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FICHAMENTO 1: AVALIAÇÃO

Tayna Mioni Nakamura - RA 148008


Unicamp - EC609 - 28/02/2024

Texto de referência

VASCONCELLOS, Celso dos S. Avaliação: Concepção dialética-libertadora do processo de avaliação


escolar. São Paulo: Libertad, 2010. Capítulo III: Análise do Problema, p. 31- 50.

Tema e questões norteadoras

Tema: A avaliação escolar como instrumento de controle, inculcação ideológica e seleção social.

Como explicar o problema da avaliação? Como surge? Como se desenvolve? Como se mantém?
Como se concretiza em cada caso particular? Qual a participação do professor nesse processo?

Objetivo(s)

Analisar, em escala macro e micro, como a avaliação deixou de ser um acompanhamento do


processo educacional para ser hoje o objetivo final desse processo.

Ideias principais desenvolvidas (opcional a reprodução de trechos)

• No capitalismo, o papel da escola é formar mão de obra, preparando para o disciplinamen-


to, a ordem, a hierarquia. O sujeito submete-se à escola confiando no mito da ascensão
social, enquanto a reprovação é tida como “decorrência” natural das atitudes individuais
(cada um responsável pelo próprio fracasso). Assim, a avaliação escolar atua no processo de
inculcação ideológica, no qual o aluno passa a se conformar com seu lugar na sociedade,
“reconhecendo” sua incompetência, passando a apoiar e colaborar com seu dominador.

• O processo de distorção da avaliação conta com o apoio (mesmo que inconsciente) dos pais,
diretores, supervisores, do sistema de ensino, dos vestibulares e professores.

“[O professor] participa de um processo de alienação imposto a todo cidadão,


uma vez que não domina mais nem o processo, nem o produto do próprio
trabalho. Está submetido à hierarquia do sistema educacional. Quando chega
à escola, já há todo um clima, todo um cenário preparado, esperando que ele
desempenhe determinado papel; se ele assim o faz, tudo corre bem; se tenta
mudar, começa a sentir pressões, resistências.” (p. 40)

• O professor participa da distorção da avaliação ao utilizá-la como instrumento de coerção


para controlar o comportamento de alunos “desmotivados”, ancorado na ameaça da
reprovação.

• Ao tomar consciência do problema da avaliação, os educadores têm um poder (limitado) de


mudança em mãos. Analisando-se criticamente a própria prática e articulando-se com
outras frente de luta, pode-se levar a uma transformação da prática educacional.

Principais resultados e conclusões

• Na prática, a avaliação exerce uma função muito mais política que pedagógica. Ela não é
usada como recurso metodológico de reorientação do processo de ensino e aprendizagem.
É usada como um instrumento de controle, seja por parte do sistema, da escola, do
professor ou dos pais.

• Num enfoque microestrutural, o problema se encontra muito mais na proposta de trabalho


(conteúdo e metodologia) do que na avaliação. Se os alunos não estivessem desmotivados
frente a propostas pedagógicas inadequadas, não haveria a necessidade de coerção.

Comentários pessoais

O sistema escolar descrito pelo autor remeteu-me a Bourdie: uma escola permeada por
relações de poder e dominação, que tem por finalidade legitimar desigualdades sociais, garantindo
o poder àqueles que já o detém. Uma escola cujos conteúdos e métodos propagam a cultura
dominante, não fazendo sentido e sendo violento aos sujeitos que não fazem parte desse grupo.

Dúvidas

No texto, a reprovação é apontada como base para o exercício da coerção via avaliação
escolar. Há alguns anos, políticas do MEC e secretarias de educação visaram diminuir a retenção de
alunos (ex: progressão continuada; incentivos financeiros para escolas que diminuíssem a
retenção). Como essas políticas afetaram o sistema de coerção por meio da avaliação? Elas se
mostraram eficazes para reaproximar a avaliação de seu aspecto formativo?

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