiada, diminuindo os nódulos inflamados e
o repuxo dos septos fibrosos, o que proporciona uma melhor aparência na textura e toque da
pele. Para os indivíduos que possuem um acúmulo maior de lipídeos, a ação lipolítica também
irá auxiliar na melhora do quadro da celulite.

2.2.3 Protocolos e associações


Para disfunções que acometem o tecido
adiposo, as sessões podem ser realizadas
toda semana. Quando a aplicação da criofre-
quência for isolada, ou seja, não houver ne-
nhuma outra associação, as sessões podem
ser aumentadas para duas vezes na semana.
Porém, caso a criofrequência faça parte de
uma associação de procedimentos, é recomendado apenas uma vez na semana, devido à so-
brecarga que poderá ser causada no organismo, principalmente fígado e rins.
Um meio de contato é necessário para o deslizamento da manopla, sendo assim, utiliza-se
a glicerina na região corporal. A região deve ser dividida em quadrantes e a manopla deverá
ser mantida em movimento uniforme até o paciente relatar um aquecimento intenso. Após
esse relato, é preciso mudar para outro quadrante. Em cada quadrante, o tempo de entrega
da energia deve ser de aproximadamente cinco minutos. Se o aquecimento ocorrer de forma
muito rápida, o profissional deverá pausar a sessão e reprogramar o equipamento com uma
potência de RF mais baixa.
A manopla deve ser mantida sempre em movimento, nunca parada, pois a energia acumula
e pode causar queimaduras. Os movimentos podem ser circulares, vai e vem ou ascendentes
– o importante é manter em movimento.

41
O tempo de sessão depende do tamanho da região, geralmente varia de 20 a 40 minutos.
A programação do equipamento pode ser de três formas:
• Na função medium, indicada para pacientes com adipometria baixa, em que a profundida-
de atingida será de até 7,2 mm;
• Na função low, indicada para regiões com acúmulo maior de gordura, pois pode chegar a
uma profundidade de 120 mm;
• Na função mix, quando ocorre a combinação das três frequências, permitindo realizar
uma aplicação mais homogênea e simultânea. Cada canal de frequência está orientado com
precisão a uma profundidade de penetração específica. É indicado para o tratamento de acú-
mulos de gordura e flacidez ao mesmo tempo.
As associações de procedimentos são excelentes para a potencialização dos resultados. No
caso de disfunções do tecido adiposo, o profissional pode contar com várias tecnologias para
realizar a associação, tornando o protocolo único para cada indivíduo. As principais são:
• Ultrassom de alta potência – Juntamente com a criofrequência, essas duas tecnologias
que promovem a apoptose adipocitária, tornando os resultados mais efetivos, duradouros e
de rápida observação;
• Intradermoterapia – Ativos lipolíticos e carreadores podem auxiliar na eliminação da gor-
dura liberada pela criofrequência, potencializando os resultados;
• Criolipólise – Após a realização da criolipólise, e esperado o intervalo de 15 dias, a criofre-
quência poderá ser realizada a fim de eliminar as células que não foram expostas na primeira
técnica, diminuindo ainda mais os acúmulos de gordura e promovendo um resultado mais
significativo para o paciente;
• Carboxiterapia – Através da técnica correta, a carboxiterapia poderá aumentar significati-
vamente o metabolismo, além de desencadear um estresse oxidativo que levará a uma lipólise
mais efetiva.

2.3 Técnicas intradérmicas


Na tecnologia da criofrequência, é possível
tratar as disfunções que dependem da pro-
dução de colágeno. As altas temperaturas es-
timulam os fibroblastos a sintetizar as fibras
de colágeno e, através dos choques térmicos,
promove a retração do colágeno já existente. Assim, com um número menor de sessões, já é
possível obter resultados satisfatórios e duradouros.

42
2.3.1 Flacidez tissular e rejuvenescimento
A temperatura elevada que a criofrequência pode chegar a estimular as células responsá-
veis pela produção de colágeno – os fibroblastos, levando a um processo de neocolagênese.
Geralmente, esse estímulo é obtido com a ação da ponteira multipolar, em que a ação é mais
superficial, atuando na programação high, na qual a profundidade chega apenas a 5,5 mm.
Esse processo de estímulo é encabeçado por uma inflamação controlada, liberando vários fa-
tores imprescindíveis para a formação de um novo colágeno, como a interleucina-1 beta, fator
de necrose tumoral, fator de crescimento (TGF-β), tropoelastina, fibrilina e procolágeno I e II. O
processo completo leva em torno de 28 dias para ser concluído.
Durante a aplicação da tecnologia, as ondas frias também estão atuando. Dessa forma,
quando as temperaturas se chocam, ocorre, instantaneamente, um lifting da pele. Esse efeito
é possível porque os milhares de “choques” térmicos enrijecem as fibras de colágeno já sinteti-
zadas no organismo, sofrendo um processo de desnaturação, que provoca um “repuxamento”
imediato na pele. Esse processo só é possível porque o colágeno é uma cadeia proteica, ou
seja, a fibra de colágeno torna-se rígida, ocorrendo uma quebra nas pontes de hidrogênio na
tríplice hélice, realizando, assim, sua contração imediata.

Pele envelhecida Pele jovem

FIBRAS COLÁGENAS

Figura 5. Esticamento da pele. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/03/2019.

Essa ação ocorre, tanto no corpo quanto na face, quando o propósito final é realizar a esti-
mulação de colágeno para melhorar o aspecto da pele e, assim, amenizar as disfunções que
dependem da produção de colágeno para serem tratadas.

43
2.3.2 Protocolos e associações
Como nesse caso a indicação é apenas a estimulação de colágeno, as sessões deverão ser rea-
lizadas com o intervalo mínimo de 15 dias durante o tratamento inicial. Após o término do pro-
tocolo inicial, sessões mensais deverão ser realizadas apenas para manutenção dos resultados.
Esse intervalo deve ser respeitado, pois o ciclo da neocolagênese leva em torno de 28 dias
para estar completo. A partir do 14º dia, a fibra está pronta e só aguarda a maturação, permi-
tindo, assim, a realização de uma nova aplicação.

Gráfico 1. Ação da criofrequência na síntese de colágeno

1ª semana 2ª semana 3ª semana 4ª semana 5ª semana

Ação instantânea e resultados duradouros gerados pela ação da criofrequência


Efeito do choque térmico gerado pela aplicação da criofrequência
Desenvolvimento do colágeno estimulado pela ação da criofrequência
Desenvolvimento do colágeno estimulado por outros equipamentos

Fonte: Body Health Brazil, 2017. (Adaptado).

Os resultados obtidos são observados desde a aplicação da primeira sessão, mantendo-se


com o passar dos dias, e aumentando as fibras de colágeno na derme.
Um meio de contato é necessário para o deslizamento da manopla, por isso, utiliza-se a gli-
cerina ou gel, mas tudo depende da região e da marca do equipamento adquirido.
O tempo de sessão depende do tamanho da região, mas geralmente varia de 20 a 40 minutos.
Para um resultado eficaz e duradouro, é necessário um ciclo de sessões. O número de apli-
cações irá depender do grau que se encontra a disfunção estética, mas, geralmente, a reco-
mendação é de quatro a oito sessões.
Para uma potencialização no estímulo de colágeno, outras tecnologias podem ser associa-
das, formando, para cada caso, um protocolo individualizado. Por exemplo:
• Carboxiterapia – Estimula a produção de colágeno quando aplicada de forma superficial;

44
Figura 6. Carboxiterapia. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/03/2019.

• Intradermoterapia – Além de estimular a produção de colágeno, pode auxiliar na nutri-


ção tecidual, através de aplicações intradérmicas de ativos, como:
Ácido hialurônico;
DMAE;
Vitamina C;
Fatores de crescimento;
Ácido alfa lipoico.

Figura 7. Intradermoterapia. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/03/2019.

• Microagulhamento – Seja facial ou corporal, irá auxiliar na produção de colágeno e na me-


lhora da textura da pele. Porém, é importante ressaltar que essas duas tecnologias não podem
ser realizadas no mesmo dia.

45
Figura 8. Microagulhamento. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/03/2019.

PAUSA PARA REFLETIR


Qual o motivo de não poder se realizar a criofrequência e o microagulhamento no mesmo dia?

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore uma sín-
tese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese,
pontue os pontos positivos e negativos da técnica abordada. Para essa produção, considere as
leituras básicas e complementares realizadas.

Recapitulando
Prezado aluno, estamos encerrando um capítulo. Podemos observar que o desenvolvimen-
to de uma tecnologia em que seja possível associar altas temperaturas a baixas temperaturas
trouxe um impacto positivo para os profissionais da área estética, pois os resultados apre-
sentados são muito satisfatórios, já que as mudanças na aparência do tecido já ocorrem na
primeira sessão. O mecanismo de ação da criofrequência ocorre no tecido mais superficial,
estimulando os fibroblastos a produzir colágeno. Além disso, com o choque gerado, há uma
tensão na pele instantaneamente, o que gera um efeito desintoxicante que dilata os vasos san-
guíneos que irrigam a pele. Isso eleva a oxigenação nos tecidos, produzindo um lifting imedia-
to, progressivo e duradouro desde a primeira sessão. Já no tecido adiposo a desestabilização
da camada adiposa leva a um processo de apoptose celular e liberação de ácidos graxos na

46
corrente sanguínea, que precisam ser expelidos pela produção de energia que será estimulada
pela prática de exercícios físicos.
Como vimos na primeira Pausa Para Refletir, a criofrequência se difere da radiofrequên-
cia tradicional, pois possui a parte crio. A realização das sessões é mais rápida por região, e
os resultados são obtidos mais rapidamente, diminuindo o número de sessões no protocolo.
Também é possível tratar mais de uma disfunção ao mesmo tempo, otimizando o tempo do
profissional e do paciente. Além disso, vimos que as indicações são para disfunções que aco-
metem o tecido tissular e o tecido adiposo.
Observamos, também, que a crifrequência pode ser utilizada de forma isolada ou com a
associação de outros procedimentos, como carboxiterapia, intradermoterapia e microagulha-
mento. Como vimos na segunda Pausa Para Refletir, se a opção escolhida para a associação for
o microagulhamento, as técnicas precisam ser realizadas em dias diferentes, pois as duas téc-
nicas realizam um processo inflamatório controlado, mas, se potencializado, pode sobrecarre-
gar o organismo. Ademais, a realização do microagulhamento, após uma técnica que eleva a
temperatura interna, pode gerar um sangramento intenso e a formação de hematomas. Sendo
assim, o indicado é um intervalo de pelo menos três dias após a criofrequência para realizar a
técnica do microagulhamento.

47
Referências bibliográficas
AZULAY, R. D. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
BODY HEALTH BRASIL. Ação da criofrequência na síntese de colágeno. In: Manual de crio-
frequência 2017. Disponível em: <http://bodyhealthbrasil.com/bhs/Apresentacao_Novo_
Bhs156_2017.pdf>. Acesso em: 7 mar. 2019.
BODY HEALTH BRASIL. Frequências da criofrequência. In: Manual de criofrequência 2017.
Disponível em: <http://bodyhealthbrasil.com/bhs/Apresentacao_Novo_Bhs156_2017.pdf>.
Acesso em: 7 mar. 2019.
CRIOFREQUÊNCIA – O que é e como funciona?. Postado por Body Health Brasil. (2 min. 17s.).
son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=F18yV-_Biiw>. Acesso em:
7 mar. 2019.
CRIOFREQUÊNCIA onodera. Postado por TrueMotionStudios. (1min. 52s.). son. color. port. Dis-
ponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=jYQWZddRE9I>. Acesso em: 7 mar. 2019.
FESTA NETO, C.; CUCÉ, L. C.; REIS, V. M. S. Manual de dermatologia. 4. ed. São Paulo: Manole,
2015.
INACIO, R. F. Análise comportamental do tecido adiposo frente ao tratamento de ra-
diofrequência e criofrequência: revisão bibliográfica. 2016. Disponível em: <http://ehrmed.
com.br/wp-content/uploads/2016/10/Analise-comportamental-do-tecido-adiposo-frente-
-ao-tratamento-de-Criofrequencia.pdf>. Acesso em: 7 mar. 2019.
PAUL, M.; BLUGERMAN, G.; KREINDEL, M.; MULHOLLAND, R. S. Three-dimensional radiofre-
quency tissue tightening: a proposed mechanism and applications for body contouring. Aes-
thetic Plast Surg., v. 35, n. 1, p. 87-95, fev/2011.
PEREZ, E. Técnicas estéticas corporais. São Paulo: Érica, 2014.
RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2014.
ROSSI, L. Avaliação nutricional: novas perspectivas. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015.
SOUTOR, C. Dermatologia clínica. Porto Alegre: AMGH, 2015.
WOLFF, K. Dermatologia de Fitzpatrick. Porto Alegre: AMGH, 2014.

48
TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Reconhecer os efeitos gerados,
PROPRIEDADES DO EQUIPAMENTO
especialmente, sobre o tecido tissular, • Características
identificando todas as respostas • Tecnologia do aplicador
benéficas e/ou maléficas e buscando, • Indicações e contraindicações na
saúde estética
assim, as indicações precisas para a
realização do procedimento.
EFEITOS FISIOLÓGICOS
• Mecanismo de ação
• Técnicas de aplicação
• Reações adversas e complicações

49
Contextualizando o cenário
A demanda por procedimentos de retração da pele não invasivos vem aumentando à
medida que pacientes procuram alternativas seguras e eficazes para os procedimentos
não cirúrgicos estéticos da face, do pescoço e do corpo. Ao longo dos anos, muitas tec-
nologias foram desenvolvidas com a finalidade de fornecer uma pele mais firme e toni-
ficada, como é o caso da radiofrequência e do laser. No entanto, as abordagens menos
invasivas são historicamente associadas a resultados não tão satisfatórios ou, muitas
vezes, tecnologias que geram um desconforto muito intenso ao paciente, de modo que a
cirurgia continua a ser o tratamento de escolha para tratar a frouxidão tecidual. A tecno-
logia do ultrassom microfocado foi introduzida como uma nova modalidade de energia.
Mas, afinal, o que é o ultrassom microfocado?

50
3.1 Propriedades do equipamento
O ultrassom microfocado é uma tecnolo-
gia de alta performance que vem sendo co-
locada como um método alternativo para
o tratamento a laser de flacidez e rejuve-
nescimento por ser menos doloroso e com
um downtime bem menor, se comparado às
tecnologias utilizadas até o momento. O ul-
trassom microfocado já é utilizado no trata-
mento de hipertrofia benigna da próstata e
carcinoma do fígado, da próstata, da mama
e do rim. Após vários estudos realizados e
com algumas alterações na tecnologia, ele
vem sendo utilizado para a área da saúde
estética. A abordagem da tecnologia induz
danos nos tecidos por meio de aquecimento e do processo de cavitação.
Por se tratar de um tratamento não invasivo, a procura e aderência dos pacientes é alta,
pois é uma alternativa que pode superar as desvantagens dos processos cirúrgicos.
O ultrassom microfocado é baseado no princípio de que a contração da pele pode ser alcan-
çada através da aplicação controlada de aquecimento dérmico, que por sua vez ativa um pro-
cesso controlado de cicatrização e remodelação de colágeno, resultando em contração dérmica.
O equipamento de ultrassom microfocado foi aprovado pela FDA em 2009, sendo introduzi-
do para entregar zonas focadas e precisas de lesão térmica em profundidades de tratamento
maiores do que as tecnologias utilizadas até então, como lasers e radiofrequências.
O ultrassom entrega a energia de forma acústica e com alta intensidade. Sua tecnologia
foi desenvolvida para propagar de forma mais profunda e efetiva a energia no tecido.
Para o tratamento transcutâneo, é necessária a modificação na duração do impulso, for-
mando impulsos de curta duração, juntamente com transdutores de frequências mais altas,
permitindo a entrega da energia em zonas precisas e formando pontos de necrose coagulativa,
os chamados TIZs.
Cada TIZ é focado a uma determinada profundidade e aquecido precisamente utilizando
impulsos curtos, com valores aproximados de 150 ms. Esse impulso mais curto promove a
ação em uma pequena zona, de 1-3 mm de necrose coagulativa no local, o tecido adjacente fica
intacto, permitindo a rápida regeneração do tecido que foi lesado.

51
3.1.1 Características
A tecnologia pode ser adaptada exclusivamente para resolver disfunções estéticas do teci-
do tissular que dependem de um estímulo na síntese e remodelação do colágeno, conhecido
como microfocado. Porém, na mesma plataforma, existe a possibilidade de modificação para
a programação macrofocada, onde a atuação será em tecidos mais profundos como o tecido
subcutâneo. O fornecimento de energia térmica na camada mais superficial é suficiente para
ativar os fibroblastos na produção das fibras colágenas.

ESCLARECIMENTO:
Os melhores benefícios para a realização da técnica do ultrassom microfocado é o
fato de ter uma recuperação rápida, segurança na aplicação da técnica em regiões
não faciais e indicação para qualquer fototipo.

Outra estrutura beneficiada pela aplicação


do ultrassom microfocado é o sistema su-
perficial do músculo aponeurótico (SMAS).
Essa estrutura se encontra profundamente
interligada com a gordura subcutânea, en-
volvendo também os músculos da expressão
facial, e se estende superficialmente para
se conectar com a derme. A camada SMAS
também tem em sua composição colágeno
e fibras elásticas, como na região da derme,
porém, na SMAS, tanto o colágeno quanto a
elastina são mais duráveis, causando uma suspensão facial muito significativa. Por isso, tal
estrutura também é um alvo desejável para processos de rejuvenescimento facial.
Cada disparo realizado com tal tecnologia cria pontos de retração que, no final da sessão,
podem contabilizar até 10.000 pontos de sustentação da pele.
A frequência é uma característica muito importante, pois é através dela que será determi-
nada a profundidade de ação na aplicação da técnica; ou seja, a profundidade de penetração
pode ser modulada pela frequência de onda: quanto mais alta a frequência, mais superficial
é o efeito térmico sobre a derme; consequentemente, quanto mais baixa a frequência, mais
profunda será a ação.

52
Os transdutores do ultrassom microfocado são utilizados, na maioria das vezes, a uma fre-
quência de 4 Mhz, para tratamentos no tecido tissular. Quando modificado para a atuação
macrofocada, a frequência utilizada é de aproximadamente 2 Mhz, atuando então de forma
mais profunda.

Abertura

Transdutor Pele

Profundidade
Região focal de
alta intensidade
Face do
cartucho

0.25 mm

Figura 1. Atuação microfocada.

Abertura
Transdutor Pele

Profundidade
Região focal de
alta intensidade

x8

Maior que a face


do cartucho
0.5 mm

Figura 2. Atuação macrofocada.

Os pontos de coagulação gerados são focados com alta intensidade e com precisão exata à
programação escolhida.

53
PAUSA PARA REFLETIR
Quais os benefícios que o ultrassom microfocado pode trazer aos protocolos faciais, quan-
do comparados ao laser de CO2 fracionado?

3.1.2 Tecnologia do aplicador


A tecnologia conta com transdutor, que
tem a capacidade de captação de imagem em
tempo real, realizando a entrega de energia
específica em cada região.
Quanto à tecnologia dos aplicadores, eles
podem ser três ou quatro transdutores respon-
sáveis pela emissão da energia. A entrega da
mesma é realizada em linha reta com compri-
mento aproximado de 2,5 cm e com TIZs de 0,5-
5 mm entre si, a uma profundidade específica
programada previamente dentro do tecido.
Com relação às profundidades, a tecno-
logia conta com várias manoplas; cada uma
possui uma frequência distinta que irá atuar
nas profundidades específicas. Os transdu-
tores microfocados atuam nas seguintes
frequências:
• Frequência de 7,5 MHz, promovendo pontos de coagulação com profundidade de 3 mm focal;
• Frequência de 7,5 MHz, promovendo pontos de coagulação com profundidade de 4,5
mm focal;
• Frequência de 4 MHz, promovendo pontos de coagulação com profundidade de 4,5 mm focal;
• Frequência de 19 MHz, promovendo pontos de coagulação com profundidade de 1,5 mm focal.
Cada frequência também promove uma energia específica para entrega ao tecido, sendo divi-
dida da seguinte forma:
• A frequência de 4 MHz promove uma energia de 0,75 a 1,2 J;
• A frequência de 7 MHz na profundidade de 4,5 mm promove uma energia de 0,75 a 1,05 J;
• A frequência de 7 MHz na profundidade de 3 mm promove uma energia de 0,4 a 0,63 J;
• A frequência de 19 MHz promove uma energia de 0,15 a 0,25 J.

54
3.1.3 Indicações e contraindicações na saúde estética
O maior benefício do tratamento com o ultrassom microfocado é poder trabalhar tanto com
a região facial quanto com a corporal no que diz respeito às disfunções que acometem o tecido
tissular. Suas indicações no tratamento das alterações estéticas são:
Facial:
• Aumento da espessura dérmica, linhas finas e cicatriz de acne;
• Tratamento de flacidez de pescoço e colo;
• Lifting facial não invasivo;
• Melhora do contorno mandibular.

Fronte

Pálpebra
Rugas
Terço Médio

Contorno da
Mandíbula Submento
Pescoço

Figura 3. Indicações faciais. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 16/03/2019. (Adaptado).

Corporal:
• Flacidez corporal;
• Remodelação do contorno corporal.

55
Colo
Axila Costas

Braço

Abdômen Flancos

Culote

Coxas Coxas

Panturrilha

Figura 4. Indicações corporais. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 15/03/2019. (Adaptado).

Apesar de ser uma tecnologia segura, quando comparada a outras técnicas (como a laserte-
rapia), algumas restrições devem ser respeitadas, impedindo certos indivíduos de realizarem
a aplicação da técnica, como:
• Machucados não cicatrizados no local do tratamento;
• Acne ativa;
• Uso de medicações que possam alterar ou prejudicar o processo de recuperação e rege-
neração tecidual;
• Expectativas irreais;
• Gestantes e lactantes;
• Processo cirúrgico recente;
• Presença de infecção;
• Portadores de doenças autoimunes.

