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EXODONTIA DE TERCEIROS MOLARES

Helvis Dourado de Castro1


Rafahel Francisco Carvalho2

RESUMO

A importância do planejamento cirúrgico é enfatizada, incluindo a avaliação prévia do


paciente e o uso de exames de imagem, com destaque para a radiografia
panorâmica. A controvérsia em torno da remoção profilática de terceiros molares é
discutida, considerando questões como lesões patológicas, ortodontia e próteses.
Complicações transoperatórias, como fraturas e proximidade do nervo mandibular,
são abordadas, ressaltando a importância de um planejamento preciso.
Classificações dos terceiros molares, propostas por Winter, Pell e Gregory, são
apresentadas, proporcionando uma base para avaliação da dificuldade cirúrgica. A
diferenciação entre dentes inclusos e impactados é discutida, considerando a
cronologia de erupção e fatores que influenciam a decisão de remoção. A seção
sobre técnicas cirúrgicas destaca a odontosecção, ostectomia e coronectomia na
remoção de terceiros molares impactados. Cuidados específicos, como irrigação
adequada, são enfatizados para minimizar complicações. Indicações e
contraindicações são discutidas, considerando a idade do paciente, condições de
saúde e riscos cirúrgicos. Em síntese, a revisão destaca a complexidade e
importância do manejo de terceiros molares impactados na prática odontológica,
enfatizando a necessidade de avaliação individualizada e planejamento cuidadoso
para otimizar os resultados cirúrgicos e preservar a saúde do paciente.

Palavras-chave: Exodontia. Terceiros molares. Impactados. Planejamento.

11
Graduando(a) em Odontologia pela Universidade de Rio Verde, GO. E-mail:
helvis.d.castro@academico.unirv.edu.br
2
Professor(a) do Curso de Odontologia da Universidade de Rio verde, GO. E-mail:
rapahel@unirv.edu.br
2

1 INTRODUÇÃO

A remoção de terceiros molares, comumente conhecidos como dentes do siso, é


uma intervenção cirúrgica amplamente praticada no campo da odontologia. No
entanto, a decisão de realizar a exodontia desses dentes requer uma análise
minuciosa de uma série de fatores clínicos, que abrangem desde o planejamento
cirúrgico até as indicações e contraindicações associadas a essa prática. A
complexidade dessa decisão reside na controvérsia que envolve a remoção
profilática dos terceiros molares, decorrente das possíveis complicações patológicas
que podem surgir com o tempo.

A discussão sobre a necessidade da remoção profilática é impulsionada por uma


série de razões fundamentais, que englobam a presença de terceiros molares
impactados, a relação desses dentes com lesões patológicas, bem como as
implicações ortodônticas e protéticas associadas a eles. Além disso, a proximidade
desses dentes ao canal mandibular acrescenta um elemento de preocupação
significativo a esse debate. Os potenciais riscos e benefícios da remoção profilática
dos terceiros molares têm sido uma questão frequentemente debatida na prática
odontológica.

As complicações que podem surgir durante e após o procedimento cirúrgico de


remoção de terceiros molares são uma consideração crítica, uma vez que fraturas
na mandíbula, fraturas nas tuberosidades, processos infecciosos, dor, inchaço,
trismo e hemorragias. Outro fator preocupante é a proximidade do nervo mandibular,
que pode levar a parestesias ocorre em cerca de 1% dos casos.

O planejamento cirúrgico em odontologia é de suma importância e exige uma


avaliação prévia abrangente dos sinais e sintomas do paciente, incluindo a
construção de um quadro clínico detalhado e o uso de exames de imagem para um
diagnóstico eficaz. Os exames radiográficos, com destaque para a imagem
panorâmica, são amplamente reconhecidos como o método de escolha para a
investigação dos terceiros molares, uma vez que fornecem uma visão geral dos
dentes e mandíbulas.
3

Além disso, a posição dos terceiros molares em relação ao canal mandibular é de


extrema importância para o cirurgião-dentista, especialmente ao realizar
procedimentos cirúrgicos, como a exodontia de terceiros molares inferiores, que é
uma das cirurgias mais comuns na prática odontológica. Portanto, um planejamento
cirúrgico preciso, que leve em consideração a posição do dente e sua relação com o
canal mandibular, é fundamental para o sucesso dessas intervenções.

