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PROPOSTA DE IMPLANTAÇÃO DO
PROGRAMA DE MENTORIA PARA
MELHORIA DA GESTÃO DO
CONHECIMENTO: UM ESTUDO DE
CASO EM UMA EQUIPE DE MINI-BAJA
Juliana Cordeiro Fernandes Machado (UNIFEI )
jucomach@hotmail.com
Antonio Higino de Campos Cordeiro (UNIFEI )
antoniohccordeiro@gmail.com
Max Leandro de Araujo Brito (UNIFEI )
maxlabrito@yahoo.com.br
1. Introdução
Partindo da notoriedade que a mentoria tem assumido atualmente, o presente trabalho analisa
este conteúdo na realidade da Equipe MountainBaja, que é um projeto de extensão da UNIFEI
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- campus Itabira, visto que tal equipe enfrenta elevada rotatividade e dificuldades de
manutenção de conhecimento.
Dessa forma, o presente artigo tem como objetivo propor um programa de mentoria para
melhoria da gestão do conhecimento na Equipe MountainBaja da UNIFEI - campus Itabira.
Para isso, realizou-se uma revisão da literatura sobre gestão do conhecimento e mentoria
como forma de embasar um estudo de caso que resulta no desenvolvimento da proposta de um
programa de mentoria.
2. Referencial Teórico
Ainda, GC pode ser entendida como qualquer conjunto intencional de práticas e processos
projetados para otimizar o uso do conhecimento, ou seja, para aumentar a alocação e
eficiência na área de produção de conhecimento, distribuição e utilização. (TALISAYON,
2013).
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2.2. Mentoria
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Nesse contexto, mentoria pode ser definida como o ato de ouvir, aconselhar, influenciar,
ajudar na tomada de decisão e guiar indivíduos (VERGARA, 2010). Ou seja, um mentor é
uma pessoa que detém conhecimento e experiência para auxiliar outra pessoa menos
experiente (mentorado), a aprender algo que sozinha essa não conseguiria ou teria mais
dificuldade (SANTOS, 2007).
Dessa forma, a mentoria fornece benefícios para mentores e mentorados e por consequência a
organização também é beneficiada (COSTA, 2007). Para os mentores, o relacionamento
proposto pela mentoria é uma oportunidade para utilização do seu potencial produtivo,
experiência e conhecimento, além de tais indivíduos poderem aprender novas coisas e se
reciclar. Já o mentorado, ao se relacionar com o mentor aumenta suas possibilidades de
avanço na carreira, de obter salários mais saltos e de alcançar maior satisfação na carreira. Por
fim, a organização é favorecida, pois através da mentoria futuros líderes são preparados, e os
mentorados tornam-se mais comprometidos e satisfeitos com a organização (BURKE;
MCKEEN; MCKENNA, 1994).
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Ainda, segundo Santos (2007) existem 4 premissas e 3 condições vistas como fatores-chave
para o sucesso em se estabelecer e manter o programa de mentoria de forma eficiente.
As premissas defendem que o programa de mentoria devem ter dois focos (mentor e
mentorado), que deve haver um processo de recrutamento para pré-selecionar os candidatos
ao programa e deixar claro os pré-requisitos necessários e os critérios para participação, que
tal programa deve admitir voluntários para apoiar os esforços da coordenação, que o
programa de mentoria deve oferecer o mínimo de treinamento para clarear os papéis a serem
trabalhados e finalmente nesse programa deve haver uma avaliação de forma mais direta
possível para verificar se os seus objetivos foram alcançados, o nível de satisfação dos
participantes e a qualidade do envolvimento com os orientados (SANTOS, 2007).
Já as condições, por sua vez, estabelecem que o programa deve garantir o intercâmbio de
conhecimento, que a organização deve ter recursos apropriados para que as obrigações e
reponsabilidades específicas do programa sejam desenvolvidas e que exista um líder para
alinhar a mentoria com a visão estratégica da organização e que o mesmo que promova o
valor da mentoria (SANTOS, 2007).
3. Metodologia
Um método pode ser considerado como um conjunto de processos pelos quais se pode
adquirir conhecimento de uma determinada realidade, elaborar determinado objeto ou
produzir determinados procedimentos ou comportamentos (OLIVEIRA, 1997). Dessa forma o
método de pesquisa é o dispositivo que o autor se baseia para desenvolvimento de um
trabalho e, portanto, para a geração do conhecimento (OLIVEIRA et al., 2014).
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Quanto à abordagem, trata-se de uma pesquisa qualitativa, que conforme Martins (2010)
considera a relação entre o sujeito e o mundo real, ou seja, essa abordagem trata de um
vínculo que não pode ser explicitado apenas em números. Ademais, a pesquisa qualitativa
possui caráter descritivo em que os autores buscam analisar e interpretar os dados de forma
indutiva e, portanto, não requer uso de estatísticas (NASCIMENTO et al., 2014).
Como etapas da pesquisa, tem-se que a princípio foi realizada a revisão da literatura sobre
gestão do conhecimento e mentoria. A seguir, foi executado o estudo de caso através um
diagnóstico inicial da análise de documentos da equipe, site institucional e aplicação de
entrevista indutiva com integrantes. Por fim, para concluir o estudo de caso foi desenvolvido
uma proposta de mentoria com base na realidade da equipe.
