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As revoluções liberais na Europa

Após o Congresso de Viena, nobreza e clero se juntaram para propor o retorno


das monarquias absolutistas. A partir de 1850, a tendência absolutista perdeu
espaço e surgiu uma Europa baseada em valores do liberalismo.
Entre 1830 e 1848, a Europa enfrentou um conjunto de fatores sociais e
econômicos desfavoráveis: queda de colheitas, miséria do operariado, falta de
proteção ao trabalhador e repressão à liberdade de expressão.
A crise formou uma aliança temporária: pequena e média burguesia com o
operariado, possibilitando diversos movimentos revolucionários e misturando
ideais nacionalistas, liberais e socialistas.
As revoluções de 1830
• Na França: Carlos X tomou medidas para o retorno do absolutismo – as
Ordenações de Julho – que determinaram a dissolução da Câmara dos
Deputados, supressão da liberdade de imprensa e redução do eleitorado.
A população de se revoltou e forçou a abdicação do rei. Os parlamentares
franceses entregaram o trono a Luís Felipe de Orleans e os banqueiros
e comerciantes se juntaram para afastar duas ameaças: o retorno do
absolutismo e a formação de uma república democrática (sufrágio
universal).
• Outros movimentos: a Bélgica declarou independência da Holanda, a
Polônia se revoltou contra o domínio da Rússia, mas o movimento foi
reprimido pelo czar e aconteceram levantes na Itália e Alemanha.
As revoluções de 1848
• A Primavera dos Povos: a população foi às ruas como consequência do
desemprego, aumento do custo de vida nas cidades e prolongada seca
no campo. A população obteve algumas vitórias mas foi reprimida pelos
governos.
• Começou com a deposição do rei francês Luís Felipe de Orleans em
fevereiro de 1848 e a proclamação da república.
• Depois aconteceram levantes na Itália, Alemanha, Suíça, Áustria, Polônia,
Espanha e Portugal.
• No Brasil, as ideias influenciaram a Revolução Praieira em Pernambuco.
• Na França, o governo provisório – Segunda República Francesa – tomou
medidas para acalmar a população, como o sufrágio universal masculino.
• Nas eleições de 1848, Luís Napoleão Bonaparte, sobrinho de Napoleão,
foi eleito presidente da França mas em 1851, deu um golpe de Estado e
assumiu o trono francês com o título de Imperador Napoleão III.

A unificação da Itália
• Na primeira metade do século XIX, o território italiano encontrava-se
dividido politicamente e parte estava incorporada ao Império Austríaco.
• Movimento Jovem Itália (1831) criado pelo escritor Guiuseppe Mazzini:
levante popular contra o domínio estrangeiro e os Estados da Igreja.
Fracassou em 1848.
• Os republicanos se aliam ao Reino do Piemonte-Sardenha. O primeiro-
ministro deste reino, o conde de Cavour, conseguiu apoio francês e entrou
em guerra contra o Império Austríaco obtendo a Lombardia (1859).
• O Reino de Piemonte anexou os territórios centrais do país – Toscana e
Parma – em 1860 e parte dos territórios da Igreja.
• Guiuseppe Garibaldi com a tropa de revolucionários – os camisas
Vermelhas – conquistou a Sicília e Nápoles também em 1860.
• O rei do Piemonte-Sardenha, Vítor Emanuel II, foi proclamado rei da Itália
em 1861. Conquistou Veneza em 1866 e Roma em 1870, completando a
unificação do país.
• A Itália unificada era um país contraditório: o norte rico e industrializado e
o sul pobre e rural.

A unificação da Alemanha
• No início da Idade Moderna, os povos de língua alemã estavam reunidos
no Sacro Império Romano Germânico. O enfraquecimento desse império
resultou na fragmentação da região da Alemanha em dezenas de
principados com relativa autonomia.
• No Séc. XIX, a Prússia se tornou uma potência emergente na Europa e
buscou integrar os principados alemães. Um passo importante para isto
foi a criação de uma união aduaneira e comercial entre determinados
principados alemães chamada Zollverein em 1834.
• O Império Austríaco não participou da Zollverein.
• A coroação de Guilherme I para o Reino da Prússia e a atuação do
primeiro-ministro Otto von Bismarck foi importante para a unificação da
Alemanha: Bismarck fez uma aliança com o Império Austríaco e juntos
conquistaram Schleswig e Holstein, territórios da Dinamarca, em 1864.
• Em 1866, a Prússia provocou uma guerra contra o Império Austríaco – a
Guerra Austro-Prussiana – buscando anexar territórios e reunir outros
Estados do Norte em uma confederação liderada pela Prússia.
• Bismarck conseguiu integrar os Estados do sul numa guerra contra a
França em 1870 – a Guerra Franco-Prussiana – despertando o
nacionalismo em toda a Alemanha.
• Com a vitória na guerra, o Estado alemão nascia como uma potência
militar em 1871.

