um livro e referencia para vampiro: idade das trevas R

Por Jason Langlois, Michael B. Lee and Clayton Oliver

 Do confinamento de Jerusalém e da cidade de Constantinopla,
uma horrenda história tem se espalhado e muitas vezes chegou aos
nossos ouvidos, a saber, que uma raça do reino dos persas, uma
raça amaldiçoada, uma raça totalmente alienada de Deus, uma
geração que de fato não direcionou seu coração e não confiou seu
espírito a Deus, invadiu as terras daqueles cristãos e as despopulou
pela espada, pilhagem e fogo; ela levou uma parte dos cativos para
o seu próprio país, e uma parte destruiu com torturas cruéis; ela tem
ou destruído completamente as igrejas de Deus, ou as apropriado
para os ritos da sua própria religião.
— Papa Urbano II convocando a Primeira Cruzada, 1095
(conforme relatado por Robert, o Monge
Créditos Créditos da Edição Brasileira
Autores: Jason Langlois (Gangrel), Michael B. Lee Tradução: Assamita
(Seguidores de Set), Clayton Oliver (Assamitas) Diagramação: Kenny Willian
Material Adicional: Philippe R. Boulle and Richard E.
Dansky
Desenvimento: Philippe R. Boulle
Desenvolvimento Adicional: Richard E. Dansky
Edição: Cynthia Summers
Direção de Arte: Richard Thomas
Composição e Tipografia: Brian Glass
Arte: Patrick Lambert, Brian LeBlanc, and Andrew
Trabbold
Capa: John Bolton
Design de Capa e Quarta Capa: Brian Glass

© 2000 White Wolf. Todos os direitos reservados. É expressamente proibida a

reprodução deste material sem o consentimento por escrito da editora, exceto
para o uso em resenhas. White Wolf, Vampire the Masquerade, Vampire the
Dark Ages, Mage the Ascension, World of Darkness and Aberrant are
registered trademarks of White Wolf Publishing, Inc. All rights reserved.
Werewolf the Apocalypse, Wraith the Oblivion, Changeling the Dreaming,
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Wraith the Great War, Trinity, Libellus Sanguinis 3 Wolves at the Door,
Libellus Sanguinis 2 Keepers of the Word, Libellus Sanguinis 1 Masters of the
State, Dark Ages Companion,Wolves of the Sea, World of Darkness Blood-
Dimmed Tides, Jerusalem By Night, Book of Storyteller Secrets e Blood Magic Secrets of Thaumaturgy são marcas registradas da
White Wolf Publishing, Inc. Todos os direitos reservados. Todos os personagens, nomes, lugares e textos aqui contidos são de
propriedade da White Wolf Publishing, Inc.
Qualquer menção ou referência a companhias ou produtos contidas nestas páginas não representa ofensa às marcas envolvidas.
Este livro usa o sobrenatural para cenários, personagens e temas. Todos os elementos místicos e sobrenaturais são ficção e
destinados apenas para fins de entretenimento. Recomenda-se cuidado ao leitor.
Para uma chamada gratuita do catálogo da White Wolf ligue 1-800-454-WOLF.
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 Sumário
Introduction 7

Livro Um: Animais 9

Livro Dois: Sarracenos 39

Livro Três: Serpentes 79

SUMÁRIO

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 Introdução
COMO USAR ESTE LIVRO
Este é o terceiro na série de Livros de Clã da Era das Trevas — Libellus Sanguinis III: Lobos à Porta.
Este livro trata de três clãs que existem além dos limites do que os Cainitas europeus consideram como
“civilização cristã”. Eles são os manipuladores invisíveis dos povos que ameaçam as grandes nações da
Europa (e os vampiros que se escondem dentro delas), seja os bárbaros pagãos que saquearam Roma ou
os sultões mouros que detêm a Terra Santa.
Os Gangrel, difamados como Animais entre seus “superiores”, são os bárbaros mais familiares aos
senhores europeus da noite. Eles se escondem nas próprias florestas que margeiam os domínios Ventrue
e Lasombra, se alimentando de bandidos e vândalos. Mas os Gangrel são um clã muito mais variado do
que a maioria lhes dá crédito. Eles viajam pelo mundo e traçam sua linhagem até o distante Oriente. Eles
lutam a sua própria luta e zombam da pretensão da civilização. Eles são os lobos nas florestas, e os outros
clãs fariam bem em prestar atenção ao seu uivar.
Os Assamitas, que os Cainitas europeus chamam de Sarracenos, tornaram-se os homens do saco dos
tribunais europeus. Eles são assassinos e fanáticos mouros, dominadores do Islã e diableristas de
Cainitas. Mas como os mortais entre os quais se movem, os Filhos de Haqim são muito mais do que a
intolerância europeia admite. Eles são guerreiros, sim, mas também eruditos e conspiradores. Algumas
das cidades que chamam de lar são mais cultas do que qualquer uma na Europa e, na opinião deles, são
os Ventrue e Toreador que são os bárbaros.
Por último vêm os Seguidores de Set, as Serpentes. Aos olhos europeus, eles são corruptores desprezíveis
que vêm do Egito para minar todo príncipe e potentado. Eles seduzem cria e espalham discórdia, tudo
em nome de sua própria depravação. Mas para os Setitas, tudo isso é um dever religioso. Meras jogatinas
pelo poder e fomes eternas não são nada para eles — eles estão em uma cruzada sagrada para colocar o
mundo em ordem novamente, conforme seu deus lhes disse. Que os europeus, com seus falsos mitos de
agricultores homicidas, sejam condenados.

FORMATO
O material neste livro segue um formato aproximado projetado para facilidade de uso. Cada seção
começa com uma breve introdução baseada em dar ao leitor uma noção de como o clã pensa. A seguir,
vem informações sobre a organização do clã e suas relações com o resto do mundo Medieval das Trevas.
Não espere uma simples repetição do que você pode encontrar na era moderna, no entanto — os
Animais, Sarracenos e Serpentes deste tempo não são quem você pode pensar.
Terceiro é o material explicitamente “jogo” — Qualidades, Defeitos, Antecedentes, novos poderes
de Disciplina e assim por diante. Toda a linguagem de jogo está contida nessas partes do livro.
Finalmente, há alguns moldes de personagens para cada clã e uma fatia particularmente reveladora da
história desse clã. Que palavra vem do Extremo Oriente? Quem são os temidos hashashins da Terra
Santa? Os Seguidores de Set realmente caminham sozinhos?

NOVAS CARACTERÍSTICAS
Há um número qualquer de novas regras para os jogadores enfeitarem seus personagens, algumas
das quais podem não se encaixar bem com sua crônica atual. Ao mesmo tempo, um Narrador pode
desejar reter os poderes mais avançados ou únicos detalhados aqui por um tempo, quando sua aplicação
será mais útil na criação de atmosfera ou avanço da trama. Com isso em mente, os jogadores devem
verificar com seus Narradores antes de mergulhar de cabeça no monte de guloseimas contidas aqui.
Sempre é pior ter algo em que você depositou seu coração tirado, do que nunca ter visto isso de tudo.
 ivro Um:
Animais
Johannus saboreava o medo.
Correndo pelas raízes emaranha-
das e o sub-bosque da Floresta
Negra, ele quase podia provar o
pânico de sua presa. Em breve, ele
o faria.
O lenhador estava apenas a 100
passos à frente, fazendo um baru-
lho terrível enquanto atravessava
galhos e tropeçava em tocos, ten-
tando em vão escapar. Johannus
poderia alcançá-lo num piscar de
olhos, ele sabia, mas em vez disso
queria saborear a caça. Afinal, este
não era um lenhador comum; este
era Wilhelm.
Wilhelm, o Forte, que tinha tanto
prazer em aterrorizar as crianças
da aldeia. Para os muito jovens, ele
contava histórias dos grandes
lobos que devoravam bebês e suas

9
mães. Aqueles um pouco mais velhos, ele levava para a
floresta — supostamente para ensinar-lhes sua habilidade — e
os usava para seus próprios prazeres. Em alguns casos, seu
prazer era simples terror: a promessa de assassinato, uma
perseguição pela floresta e depois uma liberação. Em outros
casos — no caso de Johannus — o lenhador saciaria apetites
mais carnais com seus belos “aprendizes”. Aqueles que
reclamavam enfrentavam a ira de Wilhelm, seu forte braço
direito e até seu machado.
Os aldeões corajosos ou astutos o suficiente para ten-
tar contornar sua autoridade não conseguia. Wilhelm
tinha um aliado no abade local, Padre Krause, que
compartilhava, se não suas inclinações, então um amor
por gelt forte o suficiente para ignorá-las. Krause sim-
plesmente sorria enquanto uma mãe chorosa lhe contava o
destino de seu filho e dizia que agora estava nas mãos do
Senhor.
Bem, Johannus era o senhor desta floresta agora, e
Wilhelm logo estaria em suas mãos. O lenhador estava
indo para uma clareira que ele conhecia muito bem, e
Johannus se adiantou a ele. Justamente quando sua presa
estava no centro da área aberta, ele saltou para bloquear a
saída.
“Maria, Mãe de Deus!” exclamou o lenhador enquanto
deslizava até parar sobre as folhas e galhos do chão da
clareira. Ele parou a poucos metros de seu antigo aluno.
“Olá, Wilhelm.” A voz de Johannus era um rosnado
profundo. Seus olhos ardiam vermelhos na noite, e longas
garras adornavam seus dedos. Ele avançou. “Você
não parece bem, velho.”
“Quem… o quê?” A confusão lutava uma batalha per-
dida com o medo em seu rosto. Ele recuou para manter
distância entre o homem-monstro e si.
“Não se lembra do pequeno Johannus? Você disse que eu
era doce como o vinho.” Mais um passo.
“Johannus? Mas você—”
“Morreu? Sim, eu morri. Isso te assusta, velho?” Mais um
passo. “Deveria.”
“Diabo!” Wilhelm, o Forte, atacou com seu punho
direito, que há um ano parecia semelhante a um martelo de
guerra. Agora, ele atingiu o peito de Johannus com não mais
efeito do que um tapa de criança.
“Um diabo?” Johannus sorriu por um segundo e sabo-
reou o choque nos olhos de sua presa. Então ele mergulhou
suas garras nas entranhas do homem e empurrou em direção
ao seu coração. “Sim, um diabo.”
• • •
LIBELLUS SANGUINIS 3
10
O abade guinchou como um porco e correu para dentro
do mosteiro. Johannus terminou de drenar um infeliz irmão
leigo e deixou seu corpo cair nos degraus de pedra. Cheio do
sangue quente, ele empurrou as portas de madeira da casa
de Deus até que estalassem como gravetos.
O Abade Krause cambaleava loucamente em direção à
nave, exalando pequenos gritos a cada respiração. Ele se
virou quando chegou ao altar, agarrando-se a um
crucifixo.
“Deixe-me em paz!” ele gritou. Ele segurava a cruz alta,
sacudindo-a como se quisesse espalhar proteção divina ao
seu redor.
Johannus caminhou lenta e descaradamente para fren-
te. Suas mãos se flexionaram, antecipando rasgar o macio
travesseiro de banha de Krause.
“É assim que você saúda o Diabo em sua casa, padre?
Com exigências egoístas? E quanto a proteger seu Deus?
Seus relicários?” Johannus se moveu em direção a um
pequeno santuário da Virgem e golpeou-o com uma mão
garrada. Uma estátua da Sagrada Mãe de Deus voou vários
metros antes de se estilhaçar no chão de pedra. “Seu Deus
parece ter poucos defensores esta noite.”
O abade começou a murmurar algum latim confuso, e
Johannus rugiu de riso. “Continue rezando, talvez você
encontre sua recompensa no Céu!”
Com alguns passos rápidos, ele estava na frente do pa-
dre e afastou o crucifixo. Pegando o homem gordo pela
roupa, Johannus o jogou sobre o altar de forma que ele se
chocasse contra uma parede de pedra. “Esta é a casa do
Diabo agora, homenzinho! Minha casa!”
“Não, não…” O pequeno abade gordo rastejou até ficar
de pé e alcançou a única coisa à mão — a tocha chiando na
parede. Johannus estava quase em cima dele novamente
quando ele a tirou do suporte. “Fique longe!”
A chama dançante chicoteava diante dos olhos de
Johannus e chamuscava sua carne. Apenas um rastro de dor,
mas era mais forte do que qualquer coisa que ele tinha
sentido desde o ataque do lobo no inverno passado. Ele
recuou três passos e estava contra o altar antes mesmo de
perceber.
“Sim, demônio!” Agora era a vez de Krause avançar.
“Tema o poder de Cristo Salvador!”
Johannus não conseguia tirar os olhos da chama ama-
rela. Parecia que seu sangue estava fervendo, fogo
queimando em seus membros, gritando para ele se mover,
para correr para a floresta, longe da dor do fogo.
“Você não pode resistir à pureza do servo de Deus na
Terra!”
 Num instante, o medo se transformou em ódio na al-
ma de Johannus. Este homenzinho gordo achava que era um
ser vo puro de Deus? Este pequeno sanguessuga
aproveitador? Johannus rugiu e avançou.
Ele nem mesmo sentiu a tocha desta vez, tão concen-
trado estava ele na garganta de Krause.
• • •
A igreja estava começando a queimar quando Johannus
descia os degraus e adentrava a floresta envolta em névoa.
Pelo cinza espesso cobria suas costas e parte de seus braços
agora, e ele sorriu. Mais um sinal de seu poder.
“Eu sou Johannus, o Diabo!” ele gritou para o céu aci-
ma. "Estas são minhas florestas! Eu sou supremo!”
“Você não é nada", disse a névoa.
Johannus virou-se em direção à voz, seus olhos ardendo
de ódio, garras furando a carne de seus dedos. Não havia
nada além de um pedaço de névoa cinza-branca pendurada
entre os troncos das árvores.
“Mostre-se!”
“Quantos invernos, diabo?" A voz veio da névoa nova-
mente.
Johannus gritou e mergulhou através da névoa, deter-
minado a eviscerar quem quer que estivesse se escondendo
atrás dela. Em vez disso, ele caiu no chão, encontrando nada
além de mato.
“Apenas um, eu acho.”
Johannus virou-se a tempo de ver a névoa girar e se con-
densar em um enorme lobo. O reconhecimento paralisou
Johannus, e a besta que o atacara no inverno passado estava
sobre ele um instante depois. Suas poderosas mandíbulas se
fecharam em torno de seu pescoço antes de Johannus
conseguir fazer um movimento. Ele fechou os olhos e se
preparou para morrer novamente.
“Você tem muito a aprender, criança-diabo.” Uma mu-
lher de porte poderoso estava agora parada sobre ele. A
maneira como ela o olhava de alguma forma o fazia sentir
como se as mandíbulas do lobo ainda estivessem em seu
pescoço. "Mas você tem potencial."
Ela virou-se e caminhou mais fundo na floresta. “Ve-
nha, o Encontro começará em breve. Você deve ouvir
atentamente.”
LIVRO UM: ANIMAIS
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 Uivando por Sangue
Animais. Bestas. Cães Ferozes. Bárbaros. Destruidores.
Escravos. Caçadores. Os Cainitas nos dão esses nomes
porque só veem o que desejamos que vejam. Há, contudo,
muito mais em nosso clã do que nossa aparência feral e o
desejo de evitar as cidades e vilas. Enquanto os Cainitas
gostam de pensar em nós como uma massa indistinta, nós
somos, na verdade, um grupo solto de indivíduos comparti-
lhando apenas nosso sangue e algumas tradições básicas.
Eu sou Rimantas, chamado de “Caminho” em sete
línguas. Eu estive na queda de Roma, defendi os Pântanos
de Pripet e tomei a cabeça de um Gigante Oriental. É meu
desejo ensinar a você essas tradições, para poder entender
melhor a si. Não se preocupe com minha aparência — em
breve você também mostrará essas marcas, pois a Besta é
forte em todos nós.
Eu me adianto. Deixe-me começar onde começamos.
Origens
Os Cainitas têm sua história de um agricultor amal-
diçoado chamado Caim, o assassino de seu irmão. Por sua
vez, ele espalhou essa maldição para outros até os dias atuais.
Isso explica muito sobre os Cainitas e suas preocupações.
Pior, eles assumem que a mesma história é verdadeira para
os Gangrel. Conhecemos um início diferente.
Havia um deus com muitos filhos, e eles brigavam entre
si como as crianças em todos os lugares. Por muitas eras, os
filhos discutiram sobre tudo — quem governaria o sol, a lua,
os animais, o mar e outras questões triviais. As discussões se
tornaram tão acirradas que os gêmeos mais jovens, Ennoia e
Churka, decidiram deixar a casa do deus e viajar para o leste
para a casa de sua mãe, que havia partido muitas eras antes.
Eles viajaram muito, mas não conseguiram escapar de
sua natureza. Uma discussão começou sobre quem seria o
primeiro a falar com sua mãe e quem ela favoreceria. Sem a
mão controladora de seu pai, a discussão se transformou em
uma batalha, mas os gêmeos eram iguais em poder e nenhum
poderia vencer definitivamente. Cada gêmeo recrutou
guerreiros para a guerra; Ennoia escolheu os mais bravos, e
Churka escolheu os mais astutos. Já que nenhum queria que
sua mãe visse sua guerra, eles lutaram apenas à noite e se es-
conderam dela durante o dia. Por séculos, eles lutaram essa
guerra no Oriente. As forças de Ennoia estavam prestes a der-
rotar seus inimigos, quando o desastre aconteceu — a Traição.
Dois dos melhores guerreiros de Ennoia, chefes de gran-
LIBELLUS SANGUINIS 3
12
de poder, que venceram muitas batalhas, fugiram para o
oeste. Eles deixaram Ennoia e seus guerreiros restantes
sozinhos para enfrentar Churka e seu exército, os Ravnos. O
equilíbrio mudou, e os Ravnos expulsaram Ennoia do
domínio de Churka para as terras selvagens do Leste. Triste
com sua traição e derrota, Ennoia desapareceu, deixando
seus guerreiros por conta própria. Desde aquela noite, eles se
chamaram Gangrel. Você e eu somos suas crias.
Os Ravnos continuaram atacando os Gangrel, juntan-
do-se às mortais criaturas que chamamos de Gigantes do
Oriente. Esses monstros notaram nossa guerra noturna e
caíram sobre nós como lobos. Meu próprio senhor afirmou
que os Gigantes só podiam viver à noite e do sangue dos
homens, e que eles impuseram esse destino em nós também —
tudo para nos perseguir e matar melhor. Eu ouvi muitas
outras teorias sobre nossa natureza, no entanto. Alguns
dizem que é uma penitência que Ennoia impôs a todos nós
pela Traição; alguns até aceitam as tolas histórias dos
Cainitas sobre seu ainda mais tolo agricultor.
Eventualmente, os Ravnos e Gigantes forçaram os Gan-
grel para fora de nossos territórios de caça tradicionais e para
o Ocidente, onde entramos em contato com os Cainitas já
presentes. Embora não amistosos, os Cainitas eram menos
agressivos do que os Gigantes e não puderam nos impedir de
nos estabelecer nas áreas selvagens. Descobrimos que os
chamados Cainitas sofriam de maldições semelhantes,
embora não idênticas. Eles usaram essa semelhança para
nos chamar de seus parentes, mas sabemos que uma
maldição não nos torna irmãos. No máximo, eles são primos
distantes, mas até disso duvido.
Mesmo agora, continuamos a guerra que nossos an-
cestrais começaram, caçando os Ravnos onde os encon-
tramos. Embora com menos vigor, também caçamos aqueles
que traíram Ennoia naquelas longas noites passadas, agora
se autodenominando Lhiannan e Laibon. Alguns de nosso
número acreditam que no dia em que Churka for destruído
e os traidores punidos, Ennoia voltará para liderar nosso clã
aos braços de sua mãe.
O Clã
Aos olhos de fora, os Gangrel carecem de organização e
estrutura. Não temos reis ou príncipes, nem tentamos
emular impérios moribundos em uma tentativa de reivindi-
car legitimidade. Os Cainitas nos descartam como uma ralé
desorganizada, incapazes de trabalhar juntos ou com ou-
tros. Eles estão errados nisso, como em tantas outras coisas.

O Encontro
A principal estrutura social de nosso clã é o Encontro,
uma reunião de todos os Gangrel em uma área. O Encontro
nos proporciona a oportunidade de nos encontrarmos,
socializarmos e estabelecermos status no clã. É assim que
determinamos nossos líderes, fazemos proscritos e
resolvemos problemas. O Encontro é a chance para cada um
de nós ter uma voz nas questões que nos afetam a todos.
Para convocar um Encontro, o Gangrel deixa sinais
especiais como pilhas de pedras e galhos quebrados na área
local. Animais noturnos também passam a palavra, após
serem recrutados por quem chama o Encontro. Pode levar
algumas noites até que a palavra alcance todos os Gangrel na
área, então um Encontro não é algo para se convocar para
uma decisão rápida. Os Gangrel convocados se reúnem em
um ponto de referência local proeminente com fácil acesso a
abrigo do sol.
Os procedimentos de um Encontro são enganosamente
simples. Conforme um Gangrel chega, ele se apresenta aos
Gangrel já presentes. Os ritos então começam, com o
Gangrel recém-chegado competindo com os presentes para
determinar seu status. Se os Gangrel presentes forem
poderosos ou particularmente agressivos, os ritos podem
levar algumas noites para serem concluídos.
Após estabelecer o status, passamos aos assuntos do
Encontro. Um Encontro é um local para discussão sobre
tudo — avisos, a presença de Ravnos, troca de histórias e
mensagens de Cainitas locais são tópicos comuns. A guerra
com os Tremere e a subsequente aliança com os Tzimisce
dominaram as discussões em meus Encontros mais recentes,
por exemplo. Cada Gangrel no Encontro fala, se desejar, um
processo que pode levar várias noites em um Encontro
maior. Nenhum Encontro dura mais de uma semana após o
primeiro discurso, no entanto. Após sete noites, os proce-
dimentos se encerram e nos dispersamos.
Ritos de Status
Temos alguns ritos muito simples para determinar a es-
cala de dominação entre nós. Combate individual é o mais
comum, sem o uso de garras, dentes ou armas. O combate só
termina com a incapacitação ou rendição de um dos envol-
vidos. Se os oponentes forem igualmente habilidosos, o com-
bate pode se tornar muito perigoso com risco de Rötschreck.
Quando dois de nós se encontram pela primeira vez, usamos
o rito de combate. Se os dois se conhecem bem, usam
normalmente o rito de combate apenas simbolicamente para
reafirmar seu relacionamento. Isso é mais um treino do que
um combate real.
O outro rito usado é o desafio. Os envolvidos trocam
desafios, tentando superar mutualmente com aextensão de
sua bravura e habilidade. Eles se gabam de coisas que
LIVRO UM: ANIMAIS

13

Um Pequeno Pássaro Me Contou
Notícias se espalham rápido entre os Gangrel. Claro,
o principal canal para a disseminação de informações é
a troca de histórias e avisos no Encontro. No entanto, os
Gangrel têm outros métodos de passar avisos e
alarmes, notavelmente usando o poder de Animalismo
Fala Selvagem.
Pássaros são mensageiros eficazes de coisas simples,
enquanto bestas maiores podem carregar avisos mais
complexos. Um Gangrel viajando em terras novas
frequentemente interroga as criaturas que vê para
coletar notícias que um clã anterior pode ter deixado
para trás.
Os Gangrel também utilizam sinais da floresta, co-
mo pedras e galhos quebrados, para alertar outros de
seu clã sobre terras Lupinas ou outros territórios peri-
gosos. Tal sinal é frequentemente uma pista para con-
versar com a fauna local por mais informações.
podem fazer, não do que fizeram, e continuam até que um
deles exija prova ou conceda o concurso. Exigir prova
significa que ambos os participantes devem cumprir seu
último desafio, com o sucesso e a dificuldade do desafio
determinando sua posição.
O Banquete
Os Encontros não são todos amistosos. Raramente, um
de nós convoca um Encontro para formar o Banquete (tam-
bém chamado de Caçada Selvagem). O Banquete é um gru-
po de guerra dos Gangrel locais, unidos contra um inimigo.
O membro de mais alta patente do Encontro lidera o Ban-
quete, buscando batalha com o inimigo. Em um Banquete,
deixamos de lado nossas buscas pessoais por glória e traba-
lhamos juntos para destruir nossa presa. Muitas vezes, a últi-
ma coisa que um Ravnos vê é uma horda de nós correndo da
floresta como uma massa única, gritando gritos de batalha.
A invocação do Banquete é uma coisa sagrada, que to-
dos os Gangrel devem honrar. Não temos tolerância para
covardia e a punimos fortemente. Falhar em participar de
um Banquete pode levar ao banimento ou até mesmo à
destruição.
O Grande Encontro e o Banquete
O Grande Encontro é uma reunião quase mítica. Não
foi convocado em quase 750 anos, desde antes da queda de
Roma. Em princípio, é um encontro de todo o clã, mas
sempre há alguns (ou até muitos) que não podem ou não
querem vir. Nenhum Gangrel conquistou respeito sufi-
ciente ou acumulou poder suficiente para convocar um
Grande Encontro nestas noites, então provavelmente
permanecerá uma coisa de lenda.
Um Grande Encontro dura semanas, enquanto os
LIBELLUS SANGUINIS 3
14
Gangrel chegam de todos os lugares e passam noites reesta-
belecendo seu status através dos ritos. Aquele que convocou
o Encontro enfrentará os desafios mais difíceis — falhar
nesses desafios resultará em sua destruição e no fim do
Grande Encontro.
Grandes Encontros organizam massivos Banquetes
Grandes, onde todo o clã vai à guerra contra um único alvo.
O Grande Encontro também discute questões que afetam to-
do o clã, ou permite que um Gangrel poderoso prove a si mes-
ma ao resto do clã, para liderá-lo em tempos de dificuldade.
Entre os mortais, Grandes Encontros são um mau pres-
ságio de fato. Tantos de nós requeremos um grande estoque
de alimento, e a lenda diz que Banquetes Grandes
devastaram países inteiros. Tais flagelos tendem a atrair a
atenção dos Lupinos, levando a ainda mais derramamento
de sangue. É glorioso!
Algo Antigo, Algo Novo
Fora do Encontro e do Banquete, nós, Gangrel, temos
poucas regras e rituais, especialmente em comparação com
os modos sufocantes das proles Cainitas. Quando dois de
nós se encontram, trocamos uma saudação que inclui nosso
nome, algumas de nossas façanhas e um indicador de nossa
idade física. Fora de um Encontro, o mais jovem defere ao
mais velho. A idade, neste caso, é determinada pelos anos —
um Gangrel que sobrevive cem anos ganha mais respeito do
que um que sobreviveu apenas uma década, independente-
mente de quem sejam seus senhores. Sobrevivência e bravu-
ra são nossas únicas verdadeiras medidas de habilidade.
Um Gangrel que tem características animais, a marca do
favor de Ennoia, também ganha respeito. Há uma linha
tênue aqui, no entanto; equilibramos o número de caracte-
rísticas com a idade. Muitas dessas características em uma
idade muito jovem são um sinal de insanidade, não de favor.
Poucas características em um Gangrel mais velho podem ser
um sinal de covardia. Não há uma regra rígida sobre muitas
ou poucas — é uma questão de instinto. Quando
percebemos que um de nós foi longe demais, nós o evitamos
para evitar a propagação de seus males.
Nós, Gangrel, estendemos nosso respeito àqueles que não
são de nossa linhagem em certas situações. Quando um
Cainita mostra grande bravura, em batalha ou de outra
forma, nós a tratamos como algo de um igual até ela provar
ser indigna. Alguns de nós também ocasionalmente se
juntam aos Cainitas, estendendo a eles um tipo de status de
clã. Cainitas com este status podem então participar do
Encontro e dos ritos, se desejarem. Gangrel respeitarão
qualquer status conquistado por um Cainita nos Encontros.
Tenha em mente, no entanto, que tais forasteiros devem ter
muito cuidado. Se provarem ser covardes ou desonrosos — e
a maioria é — pagarão um preço terrível, assim como seu
patrocinador Gangrel.
 Proscrito
Os Gangrel expulsam qualquer membro do clã que
recuse um Banquete, cometa um ato traiçoeiro
durante um Encontro, traia um companheiro de clã
ou prove ser um covarde. O proscrito perde todo o
status entre os Gangrel e não pode mais participar dos
Encontros. Proscritos são alvos justos, e alguns anciãos
Gangrel os caçam como esporte. Na visão dos Gangrel,
todos os Lhiannan e Laibon são proscritos.
Um proscrito só pode retornar ao clã após realizar
uma façanha de grande bravura. Qualquer tarefa que
envolva perigo pessoal e risco serve; derrotar um
Lupino ou um Gigante em combate singular é uma
busca comum (comumente empreendida, isto é;
raramente concluída). Jogar a cabeça de tal criatura no
meio de um Encontro é sempre uma boa maneira de se
reintroduzir ao clã.
Sozinho na
Escuridão
Muitos de nós evitamos a companhia de mortais e ou-
tros Cainitas. As características animais que marcam nosso clã
também atraem atenção indesejada nestas noites. Onde em
tempos antigos, às vezes éramos recebidos como deuses ou
mensageiros, a influência dos romanos e sua Igre-ja se
espalhou muito. Os mortais trazem tochas e padres agora,
não oferendas e notícias, quando chegamos.
Nossas marcas também deixam a maioria dos Cainitas
desconfortáveis — e um Cainita desconfortável é perigoso.
As orelhas emplumadas e a pele que exibimos lembram
muitos deles da humanidade que perderam. Poucos
encontraram paz com sua Besta, e ter um Gangrel por perto
pode despertar medos e raivas ocultas.
Um filhote imprudente veria o que digo como um sinal
de covardia. Por que deveríamos temer mortais ou Cainitas?
Eu digo a você que sabedoria não é o mesmo que covardia. O
contato com essas duas forças muitas vezes traz a Besta à
superfície. Coragem não é a raiva cega que acompanha a
fúria, afinal, então apenas aqueles de vontade forte deveriam
arriscar contato de longo prazo com estranhos.
Há mais uma razão para a solidão de nosso clã. Muitos de
nós somos os últimos remanescentes de culturas mais
antigas. Nascidos nos dias da Cítia ou dos Godos, somos
tudo o que resta de nossas tribos. Há um isolamento único
em ser o último de uma cultura, e isso é algo que impede
nosso clã de desfrutar a companhia de outros por muito
tempo. Há uma melancolia nos anciãos de nossa espécie,
melhor lidada através de isolamento e reflexão longe de
lembranças do passado.
Gangrel em uma Multidão
Nem todos os Gangrel evitam outros Cainitas. Por
uma série de razões, um Gangrel pode se juntar a um cír-
culo. Muitas vezes, a aventura é mais fácil de encontrar
com outros Cainitas por perto (eles têm o hábito de se
meter em encrencas, afinal). Um Gangrel neófito ainda
pode ter laços culturais com os membros do círculo e re-
lutar em cortá-los. Gangrel também buscam a companhia
de outros Cainitas para proteção temporária contra Lu-
pinos ou outros Cainitas. Amizade é outro fator, espe-
cialmente se um membro da círculo ganhou respeito.
É importante lembrar que os Gangrel, embora
solitários, nem sempre querem estar sozinhos. Alguns
raros até podem se associar conscientemente com um
Ravnos, mas ao custo de sua reputação no clã. Tais
Gangrel devem esperar muitos desafios pela frente.
Em Movimento
Nossos números são maiores do que a maioria dos
Cainitas suspeita, pois eles raramente veem mais de um de
nosso tipo por vez. Somos criaturas solitárias, na maior parte
do tempo, mas também somos nômades e apenas
ocasionalmente permanecemos em qualquer lugar por
muito tempo. Alguns culpam essa vontade de cagar por
nossa natureza animal, mas a verdade é muito mais simples.
Há demasiados perigos na noite, e permanecer em um lugar
por muito tempo é convidar problemas.
Nomearei um desses problemas diretamente: os Lupi-
nos. Nos Encontros, você ouvirá a ocasional bravata sobre
amizade com essas criaturas. Considere isso uma mentira.
Os Lupinos não são nossos amigos. Histórias de alianças,
rituais e conferências amigáveis nas florestas escuras são
fábulas, não verdades. Os Lupinos nos caçam na escuridão
como presas, não como companheiros de caça. Eles não
querem trocar conhecimento. Quando você acorda à noite,
encontrará sinais de que eles estiveram cavando por você.
Quando você chama por alimento, eles o seguirão. Estamos
em todo lugar onde eles estão, e eles não gostam disso.
Temos nossas vantagens, no entanto. Podemos viajar,
enquanto eles parecem preferir seus próprios territórios.
Podemos nos esconder na terra, embora isso seja apenas um
alívio temporário. Não morremos de velhice e, com sorte e
inteligência, podemos sobreviver a um perseguidor. Por
último, a sociedade Cainita nos proporciona um lugar para
desaparecer por um tempo.
O mundo Cainita é uma espada de dois gumes. De um
lado, oferece proteção e cobertura. O outro lado, no
entanto, é a tendência dos Cainitas tentarem nos governar.
Como príncipes e voivodes, eles reivindicam domínio sobre
as terras onde caçamos e buscam restringir nossas viagens.
Enquanto um Gangrel pode aceitar essas condições e pres-
LIVRO UM: ANIMAIS
15
tar homenagem a títulos e posses por um curto tempo,
eventualmente os senhores Cainitas ficam inquietos. É
sábio para um Gangrel seguir em frente, antes que a suspeita
tenha chance de crescer.
Depois há os mortais, que constantemente invadem as
áreas selvagens para expandir seu poder. Um Gangrel que
permanece muito tempo em suas terras torna-se um
“monstro” e logo se vê caçado pela Igreja. Muitos padres são
apenas porcos superalimentados, mas alguns são realmente
perigosos. Estar em movimento é a melhor defesa contra a
descoberta por mortais.
Tudo isso não quer dizer que não temos lugares que
consideramos nossos. Alguns de nós literalmente cruzam o
continente em suas viagens, até mesmo viajando para o
Leste ou arriscando rotas oceânicas para ilhas distantes. A
maioria de nós, no entanto, restringe nossas andanças a uma
área muito menor. Pode ser tão pequena quanto a área ao
redor de um lago ou as margens de um rio. Pode ser tão
grande quanto os Pântanos de Pripet. Geralmente, um
Gangrel reivindica apenas a terra que ela pode cobrir em
uma semana de viagem. Esses territórios são temporários,
geralmente existindo apenas por alguns anos até que seus
“proprietários” Gangrel partam. Não sobrepujamos
territórios, se possível — muitos caçadores atraem mais
atenção.
Uma nota final — nossos grandes inimigos também não
permanecem em um lugar por muito tempo. Os Ravnos
parecem vagar quase tanto quanto nós, embora isso possa
ser em parte porque estamos caçando-os (e eles a nós).
Alguns Cainitas também parecem mais inclinados a se
movimentar, com suas Cruzadas e Igreja. Durante tais
movimentos, eles são mais vulneráveis do que nós. Lembre-
se disso e planeje de acordo.

Exceções
Nem todo Gangrel é um andarilho. Enquanto a
tradição do clã e a situação geral incentivam tal
comportamento, alguns Gangrel vão contra o tipo.
Um Gangrel como este se ligará a uma área por séculos,
considerando-a sua terra e fazendo tudo o que pode
para defendê-la de invasões. Gangrel assim se
escondem na Escandinávia, nos Bálcãs e em algumas
áreas das Ilhas Britânicas. Os Gangrel que não viajam
estão entre os mais fortes no clã sendo respeitados pela
sua capacidade de sobreviver como fazem.
Estes Gangrel também conseguem organizar tré-
guas curtas ocasionalmente com os Lupinos. Algumas
almas muito generosas descrevem essas tréguas como
alianças, mas na realidade, elas são nada mais do que
um acordo de não agressão por um tempo. As raízes de
muitas histórias Gangrel de amizade Lupina estão em
histórias sobre essas tréguas instáveis.

LIBELLUS SANGUINIS 3

16
Tornando-se um
Gangrel
Raramente concedemos o Abraço, porque é tanto
uma maldição quanto uma bênção. Quando abraçamos,
escolhemos aqueles de estoque robusto, inclinados a lutar
contra o destino. As qualidades que buscamos naqueles
que abençoamos são coragem, forte vontade e habilida-
des de sobrevivência. O Abraço também é uma maldição,
e é dado àqueles mortais que nos ofendem. O padrão do
Abraço é similar, seja para uma maldição ou bênção.
O Abraço
Um senhor Gangrel frequentemente escolhe um candi-
dato em potencial para o Abraço durante a alimentação. Se a
presa mortal resiste, lutando contra o que está acontecendo,
então sua recompensa após a morte pode ser um gosto do
sangue Gangrel. Nosso clã faz muitos Gangrel dessa
maneira, remontando aos primeiros guerreiros escolhidos
por Ennoia para lutar em sua guerra. Este método produz
um Gangrel com um desejo feroz de sobreviver, mesmo que
ele não tenha todas as ferramentas.
Também encontramos Gangrel em potencial através da
observação. Enquanto a maioria dos mortais permanece se-
guramente escondida durante a noite, alguns arriscam a escu-
ridão. Quando um de nosso clã encontra um mortal assim,
ela observa em vez de atacar. Afinal, é preciso coragem para
vagar nessas noites. O Gangrel observa o mortal, procuran-
do por sinais de bravura ou habilidade para sobreviver. Às
vezes, um mortal à noite está simplesmente perdido — se esse
for o caso, ele se torna presa. No entanto, se o mortal mostra
habilidade para se mover à noite, não é covarde e mantém o in-
teresse do observador, ele é um bom candidato para o Abraço.
Quando punimos, no entanto, há pouco esforço desper-
diçado. Um mortal que insulta ou ameaça um de nosso clã
recebe uma visita noturna. O Gangrel Abraça o mortal,
tornando o processo o mais doloroso e aterrorizante quanto
possível, e o abandona. Geralmente o Abraço acontece em
casa, nos quartos da pessoa punida, assegurando sua desco-
berta e destruição. Em noites recentes, este castigo caiu em de-
suso, embora ainda haja alguns que o pratiquem ativamente.
Se o padrão de nosso Abraço não está claro, deixe-me
torná-lo claro. Raramente oferecemos uma escolha. Isso se
tornou uma tradição com nosso clã, já que tão poucos de nós
tivemos uma escolha. Digo raramente, porque há alguns
Gangrel que quebram com a tradição. A prole desses
Gangrel é considerada por alguns como de estoque inferior,
mesmo que sobrevivam. Embora não sejam considerados
proscritos, um Gangrel dado uma escolha recebe raramente
o mesmo respeito daqueles Abraçados tradicionalmente,
mesmo após os ritos de status. Eu te encorajo a pensar nisso,
antes de oferecer uma escolha.
O Inimigo Imortal
Abraçar inimigos tem o potencial de se voltar con-
tra o Gangrel. Se o inimigo sobreviver às primeiras
noites e desenvolver seu poder, ele pode usar suas
novas habilidades para caçar aquele que o amaldiçoou.
Isso é um evento raro — parte da punição é empilhar as
chances para a sobrevivência ser quase impossível. Um
novo Gangrel que consegue sobreviver tem uma
invejável combinação de astúcia, habilidade bruta e
sorte — claramente um inimigo perigoso a ser
perseguido, mas possivelmente alguém com um futuro
promissor no clã.
As Primeiras Noites
Após o Abraço, o senhor desaparece na noite, deixando
o novo Gangrel por conta própria. Eu ouvi Cainitas falarem
de levar anos para preparar seus filhos, treinando-os antes
do Abraço e até mesmo imediatamente depois. Isso é uma
perda de tempo. É melhor economizar o esforço de treinar
um filho até depois que ele tenha provado que pode
sobreviver. Assim, o senhor abandona completamente sua
criação nas primeiras noites, deixando-a sozinha para
enfrentar a luta pela sobrevivência.
Muitos não duram nem mesmo a primeira noite. Aque-
la primeira fome é a mais forte e traz rapidamente a Besta à
superfície. No nevoeiro daquela primeira fúria selvagem,
um filho comete inúmeros erros. Se Lupinos e mortais não
a destruírem, o primeiro nascer do sol pode. Se o senhor
escolheu bem, no entanto, a criança rapidamente entende
sua situação e se adapta. A recompensa por essa primeira
noite é uma das marcas de Ennoia.
Qualquer Gangrel resiliente e capaz o suficiente para
sobreviver às primeiras noites logo desenvolve as ferramen-
tas que usamos para sobreviver às que seguem. Com o
tempo, a criança deve aprender a crescer garras, falar com os
animais e aceitar nossas forças e fraquezas. Ela também deve
aprender a tomar decisões rapidamente por conta própria.
Nossa condição não permite longas reflexões sobre o curso
correto a seguir. Tal indecisão leva à Morte Final. Este é um
momento perigoso para a criança, perdida e sem orientação.
Aceitação
Um novo Gangrel deve sobreviver pelo menos um in-
verno antes de ser digno de ensino. “Quantos invernos?” é ge-
ralmente a primeira pergunta que um Gangrel faz ao encon-
trar outro na natureza. Um novo Gangrel tem raramente a
resposta correta, e assim se revela. A tradição diz que qual-
quer filhote encontrado dessa forma se torna uma respon-
sabilidade. O Gangrel mais velho deve auxiliá-lo em sua
sobrevivência e ensiná-lo os caminhos do clã, pelo menos até
que sua natureza seja revelada. Se o filhote acabar sendo das
proles Cainitas, o Gangrel o deixa à sua própria sorte.
LIVRO UM: ANIMAIS
17
 Uma vez aceito, o novo Gangrel aprende as histórias e
tradições do clã, particularmente o ritual de saudação e os
ritos de status. A instrução no uso de nossos dons segue. As
lições incluem descrições de nosso relacionamento com os
Ravnos, Lupinos e Cainitas. Após meses de ensino, forma-se
um vínculo estreito entre o aluno e o professor, semelhante à
relação entre um senhor e filho entre os Cainitas.
Após esse treinamento, um Gangrel é oficialmente um
membro do clã.
Diablerie
Nós geralmente não nos entregamos ao Amaranto,
preferindo em vez disso honrar os caídos com uma simples
Morte Final. Além disso, vemos aqueles que se entregam à
diablerie meramente para ganhar poder como covardes. Há
uma instância onde a diablerie é apropriada — para
preservar o espírito de um bravo guerreiro caído.
Carniçais
O ato de alimentar um mortal com nosso sangue é, para
muitos no clã, um grave crime. Os Cainitas se entregam a
essa prática com abandono, parece, criando cultos de
Carniçais para servi-los, e isso contribui para a distância
entre nossos povos. No entanto, há momentos em que
criaremos tais criaturas. No norte, Gangrel alimentam
guerreiros com seu sangue para torná-los mais fortes, como
uma recompensa por serviço leal. Em outros lugares,
transformar um mortal em um escravo é o passo anterior ao
Abraço e considerado parte da observação. Em nenhum
lugar o ato é realizado sem consideração, porém.
Somos mais propensos a alimentar animais com san-
gue, para garantir lealdade e evitar os problemas de
constantemente exercer nossa vontade sobre eles. Muitos
outros reivindicam serviço das criaturas selvagens: Lupinos,
Cainitas e até mortais. Se um Gangrel deseja um compa-
nheiro leal, o presente do sangue é frequentemente o único
caminho. Mesmo aqueles livres do controle de outro são na
maioria criaturas da vida e do dia e nos temem se não
provarem nosso sangue.
O estado constante de guerra, real ou imaginado, que
muitos Gangrel se encontram levou à criação de muitos
Carniçais, tanto mortais quanto animais. Minha esperança,
compartilhada por muitos no clã, é que esses números se
reduzam em noites futuras. Construir uma enorme tribo de
bebedores de sangue cheira a civilização para mim.
LIBELLUS SANGUINIS 3
18
Religião
Não tenho uso para a religião. Uma vez, eu adorava
deuses e deusas e observava os rituais. Depois do que me
aconteceu, não consigo mais queimar oferendas ou dizer
as orações. De certa forma, agora sou um semideus, descen-
dente da linhagem de Ennoia. O resto é apenas mentiras.
Velhas Maneiras
Não estou sozinho em meus sentimentos. Muitos de nós
lembram de tempos melhores, quando tribos aterrorizadas
nos consideravam deuses da floresta e davam sacrifícios para
proteger filhas inocentes. Em noites mais antigas, tribos nos
viam como paragons e desejavam emular nossa bravura.
Éramos heróis para alguns. Alguns de nosso tipo
encorajaram essa adoração, até mesmo explorando-a para
construir pequenos reinos. Foram tempos grandiosos.
Mesmo alguns dos jovens Gangrel acham difícil resistir
ao encanto do poder divino. Alguns se estabelecem em
terras remotas como deuses e deusas, tentando impressionar
os locais com suas habilidades. Nestas noites, o castigo por
tal arrogância é rápido. As pessoas têm um novo deus, e ele
não gosta de nós. Apenas aqueles nas terras mais remotas
podem escapar da retribuição.
Cristianismo
A Igreja, seja ela Romana ou Bizantina, é nossa inimiga.
As mentiras que pregam nos tornaram monstros. Os padres
guerreiam contra nossa espécie onde quer que nos
encontrem. Eles trazem fogo e a cruz, e levam os mortais
para longe de nós. Não somos mais deuses e heróis. Agora
somos monstros e demônios, embora alguns de nós tenham
existido desde antes desses cristãos terem um nome.
Pior, já que a Igreja se espalhou tanto, alguns dos Gan-
grel mais novos professam a fé odiada. Eles até tentam falar
nos Encontros, para nos convencer de que somos menos que
humanos e precisamos de redenção. Não tenho paciência
para eles, e te encorajo a sentir o mesmo. A Igreja traz em seu
rastro a fraqueza da civilização — engano, construções,
burocracia e falta de força interior. Se quisermos sobreviver,
devemos resistir a ela de todas as formas possíveis.
Ultimas Palavras
Tentei ensinar-lhe bem. Tenho uma última lição, no en-
tanto — nada do que eu disse é lei. Leis e regras são para
civilizações, não para nós. Alguns dizem que o destino tece
um tapete para cada um de nós, e não podemos mudar
nosso destino. Isso pode ser verdade, mas o que esse tapete
retrata depende de você. Saia e torne-o seu.
 Pegadas de Lobo
Eu sou Yesugei, chamado Oderic entre os Francos, e sou
um viajante entre os nossos. Caminhei mais do que
qualquer outro e vi mais do que qualquer um. Eu posso
contar os Lupinos que sobrevivi em ambas as mãos; aqueles
que matei em uma única garra. Eu era velho antes da vinda
de Roma, mais velho quando a vi cair, e serei ainda mais
velho quando ela ressurgir.
Eu sou seu guia.
Geografia
Recentemente fiz minhas rondas por este mundo
conhecido, levando notícias e histórias de nosso tipo para os
quatro cantos. Parecemos estar em todos os lugares, embora
não tão numerosos como eu me lembro. No entanto, somos
mais do que qualquer Cainita suspeita, pois eles não se
preocupam em contar. Isso é sempre nossa força, pois
surpreende os Cainitas descobrir o quanto podemos fazer.
Mas chega, pois a noite de verão é curta e tenho muito a
lhe contar. Ouça bem, para que você possa falar em outro
Encontro e dizer que o Clã Gangrel permanece forte.
Ilhas Britânicas
Começamos onde iniciei o ano, naquelas pequenas ilhas
ao largo da costa da Normandia. Sim, eu digo pequenas.
Apesar das atitudes dos habitantes, elas realmente desem-
penham pouco mais do que um papel de apoio nos eventos
da Europa. Não há muitos Gangrel nessas ilhas, e os que
estão lá parecem ter ideias estranhas. Passei o inverno em
suas regiões do norte, longe dos olhos dos Cainitas e dos
Lupinos. Terras frias, com gente resistente. Infelizmente, a
cada ano isso se dificulta, pois as necessidades famintas da
civilização e da religião empurram os mortais a conquis-
tarem seus vizinhos. Não que seja difícil para um governante
moderno justificar a conquista.
Escócia e Irlanda
As colinas e vales da Escócia são um refúgio tão seguro
para nós quanto se poderia esperar. Isso significa haver um
bom número de Lupinos para evitar, claro. As florestas são
concentradas em direção às Terras Baixas, lar de muitos
escoceses. Ao Norte, as montanhas escarpadas são o lar dos
remanescentes de um tempo antigo e melhor. Os Homens
das Terras Altas têm muitas qualidades a serem admiradas,
eu acho. Ah, há também uma série de ilhas pequenas, prin-
cipalmente áridas, agrupadas ao redor da costa norte.
Ainda não encontrei um Gangrel que reivindique a
Escócia como seu território, embora conheça muitos que
dizem que foram Abraçados nas Terras Altas. Podemos
viajar pelos pântanos, mas ficar é quase certeza de morte. Os
Lupinos guardam as áreas selvagens agressivamente, e os
Cainitas aqui parecem achar nosso clã um incômodo.
Durante minha visita na primavera, encontrei um Gangrel
perto de um dracar encalhado e apodrecido. Ele afirmou
que era um dos muitos que ainda saqueiam as costas,
embora pelo que, eu não posso dizer.
Claro, nada permanece o mesmo por muito tempo. Há
uma divisão entre o povo da Escócia entre aqueles leais à ter-
ra e aqueles leais aos ingleses. Sinto uma guerra chegando, e
em seu rastro, nossa melhor chance de reivindicar as Terras
Altas dos Lupinos.
Agora, a Irlanda é uma história diferente. Faz muito
tempo desde que viajei para a ilha verde, e não guardo boas
lembranças da viagem. Por mais hostil que a Escócia seja, a
Irlanda é pior. A Escócia pelo menos oferece a chance de
escapar para o sul, mas a Irlanda é nada mais que uma prisão
a menos que você não tema as águas frias do mar. Lupinos e
goblins infestam o lugar, e deixam pouco espaço para qual-
quer um de nosso clã rondar.
Ainda assim, se houver necessidade de prova de que
nossa espécie pode sobreviver em qualquer lugar, esta ilha é
a prova. Pois mesmo aqui, onde nossos inimigos são nume-
rosos, poderosos e implacáveis, alguns Gangrel sobrevivem.
Estou tão surpreso quanto você. A maioria está presa ou foi
deixada para trás por saqueadores, e não é provável
sobreviverem muito tempo. O restante é antigo mesmo para
mim. Suspeito que datem logo após a Traição, e são
facilmente tão poderosos quanto nossos mais antigos. A
menos que você possa igualá-los, sugiro ficar longe da
Irlanda.
LIVRO UM: ANIMAIS
19
Inglaterra e País de Gales
Após os perigos da Escócia e Irlanda, a Inglaterra e o País
de Gales parecem lugares muito seguros. Aqui, os Cainitas
são dominantes, assim como a influência da civilização. O
primeiro Gangrel aqui precedeu a invasão romana. Sim,
nosso clã estava lá para saudar César e os Cainitas que
seguiram seus exércitos. Os primeiros Gangrel vieram
caçando os Lhiannan em seus refúgios druídicos. Alguns
seguiram os Ângulos e os Saxões para os novos campos de
caça. Suficientes Gangrel se estabeleceram na região para
sustentar uma população distinta entre os nossos.
Não resta muito na Inglaterra para ser chamado de sel-
va, mas as florestas cuidadas e terras de caça fornecem
cobertura suficiente para nossas atividades. Rumores de
gatos selvagens e leões são frequentemente indicações de
que um de nós está ativo na área. No entanto, pise com
cuidado, pois os senhores Cainitas são propensos a investi-
gar tais rumores e organizar uma caçada a um Gangrel
descuidado. Por falar nisso, os senhores mortais são apaixo-
nados por suas caçadas e podem ver um avistamento de leão
como uma chance de aventura. Lembre-se sempre de que se
você não causar problemas, eles não o encontrarão. Você
duvida? Pense em quantos invernos tenho sobre você,
filhote, e feche a boca.
Agora, o País de Gales é um lugar de verdadeira oportu-
nidade para todos nós. Bem, se não fossem pelos Lupinos e
os anciões Gangrel que já rondam as colinas e fronteiras,
seria grandioso. Vou avisá-lo agora — os Gangrel no País de
Gales têm um desejo por sangue Cainita e não são exigentes.
Consegui uma breve conversa com uma, Bodhmall, depois
que ela se alimentou do meu companheiro. Ela me disse que
os Lupinos no País de Gales parecem dispostos a conversar
Um Cavalheiro Gangrel
Alguns dos Gangrel na Inglaterra diferem dos seus
semelhantes do continente, principalmente na adoção
de maneiras civilizadas. Esses Gangrel seguem a etique-
ta dos conquistadores normandos numa tentativa de se
integrarem. Aceitando a história de Caine e jogando
com a suposta parentesco que ela oferece, esses Gangrel
viraram as costas para sua herança saxônica e Anglo-Sa-
xônica para assumir o estandarte dos Cainitas Normandos.
Os Gangrel normandos rejeitam os modos do clã,
recusando-se a participar de Encontros ou a respeitar
os ritos de status. Em vez disso, vivem como cavalheiros
do campo e participam da sociedade Cainita. Ter carac-
terísticas animais é uma grande desgraça, assim como
seguir o Caminho da Besta. Alguns Gangrel Norman-
dos se tornaram tão adeptos em negar sua natureza que
conseguem se passar por Ventrue ou Toreador.
LIBELLUS SANGUINIS 3
20
em vez de lutar. Eu não estou disposto a testar essa teoria,
mas tenho certeza de que alguns de vocês estarão.
O Continente
Deixando as Ilhas Britânicas, passei o resto da primave-
ra vagando por Iberia e Gália, terminando na terra natal dos
Romanos. Os nomes destes lugares sempre mudam, assim
como as pessoas e os governantes. Refiro-me a eles pelos
nomes que aprendi anos atrás. Afinal, velhos hábitos são
difíceis para nós de quebrar.
Ibéria
Os Gangrel chegaram a esta península no rastro da mi-
gração dos Visigodos, há centenas de anos. O clã se espalhou
a partir da área ao redor da atual Barcelona nos anos que se
seguiram. Espalhamo-nos para o sul, ao longo da costa do
Mediterrâneo, antes de seguir para o interior e para o norte.
Segui a rota de migração desses Gangrel antigos. Não foi
difícil, já que eu era um deles. Lembro-me quando os
Mouros varreram a África, e com eles os verdadeiramente
nômades Gangrel do Oriente Médio. Por um tempo, eu
esperava que os Mouros conquistassem toda a Europa.
Agora vejo que eles não eram melhores do que os Romanos
que poderiam ter substituído.
O conflito entre os Mouros e os Cristãos ainda persiste.
Pior, os Gangrel que se aliaram aos Mouros fazem guerra
contra o resto do nosso clã e contra os Cainitas que se
concentraram nos reinos do norte de Castela, Leão, Aragão,
Navarra e Portugal. Religião e civilização enganaram nossos
parentes a derramar seu próprio sangue novamente. Tolos.
Gália
O que você chama de França não é mais do que uma
coleção de províncias confusas, devendo fidelidade a
qualquer número de duques, príncipes e reis. Os Gangrel
que vagam pelo norte são descendentes de tribos nórdicas e
germânicas assentadas ali. No sul, você encontra Gangrel
Abraçados de Visigodos, Francos e outras tribos misturadas.
A Gália é um terreno fértil para o nosso tipo nômade.
Poucos dos que Abraçamos ficam muito tempo, e culpo os
Ventrue e Toreador por isso. Eles parecem estar em toda
parte, seguindo os mortais que constroem cidades e castelos.
Não é um lugar confortável para o nosso tipo. Pior, aquele
culto romano parece estar em toda parte aqui, tornando
difícil para nós nos escondermos.
Passei pela Gália rapidamente, tentando o meu melhor
para permanecer escondido e evitar o fedor. Não pude
resistir a uma visita a Paris, no entanto. Eu queria comparar
a cidade com a Roma decadente que lembro de ter
saqueado. Não demorou muito depois que cheguei, um
Cainita, da prole de Nosferatu, me contatou. Ele me disse

