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Psicodiagnóstico:

Alexandre Magno Abrão


“Chorão"

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CURSO DE PSICOLOGIA

CAMPUS ILHA DO GOVERNADOR

DISCIPLINA: Psicodiagnóstico

Grupo 6:

Carolina Schuaber Gomides - 201607078163

Celimar Barcelos Dias - 201702458601

Daniele da Silva Furtado - 201502346771

Helena da Conceição Araújo - 201602691649

Rodrigo Batista Alberto - 201708094342

Viviane de Andrade Monteiro - 201607078082

ANO: 2019

SEMESTRE: 2º
1. Introdução

O psicodiagnóstico se estabeleceu no Brasil como prática clínica pautado no


modelo médico de atuação. Seus procedimentos visavam a ações observáveis e
quatitativas, devido a sua ênfase na Psicometria, que buscava resultados mais fiéis para
aquele momento histórico. Como desenvolvimento científico e histórico, o
psicodiagnóstico passou a ser percebido dentro de um referencial terapêutico,
associando a investigação à possibilidade de entendimento dos mecanismos que
possivelmente produzem as doenças, dando origem a uma proposta investigativa e
interventiva que propicie mudanças terapêuticas. O psicodiagnóstico teve sua origem na
conscientização de que as doenças mentais não eram advindas de castigos divinos ou
possessões, mas análogas às doenças físicas (Ancona-Lopez, 1984). Nasceu da
psicologia clínica, que foi iniciada por Linghter Witmer em 1896, e se fundamentou na
tradição médica, produzindo efeitos marcantes na identidade profissional do psicólogo
(CUNHA , 2003).

Cunha (2000, p. 23) diz que o “psicodiagnóstico é uma avaliação psicológica


feita com propósitos clínicos, que visa identificar as forças e fraquezas no
funcionamento psicológico, com o foco na existência ou não de psicopatologia”. Ela o
define como um processo científico de tempo limitado que “utiliza técnicas e testes para
entender problemas à luz de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos
específicos, comunicando os resultados com base nos quais são propostas soluções”. O
psicodiagnóstico abrange diversas etapas: a primeira acontece quando o paciente faz a
solicitação da consulta até o encontro com o profissional; o segundo acontece na, ou nas
primeiras entrevistas nas quais se tenta esclarecer o motivo manifesto e o motivo latente
da consulta, as ansiedades e defesas que a pessoa consultada pode mostrar, bem como a
fantasia de doença. O terceiro momento é dedicado a pensar sobre o material obtido, e
sobre as hipóteses iniciais para planejar os passos a serem seguidos e os instrumentos a
serem utilizados tais como: Entrevistas familiares diagnósticas, testes gráficos e testes
projetivos, hora do jogo (ARZENO, 1995).
Para Monachesi (1998), no processo psicodiagnóstico estão envolvidas três
figuras, sendo elas o cliente, a instituição e o psicólogo. Onde as regras procedimentos
estão na responsabilidade d o psicólogo e da instituição.

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Já Lopes (2002) fala que na relação entre terapeuta e paciente, ambos se
envolvem em pontos de vista diferentes, que são igualmente importantes, ou se já, na
tarefa de construir os sentidos da existência de um deles. Então, sendo assim, o
psicodiagnóstico não se consiste apenas a preencher as necessidades de compreensão do
psicólogo, com a provável definição da patologia e recomendação de medidas
terapeutas.

2. Desenvolvimento

O presente trabalho se propõe a desenvolver a montagem de um


psicodiagnóstico do artista Alexandre Magno Abrão – Chorão -, nascido em 9 de abril
de 1970 e falecido em 6 de março de 2013 em decorrência de uma overdose de cocaína
com apenas 42 anos.

Os pais se separaram quando ele tinha onze anos. Chorão vivia na rua e parou de
estudar na sétima série. Aos quatorze anos conheceu uma de suas maiores paixões: o
skate, mesmo ano que sua mãe sofreu um derrame e quase morreu. O apelido chorão foi
dado pelos amigos. Na época, ele ainda não sabia andar de skate e ficava apenas
olhando os amigos se divertindo, até que um deles disse "vê se não chora". Foi aí que
veio o apelido ‘chorão’.