PAUSA PARA REFLETIR


Por que as expectativas irreais são classificadas como contraindicação?

56
3.2 Efeitos fisiológicos
Com a aplicação do ultrassom microfocado, alguns eventos fisiológicos são desencadeados.
A frequência utilizada está diretamente ligada a esses eventos, podendo ser reações mais le-
ves ou reações que irão gerar um comprometimento dérmico maior. As ondas ultrassônicas de
frequência mais elevada irão produzir uma zona de lesão focal mais superficial e ondas ultras-
sônicas de frequência mais baixa têm uma maior profundidade de penetração para produzir
zonas de lesão térmicas focais (TIZs) em camadas mais profundas.

3.2.1 Mecanismo de ação


O mecanismo de ação do ultrassom microfocado ocorre a partir do momento que as ondas pe-
netram no tecido e provocam a vibração das moléculas no local de foco do feixe. A fricção entre
as moléculas do tecido produz um superaquecimento focal, desencadeando uma lesão térmica
na derme e um estímulo da neocolagênese progressivo e uma retração imediata da pele.

DIA 1

1 mês após o tratamento

3 meses após o tratamento

Figura 5. Mecanismo de ação.

A superfície epidérmica permanece inalterada, enquanto a energia fornecida não é excessiva


para a profundidade programada através da frequência emitida por um dado transdutor, elimi-
nando a necessidade de um resfriamento superficial e acelerando o processo de recuperação.

57
ESCLARECIMENTO:
A regeneração ocorre de forma mais rápida graças ao tecido adjacente, que perma-
nece de forma intacta e íntegra.

3.2.2 Técnicas de aplicação


Para a técnica de aplicação do ultrassom microfocado, recomenda-se que o paciente tome
um analgésico para que a sessão seja mais confortável no que diz respeito à dor. Já no consul-
tório, o profissional deverá tiras as fotografias prévias para futura análise dos resultados. Em
seguida, a pele deverá ser higienizada com álcool 70%, clorexidine ou solução de iodo, que são
antissépticos eficazes.

ASSISTA:
Para melhor elucidação, assista ao vídeo Ulthera em Fortaleza, do canal Dr. Davi
Pontes, no YouTube.

Após a higienização, aplicar um anestésico tópico na região a ser tratada. O próximo passo
é realizar as marcações em que as ondas serão direcionadas e, em seguida, aplicar gel neutro
de contato.

Zonas de tratamento Ultherapy

Testa
Face superior

Face inferior

Colo
Pescoço
completo

Figura 6. Marcação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/03/2019. (Adaptado).

58
Após a região ser marcada e o gel aplicado, a técnica é iniciada pelo profissional. Assim que
toda a região for exposta às ondas ultrassônicas, a sessão poderá ser finalizada. A sessão tem
durabilidade média de 30 minutos.
A técnica é realizada com a manopla caminhando pausadamente em toda a região realiza-
da. O paciente pode sentir aquecimento da região, desconforto ou até mesmo vibrações na
área, a depender de sua sensibilidade.
Deve-se realizar uma nova higienização, removendo todo o gel aplicado anteriormente, e só
depois é aplicado o protetor solar. Os pacientes são instruídos com os cuidados de sua pele,
que normalmente não têm muitas restrições, permitindo ao indivíduo retornar às suas ativi-
dades cotidianas.
Uma nova aplicação poderá ser realizada com um intervalo mínimo de 15 dias, respeitando
o ciclo de síntese das fibras de colágeno.

3.2.3 Reações adversas e complicações


Reações podem ser observadas no pós-
-procedimento. Algumas são transitórias e
regridem de forma espontânea; outras são
mais sérias, precisando de cuidados por parte
do paciente. Por exemplo:
• Edema – podendo ser aplicada compres-
sas frias para minimizar a reação;
• Eritema – ocorre logo após o término da
sessão e é esperado na maioria dos pacien-
tes, e normalmente resolve nas primeiras poucas horas ou dias;
• Pequenas áreas de púrpura podem ser desenvolvidas e regridem em torno de 1-2 semanas;
• Hiperpigmentação pós-inflamatória – geralmente, desencadeada em pacientes com fototi-
pos muito altos ou descendência asiática, porém é considerada uma reação rara;
• Perda de sensibilidade na região frontal e perioral também foram relatadas, mas com re-
gressão espontânea em torno de 3 a 4 semanas.
Apesar de raras, podem ocorrer complicações mais sérias, como:
• Nódulos subcutâneos palpáveis;
• Paralisia do nervo motor.
Felizmente, esses efeitos são temporários e podem ser evitados com técnica adequada. A
paralisia do nervo motor é a complicação potencial mais preocupante no período pós-trata-

59
mento imediato, e sua incidência é limitada. As áreas em maior risco de lesão são o ramo tem-
poral do nervo trigêmeo, bem como o nervo mandibular marginal, em que o curso do nervo
se torna relativamente superficial. O paciente afetado vai apresentar uma incapacidade para
contrair o músculo frontal ou assimetria perioral. Os sintomas geralmente ocorrem dentro das
primeiras 12 horas após o tratamento e são provavelmente relacionados com nervo na infla-
mação. A resolução é esperada em 2-6 semanas, e nenhuma lesão do nervo permanente foi
relatada até o presente momento.

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore uma
síntese destacando as principais ideias abordadas ao longo do texto. Ao produzir sua síntese,
pontue os pontos positivos e negativos da técnica abordada. Para essa produção, considere as
leituras básicas e complementares realizadas.

Recapitulando
Prezado aluno, estamos prestes a encerrar mais um capítulo. Neste estudo, pudemos ob-
servar que o ultrassom microfocado foi desenvolvido para substituir os procedimentos mais
agressivos que estimulam a produção de colágeno. Também vimos que o ultrassom é a tecno-
logia que entrega a maior quantidade de energia e seu diferencial é a ação na SMAS, estrutura
responsável pela realocação da pele, ou seja, realiza uma suspensão tecidual.
Como vimos na primeira Pausa para refletir, além de todos os diferenciais, o ultrassom micro-
focado tem se destacado em relação a outras tecnologias, como o Laser de CO2 fracionado, pois
não possui dowtime, permitindo que o paciente volte às suas atividades imediatamente. Possui
um número muito baixo de reação e complicações, e os resultados são mais significativos.
Além disso, vimos que o mecanismo de ação é, basicamente, pela estimulação da síntese de
colágeno, através de um processo inflamatório controlado e que a retração da pele ocorre de
forma efetiva e rápida, pelo calor gerado internamente.
Concluímos que é uma técnica muito segura, mas que tem suas restrições. Na segunda Pausa
para refletir, uma das contraindicações é a expectativa irreal do paciente. É importante que o profis-
sional esclareça o limite dos resultados e que algumas vezes o resultado não irá atingir a expectativa
do paciente, não porque não é efetivo, mas porque cada organismo responde de forma diferente.
A técnica é rápida, confortável e pode ser realizada com intervalos mensais, respeitando
sempre o ciclo do colágeno.

60
Referências bibliográficas
AZULAY, R. D. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
BANI, D.; CALOSI, L.; FAGGIOLI, L. Efeitos do tratamento de ultrassom de alta frequência sobre
os tecidos da pele humana, Surgical & Cosmetic Dermatology, v. 6, n. 2, 2014.
FESTA NETO, C.; CUCÉ, L. C.; REIS, V. M. S. Manual de dermatologia. 4. ed. São Paulo: Manole,
2015.
MED SYSTEMS. Manual Ultraformer III. Disponível em: <http://medsystems.com.br/down-
loads/Conheca-Ultraformer.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2019.
RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
ROSSI, L. Avaliação nutricional: novas perspectivas. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015.
SOUTOR, C. Dermatologia clínica. Porto Alegre: AMGH, 2015.
ULTHERAPY – Melhor Tratamento Para a Flacidez. Postado por Dra. Cristina Graneiro.
(2 min. 36 s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=j51HbS-
5bn-8>. Acesso em: 18 mar. 2019.
ULTHERA em Fortaleza, Ceará Dr. Davi Pontes Tratamento Rosto Rejuvenescimento. Pos-
tado por Dr. Davi Pontes. (0 min. 58 s.). son. color. port. Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=4poBwl-Sw0c>. Acesso em: 18 mar. 2019.
WOLFF, K. Dermatologia de Fitzpatrick. Porto Alegre: AMGH, 2014.

61
TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Reconhecer as indicações e fisiologia
FUNDAMENTOS DA HIDROLIPOCLASIA
do procedimento, indicando a melhor • Conceito
forma de utilizá-lo. • Indicações e contraindicações na
saúde estética

ULTRASSOM
• Propriedades biofísicas
• Tipos de ultrassom para
hidrolipoclasia
• Parâmetros de aplicação

MECANISMO DE AÇÃO
• Solução hipertônica
• Ativo lipolítico
• Ultrassom

TÉCNICAS DE APLICAÇÃO
• Infiltração com cânula
• Infiltração com agulha
• Anestesia
• Recomendações pós-procedimento

62
Contextualizando o cenário
Em alguns casos, mesmo realizando um treino intenso, atividades funcionais diárias e
alimentação equilibrada, algumas regiões do corpo insistem em acumular aquela gor-
dura irritante e persistente. O que fazer nestes casos? Muitos procedimentos podem ser
realizados, desde técnicas mais simples, como massagens e equipamentos da estética
básica, até procedimentos cirúrgicos. Porém, a busca por tratamentos que trazem resul-
tados mais rápidos e sem intervenção cirúrgica tem crescido a cada dia. Um desses pro-
cedimentos é a hidrolipoclasia, técnica em que se injeta, em uma área determinada do
corpo, uma solução composta de soro fisiológico associada a uma sessão de ultrassom,
em que a vibração mecânica promove agitação e rompimento das células de gordura,
que são drenadas pelo próprio organismo. O tratamento promove um resultado muito
satisfatório e relativamente rápido, quando comparado a outras tecnologias estéticas,
sua recuperação é rápida, ou seja, o paciente não precisa se ausentar da rotina diária.
Sendo assim, o que é a hidrolipoclasia ultrassônica?

63
4.1 Fundamentos da hidrolipoclasia
A hidrolipoclasia ultrassônica foi desenvolvida pelo médico italiano Maurizio Ceccarelli, em
1990. Apesar de ser muito utilizada, muitos profissionais têm mostrado inflexibilidade para
usar a técnica, pois estudos e publicações sobre a mesma ainda são muito escassos.

Figura 1. Maurizio Ceccarelli. Fonte: International Academy of the Aesthetics, 2019.

A nomenclatura tem origem grega, em que o termo hidro significa água, o termo lipo, tam-
bém do grego, significa graxa, ou lipídios, e o termo clasia, que é uma terminologia médica,
significa romper.
É uma técnica voltada para a redução de medidas, isso quer dizer que não é indicada para
emagrecimento, mas sim para diminuir regiões com acúmulos excessivos de gordura. Dessa
forma, ocorre um remodelamento de algumas áreas do corpo.
Existem algumas técnicas para o procedimento, mas a base sempre será a aplicação de
uma solução com substâncias que, quando combinadas com sessões de ultrassom, facilitam o
rompimento das células de gordura.
A hidrolipoclasia ultrassônica é um procedimento em que se aplica, nas áreas de gordura
localizada, uma substância hipertônica, habitualmente soro fisiológico estéril, podendo ser uti-
lizado de forma isolada ou com ativos associados. A infiltração pode ser realizada com agulha
ou cânula, com ou sem botão anestésico, e o objetivo é reduzir a gordura localizada. As clínicas
de estética têm aumentado seu uso, pois a técnica tem demonstrado ser muito segura e eficaz.

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CURIOSIDADE:
A técnica da hidrolipoclasia ultrassônica foi muito bem aceita, tanto pela parte pro-
fissional quanto pelos pacientes, por se tratar de uma técnica efetiva e rápida no
fissional
aparecimento dos resultados, quando comparada às demais técnicas. Porém, os ar-
científicos publicados sobre tal procedimento ainda são muito escassos, não
tigos científicos
tendo uma comprovação científica, somente prática.

A hidrolipoclasia também passou a ser utilizada como um procedimento cirúrgico para as-
piração de gordura, considerada uma variante da lipoaspiração convencional, a hidrolipo as-
pirativa, simbolizada pela sigla HLPA. Ela foi desenvolvida pelo Dr. Alexander Gomes de Aze-
vedo, especialista em Medicina Estética, em parceria com o cirurgião plástico Luis Fernando
Dockhorn. A HLPA só começou a ser mais procurada pelos pacientes que desejam se livrar das
gorduras localizadas, mas que não querem se submeter a uma lipoaspiração convencional. A
técnica é menos dolorida, tem um pós-operatório mais curto e deixa menos hematomas quan-
do comparado à lipoaspiração tradicional. Porém, essa vertente do procedimento é exclusiva-
mente de aplicação médica, não sendo permitida para os profissionais da biomedicina estética
já que a gordura no final é aspirada. O profissional biomédico esteta é autorizado a realizar a
técnica não aspirativa, em que a gordura liberada será eliminada com a síntese de ATP.

4.1.1 Conceito
A hidrolipoclasia é uma técnica que con-
siste na infiltração de soro fisiológico estéril
nos tecidos, podendo ser associada à solução
hipertônica de ativos lipolíticos, deixando a
região bem entumecida para que, logo em
seguida, a aplicação ultrassônica possa gerar
lipólise e apoptose celular, essa última depen-
dendo do ultrassom utilizado.
É um procedimento minimamente invasivo, em que a resposta é diretamente dependente do
organismo e estilo de vida do paciente. O procedimento não é realizado em sessão única, sendo
necessário um protocolo de várias sessões para atingir os resultados esperados. O número de ses-
sões irá depender da quantidade de gordura presente na região-alvo, geralmente é indicado um
número de três a oito sessões para obter os resultados, sendo que nas primeiras sessões já é possí-

65
vel perceber as primeiras modificações. O procedimento tem uma recuperação bastante tranquila,
podendo apresentar alguns hematomas, inchaço e sensação de dor que podem perdurar durante
o tratamento, pois as sessões são realizadas quinzenalmente, ou seja, quando o paciente estiver
terminando a recuperação da sessão anterior, já será o momento de realizar uma nova aplicação.

4.1.2 Indicações e contraindicações na saúde estética


O maior benefício do tratamento com a hi-
drolipoclasia é a diminuição do tecido adipo-
so, em várias partes do corpo humano, com
altas porcentagens de efetividade. As regiões
em que é possível a realização da técnica são:
• Abdômen;
• Flancos;
• Costas;
• Braços;
• Gordura submentoniana – papada;
• Culotes;
• Interno de coxa;
• Lateral de joelhos;
• Região infraglútea.
Por ser um procedimento minimamente invasivo, que requer cuidados e atenção, algumas
restrições devem ser seguidas. Com a realização da anamnese, o profissional pode detectar limi-
tações que impossibilitam alguns indivíduos a realizarem a técnica. Essas contraindicações são:
• Presença de marca-passo;
• Presença de próteses metálicas na região de aplicação;
• Alterações hepática e renal;
• Alteração no perfil lipídico;
• Gestantes e lactantes;
• Processo cirúrgico recente;
• Presença de infecção;
• Portadores de doenças autoimunes ativas;
• Hipertensos;
• Obesidade;
• Expectativas irreais.

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PAUSA PARA REFLETIR
Qual o motivo de indivíduos hipertensos e obesos serem contraindicados para a realização
de técnica?

4.2 Ultrassom
O ultrassom é uma modalidade de energia sonora longitudinal, de penetração profunda,
que, ao ser transmitido aos tecidos biológicos, é capaz de produzir alterações celulares por
efeitos mecânicos e térmicos.

4.2.1 Propriedades biofísicas


O equipamento de ultrassom na saúde estética é utilizado para a mobilização do tecido adi-
poso, pois realiza emissão de vibrações sonoras de alta frequência, superiores às frequências
audíveis pelos seres humanos.
As ondas sonoras são emitidas através de um cabeçote. Este possui um transdutor que é
capaz de se deformar, quando existir um campo elétrico, ou seja, possui a capacidade de trans-
formar energia elétrica em vibrações através da compressão e expansão da matéria, originan-
do, assim, as ondas ultrassônicas. Esse efeito é denominado de piezoeletricidade.
Para que as ondas sejam emitidas de maneira satisfatória, o transdutor precisa sempre
estar acoplado à pele, já que a emissão de ondas no ar é muito fraca e pode queimar o cristal
piezelétrico presente no transdutor.

Figura 2. Transdutor. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/03/2019.

67
Com a penetração das ondas ultrassônicas
no tecido, ocorre a formação de dois efeitos
– o térmico e o mecânico. O efeito térmico é
gerado pelo atrito celular liberando calor, com
isso, o metabolismo celular é estimulado, fa-
vorecendo a circulação sanguínea. Para que o
efeito térmico ocorra de forma satisfatória, é
necessário um aumento de temperatura en-
tre 40º e 45 ºC, com o atrito que ocorre entre
as moléculas esse valor é alcançado facilmen-
te. Já no efeito mecânico, ocorre uma micro-
massagem celular e também uma melhora na
permeabilidade cutânea, favorecendo, assim,
a absorção de ativos. Esse processo pode ser
chamado de fonoforese.
As ondas ultrassônicas são perturbações que podem ser desenvolvidas em meios sólidos,
líquidos e gasosos, porém, o desenvolvimento é muito melhor no meio sólido e líquido do que
no meio gasoso. Ela pode ser classificada em 2 tipos – ondas contínuas e ondas pulsadas.
A onda contínua é aquela que não tem interrupção. É contínua pelo período de um tempo
programado. Na onda pulsada, a emissão se dá por rajadas, ou seja, são interrupções que
ocorrem durante o fluxo da onda. Entende-se, então, que o efeito térmico será muito maior na
onda contínua, enquanto que na onda pulsada o efeito mecânico será superior.
Outro parâmetro importante é a frequência utilizada. Na saúde estética utilizamos, basica-
mente, duas frequências – 3 MHz e 1 MHz. A diferença entre elas está no alcance das ondas.
A frequência de 3 MHz é mais superficial, atingindo uma profundidade de até 4 cm; já na fre-
quência de 1 MHz, a profundidade alcançada é maior, podendo atingir até 8 cm.

4.2.2 Tipos de ultrassom para a hidrolipoclasia


Existem vários tipos de ultrassom, e na hidrolipoclasia o mais utilizado, devido ao fato de pro-
mover resultados mais satisfatórios, é o ultrassom HIFU. Ou seja, o ultrassom de alta intensidade,
pois ele não auxilia apenas o esvaziamento adipocitário, mas também realiza a apoptose celular.
A apoptose celular ocorre pela formação de um evento, denominado de cavitação. Nesse
caso, temos uma cavitação considerada instável, em que ocorre então o rompimento da
membrana celular.

68
Apoptose
1 Célula antes da apoptose

2
Encolhimento celular e
fragmentação nuclear

3 Morte celular

Figura 3. Apoptose celular. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 19/03/2019.

A cavitação é um mecanismo em que ocorre a formação de nanobolhas no meio intracelular.

DICA:
Para entender um pouco mais sobre como ocorre a formação da cavitação e seu
efeito no tecido adiposo, leia o artigo Diferença na atuação entre ultrassom terapêu-
tico e ultrassom de alta potência na gordura localizada,, disponível no site da Univali.

Na cavitação instável, as nanobolhas realizam uma implosão no líquido intersticial do tecido


adiposo, e a quantidade de energia liberada é suficiente para gerar um dano tecidual, ou seja,
o processo de apoptose celular, que causa a morte dos adipócitos. Desencadeando, assim, um
processo inflamatório com a presença de células de defesa, como macrófagos e neutrófilos,
que realizarão a fagocitose das células que sofreram danos. Essa cavitação está presente nos
equipamentos de intensidade elevada, os HIFU.
Apesar de ocorrer a lise celular, os tecidos adjacentes não são lesionados permanecem de
maneira intacta, como vasos sanguíneos e linfáticos, nervos, músculos e pele.
Outro tipo de ultrassom poderá ser utilizado na técnica da hidrolipoclasia. O ultrassom de
alta frequência 3 MHz, associado a correntes, denominado de terapia combinada. Porém, esse
tipo de ultrassom age em camadas mais superficiais, muitas vezes não atingindo a profundida-

69
de esperada para uma redução adiposa satisfatória. O ultrassom de alta frequência também
não realiza apoptose celular, auxilia apenas no aumento da permeabilidade da membrana ce-
lular, facilitando o esvaziamento adipocitário.

4.2.3 Parâmetros de aplicação


O equipamento de ultrassom na hidrolipoclasia, geralmente, trabalha com as frequências
de 1 MHz e 3 MHz, porém, é preciso definir para cada caso qual a melhor tecnologia a ser
empregada. Como já citado, o tratamento com o ultrassom de 3 MHz é indicado para tecidos
superficiais, e o tratamento com ultrassom de 1 MHz é indicado para tecidos mais profundos.
Após a escolha da frequência, deve-se definir a potência e o tempo de aplicação do ultras-
som na região em que a solução foi infiltrada.

4.3 Mecanismo de ação


O mecanismo de ação da hidrolipoclasia
está relacionado ao esvaziamento dos adipó-
citos para a redução de medidas em regiões
específicas do corpo. Dependendo do ultras-
som escolhido, pode ou não haver apoptose
celular, porém, a gordura sofre a mesma me-
tabolização em ambos os casos.
A gordura depositada nas células é encon-
trada de três formas: triglicerídeos (TG), mo-
léculas formadas por glicerol (G) e ácidos
graxos livres (AGL). Quando a membrana do adipócito se rompe, os ácidos graxos são libe-
rados no espaço extracelular. Ocorre, então, a ação da enzima lipase. Após sua ocorrência, os
ácidos graxos são encaminhados, com o auxílio da albumina, gradualmente para a via hepática
e, assim, realizam a metabolização. Em seguida, os ácidos graxos provenientes da metaboliza-
ção precisam ser eliminados, e isso ocorre de maneira eficaz com a produção de energia – ATP.
É sabido que, para a produção de ATP, o organismo precisa de oxigênio e glicose. Caso
a glicose não esteja com níveis suficientes, é utilizado o ácido graxo. Por isso, é importante
orientar o paciente a realizar uma atividade física para ter esse gasto calórico e manter uma
alimentação pobre em carboidratos e gorduras, para que, assim, o organismo possa utilizar as
moléculas lipídicas provenientes da aplicação do ultrassom.

