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BASES FUNDAMENTAIS PARA

A ENFERMAGEM
AULA 5

Prof.ª Anna Naumes


CONVERSA INICIAL

Nesta aula, iremos apresentar os protocolos das principais vias de


administração de medicamentos, seus materiais necessários e principais
observações.
Algumas formas farmacológicas serão apresentadas juntamente com as
suas vias de administração.
Este descritivo não traz todas as vias de administração existentes, porém,
apresenta as mais frequentes no dia a dia da equipe de enfermagem.

TEMA 1 – A ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTO POR VIAS ENTERAIS

Apresentaremos, a seguir, a descrição dos principais protocolos das vias


enterais.

1.1 Técnica de administração por via oral

Material: prescrição do medicamento; medicação; bandeja de


procedimento; luvas (opcional); embalagem com ou sem graduação de medida
(líquidos), na qual será colocada a medicação; material para administrar o
medicamento; copo com água; suco ou líquidos compatíveis com a medicação
do paciente.
Protocolo (Posso, 2006):

1. Lavar as mãos e calçar as luvas, se houver a possibilidade de contato


com secreções;
2. Conferir e preparar as doses dos medicamentos no copo para sua
administração, conforme sejam sólidos, líquidos ou de dose única, e
depositá-los no recipiente;
3. Explicar ao paciente a técnica ou o medicamento que vamos administrar;
4. Posicionar o paciente de forma adequada (Fowler), considerando as
possíveis contraindicações;
5. Administrar os medicamentos segundo os protocolos estabelecidos na
instituição;
6. Administrar água, sucos, desde que não sejam contraindicados;

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7. Se um paciente apresentar dificuldade para engolir um medicamento,
assegure-se de que ele foi colocado na parte posterior da língua e, ao
mesmo tempo, ofereça água;
8. Permanecer junto ao paciente até que tenha deglutido a medicação
completa. Se houver suspeita de que ele não tenha tomado a medicação,
tentar conferir, sugerindo-lhe que abra a boca para confirmar, observando
embaixo da língua;
9. Descartar os materiais utilizados;
10. Lavar as mãos;
11. Checar e assinar a administração da medicação, dose, horário e demais
observações. Se não foi possível administrá-la, circula-se o horário e
especifica-se as causas.

Observação:
Antes de administrar qualquer medicamento, sempre verificar a regra dos
nove certos.

1.2 Técnica de administração por via gástrica

O paciente que tiver uma sonda nasogástrica ou nasoenteral geralmente


recebe os medicamentos orais por meio de tubos. É importante observar que
esta via de administração deve ser utilizada apenas com medicamentos líquidos
(ou transformados em líquidos, como comprimidos que devem ser macerados e
misturados com água, por exemplo). As cápsulas devem ser abertas e o
medicamento do seu interior misturado com água (observar a completa
dissolução antes da administração. Após realizada a mistura das medicações
com água, utilizamos uma seringa de 20 ml para sua administração.
Material: prescrição médica, bandeja de procedimento, medicação
prescrita, macerador para comprimidos (quando necessário), copo para
dissolução, seringa de 20 ml, luvas de procedimento.
Protocolo:

1. Reunir todo o material e lavar as mãos;


2. Conferir a prescrição médica com a medicação selecionada;
3. Preparar a medicação (dissolução);
4. Orientar o paciente sobre o procedimento e oferecer privacidade;
5. Calçar luvas de procedimento;

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6. Abrir a extremidade da sonda e confirmar o seu posicionamento;
7. Conectar a seringa de 20 ml contendo a medicação e administrá-la
lentamente;
8. Após a administração da medicação, realizar limpeza da sonda com 30 a
60 ml de água;
9. Lavar as mãos e registrar a administração.

Observações:
Para administrar medicamentos via sondas gástricas, o paciente deve ser
mantido em posição de Fowler ou Semifowler, devendo permanecer nessa
posição por, pelo menos, 30 minutos após a administração da medicação. Caso
o paciente esteja em controle hídrico, lembrar de inserir o volume realizado para
a limpeza da sonda. Antes de administrar a medicação, verificar a regra dos nove
certos.

TEMA 2 – ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR VIA TÓPICA

Descrição: os medicamentos dermatológicos e instilações são


administrados mais frequentemente por via tópica.