Segundo Marceau, Otis e Simard (1992), a estrutura lógica para programas de mentoria é
marcada por oito componentes: missão, foco, objetivos, tipo de iniciativas, entradas,
atividades de produção, saídas e impactos (Figura 1). Assim, com base nas premissas e
condições defendidas por Santos (2007) buscou-se estabelecer tais etapas como se segue:
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A partir das etapas supracitadas, estabeleceu-se uma ordem de execução para o programa de
mentoria, de forma a orientar os membros no momento da implantação de tal programa.
4. Resultados
4.1. Diagnóstico
Atualmente, de acordo com informações obtidas pelo mailing (documento interno da equipe
que apresenta controle de pessoal), a Equipe MountainBaja conta com 26 membros. Tendo 1
Capitão, 3 Diretores, 4 membros do conselho e outros 18 membros alocados nas diretorias de
gestão (3 pessoas), eletrônica (3 pessoas) e mecânica (12 pessoas). Dessa forma, a Equipe
conta com a estrutura organizacional exibida na Figura 2. Nesse contexto, o Conselho julga
casos omissos ao Regimento Interno da Equipe e auxilia o Capital em decisões estratégicas. Já
o Capital, Diretores e Gerentes tem suas funções definidas em uma cartilha específica e
buscam juntamente com os membros aplicar conhecimentos adquiridos durante a graduação.
Ainda sobre o contexto da Equipe, vale ressaltar que a mesma propõem o desenvolvimento
dos integrantes no âmbito profissional de maneira a agregar profissionalismo, ética, pro-
atividade, comprometimento e responsabilidade aos mesmos de modo que esses detenham um
diferencial para o mercado de trabalho.
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Por sua vez, as entrevistas revelaram que os principais problemas da Equipe estão
relacionados ao desenvolvimento de habilidades e capacitação dos membros para a sucessão
dos cargos bem como a rotatividade existente na equipe.
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Assim, por meio dos discursos dos entrevistados endossa-se que a mentoria é uma importante
ferramenta para a Equipe. Contudo, vale ressaltar, que para que seja alcançado resultados
positivos para os membros e para a organização como um todo é necessário que os envolvidos
no processo estejam comprometidos e focados. Sendo que, o comprometimento e foco dos
participantes, contribuirão para a formação de laços harmoniosos entre mentores e
mentorados e consequentemente proporcionará uma maior eficácia no processo de
transmissão de conhecimento e de informação.
Ademais, existe um consenso entre a visão dos entrevistados e entrevistadores de que medida
em que se percebe a aceitação e adaptação dos envolvidos em relação a mentoria, é possível
perceber que os impactos e repercussões esperados sejam alcançados, estabelecendo assim,
um novo ambiente organizacional formado por recursos humanos motivados e capazes de
executar suas funções em elevados níveis de qualidade. Nesta perspectiva, defende-se que os
mentorados também serão responsáveis pela manutenção do conhecimento frente a uma
rotatividade que, por consequência dessa nova atmosfera criada, acredita-se que apresentará
uma menor ocorrência.
4.2.1. Missão
4.2.2. Foco
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O foco do programa é uma situação problema que requer mudanças e ações (SANTOS, 2007).
Ou seja, o foco se caracteriza por ocorrências insatisfatórias em que é necessário a definição
de objetivos para a sua resolução. Assim, como foco para o programa de mentoria na Equipe
MountainBaja propõem-se: identificar talentos que tenham potencial de liderança além de
definir um plano de carreira para os mesmos, aprimorando as competências e habilidades
necessárias para equipe.
4.2.3. Objetivo
O objetivo do programa deve estar intimamente ligado ao foco com o intuito de atendê-lo.
Portanto, recomenda-se como objetivo do programa: Desenvolver competências gerenciais
nos membros, como por exemplo liderança, senso de análise, planejamento, comunicação,
influência e motivação, além de promover e estimular o potencial de crescimento dos
mesmos.
4.2.4. Iniciativas
Os tipos de iniciativa referem-se às ações fundamentais para alcance dos resultados finais, ou
seja, estão relacionadas com a eficiência do programa. (SANTOS, 2007). Neste aspecto,
sugere-se que os mentores que tem o intuito de auxiliar os mentorados são diretores e gestores
que estão inseridos na equipe há um tempo considerável (e, portanto, já possuem experiência
naquele setor) ou aqueles que estão em estágio final da carreira. Por sua vez, os mentorados
são os membros que se efetivam na equipe após o processo seletivo ou aqueles membros que
já estão na equipe, mas buscam desenvolvimento de novas habilidades, comportamentos e
atitudes com a finalidade de aperfeiçoar sua atuação na equipe.
4.2.5 Entradas
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4.2.7 Saídas
5. Considerações Finais
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Assim, conforme a abordagem realizada nesse artigo e frente a todos os possíveis benefícios
que podem ser obtidos com o programa, a mentoria representa uma ferramenta de grande
poder para as organizações, sendo responsável diretamente por mudanças internas
significativas, e indiretamente por impactos externos positivos.
Como proposta para trabalhos futuros têm-se a busca por implantação e acompanhamento de
programas de gestão, como a mentoria, para auxiliar no desenvolvimento de veículos mini-
baja, por novas abordagens e técnicas de GC, bem como novos modelos de referência que
possam difundir informações e capacitar os membros para emergirem na equipe e
participarem de ações relacionadas a sucessão.
Finalmente, ao examinar o modo como esses conceitos podem ser efetuados na prática em
projetos de extensão dentro de universidades, possivelmente haverá colaboração para outras
universidades que possuem projetos do mesmo caráter. Além de, motivarem outras
organizações a utilizarem essas práticas como forma de alcançar os seus objetivos e maior
competitividade no mercado.
6. Referências
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