70
Caso o gasto não aconteça, ocorrerá uma reabsorção dos ácidos graxos, depositando nova-
mente em outras células de gordura na forma de triglicerídeos.
Quando ocorre a apoptose celular, um infiltrado de células de defesa surge, principalmente
neutrófilos seguidos por macrófagos, que irão realizar a fagocitose dos restos celulares.

APOPTOSE
Formação de
Célula que começa
bolhas
a apoptose

Condensação Bolhas
do núcleo

Corpo apoptótico

Partição do citoplasma
e núcleo em corpos
apoptóticos
Fagocitose

Figura 4. Fagocitose. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/03/2019.

Dessa forma, as células adiposas são eliminadas, tornando os resultados mais duradouros
após a finalização do protocolo.

4.3.1 Solução hipertônica


A solução hipertônica contém uma grande quantidade de ativos eletrolíticos. Através do
processo osmótico, as células adiposas absorvem o líquido e aumentam de tamanho, deixan-
do o espaço extracelular entre elas menor, o que facilita sua implosão. Esta implosão só é pos-
sível graças a aplicação do ultrassom estético sobre a pele local, pois as ondas ultrassônicas
promovem uma vibração que provoca uma fissura na membrana da célula, com consequente
explosão desta.

71
4.3.2 Ativo lipolítico
Existe a possibilidade de associar à solução hipertônica alguns ativos que irão auxiliar na eli-
minação da gordura, como os lipolíticos. Essas substâncias ativam a lipólise, facilitando, assim,
a liberação de gordura dentro dos adipócitos. Vários ativos podem ser utilizados, como:
• Lipossomas de desoxicólico;
• Desoxicolato de sódio;
• Ácido deoxicólico
• Trimetilxantina (Complexo B).

4.3.3 Ultrassom
No ultrassom, a transmissão ocorre pelas vibrações das moléculas do meio através do qual
a onda se propaga. Esse meio irradiado oscila ritmicamente com a frequência do gerador ul-
trassônico por efeito piezoelétrico, ao comprimir e expandir o material.

4.4 Técnicas de aplicação


A hidrolipoclasia é considerada um proce-
dimento de ação simples e eficaz, e a técnica
tem duração aproximada de uma hora e meia.
A quantidade de solução a ser injetada irá de-
pender da quantidade de gordura e tamanho
da região a ser tratada, podendo chegar até
1.500 ml. É preciso observar a região até que
fique totalmente entumecida, para que em
seguida o ultrassom seja aplicado.
A infiltração da solução pode ser realizada
com agulha ou com o auxílio de uma cânula,
sendo as duas formas corretas, e a decisão de qual delas utilizar fica a critério do profissional.

ESCLARECIMENTO:
Quanto menor for o espaço extracelular, mais rápido heverá a ação das ondas ul-
trassônicas nas céluas, gerando um aumento de tamanho e volume.

72
4.4.1 Infiltração com cânula
Uma das formas de se infiltrar a solução no
tecido adiposo é utilizando uma cânula, a fim
de facilitar a aplicação. A cânula, além de aju-
dar na infiltração, gera atrito e o movimento
vai e vem, que irá auxiliar no rompimento de
algumas células. Também se destaca o fato de
a técnica de redução de hematomas ser mais
confortável ao paciente. Podem ser utilizadas
várias especificações de cânulas, como por
exemplo 20 G por 100 mm, ou 22 G por 70 mm.
A técnica se inicia desde o momento da avaliação e deve ser seguida por especificações,
como vemos a seguir:
• Explicação detalhada do procedimento;
• O consentimento informado assinado;
• Registro fotográfico;
• Demarcação da área a ser tratada, marcando com lápis demográfico os depósitos de gor-
dura localizada;
• Assepsia e antissepsia realizada na área de tratamento;
• Dividir a região por quadrante;
• Preparação da solução. Para cada 500 ml de soro fisiológico 0,9%, coloca-se 10 ml de um
ativo lipolítico e 3 ml de lidocaína;
• Preparo das seringas de 60 ml com a aspiração da solução;
• Aplicar o botão anestésico, lidocaína 1,8% com vasoconstritor e em seguida realizar o per-
tuito de entrada, com o auxílio de uma agulha de 18 G;
• Com o auxílio de uma cânula, realizar a infiltração da solução, com movimentos vai e vem.
A quantidade aplicada por ponto depende do entumecimento da região, podendo variar de
120 a 400 ml por quadrante;
• O processo é repetido até que toda a área a ser tratada seja coberta;
• Após o término da infusão, deixar agir entre 10 e 20 minutos;
• Passar o gel de contato na região;
• Programar o ultrassom e dar início à aplicação do mesmo, com duração média de 40 até
60 minutos; esta é a parte mais importante, em que ocorre a lise dos adipócitos. Uma vez que
a aplicação do ultrassom seja longa, a área tratada permanece inchada devido ao líquido inje-

73
tado e, nos dias seguintes, a área pode se tornar ainda mais inchada e um pouco dolorosa, mas
os sintomas são amenizados progressivamente com o passar dos dias;
• Ao final de todo o processo, colocar a cinta compressora para liberação do paciente;
• Entregar as recomendações pós-procedimento.

4.4.2 Infiltração com agulha


A infiltração da solução com agulha é realizada de forma mais simples do que com a cânula,
pois não há necessidade de aplicar botões anestésicos e pertuitos de entrada. A técnica é rea-
lizada através de várias punturas com seringas e agulhas de 30 G ou 26 G, deixando a sessão
mais confortável para o paciente.
A aplicação consiste em uma sequência de passos que é essencial para a realização da téc-
nica com eficácia:
• Explicação detalhada do procedimento;
• O consentimento informado assinado;
• Registro fotográfico;
• Demarcação da área a ser tratada, marcando com lápis demográfico os depósitos de gor-
dura localizada;
• Marcar os pontos de aplicação em toda a região demarcada, com distância entre eles de
aproximadamente 2 cm;

Figura 5. Marcação para aplicação com agulhas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 18/03/2019.

74
• Assepsia e antissepsia realizada na área de tratamento;
• Preparação da solução. Para cada 500 ml de soro fisiológico 0,9%, coloca-se 10 ml de um
ativo lipolítico e 3 ml de lidocaína;
• Preparo das seringas de 10 ml ou 20 ml com a aspiração da solução;
• Acoplar as agulhas nas seringas e iniciar a aplicação em cada ponto;
• O ângulo para aplicação é de 90º, e a quantidade por ponto irá depender da camada adi-
posa, podendo variar de 2 até 10 ml por ponto;
• O processo é repetido até que toda a área a ser tratada seja coberta;
• Após término da infusão, deixar agir entre 10 e 20 minutos;
• Passar o gel de contato na região;
• Programar o ultrassom e dar início à aplicação do mesmo, com duração média de 40 até
60 minutos; esta é a parte mais importante, em que ocorre a lise dos adipócitos. Uma vez que
a aplicação do ultrassom seja longa, a área tratada permanece inchada devido ao líquido inje-
tado, e nos dias seguintes, a área pode se tornar ainda mais inchada e um pouco dolorosa, mas
os sintomas são amenizados progressivamente com o passar dos dias;
• Ao final de todo o processo, colocar a cinta compressora para liberação do paciente;
• Entregar as recomendações pós-procedimento.

4.4.3 Anestesia
A técnica que requer anestesia prévia é a
que utiliza cânula para infiltração da solução.
Em cada quadrante de aplicação, um botão
anestésico deve ser realizado com lidocaína
2% e vasoconstritor, então, com uma angu-
lação de no máximo 10º, uma pápula deverá
ser formada, para que em seguida o pertuito
seja feito com agulha 18 G seguido da infiltra-
ção com a cânula.

4.4.4 Recomendações pós-procedimento


As recomendações são de suma importância para evitar preocupação por parte do paciente
e, também, obter um melhor resultado do protocolo:
• Avisar que o edema pode durar três dias após o procedimento e que esta é uma reação normal;

75
• Dor e sensação de peso podem ocorrer por alguns dias pós-procedimento;
• Recomendar a drenagem linfática após 48 horas;
• Podem aparecer hematomas devido às incisões realizadas. Se necessário, utilizar poma-
das que acelerem o desaparecimento dos mesmos, como o gel de arnica;
• Evitar exposição solar no período de tratamento;
• Utilizar a cinta compressora;
• Realizar atividades físicas para gerar o consumo da gordura liberada em forma de energia;
• Evitar alimentos ricos em gordura e ricos em carboidratos.

PAUSA PARA REFLETIR


Qual é o motivo de não poder comer gordura e carboidrato após a realização da técnica?

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore uma sín-
tese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese,
pontue os pontos positivos e negativos da técnica abordada. Para essa produção, considere as
leituras básicas e complementares realizadas.

Recapitulando
Prezado aluno, neste capítulo observamos que a hidrolipoclasia ultrassônica é um proce-
dimento relativamente novo, desenvolvido na década de 90. Nele, ocorre uma infiltração de
solução hipertônica com ou sem ativos lipolíticos em toda a região desejada, seguido da apli-
cação do ultrassom, que pode ser de alta intensidade ou de alta frequência. Entendemos que,
quando aplicado o ultrassom de alta intensidade, conhecido como HIFU, temos um efeito de
apoptose adipocitára, promovendo um resultado mais rápido e eficaz. Porém, como em todo
procedimento, vimos que algumas contraindicações precisam ser levadas em conta.
Como vimos na primeira Pausa para refletir, pacientes hipertensos não podem realizar a
técnica devido à solução hipertônica conter uma alta quantidade de sódio, e, dependendo
do organismo, pode ocorrer um aumento da pressão arterial. Também observamos que pa-
cientes obesos são contraindicados a realizar o tratamento, pois este não é específico para
emagrecimento, e sim para pessoas que estão com o peso ideal e que possuem uma região
específica com acúmulo de gordura.

76
Observamos, também, que existem duas técnicas para realizar a infiltração da solução uma
conta com o auxílio da seringa e cânula, e outra com seringa e agulha. As duas são eficazes,
cabendo ao profissional decidir com qual técnica irá trabalhar.
Algumas recomendações precisam ser seguidas pelo paciente no pós-procedimento. Como
vimos na segunda Pausa para refletir, o consumo de gordura e carboidrato precisa ser evitado,
pois é preciso levar o organismo a consumir o substrato liberado pelo procedimento. Neste
caso, se o paciente continuar consumindo esse tipo de alimento, o resultado não será tão sig-
nificativo, pois a gordura será reabsorvida.

77
Referências bibliográficas
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WOLFF, K. Dermatologia de Fitzpatrick. Porto Alegre: AMGH, 2014.

78
TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Proporcionar conhecimento detalhado
da técnica, para que os protocolos ANATOMIA E FISIOPATOLOGIA ÍNTIMAS
• Anatomia
sejam executados com segurança e
• Fisiopatologia
eficácia.

HIPERPIGMENTAÇÃO
• Preparação da região
• Peeling íntimo
• Indicações e contraindicações
• Recomendações pós-procedimento

FLACIDEZ
• Microagulhamento íntimo
• Criofrequência e radiofrequência
íntima
• Indicações e contraindicações na
saúde estética
• Recomendações pós-procedimento

TONICIDADE
• Preenchimento íntimo
• Indicações e contraindicações
• Recomendações pós-procedimento

79
Contextualizando o cenário
A estética íntima tem crescido a cada dia no mercado da beleza, sobretudo, o rejuve-
nescimento íntimo. Uma região genital envelhecida tem sido um dos fatores que mais
influenciam na má qualidade da vida sexual da mulher, resultando na perda de sensa-
ção física durante o ato sexual. A perda de sensibilidade afeta a qualidade de vida de
muitas pacientes, levando-as a desenvolver um sentimento de baixa autoestima. Com
esse quadro, procedimentos estéticos não cirúrgicos foram desenvolvidos a fim de me-
lhorar a aparência da região, no que diz respeito a flacidez, pigmentação e tonicidade.
Nesse cenário, surge a pergunta: quais são os procedimentos estéticos não cirúrgicos
realizados na estética íntima?

80
5.1 Anatomia e fisiopatologia íntimas
A questão sexual é reconhecida pela Orga-
nização Mundial da Saúde (OMS) como saúde
sexual, pois faz parte integral da saúde do in-
divíduo.e.infl.uencia.em.sua.qualidade.de.vida..
A.OMS.defi.ne.a.saúde.sexual.como.um.esta-
do de bem-estar físico, emocional, mental e
social.ligado.à.sexualidade,.sendo.infl.uencia-
da.por.fatores.biológicos.e.psicológicos.
Quando a anatomia e a funcionalidade da
região genital são afetadas, isso pode inter-
ferir no comportamento da mulher, indepen-
dentemente.de.sua.idade.e.nível.sociocultural..
Quando essas características estão fora dos padrões estabelecidos, problemas psicológicos
podem.surgir,.interferindo.de.forma.signifi.cativa.na.atividade.sexual.feminina.e.levando.mui-
tas.mulheres.a.procurar.um.tratamento.reparador..Durante.muito.tempo,.o.único.tratamento.
disponível era a cirurgia íntima, chamada de labioplastia ou ninfoplastia..Com.o.passar.dos.
anos, procedimentos estéticos menos invasivos e tecnologias em equipamentos foram desen-
volvidos,. possibilitando. tratamentos. para. fl.acidez,. tonicidade,. volumização. e. pigmentação,.
sem ser necessário passar por um processo cirúrgico, com recuperação rápida e resultados
efi.cazes.
A.anatomia.do.sistema.genital.feminino.divide-se.em.estruturas.interiores.e.exteriores..A.
parte interna é formada pelas seguintes estruturas:
• Ovários;
• Tubas uterinas;
• Útero;
•.Vagina.
A região externa, por sua vez, é formada por:
• Monte pubiano;
• Grandes e pequenos lábios;
• Vestíbulo;
• Clitóris;
• Bulbos vestibulares;
•.Glândulas.anexas.(uretrais,.parauretrais.e.vestibulares).

81
Cavidade abdominal Espinha

Ovário

Tubas uterinas

Útero

Colo do útero
Bexiga urinária

Sínfise púbica
Reto
Clitóris
Ânus
Pequenos lábios

Grandes lábios Vagina

Uretra

Figura 1..Sistema.genital.feminino..Fonte:.Shutterstock..Acesso.em:.20/03/2019..(Adaptado).

Com.o.envelhecimento,.a.pele.da.região.íntima.sofre.alterações,.como.perda.de.fi.rmeza,.elasti-
cidade, volume e tonicidade, e, em alguns casos, devido a fatores genéticos ou ambientais, a região
se.torna.mais.escurecida..Dessa.forma,.o.tratamento.estético.pode.ser.realizado.a.fi.m.de.melhorar.
todo.o.aspecto.externo.da.região.íntima,.tornando-a.mais.fi.rme,.tonifi.cada.e.volumizada.

5.1.1 Anatomia
As estruturas da região genital feminina que podem ser tratadas por meio de procedimentos es-
téticos.realizados.por.profi.ssionais.biomédicos.são.os.grandes lábios e a púbis..Os.grandes.lábios.
são.constituídos.por.duas.pregas.cutâneas.longitudinais,.que.fi.cam.proeminentes.e.se.estendem.
caudal.e.dorsalmente,.desde.o.monte.pubiano.até.a.formação.dos.limites.laterais.da.vulva..São.di-
vididos.em.duas.regiões:.interna.e.externa.

Monte púbico

Clitóris

Grande lábio

Pequeno lábio Meato uretral

Abertura da vagina

Períneo
Ânus

Figura 2..Genitália.feminina.externa..Fonte:.Shutterstock..Acesso.em:.20/03/2019..(Adaptado).

82
A.região.mais.segura.para.se.trabalhar.no.rejuvenescimento.íntimo.são.os.grandes.lábios..Por.
ser uma estrutura externa, a região é escolhida para evitar possíveis contaminações, sobretudo nos
casos.em.que.for.preciso.utilizar.algum.tipo.de.equipamento.para.a.realização.do.protocolo.

5.1.2 Fisiopatologia
A.fl.acidez.pode.ser.consequência.de.diver-
sos.fatores.que.ocorrem.ao.longo.dos.anos..A.
pele se comporta de maneira viscoelástica..
Isso. signifi.ca. que. quando. a. tensão. é. retirada.
do.tecido,.ele.deve.voltar.a.sua.forma.original..
Porém, quando a elasticidade é ultrapassada,
o tecido não retorna à forma original mesmo
com a retirada da tensão, e, assim, origina-se a
fl.acidez..Alguns.fatores.são.responsáveis.pelo.
desencadeamento.de.fl.acidez.e.envelhecimen-
to da região íntima, por exemplo:
• Obesidade;
• Tabagismo;
• Alcoolismo;
• Hábitos alimentares inadequados;
• Processos mecânicos como depilação à cera;
• Gestações (parto normal);
• Uso de determinados medicamentos;
•.Vestimentas.inadequadas.
A.pele.da.região.genital.também.sofre.com.a.fl.acidez.no.processo.de.envelhecimento,.que.
tem como maior característica a síntese mais lenta de proteínas, o que causa alterações não
somente.na.aparência,.mas.em.sua.funcionalidade..Segundo.Elaine.Guirro.e.Ricardo.Guirro,.
“na.derme.ocorrem.alterações.nas.fi.bras.de.colágeno.e.elastina,.que.se.torna.gradualmente.
mais.espessa.e.perde.sua.elasticidade,.respectivamente”.(2002).
Com as mudanças na produção de colágeno e elastina, o tecido conjuntivo também sofre
infl.uência.direta.negativa,.pois.a.uniformidade.da.região.fi.ca.comprometida,.diminuindo.a.nu-
trição.e.a.oxigenação.tecidual..Esses.acontecimentos.levam.à.desidratação.da.pele.e,.conse-
quentemente,.à.fl.acidez.

83
A.fl.acidez.na.região.genital.externa.interfere.diretamente.no.desempenho.sexual.de.algu-
mas pessoas, pois a aparência se torna desagradável, podendo acarretar problemas psicológi-
cos.e.gerando.vergonha,.ansiedade.e.insegurança.

PAUSA PARA REFLETIR


Como as alterações genitais influenciam nas relações sexuais?

5.2 Hiperpigmentação
A hiperpigmentação é um problema frequentemente encontrado na região íntima e pode
ser uma sequela de diversos processos que afetam a pele, como doenças, feridas ou procedi-
mentos.terapêuticos.
Os.fatores.que.estimulam.e.infl.uenciam.a.produção.de.melanina.na.região.íntima.podem.ser:
• Genéticos: pigmentação constitucional;
•.Hormonais:.hormônio.melanotrófi.co.produzido.pela.hipófi.se.(estimula.a.produção.de.me-
lanina) e progesterona durante a gravidez ou por uso de anticoncepcionais;
• Alimentares: carência ou hiperdosagem de várias vitaminas;
•. Agressões:. agressões. seguidas. de. processo. infl.amatório,. como. depilação. e. cicatrização.
pós-cirúrgica,.podem.levar.ao.aumento.na.produção.de.melanina..Nesses.casos,.o.processo.
recebe.o.nome.de.melanogênese.pós-infl.amatória.

5.2.1 Preparação da região


A preparação da região para o protocolo de peeling é de extrema importância, pois são utili-
zados.ácidos.no.tratamento..A.devida.preparação.evita.complicações.futuras,.como.a.piora.no.
quadro.da.hiperpigmentação,.escurecendo.ainda.mais.a.região.
O. preparo. deve. ocorrer. pelo. menos. 15. dias. antes. da. primeira. sessão. em. consultório..
A paciente deverá manipular alguns produtos e utilizá-los conforme as recomendações do
profi.ssional.
• Uso domiciliar pré-peeling:
Ácido fítico....................................................................4%
Ácido kójico...................................................................1,5%
Ácido ferúlico................................................................1,5%
Skin Whitening Complex................................................5%
Ceramidas III.................................................................5%

84
Haloxyl...........................................................................2%
Creme clareador genital QSP.....................................30.g
Modo.de.usar:.Aplicar.uma.vez.ao.dia.nos.locais.indicados..Usar.por.14.dias.consecutivos.e.
suspender um dia para a realização do peeling.em.consultório.
• Sabonetes para higiene íntima:
Sabonete.com.Irgasan.0,3%.QSP...............................100.ml
Modo.de.usar:.Assepsia.pré.e.pós-procedimento.
Sabonete.de.ácido.lático.pH.4,5................................100.ml
Modo.de.usar:.Aplicar.diariamente.durante.o.banho.
Sabonete líquido neutro QSP.....................................100.ml
Modo.de.usar:.Utilizar.diariamente.no.banho.
Utilizando.de.forma.correta.os.produtos.previamente.indicados,.o.profi.ssional.conseguirá.con-
trolar o pH da região, além de já dar início à inibição na produção de melanina através do bloqueio
da.tirosinase.

5.2.2 Peeling íntimo


O peeling íntimo é uma ótima opção para o
clareamento.genital..A.combinação.de.vários.
ácidos.pode.colaborar.de.forma.muito.efi.caz.
na. despigmentação. da. região.. O. protocolo.
deve ser realizado no consultório, de forma
correta.
Existem. vários. protocolos. e. nenhum. está.
errado, quem irá decidir o melhor protocolo
para.a.paciente.é.o.profi.ssional..O.protocolo.
aqui mencionado foi testado e comprovado
por.sua.efi.cácia,.tanto.em.fototipos.mais.bai-
xos.quanto.nos.mais.altos.
Após a preparação prévia da região, deve-
-se realizar a aplicação do blend de ativos..
Com.o.auxílio.de.uma.bonequinha.de.gaze,.o.profi.ssional.deve.passar.a.solução.em.toda.a.
região, deixar agir de cinco a dez minutos, remover com água e aplicar o pós-peeling..O.pós-
-peeling é aplicado nos locais desejados após a remoção do peeling e retirado em casa pela
paciente,.seis.horas.após.a.aplicação.