Gangrel Taifa
Os Gangrel que seguiram os Mouros e se estabele-
ceram em Ibéria desenvolveram sua própria cultura
única. Ainda fundamentalmente Gangrel, o ensino do
Islã e a civilização de Al-Andalus (Iberia Islâmica)
tiveram uma profunda influência sobre eles. Esses
Gangrel Taifa (nomeados após os pequenos reinos
muçulmanos de Iberia) se veem como guerreiros
eruditos, lutando uma guerra religiosa. Eles se
identificam mais com o Islã e aqueles Cainitas que o
seguem, do que com o Clã Gangrel.
Na prática, isso significa que os Gangrel Taifa
Abraçam apenas guerreiros devotos. O novo conver-
tido se associa a um Gangrel Taifa mais velho, para
ambos, educação e proteção. A dupla passa suas noites
viajando por toda a Ibéria, caçando Cainitas cristãos
de todos os tipos. Ocasionalmente, o Taifa pode se
juntar com um Assamita, mas nunca por muito tempo.
Os Taifa substituíram o Encontro por um conclave
semestral para discutir assuntos. Não ocorrem ritos de
status. Em vez disso, os presentes deferem para o
Gangrel mais velho presente. Além disso, os Gangrel
Taifa muitas vezes se abstêm de se alimentar de
muçulmanos, preferindo em vez disso a vitae de
cristãos ou Judeus.
algo interessante. Ele viu alguns Gangrel que aparentemente
fizeram da cidade sua casa. Minha curiosidade despertada,
passei mais noites do que gostaria tentando encontrar esses
Gangrel. Meus aliados animais e eu não tivemos sorte —
embora eu suspeite que alguns dos ratos estivessem
mentindo. Se há Gangrel fazendo suas casas em Paris, eu
não vi sinal deles.
Minhas viagens pelo resto do país não foram em vão. A
terra está à beira da guerra. Você pode sentir isso no ar e no
solo, bem como nas pessoas. A verniz da civilização logo se
quebrará, e eu o encorajo a estar perto quando isso
acontecer. Então talvez você veja novamente o fogo interior
que levou esses povos a guerrear com Roma. Então você verá
o quanto tempo suas torres e cidades realmente são um
desperdício.
Alemanha e o Sacro
Império Romano-Germânico
O povo germânico não tem unidade. Ganância, orgu-
lho, inveja e muitos governantes tentando ser reis dividem a
terra. Não é nenhuma surpresa que este seja o berço do
nosso clã desde que fugimos do Oriente. Os Gangrel que
vagam eventualmente passam por aqui. Aqui foi o local do
último Grande Encontro que marcou o fim de Roma. Eu rio
quando ouço os mortais chamá-lo de Sacro Império
Romano-Germânico; a ironia não intencional me agrada.
Deste império fraco, o Clã Gangrel cresce.
Como você sabe, mesmo uma terra tão rica quanto a
Alemanha tem perigos para o nosso clã. Tudo o que torna o
lugar nosso lar o torna atraente para os Lupinos. Eles são
uma presença constante, observando e se escondendo na
Floresta Negra. Há um lado positivo — isso torna as florestas
alemãs o campo de provas perfeito para novos Gangrel.
Aqueles que sobrevivem aprendem rapidamente como
evitar o pior que os Lupinos oferecem.
Também competimos com outros Cainitas, que buscam
explorar as riquezas e a agitação. Os Ventrue parecem ter
feito disso uma questão de orgulho seguir as tribos
germânicas pela Europa. É fácil superestimar a influência
A Huno
Matasuntha veio do Oriente com a primeira hor-
da de Hunos na segunda metade do século IV, e
dominou rapidamente os Gangrel do Ocidente. Em
400 EC, ela convocou o Grande Encontro e derrotou
todos os que a desafiaram. O clã a chamava de rainha
e a nomeou a Huno. Por uma década depois, ela
liderou os Gangrel no Grande Banquete. Por toda a
Europa, os Gangrel se ergueram em atos de violência
e destruição. Onde a destruição era maior, lá estava a
Huno — poderosa e antiga, com pele listrada de tigre,
olhos amarelos e longas garras. Então, tão repentina-
mente quanto apareceu, ela desapareceu. O Grande
Banquete terminou, e os Gangrel se dispersaram.
Por 500 anos, ela sumiu. No início dos anos 900,
ela reapareceu nos Alpes, parecendo mais com um
tigre do que antes e muito subjugada. Aparentemente,
seu longo desaparecimento a deixou faminta, pois
muitos Cainitas desapareceram da Itália e da
Alemanha du-rante os primeiros anos de seu retorno.
Para os poucos que sobreviveram a um encontro, a
Huno falou de batalha com um Cainita nas cata-
cumbas sob Roma, e de seus longos anos em torpor.
A Huno está retornando à sua forma nas noites
recentes, suas feridas e fome agora saciadas. Ela busca
Gangrel, falando-lhes do Grande Encontro que ela
chamará em breve. Os tempos não são os mesmos,
porém. A Huno tem nova competição no Ocidente,
com o Todo-Alto governando o Norte. Além disso,
muitos dos novos Gangrel não se lembram dos dias de
glória dos quais ela fala, e não lhe dão ouvidos.
LIVRO UM: ANIMAIS
21
dos Cainitas na sociedade mortal, mas nunca subestime a
capacidade de um Ventrue irritado de liderar os mortais
contra você — especialmente no Sacro Império Romano
Germânico, onde os padres são zelosos.
Os Gangrel que reivindicam território aqui remontam
até o momento da Traição. Alguns desses anciãos são
secretos e difíceis de se aproximar, escondendo-se como
fazem nas florestas mais profundas. Outros parecem
afetados por essas florestas. Os mortais têm uma lenda que
cantam sobre o rei-guerreiro Beowulf, que matou um grande
monstro. Acredito que o monstro de que eles cantam seja
um desses velhos Gangrel por haver muito na terra que
impulsiona nossa espécie em direção à Besta.
Durante minhas viagens, encontrei muitos Gangrel com
menos de cem invernos de idade nestes estados. Eles vieram
de toda a Europa e pareciam mais amigáveis do que os
anciãos. Nossa imagem como solitários e animais nasce
aqui, onde os Encontros encorajam a Besta e os Cainitas
temem as florestas à noite.
Com a fronteira por perto, o Abraço é mais comum aqui
do que em outras áreas. Muitos mortais arriscam as florestas
escuras, por necessidade ou por escolha. Nem todos os
escolhidos sobrevivem ao primeiro inverno, considerando
todas as ameaças. Sobreviver a mais de uma dúzia de
invernos na Alemanha é realmente uma façanha
impressionante. É natural que muitos Gangrel que lideram
nossos Encontros tenham passado muito tempo nestas
terras ásperas.
Os Lupinos aqui nem mesmo têm uma pretensão de
amizade, como poderiam ter no País de Gales ou nos Bálcãs.
Somos definitivamente os caçados, e o Gangrel sábio está
sempre em movimento. Felizmente, há muitos lugares para
se esconder — florestas, rios, montanhas, vales e até castelos
e cidades oferecem abrigo. É importante ficar um passo à
frente dos Lupinos e sempre lembrar que você pode partir.
Claro, o perigo dessas terras os torna perfeitos para
Encontros. Grandes riscos e feitos estão sempre a meros
momentos de distância, parece. Até mesmo a jornada para o
Encontro pode ser uma aventura. Além disso, há muitos
alvos para um Banquete, desde um Cainita local irritante até
um Lupino isolado. Esta é verdadeiramente uma terra de
abundância, e eu estava triste em partir.
Enquanto nosso clã sempre será do Oriente, nosso
coração agora está na Alemanha.
Itália
Raramente viajo por este pedaço de terra, mas fiz uma
exceção desta vez. Grande parte da terra já viu o machado,
pá, furador e arado mais do que eu gostaria. A última vez que
passei mais do que algumas noites foi quando os Godos sa-
LIBELLUS SANGUINIS 3
22
quearam Roma e governaram o país. Ah, aqueles eram os
dias, até a civilização arrastar os mortais para baixo. Desta
vez, passei semanas confirmando que o lugar está ainda pior
agora. Considero-o poluído. Não estou sozinho em minha
opinião, mas sempre há quem discorde. Alguns Gangrel de
fato sobrevivem lá, nos Apeninos. Esses Gangrel descem bre-
O Grande Lobo Mau
Muitos dos contos que os mortais contam envolvem
lobos ou monstros nas florestas, e os Gangrel são muito
provavelmente a base para muitos deles. Característi-
cas de lobo são marcas de honra entre os Gangrel Ger-
mânicos, que as usam com orgulho. O design de mui-
tas proezas é, na verdade para produzir tal marca, e em
questão de décadas, um Gangrel no Sacro Império
Romano pode se tornar quase irreconhecível como
humano. Claro, Lupinos e lobos reais também contri-
buem para essas histórias, mas nenhum compartilha a
necessidade dos Gangrel de predar sobre humanos.
vemente sobre a população, antes de se retirarem para as
montanhas quase intransponíveis. É uma pequena vingança
sobre Roma, suponho. No entanto, me pergunto quantos
desses Gangrel estão se escondendo do resto de nós. Direi
que ainda não encontrei um Gangrel Romano, embora
tenha certeza de que houve pelo menos um ou dois daquele
império que talvez merecessem o Abraço. Se você ouvir falar
de um, me avise.
Os Bálcãs
Quase todas as invasões da Europa vindas do leste passa-
ram por esta área, então está cheia de Gangrel. Os Bálcãs
foram a principal rota de migração dos Gangrel para o oeste,
e eu sempre gosto de retornar aqui. Nós realmente temos
algum poder político aqui, onde as tribos que seguimos têm
controle: os Magiares, Hunos, Sérvios… são muitos para
nomear. Esta é a linha de frente de nossas guerras com os
Ravnos (que usam as mesmas rotas que nós) e os Tremere.
Todo Gangrel deveria eventualmente vir aqui, acho eu, para
ler a história gravada no solo.
Os Gangrel que reivindicam território aqui se dão bem,
mantendo a velha tradição de bandos. Três ou quatro de
nosso clã viajam e caçam juntos, cooperando para a
sobrevivência mútua. Estes bandos até se combinam para
ajudar mutualmente, sem o tradicional Encontro e
Banquete. Este é o antigo caminho, de antes da Traição, e
me agrada ver que ele sobrevive.
 Muitos de nossos inimigos também se aglomeram aqui,
pisando nos pés uns dos outros e tornando a área um rico
campo de caça para os corajosos. Os Tzimisce governam
grande parte da terra, embora enfrentem desafios dos
Ventrue. Os Tremere estão escondidos em suas tocas,
evitando nós o melhor que podem. Os Lupinos aqui são
fracos, e alguns até estão abertos a tréguas. E as duas
diferentes igrejas, Romana e Bizantina, competem pela
lealdade do povo. Não há dúvida de uma guerra iminente ou
período de inquietação — algo está sempre agitando os
Bálcãs.
Na Encruzilhada
Enquanto os bandos de Gangrel nos Bálcãs seguem
muitas das tradições antigas e em desuso, eles desenvol-
veram uma nova tradição própria. Uma alcateia busca por
um mortal adequado, alguém corajoso e habilidoso, e o
persegue. Decidindo Abraçá-lo, a alcateia sequestra o mortal
escolhido e o leva até uma encruzilhada próxima. Lá, a
alcateia Abraça o mortal e o enterra inconsciente em uma
cova no centro da encruzilhada. A partir desse ponto, a
alcateia observa escondida nas proximidades ou usando os
olhos de um animal.
Se o novo Gangrel conseguir se libertar do enterro, ele
passa no primeiro teste. Falhar em cavar para fora da cova
resulta eventualmente em torpor. O bando observador
espera algumas noites, desenterra então a vítima e a destrói,
em vez de abandoná-la.
Após se libertar da terra, o novo Gangrel enfrenta um
segundo teste. Em um frenesi de fome, ele deve agora
decidir em que direção buscar presas. Para passar neste
teste, o novo Gangrel deve deixar as estradas e começar a
caçada. Nesse ponto, o bando convoca um animal como
alimento, revela-se e aceita o novo membro do bando.
Seguir por qualquer uma das estradas é a resposta errada, e
o bando sairá do esconderijo para destruir o novo Gangrel
como inadequado.
Os Gangrel Abraçados dessa maneira parecem normais
o suficiente, embora eu tenha visto um ou dois se recusarem
a se esconder na terra, mesmo sob grande ameaça.
Escandinávia
Já faz um tempo desde que andei no convés de um
dracar ou sentei à mesa em um grande salão. Os Gangrel
do Norte são uma raça própria, governando sobre os
mortais e reivindicando ser descendentes do seu deus de
LIVRO UM: ANIMAIS
23
um olho só. O Todo-Alto é o líder nominal deles, o Jarl do
Norte como às vezes o chamam. Esses vargr saem de seus
salões gelados pela Europa, fingindo que continuam no
auge de seu poder.
O Norte é um lugar de atos ousados, bravura e coragem
bruta. Não há medo de Lupinos aqui, apenas um respeito
relutante. Ainda assim, outros Cainitas chegaram ao Norte
e empurram nosso clã cada vez mais para as áreas selvagens.
Suspeito que não demorará muito para que os vargr tenham
que abandonar sua pretensão e se juntar ao resto de nós.
Isso, ou talvez eles fujam para a lendária Vinland, que figura
em muitas de suas histórias.
Rússia
Esta terra é apenas uma parada temporária nas migra-
ções para leste, oeste, norte e sul. Alguns dos Gangrel do
Norte tentaram se estabelecer na selva, mas sofreram nas
mãos dos Lupinos. Qualquer um dos nossos que perma-
neceu aqui por muito tempo achou a situação difícil.
Muito poucos de nosso clã conseguiram sobreviver mais
do que alguns anos, e aqueles que sobrevivem normal-
mente partem para locais relativamente mais seguros.
O Oriente Médio
Não viajo para o Levante e outras terras árabes há algum
tempo. Gangrel estão lá, no entanto. Originários dos
Turcos e Beduínos, eles mantêm-se reservados. O pouco
que sei, aprendi com os poucos Gangrel que seguiram os
Cruzados de volta. Eles falam de Gangrel vivendo em
Constantinopla, do poder condenável de homens
religiosos e do avanço constante da civilização. Aparen-
temente, há Lupinos até mesmo nos desertos. Só posso
pensar que o Clã Gangrel enfrenta os mesmos desafios em
todos os lugares.
O Extremo Oriente
Anseio por viajar novamente para o leste, onde nosso
clã amadureceu e onde Ennoia ainda vagueia. Expulsos
pelos Ravnos e pelos Gigantes, recuamos para o Oeste.
Uma vez vagamos pelas estepes como deuses. Agora,
apenas os bravos e fortes arriscam a viagem; muito mais do
que os Ravnos vagam pelas estepes agora. Os mortais
retornam com histórias de vacas de duas cabeças e bestas
chifrudas. Eu vi tais coisas quando era jovem, antes de
fugirmos. Estranho é o único termo para descrever o
Oriente. Viaje para lá com o maior cuidado e esteja sempre
vigilante. E nunca esqueça que, em alguma noite,
reconquistaremos o que é nosso.
LIBELLUS SANGUINIS 3
24
Forasteiros
Agora, deixe-me falar sobre os Cainitas e outras criatu-
ras. Sem dúvida, você já encontrou alguns. Estas são minhas
impressões, baseadas em experiências pessoais e histórias
contadas para mim. Tenho certeza de que, se você viajasse
para outro lugar, ouviria palavras ligeiramente diferentes,
mas a mensagem seria a mesma.
Não vou entediá-lo com a longa lista de queixas que ouvi
alguns usarem. Dizer para você evitar o Barão Trappe ou se
esconder no celeiro de Berna não é útil por mais do que
alguns anos, de qualquer maneira. Em vez disso, vou apenas
contar as partes importantes e deixar o resto por sua conta.
Cainitas
Supostamente filhos de um agricultor amaldiçoado, os
Cainitas são um grupo diversificado. Todos parecem
fascinados pela civilização e cidades, no entanto, esprei-
tando entre grupos de mortais como moscas em um cadáver.
Esta é a linha que nos separa deles, embora eles raramente a
vejam. Eles nos chamam de Cainitas e insistem que seus
textos sagrados provam que somos seus parentes. Aceite sua
presunção se isso lhe servir, mas lembre-se da verdade de
Ennoia e da Traição.
Assamitas
Enquanto temos pouco medo de qualquer grupo além
dos Lupinos, os Assamitas me deixam nervoso. Os
Sarracenos lutam contra o Cristianismo, mas o Islã não é
melhor para nós. Com um inimigo em comum, um Gangrel
pode agir como guia ou batedor para os Assamitas. Na maior
parte do tempo, somos mais presas do que iguais. Todo
Assamita que conheci afirmou ter honra ou ser espiritual.
Parece ser um ponto de orgulho para eles. Mas quando os
dentes aparecem, eles são caçadores como o resto de nós.
Tenha cuidado ao redor deles.
Brujah
São fortes, rápidos e cheios de si. Os Brujah são uma
piada, na minha opinião. Os Brujah escolheram ignorar
nossos avisos sobre o que aconteceria em Cartago, porque
éramos apenas “Animais”. Bem, agora os tratamos como
nossos primos lentos. Havia toda a chance de uma aliança
contra Roma, mas o orgulho dos Brujah não permitiu que se
juntassem a nós. Não estou preparado para perdoar o
insulto, nem você deveria. Se eles pudessem aprender a
deixar suas cidades e mortais, e apenas cheirar as flores,
talvez os Zelotes fossem muito mais felizes. Claro,
provavelmente eles iriam querer debater com as flores.
Capadócios
Nossos dois clãs são como óleo e chama, apenas espe-
rando alguém nos unir. Muitos Gangrel ainda mantêm as
superstições de sua vida mortal, e consideram a análise
excessivamente próxima dos mortos como magia negra. Eu
sou um deles. O fato dos Capadócios se parecerem com
cadáveres não ajuda em nada. O desapego da Besta que os
Ladrões de Túmulos parecem apreciar os deixa sem muito o
que discutir com qualquer Gangrel. Honestamente, ambos
os lados parecem preferir assim.
Seguidores de Set
Os Setitas são coisas repugnantes e odiosas que você
destrói onde quer que encontre um. Se encontrar mais de
um, fuja. Claro, nem todos os Gangrel sentem dessa
maneira, mas eu argumentaria que qualquer um que
defenda uma Serpente provavelmente está a serviço dela e
deve ser excluído. Muito do que sei aprendi com os Gangrel
Beduínos, que falam em ser animais de estimação e escravos
dos Seguidores de Set. Você pode acreditar que qualquer
Setita que encontrar está medindo você para uma coleira.
Sei que alguns de vocês não vão concordar e vão querer
tentar aprender por conta própria. Para vocês, eu digo
adeus.
Ouvi dizer que essas Serpentes também rejeitam as
histórias de Caim, mas isso pode ser apenas outra mentira
para nos atrair. Isso realmente não importa.
Lasombra
O apoio dos Lasombra à Igreja garante que eles não se
dão bem com a maioria de nós. A experiência recorrente que
tive é que qualquer cultura que um Lasombra encontra logo
se afasta dos velhos caminhos e aceita a Igreja Romana. Um
ressentimento natural se acumulou ao longo dos séculos,
um que costumo expressar no Lasombra errante que se
aventura demais na natureza. Você pode querer tentar
também. Você pode não pensar que eles são uma ameaça,
mas apenas espere — tenho certeza de que eles farão algo
para te irritar.
Os Gangrel Taifa têm um relacionamento mais amigá-
vel com os Lasombra ibéricos que professam seguir o Islã.
Tentar explicar que qualquer Lasombra que afirma acreditar
em Alá está mentindo só traz problemas.
Malkavianos
Os Malkavianos são os adivinhos do futuro e os prote-
tores especiais do destino. Como grupo, dê-lhes respeito
como se daria a um ancião ou a um Lupino perigoso.
Certifique-se de divulgar no Encontro qualquer conheci-
LIVRO UM: ANIMAIS
25
mento que um Malkaviano escolher compartilhar. A
percepção dos Malkavianos é uma oferta sagrada, a ser
ponderada cuidadosamente. Isso não significa que eu
particularmente goste da companhia dos Loucos. Pelo
contrário, eles são um dos poucos clãs que me preocupam.
Não estou sozinho, também. Malkavianos parecem se
deliciar em brincar com nossa Besta, trazendo-a à superfície
e roubando nosso controle. Quando um grupo deles decide
se voltar contra nós, eles podem nos levar à destruição.
Nosferatu
Os Gangrel e os Nosferatu se dão bem. Até certo ponto.
Nós dois compartilhamos uma aparência incomum,
embora a abordagem deles para lidar com isso difira da
nossa. Ainda assim, há um terreno comum quando nos
encontramos. Os Nosferatu compartilham informações e
são ótimos ouvintes, e poucos Gangrel podem resistir à
oportunidade de contar uma história, inclusive eu. Tudo
bem, “compartilhar” é uma palavra forte demais. Os
Nosferatu raramente contam tanto quanto ouvem, mas
apesar de todas as suas reivindicações de segredo, eles
tendem a soltar um fato ou dois. Também somos um serviço
de mensageiros útil para itens muito grandes para os
métodos normais dos Nosferatu, então eles devem muitos
favores a muitos de nós.
Toreador
As culturas das quais nos Abraçamos não são despro-
vidas de mentes artísticas ou de uma apreciação estética da
forma e estrutura, então o contato com os Artistas é bastante
possível. A dificuldade entre nossos dois clãs não vem da
arte, mas da interpretação. A arte é um meio de transmitir
informações, uma história ou um aviso; algo para contar a
história de um povo. Um Toreador parece ver a arte como
algo exaltado e superior à existência mortal ou imortal. Eu
não entendo isso. Muitos de nós não entendemos. Quando
nossos dois clãs se encontram, esse mal-entendido muitas
vezes transborda para todas as outras áreas. Você pode
imaginar para onde isso leva.
Tremere
A guerra entre Ravnos e Gangrel é antiga, mantida viva
por nossa existência imortal. Esta guerra com os Tremere é
algo novo e pior por isso. Os Tremere se criaram há apenas
cerca de cem anos. Eles experimentaram em Gangrel em sua
busca para roubar o que não era deles, e usaram sua feitiçaria
nefasta para perverter outros de nosso clã em tropas de
choque para a guerra. Não há punição menor do que a
destruição que aliviará essa ferida. É imperativo que os
Usurpadores paguem o preço final, antes que mais Gangrel
caiam em suas mãos.
LIBELLUS SANGUINIS 3
26
Tzimisce
Os Gangrel e os Tzimisce compartilham pouco amor,
e ambos gostamos assim. As terras dos Tzimisce são as
estradas pelas quais as várias tribos do Leste entraram na
Europa, e nós, Gangrel, sempre seguimos no rastro. Se a
ameaça dos Tremere não tivesse surgido, nossos dois clãs
ainda estariam engajados em uma luta pela dominação.
Ao contrário das minhas outras aversões, a que tenho
pelos Tzimisce é meio desinteressada. Comecei a entender
que os medos deles são semelhantes aos nossos — eles não
querem perder seu passado. Em troca, os Tzimisce com
quem negociei começaram a me ver como mais do que
apenas uma besta. Não que eu esteja baixando minha
guarda, pois todos ainda são Cainitas.
Ventrue
Os Ventrue estão tentando governar sem terem con-
quistado esse direito. Eles exploram os sucessos de mortais
poderosos como os Romanos e os Francos, depois tentam
assumir o crédito. Eles fingem superioridade sem
poderem sustentar a reivindicação. Muitas vezes tentamos
apontar isso, e agora os Ventrue tentam mirar em nossos
territórios de caça. Se pudéssemos lutar abertamente
novamente, como fizemos em séculos passados, podería-
mos facilmente ensiná-los a lição que esqueceram. En-
quanto isso, teremos que lutar das florestas sombreadas e
esperar que os Ventrue cometam outro erro.
Baali
Tentamos avisar os Cainitas sobre os Baali, e eles nos
ignoraram. Digo que os deixemos colher os frutos de sua
ignorância. Os Baali são repugnantes, mas não são mais
nosso problema. Precisamos focar nas guerras que já
estamos lutando, antes de assumirmos as batalhas dos
outros clãs.
Lamia
A serviço dos Capadócios, o que mais se pode esperar
além da obediência? Os Lamia são soldados, não guerreiros.
Não cometa o erro de confundir os dois. Não há honra em
derrotar um soldado forçado a lutar para sobreviver.
Salubri
Raramente cruzo caminhos com os Salubri, mas quan-
do acontece, raramente se transforma em violência.
Aquele terceiro olho é uma maldição, e o conhecimento
que eles parecem ter é um fardo pesado que eu não
gostaria de compartilhar. Trate-os com cuidado, e talvez
simpatia. Eles não são como os outros clãs, mas algo neles
me preocupa. Talvez seja porque o mais feroz dos Gigantes
tinha três olhos.
 Gangrel dizerem que Lhiannan foi simplesmente a primeira
Inimigos e Traidores a perceber que a guerra estava perdida. Eles estão confusos —
A batalha entre Ennoia e Churka continua fresca para
a guerra foi perdida porque ela fugiu. Seus descendentes
nós. Os inimigos que nos empurraram para o oeste e os
pagam o preço de sangue de seu ato. O Todo-Alto e os vargr
traidores que nos apunhalaram pelas costas não são esque-
perseguiram e caçaram os Lhiannan incansavelmente pela
cidos e nunca serão perdoados.
Europa. Eles não estão sozinhos. Em breve, nada restará da
Ravnos traidora.
A relação entre os Ravnos e nós é de antagonismo direto
— guerra, se preferir. Estou lhe dizendo agora, para que você
Laibon
Os Laibon são misteriosos e ocultos. Ainda assim, mui-
não cometa o erro que muitos neófitos cometeram. Os
tos em nosso clã os consideram parte da Traição e tentam
Ravnos não são seus amigos. Eles não são seus aliados. Eles
caçá-los da melhor forma que podem. É interessante que os
vão te desviar do caminho e depois destruir você. Se for visto
Gangrel do Norte da África, que teriam o maior contato,
sendo amigável com um Ravnos, você pode se tornar o
falam apenas coisas boas sobre os Laibon. Eu teria que falar
segundo a morrer. Então, seja muito cuidadoso.
com um deles antes de decidir. Mas, novamente, eu também
Os Ravnos são nosso coletivo Loki, trazendo o Ragnarok.
poderia desejar ser mortal enquanto estou nisso.
Eles acordaram os Gigantes e planejam trazer o fim do nosso
mundo. Eles venceram a guerra pelos territórios de caça do
Leste. Não podemos deixá-los vencer no Oeste também.
Lupinos
Se há algo que pode realmente causar medo em um
Tudo o que o clã pode fazer é se preparar. Quanto ao boato
Gangrel, é um Lupino. Pior ainda é um bando dessas
de parentesco compartilhado, suporte o insulto, porque
criaturas. Eles são morte e destruição em duas grandes
seremos os últimos a rir.
pernas peludas, piores do que nós. Eles são territoriais e,
Deixe-me também dissipar outro boato: Não somos os infelizmente para nós, o território que os Lupinos protegem
protetores especiais dos Ciganos. Nós simplesmente
se sobrepõe aos nossos territórios de caça. Eu ouvi os boatos
caçamos os Ravnos que normalmente viajam em suas
sobre alianças e conhecimento compartilhado. Exceto por
caravanas. Quando destruirmos os Ravnos, os Ciganos
algumas localizações isoladas, a maioria dessas histórias são
podem nos aclamar como seus salvadores. Eles estão
exageros desejosos.
errados. Nós somos tão propensos a predá-los quanto
qualquer outro Cainita. É verdade que nem todo encontro entre um Lupino e
um Gangrel termina na destruição do Gangrel. É apenas
Lhiannan que você realmente não quer arriscar ser o único em mil.
Lhiannan foi uma das envolvidas na Traição, que que- Qualquer acordo que você consiga com um Lupino é uma
brou os Gangrel e fugiu para o oeste. Seus descendentes se exceção à regra, e você nunca deve esperar que dure. Somos
esconderam entre as tribos Celtas do Oeste. Eu ouvi alguns simplesmente muito diferentes.

LIVRO UM: ANIMAIS

27
 Regras do Selvagem
Qualidades e
Defeitos
Sem Deixar Rastros (2 pontos de
Qualidade)
A natureza é sua amiga, trabalhando para ocultar seu
rastro. Você não deixa trilhas para seguir, pois a terra
absorve suas pegadas, e as árvores e gramas cobrem seu
cheiro. Até mesmo meios mágicos de rastreamento são
inibidos. Você passa por lugares como o vento, não
deixando nada para trás além de um sussurro. Até mesmo
Lupinos têm dificuldade em te seguir. Meios normais de
rastreamento (como Sobrevivência, uso de cães) falham
automaticamente. Métodos sobrenaturais de rastreamento,
como com Auspícios, têm uma chance, mas com maior
dificuldade (+2 de penalidade de dificuldade).
Flautista de Hamelin (2-4 pontos de
Defeito)
Os animais gostam muito de você. Toda noite, quando
você se levanta de seu sono, eles estão lá esperando. Eles o
seguem como um bando, olhando para você para liderança.
Eles se reúnem da área próxima; geralmente, todas as
criaturas de um tipo particular dentro de seis milhas se
reúnem durante o dia ao redor de seu local de descanso. Eles
se dispersam enquanto você dorme, apenas para se
reagruparem com a chegada da noite.
Com dois pontos, os animais afetados são pequenos
como ratos ou camundongos, que serão ignorados. No nível
de três pontos, eles são um pouco maiores e atraem mais
atenção, como gatos. Com quatro pontos, você é seguido
por criaturas difíceis de ignorar — lobos, ursos ou cervos. As
pessoas podem usar isso para encontrar seus refúgios ou rastre-
ar seus movimentos, e isso dificulta sua capacidade de evitar
detecção se você permanecer no lugar por muito tempo.
Novos Poderes
de Disciplinas
Presente de Loki (Metamorfose Nível Seis)
Um vampiro que recebeu o Presente de Loki tem a capa-
LIBELLUS SANGUINIS 3
28
cidade de assumir a forma da última coisa em que se
alimentou, seja humano, Cainita ou animal. O vampiro não
ganha nenhuma das Disciplinas, conhecimento ou habi-
lidades da forma assumida, mas de outra forma se torna uma
imitação perfeita. Isso permite que o vampiro se disfarce bre-
vemente como outra pessoa, ou, em formas animais, evite o
cheiro de corrupção tipicamente associado com Cainitas.
Sistema: Após um vampiro ter bebido o sangue do alvo,
ele pode assumir sua forma. Custa ao jogador dois Pontos de
Sangue para transformar, e a mudança leva dois turnos (ou
um único turno, se o jogador gastar um ponto de sangue
adicional). O jogador rola Manipulação + Lábia (dificuldade
9), e cada sucesso permite que a transformação dure uma
hora. O jogador pode gastar um ponto de sangue para
estender o engano por uma hora, até o limite de sangue
disponível. No caso de um erro crítico, a transformação
falha e o vampiro nunca mais pode imitar o alvo novamente.
A transformação termina automaticamente ao amanhecer.
Um vampiro usando o Presente de Loki parece ser a
forma assumida para todos os fins de detecção, incluindo
Visão da Alma. Isso inclui aparecer como mortal, em vez de
vampiro. A Visão da Alma, no entanto, revelará o próprio
estado emocional do vampiro.
Reverter a Besta
(Metamorfose Nível Sete)
Este poder permite que um vampiro reverta temporaria-
mente para sua aparência mortal, suprimindo as
características animais resultantes da frenesi. Nem todos os
anciãos Gangrel exibem esse poder, e seu uso é motivo de
discussão em muitos Encontros. De fato, alguns Gangrel
veem isso como uma negação indesejável de sua verdadeira
natureza. A extensão da reversão é variável e não confiável,
mas para muitos dos Gangrel mais velhos, é a única maneira
de retornar ao que eram.
Sistema: O jogador gasta três pontos de sangue e faz uma
rolagem de Força de Vontade (dificuldade 6). O número de
sucessos determina quantas características bestiais
desaparecem da vista:
Um sucesso
Dois sucessos
Uma característica
Quatro características
Três sucessos Nove características
Quatro sucessos 16 características
 Essas características permanecem ocultas pela duração
da cena ou até que o vampiro caia em frenesi. Um vampiro
também recupera Atributos Sociais perdidos com o uso
deste poder, um para cada sucesso.
Aprimorar a Cavalgada Selvagem
(Animalismo Nível Quatro,
Metamorfose Nível Quatro)
Um vampiro que possui este nível de poder desenvolveu
a arte de Cavalgar a Mente Selvagem a tal ponto que ele pode
até afetar o corpo da criatura. O corpo do vampiro
permanece em transe imóvel semelhante ao torpor, mas o
animal possuído assume algumas das características do
vampiro.
Este poder é um segredo bem guardado do Clã Gangrel.
Mesmo que se tornasse conhecido, envolve a transferência
de muito mais da alma para um animal possuído do que
outros clãs achariam confortável.
Sistema: Este poder é essencialmente uma versão apri-
morada de Cavalgar a Mente Selvagem (Animalismo 4) que
permite mudanças físicas no animal possuído. O jogador
gasta um ponto de sangue e depois faz um teste de Cavalgar a
Mente Selvagem como de costume (Carisma + Empatia c/
Animais, dificuldade 8). Use esta tabela em vez da usada
para Cavalgar a Mente Selvagem.
Um sucesso Pode usar Auspícios, Presença
Dois sucessos Pode usar Dominação,
Demência, Animalismo
Três sucessos Pode usar Taumaturgia,
Quimerismo, Fortitude
Quatro sucessos Pode usar Metamorfose, Potência
Cinco sucessos Pode usar Rapidez, gastar sangue
para aprimorar Atributos
A ligação vampiro-animal é muito mais forte em
Aprimorar a Mente Selvagem do que em Cavalgar a Mente
Selvagem. Como tal, o jogador não precisa gastar Força de
Vontade para fazer o animal ir contra seu instinto e, com
cinco ou mais sucessos, pode gastar sangue (do poço de
sangue do animal) para aprimorar seus Atributos físicos. Se
o gasto de pontos de sangue reduzir um animal abaixo da
metade de seu poço de sangue, no entanto, ele morre
instantaneamente, com a mente do vampiro no lugar.
Esta habitação completa tem um efeito colateral — ela
nubla a alma do vampiro com os instintos e a natureza do
animal habitado. O efeito deve ser interpretado, e continua
por um longo tempo após o contato ser quebrado. Gastar
oito pontos temporários de Força de Vontade superará o
efeito mais rapidamente, mas o vampiro só estará totalmen-
te livre da influência do animal após a passagem de anos.
Se o animal habitado morrer ou passar por alguma gran-

LIVRO UM: ANIMAIS

29
de excitação (uma luta ou envolvimento em uma caçada, por
exemplo), então há uma chance do vampiro sofrer. O joga-
dor deve fazer uma rolagem de Raciocínio + Empatia (difi-
culdade 8) para evitar que o vampiro perca a mente. Falhar
significa que a mente do vampiro volta imediatamente para
seu próprio corpo, mas ela agora acredita ser o animal. Uma
falha crítica significa que o vampiro retorna e entra auto-
maticamente em frenesi. Qualquer sucesso significa que o
vampiro pode continuar a cavalgar no animal ou retornar
sem problemas.
Usar Aprimorar a Cavalgada Selvagem durante o dia re-
quer que o jogador faça a rolagem padrão para um vampiro
permanecer acordado. Este poder custa 15 pontos de
experiência.
Ler os Ventos (Animalismo Nível
Quatro, Auspícios Nível Cinco)
Muitos animais vagam pela noite, e um vampiro com este
poder tem a capacidade de ver através dos olhos de todos
eles. Com um pouco de foco, o vampiro vê tudo que um
animal na área testemunha. O vampiro também pode usar
esse poder para obter uma impressão geral, a partir do
estado dos animais, sobre a área ou eventos iminentes como
desastres ou tempestades.
Sistema: O jogador faz uma rolagem de Percepção +
Empatia c/ Animais (dificuldade 7), e o vampiro abre sua
mente para os animais na área. Cada sucesso aumenta a área
na qual o vampiro pode monitorar eventos, embora áreas
progressivamente maiores observadas possam sobrecarregá-
lo com muitas informações.
Sucessos Distância Detalhe
1 Ao alcance do ouvido Impressão geral
2 Cerca de um quilômetro Detalhes borrados
3 Alguns quilômetros Veem detalhes
4 50 quilômetros Veem detalhes,
ouve fracamente
5 100 quilômetros Vê e ouve
claramente
O jogador deve dividir seus sucessos entre alcance e deta-
lhes. Por exemplo, se um jogador obtiver quatro sucessos, ele
pode usar três para obter o alcance de alguns quilômetros e
um para obter uma impressão geral (está chovendo). Em vez
disso, ele poderia gastar três para ver detalhes de coisas ao
alcance do ouvido, como se há um Lupino naquela área. Com
um único sucesso, o vampiro obtém uma impressão geral da
área ao alcance do ouvido. O vampiro não pode ver coisas
que estão Ofuscadas ou escondidas usando este poder.
Gangrel costumam usar esse poder enquanto enterrados
na terra. Custa 20 pontos de experiência para desenvolver
este poder.
LIBELLUS SANGUINIS 3
30
Chamar a Caçada Selvagem
(Animalismo Nível Cinco,
Metamorfose Nível Quatro)
Nos tempos antigos, quando os Gangrel cavalgavam
abertamente pelas estepes, este poder era mais utilizado. Ele
permite que um vampiro transforme seus carniçais em uma
Caçada Selvagem, um bando de animais selvagens que correm
com ela pelas estepes. No processo, o vampiro também
transfere uma parte de sua Besta para seus seguidores,
dificultando sua própria sucumbência ao frenesi. Seus
seguidores, no entanto, cedem à fúria do sangue. A Caçada
Selvagem permanece perto do vampiro durante a duração da
transformação, nunca se afastando do campo de visão. Eles
atacarão qualquer coisa em seu caminho, tentando
despedaçá-la em sua fúria. O próprio vampiro permanece
intocado pelo frenesi e é imune a Rötschreck. O vampiro
retém suas emoções, incluindo raiva, mas a Besta não pode
dominá-lo ou minar sua coragem.
Sistema: Um vampiro não precisa estar perto ou em
frenesi para usar este poder. Os carniçais envolvidos devem
ver o vampiro quando o poder for ativado. O jogador rola
Manipulação + Empatia c/ Animais (dificuldade 6) com
cada sucesso afetando um dos carniçais do vampiro (seja
humano ou animal). Se a tentativa falhar, o jogador deve
rolar para evitar frenesi (dificuldade 7); uma falha crítica
significa frenesi automático.
Carniçais afetados sucumbem ao frenesi com todos os
benefícios padrão (ignorando penalidades por ferimentos,
resistindo a Dominação, etc.), mas não atacarão uns aos
outros ou o vampiro controlador. Os carniçais farão tudo o
que puderem para permanecer na visão de seu regente, mas
se falharem, suas mentes se acalmam repentinamente. A
Caçada Selvagem não tem medo e atacará qualquer outra
criatura que se interponha em seu caminho. Cada membro
da Caçada Selvagem também ganha imediatamente Garras
da Besta (Metamorfose 2), embora o Narrador ou jogador
deva notar que um ponto é gasto de cada um de seus poços de
sangue neste momento. Estas garras se retrairão assim que o
frenesi terminar.
O vampiro controlador se torna imune ao frenesi e aos
testes de Rötschreck. A Caçada Selvagem termina com a
chegada do amanhecer. Este poder custa 20 pontos de
experiência.
Gangrel por
toda a Terra
Os Gangrel estão entre os vampiros mais dispersos no
mundo Medieval das Trevas, vagando pelas estepes do Leste,
as terras glaciais do Extremo Norte e em todos os lugares
entre eles. Isso levou a uma certa diversidade entre o clã.
Algumas dessas diferenças são simplesmente no comporta-
mento, como os atípicos Gangrel normandos e taifas
(veja as páginas 20 e 21). Outras diferenças são mais signi-
ficativas e criaram linhagens derivadas completas (veja
abaixo). A afinidade especial do clã pelas terras selvagens
— a habilidade dos Gangrel de assumir formas animais e
as características animais que desenvolvem após frenesis
— cria mais diversificação. De fato, os Gangrel se tornam
animais que conheciam em vida, então um vampiro
alemão não terá as mesmas características que um árabe.
Variações Territoriais
Os Gangrel variam dependendo da região e influências,
particularmente no tipo de criatura em que podem se trans-
formar com a Forma da Besta. Enquanto a maioria dos
Gangrel se torna lobos e morcegos, isso está longe de ser um
caso universal.
Gangrel do Norte
Um Gangrel do Norte provavelmente se transformará
em um cervo ou urso como sua forma de luta, e
provavelmente uma coruja ou águia como sua forma de voo.
Vários Gangrel dessa região se tornam lobos, mas nem
tantos tomam a forma de um morcego.
Opções de Sepultamento
Nem todo Gangrel que desenvolveu o poder de Me-
tamorfose se limita a se mesclar com o solo. Com o tem-
po e prática, alguns Gangrel desenvolveram a habilidade
de se mesclar com outros elementos da natureza. O ele-
mento alternativo mais comum é a árvore, embora isso
exija uma árvore grande o suficiente para suportar a mas-
sa do vampiro. Um Gangrel que frequenta lugares mais
rochosos, como as montanhas, desenvolve a capacidade
de se intercalar diretamente na própria rocha. A única li-
mitação parece ser que a substância deve ser natural e não
ter sido trabalhada pelas mãos do homem (não há escon-
derijo em uma paliçada de troncos ou muralha de castelo).
Esses lugares de descanso alternativos não são tão
estáveis quanto a terra, no entanto, e forçam o vampiro
a sair com o pôr do sol. Isso ocorre mesmo se o vampiro
estiver em torpor. Custa oito pontos de experiência
desenvolver um local alternativo de descanso.
Gangrel do Leste
Gangrel das estepes tendem a se transformar em lobos,
mas são mais propensos a ter a forma de voo de uma águia
LIVRO UM: ANIMAIS
31
 Por Que Sou um Lobo?
A maioria daqueles com a Disciplina Metamorfose
desenvolve a habilidade de se transformar em um lobo
e morcego, mas há uma minoria significativa que assu-
me formas diferentes. Isso é resultado da lenda encon-
trando a natureza mística do vampiro. Se um vampiro
espera se transformar em um lobo, ele se transformará.
Se um vampiro diferente espera se tornar um gato,
então ela se tornará.
Esta mesma expectativa ajuda a determinar em que
um Gangrel lentamente se transforma com cada traço
animal. Se, em sua vida mortal, um Gangrel frequente-
mente se sentia semelhante a um urso, então em sua
não-vida ele começará provavelmente a se assemelhar a
um urso. Às vezes, as características animais que um
Gangrel adquire podem ser sua primeira pista de que
não está limitado apenas a uma forma de lobo.
A prática permite que um Gangrel supere esse limi-
te. Embora o Gangrel nunca desenvolva mais do que as
duas formas (luta e voo), com a prática um Gangrel po-
de mudar quais são essas duas formas. Portanto, a res-
posta para a pergunta é simples — você é um lobo por-
que é isso que você espera ser.
Gangrel do Leste
Gangrel das estepes tendem a se transformar em lobos,
mas são mais propensos a ter a forma de voo de uma águia ou
falcão. Gangrel antigos que passaram tempo nas terras da
Índia ou mais a leste se transformarão em tigres.
Gangrel do Sul
Um Gangrel do Norte da África ou do Oriente Médio
tem uma boa chance de mudar para um chacal ou cachorro
selvagem. Sua forma de voo provavelmente será um
morcego, embora alguns tenham se tornado abutres. Há
também alguns falcões misturados, embora estes Gangrel
sejam muito raros.
Linhagens
Gangrel Gregos
Uma estranha ramificação dos Gangrel se esconde nos
cantos escuros e esgotos das grandes cidades como
Constantinopla e Roma. Há teorias sobre sua existência:
presos após seguirem os Cruzados, o resultado de um
experimento Tremere ou até mesmo um clã totalmente
novo. A verdade é que os Gangrel têm se escondido nas
cidades dos homens quase desde o dia em que a primeira
pedra foi erguida em Babilônia. À medida que os séculos
passaram, esses Gangrel se concentraram em sobreviver em
um ambiente diferente — um repleto de seus próprios peri-
LIBELLUS SANGUINIS 3
32
Características Bestiais
É fácil escolher as primeiras características bestiais
para seu personagem Gangrel — dedos com garras,
orelhas com pontas de pelo, uma cauda. Com o tempo
e à medida que o Gangrel continua a sofrer frenesi
após frenesi, pode ser cada vez mais difícil encontrar
novas características. Afinal, você não pode escolher
bigodes e um nariz preto repetidamente.
Lembre-se de que nem toda característica animal
precisa ser visível. Um Gangrel poderia desenvolver
um cheiro almiscarado ou adotar padrões de
comportamento de sua forma animal. Algo tão simples
quanto circular sua presa antes de se alimentar ou
arranhar as molduras das portas para indicar seu
território pode contar como uma característica
animal. Não se restrinja às características superficiais.
Lembre-se, porém, que essas características “invisíveis”
ainda contam para reduzir os Atributos Sociais do seu
personagem. É difícil ser socialmente hábil quando
você está se coçando atrás das orelhas ou marcando seu
gos únicos.
Os Gangrel Gregos, como se autodenominam, desen-
volveram Ofuscação em vez de Fortitude. Afinal, é melhor se
, esconder do perigo onde os mortais se reúnem. Além disso
os Gangrel Gregos têm boas relações com os Nosferatu que
compartilham os esgotos com eles.
Há muito poucos Gangrel Gregos e a maioria deles
apareceu recentemente em Constantinopla. Pelo menos um
está presente em Paris também. Diferentemente de seus
irmãos selvagens, eles raramente se aventuram na natureza.
Eles ainda não fizeram uma aparição em um Encontro,
embora alguns queiram construir laços com o clã principal.
Gangrel Marinhos
Nas águas do Mar Negro, do Mediterrâneo e do Báltico
vive uma ramificação única do clã, os Gangrel Marinheiros.
Enquanto os Gangrel típicos desenvolvem traços e
características de um animal terrestre, essa linhagem mostra
sinais de seus lares aquáticos. Características como guelras,
escamas, nadadeiras e bocas enrugadas são comuns entre os
Marinheiros, que rapidamente tomam o mar como sua casa.
Esses Gangrel passam suas vidas nas águas, caçando os
marinheiros que navegam pelas ondas ou se alimentando de
peixes. Eles evitam contato com outros vampiros, incluindo
os terrestres de seu clã. O único grupo com o qual parecem
ter contato regular é o Lasombra, e não é amigável. Devido
ao seu estilo de vida estranho, eles desenvolveram poderes
alternativos de Metamorfose (para mais detalhes, veja
Mundo das Trevas: Marés Sangrentas).
 Crianças da Besta
O Mártir Fracassado Conceito: Você é um agente de Deus, falando Sua Pa-
lavra para qualquer um que ouvir. As marcas da Besta em
Mote: O Livro de Jeremias diz que um lobo das noites te puni-
você é uma indicações de sua queda do verdadeiro caminho
rá, e eu sou esse lobo.
para o céu e deixando o pecado dominar você. Deus
Prelúdio: Você já foi uma estrela brilhante na Igreja,
removerá as marcas, porém, quando você terminar a obra
cheio de carisma e com um verdadeiro talento para manter a
Dele.
atenção das pessoas quando falava. Foi uma pequena
Dicas de Interpretação: Você usa as lições da Bíblia co-
surpresa para todos que a Igreja o escolheu para liderar uma
mo guia para suas atividades noturnas e nunca perde uma
expedição às terras ásperas do Norte, para levar a palavra do
chance de traçar um paralelo entre os eventos no Evangelho
Senhor aos pagãos.
e sua nova não-vida. Embora não haja motivo para você não
Uma vez que você chegou no meio dos bárbaros, no
se alimentar de qualquer um, você tenta restringir sua
entanto, suas palavras e carisma falharam. Seus seguidores
comunhão àqueles que não são da fé.
foram torturados e mortos diante dos seus olhos, e tudo o
Equipamento: Cruz, rosário, botas fortes, roupas quen-
que você pôde fazer foi orar por suas almas. Então chegou a
tes, faca.
sua vez de morrer como uma oferta ao deus da floresta deles.
Amarrado a uma árvore na floresta, você aguardou sua
morte com bravura e as palavras do Senhor em seus lábios. A
noite chegou, e à luz do prata da lua, você viu a besta peluda
que os bárbaros adoravam.
Você colocou toda a sua
paixão nas palavras,
escondendo o medo
AMPIRO
TM

que sentia atrás da

sua fé. Nada pode- Nome:
Jogador:
Natureza: PENITENTE Geração:
Comportamento: FANÁTICORefúgio:
12º

ria impedi-la, po- Crônica: Clã: GANGREL Conceito: O Mártir Fracassado

rém. Ao afundar os Físicos
Força oooooo
dentes em você, vo- Destreza oooooo
Vigor oooooo
cê sentiu a onda da
Talentos
bênção de Deus so- Representação_______ o o o o o o
Prontidão____________ o o o o o o
bre você e acolheu a Esportes _____________ o o o o o o
Briga _________________ o o o o o o
morte. Esquiva ______________ o o o o o o
Empatia _____________ o o o o o o
Intimidação _________ o o o o o o
Mas seu traba- Crime________________ o o o o o o
Liderança____________ o o o o o o
lho na terra não es- Lábia_________________ o o o o o o
Atributos
Sociais Mentais
Carisma oooooo Percepção oooooo
Manipulção oooooo Inteligência oooooo
Aparência oooooo Raciocínio oooooo
Habilidades
Perícias Conheciemntos
Empatia c/Animais__ o o o o o o Instrução_____________ o o o o o o
Arqueirismo_________ o o o o o o Sabedoria Popular___ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o
Etiqueta _____________ o o o o o o
Investigação _________ o o o o o o
Direito _______________ o o o o o o
Herborismo _________ o o o o o o
Armas Brancas______ o o o o o o
Linguística___________ o o o o o o
Medicina ____________ o o o o o o
Música_______________ o o o o o o Ocultismo ___________ o o o o o o
Cavalgar _____________ o o o o o o
Furtividade__________ o o o o o o
Política_______________ o o o o o o
Ciência ______________ o o o o o o
Sobrevivência _______ o o o o o o
Vantagens
Senescalia____________ o o o o o o

tava completo. Você Disciplinas

oooooo
Antecedentes
ooooo
Virtudes
Consciência/Convicção_ o o o o o
ANIMALISMO
______________ ALIADOS
________________

ressuscitou infundi- FORTITUDE

______________ oooooo
______________ o o o o o o
REBANHO
________________
RECURSOS
________________
ooooo
ooooo Autocontrole/Instinto _ o o o o o
______________ o o o o o o ________________ o o o o o
do com o poder do ______________ o o o o o o ________________ o o o o o
Coragem__________ o o o o o