No começo só queria fazer parte da galera, mas depois de um ano já estava


competindo, correu um campeonato Brasileiro no Sul. Ele pensava mais na diversão,
no Freestyle (estilo de vida) de viver viajando, ficar de favor no quarto dos outros, e
tinha a casa do pai pra morar, não ligava muito para o dinheiro.

Durante sua infância, Chorão ajudava a entregar pastéis que sua mãe vendia para
conseguir dinheiro. O fato de ter parado de estudar cedo, aos 14 anos de idade, fez com
que ele encontrasse dificuldade em conseguir um emprego fixo, já que não tinha
formação em nada. Aos 17 anos, ele se mudou pra Santos. Conseguiu empregos
temporários como corretor de imóveis e vendedor, mas nada lhe garantiu estabilidade
financeira. As contas estavam sempre atrasadas, inclusive o pagamento de mensalidades
de aluguel, que fizeram com que ele fosse despejado várias vezes. Nessa época, Chorão
era muito brigão, arrumava briga com qualquer um que olhasse pra ele e se metia com
a polícia, foi preso várias vezes; por falta de documento, averiguação e briga.

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Aos 20 anos, casou-se com Thaís Lima, primeira mulher e mãe de seu único
filho, Alexandre Abrão. Na época do casamento, ela foi acusada de ter traído o cantor, e
o caso foi registrado em boletim de ocorrência no 7° DP de Santos, litoral paulista, após
Chorão ter batido no amante depois de ter flagrado eles transando no carro.

Aos 21 anos, Chorão estava em um bar na cidade de Santos assistindo a um


show de uma banda local. Bêbado, ele aproveitou o momento em que o vocalista deixou
o palco para subir e berrar ao microfone, cantando uma letra da banda Suicidal
Tendencies. A apresentação incomodou os presentes, mas chamou a atenção de um
músico que acompanhou a cena. Chorão, então, foi convidado a participar de uma banda
chamada What’s Up como vocalista.

Certo tempo depois, a saída do então baixista da What’s Up levou ao primeiro


contato entre Chorão e Champignon. A amizade rendeu um projeto paralelo, em que
foram convocados o baterista Renato Pelado e os guitarristas Marcão e Thiago
Castanho. Era o início da história do Charlie Brown Jr.

Chorão foi o fundador, vocalista e líder da banda de rock Charlie Brown Jr.,
criada no ano de 1992. A banda atingiu grande repercussão nacional, sendo um grande
fenômeno entre o público jovem, emplacando inúmeras músicas de sucesso. As músicas
falam de skate, mulheres e dificuldades financeiras. A banda lançou dez títulos e vendeu
mais de cinco milhões de cópias. O ‘Charlie Brown’ veio dos quadrinhos e o júnior é
uma homenagem aos pioneiros do rock. Chorão dizia que sua banda era filha de uma
geração de roqueiros.

No verão de 1994, antes de sua banda estourar e se tornar uma das mais
populares do país, Chorão conhece Graziela Gonçalves, personagem central até o resto
de sua vida. Ela teve participação importante na construção do sucesso do Charlie
Brown Jr e foi a grande musa de Chorão, que escreveu inúmeras letras inspirado nela, a
mais famosa está no primeiro álbum da banda, chamada Proibida pra Mim, a letra foi
feita para a sua então namorada, que posteriormente se tornou sua esposa, a quem ele
chamava carinhosamente de Grazon.

“Logo que eu o conheci, falei de um ex-namorado que eu tinha e que usava


drogas. Pó. Eu odiava. Ele me disse que já tinha experimentado, mas que também
odiava. Depois fiquei sabendo que rolava, de tempos em tempos, mas que não era uma

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constante. E ele tentava esconder de mim, porque sabia que a gente iria brigar feio. Ele
teve fases durante a vida”.

Em 1998, com a banda já estabelecida, houve um interesse do casal por


doutrinas religiosas, chegaram a estudar livros do espiritismo de Allan Kardec junto
com um casal de amigos. Chorão ficou muito interessado pela lei de causa e efeito e
passou a acreditar em reencarnação.

