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função social.

Currículo: níveis de interpretação e sua


PRINCÍPIOS DO PROJETO DE CURRÍCULO (PRINCIPLES OF CURRICULUM DESIGN) - EDU500 - 1.3
Currículo: níveis de interpretação e sua função social. • 2/14

Currículo: níveis de interpretação e sua função


social.
Conteúdo organizado por Natasha Young Buesa em 2022 do livro
Convergências entre Currículo e Tecnologias, publicado em 2019 por Siderly
do Carmo Dahle de Almeida.

Objetivos de Aprendizagem
• Estudar os diferentes níveis de interpretação dos currículos;
• Compreender a função social da escola.
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Introdução
Aprendemos que os currículos refletem aspectos das diferentes relações de poder
que podemos identificar nas instituições educacionais (internamente) e em seu
entorno, vinculando-as à comunidade na qual está inserida. Logo, o currículo não
representa propósitos neutros no que se refere à informação e à formação, visto que
sua origem advém dos diferentes segmentos sociais e é veiculado mediante diversos
meios curriculares, que serão estudados, inseridos em determinado contexto.
Também é entendido como um instrumento cultural, social e histórico. É um texto
repleto de significantes e significados, de sons, de imagens, de conceitos, de falas,
de posicionamentos discursivos, de metáforas, e ironias, etc., ou seja, é carregado de
intencionalidades e escolhas que se fazem presentes na matriz curricular de um curso
ou programa, sendo ele da modalidade que for. (Ranghetti & Gesser, 2009)
Gimeno Sacristán, estudioso espanhol já muito citado nesta disciplina, ajuda-nos a
compreender um pouco mais sobre os currículos, quando os classifica em seis níveis
de interpretação. (Almeida, 2019). Então, vamos a eles.

Os Níveis de Interpretação dos Currículos

O currículo pode ser classificado em alguns níveis de interpretação como o currículo


prescrito, o currículo apresentado aos professores, o currículo modelado pelos
professores, o currículo em ação, o currículo realizado e o currículo avaliado. (Almeida,
2019)
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Figura 1 - Os Níveis de Interpretação dos Currículos

Fonte: Sacristán, 2000, p. 105, como citado em Almeida, 2019, p. 21

● Primeiro nível - currículo prescrito


É aquele que estabelece o que deve ser trabalhado nas instituições de ensino.
Reflete as intenções, posturas e concepções de ensino que influenciam o trabalho
dos docentes, e claro, a formação dos discentes.
● Segundo nível - currículo apresentado aos professores
É aquele que defende que a formação inicial e a prática do professor não
bastam para organizar o processo de ensino e aprendizagem. Determina que a
seleção conjunta dos materiais utilizados para esse processo ajuda a alcançar os
resultados desejados, determinando, com clareza, o que é necessário para atingir
a proposta pedagógica. Enfatiza que as propostas genéricas e abrangentes não
são suficientes para nortear a atividade escolar.
● Terceiro nível - currículo modelado pelos professores
É aquele no qual o docente não é simplesmente um espectador, é o protagonista
na concretização dos conteúdos curriculares. Neste tipo de currículo a intervenção
propicia ao professor modelar, reconfigurar, ressignificar, reestruturar o currículo
baseado na realidade, interferindo no resultado de sua prática.
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● Quarto nível - currículo em ação


É aquele no qual as ideias, os valores e as atividades pedagógicas se materializam,
acontecem, de fato. É a aprendizagem dos alunos que se concretiza visto estarem
escolarizados, isso porque estão imersos em um ambiente que propõe e impõe
a execução de um conjunto de atitudes, comportamentos e valores e que não
leva em conta apenas os conteúdos que precisam assimilar.
● Quinto nível - currículo realizado
É aquele que vincula a intenção e a ação, a teoria e a prática, que é o resultado
das relações dos outros níveis curriculares já expostos.
● Sexto nível - currículo avaliado
É aquele no qual o currículo se constrói e se realiza na prática, mediante a avaliação
que é realizada pelo professor, no seu dia a dia, de forma a pensar sobre os
resultados do processo de ensino e aprendizagem que foi realizado.
Além desses níveis, Santos e Paraíso (1996 como citados em Ranghetti & Gesser, 2009)
detalham as dimensões dos currículos. São elas:
● O Currículo Oficial
Entende-se como aquele que foi planejado de forma oficial, aquele que consta
na Proposta Curricular do Estado, das Secretarias ou nos livros didáticos que
foram elaborados tendo como base essas propostas.
● O Currículo Formal
Entende-se como aquele que inclui todas as atividades e conteúdos que foram
planejados para serem praticados em sala de aula. Este Currículo inclui o Currículo
Oficial.
● O Currículo Oculto
Entende-se como aquele que representa o conjunto de normas e valores que
estão implícitos nas ações escolares, mas que os professores não comentam e nem
procuram (não intencionalmente). Podem ser consideradas aprendizagens não
intencionais, que simplesmente ocorrem, a partir de práticas e de informações
não explícitas, mas que estão ali.
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● O Currículo Explícito
Entende-se como aquele que é, de fato, a parte visível do currículo, formado pelos
ensinamentos e aprendizagens efetivamente e intencionalmente promovidos
por meio do ensino.
● O Currículo Vazio ou Nulo
Entende-se como aquele que se caracteriza pelos conhecimentos que estão
ausentes, tanto no que se refere às propostas curriculares, representadas pelo
currículo formal, quanto nas práticas efetivas em sala de aula, representadas pelo
currículo em ação. Também pode ser chamado de ‘campos de silêncio’ ou de
‘omissões’. Ele é importante para mostrar as afirmações e negações dos elementos
culturais que causam efeitos nos estudantes, tanto a partir do que diz, como a
partir do que silencia.