Senhor e com fome Outras

Características Caminho Vitalidade
oooooo PARAÍSO Escoriado
pelo sangue do pa-
______________
______________ oooooo oooooooooo Machucado -1
______________ o o o o o o Ferido -1
gão que havia rejeita- ______________ o o o o o o
______________ o o o o o o
Força de Vontade Ferido gravemente -2
Espancado -2
oooooooooo
do Sua palavra. Agora, Arma
Combate
Dificuldade Dano
Aleijado
Incapacitado
-5

a cada noite, você con- Pontos de Sangue

Experiência

tinua a fazer o bom tra-

balho que Deus preten-
deu, espalhando o Evange-
lho para aqueles que não acreditam.
LIVRO UM: ANIMAIS

33
A Dama do Lago
Mote: Venha, Barão, certamente meu novo cabelo não é tão
feio. Ora, se você continuar a boquiabrir, terei que removê-lo do meu
quarto.
Prelúdio: Com seu marido nas Cruzadas, coube a você
manter suas terras. Sob sua cuidadosa liderança, elas
prosperaram e floresceram. Quando soube da morte do seu
marido fora de Jerusalém, você se tornou alvo de muitos
novos pretendentes, mais interessados em sua riqueza do
que em sua beleza. Manter o controle de suas terras tornou-
se seu objetivo principal.
Uma noite, enquanto você entretinha mais um grupo de
convidados buscando sua mão, um estranho veio chamar.
Ele tinha um ar selvagem e parecia desimpressionado com o
status nobre seu ou de seus convidados. Ele exigiu um
tributo — seu sangue em uma tigela — ou amaldiçoaria suas
terras com sofrimento e perda. Recusá-lo era óbvio, e você
o expulsou do seu salão com
risos zombeteiros. Antes de
partir, ele prometeu que
você eternamente se arre-
penderia da sua decisão.
Algumas noites depois,
você acordou do seu
sono ao toque de lábios
em seu pescoço. Você
tentou gritar, mas uma
eventual ataque de raiva levou às primeiras mudanças óbvias
e à sua realização de que a maldição era real. A partir desse
ponto em diante, você tem procurado uma cura, buscando
outros que compartilham sua condição em busca de
conselhos e conhecimento.
Conceito: Você é uma nobre rica com contatos e
influência na nobreza da Europa. Muitos da elite dispu-
taram sua mão, e eles a veem como uma excelente candidata
para casamento. A maldição sobre você é um fardo que você
deve superar através da vontade e perseverança, enquanto
busca uma cura. Quanto mais tempo demorar para
encontrá-la, mais você se torna parecida com um cisne.
Dicas de Interpretação: Você se contém em demons-
trações de emoção, tentando manter não apenas sua raiva,
mas também sua felicidade e tristeza sob controle. Um
pouco vaidosa, você considera cada perda de um traço
humano um grande golpe e fará de tudo para evitá-lo. Sua
condição a tornou menos desdenhosa daqueles que não são
do seu status social — a falta de humildade é o que levou ao
sua atual condição, afinal.
Equipamento: Vestido fino, joias, adaga, criados,
pequena fortaleza e terras.
AMPIRO
TM

mão estava sobre sua

boca. Era o visitante, e ele Nome: Natureza: TIRANO Geração: 11º

tomou seu tributo e mais Jogador:

Crônica:
Comportamento: GALÃ
Clã: GANGREL
Refúgio:
Conceito: A Dama do Lago

de você naquela noite. Ele Atributos

Físicos Sociais Mentais
também deixou algo Força oooooo Carisma oooooo Percepção oooooo
Destreza oooooo Manipulção oooooo Inteligência oooooo
para você — uma maldi- Vigor oooooo Aparência
Habilidades
oooooo Raciocínio oooooo

ção eterna. Foi a vez Talentos

Representação_______ o o o o o o
dele de rir enquanto Prontidão____________ o o o o o o
Esportes _____________ o o o o o o
Briga _________________ o o o o o o
saltava de sua janela. Esquiva ______________ o o o o o o
Empatia _____________ o o o o o o
Nos primeiros di- Intimidação _________ o o o o o o
Crime________________ o o o o o o
Liderança____________ o o o o o o
as, você tentou igno- Lábia_________________ o o o o o o
rar as mudanças que Disciplinas
vieram sobre você. ANIMALISMO
______________
FORTITUDE
______________
oooooo
oooooo
Perícias
Empatia c/Animais__ o o o o o o
Conheciemntos
Instrução_____________ o o o o o o
Arqueirismo_________ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o
Sabedoria Popular___ o o o o o o
Investigação _________ o o o o o o
Etiqueta _____________ o o o o o o Direito _______________ o o o o o o
Herborismo _________ o o o o o o Linguística___________ o o o o o o
Armas Brancas______ o o o o o o Medicina ____________ o o o o o o
Música_______________ o o o o o o
Cavalgar _____________ o o o o o o
Ocultismo ___________ o o o o o o
Política_______________ o o o o o o
Furtividade__________ o o o o o o Ciência ______________ o o o o o o
Sobrevivência _______ o o o o o o Senescalia____________ o o o o o o
Vantagens
Antecedentes Virtudes
GERAÇÃO
________________
INFLUÊNCIA
________________
ooooo
ooooo
Consciência/Convicção_ o o o o o

METAMORFOSE o o o o o o ooooo Autocontrole/Instinto _ o o o o o

Você se alimentou ______________
______________ o o o o o o
RECURSOS
________________
________________ o o o o o
Coragem__________ o o o o o
______________ o o o o o o ________________ o o o o o
dos criados, juran- Outras Caminho Vitalidade
Características
do-lhes segredo. ______________ oooooo
oooooo
HUMANIDADE Escoriado
______________
oooooooooo Machucado -1
Então você come- ______________ o o o o o o
______________ o o o o o o
Força de Vontade
Ferido -1
Ferido gravemente -2
______________ o o o o o o
çou a se alimentar Combate oooooooooo Espancado
Aleijado
-2
-5
Incapacitado
dos seus convida- Arma Dificuldade Dano
Experiência
Pontos de Sangue
dos, sob o pretexto
de dar seus favores. O

LIBELLUS SANGUINIS 3

34
O Eremita Erudito
Mote: Ser humano é um objetivo louvável, quando se sente
mais próximo das bestas da terra. Não tenho tanta certeza de que
arrancar a cabeça daquele pobre homem seja uma boa maneira de
fazê-lo, porém.
Prelúdio: Você nasceu em uma vida de privilégios rela-
tivos, morando em uma das poucas cidades da Europa. Seus
pais lhe proporcionaram a melhor educação que podiam
pagar, inclusive enviando-o a uma das universidades para
estudar direito. Não era o que você estava interessado, mas
fez isso para agradá-los e se estabeleceu trabalhando como
advogado. Quanto mais você aprendia sobre o mundo e as
formas de poder, mais o odiava. Um dia, finalmente se
tornou demais para você, e você simplesmente o deixou para
trás. Em vez de enfrentar seus pais, você fugiu para as
florestas e começou a trabalhar como lenhador.
As coisas não eram mais simples, apenas mais difíceis.
Você sobreviveu ao primeiro inverno por sorte e ao segundo
pela pura perseverança. No terceiro inverno, no entanto,
você descobriu que não estava tão sozinho na floresta
quanto pensava. Fazendo uma entrega de madeira para um
de seus clientes, você encontrou um lobo em sua casa. Sem
pensar, você atacou com
seu machado para afu-
gentá-lo. Foi então
que ele se levantou
sobre duas per-
nas e riu, mos-
criatura ofereceu. Ele brevemente falou com você sobre seu
novo estado — sem sol, evite a Igreja, imortalidade — então
fugiu para as florestas escuras. Você lambeu o sangue frio do
seu cliente, então voltou para sua cabana para pensar sobre o
que significa ser humano e algo mais.
Conceito: Você se afastou da sociedade normal porque
descobriu que simplesmente não conseguia lidar com o
agito e a agitação do mundo. Você preferia uma vida mais
simples do que podia encontrar nas novas cidades e vilas,
com suas políticas e populações aglomeradas. Você deseja
solidão ou a companhia de apenas algumas pessoas
selecionadas. Você reflete sobre o que sua condição
significa, para você e para a humanidade.
Dicas de Interpretação: Você é reflexivo, mas dificil-
mente passivo — quando algo precisa ser feito pelo bem dos
outros, você é um dos primeiros a se voluntariar. Embora
goste de estar sozinho, você também gosta da oportunidade
de discutir coisas com outras pessoas. Enquanto grandes
grupos ou espaços fechados o deixam nervoso, uma
pequena coterie é perfeita para suas necessidades. Você
passou a preferir a companhia de Cainitas a mortais, já que
apenas outro vampiro pode verdadeiramente entender a
condição imortal.
Equipamento: Roupas boas, sapatos, chapéu com pena,
faca, pesado manto com capuz, machado.
AMPIRO
TM

trando seus
longos den- Nome:
Jogador:
Natureza: JUIZ Geração:
Comportamento: SOLITÁRIO Refúgio:
12º

tes. Era tar- Crônica: Clã: GANGREL Conceito: O Eremita Erudito

Atributos
de demais Físicos Sociais Mentais
Força oooooo Carisma oooooo Percepção oooooo
para fugir, Destreza oooooo Manipulção oooooo Inteligência oooooo
Vigor oooooo Aparência oooooo Raciocínio oooooo
então você Habilidades
Talentos Perícias Conheciemntos
lutou pela Representação_______ o o o o o o Empatia c/Animais__ o o o o o o Instrução_____________ o o o o o o
Prontidão____________ o o o o o o Arqueirismo_________ o o o o o o Sabedoria Popular___ o o o o o o
sua vida e Esportes _____________ o o o o o o
Briga _________________ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o
Etiqueta _____________ o o o o o o
Investigação _________ o o o o o o
Direito _______________ o o o o o o
perdeu. Esquiva ______________ o o o o o o
Empatia _____________ o o o o o o
Herborismo _________ o o o o o o
Armas Brancas______ o o o o o o
Linguística___________ o o o o o o
Medicina ____________ o o o o o o
Intimidação _________ o o o o o o Música_______________ o o o o o o Ocultismo ___________ o o o o o o
Enquanto Crime________________ o o o o o o Cavalgar _____________ o o o o o o Política_______________ o o o o o o
Liderança____________ o o o o o o Furtividade__________ o o o o o o Ciência ______________ o o o o o o
seu sangue Lábia_________________ o o o o o o Sobrevivência _______ o o o o o o Senescalia____________ o o o o o o
Vantagens
escorria no Disciplinas Antecedentes Virtudes
oooooo ooooo Consciência/Convicção_ o o o o o
chão de ANIMALISMO
______________
AUSPÍCIOS
______________ oooooo
CONTATO
________________
INFLUÊNCIA
________________ ooooo
Autocontrole/Instinto _ o o o o o
FORTITUDE oooooo MENTOR ooooo
terra, o lo-
______________ ________________
______________ o o o o o o RECURSOS ooooo
________________
Coragem__________ o o o o o
______________ o o o o o o ________________ o o o o o

bisomem Outras Caminho Vitalidade

Características
fez uma ______________
______________
oooooo
oooooo
HUMANIDADE
oooooooooo
Escoriado
Machucado -1
______________ o o o o o o
pergunta ______________ o o o o o o
Força de Vontade
Ferido -1
Ferido gravemente -2
______________ o o o o o o Espancado
simples: Combate oooooooooo Aleijado
-2
-5
Incapacitado
“Você quer vi- Arma Dificuldade Dano

Pontos de Sangue
Experiência

ver, bravo le-

nhador?”
Sua resposta foi sim
e você bebeu o sangue que a
LIVRO UM: ANIMAIS

35
A Mulher Selvagem outros Cainitas fazem seus refúgios. As florestas são sua casa
Mote: Grrrrrr. Não me importa quem você é. Esta é a minha agora.
presa, não a sua. Encontre a sua própria antes de se juntar a ela. Conceito: Firmemente nas garras da Besta, você é um
Prelúdio: Você não se lembra muito da sua vida antes lobo mau nas florestas da Europa. Tudo o que já foi humano
do Abraço. Só tem vagas lembranças dos dias aparente- em você está agora perdido e você não se importa em
mente intermináveis trabalhando para sobreviver em algum encontrar. Há coisas maiores para se preocupar agora —
casebre nos arredores do domínio de um senhor. Havia como de onde virá sua próxima refeição.
crianças e definitivamente um marido, mas eles não Dicas de Interpretação: Você está apenas a um ou dois
significam muito para você agora. Não desde a noite em que passos de ser um animal e isso não lhe incomoda nem um
você morreu. pouco. Nem tudo que você foi antes está perdido, no
Era uma noite fria de outono com um toque de inverno entanto — você deseja a companhia de outras pessoas,
no ar quando o lobo veio chamar. A frágil porta da sua casa mesmo que seja o breve contato antes de se alimentar delas.
não foi barreira para a força dele. Seu marido morreu Outros vampiros lhe inquietam, porém. Você respeita seu
tentando fugir, mas você ficou poder e ressente seu autocontrole, mas também os despreza
firme contra a fera — em- por suas tentativas de se agarrar à humanidade. Esta busca
bora um cutelo parecesse para ser algo que você não é não faz sentido para você, e você
pouca proteção. A luta não tem vergonha de dizer isso às pessoas.
acabou em momentos, Equipamento: trapos sujos e esfarrapados.
mas embora você esti-
vesse morrendo, você se
agarrou ao lobo deses-
perada para mantê-lo
longe dos seus filhos.
Eles fugiram para a
noite, e você morreu.
Você acordou
alguns momen-
tos depois, sozi-
AMPIRO
TM

nha e com uma

fome forte sobre Nome:
Jogador:
Natureza: SOBREVIVENTE Geração:
Comportamento: MONSTRO Refúgio:
10º

você. Foi nas pri- Crônica: Clã: GANGREL

Atributos
Conceito: A Mulher Selvagem

meiras horas daquela Físicos Sociais Mentais

Força oooooo Carisma oooooo Percepção oooooo
manhã que você se com- Destreza
Vigor
oooooo
oooooo
Manipulção
Aparência
oooooo
oooooo
Inteligência
Raciocínio
oooooo
oooooo
prometeu com a Besta Habilidades
Talentos Perícias Conheciemntos
dentro de você. Seus fi- Representação_______ o o o o o o
Prontidão____________ o o o o o o
Empatia c/Animais__ o o o o o o
Arqueirismo_________ o o o o o o
Instrução_____________ o o o o o o
Sabedoria Popular___ o o o o o o
lhos voltaram, lágrimas Esportes _____________ o o o o o o
Briga _________________ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o
Etiqueta _____________ o o o o o o
Investigação _________ o o o o o o
Direito _______________ o o o o o o

nos rostos, e se tornaram Esquiva ______________ o o o o o o

Empatia _____________ o o o o o o
Intimidação _________ o o o o o o
sua primeira refeição. Você Crime________________ o o o o o o
Liderança____________ o o o o o o
fugiu do seu crime para a Lábia_________________ o o o o o o
segurança das florestas escu- Disciplinas
oooooo
ras e passou os próximos anos
ANIMALISMO
______________
FORTITUDE
______________ oooooo
METAMORFOSE o o o o o o
______________
aprendendo a verdadeira ______________ o o o o o o
______________ o o o o o o
Herborismo _________ o o o o o o
Armas Brancas______ o o o o o o
Linguística___________ o o o o o o
Medicina ____________ o o o o o o
Música_______________ o o o o o o Ocultismo ___________ o o o o o o
Cavalgar _____________ o o o o o o Política_______________ o o o o o o
Furtividade__________ o o o o o o Ciência ______________ o o o o o o
Sobrevivência _______ o o o o o o Senescalia____________ o o o o o o
Vantagens
Antecedentes Virtudes
ooooo Consciência/Convicção_ o o o o o
GERAÇÃO
________________
REBANHO
________________ ooooo
STATUS
________________ ooooo Autocontrole/Instinto _ o o o o o
________________ o o o o o
________________ o o o o o
Coragem__________ o o o o o

extensão da sua maldição Outras

Características Caminho Vitalidade
— e que você não estava ______________
______________
oooooo
oooooo oooooooooo
BESTA Escoriado
Machucado -1
______________ o o o o o o
sozinha. ______________ o o o o o o
Força de Vontade
Ferido -1
Ferido gravemente -2
______________ o o o o o o Espancado -2
oooooooooo
Agora você passa as noi- Arma
Combate
Dificuldade Dano
Aleijado
Incapacitado
-5

tes intermináveis tentando Pontos de Sangue

Experiência

sobreviver nos arredores dos do-

mínios de muitos senhores. Você caça
entre as pequenas aldeias e vilarejos,
evitando as cidades maiores e castelos onde os
LIBELLUS SANGUINIS 3

36
 Nota Histórica:
As Vantagens da
Retrospectiva
19 de Fevereiro de 2000
Karsh,
Você vê agora? Você entende que as velhas histórias estavam certas? Você é
mais velho do que eu, então eu sei que você se lembra dos contos contados nas
Reuniões. Sobre a Traição e a luta entre Ennoia e Churka. Sobre os Gigantes do Leste.
Eu me lembro do que eles disseram, Karsh. Eles disseram que os Ravnos acor-
dariam os Gigantes e iniciariam o Ragnarok. Por séculos eu zombei dessas histórias,
e minha tolice nos custou caro.
Você sabe o que aconteceu na India, não é? Churka acordou e os Gigantes tam-
bém. Nós os chamamos de Cataianos agora, mas é isso que eles são e o Ragnarok
começou. Você esteve em Los Angeles e São Francisco, "Senhor da Guerra"? Você viu
os Gigantes avançarem do Leste para as nossas terras?
Eu tirei o clã da Camarilla porque despertei de séculos de ilusão. Eu percebi
que as velhas maneiras eram as melhores e que as profecias eram verdadeiras.
Antediluvianos e Gigantes do Leste não são mitos, Karsh. Eles são a verdade.
Venha conosco. Deixe seus mestres de sangue azul para trás e lute como um
verdadeiro Gangrel. Enfrente o Ragnarok!
Pense nesta noite como um momento para acertar as coisas. Junte-se a nós,
Karsh, eu não quero que sejamos inimigos, mas farei o que for necessário para
preservar o clã.
Atenciosamente,

Xaviar

LIVRO UM: ANIMAIS

37
 ivro Dois:
Sarracenos
O vento do norte era mais maldi-
ção do que bênção, decidiu o viajante
com amargura. Nos terrenos ro-
chosos da Terra Santa, as pedras
retinham o calor do dia e o irradi-
avam durante a noite. A brisa servia
para pouco mais do que esfriar o suor
nas ancas de seu cavalo, e a poeira que
levantava obscurecia sua visão do
rastro de sua presa. O viajante
murmurou uma maldição entre
dentes cerrados e puxou as rédeas de
seu cavalo para uma parada. Sua
mão acariciou distraída a empu-
nhadura desgastada da espada que
pendia da sela, depois deslizou para
dentro de sua capa, emergindo com
um pedaço de cordão de seda envolto
em torno de um pequeno frasco de
argila e um cristal lascado..

39
 Com prática destreza, o viajante destampou o frasco e
despejou uma única gota de líquido negro sobre o cristal. O
vento levou embora as poucas palavras que ele murmurou,
mas o cristal reagiu ao poder delas, iluminando-se com um
brilho amarelo fraco. Começou a balançar, gradualmente
resistindo à brisa até puxar sua amarra paralela ao chão,
apontando para o nordeste. O viajante assentiu uma vez e
murmurou outra frase curta, e o brilho desapareceu. Ele
enrolou o cordão em volta do cristal e do frasco novamente e
os guardou em seu manto.
Ao fazer isso, seus olhos reflexivamente olharam para
suas mãos. Quando ele olhou para cima novamente, não
estava mais sozinho. O olhar do viajante passou rapidamente
sobre as quatro figuras que aparentemente surgiram do ar
seco e fino. Eles o cercavam a uma distância de talvez 30
passos, apenas fora do alcance em que um cavalo de guerra
forte e bem treinado poderia alcançar um homem com um
só avanço. Suas vestes eram soltas e leves, principalmente em
tons de terra, e suas mãos seguravam arcos curtos com
flechas encaixadas, mas não esticadas. Uma variedade de
lâminas pendia em seus lados: cimitarras, facas e adagas, um
par de machados de arremesso.
“Shaitan”, um dos arqueiros chamou. Ele fez uma pausa e
mudou para o latim rústico. “Você não pertence a este lugar.
Vire e saia com sua vida.”
O viajante suspirou cansadamente e respondeu em
Árabe, “Temo que me confundam com algo mais. Sua briga
não é comigo.”
“De fato”, zombou outro, “confundimos você com um
shaitan sábio, apenas para descobrir que você é um tolo.”
Ela curvou seu arco, mirando no centro do peito do viajante.
“Mas até os tolos podem ser ensinados, e Haqim escreveu
que a dor é o melhor professor." Ela disparou seu míssil.
O viajante girou na sela, seu manto se abrindo para re-
velar o brilho de uma armadura bem conservada enquanto
ele sacava sua espada da bainha. A flecha sussurrou pelo
ponto onde seu coração estivera um instante antes. Ele se
endireitou e seus olhos brilharam vermelhos, reflexo
capturado pelo plano de sua lâmina. “Pois bem”, ele sibilou.
“Eu respeitei a terra e as pessoas que vocês guardam. Se vocês
não vão ouvir, seu sangue está em suas próprias mãos.” Mais
dois arcos estalaram, e ele rodopiou para desviar dos tiros,
aproximando-se alguns passos da mulher que havia atirado
primeiro.
Três dos atacantes largaram seus arcos, revelando suas
próprias lâminas. O quarto permaneceu impassível, com o
arco ainda esticado, mas sem mirar, observando o con-
fronto. Os três avançaram sobre o viajante com rapidez inu-
mana. Ele se manteve firme, colocando suas costas contra
uma alta saliência rochosa. O aço tilintou contra o aço,
LIBELLUS SANGUINIS 3
40
movendo-se mais rápido do que um olho mortal poderia
acompanhar. Gotas de sangue e pedaços de tecido salpi-
caram as pedras. Em um instante, dois dedos se juntaram a
eles; depois, uma mão inteira, ainda segurando uma adaga
longa. Mais dois suspiros, e o combate terminou.
O viajante se apoiou contra a pedra que colocara atrás de
si, com sangue escorrendo de uma série de ferimentos. Ao
seu redor, estavam espalhados três corpos. Um ainda gemia
e tentava arrastar-se em direção à própria perna cortada. Os
outros dois estavam imóveis como a morte; flechas de
madeira saíam de seus peitos.
O viajante se endireitou dolorosamente e encarou seu
quarto adversário. “’A dor é o melhor professor’,” ele citou
zombeteiramente. “Suponho que você deseje sua própria
lição?”
O outro deu de ombros. “Eles são jovens e impetuosos, e
você me poupou o trabalho de educá-los. E eu também
aprendi.”
“E o que você aprendeu?”
Um sorriso irônico e meio sorriso responderam à per-
gunta. Uma pausa, e uma elaboração: “Não ser visto
chegando.”
O guerreiro vacilou, como se visto por meio de uma po-
ça iluminada pela lua, e desapareceu.
Os olhos do viajante se arregalaram e ele fez menção de
correr para sua montaria. Uma flecha assobiou pelo ar
parado e perfurou seu tornozelo, prendendo-o ao chão. Ele
torceu a perna, quebrando a haste, mas dois golpes invisíveis
despedaçaram seus joelhos. Ele caiu de bruços, rolando para
as costas e segurando sua espada diante de si numa defesa
fútil.
Nos céus acima, as estrelas começaram a desaparecer,
eclipsadas por nuvens de tempestade que avançavam rapi-
damente. Outro impacto estilhaçou o pulso do viajante. Sua
espada caiu no chão ao seu lado. Ele meio se virou, tentando
alcançá-la com a outra mão, mas parou quando a lâmina de
uma cimitarra acariciou sua garganta. Ele olhou nos olhos
do guerreiro parado acima dele e viu o vazio do dever — e um
brilho quase escondido de prazer.
Os céus se partiram com um estrondo prodigioso
enquanto um clarão branco desbotava todas as cores do
mundo. A espada do guerreiro girou para longe, lançando
gotas brilhantes de aço derretido.
“Chega.” A palavra, sussurrada no limite da audição,
ainda assim soou como um segundo trovão. O guerreiro se
virou. “Dom Delacruz”, ele começou suavemente, “embora
sua presença nunca seja indesejada, receio que devo
protestar contra esta intervenção. Eu tinha a situação sob
controle, e a atenção de alguém de sua casta e estatura é
dificilmente—”
 “Poupe-me de suas palavras vazias, Karim”, respondeu
o recém-chegado, um homem mais velho vestido de marrom
e sentado quase casualmente no topo de uma pedra
pontiaguda. “O Amr sentiu necessário enviar um
observador a este lugar, e de alguma forma não estou
surpreso de que sua premonição tenha lhe envolvido. Se é
assim que você lida com as situações 'bem sob controle',
estou surpreso de que o Califa ainda lhe conceda permissão
para instruir discípulos.”
Karim recuou visivelmente e, pela expressão, teria es-
curecido de raiva se sua pele fosse capaz disso. “Não há mais
nada a ser dito aqui! Encontramos este shaitan tentando
entrar em nossas terras! Ele estava prestes a receber a
recompensa de um espião inimigo quando você interferiu!
Afaste-se agora, ou o Califa ficará sabendo disso, e veremos
cuja palavra é lei na Montanha!”
Forçando sangue para seus membros despedaçados, o
viajante quis que seu corpo se curasse. Sua lâmina estava
logo além de seu alcance, mas Karim estava focado em outro
oponente. Mesmo quando o viajante completou o
pensamento e se preparou para avançar, a espada escorregou
para longe de suas pontas dos dedos. Seus olhos a seguiram
enquanto ela se elevava do chão para flutuar a uma palma
acima da palma aberta de Don Delacruz, o recém-chegado.
Ele observou calmamente a espada. Sua mão esquerda
descansava na pedra onde estava sentado; a direita, ainda
crepitando com os ecos do poder que havia liberado,
percorria ao longo da lâmina. “Reconheço a habilidade”,
disse pensativo, falando mais à arma do que a qualquer
pessoa presente. “De Peleroma dos Toreador, a menos que
eu me engane. E ele só aceita encomendas daqueles de certas
linhas.” Ele virou seu olhar para Karim. “Seu comporta-
mento nesta noite tem sido inconcebível, e você deve
agradecer ao Ancestral por eu não queimá-lo onde está pelo
ultraje que você deu a um aliado da Montanha.” Ele fez uma
pausa e sorriu sem humor. “Suas ameaças a mim deixo de
lado, por serem ditas em um momento acalorado. Eu o
conheço o suficiente para pensar que você não violaria
deliberadamente as leis de Haqim.”
Karim rosnou diante do desafio implícito. “Um aliado?
Eu te digo, eu o vi usar magia do sangue, e seu feitiço de
busca o direcionou mais fundo em nossas terras! O que mais
devo dizer?”
“E todos os feiticeiros de sangue são do shaitan?” per-
guntou Delacruz com calma. Pequenos relâmpagos se
contorciam ao redor de seu punho cerrado e nas profun-
dezas de seus olhos.
Karim recuou involuntariamente, seu rosto uma más-
cara impenetrável. “Eu— quer dizer, eu não havia pensado
que algo assim—”
“Você não pensou, não. A casa de Haqim é tão pobre
que não pode se dar ao luxo de estender a hospitalidade
àqueles que um dia foram como irmãos? Devemos derrubá-
los em vez de reconhecer nossa dívida com eles?”
Karim se curvou rigidamente, depois piscou e desa-
pareceu novamente. Delacruz voltou seu olhar para o
viajante. “E o que devo pensar de você? Eu sei o que você é e
sei o que você caçou em nossas terras. Embora os métodos
de Karim possam ter sido precipitados, não posso culpar seu
raciocínio.”
O viajante se levantou e endireitou os ombros. “Então,
termine com isso.”
Delacruz riu secamente. “Eu não disse que comparti-
lhava de seu raciocínio. Muitos de sua espécie veem a
linhagem de Haqim como pouco mais que bandidos
famintos. Eu preferiria deixar você com uma impressão
ligeiramente melhor.”
O viajante olhou significativamente para o espaço que
Karim ocupara recentemente.
O feiticeiro riu. “Não julgue o mestre de um castelo pe-
los garotos que limpam o estábulo.” Ele fez um gesto
displicente e a espada girou preguiçosamente no ar, pa-
rando com o cabo diante de seu dono. “Devolvo-lhe sua
lâmina, mas sua existência teria terminado agora se eu não
tivesse intervindo. Considerarei sua obrigação para comigo
cumprida se você fizer dois serviços para mim.”
Ele pausou expectante.
“Não faço promessas até conhecer sua totalidade”,
observou o viajante. Ele pegou sua espada e a embainhou,
depois se curvou formalmente. “Ainda assim, estou em sua
dívida, e a honra exige que eu pelo menos ouça.”
Delacruz resmungou. “Como eu disse, sei o que você
caça. É familiar para meus irmãos, e conhecemos seu
destino, embora ainda não tenha nos ofendido a ponto de
pedir por destruição. Eu o guiarei até lá, e você resolverá
qualquer assunto que tenha com isso. Então você voltará
para sua casa imediatamente, para que suas ações não
coloquem em risco nossa posição. Isso é o primeiro que peço
de você.”
“E o segundo?” inquiriu o viajante cautelosamente.
“Como agora você tem um guia, sua perseguição não é
mais tão urgente.” Delacruz sorriu largamente. “Sua
segunda tarefa é aceitar minha hospitalidade por duas
noites, durante as quais vou contar a você sobre os herdeiros
de Haqim — como nos vemos. Se você nos mantém em tão
baixa estima, pelo menos pode formar uma opinião
informada.”
LIVRO DOIS: SARRACENOS
41
 As Crianças
de Haqim
Você veio em busca de conhecimento, não é mesmo? é desde bem antes da noite em que expirei pela última vez. É
Contos para tecer sobre os Sarracenos, para encantar o um lembrete, suponho, de que Deus não faz favoritismos,
coração de uma dama ou conquistar o respeito de um nem protege aqueles a serviço Dele de tudo que vem durante
príncipe entre os homens — ou mais que homens, talvez? O a noite.
que você esperava encontrar nessas terras? Assassinos Com cem detalhes pequenos. Sozinhos, anomalias
enlouquecidos por sangue buscando as vidas daqueles que insignificantes — mas juntos, moldam uma imagem de um
enviaram as Cruzadas contra suas famílias mortais? Pagãos Assamita que a maioria dos Cainitas europeus dificilmente
ímpios que acreditam que seu Salvador não passava de um acharia credível, caso fossem confrontados com ela. Mas
homem, e que rezam para uma pedra sagrada em vez de uma você, que enfrenta a besta na carne fria — ah, vejo o mais leve
cruz santa? Astutos comerciantes árabes com facas longas vislumbre de crença em seus olhos. Atenha-se; vou tecer mil
nas mangas, riquezas em suas mãos, escravos em suas histórias do meu sangue, cada uma mais fantástica que a
correntes e mentiras em seus lábios? Talvez você tenha anterior, e cada uma a verdade do Deus que você quiser
pensado em confrontar sua lâmina de Toledo contra uma nomear.
das melhores de Damasco, ou encomendar o desapare-
cimento de um rival? Sim, todas essas coisas você encontrará
entre meus irmãos — mas olhe mais fundo, e verá mais do Guerreiros,
que seu senhor ou parente jamais lhe contou.
Você não acredita? Quer se apegar às suas noções pre-
Feiticeiros,
concebidas sobre o que é meu clã? Observe-me, então.
Minha pele é tão escura quanto a de qualquer africano, mas é a
Eruditos e
cor da idade que gradualmente tingiu os da nossa linhagem.
Sob a escuridão, meus traços são os de um Árabe? Nos dias
Rumores
Os chamados Sarracenos são um dos clãs mais estranhos
em que eu caminhava sob o sol, meu nome era Philippe
dos Cainitas, pelo menos para a mentalidade ocidental.
Delacroix, e eu chamava sua própria Paris de lar. Mesmo
Separados de seus irmãos europeus pela geografia, língua e
agora, entre meu clã, eu uso a tradução em Espanhol,
fé, eles seguiram um caminho divergente por séculos. No
Delacruz. Ainda acha que meu clã aceita apenas aqueles do
entanto, sua reivindicação à herança Cainita não pode ser
Oriente em suas fileiras? Observe minhas mãos: manchadas
negada: eles compartilham uma fisiologia comum com os
de tinta, não de sangue. Sou um estudioso, não um assassino.
outros clãs (exceto pela coloração peculiar que sua pele
Se isso não for prova suficiente, examine esta lâmina ao meu
adquire com a idade). Os Assamitas também aderem a um mi-
lado. É apenas um enfeite, uma farsa. Aqui, puxe-a; você
to bastante convencional sobre suas origens. Eles afirmam
observará que ela é ligeiramente menos afiada que minha
que seu fundador, comumente conhecido como Haqim, era
língua. Dificilmente a arma de um assassino contratado. E
um guerreiro de proeza temível que recebeu a vida eterna
minha casa também não é de um. Notei seu olhar incrédulo
como recompensa por alguma tarefa nebulosa, após a qual
quando você entrou em meu estúdio. Sim, esses livros são
ele adotou o pergaminho ao lado da lança e se tornou um
todos reais — cerca de quatro dúzias, ao todo. São meu maior
dos eruditos mais renomados da Segunda Cidade. Dele
orgulho, mesmo que seja tolice me deleitar com posses
surgiram todas as três linhas que coletivamente se chamam
materiais tão frágeis. A cruz na parede ali também é minha, e
Filhos de Haqim: em línguas ocidentais, os Assamitas.

LIBELLUS SANGUINIS 3

42
 Geograficamente, os Assamitas exercem influência so-
bre os mortais em uma área de terra maior do que a maioria
dos clãs europeus. Seus peões são abundantes desde o
Império Almóada até a Arábia, e eles estenderam sua rede ao
norte nos desertos gélidos, ao sul no interior escuro da
África e a leste para Taugast e partes desconhecidas. No
entanto, os Assamitas não são mais numerosos do que
outros Cainitas — seus números simplesmente são dis-
tribuídos de forma mais diluída no território que chamam
de lar.
Com tanto espaço para expandir — e tantos mortais pa-
ra se espalhar entre eles — os Assamitas diversificaram-se a
um nível não visto nas comunidades mais especializadas e
multi-clãs da Europa. Existem três divisões distintas entre
suas fileiras. Embora alguns estudiosos Cainitas se refiram a
essas como “linhagens”, os Assamitas as chamam de “castas”
e consideram cada uma parte igual do clã — igual em teoria,
pelo menos. Essa igualdade se deve em parte ao fato de que
as duas castas cujos papéis são mais opostos têm
reivindicações igualmente fortes de descendência direta de
Haqim, impossibilitando para até mesmo o genealogista
Taugast
Em 1197, a Europa conhece a China apenas por
meio de rumores de segunda e terceira mão carregados
por comerciantes árabes. O Oriente é conhecido por
uma variedade de nomes (o mais familiar aos ouvidos
modernos, “Cathay”, não será usado por mais dois
séculos). No mundo árabe, “Taugast” é o mais comum.
Suas origens são incertas, mas a maioria dos estudiosos
acredita ser o nome de um reino ou família real da
região. A maioria dos Assamitas se refere à China como
Taugast. Eles não têm um nome comumente aceito
para os habitantes vampíricos da área, a quem a
maioria dos Cainitas no século XX chamará de
“Cataianos”.
mais perspicaz determinar qual delas é a “verdadeira” linha.
Os Assamitas consideram esse ponto irrelevante, todas as
três castas são igualmente herdeiras de Haqim.
A casta que os vampiros ocidentais mais comumente
encontram é a dos guerreiros. Essa casta é na maioria respon-
LIVRO DOIS: SARRACENOS
43
sável pela maioria do conhecimento dos Cainitas sobre o
que é o Assamita “típico”. Os guerreiros são os mais ferozes
adeptos da fé muçulmana e os mais radicalmente diferentes
dos Cainitas europeus em mentalidade e cultura. Eles são
engenheiros de cerco, mestres, espadachins, arqueiros,
estrategistas e assassinos. Nos últimos cinco séculos, os
guerreiros gradualmente se tornaram a casta dominante no
clã, ditando as agendas dos Assamitas tanto no geren-
ciamento de seus próprios assuntos quanto no trato com
outros Cainitas.
A próxima casta mais familiar é aquela que se especia-
liza nas próprias formas de magia do sangue dos Assamitas.
Conhecidos como os feiticeiros (também “magos” e “bru-
xos”), esses indivíduos ocasionalmente aparecem nas
principais cidades dos Impérios Almóadas e bizantino, e
têm desempenhado papéis ativos em várias batalhas na
Terra Santa. Ao contrário dos feiticeiros não estruturados de
outros clãs ou dos feiticeiros formais, mas incipientes dos
Tremere, os feiticeiros trabalham a partir de milênios de
conhecimento acumulado. Sua magia é a da iluminação e
percepção expandida. Os feiticeiros são a casta moderada no
clã. A casta não reivindica descendência direta de Haqim,
que nunca foi reputado como um mago de qualquer tipo. A
maioria dos observadores externos comumente acredita que
é um desdobramento da linha dos vizires que cresceu em sua
própria identidade ao longo dos séculos.
Raramente encontrados por forasteiros, ou pelo menos
raramente reconhecidos, os vizires (também “eruditos” ou
“escrivães”) podem ser os mais diversos das castas. Suas fileiras
incluem todos os que valorizam o conhecimento sobre o
poder, ou cuja força reside na palavra, ou pensamento, em
vez de ação. Cortesãos, estadistas, teólogos, bardos,
linguistas, historiadores, artesãos, cientistas e artistas
prosperam entre eles. Eles constituem a espinha dorsal do clã,
gerenciando propriedades Assamitas e exercendo influência
sobre a sociedade mortal em toda a África do Norte e partes
do oriente. Os vizires são os mais conservadores das três
castas, conforme convém ao seu papel como os principais
registradores da própria história do clã.
Sob Estrelas
Distantes
Segundo muitos relatos, nossa linhagem se estende mais
longe do que qualquer outra, exceto os nômades Ravnos e
Gangrel. As terras que caem sob nossa influência e proteção
abrangem a costa sul do Mediterrâneo, desde o grande oceano no
oeste até a Terra Santa no leste. Nossos guerreiros lutaram em
todos os lados das guerras dos Impérios Bizantino e Romanos;
LIBELLUS SANGUINIS 3
42
Sobre Seleção Racial e de Gênero
Você nos considera tão tolos a ponto de ignorar
todos, exceto uma pequena seção da humanidade, e
mesmo assim apenas metade deles? Não, dois terços
de nosso clã concedem o dom do Sangue a todos os
que julgamos merecedores, independentemente de
tais considerações de mortalidade. Os guerreiros
adotaram algumas tolices mortais ultimamente, mas
certamente abandonarão isso em um século, à
medida que suas fileiras se esgotam.
Contrariamente ao mito popular, os Assamitas
Abraçam mulheres. O maior número de mulheres
está entre os vizires, com os guerreiros tendo os
menos. Entre os guerreiros dominados pelos
muçulmanos, a prática de Abraçar mulheres caiu em
desuso no final do oitavo século por passarem a
acreditar que era imoral amaldiçoar as mulheres com
a não-vida. O Califa, líder da casta guerreira,
reautorizou recentemente o Abraço de algumas
mulheres como um “experimento” — uma proclama-
ção que divertiu muito alguns vizires e feiticeiras
mulheres mais velhas que o próprio Califa. No
entanto, isso teve o efeito de garantir que qualquer
Assamita feminina da casta guerreira seja ou anterior
à proibição, ou uma neófita duas vezes mais capaz do
que qualquer um de seus pares masculinos.
Quanto aos europeus, os Assamitas também nun-
ca hesitaram em trazer mortais merecedores para as
fileiras dos vizires e feiticeiros. Isso é especialmente
verdadeiro nas terras onde os Assamitas estão em
conflito direto com outros clãs, como os reinos
ibéricos e o norte do Império Bizantino. Antes das
Cruzadas, os guerreiros eram igualmente igualitários,
mas desde 1096, eles se recusaram a Abraçar
qualquer ocidental que não seja verdadeiramente
merecedor — e essas poucas almas corajosas, assim
como seus predecessores, são alvo de muito desprezo
de seus “irmãos” pelos crimes da Europa contra os
árabes e a fé Islâmica.
nossos vizires abriram rotas comerciais até o distante Taugast e a
rica Índia; nossos feiticeiros exploraram a mais escura África em
busca dos segredos ocultos dessa terra. De todas as terras que
tocamos, trouxemos novos conhecimentos e novos irmãos. Com os
conflitos religiosos dos últimos séculos se somando à confusão,
torna-se necessário examinar nossos assuntos em cada área do
mundo separadamente, pois nossos interesses coincidem raramente
de uma ponta do mapa à outra.
Ibéria
A terra que se tornará a Espanha é uma das duas mai-res
áreas de conflito entre os Assamitas e outros Cainitas. Os
herdeiros de Haqim apoiaram o Império Almóada desde o
início, assim como fizeram com os califados árabes, os
predecessores Islâmicos dos Almóadas. Muitos entre o clã
viram a expansão árabe no oitavo século para a Europa
como uma oportunidade única em milênios. Os
guerreiros sonhavam com vitórias gloriosas contra os
decadentes Cainitas do Ocidente, e os vizires viam uma
fusão de culturas sem igual até então. Por diferentes
motivos, praticamente todos os Assamitas apoiavam os
árabes. Muitos, especialmente entre os vizires,
encontraram equivalentes nos Toreador do sul e
Lasombra que compartilhavam suas opiniões — embora os
motivos entre esses aliados diferissem radicalmente. As
invasões também viram o início de um forte influxo de
europeus e indivíduos de raças mistas nas fileiras dos
Assamitas. Muitos ibéricos e franceses receberam o
Sangue entre as conquistas dos califados e o início da
Reconquista.
No entanto, os tempos mudaram. À medida que os rei-
nos Cristãos do norte da Ibéria travam guerra incessante
contra os mouros, os Assamitas na região se dividem ao
longo das linhas de ancestralidade, mortal e religião. No
entanto, os cristãos entre o clã veem sua posição como
vastamente inferior. Suas ofertas de ajuda aos Toreador,
Lasombra e Brujah do norte são rejeitadas como “traição
Moura” muito mais do que são aceitas. Muitos desses
Assamitas ficam desiludidos com sua ajuda à Reconquista e
pedem perdão a seus irmãos, dando total apoio aos reinos
Taifa. Quase todo Assamita na Ibéria passou para o lado
mouro do conflito.
O Império Almóada é, segundo muitos relatos, o auge da
civilização mundial, e em nenhum lugar a contrastante
diferença com as nações cristãs é mais evidente do que
a qu i . A s c i d a d e s s ã o c e n t ro s d e a p re n d i z a d o
incomparáveis por qualquer outra em Cristandade, e sua
riqueza é lendária. Uma tão grande abundância de
conhecimento é um dos maiores tesouros da casta dos
vizires, e eles irão a qualquer extremo para protegê-lo dos
europeus “bárbaros” — até mesmo fazendo concessões
políticas aos guerreiros e feiticeiros que seriam inaceitáveis
em outras circunstâncias. Na Ibéria, os Assamitas estão
totalmente unidos contra os outros Cainitas. Alguns
outros se juntam a eles, mais frequentemente Lasombra e
Toreador Muçulmanos, mas, na maior parte, os Assamitas
permanecem sozinhos.
Norte da África
Embora suas possessões ibéricas estejam entre as mais
valorizadas do Império Almóada, elas estão longe de serem
as únicas. O Império se estende pelo Norte da África, desde
o Oceano Atlântico até as fronteiras do Egito, e se estende
para o sul a partir da costa por várias centenas de
quilômetros. A expansão dos Almóadas foi uma questão
tanto de competência por parte de seus fundadores berberes
quanto de complacência por parte de seus predecessores
almorávidas. Ao contrário de suas posses na Ibéria, o
Império no Norte da África é rabiosamente conservador,
perseguindo minorias religiosas em um espelho severo do
comportamento do Cristianismo Europeu.
Os Assamitas do Império são uma mistura peculiar.
Ancestralmente, são principalmente derivados de estoque
africano, embora exista uma significativa minoria de
italianos e gregos. Os guerreiros aqui buscam recuperar a
herança feroz das tribos nômades nativas da região; muitos
vagam pelas fronteiras do Império com bandos de
seguidores mortais, imitando os costumes dos Ravnos. Os
vizires e feiticeiros são intelectualmente conservadores, mais
interessados em aprimorar seu próprio trabalho e o dos
mortais ao seu redor do que em adquirir novos
conhecimentos de fora de suas fronteiras.
A natureza isolada dos vizires aqui levou a uma perda
gradual da influência Assamita sobre os governantes
Almóadas. Os Seguidores de Set expandiram-se lentamente
desde o Egito em uma tomada de controle, subvertendo
suavemente os peões dos Assamitas até que fiquem quase
impotentes. Esses eventos ocorreram tão lenta e sutilmente
que os Assamitas estão apenas agora percebendo a extensão
em que perderam seu domínio sobre o Império, e continuam
indecisos sobre a maneira como devem responder.
A Terra Santa
Se as cidades Taifas da Ibéria são o maior tesouro dos
Assamitas, a Terra Santa é o seu maior campo de batalha. A
casta guerreira tem apoiado fervorosamente os seguidores
do Islã desde a vinda de Maomé, e veem as Cruzadas como
agressões inconscientes aos mortais da região e à própria fé
Muçulmana. Enquanto a luta na Ibéria se deve parcialmente
ao desejo de preservar o conhecimento, aqui é alimentada
pelo fervor religioso de um tipo raramente visto entre os
Cainitas. Isso é agravado pelo fato de que as Cruzadas se
aproximam do coração do poder dos Assamitas mais do que
qualquer invasão Europeia anterior. Diante de uma ameaça
tão séria à sua “casa ancestral”, muitos dos anciãos do clã
sentem que não pode haver compromisso até que o último
Cainita europeu seja pó sob seus pés.
LIVRO DOIS: SARRACENOS
45

