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ATIVIDADE AVALIATIVA 02 (DOMICILIAR)

Nome: Eleonice Luana Heinen Araújo


Disciplina: MICROSSISTEMA DE DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS II – DIREITOS DA
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Professora: Stefânia Fraga Mendes
• A atividade avaliativa contém 15 (quinze) questões.
• Opte por responder com as suas palavras. Caso utilizem algum material na elaboração das
respostas, faça a citação.
• Respondam as questões e verifiquem que algumas possuem mais de questionamento;

1) Explique o que é ato infracional e explique o procedimento a ser realizado para a apuração do
ato infracional (art. 171 e seguintes do Estatuto da criança e adolescente).
R: O procedimento para apuração de ato infracional, segundo o ECA, inicia com a
apreensão do adolescente pela autoridade competente, seja policial ou do Conselho
Tutelar, seguida pela sua oitiva na presença de seu defensor e, se necessário, de seu
responsável legal. Com base nessas informações, a autoridade decide sobre a situação do
adolescente, podendo aplicar medidas socioeducativas como advertência, prestação de
serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade ou internação. Após essa
decisão, o adolescente é apresentado ao Ministério Público para audiência perante o juiz
da Vara da Infância e Juventude, onde são apresentadas as medidas socioeducativas
aplicadas. O adolescente deve cumprir as medidas determinadas, visando sua
responsabilização e ressocialização.
2) No que diz respeito às medidas socioeducativas faça a distinção entre advertência, obrigação
de reparar o dano, prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e
internação à luz do Estatuto da criança e do adolescente.
R: As medidas socioeducativas do ECA são:
Advertência: Orientação formal sobre a gravidade do ato infracional, sem restrição de
liberdade.
Obrigação de reparar o dano: Responsabilização pelo ressarcimento financeiro ou
trabalho para reparar danos causados.
Prestação de serviço à comunidade: Realização de atividades de interesse geral para
contribuir com a comunidade.
Liberdade assistida: Acompanhamento por um orientador para fortalecer vínculos
familiares e comunitários.
Semiliberdade: Cumprimento parcial da medida privativa de liberdade com saídas
autorizadas para estudo, trabalho ou atividades.
Internação: Restrição total da liberdade em instituição socioeducativa, aplicada em casos
graves ou quando outras medidas são insuficientes.

As medidas socioeducativas do ECA têm como propósito responsabilizar, ressocializar e


prevenir a reincidência do adolescente infrator. Elas incluem advertência, obrigação de
reparar o dano, prestação de serviço à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e
internação. Essas medidas visam conscientizar o adolescente sobre as consequências de
suas ações, reparar danos causados, promover sua integração social, fornecer apoio
educacional e socioassistencial, e, em casos graves, restringir temporariamente sua
liberdade.
3) Explique o que é e como é realizada a infiltração de agentes para investigação de crimes
contra a dignidade sexual de criança e adolescente.
R: A infiltração de agentes é uma técnica de investigação utilizada para coletar
informações e provas sobre crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes.
Consiste na inserção de agentes disfarçados em ambientes suspeitos, como redes sociais,
fóruns online ou grupos presenciais, onde ocorre a exploração sexual de menores.
Durante a infiltração, os agentes se passam por potenciais infratores ou espectadores para
obter evidências do crime, como conversas, imagens, vídeos ou outros tipos de
comunicação. Todo o processo é realizado com autorização judicial e seguindo critérios
rigorosos para garantir a legalidade e a proteção dos direitos dos envolvidos,
especialmente das vítimas.
4) No que diz respeito ao Conselho Tutelar, explique qual a sua finalidade, informe como se dá
a candidatura dos seus membros, se há impedimentos e quais as atribuições do órgão.
R: O Conselho Tutelar é responsável por zelar pelo cumprimento do Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA) em nível municipal, protegendo os direitos das crianças e
adolescentes. Sua finalidade é garantir o cumprimento da legislação e promover a
proteção integral desses grupos. Os membros do Conselho Tutelar geralmente são
escolhidos por meio de um processo de candidatura que inclui inscrição prévia, análise de
requisitos como idoneidade moral e experiência na área, prova de conhecimentos
específicos e eleição popular. Existem impedimentos para candidatura, como exercer
cargos no Poder Executivo ou ter parentesco com autoridades municipais.