Em 2000, quando completava 30 anos, Chorão perdia seu pai, fato que o abalou
profundamente, sempre expressava o desejo de reencontrá-lo.

Um momento emblemático foi sua briga com o líder da banda Los Hermanos no
ano de 2004. Após Camelo criticar a participação do skatista em um comercial da Coca-
Cola, o vocalista do Charlie Brown Jr. ficou irritado. Quando eles se encontraram no
aeroporto de Fortaleza, algum tempo depois, Chorão deu um soco no nariz do carioca,
que o processou por agressão.

O relacionamento entre integrantes de uma banda nem sempre foi amistoso, e as


divergências com Chorão fizeram com que todos seus colegas abandonassem o Charlie
Brown Jr., em 2005. Por seis anos, o vocalista ficou como o único integrante da
formação original, ao lado de outros músicos. Em 2011, Champignon (baixista), Thiago
(guitarrista) e Marcão (guitarrista) retornaram, faltando apenas Pelado (baterista), que
não regressou.

Graziela conta também que Chorão mostrava comportamento paranoico,


conforme relato abaixo:

“Ele tinha paranoias pesadas quando estava ruim. E crises gigantescas de ciúme.
Falou pro irmão: “A Graziela tá me traindo, tô saindo de casa”. Na verdade, ele
precisava de uma desculpa pras pessoas, porque estava saindo de casa pra ir cheirar pó
em hotel. Ele me ligava dia sim, dia não. Eu pedia pra ele voltar, pra se acalmar. Ele
dizia que não estava pronto. Nisso, todo mundo sumiu da minha casa. Ninguém ligava,
tudo aquilo que era minha vida, as pessoas que faziam parte do meu círculo, todo
mundo foi com ele. Com a galinha dos ovos de ouro, né? Eu era a chata que não queria
que o cara usasse drogas”.

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Graziela complementa:

“Ele, por ser um filho do meio, idolatrar o pai e ter um irmão mais velho com
uma personalidade forte e boa pinta, buscava o lugar dele. Não quero culpar ninguém,
mas essa insegurança vinha desse menino que nunca cresceu e que estava dentro dele.
Essa insegurança aparecia em muitos momentos, as pessoas não sabiam como era o
relacionamento dele com os meninos da banda”.

Em 2012, o estopim para a desestabilização emocional foi a frustração por não


poder realizar um antigo sonho: tornar-se bombeiro. Vivia um período de extrema
angústia e não conseguia recuperar sua autoestima profissional, suas variações de humor
eram constantes e cada vez mais preocupantes. Graziela relata tal momento no trecho
abaixo do livro “Se não eu, quem vai fazer você feliz” lançado em 2018:

"Nos últimos anos, a preocupação com o humor dele já tinha se tornado uma
constante na minha vida. Apesar do retorno recente e bem-sucedido da formação antiga
do Charlie Brown Jr. (depois de uma briga que se tornou pública), com uma agenda
cheia de shows para cumprir, o estado de espírito dele era a insatisfação permanente (...)
'Quero fazer alguma coisa que me preencha, que me faça sentir vivo de novo', ele tinha
me dito poucos dias antes (...). Com essa ideia na cabeça, o Alê saiu naquela tarde e foi
até o Corpo de Bombeiros, perto do prédio onde moramos em Santos (...) Ele voltou
para casa depois de algum tempo, com o rosto molhado das lágrimas que ainda caíam.
O Alê descobriu que existe uma série de procedimentos e exigências para ser bombeiro.
Uma delas era a idade, que ele já tinha ultrapassado (...) O Alê, que todos conheciam
como Chorão, tinha alcançado tudo o que um dia sonhara para a sua vida. No entanto,
nunca havia se sentido tão infeliz".

O casal tentou ajuda médica, Chorão passou a tomar remédios controlados e ter
acompanhamento terapêutico, mas logo desistiu do tratamento.