Saiba Mais
Se você tem interesse em conhecer mais sobre como se desenvolve
um currículo útil para as necessidades de uma instituição escolar, leia o
seguinte livro:
Alves, Nilda. (2018) Criar currículo no cotidiano. Editora Cortez
Neste livro, os autores quiseram passar para o papel conversas que
aconteceram com professores do Brasil, criando personagens que
caracterizam as escolas e as cidades nas quais elas estão inseridas.
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Função social da escola

E quanto à função das instituições de ensino? Sabemos que as escolas são as entidades
diretamente responsáveis pela formação das diversas gerações. Elas vêm se destacando
desde o início do século XX e sua função social está intimamente ligada à extensão, ao
impacto e ao resultado das atividades realizadas ao longo da formação dos estudantes.
Lembrando que o aprendizado escolar não fica restrito aos limites dos muros das
escolas, pois nela aprende-se bem mais do que simplesmente os conhecimentos
ministrados pelos docentes em suas salas de aula.
Vale ressaltar que a escola passou por diferentes mudanças ao longo dos anos, e
em cada período teve um tipo de representação social predominante. Dentre essas
mudanças, podemos considerar três grandes ondas conforme Machado e Soares
(2020):
1. A Escola Supra Geracional (escola para as elites)
Nela, o alcance social é bem pequeno, visto que está voltada para as elites. Essa
onda ocorre na antiguidade, período durante o qual os ensinamentos eram
transmitidos pelas famílias ou aprendidos no dia a dia.
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2. A Escola Intergeracional (escola para a classe média - elitista)


Nela, o alcance social é ampliado, visto que a educação passa a ser compartilhada
entre o Estado e a família. A função da escola era adequar as pessoas ao novo
contexto da sociedade, no qual era necessário formar os estudantes para o
mercado de trabalho industrial, sendo a escola uma forma de ascensão na carreira,
ou seja, na vida profissional. Esse era o foco.
3. A Escola Intrageracional (escola para todos)
Nela, o alcance social é ampliado continuamente, visto que o aprender a
aprender ocorre todos os dias, tanto no ambiente profissional quanto na
evolução como ser humano.
Atualmente, ainda ocorrem e continuarão ocorrendo transformações, visto que as
sociedades vão tendo novas necessidades em todos os âmbitos, e essa sociedade
na qual vivemos escolheu a escola como a responsável por compartilhar o saber
científico, aquele formalmente transmitido, com certificação.
À medida em que a função social da escola aumenta, aumentam as responsabilidades,
com novas atividades a serem inseridas nas demandas já significativas que ela tem.

Em Resumo

Caro estudante, conhecemos neste tema os diferentes níveis de interpretação


dos currículos (o currículo prescrito, o apresentado aos professores, o
modelado pelos professores, o em ação, o realizado e o avaliado) e ainda as
diversas dimensões dos currículos (o currículo oficial, o formal, o oculto, o
explícito, e ainda o vazio ou nulo) que nos fizeram entender que existem tipos
diferentes de currículos para as distintas necessidades educacionais. Terminamos
aprendendo que a função social da escola diz respeito aos impactos, aos resultados
e à extensão do trabalho executado por ela, com relação às atividades realizadas
em prol da formação e transformação dos estudantes ao longo de sua vida
estudantil.
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Aplicação na Prática
Atividade de Estudos:
Após a compreensão do conteúdo exposto, chegou o momento de
refletir sobre você como gestor(a) do currículo. Pense sobre as questões
sugeridas e argumente. Pode se colocar na posição do professor que já
exerce a função ou como acha que realizaria essa tarefa se fosse professor.
- Você, como professor, tem alguma participação nas decisões sobre
o que ensina em sala de aula, ou segue as diretrizes propostas pela
Secretaria de Educação?
- Se você, professor/gestor, participa das decisões, como interfere em
relação ao conteúdo que é oferecido para seus alunos, em suas aulas?
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Na ponta da língua

Referências Bibliográficas
Almeida, Siderly do Carmo Dahle de. (2019). Convergências entre currículo e
tecnologias. [livro eletrônico]. Curitiba: InterSaberes.
Machado, Dinamara Pereira & Soares, Kátia Regina Dambiski. (2020). Currículo e
sociedade. [livro eletrônico]. Curitiba: Contentus.
Ranghetti, Diva Spezia & Gesser, Verônica. (2009). Centro Universitário Leonardo da
Vinci. Indaial: Grupo Uniasselvi.
LIVRO DE REFERÊNCIA:

Convergências entre Currículo e Tecnologias


Siderly do Carmo Dahle de Almeida.
Intersaberes

Imagens: Shutterstock

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