As atribuições do Conselho Tutelar incluem atender crianças e adolescentes em situação de
risco, aplicar medidas protetivas, requisitar serviços públicos, encaminhar casos ao
Ministério Público, entre outras ações visando à proteção integral desses grupos.
5) Faça a distinção entre guarda, tutela e adoção.
R: Guarda: A guarda é uma medida de proteção e assistência à criança ou adolescente que
pode ser concedida pela autoridade judicial aos pais, a um terceiro ou a uma instituição.
Quem tem a guarda assume a responsabilidade pela criança ou adolescente, cuidando de
sua educação, saúde, segurança e bem-estar, mas não há a extinção do poder familiar dos
pais.
Tutela: A tutela é uma medida de proteção conferida pelo Estado a uma criança ou
adolescente que não possui pais ou estes foram destituídos do poder familiar. O tutor
assume a responsabilidade legal sobre a criança ou adolescente, sendo encarregado de sua
criação, educação, saúde e representação legal.
Adoção: A adoção é um ato jurídico que estabelece um vínculo de filiação entre o adotante
e a criança ou adolescente, extinguindo os vínculos de filiação com a família biológica. O
adotante assume todos os direitos e deveres inerentes à condição de pai ou mãe,
proporcionando ao adotado uma família, educação, afeto e todos os cuidados necessários
para seu desenvolvimento.
6) Explique o que é adoção conjunta, póstuma, “à brasileira” e intuitu personae.
R: Adoção conjunta: Quando um casal, seja ele heterossexual ou homossexual, decide
adotar uma criança em conjunto. Ambos os parceiros assumem a responsabilidade
parental sobre o adotado, compartilhando igualmente os direitos e deveres decorrentes da
adoção.
Adoção póstuma: Ocorre quando uma pessoa falece antes de finalizar o processo de
adoção. Nesse caso, se a adoção já estiver em curso, ela pode ser concluída mesmo após a
morte do adotante, desde que os requisitos legais sejam atendidos. É importante que a
pessoa tenha manifestado expressamente sua vontade de adotar antes de falecer.
Adoção "à brasileira": Também conhecida como adoção unilateral ou informal, ocorre
quando uma criança é entregue diretamente aos adotantes sem a devida intervenção das
autoridades competentes. Esse tipo de adoção é ilegal e não reconhecido pela lei,
representando um risco para a criança e para os adotantes.
Adoção intuitu personae: Refere-se a uma adoção feita com base na relação afetiva entre o
adotante e o adotado, sem considerar formalidades legais ou biológicas. Geralmente,
ocorre quando uma pessoa já tem um vínculo forte com a criança, como padrinhos,
amigos próximos ou parentes, e decide formalizar essa relação por meio da adoção.
7) Faça a distinção entre escuta especializada e depoimento especial e explique em quais
situações ocorrem.
R: Escuta especializada: Envolve a escuta qualificada e sensível da criança ou adolescente
vítima ou testemunha de violência ou abuso, realizada por profissionais capacitados, como
psicólogos, assistentes sociais ou especialistas em saúde mental. Visa criar um ambiente
seguro e acolhedor para que a criança possa expressar suas experiências, sentimentos e
preocupações.
Depoimento especial: Refere-se a um procedimento judicial realizado em ambiente
adequado e por profissionais especializados, com o objetivo de colher o depoimento da
criança ou adolescente vítima ou testemunha de violência ou abuso, de forma a minimizar
sua revitimização e proteger sua integridade física, psicológica e emocional. Geralmente é
utilizado em casos judiciais envolvendo violência sexual ou doméstica.
Ambas as práticas ocorrem em situações em que crianças ou adolescentes são vítimas ou
testemunhas de violência, abuso ou situações traumáticas, visando proteger seus direitos,
garantir sua segurança emocional e contribuir para a busca por justiça.
8) Faça a distinção entre tutela, curatela e tomada de decisão apoiada.
R: Tutela: Concede responsabilidade legal sobre crianças ou adolescentes órfãos ou cujos
pais foram destituídos do poder familiar, atribuindo a uma pessoa ou instituição o cuidado
e a representação legal do tutelado.