85
• Peeling íntimo de uso em consultório para clareamento da região vulvar e virilha:
Ácido mandélico...........................................................35%
Ácido láctico..................................................................5%
Ácido fítico....................................................................4%
Gel fluído QSP...............................................................50 ml
Com pH 2,0
• Pós-peeling íntimo de uso em consultório:
VCIP................................................................................2%
Alfabisabolol ................................................................0,5%
Vitamina A.....................................................................1%
Vitamina E.....................................................................1%
Cytovector Ferulic..........................................................2%
Base Second Skin QSP..................................................30 g
Algumas pessoas possuem hiperpigmentação muito intensa na região, o que dificulta o
tratamento. Nesses casos, há necessidade de realizar uma aplicação um pouco mais forte. O
profissional deve aplicar a solução nos locais mais pigmentados com auxílio da bonequinha de
gaze. A paciente vai embora e permanece com o creme por duas horas na primeira sessão e
por quatro horas nas demais sessões. Após remover a solução com sabonete líquido, deve-se
aplicar o pós-peeling, manter por mais seis horas e, em seguida, retirá-lo.
• Peeling químico na região íntima de uso em consultório para manchas de difícil
resolução (fototipos de I a VI):
Ácido retinoico.............................................................3%
Ácido glicólico...............................................................5%
Ácido fítico....................................................................4%
Alfabisabolol.................................................................0,5%
Arbutin..........................................................................6%
Ácido mandélico...........................................................10%
Creme QSP....................................................................30mL
Cada ativo tem efeitos diferentes na região que, quando associados, potencializam os resul-
tados esperados. A maioria dos ativos utilizados é considerada despigmentante, pois dificulta
a produção de melanina através da inibição da tirosinase, despigmentando regiões já escureci-
das. Outros ativos irão auxiliar na hidratação e estimulação da produção de colágeno.
Para que os resultados sejam duradouros, a paciente precisará realizar uma manutenção home
care. A fim de manter o clareamento da região e evitar recidivas, a indicação é utilizar a solução
uma vez por semana após o término do protocolo em consultório:

86
• Manutenção após peeling para região íntima
Ácido fítico....................................................................4%
Ácido kójico...................................................................1,5%
Ácido ferúlico................................................................1,5%
Skin Whitening Complex................................................5,0%
Ceramidas III ................................................................0,5%
Haloxyl...........................................................................2,0%
Creme clareador genital QSP.....................................30.g

5.2.3 Indicações e contraindicações


O protocolo de clareamento íntimo é indicado para todas as pessoas que apresentem hiper-
pigmentação na região genital, não importando o fototipo, pois o tratamento divide-se em foto-
tipos.mais.baixos.e.fototipos.mais.altos..As.regiões.que.podem.ser.clareadas.são:
• Virilha;
• Vulva;
• Ânus.
As.restrições.fi.cam.por.conta.das.alergias..Qualquer.pessoa.que.tenha.alergia.a.pelo.menos.
um.dos.componentes.da.formulação.não.poderá.realizar.o.procedimento..O.que.pode.ser.fei-
to é a manipulação de uma fórmula exclusiva,
sem os princípios ativos que desencadeiam a
reação. alérgica.. As. demais. contraindicações.
são consideradas clássicas, como:
• Grávidas;
•.Lactantes;
•.Doenças.autoimunes.ativas;
• Processo infeccioso na região de tratamento;
• Cândida ativa;
• Herpes ativa;
•.Expectativas.irreais.

PAUSA PARA REFLETIR


Quais regiões fazem parte da vulva? E quais seriam as recomendações do profissional de
Biomedicina em caso de cândida ativa?

87
5.2.4 Recomendações pós-procedimento
As recomendações devem ser seguidas du-
rante todo o tratamento para evitar reações
indesejadas.. Após. o. término. da. aplicação,. a.
primeira. recomendação. é. fi.car. o. tempo. pro-
posto. pelo. profi.ssional. com. o. produto. na. re-
gião.e.utilizar.sabonete.neutro.para.removê-lo..
Outras recomendações ao longo dos dias são:
• Usar roupas largas e arejadas;
•.Dormir.sem.calcinha;
• Usar roupas íntimas de algodão;
•.Evitar.depilações;
•.Continuar.utilizando.todos.os.produtos.durante.o.tratamento.

5.3 Flacidez
Com o passar dos anos, a pele sofre com o processo de envelhecimento..Muitas.vezes,.os.
cuidados estéticos se voltam apenas para o rosto, porém toda a pele do organismo sofre com
o.mesmo.processo..Alterações.estruturais.são.percebidas.nas.regiões.genitais,.como.o.enrije-
cimento.das.fi.bras.colágenas.e.a.diminuição.da.sua.síntese.pelos.fi.broblastos..As.fi.bras.elás-
ticas também são afetadas com a perda de sua elasticidade natural, pois sua síntese também
é.reduzida..Com.esses.eventos.ocorrendo,.a.região.se.torna.fl.ácida.e.com.menor.tonicidade,.
fazendo com que muitas mulheres sintam vergonha até mesmo de seus parceiros durante o
ato.sexual.

DICA:
Para.um.melhor.entendimento.da.fl. acidez.genital.e.protocolos.de.tratamento,.leia.
o trabalho Radiofrequência em Região Genital Feminina: Um Ensaio Clínico Randomi-
zado,.de.Marina.Robatto.Dantas.Leal.

Na.estética,.conseguimos.amenizar.signifi.cativamente.a.fl.acidez.da.região.íntima,.sem.se-
rem.necessários.procedimentos.cirúrgicos..Os.protocolos.realizados.são.minimamente.invasi-
vos,.apresentam.recuperação.rápida.e.resultados.excelentes.

88
5.3.1 Microagulhamento íntimo
O microagulhamento é realizado por meio de um dispositivo cilíndrico cravejado de agulhas
de. calibre. bem. fi.no. e. diversos. comprimentos,. posicionadas. em. fi.leiras. de. forma. paralela.. O.
dispositivo.é.produzido.em.aço.inoxidável.cirúrgico.estéril,.a.fi.m.de.evitar.complicações.como.
infecções.por.contaminação.

Figura 3..Dermaroller..Fonte:.Shutterstock..Acesso.em:.21/03/2019..(Adaptado).

A.fi.nalidade.do.procedimento.é.causar microlesões na pele para que um processo in-


fl.amatório.seja.desencadeado,.levando.a.uma.intensa.proliferação.de.fi.broblastos..O.me-
tabolismo.também.é.acelerado.e,.dessa.forma,.ocorre.a.restituição.da.integridade.cutânea..
A.técnica.é.vantajosa.devido.a.seu.baixo.custo.e.resultados.muito.signifi.cativos.em.altera-
ções.estéticas.que.necessitem.de.produção.de.colágeno..Devido.à.renovação.celular.pro-
porcionada pelo procedimento, um clareamento leve também pode ser notado na região
de.aplicação.
Tanto.a.fl.acidez.quanto.o.clareamento.podem.ser.potencializados.por.meio.da.aplicação.
de.ativos.no.fi.nal.do.tratamento.com.o.Dermaroller..Os.ativos.que.podem.contribuir.para.o.
tratamento.são:.vitamina.C,.fatores.de.crescimento,.DMAE,.coenzima.Q10.e.alguns.ácidos.
em.concentrações.muito.baixas.

89
CURIOSIDADE:
Como a intenção do Dermaroller é criar micropunturas em toda a região, existe ou-
tro.dispositivo.que.pode.contribuir.para.esse.objetivo.durante.o.processo:.a.Derma-
pen..Trata-se.de.uma.caneta.com.ponteira.descartável..A.cada.sessão.realizada,.a.
ponteira deve ser trocada por uma nova e estéril, jamais podendo ser reaproveita-
da..O.benefício.de.utilizar.a.Dermapen é a possibilidade de atuar em profundidades
diferentes durante a sessão com a mesma ponteira, pois o equipamento permi-
te.a.regulação.da.penetração.na.superfície.cutânea..Independente.do.dispositivo.
escolhido,.a.fi.nalidade.é.a.mesma:.realizar.micropunturas.na.região.afetada.pela.
disfunção.

O mecanismo de ação do microagulhamento consiste em induzir a produção de colágeno,


técnica.conhecida.como.indução.percutânea.de.colágeno.(IPC)..O.processo.tem.início.com.a.
perda da integridade da camada cutânea e divide-se em três etapas: injúria, cicatrização e ma-
turação.ou.remodelamento.
• Injúria: uma lesão é causada propositalmente na pele para que tenha início um processo
de.regeneração.tecidual.
•. Cicatrização:. nessa. fase,. os. neutrófi.los. são. substituídos. por. monócitos. (que. poste-
riormente serão transformados em macrófagos), responsáveis pela “limpeza” da lesão por
meio.do.processo.de.fagocitose..Na.segunda.fase,.ocorrem.também.os.processos.de.an-
giogênese,.epitelização.e.proliferação.de.fi.broblastos,.seguidos.da.produção.de.colágeno.
tipo.III,.elastina,.glicosaminoglicanos.e.proteoglicanos..Aproximadamente.cinco.dias.depois.
da. injúria,. a. matriz. de. fi.bronectina. está. formada,. possibilitando. o. depósito. de. colágeno.
logo.abaixo.da.camada.basal.da.epiderme..Com.isso,.é.possível.observar.um.aumento.na.
espessura.da.pele.
• Maturação ou remodelamento: a terceira fase é a fase de maturação ou remodelação, na
qual o colágeno de tipo III, predominante na fase inicial do processo de cicatrização, vai sendo
lentamente substituído pelo colágeno de tipo I, mais duradouro, e que persiste por um prazo
que.varia.de.cinco.a.sete.anos.
Durante.a.técnica.microagulhamento.são.realizadas.centenas.de.microlesões,.resultando.
em.colunas.de.sangue.na.derme,.acompanhadas.dos.sinais.infl.amatórios.clássicos,.como.ede-
ma,.calor.e.rubor.da.área.tratada.e.hemostasia.praticamente.imediata..A.intensidade.das.rea-
ções.é.proporcional.ao.comprimento.da.agulha.utilizada.no.procedimento..No.caso.da.região.
íntima,.a.indicação.é.usar.agulhas.de.comprimento.entre.1,5.e.2,5.mm.

90
A técnica começa com a realização da assepsia da região, seguida da aplicação de um anes-
tésico.tópico.pelo.menos.30.minutos.antes.do.procedimento..Em.seguida,.o.profi.ssional.deve.
dar.início.à.aplicação.do.rolinho.na.região.
Durante. a. passagem. do. cilindro,. é. necessário. utilizar. sempre. vários. sentidos. para. a. uni-
formização.dos.microfuros..Vale.lembrar.que.é.preciso.sempre.iniciar.por.um.sentido.e,.após.
aplicar.o.dispositivo.por.toda.a.área,.recomeçar.o.processo.em.um.sentido.diferente.

APLICAÇÃO DO DERMAROLLER

1. 2. 3.

Figura 4..Sentido.da.passagem.do.cilindro..Fonte:.Shutterstock..(Adaptado).

Os.movimentos.de.vai.e.vem.devem.seguir.um.padrão.uniforme.na.região.íntima..A.ocor-
rência.de.sangramentos.nos.casos.de.fl.acidez.é.pouco.usual,.portanto,.se.a.região.fi.car.com.
hiperemia,.já.é.desencadeado.o.mecanismo.de.ação..Vale.ressaltar.a.importância.de.se.utilizar.
uma.ponteira.que.possa.ser.esterilizada.e/ou.preservativo.para.evitar.contaminações.

91
5.3.2 Criofrequência e radiofrequência íntimas
A criofrequência e a radiofrequência são tecnologias utilizadas na região íntima no trata-
mento.de.fl.acidez..As.duas.funcionam.de.maneira.similar,.utilizando.temperaturas.mais.altas.
para.estimular.os.fi.broblastos.na.síntese.de.colágeno.

ASSISTA:
Para um melhor entendimento sobre a aplicação da tecnologia de radiofrequên-
cia na região íntima, assista ao vídeo Rejuvenescimento íntimo: o que é, indicações e
aplicação da radiofrequência para a região íntima,.disponível.no.canal.KLD.Biosis-
,.disponível.no.canal.KLD.Biosis-
temas.do.Youtube.

As.duas.tecnologias.são.seguras.e.efi.cazes,.podendo.ser.realizadas.em.pessoas.de.qual-
quer.fototipo.(do.I.ao.V)..Consistem.na.emissão.de.correntes elétricas que alcançam desde
os.tecidos.mais.superfi.ciais.até.os.mais.profundos,.causando.fricção.e.formando.um.campo.
eletromagnético.que.gera.calor..Trata-se.de.uma.tecnologia.não.ablativa,.que.auxilia.nos.tra-
tamentos.de.fl.acidez.tissular,.incluindo.a.região.genital.feminina.
Sua.produção.de.energia.é.calculada.entre.30.KHz.e.300.MHz..A.energia.produzida.gera.
calor, elevando a temperatura do tecido-alvo por meio da resistência do tecido, conhecida
como.impedância..Para.a.conversão.das.ondas.eletromagnéticas.em.calor,.é.preciso.ocorrer.
troca.de.polaridade..É.sabido.que.existem.dois.polos,.o.negativo.e.o.positivo..Quando.a.troca.
dos.polos.ocorre.de.forma.correta,.o.calor.é.promovido.
Outro parâmetro muito importante para essas tecnologias é a frequência utilizada du-
rante.a.aplicação..As.frequências.de.1,2.MHz.e.2,4.MHz.são.as.mais.comuns.nesse.tipo.de.
procedimento..Vale.ressaltar.que,.quanto.maior.a.frequência,.mais.superfi.cialmente.a.ação.
irá.ocorrer.
Conclui-se,.então,.que.a.frequência.de.2,4.MHz.é.utilizada.para.tratar.disfunções.que.aco-
metem.camadas.mais.superfi.ciais,.como.epiderme.e.derme,.ao.passo.que.as.frequências.de.
1,2.a.1,5.MHz.são.utilizadas.para.tratar.disfunções.que.acometem.tecidos.mais.profundos,.
como.o.tecido.adiposo.
A elevação da temperatura desencadeia no organismo várias reações que irão colaborar
para o tratamento das disfunções estéticas, por exemplo: a vasodilatação, que melhora o
trofi.smo.tissular;.a.eliminação.de.líquidos.intercelulares;.maior.aporte.de.oxigênio;.e.envio.
de.nutrientes.ao.tecido-alvo.

92
O aumento da temperatura também estimula as células responsáveis pela produção de
colágeno – os fibroblastos –, levando ao processo de neocolagênese. Este ocorre por meio
de uma inflamação controlada, que libera vários fatores imprescindíveis para a formação de
colágeno. O processo completo leva em torno de 28 dias para ser concluído.
Para que os fibroblastos sejam ativados, é necessário alcançar uma temperatura específica,
entre 40 ºC e 45 ºC, pois somente assim o processo de neocolagênese é estimulado. Durante
a sessão, faz-se necessário o uso de termômetro infravermelho a todo momento, a fim de
evitar queimaduras por excesso de calor. Ao longo da aplicação da tecnologia, ocorre instan-
taneamente um efeito tensor na pele. Este só é possível porque, em temperaturas elevadas,
as fibras de colágeno já sintetizadas pelo organismo sofrem processo de desnaturação. Posto
que o colágeno é uma cadeia proteica, o enrijecimento de suas fibras ocorre em decorrência
da quebra das pontes de hidrogênio que compõem sua tríplice hélice, desencadeando, assim,
a contração imediata do tecido. Porém, esse efeito de tensão na pele dura apenas alguns dias.
Depois de um tempo, o tecido tende a voltar ao estado inicial, por isso a importância de esti-
mular a produção de uma nova fibra de colágeno que torne o tecido novamente firme.

Figura 5. Resultados do tratamento. Fonte: LEAL, 2014.

A criofrequência, no entanto, tem um diferencial: juntamente com o estímulo de calor, e a


consequente elevação de temperatura, ocorre a emissão de tecnologia crio. Essa tecnologia
libera temperaturas baixas (–10 °C) no tecido, promovendo choques térmicos que proporcio-
nam um efeito tensor mais significativo.
A aplicação de ambas as técnicas deve ser realizada com intervalos mínimos de 15 dias, pois
o objetivo é estimular a síntese de colágeno.

93
5.3.3 Indicações e contraindicações na saúde estética
Apesar de a criofrequência e a radiofrequência serem tecnologias bastante versáteis dentro
de.uma.clínica.de.estética,.sua.indicação.para.a.região.íntima.refere-se.aos.casos.de.fl.acidez.
tissular.nos.grandes.lábios,.procurando.devolver.a.fi.rmeza.e.deixar.a.região.mais.tonifi.cada.
Como todas as tecnologias, existem contraindicações que precisam ser respeitadas, como
nos casos de:
• Gestantes e lactantes;
•.Doenças.autoimunes;
• Presença de implantes metálicos;
• Trombose;
•.Neoplasias;
• Processos infecciosos;
•.Lesões.cutâneas.na.região.de.aplicação;
• Alterações de sensibilidade;
•.Preenchedores.dérmicos.na.região.

5.3.4 Recomendações pós-procedimento


A realização das tecnologias de radio-
frequência e criofrequência não exige ne-
nhum tipo de cuidado específico, apenas
evitar.depilações.48.horas.após.o.procedi-
mento.e.48.horas.antes.da.sessão..A.rotina.
da paciente pode ser mantida sem nenhu-
ma.restrição.

5.4 Tonicidade
Tônus é o estado de tensão leve, fornecido pelos músculos, que dá volume à região
genital.. Quando. não. há. exercício. da. região. ou. durante. o. processo. de. envelhecimento,.
a. tonicidade. vai. diminuindo.. As. fibras musculares vão atrofiando, fazendo com que a
região.perca.o.contorno.e.o.desenho,.e.acentuando.o.processo.de.flacidez..O.preenchi-
mento com ácido hialurônico devolve o volume perdido, aumentando a tonicidade da
região.íntima.

94
5.4.1 Preenchimento íntimo
De.modo.geral,.o.preenchimento.é.uma.técnica.tranquila.realizada.em.consultório,.na.qual.
a.paciente.pode.retornar.a.suas.atividades.diárias.imediatamente.após.o.procedimento..Não.
existem cortes nem pontos, e os pertuitos minúsculos são cobertos por um pequeno espara-
drapo antialérgico
O.preenchimento.mais.comum.e.seguro.utilizado.na.região.íntima.é.com.ácido.hialurônico..
Trata-se de uma substância aplicada com microcânula na parte externa dos grandes lábios
vaginais,.para.melhorar.a.aparência.e.a.hidratação.do.tecido.
O ácido hialurônico tem uma potente ação hidratante.. Sua. afi.nidade. com. a. água. faz.
com.que.a.região.tratada.fi.que.com.umidade.ideal.e.hidratada,.promovendo.volume.e.es-
timulando.a.síntese.de.colágeno..Esse.efeito.é.sentido.principalmente.quando.o.produto.
é. aplicado. de. forma. injetável. em. peles. com. fl.acidez. tissular. de. moderada. a. severa,. pois.
restaura.a.matriz.celular.
O.ácido.hialurônico.é.ideal.para.procedimentos.de.preenchimento,.devido.a.sua.efi.cácia.e.
biocompatibilidade..O.processo de volumização é possível graças à alta capacidade de reten-
ção.hídrica,.podendo.chegar.até.mil.vezes.o.seu.volume.
O.ácido.hialurônico.age.na.estruturação.e.organização.da.derme,.auxiliando.na.fl.exibilidade.
e.fi.rmeza.da.pele.ao.estimular.a.síntese.de.fi.bras.colágenas.e.de.elastina..Ele.atua.também.na.
estimulação.da.síntese.das.células.responsáveis.pela.produção.de.colágeno.(os.fi.broblastos).e.
no.processo.de.angiogênese.
O preenchimento é um procedimento não invasivo que promove a reconstrução e o aumen-
to.dos.grandes.lábios..Pode.ser.utilizado.no.tratamento.de.fl.acidez,.tonicidade.e.deformidades.
consequentes tanto do envelhecimento natural quanto de alterações decorrentes de outros
processos, por exemplo, emagrecimento e agressões repetidas como depilação à cera (que
promove.o.estiramento.do.tecido.tissular)..
Para a realização do preenchimento, é aplicada anestesia local e, em seguida, é feito
um.pertuito.com.auxílio.de.uma.agulha.18.G..A.cânula.é,.então,.inserida,.e.por.meio.da.
retroinjeção,.o.produto.é.infiltrado.na.região.dos.grandes.lábios..A.quantidade.de.pro-
duto. aplicado. depende. do. grau. de. envelhecimento. íntimo,. podendo. chegar. a. até. 5. ml.
de.produto.para.promover.um.resultado.satisfatório..Um.detalhe.muito.importante.é.a.
escolha.da.apresentação.do.produto..Como.o.intuito.é.volumizar,.o.preenchedor.deve.ter.
alta.reticulação..O.preenchimento.não.é.um.procedimento.definitivo..O.efeito.dura.cerca.
de um ano, pois a substância é absorvida naturalmente pelo organismo com o passar do
tempo.

95
ANTES DEPOIS

Figura 6..Preenchimento.da.região.íntima. Fonte:.Shutterstock..Acesso.em:.20/03/2019..(Adaptado).

5.4.2 Indicações e contraindicações


O.preenchimento.íntimo.é.indicado.para.pessoas.que.apresentem.fl.acidez.mais.acentuada.
na.região.e.falta.de.tonicidade.(volume).

Figura 7..Ausência.de.volume..Fonte:.NOGUEIRA,.2017.

Por.ser.uma.das.técnicas.não.invasivas.mais.efi.cientes,.seguras.e.modernas.contra.os.sinais.
do envelhecimento íntimo, as contraindicações são as clássicas:
• Gestantes e lactantes;
•.Doenças.autoimunes;
•.Neoplasias;
• Processos infecciosos;
•.Lesões.cutâneas.na.região.de.aplicação;
•.Alterações.de.sensibilidade.