2.1 Técnica de administração por via transdérmica

Material: prescrição médica, luvas de procedimento, gazes, espátulas,


depressores linguais ou aplicadores, recipiente, soro fisiológico, medicamento
prescrito.
Protocolo:

1. Lavar as mãos e calçar as luvas;


2. Preparar o paciente e explicar o procedimento que será realizado.
Verificar a regra dos nove certos;
3. Lavar e secar a área a ser tratada, se isso for necessário;
4. Aplicar a medicação tópica:
a. Cremes e pomadas: colocar uma quantidade de creme ou pomada
segundo a prescrição médica sobre o aplicador;
b. Loções: agitar a embalagem se for indicado, depositá-la em uma
gaze e aplicá-la sobre a área a ser tratada;
5. Se a medicação for um linimento, aplicá-lo realizando massagem suave
(fricção) na área afetada;
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6. Aerossóis: agitar a embalagem antes de aplicá-la, a uma distância
recomendada de aproximadamente 20 a 30 cm;
7. Sistemas transdérmicos: aplicar na área adequada, segundo as
instruções de aplicação (bula ou prescrição detalhada):
a. Acomodar o paciente;
b. Retirar as luvas;
c. Descartar todo o material utilizado;
d. Lavar as mãos;
e. Devemos checar o tipo de medicamento, doses, horário de
administração e a área de aplicação.

Observações:
Possíveis reações adversas do paciente à medicação devem ser descritas
em detalhes no prontuário do paciente. Anotar incidentes decorrentes de tal
administração.

2.2 Técnica de administração de instilações oftálmicas

Os medicamentos mais utilizados na via oftálmica são os colírios e as


pomadas.
Material: prescrição médica, luvas, medicamento, soro fisiológico,
recipientes, gazes esterilizadas.
Protocolo (Potter, 2018):

1. Lavar as mãos;
2. Comprovar a prescrição, o medicamento, o número de gotas e o olho para
o qual se destina a medicação. Verificar a regra dos nove certos;
3. Explicar ao paciente a técnica a ser realizada. Advertir que, em alguns
casos, o medicamento pode provocar ardor, coceira, sensação de vista
apagada, etc.;
4. Colocar o paciente na posição Fowler ou decúbito dorsal;
5. Calçar as luvas;
6. Administrar o colírio ou pomada oftálmica:
a. Limpar o olho com solução salina a 0,9% ou soluções esterilizadas
quando indicado. O medicamento deve ser aplicado em direção do
saco conjuntival na borda interna do olho;

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b. Colocar o paciente com a cabeça ligeiramente inclinada para trás
e manter o olho do paciente aberto, para facilitar a instilação;
7. Caso se trate de um colírio, este deverá ser instilado no saco conjuntival
inferior o número exato de gotas prescritas. Manter o olho do paciente
aberto e fechá-lo devagar;
8. Se aplicarmos uma pomada oftálmica, pressionar o tubo dessa pomada
no ângulo interno do saco conjuntival, aplicando a quantidade indicada na
prescrição médica. Fechar os olhos do paciente e fazer uma massagem
suave para uma melhor distribuição;
9. Com uma gaze esterilizada, retirar o líquido ou a pomada que tenha ficado
em excesso, assim como a do lado de fora do olho;
10. Acomodar o paciente e observar as possíveis reações adversas e
incidentes durante a administração;
11. Descartar o material utilizado;
12. Lavar as mãos;
13. Checar a técnica e as possíveis intercorrências, se houver.

Observações:
É importante que se evite encostar na córnea ou no saco conjuntival ao
aplicar a medicação.

2.3 Técnica de administração de instilações otológicas

Os medicamentos líquidos que são instilados na cavidade auricular são


denominados gotas otológicas. São administrados no conduto auditivo externo.
Material: prescrição médica, bandeja de procedimento, luvas, gazes, soro
fisiológico, medicamento, recipientes.
Protocolo:
1. Lavar as mãos;
2. Colocar as luvas;
3. Explicar ao paciente a técnica que vamos realizar;
4. Colocar o paciente em decúbito lateral para poder ter acesso ao ouvido
afetado, ou, se o paciente colaborar, colocá-lo sentado com a cabeça
flexionada lateralmente, mantendo o lado da aplicação para cima;
5. Limpar a orelha com uma gaze e soro fisiológico. Secar com outra gaze;

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6. Administrar o medicamento (o número exato de gotas prescritas) com o
auxílio de um conta-gotas;
7. Se o paciente for adulto, traciona-se o pavilhão auricular para cima e para
trás com delicadeza, para facilitar a visualização do conduto auditivo e
instila-se o medicamento;
8. Em crianças menores de dois anos, devemos tracionar o pavilhão
auricular para baixo para favorecer a entrada do medicamento e visualizar
melhor o conduto auditivo;
9. Recomendar ao paciente para que espere cerca de cinco minutos na
posição para reter o medicamento;
10. Descartar o material utilizado;
11. Lavar as mãos;
12. Registrar e checar as observações e as possíveis intercorrências durante
a técnica e as reações adversas.