Os Piratas de Cossura
Os navios de velas negras dos piratas de Cossura
são bem conhecidos em todo o mediterrâneo
Ocidental. De seu refúgio insular a leste de Cartago e
Túnis, esses saqueadores atacam o transporte em
toda a região, vendendo os despojos de suas aven-
turas em portos em toda a sua área de influência.
Cainitas que viajam pelo mar geralmente não são
molestados, embora vários tenham desaparecido nos
saques, sendo presumidos estar em torpor no fundo
do mar.
A maioria dos ataques Cossuran são produtos da
ganância mortal sozinha, mas alguns têm apoio
Cainita. Os vampiros em questão são alguns capitães
aventureiros Lasombra e seus aliados entre a casta de
feiticeiros Assamitas. Os primeiros contribuem com
navios e tripulações; os últimos aplicam seu domínio
sobre o clima e magias mais diretamente ofensivas ao
esforço. O número preciso de vampiros envolvidos,
bem como suas agendas exatas na pirataria, são
desconhecidos
LIBELLUS SANGUINIS 3
46
Atualmente, os árabes controlam as cidades de Jerusalém
e Damasco, enquanto os Cruzados controlam Acre e
Antioquia. Cada uma tem seu interesse particular para os
Cainitas. Acre acredita-se ter a Verdadeira Cruz (ou frag-
mentos dela), o que a torna um ponto de grande interesse
para os Cainitas cristãos e aqueles que se beneficiam das
batalhas dos Cruzados — embora todos os Cainitas que
entram em suas muralhas sejam dizimados instantanea-
mente em uma erupção de chama branca pura. Jerusalém é
algo como uma cidade aberta, mantida sob tratado nos
últimos cinco anos para permitir que cristãos entrem e
adorem se estiverem desarmados (veja Jerusalém à Noite
para detalhes). Damasco é a fonte de aço e seda insuperáveis
por qualquer outro no mundo conhecido, e é lar de vários
artífices mortais e sobrena-turais. Também é um importante
centro de culto para muçulmanos e cristãos, com mais de
500 mesquitas e as ruínas da Igreja de São João Batista.
Antioquia é o ponto mais distante a que muitos peregrinos
europeus viajam na Terra Santa, sendo a cidade mais ao
norte dentro da Terra Santa que os Cruzados mantêm com
segurança. Como tal, tornou-se o equivalente contempo-
râneo de uma “cidade turística”, com atrações para tentar
tanto os plebeus visitantes quanto a guarnição defensora.
 Enquanto os Assamitas da Terra Santa não são mais
numerosos do que em outros lugares, certamente são mais
visíveis aqui. A casta guerreira domina incontestavelmente
os assuntos do clã e conta com o apoio dos cainitas com mais
inclinações marciais dos feiticeiros. Quase todo Assamita na
Terra Santa é Muçulmano, ou pelo menos apoia os
seguidores do Islã. Aqueles que não endossam as crenças
locais, incluindo muitos membros judeus do clã, mudaram-
se há muito tempo para o leste da Arábia ou para o norte de
Bizâncio, deixando os assuntos locais nas mãos daqueles
que têm mais a ganhar ou perder. Os Assamitas mais
fervorosamente Muçulmanos seguiram o Islã em vida, então
muitos dos que residem aqui são neófitos e anciãos.
Também existem anciões, mas sua dedicação ao Islã é menos
direta.
Como a casta guerreira é predominante aqui, a influ-
ência Assamita sobre os assuntos mortais é instável. Poucos
vizires locais sobreviveram às batalhas contínuas do último
século; aqueles que sobreviveram são quase tão inclinados à
guerra quanto seus irmãos guerreiros. A única exceção a essa
regra é a cidade de Damasco, o qual é o centro de poder do
clã na região. É o lar de um grupo de vizires e feiticeiros que
se diz contar com al-Ashrad, o chefe da casta de feiticeiros,
entre seus membros. Esses anciãos compartilham Damasco
com um punhado de Toreador decadentes que se
proclamam os governantes da cidade. Cainitas Cristãos
peregrinos à cidade têm permissão para entrar, mas
feiticeiros espiões ou jovens guerreiros treinando nas artes
de vigilância os observam continuamente de longe.
Damasco é o lar permanente de talvez uma dúzia de
Assamitas, com o dobro de transitórios ficando lá por
algumas noites a alguns meses antes de seguir para suas
tarefas individuais na Terra Santa.
As relações dos Assamitas com outros Cainitas na Terra
Santa são complexas e dinâmicas. O clã tem fortes aliados
entre muitos Malkavianos, que afirmam estar defendendo a
Terra Santa porque seu fundador de clã dorme em algum
lugar abaixo dela (e particularmente, muitos Assamitas
expressam a opinião de que isso seria uma explicação
satisfatória para a loucura do último século). Da mesma
forma, os Seguidores de Set defendem a região tão fervo-
rosamente quanto o guerreiro Assamita mais sanguinário.
O Egito é sua casa, e as Cruzadas ame-açam também. A
maioria dos Assamitas está bastante satisfeita com a ajuda
dos filhos de Set quando a batalha se intensifica, embora sua
subversão contínua dos assuntos mortais precise ser lidada
mais cedo ou mais tarde. Finalmente, os surpreenden-
temente aglomerados de Nosferatu e Toreador locais que
adotaram o Islã são aliados firmes dos Assamitas. Os
Nosferatu são os aliados mais bem-vindos para muitos
Assamitas, porque seus motivos são os mais diretos e
aceitáveis; os Toreador são confiáveis em seus próprios
papéis, mas são vistos como de pouco valor no meio de uma
guerra. Ventrue e Lasombra Cristãos, por outro lado, serão
provavelmente mortos à vista; eles são o inimigo, e não lhes é
oferecido nenhum quarteirão.
Egito
Embora os Seguidores de Set observem o Egito com
quase domínio absoluto, o reino é um ponto de interesse
para muitos Assamitas. Assim como o Império Almóada, é
um grande ponto focal para aprendizado, e feiticeiros e
vizires frequentemente se misturam com estudiosos
Brujah, Capadócios, Tzimisce e Setita nas escolas do
Cairo. Um grupo de historiadores Assamitas reside em
Alexandria, onde tentam reconstruir o conhecimento
contido na Biblioteca de Alexandria. Mediante uma
pesquisa cuida-dosa e metódica, esses dedicados Cainitas
desenterram lentamente reservas ocultas de pergaminhos
salvos do fogo e extraem fragmentos de conhecimento
perdido das cinzas daqueles que foram destruídos. Eles
fazem isso com a aprovação tácita do príncipe Toreador da
cidade, Marcellus, embora alguns Setitas locais se
oponham ao projeto.
Bizâncio
O Império Bizantino é o caldeirão do mundo ocidental,
uma área onde três continentes se encontram em uma
dança intricada de manobras políticas que gerará um
adjetivo de sua complexidade. Nos salões sombrios de
Constantinopla e nos templos caídos de Atenas, os
herdeiros de Caim realizam seus esquemas eternos com
uma sofisticação que não tem igual nas cortes europeias,
espelhando as tramas e estratagemas dos próprios mortais.
Nesse ambiente fértil, os Assamitas se adaptaram tão bem
que seus irmãos mais diretos na Terra Santa teriam
dificuldade em distingui-los de outros Cainitas. Muitos
anciãos Assamitas consideram os mortais bizantinos
“aceitáveis” (significando “não Europeus o suficiente para
serem discriminados”). Um observador atento pode
encontrar gregos, Turcos e russos ao lado de árabes e
cipriotas nas fileiras do clã.
Nenhum lugar é mais prevalente o papel de assassino
entre aqueles da casta guerreira do que em Bizâncio.
Embora as linhas de frente das Cruzadas estejam na Terra
Santa, aqui é onde muitos dos poderes Cainitas por trás das
Cruzadas fazem suas casas: longe o suficiente da luta para
estar seguro de um ataque incidental, mas perto o suficiente
para supervisionar seus peões mortais favoritos. Se isso não
LIVRO DOIS: SARRACENOS
47
fosse suficiente, os Cainitas nativos descobri-ram que os
Assamitas são uma das melhores fontes “neutras” de ajuda
para avançar suas próprias tramas, removendo obstáculos
inconvenientes.
Os feiticeiros vêm a Bizâncio Ocidental com maior
frequência nestas noites, embora frequentemente se dis-
farcem como feiticeiros mortais ou membros de outros clãs.
Sua principal preocupação aqui é observar a propagação da
influência Tremere para o leste e, ao fazer isso, aprender o
máximo possível dos segredos herméticos dos Usurpadores.
Isso tem sido uma empreitada menos bem-sucedida, pois os
Tremere mostram uma capacidade infelizmente forte de
detectar tentativas de espionagem. Duelos de magos
quebram muitas noites, e ambos os lados sofrem perdas
graves nesta campanha sombria. Os feiticeiros estão
considerando recrutar a ajuda dos Tzimisce bizantinos em
sua missão, mas nenhum lado fez um compromisso
definitivo ainda.
Os vizires que servem aos interesses do clã no Império
são talvez os mais radicalmente diferentes das castas quando
comparados aos seus homólogos em outras áreas do mundo.
Forçados pelas circunstâncias a se adaptar ou perecer, são
tão habilidosos na manipulação política e intrigas cortesãs
quanto os Toreador ou Setitas mais astutos. Alguns
observadores dizem que os vizires são assassinos tão mortais
quanto os guerreiros, embora eles empunhem rumores em
vez de armas. Mais de um apoiador das Cruzadas encontrou
seus aliados o abandonando em seu momento de maior
necessidade através das maquinações dos vizires.
As alianças e vinganças dos Assamitas em Bizâncio são
tão impossíveis de rastrear quanto as de qualquer outro clã,
com a exceção notável da rixa entre Tremere e vizires. Os
inimigos mortais desta noite podem ser companheiros úteis
amanhã na complexa teia de lealdades que abrange o
Império. A única constante é uma paradoxal: que não
existem constantes.
Arábia e Persa
Muitos Cainitas pensam nas terras a leste dos Estados
Cruzados como as “terras natais” dos Assamitas. Há um
certo grau de verdade nessa crença, já que muitos dos mem-
bros mais antigos do clã residem aqui. A antiga fortaleza
conhecida como Alamut, que a lenda Assamita afirma que
Haqim mesmo construiu, está em algum lugar das monta-
nhas do norte da Pérsia, e a partir daqui os líderes do clã
tentam manter o controle sobre seus irmãos espalhados. Os
picos escarpados e os vales profundamente sombreados
abrigam milhares de pequenas comunidades, e muitas dessas
são ocasionalmente visitadas por filhos nativos mortos
LIBELLUS SANGUINIS 3
48
há séculos. Muitos acreditam que as lendárias Primeira e
Segunda Cidades estão nesta terra também. Os Assamitas
guardam esta região implacavelmente, mas exatamente quais
são os objetos de sua guarda é uma questão de conjectura.
O Lamento
Desde o surgimento do Islã, toda a Península
Arábica tem sido um lugar desconfortável para os
Cainitas. As cidades sagradas de Meca e Medina são as
fontes aparentes do Lamento, um uivo estranho e
inquietante que apenas os vampiros podem ouvir. O
Lamento surge e se põe com o sol — começa como um
sussurro fraco à beira da consciência pouco antes do
amanhecer e atinge o auge como uma cacofonia
estridente ao meio-dia. Cainitas adormecidos ouvem
o rugido enquanto dormem. Até dois séculos atrás, o
Lamento era tão extremo a ponto de levar Cainitas
de vontade fraca à beira do frenesi ou insanidade em
um dia. No entanto, um grupo de Nosferatu Muçul-
manos (agora conhecidos como o Hajj) de alguma
forma promulgou proteções ao redor de Meca que
atenuam o Lamento para um nível suportável (e os
feiticeiros adorariam saber como isso foi feito).
Visitantes acham o Lamento bastante inquietan-
te durante sua primeira semana na região. Eles
precisam gastar um ponto de Força de Vontade para
dormir ou terão +1 de dificuldade para evitar o
Rötschreck na noite seguinte. Cainitas locais estão
acostumados ao Lamento, e alguns realmente dor-
mem mal se viajam fora de sua faixa de efeito.
Na maioria, a Península Arábica é pouco povoada para
sustentar mais do que um único vampiro em qualquer área
específica, e o Lamento afasta todos, exceto os mais devotos,
determinados ou insensíveis. Muitos dos Cai-nitas locais,
que incluem Gangrel e Seguidores de Set, bem como todas
as três castas dos Assamitas, estão afiliados frouxamente a
tribos nômades de beduínos, “adotando” um grupo
específico por uma ou duas gerações antes de seguir em
frente.
Meca e Medina, as duas cidades mais sagradas da fé
Muçulmana, ficam na costa leste do Mar Vermelho. Meca é
o local de nascimento de Maomé e abriga a Grande
Mesquita. Todos os Muçulmanos capazes são esperados
para fazer pelo menos uma peregrinação a Meca em suas
vidas. Medina contém várias mesquitas importantes, bem
como o túmulo de Maomé. Bandos de guerreiros itinerantes
e feiticeiros guardam as periferias de ambas as cidades contra
Cainitas não islâmicos; apenas Muçulmanos podem entrar
em qualquer uma das cidades, sejam mortais ou Cainitas.
Esses guardiões estão entre os muçulmanos mais devotos
entre os Assamitas, e a deles é uma tarefa desgastante para a
alma. Embora protejam esses locais sagrados, não podem
entrar neles. Ambas as cidades irradiam auras tão poderosas
de fé que qualquer Cainita que passe por seus portões é
submetido a uma agonia ardente que diminui a ira do sol do
meio-dia em comparação. Os fiéis dizem que os Nosferatu
do Hajj podem entrar na cidade, mas os Cainitas mais
cínicos desconsideram isso como lenda.
Mais a leste está Bagdá, o centro do Califado. Em séculos
passados, o Califa era o líder político do Islã; agora, ele é
“apenas” o chefe da fé Muçulmana. Esta cidade é um centro
de vida na região de muitas maneiras: agrícola, intelectual,
artística, espiritual. Bagdá também é um impor-tante centro
comercial. A estrada principal entre Bagdá e Damasco é uma
das mais movimentadas da área, e a maio-ria das caravanas
destinadas à Pérsia e Taugast se originam aqui. Os Assamitas
são comuns na cidade e em suas comunidades circundantes,
e muitos desses indivíduos são verdadeiros anciões. Todas as
três castas têm grande interesse nas partes a leste; Bagdá é o
centro de seus estudos e sua base logística para expedições
para o leste.
As Terras Desconhecidas
Em geral, os Assamitas têm uma estrutura de influên-cia
que se estende mais para o sudeste do que a maioria dos
outros clãs. Assim, eles têm muito mais contato com os
vampiros peculiares de Taugast do que a maioria dos
Cainitas Europeus (embora isso seja uma questão de graus
muito pequenos). Comerciantes vizires e pesquisadores
feiticeiros que acompanham caravanas de comércio Árabes
para o leste ocasionalmente encontraram linhagens dis-
tantes cuja linhagem é difícil, se não impossível, de rastre-ar
no estilo tradicional Cainita. Para complicar o assunto, a
maioria desses indivíduos afirma nunca ter ouvido falar de
Caim ou seus descendentes — embora murmurem nas
sombras sobre ladrões e mentirosos do Ocidente. Curio-
samente, alguns dos vampiros nativos da Índia exibem
poderes grotescos semelhantes aos dos Tzimisce, embora
neguem qualquer relação com os Demônios, e os Tzimisce de
Bizâncio não têm conhecimento de “primos” orientais.
Mesmo essas informações escassas têm sido difíceis para os
Assamitas adquirirem, pois os vampi-ros orientais não têm
simpatia por ninguém do Ocidente e são mais propensos a
arrancar a carne dos ossos de um vizir do que a trocar duas
palavras com ele. Os poucos feiticeiros que sobreviveram a
tais encontros e tiveram a oportunidade de examinar seus
inimigos caídos relatam que os poderes desses estranhos
podem muito bem ter origem infernal.
Exploradores Assamitas também seguiram rotas co-
merciais para o sul, ao longo da costa leste da África e através
do deserto do Saara. Lá, encontraram companheiros
Gangrel e Laibon e encontraram abrigo entre as populações
locais. Nessa fronteira, a expansão dos Assamitas está
intimamente ligada à presença de comerciantes árabes e
berberes que eles usam como cobertura e fonte de alimento.
Histórias de encontros hostis com espíritos locais e
guerreiros-animais também chegam até Alamut.
Assuntos e
Preocupações
Embora sejamos diversos e abrangentes, há questões que
ocupam a atenção de todos nós. Algumas têm importância
trivial para um estranho, e menciono-as apenas como
curiosidades ociosas. Outras podem significar tudo para você nas
noites vindouras.
Fortaleza Alamut
Embora escrito em forma lendária, este trecho é o relato mais
preciso que temos da fundação de nossa fortaleza. Este é o início da
Crônica do Sangue do Coração:
“Assim foi que, quando a decadência da Segunda Cidade
começou a crescer, e o descontentamento fervia nos corações da
prole de Khayyin, Haqim conduziu seus Filhos para as montanhas
ásperas. Noites sem fim ele avançou, guiado por alguma inspiração
desconhecida, sem olhar para trás nem hesitar em sua marcha.
Finalmente, chegou a um pico distante, estéril e silencioso. Reuniu
seus Filhos ao seu redor e cravou sua lança na rocha, e surgiu um
trono negro do coração da montanha. À medida que o trono se
erguia, uma águia mergulhou e pousou nele, observando o
Ancestral com olhos de caçador.
‘Aqui’, disse o Ancestral. 'Nosso lar é aqui, desta noite até o
Fim. Este lugar é nosso, agora e para sempre — para reunir, observar,
lembrar e julgar. Este é o ninho das águias, e assim será sempre
conhecido.'
E os Filhos de Haqim ergueram a montanha ao redor do trono
e a fizeram sua morada.”
Nas montanhas da Ásia Menor, se alguém souber onde
procurar, há um caminho estreito que se ramifica da
estrada comercial principal em um local onde não há
vilarejos por dezenas de milhas. Esta rota sobe os declives
mais íngremes, passando perto de abismos traiçoeiros
onde ventos frios uivam para varrer os incautos até a
morte nas rochas afiadas muito abaixo. Possui cem ramos,
cada um levando a terras mais desoladas que a anterior, e
não pode ser navegado sem o favor daqueles que o cons-
LIVRO DOIS: SARRACENOS
49
truíram. Este é o caminho para Alamut, o Ninho da Águia, a
antiga fortaleza dos Assamitas.
Do lado de fora, Alamut é pouco notável: um peque-no
forte de basalto negro, com paredes muito curtas e finas para
resistir a um cerco, caso algum exército se dê ao trabalho de
subir. No entanto, este é apenas o portão da fortaleza. Na
estrutura central do forte, abre-se um caminho largo e plano,
inclinando-se para dentro da montanha. Aqui é onde as
defesas físicas reais de Alamut começam, e membros de
todas as três castas constante-mente as mantêm e as apri-
moram. Além das defesas físicas, a fortaleza também está
envolta em encantamentos que mantêm sua localização
oculta de todos os que seus habitantes não permitem
encontrar.
Na montanha estão todos os tesouros do clã. Aqui es-
tão as salas de treinamento, onde cem guerreiros por vez
podem aprender as artes do combate. Aqui estão inú-
meros laboratórios para feiticeiros e vizires experi-
mentarem todas as artes dos homens. Aqui está a grande
biblioteca com suas fileiras de tabuletas de pedra,
pergaminhos e livros, os artefatos dos tempos passados
preservados pelos estudiosos que mantêm as histórias do
clã. As catacumbas descem por mais de duas dezenas de
níveis na montanha, e são tão extensas que nenhum
LIBELLUS SANGUINIS 3
50
Assamita que tenha vivido em Alamut por menos de um
século pode ter certeza de conhecer todas as suas revira-
voltas, curvas e segredos. De fato, algumas câmaras per-
maneceram fechadas por séculos, seja por design ou pelo
silêncio daqueles que sabem o que elas contêm. Existem
quartos privados suficientes nos vários níveis para abrigar
mais de mil Cainitas e seus acompanhantes mortais.
Muitos Assamitas mantêm aposentos aqui, embora menos
de 30 estejam permanentemente presentes e acordados a
qualquer momento.
O Trono Negro
A grande sala de Alamut domina o centro da fortaleza.
Esta vasta câmara é grande o suficiente para abrigar mais
de mil indivíduos reunidos. Não possui teto como tal,
embora suas paredes se estendam muito acima do que
inúmeras medições confirmaram ser o nível dos pisos
acima da sala. Visitantes que olham para cima não veem
nada além de uma vasta escuridão vazia se estendendo
acima deles, com o ocasional tremeluzir que guarda uma
semelhança inquietante com uma estrela, e aqueles
poucos que reuniram esforços para permanecer acordados
durante o dia dizem que o teto permanece o mesmo,
independentemente das condições fora da montanha.
As paredes são de granito escuro e áspero, e os ladrilhos
do chão — um padrão intrincado que demarca o próprio
sigilo de Haqim — foram recolocados dezenas de vezes para
resistir ao desgaste de milhares de anos de passagem sobre
eles.
Apenas um item está na sala, diretamente oposto às
enormes portas duplas que são sua única entrada. Sua
simplicidade austera faz com que domine ainda mais a
sala. Este é o Trono Negro de Haqim. É liso e sem decora-
ção, e qualquer pedra da qual é feito resiste a todas as
tentativas de marcá-lo de alguma forma. Um eixo de
madeira do t amanho de uma lança se projet a
verticalmente do canto direito dianteiro do trono. Isso é
supostamente inquebrável, mas nenhum Assamita admite
ter tentado testar essa história. O Trono Negro
aparentemente faz parte da rocha sobre a qual repousa,
embora o vizir que restaura o chão da sala a cada século
mantenha que a rocha abaixo dos ladrilhos não seja a
mesma do assento. O Trono é tradicionalmente o único
símbolo de cargo do Ancião, líder do clã. Apenas ele pode
ocupá-lo, e todos compreendem que o Ancião está
meramente agindo no lugar do Ancestral Haqim, cujo
assento legítimo é o Trono, que uma noite retornará ao clã
e se fará conhecido ao puxar sua lança.
O Paradeiro de Haqim
Embora os Assamitas raramente falem do assunto,
a questão do destino do fundador de seu clã pre-
ocupa profundamente muitos anciãos do clã. Segun-
do os registros oficiais, Haqim visitou Alamut pela
última vez há mais de um milênio. Pouco depois, ele
apareceu brevemente nas Ilhas Britânicas na
companhia de um Ventrue conhecido como Mithras
e, em seguida, aparentemente desapareceu da face da
Terra. Um persistente boato que os mestres de
Alamut nunca conseguiram erradicar diz que Haqim
partiu devido ao fracasso do clã em cumprir seu
dever, embora o que exatamente era esse dever difira
a cada conto da história. Anciões de ambos os lados
do conf lito guerreiro-vizir frequentemente
mencionam esse conto apócrifo.
O Sangue do Coração
Três níveis abaixo da grande sala, encontra-se outra
câmara cuja importância para os Assamitas iguala, e talvez
ultrapassa, a da sala do trono. Este é o Cofre do Sangue do
Coração, o centro espiritual da linhagem de Haqim. A sala é
pequena, talvez uma dúzia de passos de cada lado, e todas as
suas superfícies são de obsidiana lisa polida a um
brilho que rivaliza com o do melhor espelho. No centro do
Cofre, um poço de basalto se eleva do chão. Tem
aproximadamente o comprimento de um braço, e
ninguém jamais determinou sua profundidade. Este poço
contém o Sangue do Coração do clã. É o sangue misturado
de todo Assamita que já viajou para Alamut, bem como de
todos que caíram e deixaram para trás restos que puderam
ser adicionados ao Sangue do Coração. De acordo com
algumas lendas, Haqim repousa nas profundezas do poço,
embora os anciãos que residem em Alamut, conhecidos
como silsila, acreditem que esse conto seja uma alegoria,
indicando que uma boa parte do sangue no poço é do
Ancestral. Além do poço, a sala é simples, exceto por um
par de mesas de escrita de madeira usadas pelos escribas
feiticeiros que enviam mensagens ao clã usando o Sangue
do Coração.
O Sangue do Coração possui várias propriedades especi-
ais por si só. É vitae puramente Cainita, embora todas as
tentativas de determinar sua potência exata falhem. Um
Assamita que bebe do poço experimenta uma epifania de
propósito e lealdade ao clã. Qualquer sangue retirado do
Sangue do Coração retorna a ele após três noites, mesmo
que esteja em um indivíduo que o bebeu, tornando-o
inadequado como fonte de sangue para jornadas longas. O
poço em si é encantado para manter o sangue circulando e
fresco para sempre.
Fé
É um dos grandes paradoxos de nosso clã que tantos de
nós se apeguem firmemente aos ensinamentos de uma religião
mortal ou outra. Nossa biblioteca em Alamut contém escritos
que antecedem todas elas; não deveríamos, então, transcender
tais crenças e buscar formas mais verdadeiras de compreensão
do divino? No entanto, tantos de nós não o fazem, em vez
disso, se agarram ao Cristianismo, Islã, Judaísmo ou
ensinamentos mais esotéricos como um homem se agarra a
uma palha ao se afogar.
Aos olhos ocidentais, a devoção obstinada ao Islã é uma
das características definidoras dos Assamitas. Aqueles que
dedicam algum pensamento a esse assunto acham tal adesão
à crença mortal no mínimo ridícula. Maomé fundou sua
religião há menos de seis séculos; muitos Cainitas que
estavam na região na época lembram-se dos eventos do
nascimento do Islã, e muitos Assamitas ainda ativos hoje são
tão antigos a ponto de anteceder a fé.
Na verdade, os Assamitas na totalidade nunca abraça-ram
totalmente o Islã, embora aqueles que o fizeram este-jam entre
os membros mais vocais e visíveis do clã, e muitos que não
adotaram a fé pelo menos apoiaram sua disseminação. A
religião tem grande apelo para os Filhos de Haqim, que en-
LIVRO DOIS: SARRACENOS
51
contram ecos de uma época mais nobre em seus códigos
formais de justiça rigorosa e que endossam a crença de que
os profetas são meros homens com dons especiais. Como
resultado, o Islã geralmente recebe mais respeito dos
Assamitas do que o Cristianismo, com sua aparente (aos
olhos Sarracenos) hipocrisia e corrupção, embora Assamitas
Cristãos individuais tenham a opinião oposta.
Sobre as Vias
Muitos Assamitas seguem Vias distintas da Via do
Sangue. Os praticantes da Via Sanguinius são
aqueles Assamitas mais convictos de sua superiori-
dade em relação a todos os outros Cainitas, que
seguem os ensinamentos de Haqim de forma mais
literal. Assim como os Assamitas que seguem a fé
islâmica, o impacto de suas ações e palavras supera
em muito seus números reais no clã.
Muitos feiticeiros e vizires preferem a Via
Humanitatis, nunca perdendo seus códigos éticos
mortais. Assamitas que eram seguidores devotos de
suas religiões mortais, ou que se tornaram após
receberem o Sangue, seguem várias ramificações da
Via Caeli, cujos preceitos são igualmente aplicáveis
ao Cristianismo, Judaísmo e Islã, com apenas alte-
rações mínimas (e nenhuma que afete a Hierarquia
de Pecados para a Via em questão). Alguns
guerreiros e vizires que se veem como nobreza de
algum tipo praticam crenças que são, para todos os
efeitos, a Via Equitum — e, surpreendentemente,
alguns antigos Assamitas de fé zoroástrica seguem
sua própria versão dessa Via. Muitos anciões que
antecedem todas as religiões mortais atuais seguem
versões peculiares de suas próprias fé, modificadas
para a existência vampírica. E, é claro, assim como
em todos os outros clãs, há aqueles raros poucos
Assamitas caídos que trilham a Via Diabolis.
O clã também conta com muitos seguidores de outras fé.
O povo Judeu em particular vive em terras onde o clã
detém influência desde o surgimento de sua fé, e não
poucos de seus membros foram trazidos para a prole de
Haqim. Alguns seguidores de várias fé do Extremo
Oriente foram Abraçados durante explorações Assamitas
em Taugast e na Índia, embora sejam uma pequena
minoria e/ou abandonem suas práticas ou as mantenham
para si. Anciãos individuais que antecedem a era de Cristo
praticam religiões ainda mais antigas. Alguns seguem
LIBELLUS SANGUINIS 3
52
crenças zoroastristas, enquanto outros afirmam adorar os
deuses gregos clássicos pelo legado das Fúrias.
A Via Sanguinius é uma filosofia quase exclusiva dos
Assamitas e que está presente no clã ao longo de toda a sua
história registrada. Seus preceitos são simples: que todos
os Cainitas, exceto os Filhos de Haqim, foram julgados e
considerados insuficientes (quem os julgou é uma questão
de alguma conjectura entre os estudiosos da Via), e o
sagrado dever dos Assamitas é purgar o mundo desses
imortais moralmente inferiores. Ao acumular o sangue de
outros Cainitas, eles têm a certeza de ter um presente
digno para o Ancestral quando ele surgir do sono dos
séculos e os conduzir em uma guerra santa final. A
Diablerie é um sacramento, pois cada inferior destruído
dessa maneira fortalece seu devorador e é um inimigo a
menos para ameaçar o clã na totalidade. Como a maioria
dos Cainitas não trata os mortais de maneira justa ou
honesta, aqueles que seguem a Via Sanguinius esforçam-se
para superar esse comportamento desonroso e se veem
como os protetores ocultos da humanidade. A Via
Sanguinius limita a habilidade de seus defensores de lidar
com outros Cainitas em qualquer base que não seja a de
inimigos imortais, embora adeptos individuais façam
exceções para indivíduos ou grupos cujos propósitos
favorecem, e os graus de antagonismo em relação aos
Cainitas todo variam de seguidor para seguidor. Os
seguidores da Via estão em número limitado — embora as
Cruzadas tenham incentivado mais e mais Assamitas a
buscar instrução nessa Via. O restante do clã os vê com
respeito e cautela, e teme que as ações dos fanáticos
possam trazer uma resposta devastadora sobre todos os
Filhos de Haqim.
As Leis de Haqim
Com sua sabedoria, o Ancestral percebeu que, para que seus
Filhos prosperassem, eles precisariam de regras para governá-los.
Ele estabeleceu essas leis para que todos pudessem se beneficiar.
Como todas as leis mortais, elas não são perfeitas, nem sempre
são honradas em sua plenitude espiritual, mas são nosso legado e
nossa força.
Os ensinamentos mais antigos de Haqim são o ponto
central na biblioteca de Alamut. Eles estão gravados em
Enoquiano em uma série de tabuletas de argila que várias
artes dos vizires mantêm em um estado quase perfeito de
preservação. As traduções diferem; as seguintes leis são as
versões mais comumente aceitas e aquelas que a maioria do
clã atualmente pratica. Elas têm alguma semelhança
superficial com as Tradições Europeias, mas os Assamitas
colocam geralmente as Leis antes das Tradições. Os
membros do clã que passam algum tempo na Europa
aprendem geralmente a moderar seu comportamento e a
prestar pelo menos um respeito mínimo às Tradições.
•Honra o Mais Antigo entre vocês, pois ele governará minha
Casa quando estiver ausente. Este é o mandato pelo qual o
mais antigo Assamita de quarta geração ativo governa
Alamut e o clã na totalidade sob o título de “Mais Antigo”.
Geralmente, é aceito como um guia para conduta fora do
reduto do clã também; se dois ou mais Assamitas estiverem
no mesmo local, o mais antigo entre eles é geralmente o
líder.
•Proteja os mortais da prole de Khayyin e trate-os com honra
em todas as coisas. Os Assamitas acreditam amplamente que
Haqim tinha desprezo pelos outros clãs Cainitas por seu
tratamento dos mortais. O dever dos Assamitas de "proteger
os mortais" significa que raramente drenam completamente
seus vasos ao se alimentarem e consideram raramente os
mortais individuais como peões dispensáveis. Na prática,
violações menores dessa lei são bastante frequentes, embora
a pressão dos pares evite transgressões mais óbvias ou
excessivas.
•Não mate aqueles do Sangue, pois esse direito é apenas do
Mais Antigo. Apesar da semelhança desta lei com a
Segunda Tradição, os Assamitas interpretam “Sangue”
como “Sangue de Haqim”. Eles não estendem essa
cortesia a outros Cainitas. Duelos entre Assamitas são um
meio muito comum de resolução de conflitos (a lei não diz
"não cause dano"), embora esses nunca sejam intencio-
nalmente até a morte. Se o ódio entre dois Assamitas for
tão grande que eles não possam suportar mutualmente, a
solução comumente aceita (e mais honrosa) é que ambos
reúnam seus pertences e viajem em direções opostas por
um mês lunar.
•Não engane aqueles do Sangue, pois minha Casa é funda-
mentada, na Verdade. Novamente, “Sangue” significa
“Sangue de Haqim” para os Assamitas. Eles não mentem
entre si, nem roubam uns dos outros. Um membro do clã
pego em uma decepção maliciosa (a fofoca é educadamente
ignorada a menos que seja criticamente prejudicial) é
segurado por quatro de seus pares enquanto um ancião
arranca sua língua de sua boca. Um ladrão Assamita perde a
mão. Em ambos os casos, a ferida é untada com um
unguento erval que impede que o criminoso regenere o
apêndice perdido por um mês lunar. O clã tem poucos
infratores reincidentes.
•Julgue aqueles da prole de Khayyin e puna-os se forem con-
siderados deficientes. Esta é a mais amplamente contestada das
leis. Muitos guerreiros, liderados pelos adeptos da Via
Sanguinius, afirmam que este é um mandato para destruir
todos os Cainitas que não atendem aos padrões de honra
Assamitas — o que é praticamente todo Cainita existente. Os
vizires afirmam que Haqim pretendia que esta lei fosse um
mandato de justiça entre os Cainitas, não uma desculpa
para genocídio, e que outros vampiros devem ser julgados e
tratados individualmente.
Sede Imortal
Nossa maior vergonha, nosso maior medo — e nossa maior
desgraça. Por toda a magia dos feiticeiros, não podemos quebrar
a maldição que os Baali lançaram sobre nós quando os
derrubamos em Chorazin e os mandamos gritando ao encontro
de seus mestres. Um por um, nossos guerreiros sucumbem a essa
loucura, e a tarefa de escondê-la torna-se mais difícil a cada
noite.
Quinhentos anos atrás, os guerreiros Assamitas fizeram
guerra aos Baali da Terra Santa como parte de seu esforço
para apoiar o surgimento do Islã. Eles enviaram seus peões
mortais contra os hereges dos Baali e enfrentaram os
mestres obscuros desses cultos em combates brutais. Os
Baali não foram páreo para a fúria dos Assamitas, e eles
lançaram maldições vazias sobre as cabeças dos guerreiros
enquanto recuavam para sua cidade profana de Chorazin.
Durante a retirada dos Baali, a tragédia abateu-se sobre
os guerreiros. Um dos maiores entre eles, o antigo Izhim
abd'Azrael, foi abatido e feito prisioneiro. Os guerreiros,
enfurecidos além de toda razão, assaltaram Chorazin com
todo o seu poder. Com seu exército mortal atrás deles, eles
romperam as muralhas da cidade rapidamente e seguiram
para o templo onde os covis dos Baali se preparavam para a
última resistência. Contudo, quando o primeiro guerreiro
pisou naquele salão profano, um fogo negro correu por suas
veias, e ele caiu no chão em agonia. Seus camaradas foram
igualmente afligidos, e eles sofreram perdas graves antes que
um grupo de feiticeiros liderados pelo Amr em pessoa
chegasse para ajudá-los. As forças Assamitas dominaram o
templo e resgataram Izhim abd’Azrael de onde ele jazia
estacado no altar Baali, aparentemente a vítima pretendida
de algum sacrifício horrendo.
Foi somente quando Izhim recobrou a fala que os
Assamitas aprenderam a verdade do que havia ocorrido
antes de seu ataque final. Ele não fora um sacrifício, mas
sim o ponto focal de um ritual que atacava o coração do
próprio clã. “Assim como vocês têm sede de nosso
sangue”, disse-lhe o sumo sacerdote Baali, “assim terão
fome por todo sangue, por toda eternidade.” Izhim foi a
primeira vítima dessa maldição — ele quase drenou até a
última gota o guerreiro que lhe ofereceu sangue para se
curar. Ele fora atingido por uma loucura irresistível, um
LIVRO DOIS: SARRACENOS
53
desejo profundamente enraizado por sangue Cainita.
Izhim era da Quinta Geração, um dos primeiros
O Clã e os Despojados
Embora ofereçamos uma riqueza de oportunidades ao novo
guerreiros Abraçados após a queda da Segunda Cidade.
Filho de Haqim, muitos escolhem trilhar seus próprios caminhos,
Ele fora uma vez Despojados, mas depois se reintegrou ao
livres dos comandos de seus anciões, mas também distantes de
clã e serviu como Califa por um breve período antes de
qualquer medida de assistência que poderíamos oferecer. É uma
vagar pelos desertos. Seu sangue era forte e antigo o
tragédia, mas os ensinamentos de Haqim não são para todos que
suficiente para servir como ponto focal para uma recebem o Sangue.
maldição que ainda se espalha pela casta guerreira. A fome
Os Assamitas apresentam uma frente unificada, mas es-
passa lentamente pelas fileiras sem nenhum padrão
tão longe de ser uma organização Cainita monolítica. A
racional, tocando neófitos e Matusalém igualmente com
hierarquia do clã é frouxa na melhor das hipóteses, e muitos
sua loucura. Até o momento, talvez metade da casta está
Assamitas passam uma década sem ver outro. No entanto, as
tão afligida. Muitos viajaram para o leste, para a Índia ou
artes dos feiticeiros garantem que a maioria do clã
Taugast, para que pudessem se afastar da tentação das
permaneça vagamente conectada e ciente dos eventos que
cidades ricas em Cainitas da Europa, mas muitos
afetam a linhagem como um todo. Todo Assamita que
sucumbiram aos seus desejos e caíram sobre inimigos e
escolhe permanecer leal e associado ao clã após o Abraço faz
aliados igualmente. Os feiticeiros lutam todas as noites
uma peregrinação a Alamut nos primeiros sete anos de sua
para quebrar a maldição, mas temem que os poderes
não-vida. Lá, ela adiciona ritualmente seu sangue ao Sangue
invocados em sua conjuração sejam mais fortes do que eles
do Coração. Isso a conecta espiritualmente ao clã como um
próprios podem dominar. Com o tempo, todos os
todo e permite que os feiticeiros da silsila a enviem
guerreiros Assamitas podem muito bem cair sob o feitiço,
mensagens de Alamut, se necessário. Ela também recebe um
e mesmo o mais sábio vizir só pode especular sobre o que
elo mágico com o Mais Antigo e com seu senhor para
acontecerá então.

