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Questão 1) Leia atentamente o poema abaixo e responda ao que se pede.

O açúcar

O branco açúcar que adoçará meu café


nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.

Vejo-o puro e afável ao paladar


como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.

Este açúcar veio


da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana


e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

(...)

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.

A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira
é expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e

(A) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.

(B) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.

(C) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar.

(D) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.


(E) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras

Questão 2) Sobre a linguagem poética, é incorreto afirmar:

a) A linguagem poética faz uso de diversos recursos estilísticos, como a rima e as figuras de
linguagem.

b) As figuras de linguagem em um poema têm como objetivo despertar sensações no leitor


e impactá-lo, possibilitando que ele crie imagens a partir desse impacto.

c) A linguagem poética é estritamente autobiográfica: não se pode desvencilhar o poeta de


sua criação.

d) A linguagem poética não possui compromisso com a objetividade: ela pode ser subjetiva
e ambígua, oferecendo ao leitor diferentes possibilidades de interpretação dentro de um
campo semântico.

e) Na poesia, as figuras de linguagem ajudam a transmitir significados além do sentido


literal das palavras.

Questão 3) leia a canção de Emicida, “Passarinhos”:

Despencados de voos cansativos


Complicados e pensativos
Machucados após tantos crivos
Blindados com nossos motivos
Amuados, reflexivos
E dá-lhe antidepressivos
Acanhados entre discos e livros
Inofensivos
Será que o sol sai pra um voo melhor?
Eu vou esperar, talvez na primavera
O céu clareia, vem calor
Vê só o que sobrou de nós e o que já era
Em colapso o planeta gira, tanta mentira
Aumenta a ira de quem sofre mudo
A página vira, o são delira, então a gente pira
E no meio disso tudo, 'tamo tipo...
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
Laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá
Lá-laiá, lá-laiá, lá-laiá
Ãh-ãh, ãh-ãh-ãh
Áh-ãh-ãh
A Babilônia é cinza e neon, eu sei
Meu melhor amigo tem sido o som, okay
Tanto carma lembra Armagedon, orei
Busco vida nova tipo ultrassom, achei
Cidades são aldeias mortas, desafio nonsense
Competição em vão que ninguém vence
Pense num formigueiro, vai mal
Quando pessoas viram coisas, cabeças viram degraus
No pé que as coisa vão, Jão, doidera
Daqui a pouco, resta madeira nem pros caixão
Era neblina, hoje é poluição
Asfalto quente queima os pé no chão
Carros em profusão, confusão
Água em escassez bem na nossa vez
Assim não resta nem as barata (é memo'!)
Injustos fazem leis e o que resta pr'ocês?
Escolher qual veneno te mata
Pois somos tipo...
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
Laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá, laiá, laiá
Laiá, laiá
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho
Nem que seja no peito um do outro
Passarinhos
Soltos a voar dispostos
A achar um ninho (dois, três, quatro)
Nem que seja no peito um do outro
Compositores: Leandro Roque De Oliveira / Marcos Jose Ferro Levy

A linguagem figurada na música "Passarinhos" de Emicida é encontrada em diferentes


versos. Relacione os versos às figuras de linguagem presentes em cada um deles e marque
a alternativa adequada.

1) Metáfora
2) Ironia
3) Comparação
4) Paradoxo

I) “Pense num formigueiro, vai mal


Quando pessoas viram coisas,
cabeças viram degraus”
II) “Pois somos tipo...
Passarinhos”
III) “Competição em vão que ninguém vence”
IV) “Daqui a pouco, resta madeira nem pros caixão”

a) 1 - II; 2 - I; 3 - IV; 4 - III


b) 1 - I; 2 - IV; 3 - II; 4 - III
c) 1 - IV; 2 - III; 3 - I; 4 - II
d) 1 - II; 2 - I; 3 - IV; 4 - III
e) 1 - I; 2 - III; 3 - II; 4 - IV

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