96
5.4.3 Recomendações pós-procedimento
Após a aplicação do preenchimento, é importante não manipular a região por pelo menos
48.horas..Atividades.sexuais.também.são.contraindicadas.por.um.período.mínimo.de.48.ho-
ras, bem como procedimentos que envolvam calor, pois podem estimular a absorção precoce
do.preenchedor..A.indicação.é.que.o.preenchimento.seja.o.último.procedimento.a.ser.adotado,.
caso.a.paciente.esteja.realizando.um.protocolo.com.outras.tecnologias..
No.dia.da.aplicação,.é.importante.que.a.região.esteja.completamente.depilada.e.que.assep-
sia.do.local.pelo.profi.ssional.seja.feita.com.clorexidina.alcóolica..O.profi.ssional.deve.evitar.o.
uso.de.álcool.

Proposta de Atividade
Agora. é. a. hora. de. pôr. em. prática. tudo. o. que. você. aprendeu. neste. capítulo!. Elabore.
uma.síntese.destacando.as.principais.ideias.abordadas.ao.longo.do.capítulo..Ao.produ-
zir sua síntese, pontue as tecnologias e as indicações de cada uma no que diz respeito
à. região. genital.. Para. essa. produção,. considere. as. leituras. básicas. e. complementares.
realizadas.

Recapitulando
Prezado.aluno,.estamos.encerrando.mais.um.capítulo..Ao.longo.de.nossas.refl.exões,.pude-
mos observar que a região íntima também é atingida pelos processos de envelhecimento, perda
de.tonicidade,.diminuição.das.fi.bras.elásticas.e.colágenas.e.hiperpigmentação..Essas.alterações.
representam grande incômodo para uma parte da população feminina, podendo, inclusive, afe-
tar.seus.relacionamentos,.deixando.o.indivíduo.constrangido,.inseguro.e.com.baixa.autoestima..
Como. vimos. na. primeira. Pausa. Para. Refl.etir,. o. envelhecimento. da. região. íntima. reduz. a.
sensibilidade.de.excitação.na.hora.do.ato.sexual,.diminuindo.a.sensação.de.prazer.da.mulher..
Além.disso,.a.fl.acidez.em.excesso.também.diminui.a.sensação.de.prazer.do.parceiro,.acarre-
tando.alterações.até.mesmo.psicológicas..Com.todas.essas.questões,.percebemos.que.alguns.
protocolos.estéticos.foram.desenvolvidos.a.fi.m.de.amenizar.tais.alterações,.devolvendo.à.re-
gião.genital.um.aspecto.mais.uniforme.e.tonifi.cado.
Um dos protocolos desenvolvidos refere-se ao tratamento de hiperpigmentação, em que
são utilizados diversos ativos clareadores, tanto em consultório como na casa da paciente, a
fi.m.de.despigmentar.as.áreas.mais.escurecidas.

97
Já os protocolos que envolvem microagulhamento, radiofrequência e criofrequência estão
mais voltados para a disfunção de flacidez tissular, estimulando a produção de colágeno com
objetivo de deixar a região mais firme e melhorar sua tonicidade.
Como vimos na segunda Pausa Para Refletir, a área que pode receber esses cuidados es-
téticos é a região externa, isto é, grandes lábios e monte pubiano. A região interna não deve
receber esses protocolos, pois isso pode desencadear reações indesejadas. Da mesma forma,
mulheres que apresentam cândida ou herpes ativa no momento da sessão são orientadas a
realizar primeiramente o tratamento curativo para, depois, fazer o protocolo.
Por último, vimos que o preenchimento é indicado para os casos em que a região íntima
perdeu tônus – volume –, muitas vezes deixando a parte interna à mostra. O preenchimento
devolve volume, deixando a região com aspecto mais natural e rejuvenescido.

98
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WOLFF, K.; JOHNSON, R. A.; SAAVEDRA, A. P. Dermatologia de Fitzpatrick: atlas e texto. Porto
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99
TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Proporcionar conhecimento detalhado
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
da técnica, para que os protocolos sejam • Conceito
executados com segurança e eficácia. • Classificação de Fitzpatrick
• Classificação do peeling

NÍVEIS
• Muito superficial
• Superficial
• Médio
• Profundo

AVALIAÇÃO DO PACIENTE
• Avaliação e anamnese
• Preparação da pele
• Despigmentantes
• Fotoprotetores

PROCEDIMENTO PÓS-PEELING
• Recomendações
• Complicações

100
Contextualizando o cenário e Pergunta norteadora
O envelhecimento da pele é um processo que preocupa a muitos indivíduos. A aparência
agredida pela excessiva exposição solar faz com que apareçam manchas, rugas, flaci-
dez, aspereza, enfim, todos os sinais do fotoenvelhecimento. Nas clínicas de estética,
muitos procedimentos podem ser realizados para tal fim, mas um dos mais procurados
é a aplicação de ativos que irão reagir com as camadas da pele, fazendo com que essas
camadas sejam “destruídas”, para que uma nova e mais jovem ocupe o lugar. Os ácidos
podem ser aplicados de forma isolada, ou com associações, ou criando novas fórmulas.
A descamação terapêutica e controlada provocada por procedimentos é uma poderosa
arma para tratar vários transtornos estéticos. O que é um peeling químico? E como sa-
ber qual camada precisa ser atingida?

101
6.1 Principais características
Como a pele está em constante contato com o meio externo, ela está sujeita a variados tipos
de agressões físicas e químicas, conhecidas como manchas. Essas manchas, normalmente,
geram deformidades; tratam-se de alterações na coloração da pele que podem aparecer em
qualquer idade e apresentar diferentes tonalidades. Essas manchas podem ser causadas por
diversos fatores como alterações na produção da pigmentação da pele, infecções, distúrbios
hormonais, alterações vasculares, tumores, exposição ao sol, marcas de acne, entre outras.

Figura 1. Alterações cutâneas. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 22/03/2019.

Um dos recursos utilizados para melhorar a qualidade da pele são os peelings químicos,
também chamados de resurfacing químico, quimioesfoliação ou quimiocirurgia, que con-
siste em aplicação de agentes cáusticos na pele, produzindo a destruição controlada da epi-
derme, isto é, a reepitelização. Dependendo da concentração e do valor do pH desses agentes
cáusticos quando empregados nas formulações, podem desencadear funções de peeling su-
perficial, médio ou profundo.

DICA:
Para um melhor entendimento sobre peelings químicos, recomenda-se a leitura do
artigo Peelings químicos: revisão e aplicação prática (Yokomizo et al., 2013), publicado
na revista Surgical & Cosmetic Dermatology.

102
Segundo estudiosos, os primeiros relatos de substâncias químicas empregadas no trata-
mento de cicatrizes foram feitos em 1903 por dois cientistas, Machee e Kerp. No entanto, so-
mente em 1941 se deu a primeira documentação por Eller e Wolf dessas substâncias desti-
nadas a promover a descamação da pele. Assim, em 1961, Bacher e Gordon deram início à
chamada “era dos peelings químicos”. A partir de então, novas substâncias foram pesquisadas
e utilizadas com essa finalidade, bem como o desenvolvimento de técnicas físicas de abrasão
cutânea, como os lixamentos manuais (lixas de água), chegando até os peelings de cristal de
alumínio da década de 1990, culminando com a abrasão cutânea a laser (resurfacing).
Para iniciar qualquer tratamento com substâncias químicas, conhecer a atividade e as con-
sequências de tais substâncias é primordial. Através do conhecimento entre fototipos, região
a ser aplicada e a alteração tegumentar, conseguimos definir a profundidade necessária a ser
atingida para obter resultados satisfatórios.

6.1.1 Conceito
O peeling químico causa alterações na pele por meio de mecanismos. A escolha do agente ou da
técnica específica a ser usada depende do conhecimento da profundidade da lesão, para que seja
possível definir um agente que não produza uma esfoliação desnecessariamente mais profunda do
que a própria alteração a ser tratada.

Figura 1. Peeling químico. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 22/03/2019.

103
A profundidade e a amplitude da lesão cutâ-
nea determinarão, em última instância, a inten-
sidade da resposta cicatricial. Em queimadura
solar de primeiro grau, ou peeling superficial, em
que ocorra lesão de apenas algumas camadas
de células epidérmicas sem danos à camada
dérmica, a proliferação e a migração de querati-
nócitos se encarregarão de regenerar a estrutu-
ra anatômica. Nesse caso, a síntese, a deposição
e a remodelação do colágeno dérmico não par-
ticipam do processo de cicatrização.
No entanto, em ferimentos e abrasões com os quais o componente dérmico esteja envolvido,
o processo de cicatrização incluirá não apenas o fenômeno da reepitelização, mas também o de
reorganização dérmica e contração do leito do tecido.
Nesse processo de reparação, será criada uma nova estrutura, cujas características finais, prin-
cipalmente sua qualidade estética, dependerão de uma série de fatores nem sempre previsíveis,
entre eles, a quantidade e a profundidade de tecido inicialmente lesionado, sua localização, o grau
de pigmentação cutânea e o tratamento dado à região.
Quando realizado de forma eficaz e consciente pelo profissional, ocorre um desencadeamento
de três eventos:
• Estimulação do crescimento epidérmico mediante a remoção do estrato córneo: mesmo
descamações muito leves que não causam necrose da epiderme podem induzi-la a se espessar;
• Destruição de camadas específicas de pele lesada: ao destruir as camadas e substituí-las
por um tecido mais normalizado, obtém-se um melhor resultado estético. Isso é especialmen-
te verdadeiro no tratamento de anormalidades de pigmentação e de queratoses actínicas;
• Indução no tecido de uma reação inflamatória mais profunda do que a necrose produzida
pelo agente esfoliante: a ativação de mediadores da inflamação (por um mecanismo pouco
compreendido) pode induzir a produção de colágeno novo e de substância fundamental na
derme. As lesões epidérmicas podem induzir a deposição de colágeno e glicosaminoglicanos
na derme.

6.1.2 Classificação de Fitzpatrick


A classificação de Fitzpatrick é muito importante para a realização de tratamentos com
ácidos. É uma das classificações mais famosas, desenvolvida em 1976 pelo médico americano

104
Thomas B. Fitzpatrick. Fitzpatrick classifica a pele em fototipos, ou seja, a capacidade de cada
pessoa para se bronzear, com sensibilidade e eritema, quando exposta à radiações ultravioletas.

DICA:
classificação de Fitzpatrick, recomenda-se
Para um melhor entendimento sobre a classificação
a leitura do artigo Comparação do fototipo entre caucasianos e orientais (Suzuki et al.,
2011), publicado na revista Surgical & Cosmetic Dermatology.

Na aplicação dos ácidos, essa classificação interfere diretamente, pois dependendo da pele,
alguns ácidos podem ser muito agressivos e promover complicações que muitas vezes são de
difícil reversão.

Quadro 1. Classificação Fitzpatrick

Fototipos Características Sensibilidade ao Sol

Queima com facilidade,


I - Branca Muito sensível
nunca bronzeia

Queima com facilidade,


II - Branca Sensível
bronzeia muito pouco

Queima moderadamente,
III - Morena Clara Normal
bronzeia moderadamente

Queima pouco,
IV - Morena Moderada Normal
bronzeia com facilidade

Queima raramente,
V - Morena Escura Pouco sensível
bronzeia bastante

Nunca queima,
VI - Negra Insensível
totalmente pigmentada

Fonte: SUZUKI et al., 2011. (Adaptado).

Os resultados do peeling e o agente mais adequado a ser escolhido são mais fáceis de pre-
ver, quando, na avaliação do paciente, o fototipo for combinado com a cor dos olhos.
• Os fototipos I a III são ideais para peeling de qualquer tipo;
• O fototipo IV tem menor chance de apresentar pigmentação pós-inflamatória, se tiver
olhos claros (verdes, azuis ou castanho-claros);
• Os fototipos V e VI apresentam maior risco de discromia. Nesses casos, deve-se realizar um
teste na linha do cabelo com o agente a ser utilizado, o que não assegura a mesma resposta
em toda a face.

105
6.1.3 Classificação dos peelings
Os peelings podem ser classificados em
muito superficial, superficial, médio e pro-
fundo. O superficial atinge a epiderme até a
derme papilar; o médio se estende da derme
papilar até a parte superior da derme reticu-
lar; e o profundo se estende- até as camadas
intermediárias da derme reticular.
Essa classificação orienta a escolha do
agente químico de acordo com a profundi-
dade da lesão que se quer tratar. Entretanto,
essa medida não é absoluta e enfatiza que
cada agente químico, dependendo de diver-
sos fatores, pode mudar sua postura e carac-
terística, tornando-se um agente de peeling
mais ou menos profundo.

PAUSA PARA REFLETIR


Qual é a interação do pH na absorção do ativo?

6.2 Níveis
O peeling químico pode atuar em diferentes camadas da pele. Tudo irá depender de fatores
que precisam ser avaliados previamente, como: sensibilidade da pele, fototipo e tipo de alteração
– pois sabendo a alteração já se tem uma base da profundidade que está comprometida. Para um
diagnóstico mais fidedigno, é recomendado utilizar os analisadores de pele antes de iniciar um
tratamento com ácidos.
Os peelings químicos são classificados em quatro grupos de acordo com o nível de profundidade
da necrose tecidual provocada pelo agente esfoliante:
• Muito superficial;
• Superficial;
• Médio;
• Profundo.

106
6.2.1 Muito superficial
As técnicas de peeling químicos consideradas muito superficiais realizam um processo esfolia-
tivo na epiderme. Elas afinam ou removem o estrato córneo e não criam lesão abaixo do estrato
granuloso.

Tabela 1. Ativos e concentrações muito superficiais


Muito superficiais (estrato córneo)

Ácido salicílico 30% – de uma até quatro camadas

Ácido glicólico 40% a 50% – por 1 a 2 minutos

Solução de Jessner – de uma a duas camadas

Resorcina 20 a 30% – por 5 a 10 minutos

Ácido retinoico – de 2% até 5%

É indicado para manchas muito superficiais, aspereza, pele sem brilho, pele descamativa,
pele seca, peles “cansadas” e maltratadas e fotoenvelhecimento leve.

6.2.2 Superficial
As técnicas de peeling químico consideradas superficiais produzem necrose de parte ou de toda
a epiderme, em qualquer parte do estrato granuloso até a camada de células basais.

Tabela 2. Ativos e concentrações superficiais


Superficiais (epidérmicos)

Ácido glicólico 40% a 70% – por 2 a 20 minutos

Ácido tioglicólico 10% a 20% – por 10 a 30 minutos

Ácido mandélico 30% a 50% – por 2 a 20 minutos

Solução de Jessner – quatro a dez camadas

Resorcina 40% a 50% – 30 a 60 minutos

Ácido tricloroacético (ATA) 10 a 30%

É indicado para o tratamento de manchas superficiais, aspereza, rugosidades finas, acne


ativa e fotoenvelhecimento leve.

107
6.2.3 Médios
As técnicas de peeling químicos consideradas de profundidade média produzem necrose da
epiderme e de parte ou de toda a derme papilar.

Tabela 3. Ativos e concentração profundidade médio

Muito superficiais (estrato córneo)

Ácido tricloroacético (ATA) – 35 a 50%

Fenol atenuado – 25%

Ácido glicólico 70% – por 3 a 30 minutos

Ácido mandélico 50% – por 5 a 30 minutos

Ácido glicólico + ATA 35%

Jessner + ácido glicólico 40% a 70% – até hiperemia

Jessner + ácido retinóico 8%

Ácido pirúvico 50% – por 2 a 3 minutos

É indicado para disfunções de rugas, manchas, cicatrizes de acne, sulcos e fotoenvelheci-


mento de moderado a severo.

6.2.4 Profundo
As técnicas de peeling químico consideradas de maior profundidade produzem necrose da epi-
derme e da derme papilar, que se estende até a derme reticular.
Nesse caso, é citado o uso do fenol com concentração acima de 50%, podendo chegar a 100%,
que é considerado cirúrgico, e a ácido tricloroacético (ATA) acima de 50%.

PAUSA PARA REFLETIR


Os profissionais biomédicos podem realizar peelings profundos?

6.3 Avaliação do paciente


Com base nas indicações dos peelings químicos, todos os pacientes devem ser examinados
a fim de determinar qual ou quais agentes esfoliantes produziriam melhores resultados com

108
menor morbidade, de acordo com o estilo de vida, a profundidade das lesões a serem corrigi-
das e as características gerais da pele a ser tratada.

6.3.1 Avaliação e anamnese


Antes do peeling, vários fatores são avalia-
dos. A classificação de Fitzpatrick permite
uma avaliação da sensibilidade pigmentar da
pele à luz ultravioleta e, muitas vezes, forne-
ce indicações acerca da origem étnica. Essa
informação é para determinar quais pacien-
tes responderão bem ao peeling químico e
quais correrão maior risco de anormalidades
da pigmentação (discromias) decorrentes do
procedimento.
Os tipos I e II são ideais para todos os tipos
de peeling, mas a linha clara de demarcação
entre as peles, com e sem exposição ao agen-
te esfoliante, fica evidente nos pacientes com
pele fototipo I exposta excessivamente ao sol
e com poiquilodermia no pescoço.
Os tipos IV a VI apresentam maior risco de desenvolver discromias. A seleção dos tipos de pele
que poderão ser submetidos ao peeling foi utilizada como base na classificação de Fitzpatrick.
O dano cumulativo provocado pela exposição crônica à luz ultravioleta, conhecido como
dermato-heliose, pode ser facilmente observado, se compararmos a pele da parte anterior do
tórax, comumente exposta ao sol, com a pele das mamas protegida do sol. A determinação do
grau da lesão provocada pelo sol é fundamental, a fim de escolher o agente esfoliantes mais
adequado e planejar os peelings subsequentes, caso haja necessidade.
A seborreia, ou a oleosidade residual, num paciente com ou sem cicatrizes dificulta a realização
de um peeling uniforme e realça a importância de desengordurar a pele antes do procedimento.
Caso o paciente tenha realizado anteriormente ritidectomia, lifting coronal das sobrance-
lhas ou blefaroplastia, recomenda-se um intervalo de quatro a 12 semanas depois da cirurgia
para realizar tratamentos como os peelings químicos. O ideal é realizá-los após a completa cica-
trização das feridas, com o intuito de evitar complicações estruturais como eclábio e ectrópio
e até fibrose e cicatrizes hipertróficas.

109
As regiões corporais também podem re-
ceber tratamentos com ácido. Porém, ao con-
siderar áreas corporais, a prioridade básica é
lembrar que essas regiões não cicatrizam tão
bem quanto a face. Quando a pele reepiteliza
após um peeling, ela o faz pela proliferação de
células epiteliais a partir do epitélio adjacente e
das células-tronco das unidades pilossebáceas
que migram lateralmente, até cobrir as áreas
comprometidas com uma nova epiderme.
Já foi comprovado que existem 30 vezes mais unidades pilossebáceas na face do que no
pescoço ou no colo, e 40 vezes mais do que na região de dorso, das mãos e dos braços. Logo,
nessas áreas, a reepitelização é muito mais lenta e prolongada, além do fato de algumas áreas
serem mais propensas à cicatrização hipertrófica. Portanto, é prudente:
• Não realizar peelings dérmicos nessas áreas;
• Considerar que a maioria dos peelings não faciais é indicada para tratar enrugamento fino
e manchas (inclusive as senis). Portanto, devemos preferir repetidos peelings superficiais que
podem criar deposição de novo colágeno na derme e melhorar as rugas finas superficiais, sem
necessidade de peelings médios ou profundos;
• Considerar a extensão dessas áreas e a toxicidade que os agentes químicos poderiam causar.
Respeitadas essas recomendações, praticamente todos os peelings superficiais, e alguns
médios, utilizados para tratamento da face, podem também ser realizados para tratamento
do corpo.

DICA:
É necessário um cuidado especial com o ácido tricloroacético, pois este agente não
deve ser utilizado em concentrações maiores do que 25% no tratamento do corpo,
especialmente na região do pescoço, onde a chance de formação de cicatrizes hi-
pertróficas e queloides é maior. As principais indicações de peelings corporais são:
pertróficas
• Rejuvenescimento – rugas e pigmentação;
• Melasma (raro);
• Acne;
• Hipercromias residuais;
• Estrias e cicatrizes.

110
6.3.2 Preparação da pele
A finalidade do preparo da pele antes de
cada peeling químico é obter uma absorção
uniforme do princípio ativo utilizado em cada
preparação, e com isso reduzir os riscos de
hiperpigmentação da mesma, bem como esti-
mular sua recuperação mais rápida.
A pele dependerá de um preparo propor-
cional à profundidade da agressão que irá so-
frer. Para isso, utilizam-se cremes ou outras
formas farmacêuticas que geram um acon-
dicionamento da pele, para que esta não apre-
sente manchas no pós-peeling, e para que cicatrize com mais facilidade. Essa fase de preparo
varia de duas a oito semanas, dependendo da profundidade de ação de cada peeling.
A preparação da pele é uma etapa fundamental. Para esse preparo, é necessário o uso de
ativos despigmentantes, clareadores, que irão deixar a pele mais fina e equilibrada para a apli-
cação de um ativo mais potente, esses despigmentantes podem ser os próprios ácidos, porém
em concentrações mínimas.
Para peelings superficiais, o preparo pode ser realizado com ácido retinoico e ácido glicó-
lico, que irão agir rompendo as pontes intercelulares e, consequentemente, descamando as
camadas superficiais da epiderme, diminuindo e uniformizando a camada córnea. É importante
que a preparação seja realizada com algumas semanas de antecedência para haver tempo de
uma resposta celular. Pode ser padronizado para 21 ou 30 dias.
Para peelings químicos dérmicos, a utilização dos ácidos aumenta a atividade dos fibroblas-
tos e a síntese do colágeno, e também há aumento da vascularização, preparando a pele para
receber o peeling em boas condições e com a finalidade de haver uma recuperação rápida. Po-
dendo ser o ácido retinóico, ácido glicólico, ácido kójico, ácido tranexâmico, associados ou não
com ativos clareadores, como alfa arbutin e a vitamina C.