A separação com Graziela se deu em janeiro de 2013, mas os dois não deixaram
de se falar pelo telefone. Ela apostava que, com o distanciamento, o cantor optaria por
se livrar do vício para reconquistar o grande amor da vida dele. A situação, porém, só
piorou. “O Chorão sempre teve dificuldade para lidar com momentos de pressão”, conta
um parente do músico. E assim aconteceu. Enquanto a mulher ficou em Santos, Chorão
passou a perambular por flats na capital paulista. Nas últimas semanas antes de sua

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morte, esteve em quatro. Quando a tristeza e a solidão batiam, o lado bad boy do
roqueiro se manifestava e ele quebrava tudo o que via pela frente. No último dos hotéis,
após um desentendimento com funcionários, o músico resolveu seguir para o seu
apartamento. “Ele acreditava que os empregados do hotel estavam colocando câmeras
no quarto para filmá-lo”, conta o motorista do cantor, Kleber Atalla, primeira pessoa a
encontrá-lo morto. “Ele tomava remédios para dormir e esses comprimidos o faziam
acreditar que estava sendo perseguido”.

Um mês antes de sua morte, a preocupação com o estado da saúde de Chorão era
tanta que houve até mesmo uma tentativa de interná-lo contra sua vontade, a partir de
um laudo médico que orientava o procedimento.

Na madrugada do dia 6 de março de 2013, foi encontrado morto em seu


apartamento na zona oeste paulistana. Tinha 42 anos. Estava de bruços no chão da
cozinha, com as mãos ensanguentadas, em meio a latas de refrigerante e energético,
garrafas de bebidas alcoólicas, ansiolíticos e móveis quebrados. Havia, ainda, um pó
branco que a polícia suspeita se tratar de cocaína.

Posteriormente, O exame toxicológico apontou que o corpo apresentava 4,714


microgramas da droga por mililitro de sangue. Segundo os peritos, foi possível concluir,
a partir dos testes, que a causa da morte foi "intoxicação exógena devido à cocainemia".

Assim, chegava ao fim a trajetória de um dos mais influentes artistas do cenário


do rock nacional do início do século.

3. Genetograma

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4. Testes

Para o melhor conhecimento do caso, sugere-se os seguintes testes:

 Teste de Apercepção Temática ( TAT) – Projetivo - É um método


destinado a revelar ao psicólogo impulsos, emoções, sentimentos
complexos e conflitos marcantes de personalidade.
 Inventário Fatorial de Personalidade (IFP)- Psicométrico - O I.F.P avalia
dimensões ou necessidades da personalidade, além de dois escores de
mentira ou veracidade e de desejabilidade social.
 RORSCHACH- Projetivo - O teste de Rorschach é uma técnica projetiva
que tem como objetivo principal investigar e conhecer todos os cantos da
nossa mente, desde ideias e tendências mais evidentes até nossos medos
e inseguranças mais profundos. Este teste de personalidade tem base na
análise das interpretações que cada pessoa faz de diferentes manchas de
tinta.
5. Conclusão

Mediante o levantamento dos dados apresentados acima, através dos relatos dos
parentes, dados da mídia, genetograma e a anamnese, foram observados vários aspectos
comportamentais enquadrados no Transtorno de Personalidade Borderline e Transtorno
por uso de sustâncias mediante sua utilização excessiva de substâncias tóxicas, suas
variações extremas de humor, sua queixa recorrente de vazio existencial, raiva
descontrolada e a transitória paranoia de perseguição associada ao ciúme excessivo para
com sua esposa.

6. Considerações Finais

Primeiramente, cabe ressaltar, que esse psicodiagnóstico é referente a uma


pessoa já falecida, portanto, não houve uma observação sobre um processo
psicoterapêutico, nem tão pouco entrevista, o que torna esse psicodiagnóstico mais
subjetivo.

O exercício de investigação da vida do personagem escolhido foi muito


interessante para o desenvolvimento do pensamento crítico como futuros profissionais
da psicologia.

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Referências (ABNT)

CUNHA, J.A. Psicodiagnóstico-V.5ª. Ed.rev.Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

Psicodiagnóstico O que é, quando e por que procurar esse serviço Psicologia Explica.
Disponível em. > http://www.psicologiaexplica.com.br/psicodiagnostico-o-que-e-
quando-e-por-que-procurar-esse-servico/. Acesso em . > 13 Ago 2019.

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