LIBELLUS SANGUINIS 3

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poderem saber as circunstâncias de sua morte, caso ela
caia. A ascensão de um novo Mais Antigo ao trono negro é
uma das poucas ocasiões em que todos os Assamitas
tentam retornar a Alamut, para poderem estar ligados ao
seu novo “governante”.
Com mais frequência do que os Assamitas gostariam
de admitir, um novo indivíduo recebe o Sangue, mas se
recusa a se autodenominar um dos Filhos de Haqim. Tal
Assamita é conhecido como Despojado. Eles não estão
obrigados a obedecer às leis do clã, mas tampouco pode
reivindicar automaticamente o direito a santuário ou
solidariedade em tempos de necessidade. Assamitas
individuais que permanecem leais ao todo podem escolher
ajudá-la, mas não são obrigados a fazê-lo. Os Despojados
não são sem clã; eles ainda exibem os mesmos traços que
todos os outros Assamitas de sua casta e sofrem o mesmo
escurecimento com a idade. Talvez um em cada quatro
Cainitas do sangue Assamita seja Despojado, sendo a
maioria deles pertencente à casta guerreira e os menos
encontrados entre os feiticeiros. Muitos daqueles que
oferecem seus serviços como os “assassinos de Alamut”
para príncipes europeus são, de fato, Despojados e servem
apenas aos seus próprios interesses.
Ocasionalmente, um Assamita decide que seu cami-
nho e o do clã já não são os mesmos. Em teoria, ele pode
retornar a Alamut e solicitar ser retirado dos rituais que a
ligam ao Mais Antigo e ao seu senhor (embora seu sangue
nunca possa ser removido do Sangue do Coração), para
poder se tornar Despojado. Na prática, qualquer Assamita
que escolha esta opção é submetido a uma intensa
investigação pelos anciões residentes de Alamut para
garantir que ele não esteja traindo o clã. Poucos resolvem
deixar o clã após esta interrogação.
A Vista do Monte
Um sábio Capadócio certa vez me presenteou com o
conselho, "Não faça perguntas para as quais você não quer
verdadeiramente as respostas." Acredito que isso se aplica à
pergunta "Como você nos enxerga?" Nossos pensamentos sobre os
filhos de Caim são menos do que agradáveis em muitos casos,
separados como estamos por crença, causa e geografia. No
entanto, raramente são tão diretos como seus sujeitos presumem.
Como sempre, esses pensamentos podem mudar com base no
indivíduo ou na área - por exemplo, os vizires de Bizâncio
consideram os Toreador como aliados firmes, enquanto os
guerreiros da Terra Santa veem os Artífices como pouco melhores
do que os Ventrue.
Brujah
Nobreza despedaçada pelo orgulho. Os Brujah esque-cem o
que perderam até mesmo todas as noites, e mais de seus membros
mais jovens adotam as maneiras do bandido e do iconoclasta em
vez de se esforçarem para melhorar sua posição. Eles servem como
um aviso do que podemos nos tornar — ou, alguns vizires dizem,
como uma placa indicativa no caminho que já tomamos.
Os Assamitas têm muito respeito pelos Brujah — e
muita pena. Os anciões do clã são depósitos de conhe-
cimento com os quais os vizires e feiticeiros negociam
sempre que possível. Os Brujah mais jovens, no entanto,
se deleitam na queda de sua linhagem e se tornam aliados
incertos na melhor das hipóteses. Por enquanto, os
Assamitas observam os Brujah cuidadosamente para
garantir que não arrastem consigo muitos dos filhos de
Haqim em sua longa e lenta queda.
Capadócios
Mágicos repugnantes, mas estudiosos admiráveis. Se prati-
cassem artes mais aceitáveis, poderíamos achá-los mais
palatáveis. Como estão, o conhecimento que acumulam é tudo o
que nos impede de considerá-los abominações diante dos deuses
que o espadachim individual reivindica.
Os Capadócios têm um atrativo e uma repugnância
combinados. São, em grande parte, um clã pacífico, e sua
influência repousa levemente, se é que repousa, nas
Cruzadas. Sua preferência pelo estudo em detrimento da
ação os torna favoritos dos vizires, e indivíduos dos dois
clãs frequentemente trocam partes de suas bibliotecas ou
se envolvem em pesquisas conjuntas. Os feiticeiros
adorariam dominar algumas das magias secretas dos
Capadócios, mas todas as tentativas até agora resultaram
em falhas horríveis. Essa sequência de desastres sem
mitigação levou muitos Assamitas a acreditar que os
poderes dos quais os Capadócios se valem são algo menos
que respeitáveis, e o clã como um todo adquiriu uma má
reputação como resultado.
Seguidores de Set
Aliados por conveniência, nada mais. Embora compartilhe-
mos a terra com essas bestas, isso é tudo que compartilhamos, e
aguardamos a noite em que podemos arrastá-los gritando de suas
criptas e catacumbas, deixando-os empalados e amarrados às
ruínas destruídas de suas casas. Suas alegações blasfemas de um
deus-pai serão refutadas ao amanhecer no deserto.
Em muitas áreas do Norte da África e do Oriente
Médio, os Setitas são os únicos Cainitas que os Assamitas
podem chamar de aliados. Essa situação não agrada a
nenhum dos clãs — os Assamitas reconhecem sua fraqueza
na arena da manipulação de mortais e Cainitas, e os
Setitas temem a combinação da destreza marcial dos
LIVRO DOIS: SARRACENOS
55
guerreiros e feiticeiros. Por enquanto, os dois clãs estão
unidos pelas Cruzadas, mas o atrito constante ameaça
incendiar uma guerra nas sombras no Egito e na Terra
Santa.
Gangrel
Respeitáveis por sua honestidade e honra, mesmo que devam ser
desprezados por sua disposição em viver como bestas. Podemos ter
sido amaldiçoados a beber sangue e fugir da luz do sol, mas isso é
pouco motivo para descer abaixo do que teríamos sido como
homens.
A oposição Gangrel ao Cristianismo conquistou muitos
amigos entre os membros individuais do clã junto aos
Assamitas, e a exploração de África e Ásia pelos Assamitas
aumentou o valor do clã aos olhos dos Gangrel. No entanto,
os Assamitas se orgulham de serem guardiões da cultura e do
aprendizado, enquanto os Gangrel evitam tudo, exceto os
aparatos essenciais da civilização. Muitos dos Gangrel em
terras agora controladas pelos árabes também desgostam do
Islã tanto quanto qualquer outra fé “civilizadora”. Tais
visões opostas resultam em muitos mal-entendidos infelizes
que condenam o que seria, de outra forma, uma cooperação
bem-sucedida.
Lasombra
Alguns são como irmãos, enquanto outros são nossos inimi-
gos mais odiados — e a diferença nem sempre é clara no primeiro
encontro. As crianças das sombras devem ser tratadas com
cautela e receber o respeito que é devido a um aliado próximo ou a
um oponente digno. O Lasombra que é o primeiro esta noite pode
ser o último ao anoitecer de amanhã.
Os Lasombra debatem questões de fé — especialmente
a fé Muçulmana e Cristã — ainda mais do que os
Assamitas. Os Lasombra cristãos colidem com os
Assamitas na Ibéria e, em menor medida, na Terra Santa,
mesmo enquanto se formam alianças do outro lado das
linhas de batalha. Mais do que qualquer outro clã, os
Assamitas julgam os Lasombra como indivíduos, em vez
de pintar todos os Magísteres com o mesmo pincel.
Embora nunca sejam amigos, os Lasombra devem ser
respeitados — e, aos olhos dos Assamitas, isso é um
presente maior do que a simples afeição seria.
Malkavianos
São sonhadores e videntes, e conhecem muitas coisas. No
entanto, poucas dessas coisas têm qualquer relevância para o
mundo, conforme o restante de nós o conhece. Dê caridade aos
loucos se estiverem dispostos a aceitar, mas nunca se rebaixe diante
deles. Ouça suas palavras, mas não as siga. E, acima de tudo,
nunca se torne devedor de um.
LIBELLUS SANGUINIS 3
56
Alá diz que os loucos devem ser abrigados. No entan-
to, os Assamitas não muçulmanos têm suas dúvidas sobre
a sabedoria desse conselho, após terem sido vítimas de
piadas demais dos Malkavianos. Por enquanto, os
Malkavianos recebem o que pode ser melhor descrito
como “indulgência cautelosa”. Os Assamitas reconhecem
que a menagerie de Malkav muitas vezes recebe presentes
de profecia, mas preferem confiar em seus próprios
videntes, feiticeiros e vizires para informações mais
confiáveis, embora menos impactantes.
Nosferatu
Se há um lugar que você deve ter certeza de que é absoluta-
mente seguro, procure um Nosferatu. Se ele permitir ser
encontrado nesse lugar, então você saberá que é seguro. Se você
não ver nenhum, existem duas possibilidades. Ou o lugar não é
tão seguro quanto você pensa e ele o abandonou, ou é tão seguro
quanto você pensa e ele está observando para ver que negócios
você planeja conduzir lá.
Os Assamitas estão nitidamente divididos por linhas
religiosas no tratamento dos Nosferatu. Alguns membros
do clã afirmam que a deformidade física é um sinal de
desfavor divino e que os Nosferatu não devem ser
confiáveis. A maioria dos outros Assamitas, no entanto,
lembra que os Nosferatu foram honestos com eles — e
aliados a eles — em momentos em que nenhum outro
Cainita seria. Esse tratamento dual deixou muitos
Nosferatu desconfiados dos Assamitas, e o fluxo de
informações entre os dois clãs diminuiu ao longo dos
últimos séculos. Os Assamitas Islâmicos conhecem um
grupo fiel de Nosferatu chamado de Hajj, que vivem na
Arábia, mas viajam para outras terras Muçulmanas. Dizem
que eles conseguem entrar na cidade sagrada de Meca e de
alguma forma controlar o Lamento da Arábia.
Ravnos
O Islã determina um método simples para lidar com um
ladrão: cortar sua mão. No caso dos Ravnos, preferimos caute-
rizar o coto com um ferrete, para garantir que a mão em questão
não retorne às nossas bolsas posteriormente. Aqueles que
preferem roubar conhecimento a roubar bugigangas geralmente
podem ser lidados de maneira mais civilizada.
Para os Ravnos que se encaixam na imagem popular do
clã, os Assamitas não têm nem respeito, nem tolerância, e
aplicam geralmente a justiça Islâmica para garantir que
lições de honestidade sejam ensinadas. No entanto, a
maioria dos Assamitas admitirá que muitos Ravnos têm
sábios conselhos a oferecer, pois suas jornadas lhes deram
visões sobre muitas das culturas e áreas que os Assamitas
estão explorando apenas agora. Os Charlatães não
parecem organizados (ou Cristãos) o suficiente para repre-
sentar uma ameaça, e os Assamitas são amplamente
resistentes à trapaça fantasmagórica, então os dois clãs se
deixam na maioria intocados, a menos que indivíduos
decidam trocar informações sobre suas viagens.
Toreador
Se a ética deles fosse correspondida pela dedicação às artes,
seriam companheiros dignos. Como está, eles ficam um pouco
aquém de muitos objetivos admiráveis, incluindo a modéstia, a
castidade e a contenção geral. Sua busca contínua pelos prazeres da
carne é risível, e eles são volúveis demais para fazer aliados
confiáveis. No entanto, são uma boa plateia para os artífices entre
nós.
Os Assamitas e Toreador desfrutam de uma longa his-
tória de comércio mútuo. Isso deu aos Assamitas tempo
suficiente para observar os Artistas, e sua avaliação é que os
Toreador são companhia encantadora, mas lamen-
tavelmente ineficazes em qualquer arena, exceto a política. A
aceitação divertida caracteriza as relações que os
descendentes de Haqim têm com os Artistas. Infelizmente,
essas relações geralmente amigáveis estão se erodindo
rapidamente devido ao apoio dos Toreador à Reconquista
Cristã.
Tremere
Os Usurpadores estão desesperados por qualquer amigo que
possam encontrar. Isso os tornaria propensos à exploração, se não
fossem tão hábeis em descobrir traições. Eles mostraram ao mundo
que não podem ser confiáveis, então o único método restante de
lidar com eles é da mesma forma que se lida com qualquer outro
mago renegado: uma espada na garganta ou uma maldição em sua
casa. Não damos atenção às suas alegações de supremacia nas artes
arcanas, pois praticávamos tais magias quando seu chamado clã
era pouco mais do que um brilho travesso nos olhos de seu mestre
mortal.
A prole de Saulot era uma das favoritas dos Assamitas, e
as recentes caçadas contra eles não agradam a muitos
membros do clã. Os Tremere conquistaram uma segunda
marca contra si nos livros dos feiticeiros, que ficam tanto
divertidos quanto ofendidos pela imagem autointitulada
dos Tremere como os "mestres da magia do sangue". Aos
olhos dos Assamitas, os Tremere não têm o direito ao poder
que reivindicaram nem a maturidade para usá-lo corre-
tamente. A lição que deve ser ensinada aos Usurpadores será
prolongada e sangrenta, e membros de todas as três castas se
deliciam com a ideia. Aqueles feiticeiros que confrontaram
diretamente os Tremere os consideram um pouco mais
respeitáveis, se apenas pelos poderes sob seu comando.
Tzimisce
Os Tzimisce se deleitam em sua inumanidade. Enquanto o
autoconhecimento é admirável, eles levam o princípio muito
além do ponto de distorção — em todas as maneiras possíveis.
Suas reivindicações de nobreza podem ter algum pequeno
resquício de verdade escondido no passado distante, mas agora
são pouco melhores do que bestas ávidas por poder. Eles
desfrutam de certo grau de força, no entanto, então é melhor lidar
com eles com um mínimo de cortesia.
Para os Assamitas, os Demônios representam tudo o
que é condenável na condição Cainita. Eles são descon-
trolados e abertos em sua inumanidade, e se regozijam em
sua absoluta maestria sobre seus súditos mortais. Os Assa-
mitas, que aconselham em vez de governar e nutrem em
vez de dominar, consideram esse comportamento
repreensível. No entanto, os Tzimisce têm inimigos mú-
tuos nos Ventrue e Tremere, então devem ser tolerados,
assim como os Setitas.
Ventrue
Embora as forças que comandam sejam impressionantes, sua
dependência de tradição e história os deixa estagnados diante de
qualquer mudança repentina. Sua própria incapacidade de se
adaptar será sua ruína, pois de que adianta a fortaleza mais
sólida como defesa se o inimigo ataca a cem milhas de distância?
Os Ventrue conquistaram um respeito relutante pela
habilidade que seus cavaleiros e comandantes demons-
traram em suas campanhas na Terra Santa. No entanto,
esse respeito se estende apenas às suas habilidades, não a
seus motivos ou desejos. Quando possível, os Assamitas
tentam desviar a atenção dos Lasombra ou Tzimisce para
os Ventrue, a fim de evitar confrontos diretos. Quando
isso não é possível, os filhos de Haqim defendem seus
interesses da maneira que são mais capazes.
Baali
Se encontrarmos uma dessas criaturas, o tratamento dela
nunca está em dúvida. Primeiro, leve a cabeça como troféu e
queime o corpo. Em seguida, arrase sua moradia, não deixando
pedra sobre pedra, e espalhe sal pelo solo. Quebre sua espada,
purifique seu altar com fogo e destrua tudo o que o ser
abominável possui como profano. Por último, venda seus
seguidores mortais como escravos para o Setita mais repugnante
em um raio de mil km e envie seu nome aos Capadócios para
poderem aprisionar sua alma em um penico. Fui claro?
Os Assamitas estão em guerra com os Baali e assim têm
estado por meio milênio. Nenhuma trégua é oferecida de
nenhum lado. A ofensa que os Baali causaram, e as
possíveis implicações de suas ações, são grandes demais
para o perdão, e os Assamitas não vão parar até que o
LIVRO DOIS: SARRACENOS
57
último Baali seja apenas poeira espalhada pela areia do
deserto.
Salubri
Os filhos de Saulot devem ser acolhidos e protegidos sempre
que possível. De toda a prole distante de Caim, eles são talvez os
mais nobres à sua maneira. Se não puderem ser defendidos,
devem ser vingados. Aqueles que se aliaram aos Cruzados
pagaram por seu erro de julgamento, e não favorecem mais a
invasão Cristã como antes. Não há necessidade de administrar
mais justiça — os Salubri já sofreram o bastante nas mãos dos
Tremere.
Os Salubri e os Assamitas estiveram em bons termos
por muitos séculos, simplesmente porque seus interesses
raramente conflitavam. O apoio dos Salubri às Cruzadas
azedou esse relacionamento, a ponto de os sarracenos
terem feito pouco para impedir a purga dos Tremere sobre
os filhos de Saulot. Recentemente, essa atitude começou a
mudar; os vizires agora escondem alguns Salubri que
fogem das purgas dos Tremere, seja os escondendo na
Terra Santa ou enviando-os para o leste até Taugast. No
entanto, aqueles que apoiaram as Cruzadas não recebem
tal abrigo.
LIBELLUS SANGUINIS 3
58
A Sociedade de
Alamut
Somos um povo diversificado, talvez mais diversificado do
que qualquer outro clã, embora esta seja uma opinião baseada
em meu orgulho mais do que na razão. No entanto, mudamos
ao longo dos séculos, desenvolvendo papéis especializados
dentro de nosso clã que nos proporcionam um grau de
autossuficiência que outros podem não ter. Ai de nós, também
desenvolvemos muitas falhas - mas vou me calar a respeito
delas.
As Três Linhas de Haqim
Embora muitos relatos retratem os Assamitas como
uma sociedade unificada de assassinos, isso está longe de
ser verdade. O clã tem uma história longa e diversificada e
se dividiu em três castas distintas. Alguns afirmam que as
castas são desenvolvimentos recentes, ocorrendo nos
últimos poucos séculos. Os vizires que cuidam das
bibliotecas de Alamut, no entanto, afirmam que as
histórias mais antigas registradas do clã, que eles
acreditam ser relíquias da Segunda Cidade, falam da
divisão entre os guerreiros e os estudiosos. Os feiticeiros
são um desenvolvimento posterior no clã, embora seu ponto
preciso de origem - guerreiro ou vizir — dependa do
estudioso que está compartilhando sua opinião. A questão
pode ser discutível, e a maioria dos Assamitas dá pouca
importância a isso, pois todas as três castas incluem "crias" de
quarta geração de Haqim. Assim, todas as três castas são
igualmente herdeiras de seu fundador. Os Capadócios e
Tzimisce podem tagarelar sobre “linhagens sanguíneas”,
“clãs verdadeiros” e “padrões de descendência e mutação”.
Os "filhos" de Haqim sabem quem são.
No entanto, cada casta é uma linha separada em ter-mos
de sangue e do Abraço — a mesma predisposição para
Disciplinas e a mesma fraqueza mística são transmitidas do
senhor para a “cria”, e cada uma dessas características é
diferente para cada casta. A casta de um Assamita é aquela
em que ela é Abraçada, e não há método conhecido para
mudar isso. Um vizir pode descobrir que sua verdadeira
vocação é o manejo da espada e até mesmo receber
treinamento extensivo dos guerreiros, mas seu sangue
sempre a marcará como um vizir em primeiro lugar.
A Casta dos Guerreiros
Muitos forasteiros consideram a casta dos guerreiros
como a totalidade do clã Assamita. Isso agrada muito aos
guerreiros, em sua maioria. Na política interna dos
Assamitas, a casta dos guerreiros domina muitos dos
assuntos do clã. Historicamente, os guerreiros tendiam a
ser os mais diretos em palavras e ações. No entanto, isso
mudou ao longo do último meio milênio, à medida que o
número de assassinos na casta aumentou devido a eventos
em Bizâncio, Arábia e nos outros novos impérios da região
(novos pelos padrões Cainitas, pelo menos). Isso criou
uma divisão acentuada entre os guerreiros mais
tradicionais, que valorizam o confronto direto, e os
adeptos dos princípios mais recentes de assassinato e
engano. O Califa, líder da casta dos guerreiros, não se
pronunciou sobre essa questão, o que cada lado interpreta
como um apoio à sua posição. O atual Califa é um feroz
lutador chamado Jamal, que ocasionalmente quebra um
protocolo secular para descer de Alamut e intervir
diretamente nos assuntos do clã na Terra Santa.
O papel tradicional dos guerreiros tem sido o de de-
fensores, tanto das outras castas quanto dos protegidos
mortais do clã. Membros desta casta servem como guarda-
costas para vizires e feiticeiros viajantes, ficam de guarda
nos muros de Bagdá e Damasco, caçam bandidos nos
desertos do norte da África e enfrentam cavaleiros
castelhanos na Ibéria. Os guerreiros são os apoiadores
mais ardentes dos Assamitas do Islã e são desde a fundação
da religião. Em certa contradição com isso, a maioria dos
seguidores do clã do Caminho do Sangue também está na
casta dos guerreiros.
Os guerreiros quase sempre Abraçam indivíduos que
possuem alguma habilidade marcial. Isso nem sempre é
físico — muitos guerreiros são trazidos para o Sangue para
preservar seu conhecimento da ciência militar ou
recompensar uma vida de fé, ou lealdade. Os novos
membros desta casta são quase exclusivamente homens de
origem norte-africana ou árabe, embora isso nem sempre
tenha sido o caso, e vários guerreiros notáveis mais velhos
sejam do sexo feminino, europeus ou do oeste asiático, ou
uma combinação desses. A maioria dos guerreiros prefere
permitir que suas novas “crias” sigam seus próprios
caminhos após um breve período de orientação e
instrução. Se conseguirem se manter contra o mundo, são
bem-vindos para fazê-lo. Se não puderem, ou retornam e
aprendem de boa vontade ou morrem descobrindo serem
inadequados para os desafios da noite.
Conceitos Sugeridos: Arqueiro, guarda-costas, mestre
ferreiro, estrategista, assassino, nômade, beduíno, espião,
engenheiro de cerco, caçador, grande mestre de xadrez
Disciplinas: Os guerreiros Assamitas têm Rapidez,
Ofuscação e Quietus como suas Disciplinas “clânicas”.
Fraquezas: Conforme o Vampiro: Idade das Trevas,
qualquer guerreiro é automaticamente identificado como
diablerista por qualquer meio de percepção sobrenatural
que possa revelar uma história de Amaranto — mesmo que
ele nunca tenha provado o sangue de outro vampiro e
independentemente do grau de sucesso que um obser-
vador normalmente precisaria para detectar tal evidência.
Embora isso possa não parecer uma grande desvantagem,
os tribunais Cainitas não são conhecidos por aderir ao
princípio de “inocente até que se prove o contrário”.
A casta dos guerreiros também desenvolveu o costume
de que um guerreiro que aceita contratos mercenários de
qualquer tipo é obrigado a pagar 20 por cento de seu
pagamento (seja qual for a forma) ao seu senhor. Isso
garante que o clã como um todo se beneficie das ações de
seus filhos individuais, que não são necessariamente de
interesse direto dos Assamitas. Claro, um Assamita
“independente” é livre para ignorar essa proibição, mas
aquele cujo senhor escolhe extrair “pagamento atrasado”
pode se arrepender de seu egoísmo.
A Casta dos Feiticeiros
Os feiticeiros sempre desfrutaram de um status único
no clã. Respeitados por seu poder, mas temidos pelo
mesmo conhecimento, eles se destacam dos guerreiros e
vizires. São a força que permite aos Assamitas manterem
uma estrutura de clã vagamente unificada por milhares
LIVRO DOIS: SARRACENOS
59
de milhas. Seus mensageiros espirituais amarram o clã, seus
espelhos de adivinhação revelam mil verdades ocultas dos
inimigos do clã, seus servos djinn guardam os lugares mais
secretos do clã, e seu fogo e relâmpago domados varrem os
campos de batalha diante deles.
São liderados por um poderoso mago chamado al-
Ashrad, um homem de um olho e um braço, com uma
legião de demônios derrotados a seu dispor. Al-Ashrad, cujo
título formal é Amr, passa a maioria do tempo em seus
laboratórios em Alamut, embora ocasionalmente viaje para
Damasco.
Tradicionalmente, os feiticeiros fornecem o que os
Assamitas poeticamente descrevem como os pilares e
contrafortes do clã, um suporte na maioria invisível para as
outras castas. Sua magia pode realizar feitos que desafiam a
razão e a fé, embora suas raízes se encontrem em ambas.
Consideram-se pesquisadores e sábios, aprofundando-se nas
verdades da natureza Cainita e do próprio mundo com
ferramentas tanto mágicas quanto mundanas. Isso confere
credibilidade à crença de que os feiticeiros descendem dos
vizires - embora alguns, especialmente os de Ibéria e da Terra
Santa, tenham escolhido um caminho decididamente
marcial.
Os feiticeiros tendem a Abraçar indivíduos de vonta-
de forte, adaptáveis e firmes. Também buscam desenvol-
vimento intelectual e educação acima da média, embora
essas qualidades possam ser — e muitas vezes são — desen-
volvidas após o Abraço. Fiel ao seu papel secundário como
estudiosos, os feiticeiros nem sempre procuram potencial
mágico se o mortal em questão tiver conhecimento
suficiente em uma área de interesse. Os feiticeiros
Abraçam de ambos os sexos e de todas as nacionalidades.
Após o Abraço, o novo feiticeiro geralmente serve um
período de aprendizado que varia de um ano a algumas
décadas. Isso nem sempre é sob o senhor do feiticeiro;
vários anciões da casta são mentores em tempo integral, e
considerável prestígio segue um aprendizado sob um dos
mais notáveis.
Conceitos Sugeridos: Astrólogo, mago de batalha,
cirurgião, mestre dos djinn, matemático, astrônomo,
vidente, cabalista, mago do clima, artífice
Disciplinas: As Disciplinas “clânicas” dos feiticeiros
Assamitas são Auspícios, Quietus e Feitiçaria Assamita (sua
versão de Taumaturgia). Cada feiticeiro individual escolhe
seu caminho principal, embora seu senhor e outros
professores geralmente tenham alguma influência sobre o
assunto.
Fraquezas: Os feiticeiros Assamitas podem ser os pra-
ticantes mais antigos da magia do sangue entre os clãs
LIBELLUS SANGUINIS 3
60
Cainitas. Essa tradição deixou uma marca distintiva nos
feiticeiros (mesmo aqueles que não praticam pesadamente a
magia do sangue). Sua aura sempre mostra padrões distintos
associados à magia do sangue, e todos os esforços para
observá-los por meios sobrenaturais (Auspícios e similares)
desfrutam de um bônus de dificuldade -2 sendo consi-
derados operar em dois níveis superiores para fins de
poderes opostos (então, um personagem com Auspícios 2
tentando penetrar em um Ofuscação do feiticeiro tem um
Auspícios efetivo de 4). No entanto, o ocultamento do
feiticeiro funciona tão bem quanto o de qualquer outro
Cainita contra observadores não aprimorados.
Vizires
Os vizires são os Assamitas que mais se afastam do es-
tereótipo europeu do clã. São, na maioria, pacíficos, cui-
dando de seus próprios assuntos e dos Assamitas como um
todo (embora seja desastroso para o oponente tolo que
assume que todos os vizires são inofensivos). Os vizires são os
mais diversos das três castas, pois políticos ardilosos e
cortesãos afetados estão ao lado de escribas manchados de
tinta, comerciantes astutos e tecelões habilidosos. O líder
dos vizires tem o título de Vizir, um arranjo que pode
parecer estranho para os outros, mas é raramente confuso
para os Assamitas, que fazem a diferenciação com um sutil
ênfase no “o” ao se referirem ao Vizir.
O atual Vizir é uma egípcia conhecida como Rebekah,
insuperável em sua compreensão da política cainita e mortal e
protocolo cortês. Ela é reputadamente ativa nas bordas das
cortes cainitas de Bizâncio, onde tem prazer particular em
manobrar outros Cainitas contra a prole de Set.
Os vizires são, na maioria, o coração dos Assamitas. Os
guerreiros não têm inclinação para se envolver em
assuntos mortais, exceto ao participar de conflitos
violentos, e os feiticeiros muitas vezes estão muito
distantes das preocupações dos vivos para poderem
intervir em tais assuntos. Assim, a responsabilidade de
exercer influência sobre os Filhos de Set recai mais
frequentemente sobre os vizires. Os vizires também são os
Assamitas que lidam mais com mortais de maneira social
em vez de predatória, embora esta seja uma generalização
que dificilmente se aplica a todos os membros do clã.
Finalmente, os vizires são os Assamitas que mais fre-
quentemente assumem a responsabilidade pelo controle
direto das propriedades mais importantes do clã, desde as
forjas de Damasco até as rotas comerciais em direção a
Taugast.
Ao Abraçar, os vizires procuram indivíduos cujas
habilidades serão de importância a longo prazo para o clã,
ou aqueles cujas habilidades, ou conhecimentos devem
ser preservados. A tendência mais recente viu um
aumento nos Abraços de notáveis estudiosos do Império
Almóada. Vizires são comerciantes, intelectuais e
estadistas. Assim como os feiticeiros, os vizires raramente
discriminam quanto ao gênero, etnia ou religião ao dar o
Sangue.
Conceitos Sugeridos: Teólogo, contador de histórias,
arquiteto, escultor, cortesão, joalheiro, escriba, historia-
dor, teórico político, cientista, tecelão, mercador,
linguista, juiz
Disciplinas: As Disciplinas “clânicas” dos vizires são
Auspícios, Rapidez e Quietus.
Fraquezas: Os vizires são perfeccionistas absolutos, cada
um se concentrando em sua própria área de especialização
até o ponto de monomania. Cada vizir tem um transtorno
obsessivo-compulsivo associado à sua mais alta Habilidade
intelectual ou criativa. Quando o transtorno está ativo, a
aura do vizir tremeluz com padrões estranhos que um
observador pode interpretar para discernir a Natureza do
personagem e o foco de sua obsessão com qualquer uso bem-
sucedido da Visão de Almas (Auspícios 2).
Estruturas e Grupos
Uma Vez, um vizir disse que qualquer grupo com mais de
duas pessoas desenvolverá suas próprias facções internas.
Observando a política do nosso clã, acho isso cada vez mais
verdadeiro à medida que os anos passam. Algumas sementes de
causa e desejo murchem e morrem rapidamente; outras
encontram terreno fértil na imaginação e crescem em crenças
plenas.
Liderança
Graças às habilidades de comunicação mágica dos fei-
ticeiros, os Assamitas estão unificados como poucos clãs
podem estar sobre as vastas distâncias pelas quais se
espalharam (embora, na verdade, a maioria dos anciãos de
qualquer clã tenha seus próprios métodos de comuni-
cação a longa distância). Isso não implica que todos os
Assamitas sirvam diretamente os anciãos do clã; talvez um
a cada três escolha seguir seu próprio caminho num século
de receber o Sangue. No entanto, a maioria do clã é um
tanto unificada em propósito, mesmo que nem sempre
concordem quanto aos melhores meios de alcançar esse
propósito.
LIVRO DOIS: SARRACENOS
61
 O mais alto líder do clã é simplesmente conhecido
como o Ancião, mais coloquialmente chamado de Velho.
Os guerreiros afirmam que nunca houve uma Anciã,
embora tradutores vizires insistam que certos registros em
sua posse forneçam evidências incontestáveis de tal
indivíduo por volta do tempo de Cristo. O Ancião rara-
mente, se alguma vez, deixa Alamut, preferindo passar
ordens por meio da hierarquia do clã. Tradicionalmente, o
Ancião é a cria mais antiga de Haqim acordada na época.
Se um Assamita de quarta geração mais antigo acordar, a
posição é renunciada após um breve período de transição
(normalmente uma década). Durante esse tempo, o novo
Ancião se reacostuma com o mundo e os assuntos do clã.
O Ancião atual é um feiticeiro recluso conhecido como
Sha'hiri.
Diretamente sob o Ancião estão os líderes das três cas-
tas: o Califa, o Amr e o Vizir. Esses três indivíduos formam
coletivamente um conselho para aconselhar o Ancião, cada
um cuidando de sua própria área de especialização e dos
assuntos de sua casta.
O Califa é o maior combatente dentro da casta guer-
reira, e qualquer guerreiro subordinado pode desafiá-lo
para um julgamento por combate a qualquer momento.
No entanto, o Califa tem o direito de escolher o método
pelo qual o julgamento será decidido: combate de-
sarmado, combate armado ou liderança militar. Rumores
Assamitas dizem que as batalhas que forjaram o Império
Almóada, foram o julgamento de Jamal pela liderança.
O Amr é nomeado por um conselho de feiticeiros de
quarta e quinta geração que coletivamente aplicam rituais
de adivinhação para determinar o potencial Amr que servirá
aos interesses da casta e do clã da maneira mais benéfica. Al-
Ashrad, o Amr atual, ocupa o cargo desde ser reconhecido
como um ancião em 120 A.C, apesar da repetição anual dos
rituais.
O Vizir é eleito por maioria simples de todos os vizires
que podem viajar para Alamut ou enviar procurações. Esta
votação é realizada a cada 63 anos (os vizires se recusam a
discutir a significância desse número). As últimas eleições
foram realizadas em 1171, quando Rebekah derrotou o
anterior Vizir, Khaldun, por uma margem estreita.
A Silsila
Os anciãos do clã que não mais servem os interesses dos
Assamitas fora de Alamut são conhecidos como a silsila. Os
poucos estrangeiros que ouviram falar deste grupo
acreditam que ele é composto simplesmente por aqueles
Assamitas que permanecem em Alamut para auxiliar os
LIBELLUS SANGUINIS 3
62
líderes das castas e o Mais Velho, bem como atuar como
mentores para os membros mais jovens do clã que buscam
treinamento de outras fontes além de seus Senhores.
Contudo, a silsila tem uma responsabilidade maior do que
apenas dispensar sabedoria. Ela é o sacerdócio dos
Assamitas, e em seus cofres nas entranhas de Alamut guarda
os registros mais antigos do clã. Tabletes de argila que
remontam à Segunda Cidade repousam ao lado de
fragmentos do Livro de Nod, e os primeiros ensinamentos
de Haqim acompanham rolos que registram o apoio dos
Assamitas ao surgimento do Islã. A silsila é encarregada de
manter a história do clã. Ela é a memória coletiva dos
Assamitas, e seu juramento sagrado é defender o legado de
Haqim até o último Filho.
A Teia dos Punhais
Em 1102, uma pequena cabala de assassinos desafiou a
tradição da casta guerreira de criar e liberar crias distantes.
Esses guerreiros estabeleceram um centro de treinamento
na Ásia Menor e recrutaram os assassinos mortais mais
promissores que encontraram, transmitindo a eles séculos
acumulados de conhecimento e treinamento. Os
fundadores deste programa alegam estar criando a “nova
raça dos Filhos de Haqim”.
Por sete anos, os estudantes vivem como lacaios do gru-
po, adquirindo um juramento de sangue coletivo e frouxo
aos seus mentores enquanto treinam em técnicas de
assassinato. Durante esse tempo, eles aprendem gradual-
mente a verdade sobre a identidade de seus mestres e
recebem instruções nos princípios da Via do Sangue. No
final do sétimo ano, a Teia os testa. Aqueles que têm
sucesso recebem o Abraço e sua primeira refeição é quem
entre seus colegas falhou. Os novos Assamitas então
servem mais sete anos como aprendizes de campo,
acompanhando seus mentores em missões mercenárias de
assassinato. No final deste segundo período, eles passam
por mais testes. Aqueles que superam o teste final
diablerizam aqueles que falham.
Esta irmandade sombria permaneceu pequena, com
seus sinais e símbolos protegidos até a morte de seus
membros. Para os Assamitas, é a Teia dos Punhais. A Teia é
vagamente conhecida por muitos estrangeiros em rumores
e lendas, e alguns vizires acreditam que ela pode eventual-
mente gerar lendas entre Cainitas e mortais, como muitas
dessas sociedades secretas, mas proativas, tendem a fazer.
A prática de usar lacaios como crias em potencial está
lentamente ganhando popularidade entre a casta
guerreira, e o próprio Califa é conhecido por seguir tal
metodologia ao menos uma vez.
A Lança do Destino
Como era de se esperar, os cristãos são minoria entre os
Assamitas. Aqueles poucos que aderem à sua fé após o
Abraço têm se horrorizado nos últimos anos com as atitudes
excessivamente xenófobas do contingente muçulmano da
casta guerreira. A Lança do Destino é uma organização
fraterna que atravessa as linhas de casta no clã. Os únicos
requisitos para a adesão são o respeito pela fé cristã e o desejo
de ver os tesouros da Terra Santa preservados — mesmo que
isso signifique o fracasso das Cruzadas. A Lança contém
talvez 40 Assamitas no total; estes são principalmente
guerreiros e vizires, com apenas alguns feiticeiros. Seus
números estão lentamente diminuindo, tanto por desgaste
no campo de batalha quanto pela diminuição no número de
novos Assamitas europeus.
A Lança está atualmente ativa em Jerusalém, onde ten-
ta forjar um novo tratado para estender o que expira no final
de 1197. A casta guerreira despreza esses indivíduos, mas
muitos feiticeiros e vizires admiram sua dedicação e
secretamente aprovam suas ações, embora não ao ponto de
apoiá-los. A Lança não descarta o uso da violência (de fato,
muitos deles foram homens de armas de um tipo ou de
outro na vida mortal), embora ainda não tenha recorrido ao
assassinato. Em vez disso, concentra-se em destruir os
instigadores Cainitas das Cruzadas em ambos os lados das
guerras. Isso os colocou em conflito com vários Assamitas
muçulmanos, e alguns guerreiros na região estão
considerando eliminar a Lança.
LIVRO DOIS: SARRACENOS
63
 Ferramentas do
Escriba e do Lanceiro
Muitos Europeus acreditam que nossos poderes são de
alguma forma fundamentalmente diferentes daqueles que eles
empunham. Em sua maior parte, isso é incorreto. Embora as
artes de Quietus e feitiçaria que praticamos tenham poucas
correspondências entre os dons dos outros clãs, todos são aspectos
da Maldição de Khayyn — desculpe, de Caim. O mal-entendido,
é claro, surge do fato de sermos estrangeiros, e assim, somos
envoltos em confusão em vez de sermos compreendidos. Permita-
me dissipar um pouco dessa confusão compartilhando os frutos
de minha pesquisa.
Qualidades e
Defeitos
Multicultural (3 pontos de Qualidade)
Os Assamitas se espalharam por um imenso território e
encontraram uma gama mais ampla de culturas do que
muitos outros clãs podem conceber. Seja em vida ou não-
vida, você viajou entre muitas culturas diferentes e ganhou
um entendimento quase instintivo de como se misturar e
não ofender. Você desfruta de um bônus de -1 na difi-
culdade em todos os esforços para se mover suavemente por
uma sociedade estrangeira (embora falar o idioma ainda seja
uma função de Linguística), pois você se mostra reflexi-
vamente familiar e conhecedor em áreas onde outros
estrangeiros estariam perdidos. Isso também se aplica a
tarefas como parecer nativo em uma área onde você não
pertence (como um Assamita francês se escondendo de
perseguidores Ventrue alemães nos mercados de
Constantinopla).
Pária (2 pontos de Defeito)
Você rejeitou o papel da casta na qual foi Abraçado,
escolhendo em vez disso definir sua própria existência e seguir
o caminho de outra casta. Enquanto muitos Assamitas
tomam esse caminho com poucas repercussões negativas,
você conseguiu causar ondas suficientes para ganhar uma
LIBELLUS SANGUINIS 3
64
certa notoriedade. Talvez você tenha feito um espetáculo
público de seu desinteresse em sua herança, ou talvez
tenha pedido a um mentor de outra casta para tomar você
como sua cria substituta. Seja qual for a especificidade,
você mostrou um grande desrespeito à sua linhagem. Seu
Senhor se recusa a reconhecer sua existência, e todos os
outros membros de sua casta o tratam com desprezo. Você
sofre uma penalidade de +2 na dificuldade em todos os
testes Sociais envolvendo lidar com sua casta de Abraço.
Proibição Religiosa (2 ou 4 pontos de
Defeito)
Em seus dias como mortal, você era Judeu ou Muçul-
mano e manteve sua fé após o Abraço. Como ambas as
religiões proíbem seus seguidores de provar, e muito menos
beber, sangue, isso cria um dilema moral para você. Mesmo
o sangue animal é uma substância proibida, e sua
consciência sofre sempre que você se alimenta.
Este Defeito tem um valor variável de pontos. Por dois
pontos, você restringe voluntariamente sua alimentação a
animais ou sangue drenado por um açougueiro ritual. Por
quatro pontos, você se recusa a se alimentar a menos que seja
uma necessidade imediata (reserva de sangue é três ou
menos), e mesmo assim, você pode cair em depressão e auto
aversão por várias noites após o ato proibido.
Loucura Sanguínea (2 ou 4 pontos
de Defeito)
A maldição que os Baali de Chorazin lançaram sobre
a casta guerreira caiu sobre sua cabeça, e você é ator-
mentado por uma fome interminável pelo sangue de
outros Cainitas. Sempre que você prova sangue Cainita,
deve fazer um teste de Autocontrole (dificuldade 8) ou
cairá em frenesi de fome, fazendo de tudo para se empan-
turrar de tanto sangue quanto fisicamente possível. Se
você segue um Caminho que ensina Instinto, você é
instantaneamente perdido para esse frenesi; não é
possível fazer o teste e o Defeito vale quatro pontos. Você
frequentemente se vê pensando em outros Cainitas — até
mesmo em outros Assamitas — como potenciais fontes de
alimento em vez de iguais.
Este Defeito é encontrado principalmente entre a casta
guerreira. É muito mais raro entre feiticeiros e vizires,
afetando apenas aqueles que consumiram vitae de
guerreiros ou que passam a maioria de seu tempo
associando-se com guerreiros.
Novos Poderes
de Disciplinas
Sorvedouro da Alma (Auspícios Nível
Quatro, Quietus Nível Cinco)
Muitos Assamitas, particularmente na casta guerreira,
aumentam a potência de seu sangue através da prática de
Amaranto. Aqueles que seguem o Caminho do Sangue são
especialmente apaixonados pela prática. Esta arte,
rejeitada por alguns, mas exaltada por outros, permite ao
diablerista drenar não apenas o poder de sua vítima, mas
também seu conhecimento. Assamitas que ensinam esta
arte, aconselham seus alunos a praticá-la com moderação,
pois o uso frequente pode deixar a mente do diablerista
uma ruína fragmentada, repleta das memórias de suas
vítimas.
Sistema: Este poder pode ser usado sempre que o
personagem cometer diablerie com sucesso. O jogador
gasta uma quantidade de pontos de Força de Vontade
igual à Inteligência da vítima e rola Força de Vontade
(dificuldade igual à Força de Vontade permanente da
vítima, mais um para cada perturbação que ela possuía).
Se obtiver sucesso, o jogador ganha um ponto de
experiência para cada Habilidade ou Conhecimento em
que a classificação da vítima era igual ou superior à do
personagem. Esses pontos de experiência só podem ser
aplicados nessas Habilidades — o jogador deve manter
registro deles separadamente de seu pool de experiência
“abrangente”. Além disso, o personagem ganha um acesso
onírico a algumas das memórias mais significativas de sua
vítima. Este sistema fica a critério do Narrador e deve ser
usado para fornecer pistas vagas em vez de uma desculpa
para o jogador exigir conhecimento que quebraria a
trama. Uma falha crítica na rolagem indica que o
LIVRO DOIS: SARRACENOS
65
personagem não adquire nenhum conhecimento, mas
recebe uma perturbação permanente (de preferência uma
que a vítima possuía).
Sorvedouro da Alma custa 20 pontos de experiência para
aprender.
Olhos de Lâminas (Auspícios Nível
Dois, Rapidez Nível Dois)
Muitos Assamitas aprimoram seus sentidos preterna-
turais e velocidade para tornarem-se combatentes mais
eficazes. Aqueles que aprenderam a usar esses dois traços
em conjunto têm acesso a um segredo importante: às vezes
é mais sábio defender do que atacar. Um indivíduo com
este poder é capaz de defender-se de uma multidão de
ataques quase simultâneos, mesmo aqueles para os quais
ele seria incapaz de responder em circunstâncias normais.
Por alguns segundos, ele entra em um estado de transe no
qual pode perceber cada ameaça potencial, avaliá-la e
reagir de acordo.
Sistema: No início de um turno de combate, antes da
iniciativa ser rolada, o jogador declara que está ativando
este poder. Ele gasta dois pontos de sangue e um ponto de
Força de Vontade. Isso conta como ativar Rapidez para o
turno. O personagem não pode tomar nenhuma ação
neste turno, exceto defender-se de ataques recebidos. No
entanto, ele pode defender-se de cada ataque que o tem
como alvo, usando sua total atenção. O jogador rola um
teste de esquiva ou parada com o total de dados contra
cada ataque que acerte o personagem neste turno. Este
poder só pode ser usado um número de vezes por cena
igual à classificação de Percepção do personagem.
Olhos de Lâminas custa 10 pontos de experiência para
aprender.
Verdade do Sangue (Auspícios Nível
Quatro, Quietus Nível Dois)
A justiça Assamita é rápida e impiedosa, e compartilha
muito com os princípios da justiça Islâmica. Contudo, os
Assamitas têm maneiras de garantir que seus julgamentos
sejam mais firmemente fundamentados, na verdade, do que
os dos mortais mais certos. Este poder utiliza o sangue do
indivíduo sendo interrogado como meio de adivinhar não
apenas a verdade das palavras do sujeito, mas a verdade por
trás dessas palavras. O interrogador derrama o sangue do
sujeito em sua mão e o segura durante a duração do
questionamento. O sangue gradualmente se torna fumaça
ao longo da cena, exalando uma fina névoa vermelha. Ele é
reduzido a vapor no final da cena e não pode ser usado para
nenhum outro propósito.
LIBELLUS SANGUINIS 3
66
Sistema: O personagem deve ter um ponto do sangue
do sujeito para usar este poder, e ele dura pela duração da
cena ou até que o personagem solte o sangue. O jogador rola
Percepção + Subterfúgio (dificuldade da Força de Vontade
do alvo) para cada declaração que o personagem deseja
examinar com este poder. O grau de sucesso na rolagem
indica o grau de verdade ou falsidade que o interrogador se
torna ciente.
Um sucesso: O personagem sabe se uma deter-
minada declaração é uma mentira,
uma verdade parcial ou a verdade
completa.
Dois sucessos: O personagem conhece a razão e-
mocional (medo, orgulho, lealda-
de) por trás de qualquer mentira ou
verdade parcial, embora não a ver-
dade completa.
Três sucessos: O personagem aprende a verdade
completa como o alvo a conhece
conscientemente.
Quatro sucessos: O personagem está ciente de tudo
o que o alvo sabe sobre o assunto da
declaração — mesmo informações
que o alvo não está conscientemen-
te ciente, lembrou, mas não enten-
deu, ou perdeu para poderes de
Dominação.
Cinco sucessos: O personagem experimenta visões
nebulosas da verdade real por trás
da declaração — até mesmo rece-
bendo dicas veladas sobre informa-
ções que o próprio alvo não tinha.
Verdade do Sangue custa 15 pontos de experiência para
aprender.
Temperamento Sanguíneo (Fortitude
Nível Dois, Quietus Nível Quatro)
Este poder, que remonta a tempos anteriores ao aço de
Damasco, teve grande uso nas noites das Cruzadas.
Temperamento Sanguíneo surgiu como um meio pelo qual
os Assamitas da casta guerreira reforçavam armas e
armaduras de bronze e ferro para suportar combates
prolongados. Em vez de envenenar suas lâminas, o Assamita
transfere uma pequena quantidade de sua própria
resiliência para elas por meio de seu sangue. Alguns vizires
usam esse poder para preservar seus relicários mais antigos,
e os tabletes de argila que contêm a história mais antiga do
clã se beneficiaram de repetidos Temperamentos Sanguíneos.

Sistema: O jogador gasta um ponto de Força de
Vontade, e o personagem reveste o item a ser reforçado
com seu sangue. A quantidade de sangue usada depende
do tamanho do item: um ponto de sangue por pé de
comprimento. Assim, a espada média requer três pontos
de sangue, enquanto uma lança pode precisar de até 15.
Armaduras requerem três pontos de sangue por dado extra
de absorção que fornecem. O dano base de uma arma é
aumentado em um dado, e ela se torna inquebrável por
qualquer meio que não seja um poder sobrenatural com
classificação maior que a Fortitude do personagem ou um
trauma mundano verdadeiramente massivo (como um
deslizamento de terra). Armaduras ganham um dado extra
de absorção e também são praticamente imunes à maioria
dos danos (embora o indivíduo dentro dela ainda possa ser
ferido pela força transmitida através dela). Este poder
pode ser aplicado a objetos sólidos além de armas e
armaduras a critério do Narrador. Não pode reforçar itens
flexíveis como chicotes, armaduras de couro ou túnicas de
seda.
Temperamento Sanguíneo custa 15 pontos de experi-
ência para aprender.
Purificado em Sangue
(Quietus Nível Seis)
Os Assamitas há muito afirmam que sua Disciplina
exclusiva, Quietus, surgiu para propósitos além do
combate puro. Este poder comprova essa afirmação. Ao
usar seu próprio sangue para banhar ritualmente um
sujeito disposto, um Assamita pode purgar a mente do
sujeito da maioria das influências sobrenaturais. Este
poder é mais frequentemente usado em Assamitas que
retornaram a Alamut após longos períodos na Europa ou
Taugast, a fim de garantir que não foram corrompidos
contra o clã.
Sistema: O personagem toca o sujeito e gasta uma
quantidade de pontos de sangue igual à Força de Vontade
do alvo. O sujeito rola Força de Vontade uma vez para
cada influência mental ou emocional externa sob a qual
está (dificuldade igual ao nível do poder em questão + 3,
com dificuldade 7 se o poder não tiver nível). O sucesso
anula essa influência. Este poder é incapaz de remover
influências transmitidas ou causadas por sangue, inclu-
indo o juramento de sangue, ou por técnicas puramente
mundanas, como lavagem cerebral. Pode remover efeitos
mágicos ou taumatúrgicos, como uma maldição, mas o
personagem que usa o poder deve ter um nível de
Taumaturgia igual ao usado para lançar a maldição.
Feitiçaria
Assamita
A casta de feiticeiros Sarracenos pratica uma forma de
magia do sangue que é na maioria não relacionada — e muito
mais antiga — do que o sistema de Taumaturgia ainda
emergente dos Tremere. A Feitiçaria Assamita é, de fato, um
agregado de tradições mágicas registradas pelos vizires e
adaptadas pelos feiticeiros. Correntes Mesopotâmicas e
persas são fortes neste caldeirão, mas os feiticeiros
aproveitam a expansão do Islã ao longo das rotas comerciais
e campos de batalha para integrar cada vez mais sabedoria
esotérica à sua feitiçaria. O paradigma unificador desta
tradição diversa é a necessidade de alcançar um estado
alterado de consciência para acessar forças universais (com o
benefício do sangue vampírico). Existem muitas maneiras
de alcançar este estado alterado, incluindo meditação,
dança giratória ao estilo Sufi e automutilação. Alguns dos
feiticeiros mais poderosos usam kalif (água de haxixe
misturada com sangue); escravos mortais fumam este
alucinógeno magicamente aprimorado e então são
alimentados pelo feiticeiro. Kalif é cultivado apenas em
Alamut.
Em termos de mecânica de jogo, a Feitiçaria Assamita
funciona exatamente como a Taumaturgia, com linhas e
rituais. Assamitas podem, portanto, aprender a Disciplina
Taumaturgia com o entendimento de que ela representa sua
própria marca de feitiçaria (e deve ser anotada como tal na
ficha de personagem). Feitiçaria Assamita conta como uma
Disciplina do clã apenas para membros da casta de
feiticeiros, seja para propósitos de experiência ou criação de
personagem.
Feiticeiros Assamitas podem escolher seu caminho
primário. Sussurros dos Céus (veja abaixo) é exclusivo dos
Sarracenos, mas eles também têm suas próprias versões de
Rego Vitae, Creo Ignem, Rego Motus, Rego Tempestas,
Alquimia Taumatúrgica, Linha do Relâmpago e Linha de
Proteção, além do acesso a uma variedade de rituais
(incluindo aqueles nas páginas 70-71). Ao usar rituais ou
caminhos que não são exclusivos dos Assamitas, o gasto de
ponto de sangue é aumentado em um.
Note que, embora a Feitiçaria Assamita use as mesmas
mecânicas dos caminhos e rituais taumatúrgicos, eles não
são os mesmos nem compatíveis entre os praticantes. Um
feiticeiro deve aprender a versão Assamita da Defesa do
Refúgio Sagrado (um ritual de Nível Um) de outro feiti-
ceiro Assamita — a versão dos Tremere não passa de tolice
alienígena para ele. O Narrador sempre tem a palavra final
LIVRO DOIS: SARRACENOS
67
sobre se uma linha ou ritual específico está disponível para
os Assamitas. Aqueles que planejam uso extensivo da
Feitiçaria Assamita podem desejar consultar Magia do
Sangue: Segredos da Taumaturgia (para Vampiro: A
Máscara), que fornece um extenso contexto sobre esta
tradição, bem como outros caminhos e rituais.
Sussurros dos Céus
O Império Almóada e Taugast se orgulham de ter
astrônomos cujo conhecimento supera em muito todo o
saber europeu sobre as estrelas. Ambas as culturas também
possuem uma riqueza de adivinhos que alegam conseguir ler
conhecimentos dos céus. Os Assamitas se baseiam em
ambas estas tradições, além de seus próprios estudos. Este
caminho surgiu de oficinas de feiticeiros após longos
esforços para conciliar crenças conflitantes. Praticantes dos
Sussurros dos Céus também são conhecidos como videntes
ou adivinhadores.
Sussurros dos Céus depende na maioria da capacidade
do feiticeiro de ver as estrelas. Todos os usos deste caminho
têm +1 de dificuldade em tempo nublado e +2 de
dificuldade em tempestades. O caminho não pode ser usado
de forma alguma se o feiticeiro não puder ver o céu.
•Mapear os Céus
Embora os europeus ainda não tenham aprendido a
navegar pelas estrelas, observadores Cainitas com séculos de
viagens e observação do céu fizeram algum progresso em
direção a esse objetivo. A primeira técnica que um estudante
deste caminho aprende é a de determinar sua localização
com apenas um olhar para as estrelas.
Sistema: O jogador rola normalmente. O número de
sucessos determina quão precisamente o personagem é
capaz de determinar sua localização. Se ele tiver acesso a um
mapa preciso, pode aplicar esse conhecimento para iden-
tificar sua localização; se não, ele simplesmente sabe sua
posição em relação a pontos de referência conhecidos.
Um sucesso: Dentro de 160 km
Dois sucessos: Dentro de 16 km
Três sucessos: Dentro de 1,609 km
Quatro sucessos: Dentro de 230 m
Cinco sucessos: Dentro de aproximadamente 9 m
•• Ler os Planos do Céu
Muitos adivinhos alegam conseguir ler o destino de um
lugar ou pessoa nas estrelas. Este poder permite esses
efeitos, embora não com a precisão que muitos falsos
profetas afirmam. O feiticeiro é capaz de vislumbrar o
destino aproximado do terreno em que está ou da pessoa
com quem fala, embora isso seja menos uma leitura
LIBELLUS SANGUINIS 3
68
absoluta do que uma indicação do provável dentre muitos
futuros possíveis.
Sistema: O personagem deve estar em pé no terreno ou
tocando a pessoa na qual deseja usar este poder. O número
de sucessos determina aproximadamente quão distante o
alcance das observações do personagem vai. A natureza
exata da visão é decidida pelo Narrador, mas este poder
nunca concede clareza absoluta. Em vez disso, o vidente
normalmente recebe algumas imagens e um senso das
emoções e do prazo associado a elas. Usar o poder para
determinar o destino de uma cidade que de fato será
queimada pelos Cruzados em 8 de outubro de 1201, mas
será a melhor produtora de grãos da região até essa data,
pode resultar em uma visão de campos de trigo abundantes
subitamente queimados pelo fogo e pisoteados por cavalos
em quatro anos. Como sempre com profecias imprecisas, o
destino previsto não é uma certeza, apenas o provável se os
eventos continuarem em seu curso atual.
Um sucesso: Um mês lunar
Dois sucessos: Uma estação
Três sucessos: Um ano
Quatro sucessos: Uma década
Cinco sucessos: Um século
••• Convocar a Lua dos Caçadores
“Para tudo”, diz o livro sagrado cristão, “há uma esta-
ção.” Nativos de Taugast falam sobre “ocasiões auspiciosas e
não auspiciosas’ para realizar certas ações. Este poder
concede ao seu usuário um senso do melhor momento para
agir de uma determinada maneira. Embora o feiticeiro possa
ignorar essa agenda divina, suas chances de sucesso serão
imensamente aumentadas se ele a seguir.
Sistema: O feiticeiro nomeia em voz alta o ato em ques-
tão, desde “o plantio da safra de trigo deste ano” até “a
proposta de casamento de Lucas de Normandia a Catarina
de Bordeaux” ou “o assassinato do Ventrue, Fabrício
Ulfila”. Se a rolagem for bem-sucedida, o personagem
aprende a melhor noite na próxima estação (três meses
lunares) para tentar este ato, ou a melhor hora entre o mo-
mento presente e o amanhecer vindouro para uma tarefa
mais imediata. A escolha do momento em si fica
inteiramente a critério do Narrador, que deve trabalhá-lo em
seus planos existentes para a crônica.
Se o personagem tentar realizar essa tarefa na noite ou
hora indicada, o jogador ganha um número de pontos
temporários de Força de Vontade igual ao número de
sucessos obtidos na rolagem. Estes são rastreados separa-
damente da parada de dados normal de Força de Vontade,
e quaisquer que não sejam gastos são perdidos no final da
noite ou após a conclusão bem-sucedida da tarefa. Este
poder só pode ser usado uma vez para determinar a melhor
noite ou hora para uma determinada tarefa — o feiticeiro não
pode acumular Força de Vontade bônus.
Um pequeno grupo de indivíduos (não mais do que a
classificação de Liderança do feiticeiro) pode se beneficiar
deste poder. Cada personagem deve estar ciente do rito e dar
um ponto de sangue ao feiticeiro, o qual é destruído quando
o poder é usado. Todo indivíduo que doou ganha o mesmo
número de pontos temporários de Força de Vontade que o
próprio feiticeiro, e as mesmas regras e restrições se aplicam
a esses benefícios.
Este poder só pode ser usado em uma tarefa extensa e
complexa — não pode ser aplicado a algo que possa ser
realizado em uma única ação (ou com uma única rolagem de
dados). Os efeitos de uma falha crítica ficam a critério do
Narrador, mas definitivamente incluem uma men-sagem
falsa que leva o feiticeiro a agir quando as estrelas não estão
alinhadas. Também é importante notar que circunstâncias
externas podem conspirar contra a execução da tarefa do
feiticeiro na noite marcada — este poder não reagenda auto-
maticamente as convocações de príncipes, por exemplo.
•••• Traçar o Favor da Alma
Um adivinho que conhece a data de nascimento de um
indivíduo específico tem acesso a uma vasta gama de
informações sobre a história e o destino dessa pessoa. Ao
rastrear a posição das estrelas sob as quais o sujeito nasceu, o
feiticeiro pode aprender fatos diversos, como a profissão
para a qual ele é mais adequado, para que tende sua
personalidade ou que tipo de recompensa final está
reservada para ele após sua morte.
Sistema: O jogador rola normalmente, com uma
penalidade de +1 se o personagem souber apenas um entre o
nome do sujeito ou sua data de nascimento (ou data do
Abraço, para sujeitos Cainitas) e uma dificuldade de +3 se o
personagem não souber nenhum dos dois. Para cada
sucesso, o feiticeiro recebe uma informação sobre a
identidade central do indivíduo em questão. Cinco sucessos
dão ao feiticeiro pistas sobre o destino do sujeito (a critério
do Narrador). Um fracasso faz com que o alvo perceba de
repente que alguém está observando-o; se ele vir o feiticeiro,
ele perceberá instantaneamente que essa pessoa espionou-o
antes.
LIVRO DOIS: SARRACENOS
69
 A natureza exata dos fatos revelados por este poder fica a
critério do Narrador, mas podem incluir revelar a Natureza,
Comportamento, e o nível aproximado de Força de
Vontade do alvo, Caminho e classificação aproximada.
Disciplinas notáveis ou Habilidades. Idealmente, tudo isso
deve ser revelado em personagem, sem usar termos de jogo
explícitos. Um alvo com 5 em Armas Brancas e 5 em Política
poderia provocar a resposta “espada e estado são igualmente
ferramentas dominadas em suas mãos”. Tal revelação
exigiria dois sucessos (um para cada Habilidade).
••••• Ondulações no Mar de Estrelas
O ápice deste caminho permite ao feiticeiro projetar
seu ponto de vista para longe de seu corpo físico, usando
os céus como um vasto caldeirão para adivinhação. Com
este poder, ele pode observar eventos que estão ocorrendo
sob as mesmas estrelas que ele vê. Claro, mesmo esta
poderosa adivinhação tem seus limites. O feiticeiro deve
estar familiarizado com pelo menos um participante na
cena que deseja observar, seja a cidade onde os eventos
estão ocorrendo, um indivíduo que está participando
deles ou um item específico em torno do qual eles se
centram.
Sistema: O personagem deve ter um alvo específico em
mente, seja um local, uma pessoa ou um objeto com o qual
ele esteja pelo menos casualmente familiarizado. Se o
feiticeiro já tiver lido o futuro do alvo pelo menos uma vez
antes, seja com aplicações menores desta Linha ou com
outras magias, a dificuldade da rolagem é reduzida em um.
A cena que está sendo observada deve estar ocorrendo sob
o céu noturno e deve estar à vista de pelo menos uma
estrela que o feiticeiro possa ver (embora o tempo não
bloqueie essa visão além do modificador de dificuldade
usual que impõe). Se os eventos estão acontecendo sob o
sol ou sob um teto, a tentativa simplesmente falha
(embora o Narrador ainda deva fazer o jogador rolar). O
número de sucessos determina a clareza da imagem que o
feiticeiro recebe, bem como sua capacidade de exercer
inf luência mística limitada sobre a cena que está
observando.
Um sucesso: O feiticeiro pode ver vagamente
a cena.
Dois sucessos: O feiticeiro pode ver e ouvir a
cena.
Três sucessos: Todos os sentidos do feiticeiro fun-
cionam com perfeita clareza, e ele
pode usar Auspícios 1, 2 e 4 para
observar em maior detalhe.
LIBELLUS SANGUINIS 3
70
Quatro sucessos: O feiticeiro pode usar todos os
seus poderes de Auspícios para
afetar ou observar a cena e tam-
bém pode usar qualquer outro po-
der de caminho feiticeiro (mas não
um ritual) para observar ou ana-
lisar o que percebe.
Cinco sucessos: O feiticeiro pode usar qualquer po-
der ou ritual de Feitiçaria Assamita
que conheça para afetar a cena,
desde que este exercício de poder
não exija sua presença física na cena
Os efeitos deste poder duram pela duração da cena sen-
do testemunhada ou até o amanhecer no local do feiticeiro,
ou no local da cena. Enquanto o personagem usa esse poder,
o jogador sofre uma penalidade de +2 de dificuldade em
todas as ações que exigem que o personagem interaja com
seu ambiente físico. Se um indivíduo sendo observado tem
Auspícios, ele recebe uma leve sensação de estar sendo
observado de cima. Isso não é suficiente para identificar o
observador, embora o desconforto paranoico que induz
possa ser o suficiente para levar o sujeito a se retirar para
ambientes fechados, longe de olhos curiosos — e estrelas
intrometidas.
Rituais Feiticeiros
Olho do Tradutor
(Ritual de Nível Um)
Este feitiço tem poder físico limitado, mas seus efeitos
potenciais são verdadeiramente grandiosos. Ele auxilia o
feiticeiro a decifrar qualquer material escrito em que seja
lançado. Muitos vizires aprendem os fundamentos da
Taumaturgia apenas para usar este ritual. Embora não altere
a página que afeta, cria uma ilusão de que a escrita em
questão flui para uma forma com a qual o lançador está
familiarizado.
Sistema: O feiticeiro se corta ao longo da sobrancelha
esquerda e permite que três gotas de seu sangue (sem perda
de ponto de sangue ou nível de saúde) caiam na página que
deseja compreender. Ele então medita por 10 minutos
enquanto o sangue é absorvido pela escrita e desaparece. O
jogador recebe um número de dados extras em todas as
rolagens para traduzir, decodificar ou compreender a obra
em questão igual ao número de sucessos obtidos ao realizar o
ritual. Esses dados extras são perdidos se o personagem
interromper o trabalho por mais de 10 minutos ou no final
da noite. O ritual deve ser lançado separadamente para cada
página, folha ou superfície que o personagem deseja
traduzir.
Grito de Sangue por Vingança
(Ritual de Nível Dois)
Os Nosferatu dizem que, se um Assamita morre, todo o
clã fica sabendo em duas semanas. Embora isso seja um leve
exagero, os Leprosos não estão muito distantes da realidade.
Este ritual vincula dois ou mais participantes dispostos em
um sutil laço psíquico. Na maioria das circunstâncias, isso
não tem efeito e é indetectável pela maioria dos métodos de
percepção. No entanto, se qualquer membro do grupo
morre, todos os outros são instantaneamente atingidos por
uma visão de sua queda e ganham um lampejo de seu estado
emocional antes da morte (o que geralmente permite saber
se seu camarada morreu honrosamente ou foi traído). Todos
os membros leais do clã são vinculados ao Mais Velho por
meio deste ritual em sua primeira peregrinação a Alamut.
Normal-mente, peregrinos que chegam no mesmo mês
lunar são vinculados ao Mais Velho e mutualmente em
uníssono.
Sistema: Cada indivíduo a ser vinculado, até um núme-
ro máximo igual à pontuação de Ocultismo do lançador,
doa dois pontos de sangue, que o personagem coleta em
uma tigela de madeira. Ela não precisa fazer parte do
vínculo, embora conte contra o limite de participantes se o
fizer. Durante a próxima hora, ela leva o sangue para ferver
sobre uma fogueira aberta enquanto os participantes se
sentam em círculo ao redor do fogo e meditam sobre seus
relacionamentos reciprocamente. Quando o último do
sangue tiver evaporado, o ritual está completo. Se a rolagem
do jogador for bem-sucedida, todos os participantes são
permanentemente vinculados da maneira descrita acima.
Este conhecimento é transmitido instantaneamente após a
morte de alguém, e nenhum método conhecido pode
bloqueá-lo. Não há limite para o número de círculos aos
quais um indivíduo pode ser vinculado.
Mensageiro dos Ventos
(Ritual de Nível Três)
Os Assamitas não poderiam manter o nível de coesão
que seu clã desfruta se não fosse por este ritual. Mensagei-
ro dos Ventos permite que o feiticeiro envie uma comuni-
cação escrita a qualquer pessoa, em qualquer lugar do
mundo, desde que ele conheça o nome do destinatário
pretendido e tenha sangue suficiente dela para escrever
esse nome na mensagem. Assim, os feiticeiros que mais
usam este ritual são aqueles que servem em Alamut e têm
acesso ao Sangue-Coração do clã. Este ritual é limitado à
entrega de comunicação escrita, embora rituais mais fortes
existam que permitem o transporte de outros pequenos
itens a um custo maior. Recentemente, rumores preocu-
pantes alcançaram os feiticeiros de que os Tremere
roubaram este ritual para usar na expansão de sua própria
teia de influência do clã.
Sistema: O feiticeiro não precisa escrever a mensagem,
embora ela deva ser escrita em linho limpo com uma
caneta feita de pena de águia. Ele enrola a missiva e a
amarra com um cordão de seda branca. Neste cordão, ele
escreve o nome do destinatário em seu próprio sangue. Ele
então leva a mensagem para fora e a joga no céu, onde os
ventos a pegam e a levam embora. Ela aparece na posse do
alvo exatamente ao meio-dia do próximo dia de descanso
dela. Este ritual não funcionará se o documento a ser
enviado estiver encantado de qualquer outra maneira
(embora possa conter fórmulas mágicas ou instruções sem
perigo). Uma falha crítica envia a mensagem para um
destinatário aleatório, geralmente alguém conectado ao
alvo pretendido de alguma maneira.
LIVRO DOIS: SARRACENOS
71
 Filhos de Alamut
O Cruzado Renegado
Mote: Você me chama de traidor; para mim é uma honra se
sou um traidor a uma causa tão injusta quanto a sua.
Prelúdio: Segundo filho de um nobre francês menor,
você seguiu alegremente as bandeiras da Igreja quando a
Terceira Cruzada partiu para a Terra Santa.
A primeira batalha que você viu abalou sua coragem. A
segunda testou sua fé. A terceira destruiu suas ilusões para
sempre. Você fugiu naquela noite e, vagou pelos desertos
por dias, saciando sua sede em oásis lamacentos. Você lutou
para conciliar os ensinamentos da Igreja com os horrores
que testemunhou. Por fim, encontrou um fio de esperança:
o propósito original da Igreja é puro, mas seus executores,
sendo apenas homens mortais, são incapazes de realizá-lo.
Se você deve seguir o juramento que fez de ser a espada de
Deus, deve proteger a Terra Santa — até mesmo de seus
próprios compatriotas.
Quando você
chegou a essa epi-
fania, percebeu
que havia falado
às suas visões religiosas e políticas, você é um pouco excluído
tanto na sociedade europeia quanto na árabe, mas consegue
agir em ambas com igual facilidade.
Dicas de Interpretação: Sua aparência atual esconde sua
educação nobre, e muitos se surpreendem com a frente culta
que você pode apresentar quando necessário. Até agora,
suas conquistas foram menores — uma batalha desviada
aqui, uma pequena palavra no ouvido certo ali — mas você
sente que está destinado a coisas maiores e não hesita em
tentar influenciar outros com suas visões. Sua devoção
inabalável mascara um profundo poço de solidão, pois
poucos Assamitas da casta guerreira o aceitam totalmente e
você se separou de tudo que conhecia antes.
Equipamento: Espada e maça desgastadas, escudo
amassado, armadura de peças, cavalo de guerra, roupas de
corte empoeiradas guardadas no fundo, de uma alforje,
rosário artesanal.
AMPIRO
TM

em voz alta — e
seu senhor apa- Nome:
Jogador:
Natureza: DEFENSOR
Comportamento: JUIZ
Geração:
Refúgio:
9º

receu no ar Crônica: Clã: ASSAMITA GUERREIRO Conceito: O Cruzado Renegado

Atributos
diante de você Físicos Sociais Mentais
Força oooooo Carisma oooooo Percepção oooooo
e sorriu. Destreza oooooo Manipulção oooooo Inteligência oooooo
Vigor oooooo Aparência oooooo Raciocínio oooooo
Conceito: Talentos
Habilidades
Perícias Conheciemntos
Embora você Representação_______ o o o o o o
Prontidão____________ o o o o o o
Empatia c/Animais__ o o o o o o
Arqueirismo_________ o o o o o o
Instrução_____________ o o o o o o
Sabedoria Popular___ o o o o o o
seja da casta Esportes _____________ o o o o o o
Briga _________________ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o
Etiqueta _____________ o o o o o o
Investigação _________ o o o o o o
Direito _______________ o o o o o o
Esquiva ______________ o o o o o o Herborismo _________ o o o o o o Linguística___________ o o o o o o
guerreira, está Empatia _____________ o o o o o o Armas Brancas______ o o o o o o Medicina ____________ o o o o o o
Intimidação _________ o o o o o o Música_______________ o o o o o o Ocultismo ___________ o o o o o o
longe de ser a Crime________________ o o o o o o
Liderança____________ o o o o o o
Cavalgar _____________ o o o o o o
Furtividade__________ o o o o o o
Política_______________ o o o o o o
Ciência ______________ o o o o o o
típica imagem Lábia_________________ o o o o o o Sobrevivência _______ o o o o o o
Vantagens
Senescalia____________ o o o o o o

Cainita do as- Disciplinas

oooooo
Antecedentes
ooooo
Virtudes
Consciência/Convicção_ o o o o o
ANIMALISMO
______________ CONTATOS
________________

sassino Sarrace- RAPIDEZ

______________
OFUSCAÇÃO
______________
oooooo
oooooo
GERAÇÃO
________________
INFLUÊNCIA
________________
ooooo
ooooo Autocontrole/Instinto _ o o o o o
oooooo ooooo
no. Você renunci- QUIETUS
______________
______________ o o o o o o
LACAIOS
________________
________________ o o o o o
Coragem__________ o o o o o

ou à sua Igreja, mas Outras

Características Caminho Vitalidade
______________ oooooo PARAÍSO Escoriado
não à sua fé ou nobre- ______________ oooooo
______________ o o o o o o
oooooooooo Machucado -1
Ferido -1
za, e prefere seus con- ______________ o o o o o o
______________ o o o o o o
Força de Vontade Ferido gravemente -2
Espancado -2
oooooooooo
flitos diretos e abertos Arma
Combate
Dificuldade Dano
Aleijado
Incapacitado
-5