6.3.3 Despigmentantes
As preparações prolongadas com agentes branqueadores para evitar o rebote pigmentar
pós-peeling são tão importantes quanto o preparo para a aplicação propriamente dita. Os
despigmentantes mais utilizados, como hidroquinona, ácidos kójico, azelaico, fítico, ascórbico,

111
arbutina e alfa-arbutin e o próprio ácido retinoico, previnem as hiperpigmentações pós-infla-
matórias. Esses inibidores da tirosinase impedem sua conversão em L-dopa. Quando aplicados
durante várias semanas, dificultam a produção de melanina logo após o peeling, principalmen-
te na fase da pigmentação pós-inflamatória.
A hidroquinona, em tipos de pele V e VI de Fitzpatrick, pode produzir uma pequena inci-
dência de ocronose, quando utilizada a longo prazo. Portanto, é contraindicada a utilização de
hidroquinona por um período superior a três meses, assim como também é indicada a utiliza-
ção de outros agentes despigmentantes que não a hidroquinona, em indivíduos fototipo V e
VI, para evitar complicações.

Tabela 4. Sugestões de despigmentantes

Associação de ativos clareadores

Hidroquinona – 3%

Ácido kójico – 2%

Ácido glicólico – 6%

Ácido mandélico 50% – por 5 a 30 minutos

Drieline – 5%

Veículo não inônico qsp – 30 g

Clareador sem hidroquinona

Alfa-arbutin – 4%

Ácido kójico – 2%

Ácido glicólico – 8%

Veículo não iônico qsp – 30 g

Além desses citados, o ácido retinoico também favorece a diminuição da produção de pig-
mento melânico e entra na estimulação de reepitelização mais acelerada, pelo menos 24h
mais rapidamente do que o grupo controle, na concentração de 0,01% durante duas semanas
antes do peeling de ácido tricloroacético a 35%.
Caso a utilização dos produtos pré-peeling tenha como consequência dermatite de contato
muito intensa na véspera do procedimento, é melhor suspender o peeling para que não ocorra
qualquer surpresa desagradável com o aprofundamento do ácido.

112
6.3.4 Fotoprotetores
A utilização prévia de protetores solares
impede a ativação da tirosinase e a sua dis-
ponibilidade durante o peeling.
É importante que o filtro solar contenha
proteção para faixas de luz solar UVB (290 a
320 nm) e UVA (320 a 400 nm), sem contar
com as regiões do globo terrestre onde foi
detectada a radiação UVC (100 a 280 nm) por
causa da diminuição da camada de ozônio.
Esta última radiação pode ser altamente le-
siva para a pele sem filtro solar. A faixa de ra-
diação visível entre 400 e 700 nm tem atuação
fraca e duvidosa sobre a estimulação da produção de pigmento melânico.
A maioria dos fotoprotetores disponíveis no comércio protege, principalmente, contra UVB
e comprimentos de onda mais curtos da radiação, isto é, até 340 nm. As ondas mais longas
que 340 nm devem ser bloqueadas com pigmentos brancos como dióxido de titânio ou óxido
de zinco, conhecidos como protetor físico.
O fator de proteção solar (FPS) alto para UVB não bloqueia a ação do UVA, que faz parte dos
raios pigmentadores. A proteção solar adequada para evitar a pigmentação é formulada com
um filtro UVB/UVA curto, associado com um filtro físico para atingir os raios de UVA longos (se
atentar para filtros com UVA +++, que indicam máxima proteção UVA).
Durante o processo de descamação promovido pelo agente quimioesfoliante, é importante
indicar um filtro solar físico (que não possui agentes químicos e atua na proteção refletindo os
raios solares) , a fim de evitar processos irritativos em decorrência da presença de substâncias
químicas potencialmente sensibilizantes na formulação dos fotoprotetores químicos e físicos
comerciais. Passado o processo de descamação, o paciente pode voltar a utilizar o filtro solar
químico e físico (fórmula comercial).

6.4 Procedimento pós-peeling


Após a aplicação do ácido, ou do composto de vários ácidos, os procedimentos que precisam
ser seguidos são tão importantes quanto o preparo no pré-procedimento, pois são essas reco-
mendações que irão garantir um resultado eficaz e diminuir os riscos das reações indesejadas.

113
6.4.1 Recomendações
As recomendações começam com o preparo
dos materiais para a realização da técnica, como:
• Verificar o rótulo do produto a ser usado.
A aplicação acidental de um ácido mais forte
pode causar sérios problemas;
• Nunca passar o frasco aberto ou aplica-
dor sobre a face do paciente. É possível que,
acidentalmente, espirre na face ou nos olhos;
• Manter a cabeceira da maca levemente elevada e média a 45º;
• Ter sempre à mão um frasco com água limpa ou soro fisiológico para lavar bem os olhos,
em caso de acidente;
• Observar o lacrimejamento. Uma lágrima que escorra até o pescoço pode dar origem, nes-
se local, a uma área de descamação (fenômeno de capilaridade), ou diluir o ácido que ainda
está ali, formando uma faixa de descamação mais superficial;
• Observar a procedência e a qualidade dos produtos e se certificar de que apresentam as
mesmas concentrações de pH das soluções utilizadas rotineiramente;
• Antes de aplicar o agente esfoliante, perguntar: se fez depilação na face recentemente;
se submeteu-se recentemente a cirurgias de face ou pescoço; se fez uso de isotretinoína sis-
têmica nos últimos meses; se tem seguido fielmente o protocolo de rejuvenescimento. Caso
alguma dessas perguntas seja positiva, a reação ao peeling poderá ser mais intensa;
• Ter em mãos água ou bicarbonato de sódio, caso seja necessária a neutralização do ácido;
• Qualquer paciente com antecedentes de herpes simples, submetido a peelings de média
profundidade, deve usar suplementação específica (composta pelos aminoácidos L-Valina e
L-Lisina), antes e depois do peeling;
• Todos os pacientes submetidos a qualquer tipo de peeling devem mudar sua filosofia em
relação à exposição solar e incorporar o filtro solar à sua rotina de vida.
No pós-procedimento, o paciente precisa seguir as recomendações de forma correta, pois
é um dos fatores determinantes para resultados satisfatórios e inibidor de possíveis complica-
ções. As recomendações gerais são:
• Lavar a região com sabonete neutro;
• Protetor solar de três em três horas, obrigatoriamente físico;
• Evitar banhos muito quentes e vapores;
• Quando começar a descamar, não mexer na pele. Deixá-la se soltar sozinha.

114
Figura 3. Descamação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 22/03/2019.

• Não se expor ao sol, se precisar utilizar bonés e guarda-chuva;


• Continuar o uso do despigmentante até a próxima sessão.

6.4.2 Complicações
Algumas complicações podem ocorrer decorrentes do uso inadequado do ativo para o tipo
de pele, ou por um processo alérgico. Na maioria dos casos, a resolução pode ser realizada pelo
profissional da Biomedicina Estética, porém em casos mais sérios o encaminhamento ao pron-
to-atendimento é necessário.
Os casos em que o biomédico esteta, está apto a intervir são:
• Alteração de pigmentação;

Figura 4. Hiperpigmentação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 22/03/2019.

115
• Alteração de cicatrização;
• Alteração de textura.
Os casos mais graves, em que o encaminhamento ao profissional da medicina se faz neces-
sário, são:
• Infecção;
• Choque tóxico;
• Edema de laringe;
• Arritmias cardíacas;
• Alterações hepáticas.

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore uma sín-
tese destacando as principais ideias abordadas ao longo do capítulo. Ao produzir sua síntese,
pontue os benefícios e malefícios da utilização de ácidos para tratar disfunções estéticas. Para
essa produção, considere as leituras básicas e complementares realizadas.

Recapitulando
Prezado aluno, estamos encerrando mais um capítulo. Pudemos observar que o trata-
mento com esfoliação química iniciou faz muito tempo e que, com o passar dos anos, as
técnicas foram aprimoradas e os ativos esfoliativos cresceram em grande escala. Vimos que
o peeling químico consiste na aplicação de um ou mais agentes à pele, produzindo uma des-
truição controlada da epiderme ou da derme, seguida de sua reepitelialização.
Entendemos que, para realizar um tratamento com peeling químico, é necessário enten-
der em que profundidade o ácido irá atuar. Dessa forma, foi descrita a classificação dos
peeling em: muito superficial, superficial, médio e profundo. Como vimos na primeira Pausa
Para Refletir, a profundidade a ser atingida depende do pH – quanto mais baixo o pH, mais
profunda será a ação e também a concentração; quanto mais alto, mais potente será a des-
camação da pele.
Entendemos, também, que, para a realização do procedimento com ácidos, uma avaliação
minuciosa deve ser realizada. Para o diagnóstico preciso e indicação correta dos agentes a
serem utilizados, vimos que a preparação da pele é de suma importância para evitar compli-
cações e realizar uma aplicação uniforme com uma mesma absorção dos ativos em toda a
região. Como vimos na segunda Pausa para Refletir, o profissional biomédico pode atingir até

116
a profundidade média. Os peelings profundos são de uso exclusivamente médico, não sendo
autorizada a manipulação por um profissional da Biomedicina Estética.
Estudamos, também, que o protetor solar deve ser utilizado antes e depois do procedi-
mento, pois o uso diário protege a pele de maiores alterações cutâneas.

117
Referências bibliográficas
AZULAY, R. D. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
FESTA NETO, C.; CUCÉ, L. C.; REIS, V. M. S. Manual de dermatologia. 4. ed. São Paulo: Manole,
2015.
PEREZ, E. Técnicas Estéticas Corporais. São Paulo: Erica, 2014.
RAMOS, T. R. et al. Validação de um Método Analítico para Determinação de Substâncias Ativas
em Formulações Farmacêuticas empregadas em “peelings” químicos, Revista Brasileira de
Ciências Farmacêuticas, São Paulo, v. 41, n. 2, abr.-jun., 2005.
RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2014.
ROSSI, L. Avaliação Nutricional Novas Perspectivas. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015.
SOUTOR, C. Dermatologia Clínica. Porto Alegre: AMGH, 2015.
SUZUKI, H. S. et al. Comparação do fototipo entre caucasianos e orientais. Surgical & Cosmetic
Dermatology. v.3 n. 3. 2011. Disponível em: < http://www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-arti-
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VELASCO, M. R. Rejuvenescimento da Pele por Peeling Químico: Enfoque no peeling de Fenol,
Anais Brasileiros de Dermatologia, Rio de Janeiro, v. 79, n. 1, jan.- feb., 2004. Disponível em:
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YOKOMIZO, V. M. F. et al. Peelings químicos: revisão e aplicação prática. Surgical & Cosmetic
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tigo/253/Peelings-quimicos--revisao-e-aplicacao-pratica>. Acesso em: 18. mar. 2019.

118
TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Aplicar e indicar diferentes técnicas e
ÁCIDO RETINOICO
ácidos para diferentes tipos de pele • Características básicas
e tratamentos, resultando em um • Mecanismo de ação
protocolo efetivo para cada caso. • Indicações e contraindicações
• Protocolo

ÁCIDO GLICÓLICO
• Características básicas
• Mecanismo de ação
• Indicações e contraindicações
• Protocolo

ÁCIDO SALICÍLICO
• Características básicas
• Mecanismo de ação
• Indicações e contraindicações
• Protocolo

JESSNER
• Características básicas
• Mecanismo de ação
• Indicações e contraindicações
• Protocolo

119
Contextualizando o cenário
Os protocolos estéticos que promovem uma troca de tecido epitelial são utilizados por mi-
lhares de pessoas que querem melhorar a aparência do tecido cutâneo. As indicações são
as mais variadas possíveis, como rejuvenescimento, discromias, excesso de oleosidade,
acne, textura de pele, entre outros. Para realizar esses eventos, a técnica mais utilizada
pelos profissionais é o peeling químico, uma técnica que consiste na aplicação de ácidos
na pele para remover as camadas danificadas e promover o crescimento de uma camada
lisa, mais elástica, suave e fresca, promovendo a renovação celular. Nesse sentido, surge
uma pergunta de extrema importância para uma boa realização do peeling: quais ácidos
podem ser utilizados nele?

120
7.1 Ácido retinoico
O procedimento que envolve aplicação de ácidos é relativamente rápido e traz resultados
visíveis logo na primeira sessão. É um protocolo que promove não apenas o rejuvenescimento
facial, mas também o tratamento de marcas e manchas, além de promover a redução da oleo-
sidade – prevenindo o aparecimento de comedões e controlando a acne, e estímulo na produ-
ção de colágeno, que aumenta a espessura da derme. Os ácidos mais comumente utilizados
são os retinoides, os alfa-hidroxiácidos e os beta-hidroxiácidos.

DICA:
Para saber mais sobre o peeling, leia o artigo “Peeling como tratamento estético”, da
Revista Saúde em Foco.

Na classe dos alfa-hidroxiácidos são encontrados:


• Ácido glicólico;
• Ácido lático;
• Ácido málico;
• Ácido Kójico;
• Ácido mandélico;
• Ácido cítrico.
Na classe dos beta-hidroxiácidos, é encontrado o ácido salicílico. E na classe dos retinoides,
o ácido encontrado é o retinoico.
O ácido retinoico, também conhecido como Tretinoína, é um retinoide, uma forma ácida
da vitamina A, que atua sobre a camada córnea e diminui sua espessura durante os primei-
ros meses de tratamento, normalizando-se ao fim de um ano. Essa característica é útil para a
preparação do peeling, já que o ácido retinoide pode ser utilizado no preparo da pele quando
aplicado em concentrações bem baixas.
No desenvolvimento dos embriões, o ácido retinoico é gerado em uma região específica que
ajuda a determinar a posição ao longo do eixo de crescimento, servindo como um sinalizador
molecular que guia o desenvolvimento de porções posteriores do embrião. Ele atua no estímu-
lo dos genes de crescimento, responsável por controlar o padrão de crescimento dos primeiros
estágios de desenvolvimento.
A vitamina A foi descoberta em 1913, quando cientistas suspeitaram de sua relação com
manutenção dos epitélios e crescimento. Posteriormente, confirmou-se que ela também

121
era essencial para a visão.
O retinol é um álcool e, ao sofrer modificações químicas, pode dar origem a uma série de
outros compostos, como o ácido retinoico.

7.1.1 Características básicas


O ácido retinoico é um ativo isolado na forma de um pó cristalino de cor amarela/alaran-
jada. Sua solubilidade é pobre em água, é pouco solúvel em álcool, ligeiramente solúvel em
éter e solúvel em acetona. Além disso, ele possui maior estabilidade a um pH 4,5 a 6,5. Na Fig.
1, é possível ver sua fórmula química.

ÁCIDO RETINOICO

Figura 1. Ácido retinoico. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/03/2019. (Adaptado).

Ele é utilizado há mais de 35 anos, principalmente para uso tópico no tratamento da acne
vulgar. Isso ocorre devido a sua característica retinoide, ou seja, a forma ácida da vitamina A.
Ele também promove a melhora acentuada das rugas e lentigos solares, além de estimular a
mitose, a renovação dos folículos das células epiteliais e a descamação.
O ácido retinoico precisa ser armazenado em recipientes herméticos, ao abrigo da luz e
mantido em refrigeração, com temperatura entre 2º até 8º C.
É uma substância que precisa ser manuseada com muita cautela, pois ela pode causar ar-
dência e sensação de aquecimento, eritema, ressecamento, coceira e descamação. Embora
se tratem de reações adversas consideradas normais, é importante que o ácido seja aplicado

122
com o conhecimento devido. Ainda, sua aplicação pode causar edemas, bolhas e eczemas em
peles sensíveis, ou eritema severo, descamação e desconforto quando utilizada a substância
é utilizada em excesso, diminuindo sua eficácia. Podem ocorrer também complicações como
fotossensibilização, hipopigmentação e hiperpigmentação temporária.

7.1.2 Mecanismo de ação


O ácido retinoico normaliza a epiderme, que se apresenta fina por causa do envelhe-
cimento, tornando-a acantótica. A zona de Grenz, localizada logo abaixo da epiderme,
torna-se larga, com neoformação de faixas de colágeno com o uso contínuo de ácido reti-
noico a 0,05%, após 26 meses. O ácido retinoico também aumenta o número e a atividade
dos fibroblastos na derme papilar, aumenta o número de vasos e o fluxo sanguíneo. Ele
ainda diminui a quantidade de melanina na camada basal e na camada espinhosa, em
razão da rápida proliferação e substituição das células velhas pelas novas, não havendo
tempo para produção e distribuição de melanina. Com a proliferação epidérmica, a inibi-
ção da melanogênese excessiva e o bloqueio dos queratinócitos carregados de melanina
resolvem a hiperpigmentação.
O ácido retinoico tem ação em nível celular, estimulando a síntese de colágeno novo.
Esse colágeno permanece intacto histologicamente por pelo menos quatro meses após
a última aplicação. Contudo, a ocorrência de reação cutânea do tipo eritema é um fator
limitador do uso regular dos retinoides em altas concentrações. Esse efeito pode ser
amenizado quando utilizamos cremes ou emulsões contendo substâncias calmantes no
pós-peeling imediato.

7.1.3 Indicações e contraindicações


O ácido retinoico é indicado para combate ao fotoenvelhecimento, estrias, melasma (com ex-
celentes resultados), como coadjuvante no tratamento de acne comedogênica e no preparo da
pele para peelings mais profundos.
Seu uso pode ser contraindicado em casos como rosácea, poiquilodermia, telangiectasias,
gestantes, lactantes e para pacientes sensíveis a esse ativo, devido ao fato do mecanismo de
ação estimular a angiogênese.

PAUSA PARA REFLETIR


Qual é o motivo específico para a contraindicação em gestantes e portadores de rosácea?

123
7.1.4 Protocolo
No início do protocolo, ocorre a preparação da pele com uma sugestão de fórmula – fórmula
pré-peeling/pós-peeling – para que ela seja aplicada em domicílio antes do peeling no consultório,
ou também podem ser receitadas fórmulas básicas industrializadas, que podem ser encontradas
em drogarias. Na Fig. 2, é possível ver um exemplo de fórmula industrializada que é vendida em
farmácias sob receita. Além disso, a Tabela 1 apresenta a composição da fórmula do ácido.

Figura 2. Fórmula industrializada. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/03/2019.

Essa fórmula deve ser utilizada por 10 ou 15 dias antes do procedimento. Ela deve ser aplica-
da na área afetada (indicar a região) durante a noite, e o paciente deve lavar a área ao acordar,
além de aplicar o filtro solar indicado.

Tabela 1. Composição da fórmula em porcentagem

Ácido retinoico 0,01 - 0,05 %

Alfa-Arbutin 4%

Drieline 2%

Loção base qsp 30 g

124
Após a preparação, as aplicações, em consultório são iniciadas, devendo ser feitas por um
profissional da biomedicina e em concentrações mais altas.
Quanto às fórmulas para uso em consultório, elas devem ser feitas da seguinte maneira:
• Solução de Jessner (uma até no máximo quatro camadas): aplicar quando for neces-
sário, ou seja, quando for preciso que ocorra uma maior penetração do ativo.
• Ácido retinoico - 1 a 10%: recomendável iniciar com baixa concentração e aumentar
gradativamente, recomenda-se iniciar sempre com 3 – 5%.
• Creme com base qsp 30g: deixar em contato com a pele do paciente por, no mínimo,
quatro horas e máximo de seis horas, dependendo do fototipo.
Além disso, algumas recomendações precisam ser seguidas durante e depois da aplica-
ção, tais como:
• Aplicar na pele preparada e desengordurada. A aplicação pode ser realizada com o dedo
enluvado ou com a bonequinha de gaze.
• Deixar de quatro a oito horas e lavar posteriormente com bastante água corrente.
• Realizar o peeling no final da tarde, uma vez que o paciente vai para casa com o ácido no
local e deve evitar a exposição ao sol no trajeto.
• Suspender temporariamente por um ou dois dias o tratamento domiciliar, que consiste
na aplicação do despigmentante, e retomá-lo após 48 horas.
• Usar fotoprotetores diariamente.
• Realizar séries de quatro a dez peelings anuais, dependendo do nível da disfunção a ser tratada.

7.2 Ácido glicólico


Dentre os alfa-hidroxiácidos, o ácido glicóli-
co é o mais utilizado em produtos para o trata-
mento esfoliativo da pele. É derivado da cana-
-de-açúcar, fazendo parte de um grande grupo
de substâncias que pertencem a uma mesma
classe. Na Fig. 2, é possível ver sua fórmula.

7.2.1 Características básicas


Os alfa-hidroxiácidos (AHA) são ácidos carboxílicos encontrados naturalmente em alguns
alimentos. Entretanto, eles também podem ser produzidos sinteticamente em grandes quanti-
dades. Dentre esses compostos, estão os ácidos glicólico, lático, cítrico, málico e tartárico.

125
ÁCIDO GLICÓLICO

Figura 3. Ácido glicólico. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/03/2019. (Adaptado).

Os dois ácidos de cadeia de carbono mais curta e usados com mais frequência são o lático
e o glicólico. O ácido glicólico é derivado da cana-de-açúcar, que é altamente solúvel na água.
Uma solução saturada tem concentração de 80 a 70% de potência máxima, além de ter menor
peso molecular, se comparada à outras soluções de AHAs, e causar epidermólise em três a
sete minutos, a depender da concentração do ácido (%), biodisponibilidade (pH), grau de tam-
ponamento (gel, líquido, creme ou loção), frequência das aplicações, volume do ácido aplicado
e tempo de permanência do ácido sobre a pele.

PAUSA PARA REFLETIR


O ácido glicólico, quando aplicado em altas concentrações e pH baixo, pode realizar um
peeling de nível médio a profundo. Por qual motivo?