Curatela: Designa um responsável legal para tomar decisões em nome de adultos que não
têm capacidade plena de discernimento devido a doença mental, deficiência intelectual ou
por motivo transitório, protegendo seus interesses.
Tomada de decisão apoiada: Alternativa à curatela, na qual a pessoa com deficiência
recebe apoio de uma ou mais pessoas de sua confiança para tomar decisões sobre assuntos
específicos, mantendo sua capacidade de agir por si mesma na medida do possível.
9) No que diz respeito aos crimes praticados contra a criança e o adolescente, aponte quais são
esses crimes, enumerando-os e explicando de forma objetiva com suas palavras a respectiva
tipificação penal (arts. 228 a 244-B do Estatuto da criança e do adolescente).
R: Os crimes praticados contra a criança e o adolescente estão tipificados nos artigos 228 a
244-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Alguns desses crimes são:
Corrupção de menores (art. 244-B): Consiste em corromper ou facilitar a corrupção de
menor de 18 anos, com o objetivo de praticar infrações penais ou induzi-lo a praticá-las.
Favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou
adolescente (art. 218-B): Realizar, intermediar ou facilitar o exercício de prostituição ou
exploração sexual de criança ou adolescente, induzindo-os ou mantendo-os em situação de
vulnerabilidade.
Abandono de incapaz (art. 133 do Código Penal): Deixar de prover a criança ou
adolescente sob sua guarda ou cuidado os cuidados necessários à sua saúde ou abandona-
los em situação de perigo.
Submeter criança ou adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância a vexame ou
constrangimento (art. 232 do ECA): Expor publicamente, através de meios de
comunicação, a criança ou adolescente, submetendo-os a situações vexatórias ou
constrangedoras.
Estes são alguns exemplos de crimes contra a criança e o adolescente, mas há outras
disposições no ECA que tipificam condutas criminosas que afetam esse grupo
populacional.
10) Maria deu à luz um bebê cujo nome ainda não havia escolhido. No momento do parto, o
médico optou por escrever apenas “José” na pulseira de identificação do bebê. Ocorre que, por
obra do destino, naquele mesmo dia, nasceram mais três bebês, dois dos quais foram nomeados
pelos pais de José, e o médico acabou por confundir os bebês ao entregá-los às mães. Temeroso
de que tal situação viesse a lhe criar problema, o médico escondeu de todos a confusão e
entregou um dos bebês, ao acaso, para Maria amamentar, ficando a cargo do destino ser ele o
correta ou não. Qual o crime descrito? Explique.
R: O crime descrito é o de subtração de incapaz, conforme previsto no artigo 249 do
Código Penal brasileiro. Nesse caso, o médico, ao entregar um bebê aleatório para Maria
amamentar, sem identificar corretamente o bebê dela, agiu de forma a subtrair
temporariamente a criança de sua mãe, causando-lhe prejuízo e violando seu direito de
cuidar do próprio filho.
11) Maria, mãe de João, criança com nove anos de idade, que está na guarda de fato da avó
paterna Luisa, almeja viajar com o filho, que já possui passaporte válido, para os Estados
Unidos. Para tanto, indagou ao pai e à avó se eles concordariam com a viagem do infante, tendo
o primeiro anuído e a segunda não, pelo fato de o neto não estar com boas notas na escola.
Preocupada, Maria procura orientação jurídica de como proceder. Como advogado, indique qual
a medida a ser tomada.
R: Como advogada, a medida a ser tomada seria buscar a autorização judicial para a
viagem de João para os Estados Unidos. Mesmo que o pai tenha consentido com a viagem,
a falta de consentimento da avó, que detém a guarda de fato da criança, pode impedir a
realização da viagem sem autorização judicial. Portanto, é necessário ingressar com uma
ação judicial para obter a autorização específica para a viagem, demonstrando que o
interesse e o bem-estar da criança serão preservados durante o período da viagem.