— melhor para dar Pontos de Sangue

Experiência

aos seus oponentes

a chance de ver o
raciocínio por trás
de seu fervor. Graças
LIBELLUS SANGUINIS 3

72
Leoa de Sião
Mote: Se você não deixar meu povo em paz, suas cinzas se
misturarão com as areias do deserto.
Prelúdio: Quando você tinha nove anos, os beduínos
vieram à sua vila. Você se escondeu nas colinas rochosas
enquanto os gritos de sua mãe ecoavam em seus ouvidos e
assistiu enquanto a fumaça subia ao céu. Algum tempo
depois dos saqueadores partirem, você e sua irmã voltaram
para sua casa destruída e sua família começou a reconstruir.
Quando você tinha 13 anos, os Cruzados vieram à sua
vila. Você tentou se esconder, mas em uma hora foi
capturada, e você aprendeu por que sua mãe havia gritado
antes. Algum tempo depois dos saqueadores partirem, você
encontrou forças para se levantar novamente e sua família
começou a reconstruir.
Quando você tinha 15 anos, os monstros vieram à sua
vila. Você não teve chance de se esconder antes deles
aparecerem na noite, e nenhuma chance de gritar antes que
um deles descesse sobre você e arrancasse sua garganta. A
última coisa que você viu em sua vida antiga foi a faca de
entalhar que caíra da mesa de jantar revirada. Você a
agarrou, fechou os olhos e atacou a besta que se agachava
sobre você, muito focada em sua refeição para ver a lâmina
descendo.
Através do rugido em seus ouvidos, você ouviu um grito
de raiva de uma mulher, depois
aço sobre aço — e aço morden-
mais será uma vítima novamente. Você é filha de dois
deuses. O primeiro, o que você seguia quando ainda
respirava, é Iavé, e você permanecerá para sempre fiel à fé
judaica (ou é o que você diz). O segundo, cujo nome você
nunca ouviu enquanto vivia, é Haqim, e embora ele não seja
um deus como os mortais o veem, seus ensinamentos lhe
mostraram o caminho para a força.
Dicas de Interpretação: Você não é tão habilidosa quan-
to gostaria de parecer, mas está aprendendo — e a primeira
lição que aprendeu é como parecer inofensiva para embalar
suas vítimas em complacência. Você continua lidando com
duas fés conflitantes, e sua reconciliação desses ensina-
mentos é mais uma questão de negação do que de
pensamento claro.
Equipamento: Adagas, facas de arremesso, garrote de
arame, mais adagas escondidas, estacas, cota de malha de
um Cruzado morto.
AMPIRO
TM

do em carne. Você não abriu

seus olhos — que diferença Nome: Natureza: SOBREVIVENTE Geração: 11º
Jogador: Comportamento: FANÁTICORefúgio:
faria? Crônica: Clã: ASSAMITA GUERREIRO Conceito: Leoa de Sião

Atributos
Então alguém te Físicos Sociais Mentais
oooooo oooooo oooooo
pegou nos braços e der- Força
Destreza oooooo
Carisma
Manipulção oooooo
Percepção
Inteligência oooooo
Vigor oooooo Aparência oooooo Raciocínio oooooo
ramou fogo em sua Habilidades
Talentos Perícias Conheciemntos
garganta. A primeira Representação_______ o o o o o o Empatia c/Animais__ o o o o o o Instrução_____________ o o o o o o
Prontidão____________ o o o o o o Arqueirismo_________ o o o o o o Sabedoria Popular___ o o o o o o
coisa que você viu em Esportes _____________ o o o o o o
Briga _________________ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o
Etiqueta _____________ o o o o o o
Investigação _________ o o o o o o
Direito _______________ o o o o o o
sua nova vida foi sua Esquiva ______________ o o o o o o
Empatia _____________ o o o o o o
Herborismo _________ o o o o o o
Armas Brancas______ o o o o o o
Linguística___________ o o o o o o
Medicina ____________ o o o o o o
Intimidação _________ o o o o o o Música_______________ o o o o o o Ocultismo ___________ o o o o o o
senhora enquanto Crime________________ o o o o o o Cavalgar _____________ o o o o o o Política_______________ o o o o o o
Liderança____________ o o o o o o Furtividade__________ o o o o o o Ciência ______________ o o o o o o
ela te segurava e Lábia_________________ o o o o o o Sobrevivência _______ o o o o o o Senescalia____________ o o o o o o
Vantagens
chorava lágrimas Disciplinas Antecedentes Virtudes
oooooo ooooo Consciência/Convicção_ o o o o o
de sangue por RAPIDEZ ALIADOS
______________ ________________
OFUSCAÇÃO
______________ oooooo GERAÇÃO
________________ ooooo
POTÊNCIA
______________ oooooo MENTOR
________________ ooooo Autocontrole/Instinto _ o o o o o
aqueles que ela QUIETUS
______________ oooooo
______________ o o o o o o
________________ o o o o o
________________ o o o o o
Coragem__________ o o o o o

não conseguiu Outras

Características Caminho Vitalidade
oooooo
salvar a tempo. ______________
______________ oooooo
SANGUE
oooooooooo
Escoriado
Machucado -1
______________ o o o o o o Ferido -1
Conceito: Duran- ______________ o o o o o o
______________ o o o o o o
Força de Vontade Ferido gravemente -2
Espancado -2
oooooooooo
te toda a sua vida mor- Arma
Combate
Dificuldade Dano
Aleijado
Incapacitado
-5

tal, você foi perse- Pontos de Sangue

Experiência

guida. Agora
você tem po-
der, e nunca

LIVRO UM: ANIMAIS

73
A Bruxa do Mar
Mote: Parece que você perdeu suas velas nesta tempestade.
Uma pena, realmente. Felizmente, vimos seu apuro e ficaremos
mais do que felizes em assumir seu carregamento para que você
possa voltar mancando para casa.
Prelúdio: Nascida em uma família rica de mercadores
gregos, você foi, ao mesmo tempo, protegida e privilegiada
muito além do que seria esperado para uma garota de sua
posição. Quando tinha 16 anos, seu irmão mais velho come-
çou a levá-la em suas empreitadas comerciais para Alexan-
dria, ostensivamente para apresentá-la a pretendentes em
potencial. Você permaneceu ao lado dele — timidamente no
início, mas conforme sua confiança cresceu, você começou a
sussurrar conselhos a ele. Após a quarta viagem, ele admitiu
a seu pai que os lucros de sua última jornada eram mais de
sua responsabilidade do que dele.
Uma noite na costa da Sicília, vocês foram atacados por
dois navios com bandeiras negras, navios cujos mestres
comandavam o próprio material dos pesa-
delos. Eles envolveram seu navio em
tentáculos da noite e estilhaça-
ram seu casco.
Você acor-
dou em uma
praia perto das
ruínas de Car-
tago e seguiu
para Túnis,
guntou se você sabia por que seu destino havia ocorrido com
você. Quando você respondeu não, ele lhe contou a dura
verdade. Sua família crescera ousada, poderosa, rica demais,
e sua ascensão ameaçava outra empresa de “mercadores”,
uma que ele e seu povo se opunham. Então ele colocou a
vingança em suas mãos e lhe disse seu preço.
Conceito: Você emergiu do treinamento sob seu men-
tor como uma mulher transformada. Você é parte
comerciante livre, parte bruxa e parte contrabandista. Você
tem um novo navio, um presente de despedida de seu
senhor quando ele não tinha mais nada para ensinar.
Dicas de Interpretação: A chama da vingança não arde
mais tão quente quanto quando você recebeu o Sangue. Se
você ver aquele capitão novamente, ele cairá em pedaços
enquanto você urra seu triunfo para a tempestade, mas você
reconhece que tem outras coisas a fazer. Você recebeu uma
segunda vida, livre de muitas das preocupações e
responsabilidades da anterior, e você planeja desfrutar desta
como nunca pôde na primeira. Claro, às vezes saquear é
mais lucrativo do que o comércio legítimo — então você vai
onde o dinheiro está. Ah, e tente não pensar no fato de que
você está lentamente se tornando a imagem daquilo que
você se dedicou a destruir.
Equipamento: Navio mercante com proa de aríete e
uma pequena catapulta, arco curto, faca de trabalho.
AMPIRO
TM

onde aprendeu
Nome: Natureza: SOLITÁRIO Geração: 11º
que era a única Jogador:
Crônica:
Comportamento: MALANDRORefúgio:
Clã: ASSAMITA FEITICEIRO Conceito: A Bruxa do Mar
sobrevivente de Atributos
Físicos Sociais Mentais
seu navio e família — Força oooooo Carisma oooooo Percepção oooooo
Destreza oooooo Manipulção oooooo Inteligência oooooo
em quinze dias de Vigor oooooo Aparência oooooo Raciocínio oooooo
Habilidades
sua própria bata- Talentos Perícias Conheciemntos
Representação_______ o o o o o o Empatia c/Animais__ o o o o o o Instrução_____________ o o o o o o
lha, uma varieda- Prontidão____________ o o o o o o
Esportes _____________ o o o o o o
Arqueirismo_________ o o o o o o Sabedoria Popular___ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o Investigação _________ o o o o o o
de de “acidentes” Briga _________________ o o o o o o
Esquiva ______________ o o o o o o
Etiqueta _____________ o o o o o o
Herborismo _________ o o o o o o
Direito _______________ o o o o o o
Linguística___________ o o o o o o
Empatia _____________ o o o o o o Armas Brancas______ o o o o o o Medicina ____________ o o o o o o
havia reivindicado Intimidação _________ o o o o o o Música_______________ o o o o o o Ocultismo ___________ o o o o o o
Crime________________ o o o o o o Cavalgar _____________ o o o o o o Política_______________ o o o o o o
todos eles. Perdida e Liderança____________ o o o o o o
Lábia_________________ o o o o o o
Furtividade__________ o o o o o o
Sobrevivência _______ o o o o o o
Ciência ______________ o o o o o o
Senescalia____________ o o o o o o
sem um tostão, você Vantagens
começou a trabalhar Disciplinas
______________ oooooo
FEITIÇARIA ASSAMITA
Antecedentes
CONTATOS
________________ ooooo
Virtudes
Consciência/Convicção_ o o o o o
AUSPÍCIOS oooooo GERAÇÃO ooooo
em uma taberna à
______________ ________________
______________ o o o o o o RECURSOS
________________ ooooo Autocontrole/Instinto _ o o o o o
______________ o o o o o o LACAIOS ooooo
________________
Coragem__________ o o o o o
beira do cais. ______________ o o o o o o ________________ o o o o o

Outras Caminho Vitalidade

Uma noite, um Características
______________ oooooo HUMANIDADE Escoriado
______________ oooooo oooooooooo Machucado -1
mestre de navio ______________ o o o o o o
______________ o o o o o o
Ferido -1
Ferido gravemente -2
Força de Vontade
Mouro a chamou ______________ o o o o o o

Combate oooooooooo Espancado

Aleijado
-2
-5
para sua mesa. Arma Dificuldade Dano Incapacitado
Experiência
Pontos de Sangue
Ele a convi-
dou a sen-
tar com
ele e per-

LIBELLUS SANGUINIS 3

74
Qadi
Mote: Atendam às minhas palavras, pois sou o guardião da
ordem. Todos são iguais perante a lei, e eu farei justiça nesta noite.
Prelúdio: Mesmo quando você era um jovem garoto,
tinha um dom: as pessoas o ouviam e confiavam em sua
opinião. Com o tempo, você deixou sua vila e viajou para
Bagdá para estudar as leis do Islã na grande universidade lá.
Você permaneceu lá por anos, até seu irmão lhe chamar. A
mensagem dele dizia que o qadi da vila, o juiz, estava
morrendo, e a comunidade queria ninguém menos que você
para tomar seu lugar.
Você voltou para casa e assumiu o manto de seu
antecessor, distribuindo a justiça de Alá a seu povo com uma
mão firme e justa. Décadas se passaram, e você começou a
sentir sua idade. Encontrou um pupilo e começou a passar
seu conhecimento a ele, pois sabia que não poderia servir
seu povo para sempre.
Uma noite, um viajante veio à sua porta. Você o re-
conheceu como um astrôno-
mo de alguma reputação e
os dois conversaram so-
bre cem diferentes tó-
picos até pouco antes
do sol nascer, quan-
do ele se despediu
de você. Ele passa-
va pela vila fre-
para aprender todas as obras do homem?
Conceito: Você é um erudito e um legislador, e essas
duas ocupações são bastante intercambiáveis para a sua
forma de pensar. O Abraço mudou pouco para você, exceto
que você teve que fazer alguns ajustes em sua fé, mas você
está certo de que Alá o perdoará.
Dicas de Interpretação: Você se vê como representante
de Alá, pois a lei e a fé Islâmicas estão tão intimamente rela-
cionadas que são inseparáveis. Isso lhe deu um senso de
integridade forte como o aço damasceno. Você está
igualmente contente imerso em um livro ou envolvido em
um debate fervoroso, e não tem escrúpulos em usar os dons
de Haqim para ajudá-lo em seus julgamentos.
Equipamento: Pequena biblioteca (cerca de 10 livros),
vestes de ofício, vários instrumentos científicos de segunda e
terceira mão.
AMPIRO
TM

quentemente,
sempre encon- Nome: Natureza: JUIZ Geração: 12º

trando tempo pa- Jogador:

Crônica:
Comportamento: AUTOCRATARefúgio:
Clã: ASSAMITA VIZIR Conceito: Qadi

ra parar e comparti- Atributos

Físicos Sociais Mentais
lhar uma noite com Força oooooo Carisma oooooo Percepção oooooo
Destreza oooooo Manipulção oooooo Inteligência oooooo
você. Vigor oooooo Aparência oooooo Raciocínio oooooo
Habilidades
Na sua última vi- Talentos
Representação_______ o o o o o o
Perícias
Empatia c/Animais__ o o o o o o
Conheciemntos
Instrução_____________ o o o o o o
sita, o astrônomo Prontidão____________ o o o o o o
Esportes _____________ o o o o o o
Arqueirismo_________ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o
Sabedoria Popular___ o o o o o o
Investigação _________ o o o o o o
Briga _________________ o o o o o o Etiqueta _____________ o o o o o o Direito _______________ o o o o o o
revelou o verdadeiro Esquiva ______________ o o o o o o Herborismo _________ o o o o o o Linguística___________ o o o o o o
Empatia _____________ o o o o o o Armas Brancas______ o o o o o o Medicina ____________ o o o o o o
propósito de suas Intimidação _________ o o o o o o
Crime________________ o o o o o o
Música_______________ o o o o o o
Cavalgar _____________ o o o o o o
Ocultismo ___________ o o o o o o
Política_______________ o o o o o o

viagens. Ele havia Liderança____________ o o o o o o

Lábia_________________ o o o o o o
Furtividade__________ o o o o o o
Sobrevivência _______ o o o o o o
Ciência ______________ o o o o o o
Senescalia____________ o o o o o o
Vantagens
notado você quando Disciplinas Antecedentes Virtudes
ainda era um jovem AUSPÍCIOS
______________
QUIETUS
______________
oooooo
oooooo
INFLUÊNCIA
________________
RECURSOS
________________
ooooo
ooooo
Consciência/Convicção_ o o o o o

______________ o o o o o o ooooo Autocontrole/Instinto _ o o o o o

homem, e viu em ______________ o o o o o o
LACAIOS
________________
________________ o o o o o
Coragem__________ o o o o o
______________ o o o o o o ________________ o o o o o
você um desejo por Outras
Características Caminho Vitalidade
aprendizado que ______________ oooooo
oooooo
PARAÍSO Escoriado
______________
oooooooooo Machucado -1
nunca seria sacia- ______________ o o o o o o
______________ o o o o o o
Força de Vontade
Ferido -1
Ferido gravemente -2
______________ o o o o o o
do. O que seria Combate oooooooooo Espancado
Aleijado
-2
-5
Incapacitado
melhor, ele per- Arma Dificuldade Dano
Experiência
Pontos de Sangue
guntou, do que ter
toda a eternidade

LIVRO UM: ANIMAIS

75
 Nota Histórica:
Um Homem, Uma
Faca e Um Golpe
Se você observar a história, verá as ondulações que os Cainitas deixam em sua passagem. Em
alguns casos, tocamos diretamente nos assuntos dos homens mortais. Em outros, nossa
interferência é mais sutil, às vezes não intencional e ainda mais prejudicial pela falta de controle
deliberado. Ocasionalmente, um mortal aprende demais sobre o que somos e tenta nos imitar,
acreditando que o poder virá com a forma. Muitas vezes, esses indivíduos sabem o que, mas não o
porquê, e imitam as ações certas pelas razões erradas.
Em 1192, a primeira vítima ocidental da seita radical conhecida como Assassinos caiu sob suas
adagas. A morte de Conrado de Montferrat enviou ondas de choque através dos Cruzados — e, de
fato, de toda a Europa. Embora o assassinato não seja inédito na Idade das Trevas, uma associação
organizada de assassinos profissionais era impensável até então.
A origem dos Assassinos é desconhecida na Europa e apenas vagamente compreendida no
Oriente. A maioria dos estudiosos acredita que o grupo tenha se originado com um líder da seita
islâmica ismaelita conhecido como Hasan-i Sabbah. Pouco antes da virada do século 12, Hasan e
seus seguidores militantes capturaram um castelo nas Montanhas Elburz que os registros
comumente se referem como Aluh Amut: o Ensino da Águia. Os turcos seljúcidas, cuja seita sunita
se opunha à fé ismaelita, começaram a agir contra os ismaelitas em todo o seu império. Em 16 de
outubro de 1092, um seguidor de Hasan chamado Bu Tahur Arrani assassinou Nizam al-Mulk,
um conselheiro do governante seljúcida, estabelecendo assim a fundação dos Assassinos. Ao longo do
próximo século, os devotos de Hasan realizaram uma série de assassinatos calculados para
decapitar a perseguição seljúcida aos ismaelitas.
Hasan-i Sabbah morreu em 23 de maio de 1124. Sua doutrina de lealdade e obediência, no
entanto, vive entre os ismaelitas e é a força unificadora de seus seguidores. Nas décadas seguintes à
morte de Hasan-i, Aluh Amut tornou-se o campo de treinamento e quartel-general para uma
organização de assassinos que medem o sucesso por um único golpe bem-sucedido de adaga e não se
importam com o que acontece com eles uma vez que o alvo esteja morto.
Os Assamitas gostariam de negar qualquer envolvimento com os Assassinos, mas eles não têm
esse luxo. Na verdade, os Assassinos talvez nunca tivessem surgido sem a ajuda de um ex-peão
Assamita: um lacaio que agora se chama Haqim em sombria zombaria de seus antigos mestres.

LIBELLUS SANGUINIS 3

76
 O homem agora conhecido como Haqim era assistente e protegido de um guerreiro Assamita
durante os séculos V a VII. Quando seu mestre caiu durante a campanha contra os Baali, o
juramento de sangue do lacaio reagiu contra ele e estilhaçou sua mente. Ele fugiu em pleno dia,
levando consigo os pertences mais preciosos de seu mestre. Aqueles Assamitas que o conheciam
assumiram que ele havia encontrado um fim prematuro no deserto.
Na verdade, o mestre do lacaio o escolheu e treinou devido a uma qualidade que ele possuía. O
Falso Haqim (como os Assamitas se referem a ele) tinha o dom da visão verdadeira, a capacidade de
ver além de todas as ilusões e discernir a realidade por trás delas. Ele era o cão de caça de seu mestre,
perfurando a ofuscação e a quimera de suas vítimas. Em dois séculos, ele aprendeu muitas das
habilidades de seu mestre, não menos importantes a capacidade de reconhecer Cainitas e a precisão
necessária para abatê-los em emboscadas. As vítimas que ele reivindicou nos anos de sua liberdade
podem nunca ser contadas, mas pelo menos uma dúzia de Assamitas estão entre aqueles vampiros
que ele derrubou em sua sede irracional pelo sangue que ainda prolonga sua vida. Em algum
momento desses longos séculos, ele recuperou o suf iciente de si para começar a construir poder — e
lembrou o suf iciente das histórias de seu mestre para construir uma história e uma lenda para
atrair esse poder para si. E então, quando ouviu falar de um lugar chamado Alamut, o Falso
Haqim foi lá para reivindicar seu manto de liderança.
A inf luência do Falso Haqim sobre Aluh Amut e seus habitantes é limitada. Ele é um governante
sombrio, não um comandante aberto, e seus peões são poucos. A maioria das ações dos Assassinos é
afetada apenas pela política sectária do Islã. No entanto, ao longo do último século, o Falso Haqim
recrutou outros homens como ele que têm o dom da visão verdadeira. Eles compõem seu círculo
interno nos Assassinos e compartilham de sua imortalidade, por caçarem Cainitas e os retornam a
Aluh Amut para se abastecerem com a água da vida eterna. O golpe único e lendário com o qual os
Assassinos abatem seus alvos é um reflexo de suas lições sobre impalar o coração de um oponente com
um único golpe de estaca. Todas as tentativas Assamitas de assaltar Aluh Amut e remover este
renegado vergonhoso falharam, pois até os mais fortes poderes de Ofuscação são como véus
esfarrapados diante do olhar dos alunos do Falso Haqim. Os Sarracenos não montaram um ataque
poderoso o suf iciente para superar essa vantagem porque — ironicamente — o Falso Haqim tem
seus admiradores entre os Assamitas.
De fato, as ações do lacaio estão lentamente influenciando aquelas de seus antigos mestres. À
medida que a palavra sobre os Assassinos se espalha pela Europa, os Assamitas observam a eficácia
das táticas de terror e camadas de decepção. A casta guerreira notou o sucesso dos Assassinos em
remover seus próprios oponentes nas seitas islâmicas. À medida que os Assassinos atacam os
Cruzados, o impacto de tais métodos na psique europeia não pode ser negado. Noite após noite, os
Assamitas ref inam os métodos e imagens que seus proteges acidentais estão usando — e noite após
noite, as imagens dos dois se tornam como uma na mente dos Cainitas ocidentais.

LIVRO DOIS: SARRACENOS

77
 ivro Três:
Serpentes
Ankhesenaten fez sua reverência
diante do semblante do verdadeiro
deus e colocou a tigela dourada
cheia de sangue aos pés da estátua
de ônix. A imagem de Set era como
uma escuridão maior no confina-
mento iluminado por brasas da
tenda, a luz avermelhada delinean-
do pequenos detalhes, mas deixan-
do outros na sombra. Uma perna
magra e musculosa, uma mão er-
guida, com garras — vislumbres que
insinuavam muito, mas oculta-
vam ainda mais. Ankhesenaten
recuou sobre as pontas dos pés e
forçou a respiração pelo nariz,
sentindo o cheiro do sândalo e
incenso que ungiam os ombros do
deus. Tudo estava preparado. A faca
curva brilhava fracamente ao lado
da tigela de oferenda, sua lâmina
pintada pela luz sanguínea.

79
 Houve um leve movimento atrás de Ankhesenaten, na
câmara principal da tenda. Ele reconheceu os passos
furtivos de Goreb, seu principal guarda-costas. Fazendo
mais uma reverência diante do rosto do deus, Ankhesenaten
recuou pela estreita abertura da câmara e virou-se para
encarar seus servos reunidos. A câmara principal da tenda
era dedicada aos assuntos mundanos do dia, equipada como
qualquer outra tenda de mercador em qualquer outra feira
de mercado na França: um braseiro aceso estava no centro
do espaço, com cadeiras e bancos baixos de madeira ao
redor. Uma pequena mesa e uma cadeira de encosto alto
ocupavam um canto ao fundo da tenda, para equilibrar
livros de contabilidade e contas. Baús de cedro com faixas de
ferro estavam empilhados ao longo das paredes. Também,
no fundo da tenda, atrás de pesados tecidos pendurados,
um pequeno catre de cedro estava empilhado com
cobertores e peles; quando o mundo acreditava que
Ankhesenaten dormia, um guarda-costas escolhido jazia lá,
espada em punho.
Goreb esperava perto do braseiro, seu rosto escuro sole-
ne. Quando Ankhesenaten entrou na câmara, seus outros
servos se afastaram de suas tarefas e se curvaram profunda-
mente, suas cabeças raspadas brilhando à luz do fogo. O
principal guarda-costas se curvou respeitosamente. “O
senhor francês chegou, Grande Um, e aguarda seu prazer.”
Ankhesenaten assentiu. Ele se virou para seus servos e
ordenou que se levantassem. Com a queda da noite, eles
haviam se despojado de suas túnicas e leggings ocidentais e
agora vestiam túnicas sacerdotais de algodão tingido de
índigo. “Esperem-nos do lado de fora”, disse-lhes. “Se ele
veio buscar o rio escuro, eu os chamarei.
É a vontade de Set.”
“A vontade de Set”, intonaram os sacerdotes, curvando-
se profundamente, e depois saindo silenciosamente da
tenda. Goreb foi o último a sair, fazendo mais uma
varredura cuidadosa do interior da tenda antes de deixar seu
mestre sozinho. Ankhesenaten enfiou as mãos nas mangas
de sua túnica e esperou, ponderando os resultados.
A aba da tenda foi subitamente puxada para o lado,
deixando entrar o ar frio do norte da França, e Godofredo
de Sezanne entrou furtivamente como um ladrão. O
cavaleiro baixo e corpulento agarrou um manto simples, de
lã, ao redor de seu corpo robusto, e manteve um capuz
grande puxado para baixo para disfarçar seus traços. Como
se alguém fosse reconhecer o homem entre as tendas da
Foire de Reims, quase 64 km de suas propriedades.
Ankhesenaten não pôde deixar de franzir a testa. Tanta
timidez. Ele esperava mais depois dos eventos do ano
passado.
LIBELLUS SANGUINIS 3
80
Setita convocou um sorriso caloroso quando o senhor
Francês jogou para trás seu capuz. “É uma alegria e uma
honra recebê-lo em minha humilde tenda, meu senhor”,
Ankhesenaten disse, ajoelhando-se brevemente. “Por favor,
seja bem-vindo. Posso lhe servir vinho?” Ele examinou
propositalmente o manto e a túnica despojados de Godfrey.
“Reze, diga-me que este último ano lhe trouxe melhor sorte
do que aparenta?”
O cavaleiro francês jogou para trás seu manto e
inspecionou a tenda cautelosamente, como um javali
encurralado. Godfrey tinha um rosto largo e carnudo,
marcado nas bochechas e no nariz pelo rubor avermelhado
de um beberrão. Seus lábios grossos se curvaram em um
sorriso de escárnio. “Eu extorqui o resgate de viajantes
suficientes e saqueei o bastante para me manter gordo por
anos a fio. Mas não sou tolo a ponto de cavalgar até aqui com
todas as minhas joias e deixar o duque saber com quem
estou me associando.” Ele avançou rapidamente para a luz
do braseiro, suas mãos grossas trabalhando nervosamente.
“Não tenho tempo para conversa fiada, Serpente”, ele
sibilou. “Há rumores de fogueiras de vigia nas colinas ao sul
de Troyes, e meus espiões estão me dizendo que o Duque
William partiu para o campo com 500 cavaleiros e 1.000
homens a pé!”
Ankhesenaten acenou aprovadoramente. “Você tem
feito bom uso de sua recém-adquirida influência, meu
senhor. É verdade — o Duque William levou seu exército
para o campo e planeja tomar Troyes de assalto antes que seu
mestre possa reagir.” O Setita fez uma pausa, deixando as
palavras serem absorvidas. “Seus queridos filhos provavelmen-
te perecerão. Seu senhor terá grande necessidade de você
nas próximas semanas. É uma grande oportunidade, não é?”
O Setita observou o cavaleiro cuidadosamente. Era o
momento, o ápice de dois anos de trabalho. Ele acreditava
que Godfrey poderia ser digno, e uma grande vitória para o
deus seria realizada.
O senhor Francês empalideceu. “Oh, Deus Misericor-
dioso!” ele sussurrou. “O Duque Roland pode ter um
homem cavalgando para meu castelo agora mesmo!” Ele
estendeu uma mão enluvada. “Dê-me o sangue! Não há
tempo a perder!”
Ankhesenaten inclinou a cabeça. Não era para ser. O
homem simplesmente não era digno de grandeza. “Não
tenho nada para você, meu senhor”, disse ele secamente.
“Nada que seria útil para você.”
O rosto de Godfrey se avermelhou de raiva. “Serpente
desprezível! É esse o seu jogo, então? Você vê uma chance de
lucro, e aumenta seu preço? Diga-o!” Ele arrancou uma bolsa
de couro cheia de seu cinto. “Tenho ouro de sobra, graças
aos seus presentes passados!”
 “O sangue do deus não é um enfeite para ser compra- consegue ver o que isso pode te tornar? Agucei seu apetite
do e vendido”, sussurrou Ankhesenaten, baixo e quieto. pelo poder nestes últimos dois anos. Você não está
Godfrey recuou, sua raiva se encolhendo diante do súbito faminto pela festa agora diante de você?”
avanço do Setita. “Onde está sua fome, Godfrey? Quando Godfrey encolheu diante do olhar temível do vampiro.
nos encontramos pela primeira vez, você era apenas um Seu lábio tremia. “Se eu não tiver o sangue, os homens de
senhor da fronteira com um monte de pedras para uma William certamente me matarão”, ele gemeu.
torre. Você reclamou e chora- “Se você fosse digno, após esta
mingou como um filhote noite você nunca mais teria
negado do leite de sua mãe, medo da morte novamente.”
enquanto os outros vassalos de Ankhesenaten não conse-
Roland desfrutavam de seu guiu mais esconder seu des-
favor e bebiam de seu copo prezo. “Você rejeitou o presen-
vermelho! Você queria a força te do verdadeiro deus. Não
deles, sua vitalidade. Você tenho pena de você agora.”
queria mostrar ao seu senhor Pegando Godfrey pelo pescoço
imortal que você era tão digno como um cão vira-lata, ele lançou
o cavaleiro pela porta da tenda.
quanto eles. E eu te dei essa chance.
Meu sangue não te fez tão poderoso Ankhesenaten afundou graciosa-
mente em uma cadeira e lutou para
quanto os homens favorecidos de
acalmar sua ira gelada. Ele teria que
Roland?”
fazer sacrifícios e se humilhar diante
Godfrey deu um passo hesi- do deus. Um plano requintado,
tante para trás, sem palavras, forjado por muito tempo,
assentindo com medo. despedaçado por uma única
“Você não triunfou nos falha. Mas melhor descartar os
torneios de seu senhor? Você fracos e os tímidos do que
não ficou rico em resgates e compartilhar o sangue de Set
honrado no campo de bata- com os indignos.
lha? E eu não mantive minha promessa a você, ano após Quando se recompôs, o Setita chamou Goreb. Nem
ano, te dando de beber sem pedir nada em troca? E agora tudo estava completamente perdido. O Duque Ventrue
você ousa vir diante de mim e agir como um covarde Roland ainda seria um senhor desesperado, ao pôr do sol
quando o poder além dos seus sonhos está ao seu alcance! seguinte. “Traga uma criança da cidade para sacrificar”, ele
Quando o Duque William chegar, Roland precisará de disse. “Então, pela manhã, pegue o ouro e outros objetos
todos os guerreiros que puder reunir! Ele ficará em dívida valiosos e esconda no campo. Espero que os homens do
com você! Ele te levará para seu conselho. Você não Duque Roland venham me buscar amanhã à noite.”

LIVRO TRÊS: SERPENTES

81
 Filhos do Deus
Sombrio
Seu senhor, o Duque Roland, deseja ouvir minha
confissão, não é? De verdade? Volte para o seu senhor,
criança, e diga-lhe apenas isto: Eu não cometi nenhum
crime contra o seu senhor. Sou um Seguidor de Set, e meu
coração é puro.
Como sou eu o culpado pela calamidade que se abateu
sobre Champagne? Fui eu quem renegou meus juramentos a
Roland e chegou tarde no campo de batalha, ou foi o
covarde Godfrey de Sezanne? Fui eu quem invadiu Troyes
com fogo e espada, ou foi aquele demônio Lasombra, o
Duque William? Eu estava dormindo a 80 km do campo de
batalha ensolarado, ainda assim devo ser responsabilizado
pelo incêndio da torre do duque e pela morte de seus
queridos filhos? Você tem a aparência de um estudioso,
jovem — explique-me a lógica dessas acusações. É devido à
minha fé? Sou um pagão para você, é verdade, mas isso me
torna um inimigo, como os demônios pagãos do Leste?
Surpreende você que eu os chame assim? Por que deveria?
Eles estavam oprimindo meu povo por centenas de anos
antes que seus Cruzados pisassem na Palestina. Não tenho
mais amor por eles do que você. Se isso te surpreende, como
seu senhor se sentiria se oferecêssemos ajuda e abrigo aos
Ventrue em sua planejada cruzada à minha terra natal?
Pense nisso.
Você é um homem inteligente, e vejo ser um servo
devotado do Duque. Este recente ataque o deixou em
apuros, e por um mal-entendido ele me aprisionou, num
momento em que eu poderia ser capaz de salvá-lo de sua
atual situação. Você veio pronto para registrar minhas
palavras; faça isso agora. Eu me confessarei. Não a nenhum
crime, mas à verdade sobre meu povo, e à batalha que
travamos por séculos para salvar a humanidade de si mesma.
Novamente, você está surpreso. Espere. Há mais
revelações por vir.
LIBELLUS SANGUINIS 3
82
A Mentira de
Osíris
Se você deseja entender os caminhos do meu povo,
primeiro deve deixar de lado tudo o que conheceu ou
acreditou sobre a existência. O mundo não é como você
acredita que seja.
Há muito, muito tempo, quando até mesmo o grande
Egito era jovem, havia dois mundos, um sobre o outro,
conectados por um grande e escuro rio. Um era o mundo
dos vivos, o outro o além, um lugar que meu povo chama de
Du'at. O caminho dos dois mundos era este: um homem
nascia no mundo dos vivos, onde ele crescia forte e formava
para si uma família forte e próspera. Quando seu tempo aqui
terminava, sua essência vital, seu ka, deixaria o corpo e
atravessaria o rio escuro para o além. Agora, o além é como
uma imagem refletida em mercúrio — é um lugar idêntico ao
nosso, e tudo que existe neste mundo tem seu lugar lá
também. A família do homem falecido cuidadosamente
limparia e prepararia seu corpo, e faria uma casa entre as
areias onde ele poderia continuar sua existência eterna
confortavelmente. Fora da porta para a necrópole, os
sacerdotes realizariam ritos especiais sobre o corpo,
liberando a essência espiritual do homem, seu akh, e sua
personalidade, chamada ba. Quando o corpo era sepultado,
todos os três elementos se reuniriam no corpo do outro lado
do rio, e o homem ressuscitaria para viver uma vida de
facilidade e abundância no além, cuidado pelas devoções de
sua família.
Naqueles primeiros dias, todos os homens viviam suas
vidas ao máximo, bebendo profundamente de cada prazer e
tentação, como os deuses pretendiam que fosse. Quando
eles sentiam fome, matavam e comiam carne; quando
sentiam sede, esmagavam uvas para vinho. Quando
cobiçavam, tomavam o prazer que desejavam na companhia
de seus parentes. Essas pessoas viviam como deuses, e
cresciam ferozes e fortes, sem medo de besta ou demônio, e
quando seu tempo terminava, cruzavam de bom grado para
o além e viviam como reis. Enquanto o povo era forte, e vivia
sem hesitação ou restrição, os dois mundos eram vibrantes e
prósperos, e havia equilíbrio, chamado Maat.
Era o dever dos homens-deuses viver de acordo com
Maat e passar esse conhecimento para seus filhos, mas
houve um homem assim, um grande chefe chamado Ra,
cujo apetite era como o do chacal, voraz e covarde. Ele
pensou em todas as riquezas trazidas para o além por aqueles
que haviam ido antes dele, e em tudo que seguiria nas
gerações futuras, e seus dias e noites eram consumidos com
planos para ganhar esses tesouros para si. Então, quando seu
tempo se aproximava de cruzar para o próximo mundo, ele
chamou seu neto favorito Osíris ao seu lado e contou-lhe seu
plano. Osíris era muito parecido com seu avô, escondendo
sua natureza covarde sob uma máscara de bela aparência, e
ele concordou com o plano de Ra em troca de sua parte nas
riquezas do além.
Então Osíris foi diante do povo do Egito e os repreen-
deu por seus modos ferozes e independentes, usando seu
falso charme para enganá-los a sentir vergonha por sua
natureza sensual e impulsiva. Ele abateu os fortes e elevou
os fracos, tornando todos iguais pela instituição da lei.
Não havia mais dias de caçadas selvagens e noites de
alegria carnal; em vez disso, Osíris prendeu seu povo em
camadas de costumes sufocantes e restritivos. Ele ensinou
ao povo do Egito o engano da civilização, e perverteu
Maat, fazendo com que o povo se afastasse das partes
selvagens de sua natureza e perdesse sua conexão com os
caminhos da terra. O povo do Egito fez Osíris, seu
primeiro rei, e suas leis funcionaram como veneno em seu
sangue e os deixaram fracos.
Agora Osíris tinha um irmão, conhecido como Set, ou
Sutekh. Set era um grande caçador, perseguindo as feras
mais temíveis com grande astúcia e sagacidade. Ele não era
tão forte ou tão belo quanto Osíris, mas sua inteligência e
perspicácia eram invejadas por todos. Era costume de Set
caçar nas areias do deserto, vendo uma majestade e poder
lá que escapava ao olhar dos homens comuns. Assim, Set
estava entre as areias quando seu irmão Osíris começou
suas artimanhas, e quando retornou ficou muito per-
turbado com o que viu. Set percebeu que a influência da
lei e do costume desequilibraria Maat, mas como não
desejava levantar a mão contra seu irmão, foi até seu pai e
pediu apenas um direito de nascimento próprio. Osíris
poderia manter as terras ricas e férteis do Alto Egito, Set
disse a seu pai, enquanto ele pedia nada mais do que os
desertos inóspitos do Baixo Egito, onde pelo menos as
LIVRO TRÊS: SERPENTES
83
pessoas poderiam viver conforme os caminhos de Maat.
Mas Ra recusou, não querendo nada que interferisse em
seu esquema covarde, e em vez disso exilou Set para os
desertos mais profundos, para morrer longe da vista dos
homens. Como um golpe final, Osíris tomou a irmã-
esposa de Set, Nephtys, para sua cama e dela gerou um
filho, chamado Anúbis. Assim não haveria filhos para
lembrar o nome de Set uma vez que ele tivesse atravessado
para o além.
Escravos no Du'at
Assim aconteceu que Rá cruzou para o submundo e fez
guerra contra as almas que lá descansavam, conquistando-as
porque suas famílias no mundo dos vivos haviam
enfraquecido e esquecido seus deveres de lembrança. Rá
tomou os tesouros dos que conquistou e reinou sobre eles
com mão cruel. Quanto mais fracas as pessoas se tornavam,
mais difícil se tornava sua jornada para o Du'at, deixando-as
à mercê de Rá, que tomava suas posses e lhes dava a escolha
entre a escravidão eterna ou a destruição. Mais tarde,
quando Anúbis atravessou o rio escuro, Rá lhe deu a
responsabilidade de decidir quem viveria acorrentado e
quem pereceria para sempre. Anúbis tornou-se o guardião
das balanças, e guiou os mortos através do rio escuro e para o
próximo mundo.
Enquanto isso, Set definhou nos desertos, traído e com
o coração partido. Embora estivesse acostumado aos rigores
do deserto, com o tempo até sua resistência se esgotou, e ele
se aproximou da morte. Desesperado, cavou fundo nas
areias, esperando encontrar ao menos uma gota de água
para saciar sua sede. Ele cavou por sete dias e sete noites, e
quando suas forças se esvaíram, viu um filete de água surgir
através das areias e brilhar ao luar. Set levou a água aos lábios
e viu que era escura como a noite. Era a água do próprio rio
escuro, a ponte entre os mundos, mas sua sede o dominou, e
ele bebeu.
Quando Set bebeu a água do rio escuro, sua essência
espiritual, seu akh, fugiu de seu corpo, sendo levada para o
Du'at. No entanto, sua vontade de viver era tão grande que
seu ka permaneceu enraizado em seu corpo, com seu ba. E
assim Set tornou-se um dos não-vivos, de ambos os mundos
e ainda assim de nenhum, e seu akh revelou-lhe o que Rá
havia feito no pós-vida, e ele entendeu como havia sido
enganado.
A Tirania da Lei
Agora você vê como os tiranos corromperam a ordem
natural, enganaram o homem fazendo-o diminuir a si?
Continua até hoje, até mesmo em sua fé Cristã. Não lhe é
proibido desfrutar das glórias da carne, não lhe ensinam a
LIBELLUS SANGUINIS 3
84
deixar de lado os impulsos deste mundo pelas recom-
pensas do próximo? Certamente você já se perguntou por
que tais sentimentos naturais tinham que ser negados.
Agora você sabe o porquê. Estão lhe roubando seu direito
de nascença.
Quando Set descobriu a verdade do plano de Rá, ele
voltou do deserto para confrontar seu irmão e endireitar
as coisas novamente. Com astúcia e sagacidade, ele
prendeu Osíris em um sarcófago finamente trabalhado e o
lançou no Nilo. No entanto, a luta para restaurar Maat
estava apenas começando. Osíris tinha muitos seguidores,
e o povo do Egito já não se lembrava mais do mundo como
era. Como um só, eles se voltaram contra Set e o di-
famaram, caçando-o à noite. Set não desejava matar o
povo do Egito, pois eles não sabiam o que estavam
fazendo, então ele buscou seus próprios seguidores para
espalhar a verdade pela terra. Ele buscou as mentes mais
brilhantes do Egito, os sacerdotes e eruditos mais
aprendidos, que muitas vezes suspeitavam que o mundo
não era como Osíris dizia ser. Para provar que o que dizia
era verdade, Set compartilhou seu sangue com eles, que
carregava a água do rio escuro, e seus akh atravessaram
para o submundo e perceberam a verdade das coisas. Foi
assim que os Seguidores de Set nasceram, e eles andaram
entre o povo a mando de seu deus para despertar os
desejos trancados em seus corações e libertá-los da tirania
da lei de Osíris.
E assim começou a batalha pelo mundo, a luta primor-
dial que os Cainitas da Europa desde então distorceram
além do reconhecimento. Embora Osíris tenha sido
derrotado (e instalado por Rá no submundo como o Senhor
dos Mortos), seu filho Hórus continuou a luta contra Set e
seus seguidores, alistando a ajuda dos Lupinos de cabeça de
chacal e os traiçoeiros filhos de Bastet. Pior de tudo, Osíris e
Hórus criaram seus próprios seguidores imortais, as
Múmias, cujas formas podiam ser destruídas, apenas para
retornar e nos atormentar vez após vez. Por muitos séculos a
guerra se alastrou, tragédia após tragédia, enquanto o deus
das trevas e seus devotos lutavam não apenas pelo Egito, mas
pelas almas de seu povo. Nós cultivávamos nossos templos
em segredo, para que as feras e seus parentes não caíssem
sobre nós com fogo e espada, e guardávamos muitas
relíquias dos dias antigos, artefatos e papiros antigos que
remontam à perdida Ur e à Primeira Cidade dos homens.
Veja! Até seus olhos brilham de admiração só de pensar
nisso! Nós sozinhos visamos lembrar os mistérios da
juventude da humanidade enquanto todos os outros
buscavam jogá-los às chamas.
Derrotas e Vitórias
Finalmente, através de muito sangue e sacrifício, Set se
ergueu triunfante. Ele lançou seu sobrinho Hórus,
quebrado e sangrando, para o outro mundo, e caçou os
Lupinos até os confins do deserto. Mas o que tomamos por
triunfo tornou-se cinzas amargas em nossas línguas, pois
estávamos muito dedicados à nossa terra amada e não vimos
além de suas sagradas fronteiras. Pois mesmo enquanto
revertíamos os nobres do Egito aos seus dias de decadência e
glória, os seguidores de Hórus incitaram os Hicsos e os
enviaram contra nós, entregando sua terra natal nas mãos
dos invasores em vez de ver Maat restaurada! Nós que
servimos ao deus das trevas recebemos uma lição amarga
naqueles dias, que nunca esquecemos. Não basta abrir os
olhos daqueles a quem amamos; devemos mostrar a verdade
a amigos e inimigos, mesmo ás partes distantes da terra.
Todo o mundo deve conhecer o deus das trevas antes que o
paraíso possa ser reconquistado.
Os Hicsos derrubaram os deuses do Egito e os
substituíram pelos seus, e expulsaram os devotos de Set mais
uma vez para as sombras, para cultivar o culto onde
pudéssemos e tentar expulsar os invasores blasfemos. Mas
não éramos guerreiros, para combater seus exércitos com
fogo e espada; em vez disso, aprendemos as artes do
encantamento, soprando suavemente sobre as brasas
apagadas do desejo. Servimos nossos conquistadores como
mercadores e artesãos, eruditos e profetas, falando aos seus
desejos ocultos com presentes sutis e sussurros tentadores.
Com o tempo, seu zelo esmoreceu, e os mais grandiosos
entre eles passaram a conhecer a glória de nosso deus. Ainda
assim, permanecemos cativos; pois à medida que a força dos
Hicsos se esvaía, eles foram suplantados pelos Líbios, depois
os Etíopes, e mais tarde pelos odiados Persas. Nossa
paciência imortal foi correspondida, golpe por golpe, e
assim aprendemos que mãos imortais estavam sendo usadas
contra nós, sem saber das mentiras de Osíris. Os filhos de
Caim agora jaziam nas raízes dos grandes impérios,
direcionando-os em suas buscas por poder ou vingança,
alheios ao dano que causavam ao mundo.
Foi assim que o grande Set nos comandou a sair de
nossos lares, virar as costas às areias do Egito e espalhar sua
palavra pelos lugares distantes da Terra, mesmo aos ouvidos
dos filhos de Caim, para conduzi-los de volta à verdade.
Assim passamos a ser conhecidos entre os conselhos dos
Cainitas e injustamente desprezados, pois aos olhos de
homens como o seu senhor, nós estávamos lá para destruir
tudo o que eles prezavam.
Setitas e os Filhos de Caim
Ao contrário dos Cainitas europeus, os Seguidores
de Set não baseiam sua identidade no fato de serem
vampiros, mas se distinguem simplesmente como
servos do deus das trevas. Embora devam beber sangue
para sobreviver e evitar a luz do dia como os Cainitas
fazem, os Setitas veem isso como uma consequência
natural de sua existência dual, não como um indicativo
de uma origem comum com os vampiros ocidentais.
Para os Setitas, qualquer ser cujas energias existam
simultaneamente em ambos os mundos devem seguir
certas regras para sobreviver. Cainitas devem ali-
mentar-se como eles, dormir como eles, mas possuem
muitos poderes e características físicas completamente
diferentes dos Setitas. Os Seguidores de Set acreditam
que os vampiros em geral sejam descendentes ou
servos de espíritos malignos soltos no mundo quando
Rá conquistou o pós-vida e perturbou Maat. Um
Cainita que tenta estabelecer relações ou solicitar
assistência de um Setita baseado na suposição de uma
origem comum será provavelmente recebido com
zombaria ou mesmo indignação justa.
Revelações Sombrias
E assim os Seguidores de Set atravessaram a terra, em
caravanas mercantis, fileiras de escravagistas, embaixadas
reais e trupes de entretenimento. Quando Alexandre
expulsou os Persas do Egito, aguardamos por ele em Siwa e
insinuamos que ele era divino; o acompanhamos enquanto
celebrava suas conquistas no palácio de Persépolis, e um
sussurro em seu ouvido fez a sede do império Persa ruir em
chamas. Onde ele ia, nós seguíamos, estabelecendo-nos nas
cortes de seus governadores-gerais, de modo que, quando o
grande macedônio adoeceu e morreu, seu grande reino caiu
com ele.
Foram os gregos que trouxeram grande número de
Cainitas para nossas costas, assombrando a cidade de
Alexandre na costa e alcançando até mesmo Mênfis. Eles
buscavam os segredos de nossa terra, e compartilhamos com
eles o que desejavam, levando-os às sagradas verdades de Set.
Muitos aceitaram o verdadeiro caminho, revivendo muito
dos antigos costumes pela primeira vez em séculos.
Encontramos favor na corte de Ptolomeu, e os anciãos de
nossa espécie se reuniram na antiga cidade de Tânis, para
celebrar aos pés do deus e transmitir sua sabedoria aos fiéis.
LIVRO TRÊS: SERPENTES
85
 Houve choques de tempos em tempos. Cainitas gregos
se enciumaram de nossa crescente influência, especial-
mente entre os eruditos na grande biblioteca, e por vezes
buscavam nos caçar e nos expulsar das cidades. Sempre
nos fundíamos ao deserto, onde o poder de Set era forte, e
deixávamos nossos inimigos se esgotarem contra as areias
impiedosas. Aprendemos bem nossas lições com séculos
de invasão: paciência e furtividade desfazem os guerreiros
mais ferozes.
Os Ptolomaicos persistiram muito tempo depois que a
Grécia já não existia mais; na verdade, eles se tornaram mais
como nós do que como seus verdadeiros conterrâneos. Nos
esgueiramos em seus templos e sussurramos para eles em
seus banquetes; com o tempo, eles poderiam ter sido as
sementes de um novo Egito renascido à imagem do deus das
trevas. Então vieram os romanos e seus orgulhosos mestres
Cainitas, desprezando nossos costumes e impiedosos em
sua subjugação. Desta vez, nos esquecemos e visamos desviar
os romanos através de uma revolta aberta. Fomos total-
mente esmagados, e Cleópatra, última da linhagem
Ptolomaica, escolheu o beijo da áspide ao invés de ser levada
a Roma acorrentada.
A partir daquele dia, trabalhamos pela destruição de
Roma. Os enriquecemos com escravos e ouro, sempre
insinuando que eles poderiam ser ainda mais ricos.
LIBELLUS SANGUINIS 3
86
Ajudamos a erguer seus templos e lhes dissemos serem
dignos de sentar ao lado dos deuses. Os Ventrue lutaram
contra nós em cada passo (é por isso que seu senhor e seus
irmãos nos odeiam até hoje), mas logo era a própria Roma
que estavam combatendo, o colosso que eles mesmos
haviam criado. Por um tempo, a máquina da lei serviu aos
interesses de Set ao invés de oprimir, espalhando decadência
por todo o vasto império.
Ainda que saboreássemos a gloriosa subversão de Roma,
um evento ocorreu que abalou profundamente nossa causa.
Agora, há mais de um milênio no passado, este evento ainda
ressoa entre os fiéis. Set se contorcia e uivava em seu
sarcófago de ônix, e seus pensamentos preenchiam os
sonhos de todos os seus filhos, até mesmo aqueles da Sexta
Geração. Por sete noites ele falou, trovejando em suas
mentes do pôr ao nascer do sol; foi uma grande previsão,
uma série de visões que profetizavam o fim do mundo,
quando o rio escuro secaria e os dois mundos se tornariam
um. Se isso seria devido aos esforços de Rá ou Set, ninguém
pode dizer. As visões enlouqueceram muitos anciãos, que
fugiram de Tânis para as areias, levando consigo o
conhecimento adquirido. Ao fim da sétima noite, os anciãos
que restaram jaziam em seus sarcófagos, exaustos e
tremendo em reverência. Apenas um punhado de
sacerdotes mortais ousou se aproximar do grande cofre
onde o deus repousava, mas o sarcófago de ônix jazia em
pedaços, alguns lançados profundamente nas paredes de
arenito. O deus das trevas Set, Senhor da Areia e da
Tempestade, havia desaparecido. Ninguém sabe a hora de
seu retorno.
Desastre abateu-se sobre Tânis nos séculos após o
desaparecimento do deus. Primeiro, os romanos causaram
grande dano a nossos servos mortais e a nossos templos em
um sangrento ataque à cidade. Mais tarde, uma grande
tempestade desceu sobre Tânis, e em seu rastro vieram os
Lupinos. Há muito ansiavam por vingança contra nós, e seu
momento havia finalmente chegado. Sem o poder do deus
para nos fortalecer, os Lupinos não puderam ser detidos, e
muitos dos devotos de Set caíram sob suas garras ou foram
expulsos para a noite. Nossos templos foram arrasados, e os
cofres e túneis da cidade foram inundados quando o Lago
Manzala transbordou suas margens e inundou as ruas da
cidade. Nunca mais meu povo se estabeleceria em um só
lugar novamente. Muitos de nossos anciãos e os maiores de
nossos tesouros permanecem em Tânis, trancados em
tumbas de arenito e água. Diz-se que às vezes as mentes dos
afogados chamam seus filhos e os filhos de seus filhos,
convocando-os de volta para atendê-los nas profundezas.
Não sei se isso é verdade, nem conheço o destino de quem
possa atender ao chamado.
Quando Tânis se afogou, a população mortal sobre-
vivente fugiu e estabeleceu uma cidade irmã, chamada
Tinnis, em uma das ilhas do Lago Manzala. Claramente,
temiam mais as memórias aterrorizantes das bestas-jacaré
que assolaram a cidade condenada do que as águas do
próprio lago. Tinnis é agora um centro de comércio,
produzindo muitos ricos tecidos muito procurados no
Egito e em outros lugares. Tinnis tornou-se lar de uma
população considerável de nossos irmãos e Cainitas que
buscam sondar as profundezas da cidade afogada. De
todas as cidades do Egito, apenas Tinnis pode ser dita ter
um príncipe Setita como seu governante, o Hierofante
ancião Setepenre, que acolheu Brujahs nascidos na
Grécia, Capadócios e até Toreadores eruditos para estudar
Tanis sob seus auspícios. Outras expedições Cainitas,
especialmente as duas recentemente patrocinadas pelos
Tremere, ele repeliu ou destruiu. Setepenre guarda com
ciúmes as ruínas da cidade, mas mesmo seu controle se
estende apenas até certo ponto, pois alguns Lupinos ainda

As Profecias de Set
As revelações enigmáticas conhecidas como As Profecias de Set são objeto de considerável controvérsia entre os
seguidores devotados do deus. Enquanto alguns veem as revelações como previsões de eventos inalteráveis que levam à
destruição do mundo, outros acreditam que as profecias são, de fato, uma série de instruções projetadas para provocar a
colisão dos mundos dos vivos e não-vivos. O fato de essas instruções estarem ofuscadas em versos enigmáticos existe
como um teste para os Seguidores de Set, de modo que apenas os mais astutos sejam dignos de alcançar o plano mestre do
deus e, presumivelmente, colher as recompensas associadas a ele.
Ainda outros encontram um significado muito mais sombrio nas mensagens enigmáticas do deus. Nos séculos desde
a destruição de Tanis, houve certos anciãos que suspeitaram que um entre eles traiu a cidade para os Lupinos, esperando
entregar o deus ou seus segredos nas mãos de seus inimigos. Ninguém jamais forneceu um motivo crível para tal traição,
mas isso não impediu os anciãos de usar suas suspeitas para lançar inquisições punitivas entre os seus, esperando
erradicar traidores ou eliminar rivais.
Os Seguidores de Set se recusam a discutir as profecias de seu deus com forasteiros, embora persistam rumores de ao
menos uma coleção escrita, encadernada em couro cor de areia, que supostamente agora reside na fortaleza dos Templá-
rios em Acre. Diz-se que Acre é anátema para vampiros devido a uma potente aura de Fé Verdadeira, então essa coleção
permanece um rumor. Nenhum Setita conhece a totalidade das profecias; tornou-se um dever sagrado para cada ancião
passar seu conhecimento fragmentado para sua prole. No entanto, com o passar do tempo e o prolongamento da ausência de
Set, alguns anciãos começaram a acumular seu conhecimento das revelações, numa tentativa de reforçar seu status no clã.
Há aproximadamente 300 profecias atribuídas a Set, e desde seu desaparecimento acredita-se que quase um terço
destas tenha sido cumprida, seja por circunstância ou ação direta de cabalas de Setitas dedicados. Um suposto exemplo
de uma profecia cumprida diz respeito à diablerie de Saulot e a ascensão dos Tremere: Cuidado com os ávidos e os cegos! Eles
cairão sobre aquele que possui um excesso de visão e tomarão o que é devido, e aí das terras do Oeste quando suas pálpebras tremerem e
se abrirem! Outra profecia, esta supostamente ainda por vir, parece falar diretamente aos Setitas: Deixe a serpente e o rato se
abraçarem, mas não seja prejudicado. Deixe os Filhos das perdas construírem castelos e vilas para eles no Oeste, onde serão uma visão
alegre para mim.