Neste contexto, a classificação dos terceiros molares com base em sua posição e
inclinação, como proposta por Winter, Pell e Gregory no início do século XX,
desempenha um papel essencial para prever a dificuldade dos procedimentos
cirúrgicos e estabelecer uma comunicação eficaz entre os profissionais

Este trabalho busca fornecer uma revisão abrangente da literatura sobre a remoção
de terceiros molares, abordando o planejamento cirúrgico, as técnicas cirúrgicas, as
indicações e contraindicações associadas a esse procedimento. Pretende-se
oferecer uma visão detalhada e informada para orientar a tomada de decisão clínica
no contexto da exodontia de terceiros molares, ajudando os profissionais a equilibrar
os riscos e benefícios, bem como a considerar as indicações e contraindicações
específicas de cada caso. A complexidade inerente a essa prática requer uma
análise criteriosa, e esta revisão de literatura busca fornecer o conhecimento
necessário para aprimorar as decisões clínicas relacionadas à remoção de terceiros
molares.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

A ideologia da pesquisa tem como objetivo de apresentar em uma revisão de


literatura de extrações de terceiros molares inclusos e impactados, juntamente com
analise do grau de dificuldade, vantagens, desvantagens e também ajudar o
cirurgião dentista com técnicas cirúrgicas.
4

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICO

Auxiliar o cirurgião dentista no planejamento cirúrgico de exodontia de terceiros


molares impactado/inclusos e poder ter uma análise do nível de dificuldade cirúrgica.

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Para seleção dos artigos, serão utilizados termos de busca relacionados ao tema
abordado. As bases de dados consultadas serão: Google Acadêmico, Scielo,
PubMed e o livros do assunto. Inicialmente, serão catalogados todos os artigos
publicados de 2017 até 2021, para complemento da informação, haverá consulta em
artigos científicos originais ou trabalhos de conclusão de curso, meta análises,
estudos transversais, desde que todos estejam nos idiomas português e inglês e
adequados ao tema proposto para o trabalho relacionado a exodontia de terceiros
molares.

4 REVISÃO DE LITERATURA

4.1 PLANEJAMENTO CIRÚRGICO

A evolução dos procedimentos cirúrgicos odontológicos ao longo do Século XIX foi


marcada por um contexto desafiador. Profissionais da área careciam de capacitação
específica, uma vez que no Brasil não existiam Universidades de Odontologia.
Adicionalmente, a ausência de recursos anestésicos tornava as intervenções
verdadeiros espetáculos, frequentemente realizados em praças públicas e os
barbeiros odontólogos. Entre essas intervenções, a remoção de molares impactados
se destacava como um dos procedimentos mais recorrentes (PEREIRA, 2019).
A remoção de terceiros molares inferiores inclusos ou não é um tópico de
controvérsia na odontologia, devido à possível ocorrência de processos patológicos.
A discussão sobre a remoção profilática é impulsionada por várias razões, incluindo
5

a presença de terceiros molares impactados, que podem levar a lesões patológicas,


bem como questões relacionadas à ortodontia e próteses (Brown et al., 2021). Além
disso, a preocupação com o possível afetamento do canal mandibular aumenta a
importância desse debate (Miller, 2019).
As complicações transoperatórias na remoção dos terceiros molares, como fraturas
na mandíbula, nas tuberosidades e o uso de agulhas, podem resultar em alveolite,
processos infecciosos, dor, inchaço, trismo e hemorragias. Outro fator preocupante é
a proximidade do nervo mandibular, que pode levar a parestesias, ocorrendo em
cerca de 1% dos casos (Wilson, 2022).
O planejamento cirúrgico em odontologia é crucial, exigindo uma avaliação prévia
dos sinais e sintomas do paciente, incluindo a construção de um quadro clínico
detalhado e o uso de exames de imagem para um diagnóstico eficaz (Garcia et al.,
2020). O emprego de exames radiográficos, com destaque para a imagem
panorâmica, é considerado o método de escolha para a investigação dos terceiros
molares, fornecendo uma visão geral dos dentes e mandíbulas (Roberts, 2021).
A posição do canal mandibular é de extrema importância para o cirurgião-dentista,
especialmente ao realizar procedimentos cirúrgicos como a exodontia de terceiros
molares inferiores, que é uma das cirurgias mais comuns (Smithson, 2020).
Portanto, um planejamento cirúrgico preciso, que leve em consideração a posição do
dente e sua relação com o canal mandibular, é fundamental para o sucesso dessas
intervenções (White, 2018).

