Você está na página 1de 4

Biopolímeros

BIOPOLÍMEROS

Para começar a compreender o que são biopolímeros á necessário introduzir o conceito de polímeros: macromoléculas
caracterizadas pelo seu tamanho, estrutura química e interações intra e inter moleculares. Possuem unidades químicas
ligadas por covalência repetidas regularmente ao longo da cadeia. Cada unidade recebe o nome de mero. O número
de meros da cadeia polimérica é denominado grau de polimerização. A massa molecular geralmente é superior a 104.
Todos os polímeros são macromoléculas. Nem todas as macromoléculas são polímeros. O que diferencia polímeros de
macromoléculas é o fato de os polímeros apresentarem alto grau de organização na cadeia.
Os polímeros podem ser classificados quanto à sua origem em naturais e sintéticos. Os naturais são aqueles que
ocorrem na natureza independente da interferência humana. Podem origem animal, vegetal, microbiana ou geológica.
Já os sintéticos são polímeros cuja estrutura química não tem ocorrência natural, e a construção da sua molécula foi
obtida através da reprodução de estruturas similares aos naturais após o exaustivo estudo da arquitetura molecular e
propriedade químicas físicas e mecânicas.
Também é possível classificá-los de acordo com o número e tipo de monômeros, configuração dos átomos na cadeia
(cis trans) e taticidade (regularidade espacial das ramificações).
Quando o polímero é formado exclusivamente pelo mesmo tipo de unidade básica chamamos de homopolímero.
Quando é formado por mais de um tipo de unidade básica chamamos de copolímero. Quando há três tipos de unidade
básicas na formação do polímero pode-se chamar de terpolímero (3 tipos de meros), tetrapolímero (4 tipos de meros)
e assim sucessivamente.
O homopolímero pode ser linear ou ramificado. Entre os ramificados podem haver os isotáticos (raminifações para o
mesmo lado da cadeia), sindotático (ramificações alternam de lado mas seguem uma regularidade) e os atáticos
(com ramificações para lados alternados da cadeia e que não obedecem uma regularidade).
Já os copolímeros podem ser alternado (quando as diferentes unidades básicas/meros se repetem alternadamente
ABABABA), reticulados em blocos (quando há uma repetição organizada e sequencial de blocos contendo mais de
um mero AAABBBAAABBB), ou grafitizados (quando a cadeia principal é composta por um tipo de mero e as
ramificações por outro tipo).

Figura 1: composição polimérica conforme número e tipo de monômeros, configuração dos átomos na cadeia (cis trans) e taticidade (regularidade espacial
das ramificações).
1
Professora Sabrina Ávila Rodrigues: texto de apoio para a Disciplina de Bioengenharia do 6° período do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnol ogia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Ponta Grossa
Biopolímeros

Quadro 1. Exemplo das estruturas poliméricas segundo número e tipo de monômeros, configuração dos átomos na
cadeia (cis trans) e taticidade (regularidade espacial das ramificações)
Homopolímero linear
Homopolímero Isotático

Homopolímero Sindotático

Homo polímero Atático

Copolímero Alternado
Copolímero em bloco
Copolímero grafitizado

Terpolímero

Existem ainda muitas outras formas de classificação dos polímeros, algumas delas são:
- Fusibilidade e/ou solubilidade: termoplástico, termorrígido
- Comportamento mecânico: borrachas, plásticos, fibras
- Métodos de preparação: adição, condensação
- Estrutura química da cadeia: poliamida, poliuretano, etc
- Encadeamento: posição dos sítios ativos para ligação
- Interação intermolecular: a forma como as cadeias poliméricas interagem e se interligam (ou não) tem forte influencia
nas características do produto obtido.
2
Professora Sabrina Ávila Rodrigues: texto de apoio para a Disciplina de Bioengenharia do 6° período do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnol ogia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Ponta Grossa
Biopolímeros

Apresentam grande estabilidade físico-química, alta massa molecular. A configuração da cadeia (linear x ramificada)
exerce influência nas propriedades, flexibilidade, solubilidade, propriedades mecânicas.
Devido ao tamanho da sua molécula os polímeros podem apresentar características físico-químicas que diferem das
suas unidades monoméricas.

Vamos falar dos biopolímeros agora!


Nem todo polímero é um biopolímero. Todos os biopolímeros são polímeros! A diferença entre eles é a fonte de
obtenção da matéria prima.

Biopolímeros são amplamente definidos como os polímeros obtidos a partir de fontes naturais renováveis.