Observações:
É aconselhável eliminar as primeiras gotas do medicamento num
recipiente antes de administrá-lo para retirar da cânula da embalagem possíveis
micro-organismos, evitando, assim, possíveis contaminações; e controlar a
velocidade de saída do medicamento pela cânula da embalagem, para, dessa
forma, garantir que a dose exata de gotas prescritas pelo médico seja
administrada. Não tapar o ouvido com algodão, salvo se estiver indicado ou
prescrito pelo médico, pois o algodão pode absorver o medicamento reduzindo
a dose e, consequentemente, sua eficácia. Antes de administrar a medicação,
verificar a regra dos nove certos.

TEMA 3 – ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR VIA RESPIRATÓRIA

Os medicamentos administrados por esta via agem no aparelho


respiratório e são indicados no tratamento de doenças como asma, bronquite ou
mesmo infecções pulmonares.
Vantagens e desvantagens do uso de inaladores:

• Vantagens: são necessárias pequenas doses do fármaco, alcançam


diretamente a área afetada e apresentam poucos efeitos secundários;
• Desvantagens: a técnica de aplicação deve seguir instruções muito
precisas, podem produzir irritação faríngea e existe a possibilidade de

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aplicar doses incorretas ao não controlar o manuseio adequado do
inalador.

Tipos de inaladores:

• Inaladores dosadores pressurizados: consistem em um cilindro ou


cartucho que contém a medicação e o gás e uma válvula dosadora que
libera uma dose pré-fixada ao acioná-la;
• Câmaras de inalação ou espaçadores: dispositivos que se interpõem
entre a boca do paciente e o inalador, para minimizar os problemas de
coordenação entre a ativação do sistema e a inspiração do paciente.
Apresentam diferentes formas e tamanhos e são feitos de diversos
materiais;
• Inaladores de pó seco: são sistemas unidoses ou multidoses que
proporcionam a dose adequada do fármaco. Têm a vantagem de
necessitar de um fluxo respiratório mais baixo do que outros sistemas,
facilita o manuseio;
• Sistemas de nebulizadores: são compostos de uma fonte de ar
comprimido ou oxigênio (compressor ou sistema central), um nebulizador
(alguns possuem um microprocessador no qual a dose do fármaco é
adaptada à inspiração do paciente).

Devido à dificuldade que os pacientes apresentam para conciliar a


inspiração durante a aplicação do medicamento, atualmente se recomenda o uso
de inaladores pressurizados com câmara de inalação (chamados espaçadores).
No caso dos pacientes pediátricos, o uso dessas câmaras é obrigatório, por
causa da dificuldade adicional que esses pacientes apresentam. Essa câmara
deve ser usada com máscara nos pacientes menores de três anos.

3.1 Técnica de administração por via respiratória com câmaras de inalação

São aparelhos que facilitam o uso dos inaladores pressurizados e que,


além disso, têm a vantagem de diminuir a irritação da faringe.
Descrição: a câmara espaçadora aumenta a distância entre o inalador e
a boca do paciente. Este pode respirar normalmente, motivo pelo qual se
simplifica o uso de inaladores pressurizados.
Material: prescrição médica, bandeja de procedimento, inalador, câmara
de inalação (espaçador) e luvas.
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Protocolo:

1. Lavar as mãos, calçar as luvas e solicitar ao paciente que permaneça


sentado (posição de Fowler);
2. Explicar a técnica ao paciente. Este deve ser orientado a respirar lenta e
profundamente, realizando uma parada ao final da inspiração;
3. Destampar e agitar o cartucho, colocando o inalador em posição vertical
com o bocal na parte inferior, entre os dedos indicador e polegar;
4. Acoplar o cartucho à câmara de inalação;
5. Expirar lenta e profundamente;
6. Acoplar os lábios ao bocal da câmara inaladora;
7. Acionar o dispositivo somente uma vez, respirar dez vezes e repetir o
número de vezes prescritas.
8. Respirar várias vezes por meio do bocal para assegurar que toda a dose
foi administrada;
9. Tentar segurar a respiração pelo menos por dez segundos, ou o que o
paciente aguentar;
10. Enxaguar a boca;
11. Limpar o material previamente desmontado com água e sabão e secar:
12. Lavar as mãos;
13. Checar e registrar a administração e as possíveis intercorrências.