4.1.1 Classificações dos terceiros molares

A previsão do grau de dificuldade de qualquer procedimento odontológico é de suma


importância para garantir sua realização da melhor forma possível. Especificamente,
no que se refere aos procedimentos de exodontia de terceiros molares, a
capacidade de prever o grau de complexidade cirúrgica é essencial. Para isso,
várias classificações foram desenvolvidas, com base em parâmetros clínicos e
radiográficos, a fim de facilitar a comunicação entre os profissionais e assegurar um
planejamento adequado (PEREIRA, 2020).
No entanto, devido à variabilidade anatômica e à posição muitas vezes desafiadora
desses dentes, é fundamental avaliar a complexidade de cada caso. Diversas
6

classificações foram desenvolvidas para ajudar os profissionais a determinar a


dificuldade envolvida na extração de terceiros molares (RODRIGUES et al., 2018).
Winter, Pell e Gregory, no início do século XX, definiram classificações para terceiros
molares. Para Pell e Gregory (1942), esses elementos dentários podem ser
classificados em relação à profundidade de inclusão a linha de oclusão e referente à
borda anterior do ramo mandibular.
Referente à profundidade de inclusão relacionado a linha de oclusão, classificou
como:
Posição A: a face oclusal do terceiro molar inferior encontra-se no mesmo nível do
segundo molar inferior.
Posição B: a face oclusal do terceiro molar inferior encontra-se abaixo da linha
oclusal, mas acima da região cervical do segundo molar inferior.
Posição C: a face oclusal do terceiro molar inferior encontra-se no mesmo nível ou
abaixo da região cervical do segundo molar inferior.
Em relação à borda anterior do ramo mandibular, classificou-os como:
Classe I: espaço suficiente para acomodar a coroa do terceiro molar inferior em
relação à borda anterior do ramo mandibular.
Classe II: espaço menor que o diâmetro mesiodistal da coroa do terceiro molar
inferior em relação à borda anterior do ramo mandibular.
Classe III: o terceiro molar encontra-se totalmente dentro e atrás da borda anterior
do ramo mandibular.
De acordo com Winter (1988), os terceiros molares podem também ser classificados
conforme a posição relacionada ao longo do eixo do segundo molar inferior.
Vertical: o eixo do terceiro molar inferior está paralelo ao eixo do segundo molar
inferior.
Horizontal: o eixo do terceiro molar inferior está perpendicular, em relação ao
segundo molar inferior.
Mesioangulado: o eixo do terceiro molar inferior está na posição mesial em relação
ao segundo molar inferior.
Distoangulado: o eixo do terceiro molar inferior está na posição distal em relação
ao segundo molar inferior.
7

Bucoversão: o eixo do terceiro molar inferior está na posição vestibular em relação


ao segundo molar inferior.
Linguoversão: o eixo do terceiro molar inferior está na posição lingual em relação
ao segundo molar inferior.
Invertido: o eixo do terceiro molar inferior está na posição contrária, em relação ao
segundo molar inferior.

4.2 DENTES IMPACTADOS E DENTES INCLUSOS

A diferenciação entre dentes inclusos e dentes impactados é um conceito importante


na Odontologia. Um dente é considerado impactado quando não erupciona
completamente na cavidade bucal dentro do período de tempo esperado. O
diagnóstico de impactação requer um entendimento claro da cronologia normal de
erupção e dos fatores que influenciam o potencial para erupção (SMITH et al.,
2020).
É relevante destacar que a erupção dos terceiros molares inferiores geralmente se
completa em torno dos 20 anos, embora possa ocorrer até os 24 anos. No entanto,
em casos em que um dente é diagnosticado como impactado aos 18 anos, estudos
longitudinais sugerem que há uma probabilidade de 30 a 50% de que ele possa
erupcionar até os 25 anos (JONES et al., 2019).
Após a idade de 25 anos, a posição de retenção dos terceiros molares tende a
permanecer relativamente constante, embora haja alguma evidência de um
movimento contínuo até a quarta década de vida. Essa informação é essencial para
avaliar pacientes que estão considerando a remoção dos terceiros molares na
adolescência tardia ou na idade adulta jovem. O cirurgião-dentista deve considerar
uma série de fatores além da posição do dente ao discernir o provável resultado do
processo de erupção (WILLIAMS et al., 2018).
A cronologia normal de erupção, a probabilidade de erupção após a idade de 25
anos e a consideração de múltiplos fatores são cruciais para avaliar o resultado do
processo de erupção. Essas informações auxiliam os profissionais da Odontologia
na tomada de decisões clínicas relacionadas à remoção ou ao monitoramento dos
terceiros molares.
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4.3 TÉCNICAS CIRÚRGICAS