12) José, tutor da criança Z, soube que Juarez vem oferecendo recompensa àqueles que lhe
entregam crianças ou adolescentes em caráter definitivo. Entusiasmado com a quantia oferecida,
José promete entregar a criança exatamente dez dias após o início da negociação. José contou
aos seus vizinhos que não queria mais “ter trabalho com o menino”. Indignada, Marieta, vizinha
de José, comunicou imediatamente o fato à autoridade policial, que conseguiu impedir a entrega
da criança Z a Juarez. Nesse caso, à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente, há
configuração de crime? Explique.
R: Sim, há configuração de crime. O comportamento de José configura o crime de
subtração, ocultação ou entrega de criança ou adolescente com a finalidade de
transferência de guarda (art. 248 do ECA). Mesmo que a entrega não tenha sido
concretizada, o fato de José ter prometido entregar a criança Z a Juarez com o intuito de
obter vantagem financeira já caracteriza a conduta criminosa. Esse crime é punido com
pena de reclusão de 2 a 6 anos, além de multa. A denúncia de Marieta à autoridade policial
foi essencial para evitar a consumação do crime.
13) Wilson, 13 anos, foi apreendido por Manoel quando estava em fuga, após praticar ato de
subtração de uma caixa de mil unidades de doces em sua vendinha. No curso da perseguição, os
doces se perderam porque Wilson os jogou em um bueiro para desembaraçado, correr melhor.
Esgotados todos os procedimentos legais para apuração do ato infracional e constatada sua
prática, quais as medidas podem ser aplicaas a Wilson? Considere as duas situações: que ele
tenha como pagar e que ele não tenha como pagar.
R: As medidas socioeducativas aplicáveis a Wilson, após a constatação do ato infracional,
dependem de suas condições financeiras: Se Wilson puder pagar pelo prejuízo causado,
uma medida possível é a obrigação de reparar o dano, ressarcindo o dono da vendinha. Se
Wilson não puder pagar, além da obrigação de reparar o dano, outras medidas podem ser
aplicadas, como advertência, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida ou
internação, dependendo da gravidade do ato e do histórico do adolescente. A escolha da
medida adequada será feita pela autoridade judicial.
14) Faça a distinção entre Conselho Tutelar e Conselho de Direitos da criança e do Adolescente.
R: O Conselho Tutelar é um órgão permanente e autônomo, encarregado de zelar pelo
cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, atuando na sua proteção e na
garantia de seus direitos individuais e coletivos. Já o Conselho de Direitos da Criança e do
Adolescente é um órgão colegiado, deliberativo e controlador das políticas públicas
relacionadas à infância e à adolescência. Enquanto o Conselho Tutelar age de forma mais
imediata, atendendo demandas específicas e realizando intervenções diretas, o Conselho de
Direitos tem uma atuação mais ampla, participando da formulação, monitoramento e
avaliação das políticas voltadas para esse público, além de exercer o controle social sobre
essas políticas.
15) Julgue os itens como verdadeiro (V) ou falso (F) e justifique: ( ) A internação jamais poderá
ser realizada em repartição policial, nem mesmo cautelarmente, mesmo que seja impossível a
transferência imediata. ( ) Juliana, estudante de 17 anos, em comemoração a sua recente
aprovação no vestibular de uma renomada universidade, saiu em viagem com Gustavo, seu
namorado de 25 anos, funcionário público federal. Juliana, por ser adolescente e estar em
companhia de Gustavo, maior de idade, poderá se hospedar no local livremente por eles
escolhido, independentemente de portar ou não autorização de seus pais.
R: Falso (F) - A afirmação está incorreta. A internação cautelar em repartição policial
pode ocorrer em casos excepcionais, quando não for possível a transferência imediata para
uma unidade adequada. Isso está previsto no artigo 108 do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), que permite a internação provisória em delegacias de polícia apenas
quando não houver outra alternativa.
Falso (F) - A afirmação está incorreta. Mesmo estando acompanhada de um maior de
idade, Juliana, por ser menor de idade (17 anos), deve obedecer às normas específicas para
viagens de menores desacompanhados ou acompanhados por adultos que não sejam seus
responsáveis legais. Geralmente, para hospedar-se em hotéis, é exigida uma autorização
dos pais ou responsáveis legais. A ausência dessa autorização pode impedir a hospedagem
ou até mesmo causar problemas legais para o adulto responsável por Juliana durante a
viagem.

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