7.2.2 Mecanismo de ação


O ácido glicólico age sobre a epiderme, a derme papilar e na unidade pilossebácea. Este
composto atua sobre a epiderme aumentando a hidratação dos corneócitos e dos querati-
nócitos, diminuindo, assim, sua coesão. Também age sobre a reação química na formação da
queratina, impedindo a formação das ligações cruzadas das matrizes proteicas.
A utilização associada dos ácidos retinoico e glicólico pode melhorar o desempenho da pre-
paração pré-peeling, uma vez que o ácido glicólico produz compactação do estrato córneo,

126
espessamento da epiderme e deposição de mucina e colágeno dérmico à medida que se au-
menta a concentração e diminui-se o pH da preparação.
Além disso, em vez de desengorduração excessiva, sugerida para outros peelings, é suficien-
te uma limpeza suave da pele apenas para remover maquiagem e outros resíduos quando se
usa o ácido glicólico.
Os estágios de alterações produzidas na pele com o ácido, em ordem crescente de profundi-
dade da lesão, são: rosa, vermelho, epidermólise com vesiculação e branqueamento (frosting).
Não há um ponto final definido para esse tipo de peeling, e o tempo de permanência do ácido
sobre a pele deve ser suficiente para a formação eritema, quando, então, neutraliza-se a região,
evitando-se o aparecimento do frosting que sinaliza a possibilidade de formação de cicatrizes.
Por fim, o ácido glicólico utilizado no peeling precisa ser neutralizado para interromper sua ação
quando a profundidade desejada tiver sido alcançada. Essa neutralização pode ser feita por meio
da utilização de uma solução de bicarbonato de sódio a 40% ou ao lavar a área com bastante água.

7.2.3 Indicações e contraindicações


O peeling de ácido glicólico é indicado para tratamento de queratoses actínicas, melasma,
acne, rugas finas e lesões de fotoenvelhecimento. Além disso, ele pode ser utilizado em
qualquer tipo de pele e em qualquer área corporal. Quando forem usados produtos parcial-
mente neutralizados (pH = 2,75), serão necessários tempos de exposição maiores.
Seu uso é contraindicado a gestantes, lactantes, portadores de doenças autoimunes ativas
e a pessoas com sensibilidade ao ativo.
É um ácido seguro de ser utilizado, desde que seja recomendado da forma correta. Caso
contrário, algumas complicações podem ser desencadeadas, como herpes labial, eritema per-
sistente ou sensibilidade ao sol e hiperpigmentação pós-inflamatória. Além disso, sua aplica-
ção pode acarretar na formação de cicatrizes.

7.2.4 Protocolo
O protocolo se inicia com a preparação da pele por meio de uma sugestão de fórmula –
fórmula pré-peeling para a utilização em domicílio, antes do peeling no consultório.
Recomenda-se a aplicação na área afetada (rosto, mãos, etc), no período noturno.
A pele precisa ser higienizada, tanto na fase de preparação, quanto no pós-procedimento.
Para essa limpeza, é utilizada a espuma de limpeza extra suave de 50 mL, sendo necessário
aplicar na face molhada, massagear suavemente e depois enxaguar.

127
As aplicações no consultório são iniciadas após a preparação da pele com no mínimo 15
dias, podendo ser repetida de 15 em 15 dias – intervalo mínimo.
Quanto às fórmulas para uso em consultório, elas devem ser feitas da seguinte maneira:
• Gel de 30% a 70% de ácido glicólico: a concentração mais alta do cosmético é de 70%. Sem-
pre iniciar no máximo com 50% e aumentar se for necessário.
• Gel qsp – 30 mL.
Na Tabela 2, é possível ver a composição da fórmula.

Tabela 2. Fórmula pré-peeling

Niacinamida PC 3%

Alfa-Arbutin 4%

Ácido glicólico 8%

Loção base qsp 30 g

É necessário aplicar e deixar de um a 10 minutos. Em seguida, aplicar solução neutralizante


e retirar com bastante água.
Por fim, algumas recomendações precisam ser seguidas:
• O ácido precisa ser neutralizado.
• Às vezes, sua penetração é não controlável e pode provocar cicatrizes.
•Nunca deixar o paciente sozinho na sala de aplicação.
• Observar o eritema, a vesiculação e o branqueamento (frosting), pois a penetração tende
a ser desigual.
• Neutralizar cada parte que atingir a profundidade esperada.
• Realizar a aplicação com pincel, com dedo enluvado ou com a bonequinha de gaze.
• Pode ser utilizado em qualquer tipo de pele e em qualquer área corporal.
• Aplicar com intervalos quinzenais ou mensais, realizar, em média, quatro a dez sessões anuais.

7.3 Ácido salicílico


O ácido salicílico é encontrado amplamente nas folhas e órgãos reprodutivos das plantas.
É sintetizado a partir da L-fenilalanina, que origina o ácido trans-cinâmico por ação da fenilala-

128
nina amônio-liase (PAL). A conversão do ácido trans-cinâmico em ácido benzoico pode envol-
ver a betaoxidação, sintetizando substâncias intermediárias antes de formar o ácido benzoico.
O ácido benzoico é convertido em ácido salicílico por meio da ação da enzima ácido benzoi-
co-2-hidroxilase e, assim, será convertido em ácido salicílico. Ele é muito utilizado em diversas
áreas, tais como:
• Fabricação de aspirina na indústria farmacêutica;
• Iniciador e agente solubilizante na manufatura de corantes e pastas de impressão na in-
dústria têxtil;
• Conservante na indústria alimentar;
• Ingrediente em numerosas preparações medicinais e cosméticas.

7.3.1 Características básicas


Na planta, o ácido salicílico tem como função a inibição de sua germinação e crescimento,
interfere na absorção das raízes, reduz a transpiração e causa a abscisão das folhas, induz uma
rápida despolarização das membranas alterando o transporte de íons e gerando um colapso
no potencial eletroquímico. Em alguns casos, pode promover a floração, pode alterar a termo-
gênese e gerar um aumento nas atividades das enzimas da glicólise e do ciclo de Krebs. O ácido
salicílico ainda pode atuar na defesa contra patógenos, como fungos, bactérias e vírus.
Na Fig. 4 é possível visualizar sua fórmula.

ÁCIDO SALICÍLICO

Figura 4. Ácido salicílico. Fonte: Shutterstock. Adaptado. Acesso em: 28/03/2019.

O ácido apresenta baixa incidência de complicações. Isoladamente, não tem potencial suficien-
te para atuar como agente de peeling químico profundo ou médio, sendo sempre muito superficial.

129
7.3.2 Mecanismo de ação
O ácido salicílico é um veículo volátil, ou seja, evapora de forma rápida, não permitindo, as-
sim, uma penetração profunda do ácido na pele. A esfoliação leve ocorre tardiamente, come-
çando depois de três a cinco dias da realização do peeling, podendo levar até 10 dias.
O ácido salicílico é um betahidroxiácido. Em concentrações de 3 a 5%, ele se torna que-
ratolítico, ou seja, pode ser usado como esfoliante, facilitando a penetração tópica de outros
agentes. Abaixo de 3%, ele é considerado queratoplástico, um regenerador epitelial.
Como queratolítico, ele diminui a espessura da pele e atua contra a contaminação de bac-
térias e fungos.
É utilizado no tratamento de pele hiperqueratótica, ou seja, com exagerada produção e
acúmulo de queratina e sob diversas condições de descamação, tais como caspa, seborreia,
psoríase e acne. Ele também atua como regularizador de oleosidade.

7.3.3 Indicações e contraindicações


São eficazes no tratamento das queratoses, melanoses, excesso de oleosidade e da acne,
até na sua fase inflamatória. Na Fig. 5, é possível ver uma pele com acne.

Figura 5. Acne. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/03/2019.

Além disso, ele pode ser aplicado em qualquer área corporal, desde que não seja usado
mais do que 3 mL do agente. É contraindicado a pessoas que possuem sensibilidade ao ativo
e para aplicações em áreas muito extensas, por conta da possibilidade do salicilismo.

130
CURIOSIDADE:
O salicilismo é o nome dado à intoxicação por ácido salicílico. Os sintomas caracte-
rísticos são: enjoo, náuseas, vômito e tontura. Por esse motivo, não é utilizado em
grandes regiões corporais.

7.3.4 Protocolo
O peeling com ácido salicílico é um dos únicos que não necessita de preparação prévia da pele.
Sendo assim, as aplicações em consultório podem iniciar imediatamente após a avaliação.
A aplicação em consultório pode ser realizada com a seguinte fórmula:
• Ácido salicílico — 20 a 30%
• Etanol — 95%
• Loção aquosa qsp — 30 mL
Além disso, algumas recomendações precisam ser seguidas:
• Usar no máximo 3 mL de solução.
• Aplicações semanais ou quinzenais, dependendo da concentração e do pH da solução, pois
a pele precisa ser bem desengordurada.
• Não utilizar em áreas muito extensas (toxicidade).
• Não abanar ou utilizar ventiladores que podem produzir evaporação mais rápida do con-
teúdo líquido e, consequentemente, uma menor penetração do ácido, além de liberar no ar
partículas do ácido altamente irritantes.
• Aguardar o desaparecimento do ardor, que é rápido e passageiro, bem como o branquea-
mento devido à cristalização e deposição do ácido na pele, podendo passar mais de uma ca-
mada se necessário.
• A aplicação pode ser feita com aplicador com ponta de algodão grande (cotonete) ou bo-
nequinha de gaze embebida na solução.
• Indicado séries de cinco a 10 peelings anuais.

7.4 Jessner
A solução de Jessner é uma combinação de resorcinol, ácido salicílico, ácido lático
e etanol. O procedimento é simples e pode ser aplicado sozinho ou associado a outros
agentes quimioesfoliantes.
Na Fig. 6, é possível ver a fórmula química da combinação.

131
ÁCIDO SALICÍLICO ÁCIDO LÁTICO - L

RESORCINOL

Figura 6. Combinação. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 28/03/2019. (Adaptado).

O Jessner é uma solução utilizada apenas para descamações leves, ou seja, peelings muito
superficiais e superficiais. É também utilizado no preparo da pele, durante a sessão do peeling
para uma melhor absorção dos ativos seguintes, podendo ser aplicado antes do ácido retinoi-
co e do fenol, por exemplo.

7.4.1 Características básicas


A aplicação pode ser suave ou maciça. Isso depende do número de camadas aplicadas
e do modo de aplicação. Os estágios de alteração da pele em contato com a solução de
Jessner, em ordem crescente de profundidade da lesão, são:
• Eritema discreto;
• Eritema vermelho-brilhante;
• Finos pontilhados de branqueamento;
• Verdadeiro frosting (congelamento) branco-pálido que surge lentamente e produz
descamação importante durante 7 a 8 dias.

132
CURIOSIDADE:
Frosting é um evento de coagulação proteica com coloração esbranquiçada causado
pela aplicação de peeling químico em peles que estejam sensibilizadas.
O frosting ocorre em peelings químicos mais agressivos, alcançando camadas mais
profundas, como a derme reticular. Em termos de profundidade atingida, ele pode
ser classificado em:
• Nível 0: Sem frosting (muito superficial);
• Nível 1: Frost leve e irregular (superficial);
• Nível 2: Frost branco, com fundo rosa forte. Remove toda a epiderme e a recupe-
ração se dá em cinco dias;
• Nível 3: Frost branco sólido. O peeling se estende à derme e demora de cinco à 15
dias para se recuperar.

Ainda, a solução Jessner requer alguns cuidados e tem características específicas, tais como:
• Conservar sempre em frasco âmbar e bem fechado;
• Aplicar na pele preparada e desengordurada;
• Aplicar camada uniforme;
• Provoca descamação em grande quantidade;
• Causa ardor e queimação;
• Excelente para tratar áreas corporais;
• Pode causar toxicidade pelo resorcinol e/ou ácido salicílico;
• É muito utilizado como um dos agentes esfoliantes dos peelings combinados.

7.4.2 Mecanismo de ação


A aplicação da solução de Jessner produz alterações epidérmicas semelhantes ao
ácido retinoico e é muito útil para pacientes intolerantes a este ácido. É importante di-
ferenciar o verdadeiro esbranquiçamento, o frosting que ocorre pela coagulação tecidual,
daquele que ocorre pela precipitação e deposição de um dos componentes da solução na
pele e que é facilmente removido com gaze ou algodão embebido em água.
A alergia a um dos componentes pode ser evidenciada pelo edema desproporcional à
intensidade do peeling.
Ele é um ácido com tempo dependente, ou seja, ele para com a ardência sozinho, sem
ajuda da neutralização.

133
7.4.3 Indicações e contraindicações
A solução de Jessner tem sido utilizada nas alterações de fotoenvelhecimento, no me-
lasma e na acne comedogênica. As áreas não faciais com alterações de cor (pigmenta-
ções) e de textura (queratose e melanoses) respondem muito bem a uma ou duas aplica-
ções mensais de solução de Jessner.
As contraindicações observadas são reações alérgicas a um dos ativos da composição
e aplicações em áreas muito extensas devido a toxicidade.

7.4.4 Protocolo
O protocolo se inicia pela preparação da pele, com uma fórmula sugestão — fórmula
pré-peeling para a utilização em domicílio —, antes do peeling no consultório. A Tabela 3
apresenta a composição do pré-peeling domiciliar.

Tabela 3. Pré-peeling domiciliar

Niacinamida PC 3%

Alfa-arbutin 4%

Ácido retinoico 0,025 %

Lactokine 2%

Creme base qsp 30 mL

Ainda, é necessário realizar aplicações no período noturno.


Após a preparação, iniciam as aplicações em consultório. No dia da sessão, alguns fa-
tores são de extrema importância:
• Desengordurar a pele com clorexidina e álcool 70%;
• Aplicar o Jessner com gaze, aguardar dois a três minutos, aplicar uma nova camada, se
necessário, sem remover a primeira. A ardência passa por completo após alguns minutos;
• Entre uma passada e outra, sempre esperar os sinais de resposta da pele: rubor, pon-
tos brancos ou frosting completo.

134
A fórmula padronizada para a solução de Jessner é a seguinte:
• Ácido Lático — 14%
• Resorcina — 14%
• Ácido Salicílico — 14%
• Veículo para peeling de Jessner qsp — 30 mL
Além disso, algumas Recomendações precisam ser seguidas, tais como:
• Aplicar o pós-peeling recomendado;
• Os intervalos das aplicações podem ser semanais, quinzenais ou mensais;
• Usar protetor solar a cada três horas;
• Evitar vapores quentes e exposição solar direta;
• Deixar a pele ser removida naturalmente, ou seja, é recomendado não arrancá-la,
pois isso pode acarretar em uma hiperpigmentação pós-inflamatória.

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore uma
tabela destacando as indicações e contraindicações de cada ácido estudado ao longo do capí-
tulo. Após a produção da tabela, pontue os benefícios e malefícios na utilização de tais ácidos
para tratar disfunções estéticas. Para essa produção, considere as leituras básicas e comple-
mentares realizadas.

Recapitulando
Prezado aluno, estamos encerrando mais um capítulo.
Nesta unidade, aprendemos que o tratamento com esfoliação química é realizado com áci-
dos de diferentes classes e concentrações. Observamos que o ácido retinoico é um dos ácidos
mais utilizados para tratamentos de rejuvenescimento e discromias.
A região logo abaixo da epiderme torna-se larga e com neoformação de faixas de colágeno
devido à proliferação e estimulação dos fibroblastos. Entretanto, como observamos na primei-
ra Pausa Para Refletir, existem algumas contraindicações quanto a seu uso, que não é reco-
mendado a gestantes, uma vez que o ácido retinoico é teratogênico, e portadores de rosácea,
pois realiza angiogênese.
Estudando o ácido glicólico, percebemos que seu uso também é muito comum nas clínicas
de estética. Ele é um ativo derivado da cana-de-açúcar, solúvel em água e em concentrações
altas causa epidermólise de forma muito rápida. Esse é um dos motivos para se ter um cuida-

135
do extremo na manipulação do ácido.
Como vimos na segunda Pausa Para Refletir, o ácido glicólico pode chegar a um peeling mé-
dio a profundo, pois seu peso molecular é o menor dentre os demais ácidos. Em concentrações
altas e pH baixo, ele realiza uma penetração exacerbada e qualquer mudança indica uma neu-
tralização imediata com substâncias alcalinas.
Observamos também que o ácido salicílico é um dos únicos ativos que não precisa de uma
preparação prévia da pele, sendo muito utilizado no tratamento e controle da acne, oleosidade
e comedões. Um dos únicos cuidados é a toxicidade devido a quantidades muito grandes. Por
isso, deve ser evitado em áreas de grande extensão.
A solução de Jessner é uma combinação de três ativos. Geralmente, ela é utilizada antes da
aplicação do ácido principal, como um facilitador para penetração dos demais ácidos. É uma com-
binação que pode gerar um evento que requer muito cuidado por parte do profissional: o frosting.

136
Referências bibliográficas
AZULAY, R. D. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.
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de em Foco, Amparo, n. 10, 2018. Disponível em: http://unifia.edu.br/revista_eletronica/revis-
tas/saude_foco/artigos/ano2018/061_PEELING_QUIMICO_COMO_TRATAMENTO_EST%C3%-
89TICO.pdf. Acesso em: 29 mar. 2019.
FESTA NETO, C.; CUCÉ, L. C.; REIS, V. M. S. Manual de dermatologia. 4. ed. São Paulo: Manole, 2015.
PEREZ, E. Técnicas Estéticas Corporais. São Paulo: Erica, 2014.
RAMOS, T. R. et al. Validação de um Método Analítico para Determinação de Substâncias Ati-
vas em Formulações Farmacêuticas empregadas em peelings químicos. Revista Brasileira de
Ciências Farmacêuticas, São Paulo, n. 2, abr/jun. 2005, v. 41.
RIVITTI, E. A. Dermatologia de Sampaio e Rivitti. 4. ed. Porto Alegre: ArtMed, 2014.
ROSSI, L. Avaliação Nutricional Novas Perspectivas. 2. ed. Rio de Janeiro: Roca, 2015.
SOUTOR, C. Dermatologia Clínica. Porto Alegre: AMGH, 2015.
VELASCO, M. R. Rejuvenescimento da Pele por Peeling Químico: Enfoque no peeling de Fenol.
Anais Brasileiros de Dermatologia. Rio de Janeiro, n. 1, jan/fev. 2004, v. 79. Disponível em:
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WOLFF, K. Dermatologia de Fitzpatrick. Porto Alegre: AMGH, 2014.
YOKOMIZO, V.M. F. et al. Peelings químicos: revisão e aplicação prática. Surg Cosmet Derma-
tol, 2013. Disponível em: http://www.surgicalcosmetic.org.br/detalhe-artigo/253/Peelings-qui-
micos--revisao-e-aplicacao-pratica. Acesso em: 29 mar. 2019.

137
TÓPICOS DE ESTUDO
Objetivo do capítulo
Aplicar e indicar diferentes técnicas e
ÁCIDO TIOGLICÓLICO
ácidos para diferentes tipos de pele • Características básicas
e tratamentos, resultando em um • Mecanismo de ação
protocolo efetivo para cada caso. • Indicações e contraindicações
• Protocolo

ÁCIDO TRICLOROACÉTICO
• Características básicas
• Mecanismo de ação
• Indicações e contraindicações
• Protocolo

ÁCIDO MANDÉLICO
• Características básicas
• Mecanismo de ação
• Indicações e contraindicações
• Protocolo

FENOL
• Características básicas
• Mecanismo de ação
• Indicações e contraindicações
• Protocolo

138
Contextualizando o cenário
Os protocolos estéticos que promovem uma troca de tecido epitelial são utilizados por
milhares de pessoas que querem melhorar a aparência do tecido cutâneo. As indicações
para esse uso são as mais variadas possíveis, como rejuvenescimento, discromias, ex-
cesso de oleosidade, acne, textura de pele, dentre outros. Para realizar esses eventos, a
técnica mais utilizada pelos profissionais é o peeling químico, uma técnica que consiste
na aplicação de ácidos na pele para remover as camadas danificadas e promover o
crescimento de uma camada lisa, mais elástica, suave e fresca, por meio da renovação
celular. Nesse sentido, surge uma pergunta de extrema importância para uma boa rea-
lização do peeling: quais ácidos podem ser utilizados nele?

139
8.1 Ácido tioglicólico
Os ácidos ganharam espaço nos tratamentos estéticos há muito tempo. Entretanto, somen-
te com o passar dos anos, protocolos foram
desenvolvidos e ativos novos passaram a ser
utilizados para tal finalidade.
Os ácidos são muito difundidos por garan-
tirem bons resultados nos tratamentos de re-
juvenescimento, cicatrizes, discromias, etc.
Para o profissional que atua com ácidos, o
procedimento é muito vantajoso por conta da
praticidade na aplicação, do baixo custo dos
materiais e dos ótimos resultados que as téc-
nicas proporcionam.
Alguns ácidos, devido ao seu alto poder de penetração, precisam de uma manipulação mais
cautelosa do que outros, como é o caso do ácido tricloroacético. Outros ácidos são adequa-
dos a um determinado tipo de alteração, como é o caso do tioglicólico.
Para tratamentos em fototipos muito altos, um ácido que promova segurança é fundamen-
tal. Nesse caso, o ácido mandélico é uma excelente opção.
Os ácidos, de modo geral, podem ser utilizados para várias disfunções estéticas e precisam
ser aplicados por profissionais habilitados e responsáveis.
O ácido tioglicólico serve para tratar pigmentos na pele derivados de sangue. É adequado
para pessoas com má circulação, que apresentam manchas arroxeadas nas pernas. O uso do
ácido tioglicólico começou com o objetivo de resolver ou amenizar problemas de circulação
do sangue. Além disso, as manchas acastanhadas, tratadas com ácido tioglicólico, também
podem ser suavizadas com despigmentantes para melanina.
Para problemas no rosto, o ácido tioglicólico é muito utilizado no tratamento de olheiras
pigmentadas, mostradas na Fig. 1. Existem dois tipos de olheira: a vascular e a melânica. Entre-
tanto, acredita-se que a maioria das olheiras possua componente misto, sendo a melanina e a
hemossiderina encontradas em maior ou menor grau.
A olheira predominantemente vascular tem padrão de herança familiar autossômico domi-
nante. Costuma aparecer mais precocemente, ainda na infância ou na adolescência. O diag-
nóstico dessa modalidade de olheira é feito por meio da tração da pálpebra inferior para me-
lhor visualização dos vasos sob a pele. A principal estrutura implicada nesse tipo de olheira é a
vascularização palpebral excessiva, derivada de muitos vasos.