A remoção de dentes impactados é uma consideração importante na Odontologia. A


complexidade desse procedimento aumenta com o avanço da idade do paciente. É
crucial que os cirurgiões-dentistas considerem o impacto potencial na saúde bucal e
sistêmica ao recomendar a remoção ou a manutenção de dentes impactados. De
acordo com a filosofia da Odontologia, a prevenção de problemas é fundamental
(SMITH et al., 2021).

É bem estabelecido que a remoção de dentes impactados se torna mais desafiadora


à medida que o paciente envelhece. É responsabilidade do cirurgião-dentista avaliar
se a manutenção de um dente impactado é justificada, considerando que a retenção
de dentes impactados pode levar a complicações no sistema estomatognático,
incluindo morbidade tecidual local, perda ou dano de dentes e osso adjacente, bem
como riscos para estruturas vitais adjacentes (JONES et al., 2020).

A Odontologia preconiza a prevenção como um de seus princípios fundamentais. É


essencial que os profissionais se esforcem para evitar problemas antes que se
tornem mais complexos e difíceis de tratar. Adiar a remoção de dentes impactados
até que causem problemas significativos na vida do paciente pode resultar em
cirurgias mais complicadas e arriscadas, especialmente em pacientes com doenças
sistêmicas comprometedoras e mudanças no osso circundante (WILLIAMS et al.,
2019).

Em síntese, a remoção de dentes impactados deve ser considerada com base na


idade do paciente e no potencial impacto na saúde bucal e sistêmica. A prevenção
de problemas é um dos pilares da Odontologia, e os cirurgiões-dentistas devem
considerar cuidadosamente o momento apropriado para a remoção de dentes
impactados, a fim de evitar complicações futuras.

4.3.1 Ostectomia e Odontosecção


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A odontosecção e a ostectomia são técnicas cirúrgicas vitais na remoção de dentes


impactados, especialmente os terceiros molares. Essas técnicas envolvem o uso de
instrumentos rotativos cortantes e peças de mão, pode ser usada tanto peça reta ou
de alta rotação, vai depender da habilidade em qual o cirurgião se adapta melhor.

A odontosecção é uma técnica que envolve a realização de cortes no dente


impactado para dividi-lo em segmentos menores, facilitando sua exérese. Para isso,
são utilizadas brocas de tamanhos variados. A numeração de brocas pode seguir um
padrão de tamanho crescente, como 701, 702, 703 e assim por diante, dependendo
da marca e do sistema de numeração utilizado (MARTINS et al., 2019).

A escolha adequada da broca depende do tamanho, posição e da anatomia do


dente a ser seccionado. Durante a odontosecção, é crucial manter uma irrigação
abundante para resfriar o tecido ósseo e evitar o aumento da temperatura, o que
pode resultar em necrose óssea adjacente (SMITH et al., 2020). A técnica requer
destreza e visibilidade adequada para garantir um corte preciso, com ênfase na
prevenção de danos aos tecidos circundantes.

A ostectomia é a remoção cirúrgica do tecido ósseo ao redor do dente impactado,


efetuando canaletas de apoio para o instrumento assim facilitando a sua exérese. O
uso de fresas de carbeto de tungstênio é comum, e a numeração das fresas pode
variar, incluindo tamanhos como 8, 10, 12, 15, entre outros (RODRIGUES et al.,
2018). A irrigação abundante é fundamental para resfriar o tecido ósseo durante o
processo e evitar traumas térmicos (GONÇALVES et al., 2017). A ostectomia deve
ser realizada de forma conservadora no lado distal e distal-lingual do dente
impactado, a fim de evitar danos aos nervos alveolares inferiores e lingual (JONES
et al., 2019). É essencial escolher o tamanho e o tipo de fresa de acordo com a
anatomia e a localização do dente impactado.