Ressalta-se, porém, que as técnicas de obtenção de biopolímeros via fermentativa estudadas nesta disciplina permitem
obter polímeros a partir de matérias primas de fontes não renováveis.
É comum existir uma certa confusão em torno de termos usados para descrever os polímeros. Especialmente quando
esta descrição tenta abranger aspectos da biodegradabilidade (processo de degradação por meios naturais). Desta
forma temos que os polímeros convencionais são sempre obtidos a partir de fontes não renováveis. Para reduzir o
impacto dos processos de produção e descarte dos polímeros convencionais é possível produzir polímeros que
mesclam matérias primas de fontes renováveis com não renováveis ao que se chama de polímeros verdes. Já os
biopolímeros como vimos acima são sempre obtidos de fontes renováveis. Estes três grupos de polímeros podem ou
não ser biodegradáveis, isto irá depender da composição química e tipo de ligações estabelecidas entre as cadeias.
A definição de polímeros biodegradáveis não estabelece nenhuma relação com a origem da matéria prima, mas sim
com a sua destinação final, sua decomposição. Assim, os polímeros biodegradáveis podem ser convencionais, verdes
ou biopolímeros porém a característica comum a todos é a capacidade de serem degradados por ação de agentes
biológicos, apresentar desintegração física em mais de 90% em um curto período de tempo (em pedaços menores que
2 mm em 90 dias) sem gerar nenhum material tóxico durante o processo de biodegradação.
Quadro 2. Características dos polímeros convencionais, biopolímeros, polímeros verdes e polímeros biodegradáveis
quanto à fonte da matéria prima (renovável ou não) e biodegradabilidade.
Fonte não renovável Fonte renovável Biodegradável
Polímeros convencionais Todos Nenhum Alguns
Biopolímeros Nenhum Todos Alguns
Polímeros verdes Alguns total ou Alguns total ou
Alguns
parcialmente parcialmente
Polímeros
Alguns Alguns Todos
biodegradáveis

Agora que já compreendemos estas diferenças e sabemos que os biopolímeros são obtidos a partir de fontes
renováveis, vamos conhecer um pouco mais sobre eles.

3
Professora Sabrina Ávila Rodrigues: texto de apoio para a Disciplina de Bioengenharia do 6° período do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnol ogia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Ponta Grossa
Biopolímeros

Podemos classificar os biopolímeros em 8 grupos de acordo com a sua estrutura molecular:


1) Ácidos nucleicos: DNA, RNA
2) Poliamidas: proteínas, enzimas
3) Polissacarídeos: amido, glicogênio, celulose
4) Polioxiésteres orgânicos: PHB, poli(ácido málico)
5) Poliésteres: polimercaptopropionato
6) Poliésteres inorgânicos: polifosfatos
7) Poliisoprenóides: borracha natural
8) Polifenois: lignina

Os biopolímeros podem ocorrem naturalmente em:


- animais: quitina, quitosana
- plantas: celulose, gomas de sementes, amidos, pectina, insulina
- algas: alginato, Carragena
- microrganismos: polissacarídeos extracelulares, pululana, glucana, xantana, polihidroxialcanoatos

E podem ser divididos em três categorias, dependendo da sua forma de produção:


a) Biopolímeros extraídos diretamente da biomassa: polissarídeos (amido, celulose, quitina, quitosana, dextrana,
etc); e proteínas (colágeno, gelatina, caseína, albumina, seda, elastina, etc)
b) Biopolímeros produzidos por síntese química clássica usando monômeros de fonte renovável: PLA
(poliácidolático) polimerizado quimicamente a partir do ácido lático (que pode ser obtido via fermentativa)
c) Biopolímeros produzidos via processo fermentativo: xantana, PHB, Gelana, dextrana, pululana.

Nos projetos da disciplina de Bioengenharia termos como foco principal os polímeros produzidos por via fermentativa.

Referências:
BORZANI, Walter, et al. Biotecnologia industrial. São Paulo, SP: Blucher, c2001. 4 v. ISBN 8521202784 (v. 1).
IKRAM, S.; AHMED, S. Natural Polymers : Derivatives, Blends and Composites. New York: Nova Science Publishers, Inc, 2017. ISBN
9781536104264. Disponível em: http://search.ebscohost.com/login.aspx?direct=true&db=e000xww&AN=1443865&lang=pt-br&site=eds-
live&scope=site . Acesso em: 2 abr. 2020.
Mano, E. B., Mendes, L. C. A natureza e os polímeros. [Minha Biblioteca]. Retirado de
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788521207405/
https://www.artliber.com.br/amostra/ciencia_dos_polimeros.pdf

4
Professora Sabrina Ávila Rodrigues: texto de apoio para a Disciplina de Bioengenharia do 6° período do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnol ogia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Câmpus Ponta Grossa

Você também pode gostar