140
Na olheira vascular não há mudança de cor da pele, ou seja, a pálpebra é mais escura devi-
do à visualização dos vasos dilatados por transparência. Acredita-se que ocorra hipercromia
cutânea em decorrência do depósito de hemossiderina, posto que é resultado da transforma-
ção biogênica do grupamento heme da hemoglobina quando há extravasamento sanguíneo
dérmico. Nesse momento, há liberação do íon ferro desse grupamento, acarretando na for-
mação de radicais livres que, por conseguinte, estimulam o melanócito, gerando pigmentação
melânica associada.
A hiperpigmentação periorbital predominantemente melânica é a que incide em pessoas mais
velhas com fototipos mais elevados, podendo, entretanto, ocorrer em pacientes com fototipos mais
baixos, geralmente mais idosos, como consequência de exposição solar excessiva e cumulativa.

Figura 1. Olheira. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/03/2019.

A principal estrutura implicada nesse tipo de olheira é o melanócito, célula responsável


pela produção de melanina. Nas discromias, como o melasma, e talvez na hiperpigmentação
periorbital, os melanócitos têm características especiais e são denominados melanócitos ti-
po-específicos, com melanossomas maiores, mais densos e mais alongados. São células com
“memória”, ou seja, aumentam o metabolismo se forem estimuladas, contribuindo para a ma-
nutenção do processo de pigmentação.
A importância de diferenciar as olheiras vasculares das olheiras por hiperpigmentação me-
lânica reside na variação da resposta terapêutica que cada uma apresenta. As olheiras por
hiperpigmentação melânica são mais sensíveis à terapia, enquanto as vasculares são mais
resistentes, nem sempre gerando bons resultados.

141
8.1.1 Características básicas
O ácido tioglicólico, cuja molécula pode ser vista na Fig. 2, é um alfa-hidroxiácido de gran-
de afinidade com o ferro iônico, sendo a quelação do ferro a ação desse ácido potencialmente
útil nos casos de depósito de hemossiderina.

Ácido Tioglicólico

H Hidrogênio

C Carbono

O Oxigênio

S Enxofre

Figura 2. Ácido Tioglicólico. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/03/2019. (Adaptado).

A concentração utilizada não deve exceder em 20%. Entretanto, na pele palpebral, costu-
mam ser utilizadas concentrações para uso diário mais baixo (até 2,5%). Vale ressaltar que
estudos certificaram a eficácia e a segurança do tratamento com peeling de gel de ácido tiogli-
cólico 10%, aplicado quinzenalmente na região palpebral.

DICA:
Para entender a ação do Tioglicólico na região infraorbital, leia o artigo ““Peeling
Peeling de
gel de ácido tioglicólico 10%: opção segura e efi ciente na pigmentação infraorbicu-
eficiente
lar constitucional”, publicado pela Surgical & Cosmetic Dermatology.

8.1.2 Mecanismo de ação


O ácido tioglicólico (ou ácido mercapto acético) possui afinidade com ferro semelhante à
apoferritina, tendo a capacidade de quelar o ferro da hemossiderina, por apresentar grupo
tiólico. Além de diminuir os depósitos de hemossiderina, a ausência do ferro também impede
a formação de radicais livres na região, sendo assim, não estimula melanócito e impede a for-
mação de olheira por depósito de melanina.

142
8.1.3 Indicações e contraindicações
O ácido tioglicólico é indicado para tratamento de pigmentação infraorbital e manchas cor-
porais derivadas de depósitos de hemossiderina.
Entretanto, seu uso pode ser contraindicado a gestantes, lactantes e pacientes sensíveis a
esse ativo.

8.1.4 Protocolo
O início do protocolo ocorre com a preparação da pele, em que duas fórmulas, mostradas
nas Tabelas 1 e 2, são sugeridas: uma para uso diurno e outra para uso noturno — fórmula
pré-peeling e pós-peeling, indicadas antes da aplicação do peeling no consultório. Essas fórmulas
devem ser utilizadas por 10-15 dias. Durante o dia, deve-se aplicar a fórmula diurna e proteger
a pele com filtro solar. À noite, deve-se utilizar a fórmula noturna e lavar o rosto pela manhã.

Tabela 1. Fórmula para uso domiciliar – Diurno


Ácido tranexâmico 2,5%

Haloxyl 2%

Actiglucan 2%

Densiskin 4%

Cafeisilane C 2%

Ceramidas III 0,5%

Venoxyl 2%

Serum antiaging qsp 15mL

Tabela 2. Fórmula para uso domiciliar – Noturno

Ácido tioglicólico 1,5%

Ácido Tranexâmico 2,5%

Bioserum qsp 15 mL

Após a preparação, iniciam as aplicações em consultório, com concentrações mais altas e


aplicadas pelo profissional da Biomedicina.

143
A composição da fórmula utilizada no consultório é:
• Ácido tioglicólico ---------------------------- 20%
• Ácido tranexâmico -------------------------- 5%
• Bioserum qsp -------------------------------- 20 mL
Além disso, algumas recomendações precisam ser seguidas:
• Neutralizar a área com bicarbonato de sódio 5%;
• Número de sessões e intervalo: indicado de quatro a seis sessões, com intervalo de 15 dias
entre elas. O produto apresenta um odor característico muito forte. Observa-se o eritema e,
então, se neutraliza com solução neutralizante;
• É indicado nas hipercromias decorrentes de insuficiência venosa com depósito de hemossi-
derina e melanina. Realizam-se, em média, seis sessões quinzenais ou mensais. É comum desca-
mação de leve a moderada no local de aplicação do ácido. Eritema e queimação local são raros.

8.2 Ácido tricloroacético


O ácido tricloroacético (ATA), cuja molécula pode ser vista na Fig. 3, é uma substância ácida
aquosa com grande poder cauterizante, descoberta em 1840 pelo químico francês Jean Baptista.
Ele é um análogo do ácido acético, no qual os três átomos de hidrogênio do grupo metila
foram substituídos por átomos de cloro.

ÁCIDO TRICLOROACÉTICO

Figura 3. Ácido tricloroacético. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/03/2019. (Adaptado).

Esse ácido é muito utilizado no tratamento de feridas, em doenças da pele, calos, verrugas,
sangramentos nasais e também utilizado em algumas doenças sexualmente transmissíveis,
como o HPV e a tricomoníase.

144
8.2.1 Características básicas
Dependendo da concentração do ácido na
pele, ele pode provocar alguns incômodos,
como coagulação proteica, necroses, epider-
mólise e inflamações residuais que podem le-
var até oito semanas para sarar.
A inalação dos vapores de ácido tricloroacé-
tico pode causar dores de cabeça, tonturas, fa-
diga e fraqueza nos membros, tosse, dores no
peito, náuseas e vômitos. O contato com a pele ou olhos causa severa irritação e queimaduras.
A ingestão causa queimaduras na boca e estômago, o que pode ser fatal. Não se deve in-
duzir vômito em caso de ingestão. Dá-se leite em abundância e leite de magnésia. Nos casos
de contato, lavar imediatamente a pele ou os olhos com água em abundância por pelo menos
quinze minutos e retirar as roupas e calçados contaminados, que devem ser cuidadosamente
lavados antes de reutilizados.

8.2.2 Mecanismo de ação


O ATA precipita as proteínas da epiderme causando necrose por coagulação. Não provoca
toxicidade sistêmica.

ASSISTA:
Para uma melhor elucidação das características do peeling químico com ATA, leia
os artigos Gel de ácido tricloroacético – uma nova técnica para um antigo ácido, de
Maurício Zanini; e Peeling de ácido tricloroacético no tratamento de melanoses actí-
nicas no dorso das mãos: estudo comparativo e randomizado entre dois veículos,
veículos de
Rebellato et al.

A penetração do ácido tricloroacético ocorre de forma muito rápida, em aproximadamente


um ou dois minutos. Sua ação é como um ceratocoagulante e forma uma crosta cristalina que
é a determinante da profundidade da descamação – o frosting, que inicia com uma coloração
rosada a branca e progride para um branco mais uniforme que progride para a derme papilar.
Na Fig. 4 é possível ver um exemplo desse processo.

145
JANELA PARA OBSERVAÇÃO
PRÉ APLICAÇÃO DO FROSTING

REMOÇÃO COM ÁGUA PÓS IMEDIATO FROSTING 4º PO

Figura 4. Frosting. Fonte: YOKOMIZO et al, 2013. (Adaptado).

O aspecto, quando acinzentado, indica que a penetração passou para a derme reticular,
podendo levar a uma cicatrização anormal. Isso não é indicado, pois podem ocorrer sequelas,
como cicatrizes e hiperpigmentações.

8.2.3 Indicações e contraindicações


É um peeling muito versátil com excelente ação no rejuvenescimento e melhora de cicatrizes,
tratamento de queratoses actínicas e melasma. Também pode ser utilizado para tratamentos
de lentigos na região das mãos. As contraindicações são:
• Gestantes;
• Lactantes;
• Alergia ao ativo;
• Fototipos altos.

PAUSA PARA REFLETIR


Por qual o motivo não se pode realizar a aplicação do ATA em fototipos mais altos?

8.2.4 Protocolo
O protocolo inicia com a indicação de uma fórmula de sugestão para preparação da pele
— a fórmula pré-peeling para a utilização em domicílio, antes do peeling no consultório. Nas
Tabelas 3 e 4 é possível ver a composição das fórmulas diurna e noturna, respectivamente.

146
Tabela 3. Despigmentante diurno com Alpha-arbutin e Vit. B3

Alfa-arbutin 3%

Niacinamida PC 4%

Loção FPS 30 com Tinossorb PPD 10 qsp. 30 mL

Modo de usar: aplicar pela manhã

Tabela 4. Despigmentante noturno com ácido retinóico e Alfa-arbutin

Alfa-arbutin 4%

Ácido retinoico 0,05%

Drieline 2%

Creme de oliva qsp 30 g

Modo de usar: aplicar à noite na região afetada – rosto ou mãos

As aplicações em consultório são iniciadas após a preparação da pele por, no mínimo, 15


dias, podendo ser repetida de 15 em 15 dias – intervalo mínimo.
Na aplicação do consultório, é utilizada a seguinte fórmula em manchas pequenas e especí-
ficas (mãos, pescoço, colo e rosto):
• Ácido tricloroacético ------------------------------------------ 35%
• Veículo para peeling de TCA qsp ---------------------------- 30 mL
Além disso, é necessário preparar uma solução em gel e, logo em seguida, passar em cima
da aplicação pontual.
Em regiões maiores, utiliza-se a seguinte fórmula:
• Ácido tricloroacético ------------------------------------------ 25%
• Gel qsp ----------------------------------------------------------- 30 mL
Por fim, algumas recomendações precisam ser seguidas no dia da aplicação:
• Limpeza e desengorduração;
• Aplicação da solução com gaze, evitando sobrepor as camadas;
• Aguardar dois a quatro minutos e reavaliar se é necessário outra aplicação;
• Compressa fria para aliviar o ardor;
• Neutralizar com solução de bicarbonato.

147
8.3 Ácido mandélico
O ácido mandélico, cuja molécula pode ser vista na Fig. 5, é um alfahidroxiácido (AHA)
derivado da hidrólise do extrato de amêndoas e tem sido estudado devido aos seus usos nos
procedimentos de disfunções da pele, como fotoenvelhecimento, hiperpigmentação e acne.
Esse ácido tem sido usado como antisséptico urinário, o que atesta sua atividade antibacteria-
na quando usado topicamente.

8.3.1 Características básicas


É uma substância atóxica utilizada para preparar as peles para o peeling a laser e para auxi-
liar na recuperação da pele após a cirurgia a laser.
Ao contrário de outros ácidos, como o pirúvico, o ácido mandélico possui uma cadeia car-
bônica grande, o que o torna menos irritativo para a pele (difícil penetração). A sua penetração
é lenta e sua ação é gradual.

ÁCIDO MANDÉLICO

HO
OH

C6H5CH(OH)CO2H

Figura 5. Ácido mandélico. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/03/2019. (Adaptado).

O intervalo ideal entre as aplicações é de sete a 15 dias. São recomendadas no mínimo


quatro aplicações.
É um ácido que possui dupla ação, além de exercer a função de um AHA, também age como
antibiótico. Ajuda a combater os agentes inflamatórios e infecciosos responsáveis pela instala-
ção do processo acneico na pele.

148
8.3.2 Mecanismo de ação
O ácido mandélico, diferente dos alfahidroxiácidos convencionais, consegue equilibrar o
processo de renovação epitelial por dois mecanismos:
• Estímulo mecânico ao promover a epidermólise, o que acarreta no início do processo ace-
lerado de renovação epitelial;
• Estímulo químico após sua penetração intracelular, ajudando na autorregulação da produ-
ção de melanina, e por ação direta nos folículos pilosos e controle da produção sebácea.
Como os estímulos físicos e químicos atuam sinergicamente, ocorre uma melhora na qua-
lidade e quantidade do colágeno e glicosaminoglicanas da derme reticular, promovendo a di-
minuição da coesão entre os queratinócitos, descamação da camada córnea e estimulação da
produção de células novas em maior ou menor grau, dependendo de suas estruturas.

8.3.3 Indicações e contraindicações


As indicações para utilização do ácido mandélico são:
• Envelhecimento: age diminuindo o fotoenvelhecimento. O tratamento deve ser mantido
por longo período.
• Hiperpigmentação: em muitos pacientes foi relatada uma diminuição de 50% dos melas-
mas depois de um mês de tratamento com uma loção de ácido mandélico a 10%.
• Acne: pacientes com foliculites infectadas por bactérias gram-negativas obtêm melhorias
quando usam o ácido mandélico.
• Laser: deve ser usado duas a quatro semanas antes da aplicação do laser e após a reepi-
telização. Quando o ácido mandélico é usado no pré e pós-operatório, a inflamação e a hiper-
pigmentação raramente ocorre.
As contraindicações são:
• Gestantes;
• Lactantes;
• Lesões na região a ser submetida ao peeling;
• Pacientes com herpes ativa;
• Hipersensibilidade ao produto.

PAUSA PARA REFLETIR


Qual o fototipo mais indicado para utilização do ácido mandélico?

149
8.3.4 Protocolo
A realização do peeling com ácido mandélico não necessita de preparação prévia da pele, ou
seja, as aplicações em consultório podem iniciar imediatamente após a avaliação.
A aplicação em consultório pode ser realizada com a seguinte fórmula:
• Ácido Mandélico — 40%
• Veículo para ácido mandélico q.s.p — 30 ml
Além disso, algumas recomendações precisam ser seguidas no dia da aplicação em consultório:
• Desengordurar a pele;
• Passar de forma uniforme na região;
• Esperar no máximo cinco minutos e neutralizar com bicarbonato;
• Para resultados efetivos, realizar várias sessões.

8.4 Fenol
O fenol tem sido uma excelente substância utilizada nos peelings, mesmo apesar de sua
injustificada má reputação devido a sua toxicidade.
A história do fenol começou com a descoberta do ácido carbólico, em 1834, pelo químico ale-
mão Friedlieb Ferdinand Runge. A palavra fenol é criada por Charles Frederik Gerhard em 1834.

DICA:
Para saber mais sobre o uso do fenol, leia o artigo Rejuvenescimento Facial: peeling de
fenol atenuado, escrito pelo cirurgião plástico Luiz Augusto Gonzaga.

O dermatologista alemão Unna, em 1882,


descreveu as propriedades do fenol como
agente de peeling cutâneo. Seguido pelo der-
matologista inglês George Miller Mackee, que
em 1903 começou a utilização do fenol no
Departamento de Dermatologia da Universi-
dade de Nova Iorque para o tratamento das
cicatrizes de acne.
Em 1998, o Doutor Julio Ferreira, da Argentina, começou os trabalhos com o uso do fenol a
menores concentrações.

150
8.4.1 Características básicas
O fenol, cuja molécula pode ser vista na Fig. 6, tem boa penetração na pele e mucosas. Além
disso, quando aplicado em altas concentrações, ele produz uma esfoliação química muito in-
tensa com bons resultados, mas com riscos altos.

FENOL
C6H5OH H
O

C
H H
C C

C C
H H
C
H

H
O

Figura 6. Fenol. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 29/03/2019. (Adaptado).

Entretanto, quando utilizado em concentrações altas, pode acarretar em complicações car-


díacas, nefrológicas e hepatotóxicas.
Em 1998, iniciou-se o desenvolvimento de uma fórmula de fenol a 30% que anula seus pos-
síveis malefícios sem deixar de aproveitar suas excelentes qualidades como agente esfoliante.
Para obter tais efeitos, foi combinada uma solução líquida com um creme que contém princí-
pios ativos potencializadores do efeito do fenol. Isso só foi possível devido a um fator estabili-
zador que permitiu a combinação desses componentes.
O fenol que é um hidrocarboneto aromático e é composto por um anel benzênico conecta-
do a um radical OH e possui as seguintes características:
• É bacteriostático em concentrações de 1%;
• É bactericida em concentrações maiores;
• É anestésico em terminações nervosas;
• Não é neutralizável;
• Em concentrações elevadas, desnaturaliza as proteínas e coagula a queratina.

151
8.4.2 Mecanismo de ação
A ação do fenol começa nas camadas su-
perficiais epidérmicas, podendo chegar às ca-
madas mais profundas da derme reticular por
coagulação das proteínas superficiais.
De 15 a 20 minutos após a aplicação, 70 a
80% do fenol absorvido é excretado pela urina.
Com ele, ocorre uma esfoliação química profunda da pele, que utiliza o ácido carbólico, ou fe-
nol, o qual provoca a destruição de partes da epiderme e derme, seguida de posterior regenera-
ção dos tecidos, trazendo como resultado um aumento das fibras elásticas e colágenas da pele,
apresentando clareamento e alisamento da mesma, cujo aspecto final é de rejuvenescimento.

8.4.3 Indicações e contraindicações


As indicações para a aplicação do fenol são:
• Melhorar a textura da pele, o brilho e a elasticidade;
• Diminuir a hiperpigmentação irregular;
• Atenuar as rugas;
• Corrigir as cicatrizes;
• Corrigir a elastose actínica.
As contraindicações, por sua vez, são iguais a de outros tipos de peelings químicos, não sen-
do indicado a:
• Gestantes;
• Lactantes;
• Pessoas com lesões na região a ser submetida ao peeling;
• Pacientes com herpes ativa;
• Hipersensibilidade ao produto;
• Fototipos altos.

8.4.4 Protocolo
O protocolo de aplicação começa com a preparação da pele por meio do uso de uma sugestão
de fórmula — a fórmula pré-peeling para a utilização em domicílio antes do peeling no consultó-
rio. A Tabela 5 mostra a composição dessa fórmula.

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Tabela 5. Despigmentante noturno com ácido retinóico e Alfa-arbutin
Alfa-arbutin 4%

Ácido retinoico 0,05%

Drieline 2%

Creme de oliva qsp 30 g

Modo de usar: aplicar à noite.

Após a preparação, as aplicações no consultório começam. No dia da sessão, alguns fatores


são de extrema importância, tais como:
• Desengordurar a pele com clorexidina e álcool 70%;
• Aplicar o Jessner com gaze, aguardar dois a três minutos e aplicar uma nova camada. Aguar-
dar passar a ardência e não remover o produto;
• Aplicar uma camada fina do fenol no rosto todo;.
• Em seguida, aplicar retinóico. Recomenda-se a retirada em até seis horas;
• Para peeling médio, refazer o procedimento após 24 horas, pulando a etapa do Jessner.
A fórmula padrão para aplicação do fenol no consultório é a seguinte:
• Solução de Jessner;
• Fenol — 35%;
• Solução q.s.p — 30 ml;
• Ácido retinoico — 5%;
• Creme com base — 30 g;

Proposta de Atividade
Agora é a hora de pôr em prática tudo o que você aprendeu neste capítulo. Elabore uma tabela
destacando as indicações e contraindicações de cada ácido estudado ao longo deste capítulo. Após
a produção da tabela, pontue os benefícios e malefícios na utilização de tais ácidos para tratar dis-
funções estéticas. Para essa produção, considere as leituras básicas e complementares realizadas.

Recapitulando
Prezado aluno, estamos encerrando mais um capítulo. Neste capítulo, pudemos obser-
var que o tratamento com esfoliação química é realizado com ácidos de diferentes classes
e concentrações.

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Observamos também que o ácido tioglicólico é muito específico para alterações pigmen-
tares que envolvem a parte vascular. Além disso, as olheiras demonstram um excelente re-
sultado no tratamento com tioglicólico, cuja ação reside na capacidade quelante do ácido
sobre o ferro.
Em relação ao ácido tricloroacético, vimos que seu uso precisa ser cauteloso, pois é um
ativo que pode atingir níveis profundos de penetração. Observamos também que, com a
aplicação desse ácido, é possível visualizar o evento denominado frosting, o qual é esperado
e desejado em alguns casos, como nas manchas pontuais, como por exemplo, os lentigos,
seja nas mãos, como ou face.
Entretanto, como vimos na primeira Pausa Para Refletir, a ação do ácido tricloroacético é
contraindicada para fototipos altos, pois sua ação pode desencadear uma hiperpigmentação
pós-inflamatória.
Quanto ao protocolo para uso do ácido mandélico, aprendemos se trata de um ativo mais
seguro e que produz ótimos resultados, porém é necessário aplicá-lo em um número maior
de sessões. Ainda, como vimos na segunda Pausa Para Refletir, ele é um ácido que pode ser
utilizado em fototipos altos, como o V e o VI, pois possui uma cadeia carbônica grande, o que
o torna menos irritativo para a pele, ou seja, sua penetração é difícil, tornando-o mais seguro
para esses fototipos.
Para finalizar, vimos o fenol, que pode ser utilizado pelo profissional biomédico esteta,
quando manipulado em concentrações mais baixas, no máximo 30%. É um ativo excelente
para tratamento do fotoenvelhecimento, porém contraindicado para fototipos altos, uma
vez que, assim como no ATA, sua ação é mais profunda, podendo desencadear uma hiper-
pigmentação pós-inflamatória.

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