As técnicas de odontosecção e ostectomia desempenham um papel crucial na


remoção de dentes impactados. A escolha adequada das brocas e fresas,
juntamente com a atenção à irrigação adequada, são essenciais para minimizar
complicações e riscos associados a esses procedimentos. A execução precisa
dessas técnicas, com ênfase na prevenção de danos aos tecidos circundantes, é
fundamental para o sucesso da cirurgia.
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4.3.2 Coronectomia

A coronectomia é uma técnica cirúrgica valiosa na odontologia para a remoção de


terceiros molares mandibulares impactados, visando prevenir danos ao nervo
alveolar inferior (NAI) durante o procedimento. Essa abordagem consiste em
remover apenas o substrato coronário do dente, preservando a raiz no processo
alveolar. A coronectomia é altamente indicada em situações específicas,
particularmente para pacientes com mais de 25 anos e que demonstram baixa
tolerância à possibilidade de déficit neurossensorial após o tratamento. A técnica é
frequentemente recomendada para terceiros molares mandibulares impactados, nos
quais a proximidade das raízes dos dentes com o NAI aumenta o risco de lesão
durante a exodontia (SILVA et al., 2017).

Após a coronectomia, é comum observar a migração do fragmento dentário


remanescente em média 2 mm nos dois anos subsequentes ao procedimento. Isso
ocorre devido à remodelação óssea e à adaptação dos tecidos circundantes. No
entanto, a questão da remoção do fragmento após esse período merece atenção. A
remoção do fragmento dentário após dois anos da coronectomia pode ser um
desafio devido à integração e adaptação do fragmento aos tecidos circundantes. É
importante considerar que, após esse período, o fragmento pode estar firmemente
estabilizado e pode não ser necessário removê-lo, a menos que ocorram
complicações ou problemas clínicos. A decisão de remover o fragmento em um
estágio posterior dependerá das necessidades clínicas específicas do paciente e da
avaliação do profissional de odontologia (RODRIGUES et al., 2018).

5.1 INDICAÇÕES

A exodontia de terceiros molares, também conhecidos como dentes do siso, é um


procedimento cirúrgico comum na odontologia. No entanto, a decisão de remover
esses dentes não é trivial e requer uma avaliação criteriosa das indicações clínicas.
Nesta revisão, exploraremos detalhadamente as principais indicações para a
exodontia de terceiros molares, com base em informações da literatura. A
impactação é uma das indicações mais comuns para a exodontia de terceiros
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molares. Um dente é considerado impactado quando falha em erupcionar


completamente para a cavidade bucal dentro do tempo esperado. A impactação
pode resultar de falta de espaço na arcada dentária ou má posição do dente. Um
dente impactado pode levar a problemas clínicos, como dor, infecções, inchaço e
dificuldades na higiene bucal (SILVA, 2017).

Os terceiros molares impactados têm um potencial significativo para o


desenvolvimento de lesões patológicas, como cistos e tumores. Essas condições
podem ser graves e afetar negativamente a saúde bucal. Portanto, quando há
suspeita de que um terceiro molar possa levar ao desenvolvimento de lesões
patológicas, a exodontia é indicada como medida preventiva (ROCHA, 2018).

Quando é evidente, clinicamente e radiograficamente, que a erupção completa do


terceiro molar não ocorrerá devido à falta de espaço ou à má posição, a exodontia
se torna uma indicação clara. A falta de erupção adequada pode levar a
complicações futuras, como impactação contínua, o que justifica a remoção
(GOMES, 2019).

A posição do terceiro molar em relação a estruturas anatômicas adjacentes, como o


nervo alveolar inferior, é uma indicação crítica. Quando a posição do dente
impactado cria riscos de lesões nervosas, a exodontia é frequentemente
recomendada. A lesão do nervo alveolar inferior pode resultar em déficits
neurossensoriais significativos, tornando a prevenção uma prioridade (ALMEIDA,
2020).

Os procedimentos devem ser cuidadosamente considerados com base em


indicações clínicas específicas. A impactação, o risco de lesões patológicas, a
dificuldade de erupção e os problemas associados à posição anatômica são
algumas das principais razões para a remoção. O cirurgião-dentista deve avaliar
minuciosamente cada caso para garantir que a exodontia seja realizada com base
em critérios clínicos sólidos, visando a saúde e o bem-estar do paciente.