A ciência no século XIX


Evolucionismo X Criacionismo
• Charles Darwin e Alfred Russel Wallace foram os responsáveis pela teoria
evolucionista. Darwin viajou pela América do Sul a bordo do navio HMS
Beagle entre 1831 e 1836 e Russel viajou pela Amazônia durante anos.
• Os cientistas chegaram à conclusão que existem diferenças entre seres
da mesma espécie e que os mais adaptados sobrevivem e transmitem a
herança genética aos seus descendentes – processo chamado de
seleção natural.
• Em 1859, Darwin publicou a obra A origem das espécies
• As teorias de Darwin se chocaram com as crenças tradicionais e religiosas
sobre a origem do homem (teoria criacionista).
• Darwinismo social: o sociólogo britânico Hebert Spencer foi o principal
representante da doutrina que defendia o fim de todas as políticas sociais
e filantrópicas porque esta ajuda iria formar indivíduos fracos.
• Degenerescência social: o psiquiatra francês Benedict Augustin Morel
defendia que as péssimas condições de vida nas cidades estavam
degenerando a sociedade – por isso o aumento da prostituição,
criminalidade, suicídios e doenças mentais...
• Eugenia: o cientista inglês Francis Galton propôs esta nova ciência que
teria como objetivo orientar políticas públicas para impedir a reprodução
de indivíduos considerados “degenerados”.

O corporativismo
• O empresário e escritor britânico Robert Owen é considerado um dos
primeiros socialistas e fundador do movimento corporativista. Em sua
obra Uma nova visão da sociedade (1816), defendeu uma reforma da
sociedade em que a concorrência e o conflito seriam substituídos pela
harmonia e cooperação.
• Implantou o corporativismo em suas fábricas em New Lanark e mesmo
com os custos decorrentes de um sistema de proteção social ao
trabalhador, suas fábricas deram lucro. Tentou implantar o sistema nos
EUA ao fundar em 1825 uma comunidade conhecida como New Harmony
mas durou apenas dois anos.
Falansterianismo
• Idealizado pelo francês Charles Fourier era um modelo de comunidade
conhecida como falanstérios, que se referia tanto à comunidade como ao
edifício em que ela devia se organizar.
• Reunia entre 1600 e 1800 pessoas: o resultado do trabalho seria dividido
e trocado por outros produtos, eliminando a necessidade de dinheiro. As
comunidades seriam autossuficientes.
O anarquismo
• Para o anarquismo, os direitos e as liberdades individuais defendidos pelo
liberalismo não tinham alcance universal, protegendo os interesses dos
grandes proprietários e dos capitalistas. Acreditavam que o Estado era
uma instituição autoritária e opressiva.
• O Estado e toda a forma de autoridade deviam ser substituídos e a
sociedade seria formada por uma federação de comunas independentes.
Também se opunham ao nacionalismo.
A Comuna de Paris
• A derrota da França na Guerra Franco-Prussiana resultou na queda de
Napoleão III e a unificação alemã.
• Na França, instituiu-se a Terceira República, dirigida pelo político Adolphe
Thiers. Disposto a negociar a rendição da França, o governo desarmou a
Guarda Nacional. A população parisiense estava sofrendo com as
provações ocasionadas pelo cerco à Paris e sentiu-se traída pelo
governo. Thiers transferiu o seu governo para Versalhes.
• Em 18 de março de 1870, os parisienses tomaram o prédio da sede do
governo e no dia 28, proclamaram a Comuna de Paris. Todos os serviços
básicos continuaram em funcionamento: os trabalhadores mostraram-se
capazes de se organizar.
• Medidas da Comuna: substituição do Exército profissional pelos cidadãos
em armas, os cargos públicos passaram a ser eletivos e os funcionários
podiam ser demitidos por decisão da Comuna, separação total entre a
Igreja Católica e o Estado e confisco das riquezas da Igreja e o Conselho
Comunal incorporou as funções legislativas e executivas.
• Durou 2 meses: com o apoio da Prússia, Adolphe Thiers ordenou que o
Exército tomasse Paris: a população armou barricadas e a Comuna
mobilizou a Guarda Nacional mas o Exército foi vitorioso.

Socialismo: crítica às injustiças sociais

Socialismo utópico primeiras Socialismo científico foi desenvolvido


correntes socialistas formuladas: por Karl Marx 1818-1883) e Friedrich
seria possível reformar o Engels (1820-1895). Baseava-se numa
capitalismo por meio da ação do análise histórico científica da sociedade.
Estado ou da associação de Dialética = tese + antítese = síntese
trabalhadores em cooperativas Modo de produção condiciona a vida
autogeridas. Destacam-se o material da sociedade. Super estrutura
inglês Robert Owen (1771-1858) e estrutura.
o espanhol Louis Blanc (1811- Luta de classes é o motor da história
1882) e os franceses Saint- humana e só vai terminar na sociedade
Simon (1760-1825) e Charles comunista perfeita.
Fourier (1772-1837). Propunham Mais-valia o trabalhador não recebe
a criação da sociedade ideal, mas integralmente o valor de sua produção.
sem a definição como alcançar A parte não-remunerada é a mais valia
este objetivo. que fica com o empresário.
Socialismo cristão foi a tentativa de aplicar ensinamentos evangélicos de
amor e respeito ao próximo nas relações sociais geradas pela
industrialização. Pensadores: Robert Lamennais, Adolph Wagner e J.D.
Maurice.
O papa Leão XIII promulgou a encíclica Rerum Novarum em 1891 com o
pensamento católico: reconhecia a propriedade privada, rejeitava o
marxismo, condenava a ganância capitalista e a exploração desumana
do trabalho. Pregava que os empregadores reconhecessem o direito dos
empregados: limitação de horas de trabalho, descanso semanal,
estabelecimento de salários dignos. Para melhorar as condições de vida,
o Estado deve atuar nos setores de habitação e saúde.

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