LIVRO TRÊS: SERPENTES

87
assombram Tânis e não demonstram misericórdia a quem
encontram.
Areia ao
Vento
Desde a destruição de Tânis, minha espécie reluta em
concentrar nossa força em um único lugar, preferindo em
vez disso vagar pelos cantos da terra como Set vagou pelos
desertos de outrora. Nossos anciãos sobreviventes aguardam
a noite do retorno de nosso deus e, enquanto isso, apressam-
se em fazer o trabalho de nosso Senhor e observar o
cumprimento de suas profecias.
Não apenas há segurança no movimento, mas os tra-
balhos de Set exigem que estejamos constantemente em
busca de itens para atrair, despertar, estimular. Por
exemplo, chegou ao meu conhecimento que um emir no
Cairo tem em sua posse uma coleção de pergaminhos
escritos por Cícero e Homero, retirados da biblioteca de
Alexandria. Para ele, significam pouco, meramente uma
curiosidade coletada de uma cidade conquistada — mas
pense no que isso significaria para um homem de letras
como você. Está vendo? Não basta iluminar um homem
com simples palavras — devemos possuir em nossas mãos
presentes e riquezas suficientes para despertar todo tipo
de mortal e Cainita. Como resultado, a maioria de nossas
andanças é dedicada à construção de fortunas e redes de
informantes, aventureiros e ladrões. Viajamos pelas
muitas rotas de caravanas, parando nas principais cidades
uma ou duas vezes por ano e tratando com nossos agentes
lá. Se temos interesses contínuos em uma cidade, como
Cairo ou Constantinopla, podemos ter nossos negócios
gerenciados lá por uma cria de confiança. Na verdade,
muitos anciãos preferem manter sua prole em um lugar
por um tempo, para permitir que aprimorem suas
habilidades por algumas décadas em um ambiente
familiar e aprendam o básico de gerenciar uma rede de
agentes humanos.
LIBELLUS SANGUINIS 3
88
Viajando no Mundo
das Trevas Medieval
A vida na estrada está cheia de perigos inesperados,
desde as depredações de bandidos até os caprichos
imprevisíveis de senhores tirânicos, sem mencionar os
perigos da luz do sol e os trechos de bosques assom-
brados por Lupinos que apresentam riscos únicos para
qualquer Cainita viajante. Não é de se admirar,
portanto, que muitos senhores Cainitas raramente se
afastem da segurança de suas terras natais, onde pelo
menos os perigos são bem conhecidos e previsíveis.
O Setita típico passa quase toda a sua não-vida via-
jando entre as principais cidades do Oriente Médio e
da Europa, e assim os Serpentes desenvolveram
inúmeras tradições e práticas para tornar suas jornadas
o mais seguras possível. Setitas ocultam seus
movimentos dentro das longas trilhas de caravanas
mercantis, muitas vezes organizando os arranjos de
viagem de vários comerciantes e juntando recursos
para contratar tropas mercenárias para segurança.
Mesmo em rotas bem percorridas, um Setita
geralmente envia com antecedência uma equipe de
avanço de lacaios mortais e carniçais para reconhecer o
caminho e alertar sua rede para se preparar para a
chegada do mestre. Durante as longas jornadas, um
Setita passa praticamente todo o tempo dormindo em
um dos muitos baús grandes carregados pela caravana,
despertando apenas periodicamente para se alimentar
de um membro de seu séquito e fazer a homenagem
noturna a Set. Um Serpente normalmente descansa
em um sarcófago simples de sândalo ou cedro, às vezes
perfumado com incenso para disfarçar o seu cheiro ao
passar por florestas assombradas por Lupinos.
Os Seguidores de Set viajam raramente juntos,
preferindo não compartilhar detalhes de sua rede e
suas rotas com seus pares. Embora ostensivamente
unidos em sua devoção a seu deus, os crias competem
uns com os outros pelo favor de seu senhor, e um Setita
que é incapaz de defender suas posses de seus irmãos
não encontrará simpatia de seus anciãos. Além disso,
as crescentes rivalidades e discórdias entre as facções
Hierofante e Decadente levaram a vários ataques na
estrada aberta, incentivando cautela e discrição entre
os Setitas. Por outro lado, no entanto, os Serpentes
frequentemente oferecem a segurança de sua caravana
para Cainitas que se dirigem na mesma direção, um
gesto simples que proporciona a oportunidade de fazer
contatos valiosos.
.

Egito
Terra dos Reis, amada por Geb e Nut, berço de toda a
vida — o Egito é a fonte de todo o nosso poder, e memórias
de suas areias eternas nos sustentam em todas as nossas
jornadas. Em nenhum lugar do mundo somos tão fortes
quanto na terra de nosso nascimento, mesmo enquanto
nosso povo descansa sob a mão de mais um conquistador, os
Muçulmanos. Ao contrário dos Gregos, que toleravam
nossas religiões verdadeiras e até adotavam muito em sua
própria cultura, os muçulmanos não são tão aceitativos de
nossas crenças, forçando nossos templos a se esconderem
mais uma vez. Na verdade, após centenas de anos de
perseguição pelos Cristãos coptas durante o período
Romano, seguido pelas igualmente cruéis dinastias
Muçulmanas, há poucos egípcios, mesmo nas terras mais
afastadas, que se lembram dos verdadeiros deuses de seu
povo. Nestes tempos, somos forçados a nutrir pequenos
templos isolados, atraindo os pobres e descontentes, ou
aqueles que nutrem ódios pelas duras leis dos Muçulmanos.
No entanto, nosso poder no Egito ainda é forte, pois ainda
existem muitos locais sagrados consagrados ao deus nos
vastos desertos e muitos locais secretos contendo relíquias e
tesouros de grande antiguidade.
Isso não quer dizer que o Egito esteja livre da influência
Cainita. A triste verdade, de fato, é que mesmo em nossa
terra natal, nossos números são menores que a soma dos
Cainitas pagãos. Há números pequenos, mas significativos
de Lasombra jogando seus jogos nos tribunais do Cairo,
embora a recente queda dos Fatímidas em favor de Salah ad-
Din e seu tio parecesse pegar até essas pálidas aranhas de
surpresa. As convulsões têm chamado ainda mais a atenção
dos poderosos Assamitas, aqueles espadas de Haqim que
seus senhores temem tanto. Imagino quão surpresos seus
senhores ficariam ao ver os demônios de olhos selvagens de
Alamut passando pelos tribunais de mármore do sultão
como leões sábios e compondo versos para a maior glória de
Salah ad-Din, que expulsou o infiel da Cidade Santa e de
volta para o mar. Eles buscam impulsionar os Aiúbidas a
glória ainda maiores e têm sido perceptivos o suficiente para
buscar nosso conselho nessas questões, pois sabemos bem
quem pode ser persuadido, e como.
Alexandria é agora um portal para nosso país para
Cainitas Europeus e levantinos, concedidos livre passagem
pela cidade por seu melancólico príncipe Toreador. Pelos
portos de Alexandria chegam Cainitas exilados de todos os
clãs, buscando refúgio ou planejando vingança contra
inimigos deixados na Europa. Senhores Ventrue enviam
suas crias para explorar o Egito em preparação para sua
cruzada rumorejada,
e pequenos bandos de Tremere deixam a cidade para buscar
conhecimento perdido nas areias mutáveis do deserto.
Ainda há Brujah remanescentes em Alexandria, agarrando-
se teimosamente a uma Grécia que não existe mais e
assombrando os remanescentes de sua outrora grandiosa
biblioteca. Eles têm resistido às nossas investidas por muitos
e muitos anos, mas a cada noite que passa, seu amargor
cresce, e nós somos sempre pacientes.
Assim Como Fizemos com os Hicsos no Passado Milenar
Assim como fizemos com os hicsos em milênios passados,
servimos aos Muçulmanos como mercadores, comerciantes,
estudiosos e curandeiros, atendendo suas muitas
necessidades. Muitos de nosso número derivam seu poder e
influência dos mercados de escravos, trazendo carne tão
perto quanto a Palestina e tão longe quanto o inóspito
Cáucaso. Muitos desses escravos são servos de seus
verdadeiros mestres, bebendo um pouco do rio escuro em
nossas veias e relatando as necessidades e vulnerabilidades
de seus senhores temporários. Com o tempo, talvez, esses
escravos nos ajudem a expulsar os invasores de nossa terra
natal para sempre; mesmo agora, há comerciantes Setitas
fornecendo ao sultão aiúbida ferozes escravos Mamluk para
servir como sua guarda do palácio.
O desejo dos aiúbidas de ampliar o comércio com o
Ocidente infiel também abriu mais oportunidades para
incursões no tribunal do Sultão, permitindo-nos seduzir os
nobres Muçulmanos com têxteis europeus, aço e ouro em
troca de sedas e especiarias. Muitos do tribunal que
perderam o favor durante a queda dos Fatímidas colocaram
seus pés no caminho de Set em seu desejo de recuperar as
riquezas e o status que outrora possuíam. Quando nem o
ouro, nem a indolência tocam os Muçulmanos, muitas vezes
os conceitos de erudição podem agitar suas almas. Há
mesmo Lasombra e Capadócios que abandonaram seu tão
alardeado controle em busca dos segredos do Egito ou do
conhecimento importado de lá da Grécia e de outros
lugares. Fornecemos tradutores, escribas, até guias para
alimentar os desejos desses intelectos frios. Poucos são
sábios o suficiente para ver que uma vez que um segredo é
respondido, outro deve ser buscado, mais profundo e
sombrio do que antes. É a sua gloriosa desgraça.
Enquanto muitos de nosso número mantêm casas per-
to dos tribunais muçulmanos no Baixo Egito, também há
anciãos e seus descendentes que seguem um caminho mais
antigo, tradicional. Eles ainda atraem os ambiciosos para o
abraço de Set através das artes sublimes da profecia. Há um
ancião Setita, um Hierofante chamado Tenermentu, que se
esconde nas sombras em Siwa, onde os sacerdotes
confirmaram a crença de Alexandre em sua própria divin-
LIVRO TRÊS: SERPENTES
89
dade. Em Siwa, em oásis distantes e em vilas semi-desertas,
há templos onde mortais e Cainitas podem se aproximar e
serem informados de seu destino. O Setita fala através dos
sacerdotes lá e dá aos suplicantes o suficiente para encorajar
suas crenças e desejos particulares; muitas vezes, essas almas
retornam várias e várias vezes, por mais informações e
instruções. O segredo está em conhecer as fraquezas do
suplicante; mortais, mesmo Cainitas, têm desejos ocultos
que precisam apenas de um pouco de encorajamento para
vir à superfície. Esses desejos não precisam ser malignos por
natureza — na verdade, a maior corrupção ocorre a partir das
aspirações mais nobres.
Considere, por exemplo, um comerciante de Alexandria
que está considerando um investimento arriscado em enviar
vinho para a Itália. Ele deseja ganhar mais dinheiro para que
sua esposa e filhos possam viver confortavelmente, e assim
ele consulta um oráculo e pergunta se sua decisão é a
correta. O Setita pode então dar-lhe uma divinação de sete
navios, seus porões transbordando de ouro. Acreditando
que sua escolha seja a correta, ele sai e investe tudo o que tem
na compra de sete navios, mesmo que tenha que se
endividar profundamente. O tempo passa, e a natureza
segue seu curso. Navios são perdidos para piratas ou
tempestades, e o homem se torna desesperado. Ele recorre
ao jogo, adultera seu vinho, pode até roubar de seus
parceiros — mais e mais ele afunda, incapaz de abandonar a
visão dourada que acabou por manchar sua alma. Muitos se
tornam devotos do deus escuro sem nunca perceber, tudo
por um punhado de palavras.
A Terra Santa
As paixões que inflamam as terras da Palestina — a
chamada “Terra Santa” tanto para cristãos quanto para
Muçulmanos — fornecem um terreno fértil para nossos
esforços. Os Cristãos e seus patronos Ventrue se agarram aos
seus diminutos territórios como leões, enquanto os nobres
Muçulmanos em Jerusalém estão ansiosos para expandir
suas conquistas e expulsar os infiéis para o mar. A trégua
prestes a expirar forjada por Salah ad-Din e o Rei Inglês
Richard abriu Jerusalém para peregrinos de ambas as cren-
ças, mas apenas adiou o confronto inevitável. Enquanto isso, o
desespero e o fervor religioso deixam corações e mentes
abertos a inúmeras tentações, tanto mentais quanto físicas.
A distância física de Jerusalém dos centros de cultura e
influência muçulmana torna os nobres Islâmicos residentes
ainda mais dependentes da linha de vida do comércio do
Cairo. Caravanas controladas por Setitas nos permitem
uma fonte indireta de influência nas manobras políticas
entre a dinastia aiúbida e seus aliados na Palestina, à medida
que oferecemos nossos serviços como mensageiros, inter-
LIBELLUS SANGUINIS 3
90
mediários e até espiões entre as diferentes famílias. Assim,
moldamos a ascensão e queda de muitos homens
ambiciosos, atraindo-os tão profundamente para nossa
dívida que eles implorarão pelas suas almas para sobreviver
— nesse ponto, eles são nossos para sempre.
Embora haja poucos Setitas realmente residindo em
Jerusalém, a cidade é entrelaçada com muitas redes de
agentes e espiões, conduzindo negócios e coletando
informações para seus mestres. Estranhamente, está se
tornando cada vez mais difícil manter tais redes por muito
tempo, mesmo com devotos que bebem de nosso sangue. A
maioria desaparece mais cedo ou mais tarde, e outros foram
conhecidos por perder a sanidade. Por que isso acontece não
é certo, embora alguns Setitas que frequentam a cidade
especulem que o grande número de locais sagrados pagãos
na cidade coloca uma tensão cada vez mais intolerável na fé
de nossos servos. Se continuar, é provável que mais e mais
jovens Setitas sejam enviados para a cidade para administrar
os assuntos de seus mestres.
Do lado cristão da moeda, temos colhido tanto ouro
quanto moeda na passagem de peregrinos de Tiro para a
Cidade Santa. Há Setitas que mantêm casas em Tiro e
oferecem guiar cristãos pelo campo infestado de bandidos,
embora uma vez fora das muralhas da cidade, a longa
jornada se transforma em uma série de tentações noturnas.
Bandidos às vezes sequestram peregrinos notáveis, e
novamente temos uma mão nisso. Os prisioneiros
enfrentam numerosas seduções da alma, e quando
retornam (resgates vultosos pagos), espalham a verdade de
Set em suas terras natais.
Os senhores Ventrue e Brujah que ainda se apegam em
vão a esperanças de um Reino de Jerusalém não poupam
oportunidades para nos atacar quando podem. Houve
muitos relatos de atrocidades cometidas contra nossos
irmãos e seus servos, e seus ataques aumentam em
frequência e sucesso ultimamente, particularmente na
cidade portuária de Tiro. Alguns acreditam que isso se deve
à crescente presença de Nosferatu na cidade, traindo nossos
esforços para ganhar o favor dos governantes Ventrue, mas
sinto a mão dos Lasombra nisso, tentando verificar nossas
incursões em seu lucrativo comércio marítimo.
Constantinopla
O último bastião decadente da Santa Roma e suas intri-
gas incestuosas oferecem a aparência de uma rica colheita de
indulgência e corrupção, mas os sutis maquinações dos
Cainitas locais prometem destruição para os desatentos. A
maioria dos Setitas mantém redes na cidade simplesmente
porque é o cruzamento dos mundos Oriental e Ocidental,
onde riqueza e influência fluem para frente e para trás sob o
olhar vigilante da Igreja. Poucos de nossa espécie podem
permanecer lá por muito tempo antes de serem atraídos
para os esquemas e maquinações políticas do tribunal do
Imperador e as lutas pelo poder da Trindade Cainita.
Alguns Setitas tentam lucrar com as lutas das três famílias
de sangue, enquanto outros cortejam favor e influência
para apoiar empreendimentos mais distantes. O recente
decreto isentando os comerciantes genoveses dos pesados
tributos impostos a outros mercadores é um exemplo,
tentando dar às casas comerciais italianas apoiadas pelos
Setitas uma maneira de competir com as casas mais
poderosas sob controle Lasombra. Isso, claro, despertou a
fúria dos Cainitas expatriados do Quartel Latino,
adicionando outra dimensão perigosa aos nossos esforços
na cidade.
Constantinopla é atualmente a única cidade fora do
Egito que mantém uma população permanente de Setitas,
poucos que se tornaram obcecados com a corrupção total do
moribundo Império Bizantino. É também a cidade onde os
primeiros Setitas não egípcios foram criados, para a preo-
cupação de nossos anciãos. Os Setitas de Constantinopla
são amplamente considerados com desconfiança e suspeita
pelo resto de nossa espécie. Talvez seja a falta de sangue
egípcio em suas veias, mas eles parecem se importar menos
com nosso propósito sagrado do que com o ato de corrupção
por si só.

Itália
As cidades mercantes de Veneza, Gênova e Pisa nos
chamam do outro lado do Mediterrâneo, prometendo
oportunidades para estender nossa influência no coração da
Europa e além. Nobres famintos pelos bens exóticos do
Oriente acolhem nossos navios, e em Gênova, vários
comerciantes seguiram sua própria ganância para a presença
de Set, proporcionando-nos um ponto de apoio no
comércio levantino. Mas se os Lasombra muçulmanos
sutilmente buscam contrabalançar nossa influência entre os
tribunais dos Ayyúbidas, na Itália, seus irmãos cristãos nos
combatem com ferocidade implacável, como uma fera
confrontada em sua toca. Assassinatos, roubos e atos de
pirataria selvagem são comuns entre as casas controladas
pelos Lasombra em Veneza e Sicília e nossos seguidores em
Gênova. Apesar de repetidos reveses, nossos irmãos
continuam teimosamente a luta, esperando expandir sua
influência para outras casas antes que os Lasombra
consigam reunir força suficiente para destruí-los
completamente.

LIVRO TRÊS: SERPENTES

91

Europa
As feiras de mercado de Champagne, Rouen e Paris são
os limites atuais da nossa influência na Europa, onde
nobres de toda a França se reúnem para desfrutar de
nossas maravilhas e levá-las para casa. Finas sedas e
especiarias despertam a cobiça de senhores e damas,
enquanto cavaleiros que disputam torneios buscam
poções do Oriente que prometem aumentar sua força e
vitalidade. Ao contrário da nossa terra natal, aqui as
seduções são mais pacientes e deliberadas, fazendo
conhecidos e aprendendo seus desejos, para depois
retornar em um ano com presentes maravilhosos que
colocam o receptor no caminho da verdade. Atualmente,
porém, nossos traços e costumes estranhos nos marcam
claramente para os senhores locais, e nossas idas e vindas
são tratadas com intensa suspeita e hostilidade. Em alguns
lugares, os Cainitas nos tratam não melhor do que suas
hordas tratam ciganos ou Judeus, procurando nos culpar
por cada desgraça. Mas a Europa é o coração do poder
Cainita, como tenho certeza de que concordará,
firmemente presa na tirânica mão da Igreja e da lealdade
nobre. França, Alemanha e Inglaterra clamam pela
sabedoria do deus, e é aqui que nossos filhos mais jovens
são enviados para empurrar a escuridão para fora, um
passo de cada vez.
Casas do Deus
Não tenho dúvidas de que você serve bem ao seu - e
mestre. Você tem a aparência do servo dedicado, mas me
parece que espera algo mais. Talvez, com o tempo, quando
tiver provado sua lealdade e seu senhor precisar de outra
cria, você será acolhido em seu Abraço. Cainitas como seu
senhor geram filhos para atender às suas necessidades ou
adequar-se à sua posição, muito como um homem rico em
Damasco compra escravos para encher seus salões e
mostrar aos outro quão poderoso ele é. Não é assim
conosco. Os Seguidores de Set são poucos, e sempre será
assim, pois quando bebemos profundamente do rio
escuro nos tornamos casas do deus, e somente os mais
dignos podem abrigar a Imanência do Senhor da Areia e
da Tempestade.
Buscando o Rio
Não há ofensa pior contra o deus do que compartilhar
sua essência com alguém indigno. Um Seguidor de Set não
pode ser escolhido; o destinatário deve estar buscando o
deus escuro já. É um presente que deve ser pedido, nunca
oferecido.
LIBELLUS SANGUINIS 3
92
Quase todos os filhos de Set começam como vítimas da
sedução de outro Setita. A maioria dos mortais atraídos
para a escuridão reage inicialmente com horror e repulsa,
ainda agarrados às mentiras da moralidade e do costume.
Muitas vezes, a verdade de sua natureza mais sombria os
esmaga, mas é o caminho deste mundo para os fracos
perecerem para dar lugar aos fortes. Outros simplesmente
se entregam a seus desejos e não pensam mais em suas
vidas anteriores, o que é apropriado. Mas poucos nem
quebram, nem se dobram; eles encontram significado em
seus apetites carnais, um propósito para as ambições
secretas que sentiram vagamente durante toda a vida. Eles
são os que abraçam as transformações da sedução em vez
de apenas seus instrumentos. Eles saboreiam a escuridão
despertando dentro deles e buscam espalhá-la para cada
alma que tocam. Somente eles são dignos de servir ao
verdadeiro deus.
Preferimos criar progênie de homens e mulheres mais
velhos, mortais que tiveram tempo de amadurecer e
chegar ao auge de suas habilidades, porque as artes do
encantamento requerem muitas facetas diferentes de
habilidade e experiência. Valorizamos os eruditos por seu
aprendizado e seus talentos aguçados de percepção e
discernimento. Valorizamos sacerdotes se aprenderam a
usar seu cargo para manipular os desejos de seu rebanho.
Naturalmente, tais homens renunciam à sua fé anterior e
oferecem suas almas a Set, mas muitas vezes mantêm a
ilusão do cristianismo ou islamismo para seduzir os fiéis.
Selecionamos comerciantes também, se forem devida-
mente ávidos e astutos nas maneiras da tentação. Não
oferecemos a água escura a muitos nobres, sejam eles
muçulmanos ou cristãos; apenas se sua inteligência e
carisma forem afiados como uma lâmina de faca, e seus
métodos sutis e refinados, eles receberão os segredos do
deus. Não temos uso para o militante ou o estoico; uma
cruzada não converte o coração de um inimigo, apenas o
endurece ainda mais.
Um Setita muitas vezes vê o potencial em um mortal
mesmo antes das seduções começarem, e essa pessoa
ganha atenção especial à medida que seus impulsos mais
sombrios revisitam. A relação entre corruptor e inocente é
sempre íntima, às vezes tão próxima quanto o sopro
compartilhado de um amante, mas com esses potenciais
iniciados a relação é ainda mais próxima. Observamos
com cuidado para ver que curso eles escolherão uma vez
que os últimos fios de moralidade se desfaçam. Em muitos
casos, isso leva anos, até décadas. Se eles não têm a
coragem de se deleitar em seus apetites e se autodes-
truírem, não importa, porque criações falhas são inúteis
para o deus, e permitimos que a natureza siga seu curso. Se
eles se afundam em indolência e decadência, então é uma
oferta gloriosa a Set, mas nada mais, e os deixamos à sua
própria sorte. Mas se eles escolherem usar seu conhe-
cimento para promover suas ambições ou para corromper
outros como foram corrompidos, o Setita observará e
esperará, oferecendo alguma assistência quando
necessário, e ao longo do tempo revelando pistas sobre o
grande deus e a natureza dos dois mundos. Se o mortal se
agarra a isso e vem voluntariamente ao seu corruptor para
se dedicar ao deus, então e somente então consideramos
ele digno.
Tornar-se um Seguidor de Set não, é algo feito em um
beco escuro ou nas sombras do salão de festas de um
senhor — há uma cerimônia que deve ser realizada,
oferecendo o suplicante ao deus. Este ritual, conhecido
como a Cerimônia de Abertura da Porta, só pode ser
realizado nas noites de lua nova, quando a escuridão é
total.
O suplicante é levado à casa do senhor (embora nossa
espécie esteja constantemente em movimento, mantemos
casas para conduzir negócios em muitas cidades e portos),
onde o mortal é banhado por servos e ungido com óleos
perfumados. Então ele é trazido nu perante o deus no
templo e permitido ver a visagem de Set pela primeira vez.
O senhor apresenta uma faca curva à efígie do deus e
entoa, na língua do antigo Egito: Homenagem a ti, Ó Set,
Guardião das Areias e Habitante da Escuridão. Eu sou teu servo.
Eu sou a serpente que repousa em tua mão direita e ataca teus
inimigos. Eu sou a serpente em tua mão esquerda que sussurra para
a multidão.
Então a faca é passada para o suplicante, que deve
ajoelhar-se perante a face do deus e dizer: Salve, Senhor dos
Desperdícios! Escuta-me, para que venhas a mim! Vê-me, e a faca
que seguro em minha mão, e toma está bebida para saciar tua
sede. Com isso, o suplicante deve abrir suas veias e deixar
seu sangue lavar a visagem de Set. Enquanto sua vida se
esvai, o suplicante deve recitar perante o deus suas muitas
paixões e depravações, para mostrar que é um recipiente
adequado para a essência do deus.
Todo o tempo o senhor observa, enquanto o suplicante
empalidece e a fonte da vida reduz-se a um gotejar. No
momento apropriado, ele se aproxima do mortal e o deixa
beber do rio escuro que flui em suas veias, e a porta é aberta.
O akh do suplicante voa em asas de falcão para Du'at, e seu
corpo torna-se uma casa do deus.
A Importância dos Nomes
Os Seguidores de Set mantêm a antiga crença Egípcia
de que o nome de uma pessoa é um pilar vital de sua
existência, tanto neste mundo quanto no além. Eles
acreditam que se o nome de um homem é esquecido e
todos os vestígios deles destruídos, então ele cessa
imediatamente de existir. Por essa razão, os Seguidores
de Set gravam seus nomes em seus sarcófagos e nas
paredes de suas câmaras mortuárias, e encarregam seus
servos com o dever sagrado de preservar seu nome na
memória, caso eles sejam mortos. Pelo mesmo motivo,
um Seguidor de Set não se contentará apenas com a
destruição de um arqui-inimigo — ele não parará até
que não haja ninguém vivo para lembrar o nome ini-
migo e nenhum vestígio dele escrito em lugar algum.
Lavando o Rosto de Deus
Uma vez que um suplicante tenha bebido das águas
escuras, cabe a ele, como um dos filhos de Set, não apenas
espalhar sua verdade entre todos os mortais, mas também
nutrir a memória do deus e prover para ele como qualquer
filho deveria. O primeiro desafio para qualquer Setita
recém-nascido é a construção de uma rede de influência,
pela qual ele possa adquirir riquezas e outros objetos de
desejo. Estes são as ferramentas do nosso ofício e nos
permitem espalhar a verdade do deus pelo mundo
conhecido. Cada Setita acumula tesouros de acordo com
sua própria natureza — um ex-erudito pode trabalhar para
acumular uma biblioteca de antiguidades inestimáveis para
tentar as mentes de mortais e Cainitas, enquanto um nobre
pode colecionar terras, servos e ouro para persuadir os
corações endurecidos de outros senhores. A riqueza
material não é apenas importante e útil neste mundo, mas
também no próximo, pois se um Setita for verdadeiramente
morto, ele deve continuar a servir o deus na próxima vida e
precisará de recursos para continuar a luta.
Como qualquer verdadeiro Egípcio, um Seguidor de Set
está sempre ciente do outro mundo, e cada casa que possui
contém um templo para o deus e uma câmara mortuária que
serve como local de descanso e refúgio caso o Setita um dia
atravesse para o além. A câmara mortuária contém um
sarcófago, geralmente de cedro, mas ocasionalmente feito
de arenito ou mármore, inscrito com o nome do Setita e
LIVRO TRÊS: SERPENTES
93
invocações protetoras para afastar intrusos. Dispostos ao
redor do sarcófago estão roupas, equipamentos e tesouros
reservados para a existência do Setita no próximo mundo.
Também forrando as paredes da sala estão estatuetas de
madeira ou argila chamadas shabti, que atuam como servos
no outro mundo. Há também uma cópia do Livro de Sair à
Noite, um tomo transmitido por Set e contendo todos os
rituais necessários para permitir que um Setita faça a
transição para o além. É responsabilidade dos servos mais
próximos do Setita garantir que o corpo de seu mestre seja
devidamente enterrado na câmara mortuária caso ele, seja
verdadeiramente morto.
É um dos dons de Set que muitas vezes nos tornamos
apenas um monte de cinzas arenosas na morte. Isso nos per-
mite entrar em Du'at secretamente e evitar o aviso de Anubis
e, portanto, passar por suas balanças. Isso apresenta um de-
safio para nossos servos, pois eles devem seguir nossos textos
sagrados e coletar as cinzas. Os restos arenosos devem ser cui-
dadosamente separados e preparados de serem enterrados
no sarcófago. Caso contrário, ficamos sem apoio em Du'at.
A parte mais secreta e protegida da casa de um Setita é
um templo dedicado ao culto do deus. As dimensões e
enfeites da sala do templo variam amplamente, mas cada
uma deve conter uma estátua de Set, esculpida em ébano ou
ônix. Nesta sala, o Setita realiza a obediência necessária ao
deus, primeiro ao acordar ao anoitecer e depois antes de
procurar seu descanso ao amanhecer. Uma oferta de sangue
é derramada em uma tigela aos pés da estátua, então a
estátua é lavada com óleos perfumados e o Setita oferece
orações pela força e prosperidade contínuas do deus.
Mesmo durante as viagens, um Setita carrega consigo uma
pequena estátua do deus e presta sua homenagem fielmente,
protegido por servos vigilantes. Fazer o contrário certa-
mente invocará a insatisfação do deus.
Como pode observar, dependemos grandemente de
nossos servos, talvez até mais do que os Cainitas. Na maioria
dos casos, um Setita terá um pequeno círculo interno de
sacerdotes jurados ao serviço do deus e agraciados com goles
do sangue do rio; você os chamaria de carniçais. Eles
também supervisionam os negócios dos lares da Serpente e
mantêm as salas de sepultamento e templos. Além desses
servos confiáveis, um típico Seguidor de Set passa grande
parte do tempo estabelecendo e mantendo uma extensa
rede de servos e agentes mortais, incluindo guardas
mercenários, espiões, criados e negociantes. Muitos desses
peões não têm conhecimento de seu empregador,
simplesmente recebendo ouro de outro membro da rede, e
não é incomum que artesãos ou aventureiros embarquem
em empreendimentos sem jamais perceberem que estão a

LIBELLUS SANGUINIS 3

94
nosso serviço. Os mortais são suficientemente confiáveis pa-
ra nossos propósitos, muitas vezes mais do que os Cainitas,
porque, uma vez que conhece seus desejos e é capaz de
satisfazê-los, eles farão qualquer coisa que você exigir.
Nos últimos anos, especialmente na Palestina e na
Europa, as agendas dos Cainitas e dos humanos nos
forçaram a manter um alto grau de vigilância em certas
cidades para garantir que nossos próprios planos continuem
até a fruição. Às vezes, um Setita instala um Seguidor recém-
aceito em uma de suas casas para gerenciar seus negócios por
um período prescrito de tempo, que pode variar de alguns
meses a algumas décadas. As responsabilidades do cria
podem variar desde administrar os interesses comerciais do
senhor, cuidar do alvo de uma sedução particularmente
delicada, até proteger as posses (e vítimas) do senhor de
interferências Cainitas. Ostensivamente, este é um período
de aprendizado, uma espécie de aprendizado onde a prole
aprende a arte de criar redes de informantes e seu uso na
descoberta de vítimas adequadas para sedução. No entanto,
tais deveres fazem pouco para avançar a estatura do cria aos
olhos do deus, e assim o senhor é obrigado a liberar o cria o
mais rápido possível para seguir seu próprio caminho no
mundo. Não é incomum que progênies impacientes ou
excessivamente ambiciosos se rebelem contra seus mestres
se sua servidão durar muito tempo.
Os Mandamentos
do Santíssimo
Em séculos passados, os Seguidores de Set recebiam a
palavra diretamente do grande deus em pessoa, primeiro na
escuridão dos desertos vazios, e depois nas criptas sob a
sinistra Tânis. Embora fôssemos poucos em número, nossa
influência era poderosa porque estávamos unidos no
serviço a Set. Desde o desaparecimento do deus, no entanto,
muito mudou.
Os Hierofantes
Nos dias após o afogamento de Tânis, quando muitos
dos nossos foram postos em fuga e espalhados pelas Duas
Terras, os anciãos que sobreviveram ao ataque dos Lupinos
rapidamente se reuniram e, por virtude de sua posição,
assumiram a liderança do nosso povo na ausência do grande
deus. Estes Setitas estavam entre os primeiros nascidos, que
bebiam diretamente do deus e o acompanhavam onde quer
que ele fosse. Durante o reinado Ptolemaico, passaram a ser
chamados de Hierofantes, e foram eles que receberam o
mais feroz turbilhão das profecias de Set nos dias antes de
seu desaparecimento.
O Juramento de Sangue
Os Setitas acreditam que a vitae que passa do se-
nhor para o filho é o sangue vital do grande Set em si,
transmitido de geração em geração numa linha que se
estende por milhares de anos. Eles acreditam serem
literalmente vasos da essência do deus; quando
utilizam suas Disciplinas, estão destilando o próprio
poder do deus. Como resultado, a ideia de colocar
outro Setita, ou mesmo um mortal, sob juramento de
sangue, é considerada nada menos que blasfêmia, e
usar a essência de Set para vincular um Cainita é um
crime que merece destruição. A maioria dos Setitas
despreza o juramento de sangue mesmo quando é
usado entre Cainitas, porque tal controle total é
anátema aos seus ideais de corrupção e interesse
próprio.
Esta restrição não se aplica à criação de carniçais,
no entanto. Os carniçais Setitas são escolhidos entre
servos ou agentes mortais que já demonstraram sua
lealdade ao seu mestre e são adoradores dispostos do
deus sombrio. Os Setitas veem esses mortais como
discípulos do deus, cuja recompensa é carregar a
essência de Set e tirar força dela. O vínculo que existe
devido ao juramento de sangue é visto, neste caso,
como um fardo por parte do mestre, não do servo.
Um Setita deve tratar seus carniçais como um
presente do deus, algo que não deve ser abusado.
Antes do desaparecimento de Set, não havia nenhum
tipo de organização entre os Seguidores, exceto os deveres e
devoções esperados de um filho para seu senhor. Todos os
Setitas, mesmo hoje, são esperados para servir as
necessidades de seus senhores sem falhas e manter sua
memória viva, caso ele parta totalmente para o submundo.
Além desta regra, um Seguidor de Set era encarregado
apenas de espalhar a verdade do deus e atender aos seus
próprios desejos. Com o desaparecimento de Set, no
entanto, os Hierofantes contataram seus filhos e os
descendentes deles, através das gerações, e assumiram
autoridade sobre todos eles em nome do deus. Os
Hierofantes decretaram que eles eram os administradores
do grande plano do deus e foram a força por trás de nossa
espécie adotar a existência quase nômade que comparti-
lhamos hoje.
Há sete Hierofantes, sem contar outros seis que
permanecem enterrados nos túmulos sob Tânis. Eles são
todos criaturas antigas, cuja existência remonta antes do
tempo dos faraós. O maior deles é chamado Nakhthorheb,
LIVRO TRÊS: SERPENTES
95
também conhecido como o Primeiro Filho, que se diz ser
da mesma tribo do grande Set ele mesmo. É ele quem
mantém os Hierofantes sob um controle ferrenho,
unificando-os pela força de vontade e pela ameaça da ira
do deus. Embora todas as leis e comandos dados aos
nossos irmãos devam ser acordados por todos os sete dos
grandes anciãos, Nakhthorheb é a fonte de onde tais estritos
emergem. Sempre desconfiado e cauteloso desde a perda de
Tanis, diz-se que ele passa muitas de suas noites como o deus
fez, vagando pelos desertos de Baixo Egito e planejando o
retorno da glória do Egito.
O próximo em poder e influência é Seterpenre, Senhor
de Tinnis, que em tempos há muito esquecidos foi um
poderoso feiticeiro, servindo os anciãos da tribo de Set. Ao
contrário de Nakhthorheb, que considera todos os Cainitas
como maléficos e todos os não-Egípcios como animais,
Seterpenre é mais tolerante com estrangeiros. Ele favorece
alianças com Cainitas quando elas servem aos propósitos de
Set; foi ele quem arquitetou a primeira aliança com os
Tremere, um ato que lhe custou muito aos olhos de
Nakhthorheb.
Enquanto o Primeiro Filho faz suas proclamações dos
desertos e Seterpenre tenta puxar nossas atenções além das
fronteiras do Egito, é Maatkare, amada da lua, quem nos
lembra de nosso propósito sagrado e é o cimento entre as
pedras de nossa união. Diz-se que ela foi a concubina de Set
em tempos antigos, e mesmo agora sua beleza é tão grande
que pode parar o coração de um homem forte. Ela constrói
consenso entre os anciãos, externamente devotada a
nenhum outro senão seu senhor e deus. No entanto
também é verdade que seu papel lhe deu tanto, senão mais,
influência sobre os anciãos do que Nakhthorheb ou
Seterpenre. Até agora ela não ofereceu nenhum plano ou
iniciativa própria para nos direcionar, mas nada acontece de
noite para noite sem sua aprovação. Seus motivos são tão
misteriosos quanto o rosto da lua.
Desde o desaparecimento de Set, grande parte do tem-
po dos anciãos é ocupado contemplando as profecias de Set,
e ocasionalmente eles se comunicam com seus descendentes
e os direcionam em estranhos afazeres para investigar uma
pessoa, lugar ou evento que ressoa com uma das revelações
do deus. Embora eles (sob as incansáveis pressões de
Seterpenre) tenham direcionado nossa espécie a expandir
nossa influência cada vez mais para fora, alcançando o
Ocidente e os redutos do poder Cainita, os Hierofantes eles
próprios nunca deixam a santidade do Egito, incapazes de
se separar das areias de sua terra natal.
Os Hierofantes também são devotados a manter viva a
memória de seu senhor, como quaisquer filhos diligentes
fariam. À medida que os anos passam e a memória do deus
LIBELLUS SANGUINIS 3
96
se desvanece (e outros Seguidores são criados que nunca
contemplaram o rosto de Set), eles assumem um papel
cada vez mais ativo em impor a lealdade e comprome-
timento das gerações posteriores. Eu pessoalmente
conheço três Setitas que foram destruídos por ordem dos
Hierofantes por falharem em sua devoção ao deus. Um
deles morreu por desafiar os desejos dos anciãos em um
assunto relacionado às profecias. Outro foi justamente
destruído por com-partilhar seu vitae com um Cainita. O
terceiro foi morto sem outra razão além de criar um cria
não-Egípcio. A terceira morte me cheira a política;
ultimamente, os Hierofantes têm falado cada vez menos
como um grupo unificado, e há rumores de que houve um
desentendimento entre os anciãos, possivelmente sobre
interpretações conflitantes das profecias ou suspeitas
persistentes sobre o desastre em Tânis. É certo que nas
últimas décadas os Hierofantes têm procurado agressi-
vamente por todos os fragmentos das profecias que podem
encontrar, mantendo-os não só das gerações mais jovens,
mas possivelmente uns dos outros também. Esses atos só
serviram para alienar os jovens Setitas de seus antepassa-
dos decadentes e estão na raiz dos sussurros de dissidência
surgindo da distante Constantinopla.
Os Decadentes
A afirmação de controle dos Hierofantes após as noites
de profecia não foi de modo algum absoluta. Com a
destruição de Tânis, os descendentes dos afogados não se
submeteriam à autoridade dos anciãos sobreviventes.
Muitos desses Setitas suspeitavam que um dos anciãos
sobreviventes haviam traído a cidade para os Lupinos, e
mantiveram a prática tradicional de lealdade apenas ao seu
senhor imediato e cria. Inicialmente, eles se espalharam
pelo Egito, cada um buscando continuar o trabalho de Set à
sua própria maneira, como já faziam antes, e tentando
encontrar suas próprias respostas para as profecias. Com o
tempo, no entanto, os Hierofantes expulsaram esses
“rebeldes” das cidades Egípcias, levando-os para a Palestina e
depois para Constantinopla. Esses Setitas logo foram
forçados a formar suas próprias associações frouxas
mutuamente simplesmente para sobreviver, e o decadente
Império Bizantino tornou-se um refúgio ideal nos séculos
após a queda de Roma. Por várias centenas de anos, os leais
ao Hierofante e a facção muito menor dos Decadentes,
como eles passaram a se chamar, tiveram muito pouco a ver
um com o outro.
As Cruzadas mudaram tudo isso. A chegada de cavalei-
ros cristãos e seus senhores Cainitas à Palestina forçou os
Hierofantes a reconhecer que o Egito nunca realmente
pertenceria aos fiéis enquanto o Ocidente fosse capaz de
lançar incursões contra o Norte da África e a Terra Santa
deles. Após a Primeira Cruzada capturar Jerusalém, os
Hierofantes relutantemente ordenaram que os Seguidores
de Set se expandissem e difundissem a influência do deus
além das fronteiras do Egito. Mas com o passar dos anos, e o
foco de nossos esforços sendo direcionado cada vez mais
longe de nossa terra natal, gerações posteriores de prole
foram criadas com pouca ou nenhuma ligação com o Egito
antigo, e cada vez mais alienadas dos Hierofantes. À medida
que essas gerações mais jovens foram enviadas para o
Império Bizantino e além, eles entraram em contato com os
Decadentes, que se autodenominavam Filhos de Judas
naquelas terras Cristãs, e descobriram terem mais em
comum com os “novatos” do que com seus próprios anciãos.
Enquanto os Hierofantes permanecem firmemente
focados em restaurar a antiga glória do Egito e destituir a
tirania de Osíris, os Decadentes estão menos preocupados
com lendas desbotadas e mais interessados na corrupção
total por si só. O líder dos Decadentes, um tribal de Nuerian
chamado Khay'tall, recusa-se a reconhecer a autoridade de
Nakhthorheb, e foi além, promovendo a adoração do mal
como o verdadeiro deus, em vez de apenas uma ferramenta
para avançar os desejos de Set. Sua cria e confidente,
Sarrasine, concorda publicamente com seu senhor, mas suas
ambições sugerem o contrário. Diz-se que ele tem cuidadosa-
mente reunido aliados de muitos lugares para eventualmen-
te suplantar o egocêntrico Khay'tall. A agenda de Sarrasine,
no entanto, levou-o a compartilhar o sangue de Set com
almas indignas que não têm mais a oferecer do que ambições
e crueldade para igualar as suas. Jules Talbot, um cavaleiro
francês exilado, tornou-se o tenente de Sarrasine no bairro
latino de Constantinopla, parecido com uma colmeia, sen-
do movido não por devoção religiosa, mas pura fome materi-
alista. Ele vê sua transformação como nada mais do que um
meio para um fim, e a mando de Sarrasine, está preparando
o terreno para a eventual queda de Khay'tall, como um grande
capitão planeja uma campanha militar. É bem-sabido que
Talbot é um infernalista, e fugiu da França para não ser quei-
mado vivo. Talbot deixou claro que, com o tempo, ele retor-
nará ao lar para buscar sua vingança; Sarrasine pode des-
cobrir que, uma vez que ele tenha tomado os Filhos de Judas
de Khay'tall, Talbot pode estar esperando para tirá-los dele.
Outro jogador nas tramas emaranhadas dos esquemas
Decadentes se destaca dos seus pequenos conflitos, e de
certa forma isso o torna potencialmente mais perigoso.
Bispo Benedict Alphonso é mais uma das atos imprudentes
de corrupção de Khay'tall, um esforço para semear um
câncer de mal na Igreja. Ele teve sucesso, mas apenas
parcialmente. O bispo foi bem escolhido por sua inteli-
gência, mas essa mesma mente perspicaz viu nosso chamado
não como serviço a Set, mas como um dever para sua
própria serpente depravada, Lúcifer Satanás ou Set — para
Benedict não há diferença, e suas visões formaram um
híbrido distorcido com as de Khay'tall de que somos apenas
uma força para equilibrar as obras do bem no mundo. O
mais alarmante é que essa dupla heresia está sendo
espalhada por toda a Europa pelos pupilos de Benedict,
corrupção na corrupção.
Os Hierofantes acusam os Decadentes de virarem as
costas para o deus, e os Decadentes retrucam que os
sacerdotes adoram nada além de sua própria autoridade
ferrenha. À medida que mais e mais jovens Setitas
simpatizam com a causa Decadente, os Hierofantes estão
enfrentando a possibilidade de uma rebelião em larga escala
se eles não resolverem o conflito em breve.
Setitas Não-Egípcios
Por muitos milhares de anos, os Seguidores de Set
foram puramente egípcios, recrutados tanto da nobre-
za quanto do povo comum para servir o deus e restaurar
Maat às Duas Terras. Mais tarde, durante as sucessivas
invasões que colocaram os Egípcios sob uma sequência
de conquistadores, os Setitas consideravam comparti-
lhar a essência do deus com um “bárbaro” como a pior
forma de blasfêmia. Exceções foram feitas durante a
era Ptolomaica em termos de criar carniçais da popula-
ção grega em Alexandria, apenas devido à tolerância e
interesse dos Gregos nas crenças egípcias antigas.
Apesar da crescente diversidade de culturas e etnias se
espalhando pelo Egito e Palestina, os Seguidores de Set,
especialmente os Hierofantes, lutavam para manter
sua identidade intacta como um baluarte contra as
lendas desvanecentes da glória do Egito.
A expansão da influência Setita nos últimos anos
tem colocado pressão crescente sobre essa antiga restri-
ção, à medida que Serpentes na Palestina e em outros
lugares veem a necessidade de criar prole que possa
interagir de forma menos conspícua com os europeus.
Além disso, jovens Setitas, especialmente Decadentes,
estão se tornando ousados o suficiente para começar a
aceitar não-Egípcios em suas fileiras, tanto como um
gesto de rebelião quanto como meio de fortalecer sua
força. Essa tendência está colocando pressão crescente
sobre os Hierofantes, que estão desesperados para man-
ter o foco do clã centrado no Egito, e representa um
ponto de virada na evolução do clã. Os anos seguintes à
Terceira Cruzada apresentam um período crítico para
os Seguidores de Set, enquanto seus membros lutam
com sua identidade como clã e seu propósito geral.
LIVRO TRÊS: SERPENTES
97
Os Condenados e os .Assamitas
Enganados Os Filhos de Haqim foram o flagelo do nosso povo nos
primeiros dias da conquista muçulmana do Egito, lidando
Para muitos Setitas mais velhos, os Filhos de Caim re-
agressivamente com qualquer ameaça dirigida aos gover-
presentam tudo que está errado com o mundo após a
nantes Fatímidas e ensinando aos nossos anciãos uma lição
usurpação de Ra do outro mundo. Somente em uma terra
duradoura na importância da sutileza. A devoção quase
onde Maat foi completamente distorcida é que Caim e sua
religiosa dos Assamitas ao seu fundador pelo menos é algo
prole puderam existir, maldições de algum falso deus à
que podemos entender bem, mesmo que sua armadura de
parte. Atualmente, as manipulações Cainitas das
fanatismo os torne extremamente difíceis de corromper.
civilizações europeias e do Oriente Médio são talvez a maior
Recentemente, os Hierofantes direcionaram uma mudança
ameaça única aos nossos objetivos de corrupção universal.
de táticas, fornecendo recursos e informações para auxiliar
No entanto, até os vampiros não estão isentos de seus
nos empreendimentos Assamitas na Palestina e Espanha.
próprios desejos selvagens. Mesmo eles podem ser
Enquanto não ganhando exatamente a confiança dos
mostrados a verdade da grande decepção de Osíris e trazidos
Sarracenos, estamos pelo menos construindo um relaciona-
ao serviço do verdadeiro deus, muitas vezes manipulando os
mento de trabalho que esperamos que renda frutos no
próprios esquemas dos Cainitas. Além disso, enquanto
futuro. Atualmente, nossos anciãos estão cientes do desejo
todos nós buscamos servir o deus, nós podemos e fazemos
dos Assamitas de estimular os Aiúbidas a expulsar ainda
causas comuns com Cainitas individuais por outras razões.
mais os Cristãos da Palestina e deixaram claro que estão
Parte do nosso caminho é coletar contatos e aliados, e assim,
dispostos a auxiliar os Assamitas nisso. Acredito que
frequentemente ajudamos Cainitas em seus próprios
desejam a ajuda Assamita em troca deste apoio, mas não
empreendimentos. Seus príncipes não gostam de admitir,
posso falar para que fim.
mas não há clãs — e poucos anciãos, até — que nunca
buscaram nossa ajuda.