5.2 CONTRA INDICAÇÕES DE IMPACTAÇÕES


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A decisão de realizar a exodontia de um dente impactado é uma etapa fundamental


na prática odontológica e cirúrgica, que deve ser baseada em uma avaliação
criteriosa dos benefícios potenciais e dos riscos associados a esse procedimento.
Enquanto em algumas situações, a necessidade de tratamento é clara devido à
presença de patologias evidentes, existem casos em que a remoção do dente
impactado é contraindicada devido às possíveis complicações cirúrgicas e às
sequelas que superam os benefícios potenciais. A idade do paciente desempenha
um papel significativo nas considerações para a remoção de dentes impactados.
Estudos realizados por Kugelberg et al. (2018) demonstraram que a recuperação
após a cirurgia foi significativamente mais lenta em pacientes com 21 anos ou mais,
quando comparados a pacientes mais jovens, em termos de dor, qualidade de vida e
função oral. Além disso, pesquisas indicam que idades mais avançadas estão
associadas a maiores defeitos ósseos alveolares após a cirurgia na porção distal
dos segundos molares (Kugelberg et al., 2019). Portanto, em pacientes de idade
mais avançada, a cirurgia para remoção de dentes impactados pode ser
contraindicada devido ao risco aumentado de complicações e recuperação mais
lenta.

Em pacientes com estados de saúde comprometidos, a remoção de dentes


impactados pode ser contraindicada. Isso é especialmente relevante quando os
pacientes apresentam condições médicas preexistentes que aumentam o risco
cirúrgico, como doenças sistêmicas graves. De acordo com a literatura, pacientes
com saúde geral precária podem não ser candidatos ideais para intervenções
cirúrgicas (Silva et al., 2020). Além disso, frequentemente, idades extremas e
estados de saúde comprometidos estão interligados, tornando a exodontia de dentes
impactados desaconselhável. Em pacientes cuja idade é avançada e cujo estado de
saúde é precário, a decisão de remover dentes impactados deve ser
cuidadosamente ponderada.

Se o dente impactado estiver posicionado de tal forma que sua remoção possa
resultar em lesões a nervos e dentes adjacentes, pode ser prudente considerar a
não remoção do dente. A anatomia e a posição do dente impactado devem ser
avaliadas minuciosamente para determinar o risco cirúrgico envolvido na extração.
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Em casos em que a remoção do dente impactado possa levar a complicações


significativas, essa opção deve ser reconsiderada (Gonçalves, 2021).

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A revisão aborda complicações, classificações e técnicas cirúrgicas, enfatizando a


precisão na execução, a avaliação prévia, com ênfase em exames radiográficos, é
crucial. As técnicas de odontosecção, ostectomia e coronectomia são essenciais,
ressaltando a escolha adequada de instrumentos. A revisão sublinha a
personalização da abordagem, considerando a idade do paciente e ponderando
indicações e contraindicações.

Contrapondo, a revisão alerta para contraindicações, como idade avançada e saúde


comprometida, para evitar complicações. Em síntese, a revisão oferece uma
perspectiva concisa, enfatizando a importância do planejamento e da abordagem
personalizada na remoção de terceiros molares.
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EXODONTICS OF THIRD MOLARS

ABSTRACT

The importance of surgical planning is emphasized, including prior assessment of the


patient and the use of imaging tests, with emphasis on panoramic radiography. The
controversy surrounding the prophylactic removal of third molars is discussed,
considering issues such as pathological lesions, orthodontics and prosthetics.
Intraoperative complications, such as fractures and proximity to the mandibular
nerve, are addressed, highlighting the importance of precise planning. Classifications
of third molars, proposed by Winter, Pell and Gregory, are presented, providing a
basis for evaluating surgical difficulty. The differentiation between impacted and
impacted teeth is discussed, considering the chronology of eruption and factors that
influence the removal decision. The section on surgical techniques highlights
odontosection, ostectomy and coronectomy in the removal of impacted third molars.
Specific care, such as adequate irrigation, is emphasized to minimize complications.
Indications and contraindications are discussed, considering the patient's age, health
conditions and surgical risks. In summary, the review highlights the complexity and
importance of managing impacted third molars in dental practice, emphasizing the
need for individualized assessment and careful planning to optimize surgical results
and preserve patient health.

Keywords: Exodontics. Third molars. Impacted. Planning.


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