LIBELLUS SANGUINIS 3

98
Brujah
Os apaixonados e idealistas Brujah são frequentemente
alvos escolhidos para as nossas manipulações, que
encontram terreno fértil na combinação do clã de idealismo
e amargura de tragédias passadas. Por sua parte, a maioria
dos Brujah nos olha com ódio puro, especialmente após os
incêndios que consumiram a biblioteca de Alexandria. Eles
sempre culparam o ato pelas manipulações de um Setita, e
nossos anciãos nunca se esforçaram para negá-lo.
Verdadeiramente, estamos felizes em manter os Brujah tão
irritados e amargos quanto possível, porque emoções tão
poderosas se transformam em veneno ao longo dos séculos.
Sempre que possível, fazemos grandes esforços para colocar
armas nas mãos dos Brujah e revelar as vulnerabilidades de
um senhor Ventrue, e muitos entre os Brujah se revoltam
ferozmente contra nossa mão na crescente brutalidade de
seu clã.
Capadócios
Enquanto muitos clãs rejeitam as práticas dos Capadó-
cios, achamos a sua preocupação bastante compreensível,
embora equivocada. Há muitas histórias de Capadócios
atraídos para as garras de Set por ofertas de relíquias e
conhecimento da necromancia egípcia. De muitas
maneiras, os Capadócios são espíritos afins, almas perdidas
que buscam o outro mundo sem saber exatamente o que
estão procurando. No passado, prestamos ajuda e apoio aos
Capadócios sem custo para eles, particularmente na
dominada pela Igreja Constantinopla. De todos os clãs, são
os Coveiros que mais provavelmente nos veem sem
preconceito.
Gangrel
Os Gangrel são os únicos Cainitas que meus irmãos
olham com admiração aberta. Estes chamados Animais
provam que outros vampiros são de fato capazes de abraçar
suas naturezas carnais e viver de acordo com seus impulsos
físicos. Os Gangrel são especialmente vulneráveis aos nossos
truques, e há um bom número de nós na Europa que conta
Gangrel entre nossos séquitos. Isso não quer dizer que os
sentimentos de admiração sejam mútuos — longe disso. A
maioria dos Gangrel nos vê com medo e repugnância, e irão
a grandes comprimentos para atacar Setitas que violem seu
território. Nós nos aproximamos dos Gangrel como
faríamos com qualquer fera selvagem — com cautela e
respeito, segurando as rédeas atrás das costas.
Lasombra
Nenhum outro clã no mundo causa tanta irritação para
nós quanto os sutis e ardilosos Lasombra, manipuladores
sem igual. As maquinações do ramo islâmico são sentidas
em nenhum lugar tão fortemente quanto nos tribunais do
Cairo e Alexandria, e por séculos eles jogaram um jogo
mortal conosco em nossa própria terra natal. Sua presença,
mais do que a dos Assamitas, garantiu a dominação
Muçulmana do Egito por séculos, embora recentemente
tenhamos desferido um golpe significativo contra seus rivais
ajudando os Aiúbidas a consolidar seu controle sobre o
conflituoso califado Fatímida. A reviravolta eliminou
muitos peões valiosos dos Lasombra e reduziu outros em
estatura, nos dando a vantagem pela primeira vez em
centenas de anos. Agora, no entanto, é a nossa vez de
procurar perigos em todas as sombras, enquanto tentamos
manter nossa vantagem apesar das inúmeras manipulações
dos Lasombra. Movimento e contramovimento — o jogo
continua.
Nossos anciãos consideram uma grande vitória de fato
quando um dos Lasombra cai em nossas tentações, e nós
tivemos sucesso suficientemente para tornar os Magistrados
extremamente cautelosos. Por outro lado, nossas incursões
na Itália, sede do poder dos Lasombra, encontraram re-
versão após reversão. Os cardeais e bispos da noite
conhecem bem sua terra natal.
Malkavianos
Os Malkavianos são um enigma desconcertante para
nós; vemos tanto potencial para excesso em sua loucura,
ainda incapazes de controlá-la importantemente. Isso não
quer dizer que nunca tivemos sucesso em corromper um
Malkaviano, mas tais tentativas raramente deixam uma
impressão permanente nesses Cainitas loucos, e às vezes não
é totalmente claro quem está seduzindo quem. O maior
exemplo disso diz respeito ao ex-califa do Cairo, agora
conhecido como al-Hakim, o Lagarto. Embora a posição de
al-Hakim naturalmente o tornasse um objeto de
considerável valor para nós, ele caiu em vez disso sob a
influência dos Malkavianos, tornando-se seu carniçal.
Embora no início acreditássemos que sua loucura o tornaria
muito mais fácil de controlar, em vez disso cada uma de
nossas investidas levou a resultados selvagens e inesperados,
e finalmente trouxe perseguições violentas sobre nosso clã e
Egípcios em geral. A sabedoria atual entre nossos anciãos é
que é melhor simplesmente matar os Malkavianos a longo
prazo, embora poucos de nós resistamos a uma
oportunidade de medir inteligências com eles.
Nosferatu
Nossos anciãos têm opiniões divididas sobre os Nos-
feratu. Enquanto sua riqueza de conhecimento é extrema-
mente útil, nunca está longe de nossa mente que enquanto
negociamos por segredos sobre os Cainitas locais, eles
provavelmente estão comprando informações sobre nós.
Furtividade e discrição são centrais para nossa sobre-
vivência, e o pensamento de ter nossas atividades negociadas
LIVRO TRÊS: SERPENTES
99
como frutas no mercado nos causa um fim de inquietação. A
maioria dos meus irmãos concorda que os Nosferatu são
mais problema do que valem, e muitas vezes tomamos
medidas para neutralizar aqueles Leprosos que encon-
tramos, apenas para eliminar qualquer possibilidade de
alertar potenciais vítimas Cainitas.
Ravnos
Os Ravnos estragam tudo. Muitos dos meus irmãos po-
dem amargamente relatar histórias de seduções requin-
tadas, algumas levando anos para dar frutos — apenas para
serem arruinadas no último minuto por um desses irritantes
trapaceiros. Embora sejam indiscutivelmente corruptos à
sua própria maneira insuportável, os Ravnos propagam uma
forma de sedução caótica que certamente causa mais mal do
que bem; o mundo seria um lugar muito melhor sem eles.
Embora esses Cainitas errantes raramente apareçam em
terras tão distantes quanto o Egito, há histórias de rivais que
deixaram de lado disputas amargas para eliminar os
Charlatães na primeira oportunidade disponível. Se os
Ravnos estão de alguma forma cientes da nossa inimizade,
não mostram nenhum sinal disso, o que apenas irrita mais
nossos anciãos.
Toreador
A pura autoindulgência de muitos Toreador é uma
delícia. Eles são maleáveis como juncos sob nossas mani-
pulações. De certa forma, esses Cainitas são maleáveis
demais, pois enquanto os Toreador estão mais do que
felizes em mergulhar em suas próprias iniquidades,
raramente, se é que alguma vez, buscam fomentar a mesma
corrupção em seus colegas, o que é de pouca utilidade para
nossa causa. Quando uma oportunidade de tentar um
Toreador aparece, o corruptor devoto não se desvia — a
menos que uma vítima mais desafiadora se apresente.
Muitos jovens Setitas são aconselhados a procurar um
Toreador como o primeiro Cainita contra quem testar
suas habilidades nascentes; o Serpente que falha na
tentativa não ouve o fim disso por décadas. Há, é claro,
Artistas que são irritantemente resistentes aos nossos
truques, especialmente no tribunal de Alexandria onde
eles nos conhecem talvez muito bem.
Tremere
Inicialmente, a ideia de uma aliança com os Usurpado-
res parecia lógica, pois eles, como nós, estavam cercados por
inimigos de todos os lados, e poderíamos oferecer-lhes
muito em estoques de conhecimento perdido e artefatos
arcanos. Por um tempo este arranjo funcionou para nossa
vantagem mútua, mas nossas tentativas de converter
lentamente os Tremere ao caminho do verdadeiro deus
foram em última análise em vão. Os Tremere não adoram
LIBELLUS SANGUINIS 3
100
outro deus senão Tremere ele mesmo, preso nas correntes
carmesim do juramento de sangue. É desprezível. Ainda
assim, há aqueles entre nossos anciãos que sugeriram uma
tentativa de reparar a ruptura entre os feiticeiros e nós
mesmos, oferecendo nosso apoio em sua luta contra os
Tzimisce. Até agora, esta sugestão foi ignorada.
Tzimisce
Os Demônios dos Carpátos são quase criaturas míticas
para nós, monstros inumanos remoendo em uma terra fria e
proibitiva, desfrutando como querem da terra e de seu povo,
mas não permitindo que intrusos entrem em seu domínio.
Por um lado, eles parecem maravilhosamente, deliciosa-
mente depravados, mas por outro, suas perversões os
tornaram tão completamente inumanos a ponto de tornar
suas naturezas gloriosas irrelevantes. Essa transformação e
suas implicações perturbam profundamente nossos anciãos,
embora poucos queiram admitir.
Ventrue
Os Ventrue representam tudo anátema para nós — lei,
tradição, costume, autoridade. Eles incorporam a decepção
de Osíris e a tirania da lei que tanto perturbou o mundo
natural. Muitos dos nossos esquemas são inevitavelmente
direcionados contra os Ventrue, seja na Palestina ou na
Europa, e os Ventrue respondem com fogo e espada,
erradicando nosso tipo e destruindo-os de maneira grotesca.
A maioria dos Ventrue europeus deixa claro que um Setita
invadindo sua terra será destruído imediatamente, o que
mais do que qualquer coisa nos forçou a começar a criar
prole de estoques franceses, Italianos e Ingleses menos
conspícuos, ou então nos disfarçar como membros de
outros clãs. Claro, sempre há Ventrue mais tolerantes
conosco — como minha presença aqui em Champagne deve
atestar.
Outros
Baali
Não fazemos segredo do nosso ódio pelos infernalis-
tas, que perturbam ainda mais Maat invocando demônios
e fazendo barganhas por poder. Você achará isso orgulho
tolo, mas uma grande fonte de nossa indignação contra os
Baali é que suas atividades desajeitadas e brutais são
frequentemente confundidas com as nossas. Para nós, isso
constitui um insulto mortal para nós e nosso deus. Nossas
tradições consideram demônios como mal, assim como
Cristãos ou Muçulmanos, e a ideia de entregar o mundo a
eles é intolerável. Nós e os Baali já colidimos em várias
ocasiões, e com nossa influência se aprofundando cada vez
mais na Europa, um confronto final entre nós está se
aproximando.
Salubri
Estes Cainitas assustam nossos anciãos, que consideram
as práticas de iluminação dos Salubri perversas e
aterrorizantes — a morte da alma disfarçada de paz interior.
Embora os encontros entre Setitas e Salubri tenham sido
raros, ficamos profundamente inquietos pela natureza
aparentemente imperturbável dos de três olhos. Muitos dos
nossos suspiraram aliviados ao saberem da diablerie de
Saulot pelo Tremere.
Lupinos
Nossa espécie universalmente odeia e teme os Lupinos,
lembrando bem a catástrofe de Tânis, e o sentimento é
totalmente mútuo. Por razões desconhecidas para nós, os
Lupinos do Oriente Médio e da Europa muitas vezes se
esforçam para confrontar e destruir um Setita que passe por
suas terras; mais de uma das nossas caravanas desapareceu
nas florestas inexploradas da França e Alemanha, nunca
mais sendo ouvida. Diz-se que a natureza furiosa dos
Lupinos os torna vulneráveis às manipulações de raiva e
desespero, mas apenas o Setita mais temível ousaria tentar
tal façanha. Na maior parte do tempo, nos mantemos em
nossos sarcófagos e confiamos em nossos servos para nos
mover o mais rápido possível para longe de qualquer
possível encontro com os lobisomens. Felizmente, as areias
do Egito parecem menos acolhedoras a essas bestas do que
as florestas do seu continente, mas todos lembramos a lição
de Tânis. Nenhum lugar está completamente fora de seu
alcance selvagem.
Pegue Minha Mão
Não cometi crimes contra seu senhor. Eu sou um Se-
guidor de Set, e meu coração é puro. Agora você entende?
Sou um corruptor. Sou a ferrugem que corrói as bandas
de ferro ao redor do coração de um homem. Sou um
sedutor, sutilmente guiando homens e mulheres à verdade
que resistiram toda a vida. Devolvo o que foi tirado deles, e
deixo-os viver como a natureza pretendia. Não mais. Não
menos. Não disse a Godfrey de Sezanne para falhar em seu
dever para com seu senhor. Essa é uma decisão que ele
mesmo tomou, e ele é o único culpado. Na verdade, tenho os
meios para permitir que seu senhor se vingue do Duque
William e seus semelhantes. Há alguns documentos em meu
acampamento fora da cidade que implicarão William em
vários crimes contra os senhores de Veneza, alguns deles
seus pares Lasombra. Com estes em mãos, seu senhor pode
arrastar William pelos cabelos de seu palácio veneziano sem
que nenhum dos Magisters locais levante um dedo para
impedi-lo. Permita-me apenas escrever uma carta
informando meus servos, e você pode ir buscar esses papéis
para apresentar ao Duque Roland. Seria o grande serviço
que você sempre quis prestar, mais do que suficiente para
garantir sua própria Abraço. Tudo que peço é que fale bem
de mim para o duque e explique este mal-entendido atual. O
que poderia ser mais justo?
Não peço que acredite em mim. Deixe-me provar a mim
mesmo para você. Posso dar-lhe tudo o que seu coração
deseja, se você for corajoso o suficiente para aceitar minha
ajuda e enxergar além das decepções semeadas por meus
inimigos. Pegue minha mão, agora, e concordemos.
A partir deste dia, sua vida nunca mais será a mesma
novamente. Isso juro, em nome do todo-poderoso Set.
LIVRO TRÊS: SERPENTES
101
 Bençãos do Deus
Serpente
Qualidades e
Defeitos
Agente da Profecia (1-3 pontos de
Qualidade)
Ninguém menos que o poderoso Set mesmo previu sua
chegada, sendo sussurrado pelos anciãos que você tem um
papel proeminente em uma ou mais das Profecias de Set.
Esta marca de grande destino carrega grande peso entre os
Setitas devotos, mas também faz de você algo como um
prêmio a ser buscado por anciãos ambiciosos que procuram
banhar-se no brilho refletido do favor de Set. As profecias
em questão podem não se realizar por muitas centenas de
anos, mas seu destino não será negado.
Este é uma Qualidade variável, com custo representan-
do a importância percebida do seu papel na profecia. Cada
ponto adquirido permite que você cancele um único erro
crítico durante uma história, mas também aumenta as
expectativas de seu clã. Como uma complicação adicional, o
Narrador pode decidir que pelo menos uma das profecias
destinadas a você está prestes a acontecer, tornando-o o foco
de eventos vastos sobre os quais você pode ou não ter algum
controle.
Esta Qualidade não indica se você conseguiu traduzir
sua associação com a profecia em alguma autoridade real
entre outros Serpentes. Para isso, você deve adquirir o
Antecedente de Status.
Sem Nome (5 pontos de Defeito)
Seja por acidente ou ações de um rival, seu nome e to-
dos os vestígios de sua existência foram apagados da
terra. Ninguém lembra do seu nome, não há escritos que
falem de você, e nenhum descendente mortal (ou prole
vampírica) existe que carregue seu nome. Na tradição
egípcia, você se tornou um não-ente. Embora sua
presença física pareça contrariar isso, até onde o resto do
LIBELLUS SANGUINIS 3
102
seu clã está concernido, você não existe mais. Você não tem
status no clã, nem terá nenhuma prole futura que criar. De
fato, é incumbência de qualquer Setita que encontre você
diablerizá-lo e devolver a vitae de Set a seus filhos restantes!
Além disso, qualquer riqueza, terras ou objetos em sua posse
podem ser tomados por outros Setitas sem medo de
retaliação.
Antecedentes
Rede
Rede representa a extensão geográfica da teia de con-
tatos, aliados e servos de um Setita. Cada ponto de Rede
expande o alcance do Setita, embora não aumente o
número de membros na rede. De fato, o jogador ainda
deve adquirir pontos em Aliados, Contatos, Rebanho ou
Servos. Estes representam servidores de vários tipos
prontamente à mão (normalmente na cidade natal do
Setita). Quando o Setita chega a uma nova localidade que
está dentro de sua rede (determinada ao adquirir Rede),
um número similar de Aliados, Contatos, Rebanho e
Servos estará disponível. Assim, o Setita nunca perde
pontos nesses Antecedentes ao se mover dentro de sua teia
de influência. Ao chegar em outra cidade, os vários
“An teceden tes movido s” to rn a m- se tot a lmen te
disponíveis à taxa de três pontos por noite. O jogador
escolhe a ordem nos quais os pontos se tornam
disponíveis.
O Setita também pode entrar em contato com membros
de sua rede em outra cidade, seja por mensagem ou através
do poder da Feitiçaria Setita Sussurro das Areias (veja p.
105). Sem a presença física do Setita, no entanto, membros
da rede só servem como Contatos; o mestre deve estar perto
para solicitar serviços além da coleta de informações.
Por exemplo: Hepaphet, um traficante de carne Setita
operando do Cairo, acumulou uma rede impressionante de contatos
em vários portos do Mediterrâneo. Seu jogador comprou os
seguintes Antecedentes: Aliados 2, Contatos 3, Rede 3 (Veneza,
Cairo, Tiro, Trípoli) e Servos 2. Se ele viajasse para Tiro, poderia
rapidamente estabelecer sua leva de contatos e servidores (levaria
um total de três noites para fazê-lo completamente). Se ele
simplesmente se comunicasse com sua rede na cidade sem sair do
Cairo, eles só poderiam fornecer informações, não agir em seu nome
(todos contam como Contatos).
Se você comprar três ou mais pontos de Rede, pode
escolher ter a rede espalhada por uma região em vez de
concentrada em um número fixo de cidades. Em qualquer
cidade importante dentro dessa região, o Setita prova-
velmente terá agentes. Em assentamentos menores, ele pode
ter apenas um único agente. O Narrador deve decidir
quantos agentes estão disponíveis caso a caso.
• A rede cobre duas cidades distintas.
•• A rede cobre três cidades distintas.
••• A rede cobre uma pequena área geográfica
(como o Delta do Nilo) ou quatro cidades
distintas.
•••• A rede cobre uma área geográfica significati-
va (como o Alto Egito ou o Languedoc) ou
cinco cidades distintas.
••••• A rede cobre uma grande área geográfica (co-
mo os Países Baixos, França ou Egito) ou seis
cidades distintas.

A Via
Serpentis
A Estrada de Tífon, praticada por muitos Setitas atuan-
do na Europa, é uma forma um tanto depravada trazida
principalmente pelo culto Decadente da corrupção pelo
simples prazer da corrupção. O uso do grego Tífon (sua
versão de Set) indica sua alienação dos Hierofantes e de suas
raízes egípcias. A forma original, pura da Estrada da
Serpente — a verdadeira Via Serpentis — é muito mais
religiosa em seus tons, enfatizando a devoção a Set como o
verdadeiro deus e fomentando a corrupção com o propósito
de retornar o homem às suas origens carnais e bestiais, assim
restaurando o equilíbrio e enfraquecendo a tirania de Rá e
Osíris. Dependendo da origem de um personagem Setita e
de suas crenças individuais, ela pode escolher qual das duas
filosofias é mais apropriada, e Setitas individuais foram
conhecidos por alternar entre as duas. Adeptos de qualquer
interpretação da Estrada ainda seguem as virtudes de
Convicção e Instinto.

LIVRO TRÊS: SERPENTES

101
 Seguidores da Via Serpentis tradicional procuram mi-
nar os fundamentos da ordem e da sociedade em todas suas
encarnações, e corroer a virtude e a restrição no indivíduo.
Eles espalham guerra, doença e miséria onde puderem, pois
o desespero é o caminho mais rápido para a barbárie
humana. Às vezes, como Roma, Setitas apoiam instituições
governamentais se suas ações facilitarem a propagação de
inquietação e corrupção em seu domínio. De acordo com
esses objetivos, seguidores desta Estrada se conduzem de
acordo com uma Hierarquia de Pecados revisada (veja a
caixa).
A maioria dos Cainitas acredita que apenas Setitas
seguem a Via Serpentis em qualquer de suas encarnações,
mas isso não é o caso. De fato, a sedução e corrupção de
Cainitas pode levá-los a se tornarem servidores de Set e
seguirem a Estrada do deus. Para se qualificar, no entanto,
um Cainita deve mostrar dedicação suprema aos ideais do
deus das trevas. A maioria desses Cainitas passa por um
ritual semelhante ao Abraço religioso dos Setitas descrito na
página 93. Esses Cainitas se encontram em uma posição
difícil. Por não terem o sangue de Set — o rio entre a vida e a
morte — em suas veias, a maioria dos verdadeiros Setitas os
vê como inferiores, equiparáveis a carniçais — servos
especiais, mas servos mesmo assim. Outros Cainitas, se os
descobrirem, presumem que eles são ou verdadeiros Setitas
ou seus escravos. Khay'tall e seus Decadentes tiveram mais
sucesso recrutando outros Cainitas, embora Hierofantes
afirmariam que isso é porque ele é menos seletivo em seus
candidatos.
Feitiçaria Setita
Desde os dias do próprio Set, seus Seguidores têm prati-
cado uma forma de feitiçaria que tem apenas uma
semelhança superficial com a Taumaturgia dos Tremere. A
Feitiçaria Setita depende de acessar o Du'at e o rio entre
mundos como fontes de poder — seu sangue serve apenas
como um dos condutores para esse poder.
Em termos de mecânica de jogo, a Feitiçaria Setita fun-
ciona exatamente como a Taumaturgia, com caminhos e
rituais. Setitas podem aprender a Disciplina Taumaturgia
com a compreensão de que ela representa, na verdade a sua
própria marca de feitiçaria (e deve ser anotada como tal na
ficha de personagem). Feitiçaria não conta como uma
Disciplina de clã para propósitos de experiência ou criação
de personagem, no entanto.
Antes de adquirir seu primeiro ponto em Feitiçaria
Setita, um Serpente deve garantir uma fonte para seu poder.
Isso envolve súplica prolongada a Set (realizada em seu
templo) e a preparação de um foco ritualístico. O foco
necessário é uma conexão direta com Du'at e a tirania
Osiriana existente lá: um corpo enterrado na tradição
egípcia antiga. Ao usar a múmia como condutor, o Setita
canaliza poder que serviria a Osíris para seu próprio uso.
Obter tal corpo nunca é fácil, mas ainda há muitos túmulos
intocados no Egito. Tanto por sua dependência de coisas
Egípcias quanto por seus laços diretos com o deus Set, esta
Feitiçaria é na maioria domínio dos Hierofantes e de seus
seguidores.
A Imanência de Set (veja abaixo) é o caminho principal
na Feitiçaria Setita, embora os feiticeiros também pra-
tiquem suas próprias versões de outros caminhos, mais

Hierarquia Revisada de Pecadoset

Pontuação do Caminho Mínimo Erro para Rolar por Convicção
10 Falhar em se entregar ao mais trivial dos impulsos físicos
9 Falhar em satisfazer imediatamente os próprios desejos carnais
8 Recusar uma oportunidade de corromper um mortal
7 Recusar uma oportunidade de corromper um vampiro
6 Recusar uma oportunidade de corromper uma figura santa
5 Falhar em minar o ambiente moral predominante
4 Falhar em minar a ordem social atual
3 Proteger a virtude de um indivíduo
2 Punir um indivíduo por comportamento indecente
1 Agir ativamente na aplicação da lei

LIBELLUS SANGUINIS 3

104
notavelmente Rego Tempestas (chamado de Caminho da
Areia e da Tempestade) e Rego Elementum (chamado de
Sussurro da Pedra Silenciosa). Setitas também conhecem
muitos rituais. Note que, embora a Feitiçaria Setita use a
mesma mecânica de caminhos e rituais taumatúrgicos, eles
não são os mesmos ou compatíveis do ponto de vista dos
praticantes. Um feiticeiro deve aprender a versão Setita do
ritual Defesa do Santuário Sagrado (um ritual de Nível Um)
de outro feiticeiro Setita — a versão Tremere é apenas tolice
alienígena para ele. O Narrador sempre tem a palavra final
sobre se um ritual particular está disponível para Setitas.
Aqueles que planejam usar extensivamente a Feitiçaria
Setita podem querer consultar Magia de Sangue: Segredos
da Taumaturgia (para Vampiro: A Máscara), que fornece
um extenso contexto sobre esta tradição, bem como novos
caminhos e rituais.
A Imanência de Set
O clã Setita é firmemente alicerçado na crença de que
seu criador é nada menos que um deus, e o sangue que corre
em suas veias é a essência de Set ele mesmo, compartilhada
entre seus seguidores para conceder-lhes poderes sobre
mortais e criaturas sobrenaturais. Com essa crença vem o
conhecimento seguro de que eles se tornaram moradas do
deus — eles estão completamente unidos com seu criador, e
ele pode tocar seus filhos não importa onde estejam. Setitas
empregam este caminho feiticeiro para invocar as energias
do deus para fins de comunicação, manipulação e des-
truição.
Diferente dos caminhos da Taumaturgia, Imanência de
Set não requer sempre a despesa de sangue e um teste de
Força de Vontade. Cada poder descreve qual rolagem e
despesa de sangue é apropriada.
• Sussurro das Areias
O sangue compartilhado de Set que canta nas veias de
todos os Setitas cria um vínculo entre eles que permite a um
Serpente comunicar seus pensamentos aos seus servos e
cria, não importa quão distantes eles estejam. Este poder
permite que o feiticeiro compartilhe notícias e informações
com sua rede em todo o mundo conhecido, e coloque
planos em ação a centenas de léguas de distância.
Sistema: Para usar este poder, o jogador gasta um ponto
de sangue e rola Manipulação + Liderança (dificuldade 6).
Se bem sucedido, o vampiro pode se comunicar com qual-
quer um de seus descendentes ou carniçais, não importa
quão distantes. Para cada sucesso, um alvo pode receber a
mensagem, embora todos os alvos recebam a mesma mensa-
LIVRO TRÊS: SERPENTES
106
gem. A comunicação dura por um turno e pode consistir em
não mais do que duas frases curtas. O jogador pode manter
o vínculo e fazer o vampiro se comunicar mais gastando um
ponto de Força de Vontade para cada turno subsequente.
•• Língua do Tentador
Todos os Setitas são escolhidos por sua habilidade de
manipular as mentes de mortais e Cainitas igualmente, mas
essa habilidade aprimora essas qualidades ao máximo,
dando às suas palavras uma doçura hipnótica que pode
soltar os lábios mais apertados e liberar os desejos mais
íntimos de uma vítima.
Sistema: O Setita deve invocar este poder imediatamen-
te após o pôr do sol. O jogador gasta dois pontos de sangue e
rola Manipulação + Empatia contra a Força de Vontade do
alvo. Naquela noite, o Setita deve procurar sua vítima e
engajá-la em conversa por pelo menos meia hora. Se a
invocação for bem-sucedida, a vítima deixa escapar um de
seus medos ou desejos secretos, embora sem se lembrar de
ter feito isso. O número de sucessos pode indicar a
importância do segredo à discrição do Narrador.
••• Voz do Profeta
Nos tempos antigos, os poderes do oráculo poderiam
mudar a vida de um mortal para sempre, trazendo até os
maiores heróis à glória ou à ruína dependendo de como
interpretavam as palavras do deus. Os Setitas eram frequen-
temente a serpente espreitando nas sombras de templos
oraculares como Siwa ou Delfos, compartilhando as pala-
vras corruptoras do deus com aqueles buscando confirma-
ção de seus medos ou ambições. Quando um Setita emprega
este poder, ele supostamente está se comunicando com seu
akh, permanecendo no outro mundo e obtendo o
conhecimento sobrenatural disponível lá.
Sistema: O Setita deve invocar este poder na presença
da vítima pretendida. O jogador gasta dois pontos de sangue
e um ponto de Força de Vontade, e então rola Percepção +
Empatia contra a Força de Vontade do alvo. Se bem-
sucedido, o Setita entrega uma mensagem enigmática ao
alvo que fala diretamente aos seus desejos mais profundos.
A natureza desta mensagem é determinada pelo Narrador, e
pode significar pouco ou nada para o Setita usando o poder.
No entanto, a vítima tomará a mensagem como
confirmação de suas ambições secretas, e será impulsionada
a agir sobre elas independentemente dos riscos ou desvan-
tagens aparentes. Essa habilidade pode ser imprevisível,
transformando um peão complacente em um louco furioso
(ou vice-versa).
LIBELLUS SANGUINIS 3
106
•••• Senhor das Tempestades
Muito antes de sua encarnação como um tentador, Set
era o deus da escuridão e da tempestade. Esta habilidade
permite que o Setita invoque uma tempestade de areia (ou
trovoada) de intensidade feroz, bloqueando o céu e levando
qualquer pessoa sã a se abrigar, mas permitindo que o Setita
se mova rapidamente e com facilidade.
Sistema: O jogador do Setita deve gastar três pontos de
sangue e um ponto de Força de Vontade, invocando uma
tempestade furiosa que cobre a área em uma milha
quadrada do corruptor que a convocou. O jogador pode
aumentar o raio da tempestade gastando Força de Vontade
adicional, aumentando a área em 16 km por ponto de Força
de Vontade. Enquanto os ventos uivantes e a areia (ou
chuva) são suficientemente severos para levar a maioria das
criaturas sensatas a se abrigar, o Setita (e qualquer pessoa em
seu séquito imediato) pode viajar intocado pelo clima
furioso, como se fosse uma noite calma e clara. Os efeitos da
tempestade duram pelo menos uma cena, mas podem durar
muito mais, a critério do Narrador. Mais de um Setita usou
este poder para impedir os movimentos de seus inimigos
enquanto fazia uma fuga bem cronometrada, mais
notavelmente durante a catástrofe em Tanis.
••••• Invocação das Trevas
Por milhares de anos, o povo do Egito protegeu suas
tumbas e cofres do tesouro com maldições perversas que
clamavam aos deuses por vingança. Esta habilidade permite
a um Setita lançar uma maldição protetora sobre um objeto
ou lugar, ou direcionar uma maldição prejudicial contra um
inimigo específico.
Sistema: Para lançar a maldição contra uma pessoa, o
Setita deve conhecer o nome da vítima e, no caso de outro
vampiro, ele deve ter uma gota do sangue do Cainita. O
Setita deve primeiro idealizar a natureza da maldição — ela
deve ter um único efeito específico e uma duração específi-
ca, não mais do que um ciclo lunar. O efeito pode ser pratica-
mente qualquer coisa: que sua força murche como o caniço
ressequido; que sua mente seja entorpecida como se por vinho forte;
que sua língua fale apenas a verdade; que a pele caia de seus ossos.
Uma vez que a maldição tenha sido idealizada, o jogador
gasta quatro pontos de sangue e um ponto de Força de Von-
tade, e então faz uma rolagem de Manipulação + Ocultismo
contra a Força de Vontade do alvo. Se bem-sucedido, a
maldição entra em vigor imediatamente. Na maioria dos ca-
sos, o número de sucessos se torna uma penalidade de difi-
culdade para o alvo em circunstâncias apropriadas. No caso
de uma maldição lançada para proteger um lugar ou objeto,
o Setita deve declarar gatilhos específicos que ativariam a
maldição, bem como seu efeito e duração, e esta informação
deve ser inscrita ao redor do local ou objeto em questão.
O Poeta da Corte
Servos de Set
Mote: Se este humilde verso lançar ao menos um pálido refle-
xo da grandeza do Califa, estarei contente.
Prelúdio: Você buscava poder na corte, mas não era um
guerreiro ou estudioso. A poesia, felizmente, era
reverenciada como uma bela arte pelos nobres cultos das
cortes islâmicas, e como os jongleurs da Europa, um homem
com uma boa voz e um toque inteligente de frase poderia se
encontrar em grande demanda entre nobres ansiosos por
lisonja e diversão.
O que você não tinha, no entanto, era treinamento e
acesso a uma biblioteca de poesia popular — até a noite em
que foi abordado por um senhor recém-chegado de Tebas.
Ele afirmou ter sido intrigado por seus poucos versos
amadores e viu promessa neles. Porque ele era um patrono
das artes, gostava de nutrir talentos onde
ele os encontrava, tendo pouca
paciência para os pavões empolados
que frequentemente infestavam a
corte de um califa.
O patrocínio do senhor
que se desse conta, tudo era apenas um jogo para você.
Seu patrono observava com paciência infinita até que
você se cansasse do esporte da corte. Foi então que ele fez
outra oferta.
Conceito: Você foi escolhido e cuidadosamente pre-
parado para conquistar seu caminho nas cortes dos grandes
e poderosos, para entreter e manipular as ambições de seu
público. Mesmo o mais endurecido senhor Ventrue ama
ouvir seus feitos exaltados diante de seus vassalos e aliados, e
mais de um foi levado à ruína por acreditar em suas próprias
habilidades exageradas.
Dicas de Interpretação: A vaidade é a chave para o cora-
ção de todos os homens. Faça-os acreditar que são fortes,
nobres e sábios, e eles o amarão. Se eles o amarem, confiarão
em você, e se confiarem em você, você poderá controlá-los.
Equipamento: Roupas finas, joias, papel e tinta,
biblioteca de poesia.
AMPIRO
TM

mudou tudo. O treinamento

que ele ofereceu — e os Nome:
Jogador:
Natureza: GALANTE Geração:
Comportamento: CELEBRANTERefúgio:
12º

filtros que ele preparou Crônica: Clã: SETITA Conceito: O Poeta da Corte

Atributos
para aprimorar sua voz — Físicos Sociais Mentais
Força oooooo Carisma oooooo Percepção oooooo
rapidamente fizeram de Destreza oooooo Manipulção oooooo Inteligência oooooo
Vigor oooooo Aparência oooooo Raciocínio oooooo
você uma força a ser re- Habilidades
Talentos Perícias Conheciemntos
conhecida entre os poetas Representação_______ o o o o o o Empatia c/Animais__ o o o o o o Instrução_____________ o o o o o o
Prontidão____________ o o o o o o Arqueirismo_________ o o o o o o Sabedoria Popular___ o o o o o o
da corte. Logo, os mais Esportes _____________ o o o o o o
Briga _________________ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o
Etiqueta _____________ o o o o o o
Investigação _________ o o o o o o
Direito _______________ o o o o o o
influentes nobres bus- Esquiva ______________ o o o o o o
Empatia _____________ o o o o o o
Herborismo _________ o o o o o o
Armas Brancas______ o o o o o o
Linguística___________ o o o o o o
Medicina ____________ o o o o o o
Intimidação _________ o o o o o o Música_______________ o o o o o o Ocultismo ___________ o o o o o o
cavam sua companhia, Crime________________ o o o o o o Cavalgar _____________ o o o o o o Política_______________ o o o o o o
Liderança____________ o o o o o o Furtividade__________ o o o o o o Ciência ______________ o o o o o o
e você percebeu como Lábia_________________ o o o o o o Sobrevivência _______ o o o o o o Senescalia____________ o o o o o o
Vantagens
seus talentos poderi- Disciplinas Antecedentes Virtudes
PRESENÇA oooooo CONTATOS ooooo Consciência/Convicção_ o o o o o
am não apenas entreter,
______________ ________________
OFUSCAÇÃO
______________ oooooo MENTOR
________________ ooooo
______________ o o o o o o REDE
________________ ooooo Autocontrole/Instinto _ o o o o o

mas manipular. Você fez ou ______________ o o o o o o

______________ o o o o o o
RECURSOS
________________
LACAIOS
________________
ooooo
ooooo
Coragem__________ o o o o o

quebrou a reputação de Outras

Características Caminho Vitalidade
oooooo
senhores dependendo do SERPENTE Escoriado
______________
______________ oooooo oooooooooo Machucado -1
______________ o o o o o o Ferido -1
seu capricho, e mais de um ______________ o o o o o o
______________ o o o o o o
Força de Vontade Ferido gravemente -2
Espancado -2
oooooooooo
nobre que cruzou seu cami- Arma
Combate
Dificuldade Dano
Aleijado
Incapacitado
-5

nho foi levado à ruína por Pontos de Sangue

Experiência

suas sátiras cruéis. Antes

LIVRO TRÊS: SERPENTES

107
A Senhora da Torre
Mote: Se Geoffrey de Blois fizesse uma oferta similar de
casamento, eu teria que considerá-la também, já que suas posses são
— por enquanto — mais extensas do que as suas.
Prelúdio: Seu tolo de um marido caiu de seu cavalo e
espalhou o pouco de cérebro que tinha pela terra congelada,
e você ficou viúva. De repente, seu salão estava cheio de
nobres buscando sua mão e de olho ávido nas rentáveis
posses da família. Por enquanto, o interesse do duque estava
ocupado em outro lugar, então você foi deixada para se
defender sozinha — e você se voltou ansiosamente para a
tarefa.
Nenhum homem que buscava audiência em seu salão
tinha a inteligência para acreditar que enquanto ele estava
cortejando você com suas artimanhas, você estava fazendo o
mesmo com ele. Você escolheu o melhor dos pretendentes e
fez promessas a eles, alimentando suas rivalidades mesmo
enquanto o duque enfurecido proibia mais conflitos para
manter a paz em seu reino.
Você sabia que, antes de muito tempo, o duque teria
que tomar um interesse pessoal em resolver as reivindi-
cações pela sua mão. Eventual-
mente, o jogo terminaria.
Então veio um
jongleur viajante cujo
olhar atento e mente
rápida claramente
cê disse ao jongleur para nomear seu preço. O sabor do
poder era mais fino do que qualquer vinho, e você daria
qualquer coisa para manter seu gosto. na língua.
O preço, como aconteceu, foi muito do seu agrado.
Conceito: Se não fosse pela caprichosa sorte do
nascimento, você poderia ter se tornado um poderoso
duque, ou talvez até um rei. Seu ressentimento e inveja
levaram você a virar seus talentos para a corrupção e cruel
manipulação, brincando com os conceitos de senhores
mesquinhos e levando-os à destruição.
Dicas de Interpretação: Aja como a dama apropriada
para manter as aparências, mas sempre mantenha o
controle. Os homens que a cercam não são rivais ou ameaças
(muito menos seu tolo segundo marido); eles são peões e
oportunidades. Use-os como eles pensam que usam você.
Equipamento: : Roupas finas, joias, receitas de uma
propriedade modestamente proeminente, um castelo de
tamanho razoável em estado de leve despreparo.
AMPIRO
TM

compreenderam a
situação em que Nome: Natureza: SOBREVIVENTE Geração: 12º
Jogador: Comportamento: GALANTE Refúgio:
você estava, e se Crônica: Clã: SETITA Conceito: A Senhora da Torre

Atributos
divertiram muito Físicos Sociais Mentais
(e admiraram) Força
Destreza
oooooo
oooooo
Carisma
Manipulção
oooooo
oooooo
Percepção
Inteligência
oooooo
oooooo
oooooo oooooo oooooo
com a maneira como Vigor Aparência
Habilidades
Raciocínio

você desempenhava Talentos

Representação_______ o o o o o o
Prontidão____________ o o o o o o
seu papel. Ele respei- Esportes _____________ o o o o o o
Briga _________________ o o o o o o
tosamente apontou Esquiva ______________ o o o o o o
Empatia _____________ o o o o o o
que havia maneiras de Intimidação _________ o o o o o o
Crime________________ o o o o o o
Liderança____________ o o o o o o
prender qualquer Lábia_________________ o o o o o o
novo marido a você, Disciplinas
deixando você ain- PRESENÇA
______________
SERPENTIS
______________
oooooo
oooooo
Perícias
Empatia c/Animais__ o o o o o o
Conheciemntos
Instrução_____________ o o o o o o
Arqueirismo_________ o o o o o o Sabedoria Popular___ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o Investigação _________ o o o o o o
Etiqueta _____________ o o o o o o Direito _______________ o o o o o o
Herborismo _________ o o o o o o
Armas Brancas______ o o o o o o
Linguística___________ o o o o o o
Medicina ____________ o o o o o o
Música_______________ o o o o o o
Cavalgar _____________ o o o o o o
Ocultismo ___________ o o o o o o
Política_______________ o o o o o o
Furtividade__________ o o o o o o Ciência ______________ o o o o o o
Sobrevivência _______ o o o o o o Senescalia____________ o o o o o o
Vantagens
Antecedentes Virtudes
REDE
________________
RECURSOS
________________
ooooo
ooooo
Consciência/Convicção_ o o o o o

______________ o o o o o o ooooo Autocontrole/Instinto _ o o o o o

da bem firmemente
______________ o o o o o o
______________ o o o o o o
LACAIOS
________________
________________ o o o o o
Coragem__________ o o o o o
________________ o o o o o

no controle. Seu Outras Caminho Vitalidade

Características
marido poderia até ______________ oooooo
oooooo
TYPHON Escoriado
______________
______________ o o o o o o
oooooooooo Machucado -1
se tornar mais uma ______________ o o o o o o
Força de Vontade
Ferido -1
Ferido gravemente -2
______________ o o o o o o Espancado
ferramenta em seus Combate oooooooooo Aleijado
-2
-5
Incapacitado
jogos de corrupção. A
Arma Dificuldade Dano
Experiência
Pontos de Sangue
ideia incendiou
seu coração. Vo-

LIBELLUS SANGUINIS 3

108
O Mercador de Carne
Mote: Considere-a um presente, grande senhor — apenas se
lembre de mim para seus amigos na corte, e eu ficarei satisfeito.
Prelúdio: A barraca de cerâmica do seu pai ficava pró-
xima à grande praça do mercado do Cairo, e você assistia
com vergonha enquanto ele curvava seu pescoço para os
mestres muçulmanos da cidade.Você passava os dias
vagando pela cidade, e foi assim que encontrou o bairro dos
escravos do Cairo.
Lá você aprendeu duas lições importantes: o caminho
para o poder é pavimentado com as costas curvadas dos
fracos, e o comércio de escravos era um lugar onde um
egípcio ainda poderia ser rico e influente. Você aprendeu
tudo que podia sobre o mercado de escravos, e quando o
momento foi oportuno, você se aproximou de um
comerciante de escravos recém-chegado com um grupo de
cristãos da Terra Santa. Você usou seu conhecimento para
ajudá-lo a obter um bom lucro. Quando ele partiu
novamente para a Palestina, você foi junto como seu
aprendiz.Você voltou anos depois como um comerciante
por conta própria e foi então que um patrono misterioso o
encontrou. Uma noite, um egípcio se
aproximou de você se apresentando
como um colega empresário, e fez
uma oferta de parceria. Ele possuía
certas fórmulas antigas transmiti-
das desde a época dos faraós, poções
que dariam aos seus cativos
mos por carne que seus escravos eram esperados fornecer.
ocê era esperado ensinar seu cativo a atender essas
necessidades. Naturalmente, você obedeceu. Sua fortuna
contínua dependia disso. O que te surpreendeu foi o quanto
você gostou. Moldar mentes humanas em ferramentas de
decadência e usá-las para seduzir os nobres e os piedosos
alimentou uma fome que você nunca soube que existia.
Seu patrono ficou muito satisfeito com sua devoção.
Com o tempo, ele compartilhou com você a verdade sobre
sua natureza e o nome do deus a quem servia, e o direito de
nascimento que há tanto tempo lhe era negado.
Conceito: A compra e venda de escravos é tanto uma
fonte de grande riqueza quanto um meio de influência
alcançando todo o mundo oriental. Seu desafio agora é
espalhar sua influência para outras cidades no Egito,
Palestina e até mesmo na Europa.
Dicas de Interpretação: Você cultiva um modo charmo-
so e culto que esconde um coração frio e implacável.Um ser
humano não é nada mais do que moeda para você, ou uma
peça de propriedade, um investimento a ser adquirido astu-
tamente e negociado pelo melhor preço disponível. Com-
paixão e misericórdia são nada mais do que desculpas para
fraqueza e falta de ambição.
Equipamento: Roupas finas, adaga curva, ferros de es-
cravista.
AMPIRO
TM

força, resistência e beleza

Nome: Natureza: FANÁTICO Geração: 12º
excepcionais. Eles obte- Jogador:
Crônica:
Comportamento: SOBREVIVENTERefúgio:
Clã: SETITA Conceito: O Mercador de
riam os melhores preços Atributos
Carne

Físicos Sociais Mentais

no mercado, e tudo que Força oooooo Carisma oooooo Percepção oooooo
Destreza oooooo Manipulção oooooo Inteligência oooooo
ele pedia em troca era uma Vigor oooooo Aparência oooooo Raciocínio oooooo
Habilidades
pequena parte dos lucros. Talentos Perícias Conheciemntos
Representação_______ o o o o o o Empatia c/Animais__ o o o o o o Instrução_____________ o o o o o o
Com o tempo, sua par- Prontidão____________ o o o o o o
Esportes _____________ o o o o o o
Arqueirismo_________ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o
Sabedoria Popular___ o o o o o o
Investigação _________ o o o o o o

ceria mudou. Seu patrono Briga _________________ o o o o o o

Esquiva ______________ o o o o o o
Empatia _____________ o o o o o o
pediu que você treinasse seus Intimidação _________ o o o o o o
Crime________________ o o o o o o
escravos para coletar informa- Liderança____________ o o o o o o
Lábia_________________ o o o o o o
Etiqueta _____________ o o o o o o
Herborismo _________ o o o o o o
Armas Brancas______ o o o o o o
Música_______________ o o o o o o
Cavalgar _____________ o o o o o o
Furtividade__________ o o o o o o
Sobrevivência _______ o o o o o o
Direito _______________ o o o o o o
Linguística___________ o o o o o o
Medicina ____________ o o o o o o
Ocultismo ___________ o o o o o o
Política_______________ o o o o o o
Ciência ______________ o o o o o o
Senescalia____________ o o o o o o

ções sobre as casas em que Vantagens

Disciplinas Antecedentes Virtudes
serviam, revelando as fraque- PRESENÇA
______________
SERPENTIS
______________
oooooo
oooooo
REDE
________________
RECURSOS
________________
ooooo
ooooo
Consciência/Convicção_ o o o o o

Autocontrole/Instinto _ o o o o o
zas e iniquidades de seus mes- FEITIÇARIA SETITA o o o o o o
______________
______________ o o o o o o
LACAIOS
________________ ooooo
________________ o o o o o
Coragem__________ o o o o o
______________ o o o o o o ________________ o o o o o
tres. Logo seu patrono estava
Outras Caminho Vitalidade
usando as informações pa- Características
______________ oooooo SERPENTE Escoriado
______________ oooooo oooooooooo Machucado -1
ra chantagear e manipular ______________ o o o o o o
______________ o o o o o o
Ferido -1
Ferido gravemente -2
Força de Vontade
esses senhores e senhoras, ______________ o o o o o o

Combate oooooooooo Espancado

Aleijado
-2
-5
um jogo perigoso de fato. Arma Dificuldade Dano Incapacitado
Experiência
Pontos de Sangue
Mais tarde, parte deste co-
nhecimento foi comparti-
lhado com você — desejos
depravados e apetites blasfe-

LIVRO TRÊS: SERPENTES

109
O Peregrino Desgarrado
Mote: Caminhemos, e eu lhe direi quais verdades aprendi, e
talvez algumas delas sejam úteis para você.
Prelúdio: Houve um tempo, uma vez, em que você
realmente acreditou. Impulsionado pelo zelo pelas histórias
das experiências de seu pai nas Cruzadas, você determinou
que antes de se dedicar à Igreja, seria apenas apropriado se
primeiro fizesse uma peregrinação à Terra Santa. Com uma
pequena bolsa de moedas para pagar sua passagem, você
vestiu uma túnica simples de peregrino e embarcou em um
navio em Veneza.
Em vez de um bastião da fé Cristã, você encontrou um
punhado de cidades de costas para o mar. A cinquenta
milhas de Acre, os mercenários protegendo sua procissão o
traíram para um bando de escravizadores muçulmanos.
Aqueles que resistiram foram mortos, assim como aqueles
que os pagãos sentiram que não valiam o esforço de levar ao
mercado. Você foi conduzido ao fim de um chicote para um
acampamento nas colinas. Naquela noite você conheceu o
líder do bando. Ele inspecionou todos os cativos com
cuidado, fazendo muitas perguntas sobre sua ascendência e
por que haviam seguido o caminho dos peregrinos. O
líder se interessou por você e suas fervorosas crenças.
Então ele ordenou que os homens o
separassem dos outros cativos e o
levassem para sua tenda. Ele lhe
deu vinho e carne para comer, e
você passou a longa noite em
vos aterrorizados e deixou você para conciliar seus impulsos
e suas crenças. Com o tempo, você entendeu como a
verdadeira natureza do homem havia sido escondida sob o
artifício da vergonha. O escravizador ouviu com deleite
enquanto você cuspia odiosas blasfêmias contra o Céu.
Então ele lhe fez uma simples pergunta: agora que você
conhecia a existência do homem por aquilo que ela
realmente era, você não tinha a obrigação de espalhar a
palavra para os outros? Você concordou, e foi então que ele
abriu suas veias, deixando o rio sombrio entrar…
Ele o deixou nas colinas com apenas um comando:
espalhe a verdade.
Conceito: Você não pode negar sua própria depravação, e
agora revelará o mesmo nos outros, ganhando a confiança
dos inocentes e revisitando suas naturezas malignas. Ao
fazer isso, você revela a mentira que a Igreja forçou sobre a
humanidade e liberta seus irmãos do jugo da vergonha.
Dicas de Interpretação: Você acredita apaixonadamente
na retidão de sua causa e manipula com o zelo e a dedicação
de um padre proselitista. Naturalmente, você se deleita
principalmente em derrubar os piedosos e deixa suas
sementes de corrupção supurando em cada abadia ou
mosteiro que encontra.
Equipamento: Roupas de peregrino, cajado, sandálias
AMPIRO
TM

conversa, debatendo religião e

Nome: Natureza: FANÁTICO Geração: 10º
filosofia. No final ele lhe Jogador:
Crônica:
Comportamento: PENITENTE Refúgio:
Clã: SETITA Conceito: O Peregrino
propôs uma aposta. Ele lhe Atributos
Desgarrado

Físicos Sociais Mentais

deu um mês para convertê- Força oooooo Carisma oooooo Percepção oooooo
Destreza oooooo Manipulção oooooo Inteligência oooooo
lo aos caminhos de Cristo, Vigor oooooo Aparência oooooo Raciocínio oooooo
Habilidades
enquanto ele faria todo Talentos Perícias Conheciemntos
Representação_______ o o o o o o Empatia c/Animais__ o o o o o o Instrução_____________ o o o o o o
esforço para persuadi-lo a Prontidão____________ o o o o o o
Esportes _____________ o o o o o o
Arqueirismo_________ o o o o o o
Artesanato___________ o o o o o o
Sabedoria Popular___ o o o o o o
Investigação _________ o o o o o o
abandonar suas crenças. Se Briga _________________ o o o o o o
Esquiva ______________ o o o o o o
Etiqueta _____________ o o o o o o
Herborismo _________ o o o o o o
Direito _______________ o o o o o o
Linguística___________ o o o o o o
Empatia _____________ o o o o o o Armas Brancas______ o o o o o o Medicina ____________ o o o o o o
você tivesse sucesso, ele liberta- Intimidação _________ o o o o o o Música_______________ o o o o o o Ocultismo ___________ o o o o o o
Crime________________ o o o o o o Cavalgar _____________ o o o o o o Política_______________ o o o o o o
ria não apenas você, mas todos Liderança____________ o o o o o o
Lábia_________________ o o o o o o
Furtividade__________ o o o o o o
Sobrevivência _______ o o o o o o
Ciência ______________ o o o o o o
Senescalia____________ o o o o o o
os outros cativos também. An- Vantagens
Disciplinas Antecedentes Virtudes
siosamente, você concordou. PRESENÇA
______________ oooooo CONTATOS
________________ ooooo Consciência/Convicção_ o o o o o
OFUSCAÇÃO
______________ oooooo GERAÇÃO
________________ ooooo
Autocontrole/Instinto _ o o o o o
Em 30 dias, o líder dos SERPENTIS
______________ oooooo
______________ o o o o o o
MENTOR
________________ ooooo
________________ o o o o o
Coragem__________ o o o o o
______________ o o o o o o ________________ o o o o o
escravizadores introduziu vo-
Outras Caminho Vitalidade
cê a todos os apetites sombrios Características
______________ oooooo TYPHON Escoriado
______________ oooooo oooooooooo Machucado -1
escondidos profundamente em ______________ o o o o o o
______________ o o o o o o
Ferido -1
Ferido gravemente -2
Força de Vontade
sua alma enquanto você resistia ______________ o o o o o o

Combate oooooooooo Espancado

Aleijado
-2
-5
fracamente com provérbios Arma Dificuldade Dano Incapacitado
Experiência
Pontos de Sangue
vazios e parábolas ingênuas.
Ele não discutiu, apenas lhe
deu a oportunidade de sa-
ciar seus desejos sobre os cati-

LIBELLUS SANGUINIS 3

110
De Interesse Histórico:
Nenhum Outro Deus
Senão Set

LIVRO TRÊS: SERPENTES

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LIBELLUS SANGUINIS 3

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Das terras além das que os Cristãos honestos chamam de civilizadas,
eles vêm para semear a destruição. Do oriente, os Sarracenos
estendem sua sinistra influência assassina. Do antigo Egito, vêm
os tentadores que servem à vontade obscura de Set. Das terras
bárbaras ao norte, vagam os Gangrel errantes. Nenhum deles está
satisfeito com o que o restante da civilização anda fazendo.
Libellus Sanguinis III: Lobos à Porta inclui:
Cobertura completa dos três clãs para a Idade das Trevas: Os
Assamitas, Seguidores de Set e Gangrel;
Informações sobre as terras do Oriente Médio;
Novos Poderes de Disciplina, Qualidades e Defeitos, e
habilidades de Taumaturgia específicas para os três clãs;
Verdades ocultas e planos secretos dos clãs mais estranhos
para os príncipes Europeus.

AMPIRO
TM