Observações:
Se forem detectadas ranhuras ou mau funcionamento no equipamento
durante a limpeza, descarte-o. Antes de administrar a medicação, verificar a
regra dos nove certos.

3.2 Técnica de administração de medicamentos por via retal

Por esta via, podemos administrar supositórios e enemas. É possível


utilizar como via alternativa à via oral, se esta for desaconselhada.
Material: prescrição médica, bandeja de procedimento, luvas de
procedimento, supositórios ou enemas, lubrificante, lenços umedecidos ou
gazes.
Protocolo:

1. Lavar as mãos e calçar as luvas;


2. Colocar o paciente em decúbito lateral esquerdo (posição de Sims);

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3. Retirar o supositório da sua embalagem e colocá-lo numa gaze. Para os
enemas, retirar a tampa e lubrificar;
4. Com a mão não dominante, separar os glúteos para visualizar o esfíncter
anal e, com a outra mão, inserir o supositório lubrificado ou o aplicador do
enema no reto do paciente. Pode-se recomendar ao paciente que respire
pela boca, o que relaxa a musculatura envolvida;
5. Juntar as nádegas até comprovação de que a medicação foi retida;
6. Limpar suavemente com uma gaze os restos do lubrificante e/ou
medicamento;
7. Checar a hora e registrar as intercorrências, se houver.

Observação:
Pacientes que possuem hemorroidas devem ser avaliados antes e após
a medicação. Sempre checar a regra dos nove certos.

3.3 Técnica de administração de medicamentos por via vaginal

Os medicamentos administrados por esta via são introduzidos na vagina.


As indicações de administração são recomendadas pelo fabricante, já que em
muitos casos, dispõe de um aplicador ou dispositivo que facilita a introdução do
medicamento no local correto.
Os medicamentos que são administrados por essa via se apresentam em
forma de pomada, creme, óvulos, supositórios e comprimidos vaginais.
Material: prescrição médica, bandeja de procedimento, luvas de
procedimento, medicação prescrita, lubrificante, lenços umedecidos ou gazes.
Protocolo (Posso, 2006):

1. Lavar as mãos e calçar as luvas;


2. Colocar o paciente em decúbito dorsal, com as pernas flexionadas,
afastadas (posição Ginecológica);
3. Explicar o procedimento para a paciente;
4. Com a mão não dominante, separar os grandes e pequenos lábios para
visualizar o introito vaginal e, com a outra mão, inserir o medicamento com
o auxílio de aplicador ou dispositivo no canal vaginal, solicitando que a
paciente relaxe durante a aplicação;
5. Retirar o aplicador ou dispositivo, observando se todo o medicamento foi
depositado no local correto;

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6. Limpar suavemente com uma gaze o local;
7. Checar a hora e registrar as intercorrências, se houver.

Observação:
Sempre observar e avaliar as condições de higiene do local antes da
administração tópica. Sempre checar a regra dos nove certos.

TEMA 4 – ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR VIA PARENTERAL

A administração de medicamentos por meio de injeções é considerada um


procedimento invasivo e deve ser realizada de forma asséptica, sendo
necessários equipamentos estéreis e descartáveis específicos para cada uma
das técnicas de administração injetáveis.

4.1 Técnica de administração de medicamentos por via intradérmica

O medicamento é aplicado entre a derme e a epiderme, sofrendo lenta


absorção sistêmica. Esta via é utilizada para a administração de pequenos
volumes (0,1 ml a 0,5 ml). Geralmente, utilizada em testes alérgicos e
tuberculínicos, aplicação de vacinas e anestesia local.
Locais de aplicação intradérmica: terço médio da face ventral do
antebraço; região escapular. A inserção inferior do deltoide direito foi
padronizada para a aplicação da vacina BCG.
Material: prescrição médica, bandeja previamente desinfetada com álcool
70%, medicação prescrita e identificada, seringa de 1 ml, agulha pequena e fina
com bisel curto, gaze e álcool 70%, luvas de procedimento, caneta marcadora
(se for o caso).
Protocolo:

1. Lavar as mãos;
2. Calçar as luvas;
3. Analisar e identificar a região a ser utilizada, realizando a antissepsia do
local com movimentos em espiral de dentro para fora, com gaze e álcool
70%, deixando secar naturalmente;
4. Distender a pele com os dedos indicador e polegar da mão não-
dominante, de maneira a deixá-la levemente tracionada;
5. Introduzir a agulha com o bisel posicionado para cima, formando um
ângulo entre 15º e 10º com a pele do local;
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6. Certificar-se de que somente o bisel foi introduzido sob a pele, geralmente
num total de 2 mm;
7. Lentamente, injetar o medicamento até completar o volume prescrito,
observando a formação de uma pápula;
8. Retirar a agulha, acionando o sistema de proteção. Nunca reencape a
agulha;
9. Não esfregar o local;
10. Orientar o paciente para não esfregar e nem coçar o local e suas
adjacências;
11. Recolher o material e organizar o ambiente;
12. Descartar a agulha sem desconectar a seringa em recipiente adequado
conforme plano de resíduos;
13. Caso seja necessário, proceder à marcação do local com a caneta
marcadora, para posterior leitura;
14. Retirar as luvas e lavar as mãos;
15. Realizar as anotações no prontuário, descrevendo quaisquer
intercorrências.

Observações:
Na técnica de injeção intradérmica, não aspiramos o êmbolo antes de
injetar o medicamento, uma vez que não existe a possibilidade anatômica de se
atingir algum vaso.
Quando a pápula não é observada, deve-se realizar outra punção a pelo
menos 5 cm de distância do local, pois provavelmente a injeção atingiu as
camadas subcutâneas.
A leitura dos testes alérgicos é feita geralmente entre 24 e 48 horas. Caso
o paciente descreva prurido intenso, podem ser aplicadas compressas frias no
local, porém, nunca deve ser friccionado o local.

4.2 Técnica de administração de medicamentos por via subcutânea

O medicamento é aplicado no tecido subcutâneo, abaixo da pele do


paciente. A velocidade de absorção é lenta, o que proporciona um efeito
prolongado e contínuo da medicação.

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Esta via é utilizada para a administração de pequena quantidade de
medicamento (0,5 ml a 1 ml). Esse tecido é escasso em vasos sanguíneos e
nervos calibrosos, o que diminui a sensação dolorosa.
Geralmente, é escolhida para medicações como anticoagulantes,
hipoglicemiantes e vacinas (antirrábica e antissarampo).
Locais de aplicação da injeção subcutânea: face externa e posterior do
braço; abaixo das margens costais e acima da crista ilíaca, 2 cm circundando a
cicatriz umbilical, face externa ou anterior das coxas, abaixo da escápula, região
ventroglútea.
Material: prescrição médica, bandeja previamente desinfetada com álcool
70%, medicação prescrita e identificada, seringa e agulha escolhidas conforme
descrito na aula anterior, uma agulha para aspiração do medicamento, gaze e
álcool 70%, luvas de procedimento, caneta marcadora (se for o caso).
Protocolo:

1. Lavar as mãos;
2. Calçar as luvas;
3. Analisar e identificar o local de aplicação, sempre atentando para o rodízio
dos locais de aplicação;
4. Posicionar o paciente adequadamente conforme o local escolhido;
5. Expor a área de aplicação, analisando a presença de equimoses,
inflamações, edema local, nódulos ou sinais flogísticos;
6. Realizar a antissepsia do local com movimentos em espiral de dentro para
fora, com gaze e álcool 70%, por três vezes completas, deixando secar
naturalmente;
7. Pinçar a pele com os dedos indicador e polegar da mão não dominante,
proporcionando uma elevação do tecido subcutâneo por meio de uma
prega adiposa de cerca de 2,5 cm;
8. Introduzir a agulha com o bisel lateralizado, rápida e delicadamente, sem
tracionar o êmbolo da seringa. O ângulo de introdução é de 45º com a
pele;
9. Soltar a prega e injetar a medicação lentamente até completar o volume
desejado;
10. Retirar a agulha, acionando o sistema de proteção. Nunca reencape a
agulha;

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11. Observar o local da punção para identificação de hematomas ou reação
alérgica;
12. Recolher o material e organizar o ambiente;
13. Descartar a agulha sem desconectar a seringa em recipiente adequado
conforme plano de resíduos;
14. Retirar as luvas e lavar as mãos;
15. Realizar as anotações no prontuário, identificando o local escolhido e
descrevendo quaisquer intercorrências.

Observações:
Para a minimização da dor, pode-se aplicar uma compressa fria no local
antes do procedimento.

4.3 Administração de medicamentos por via intramuscular

O medicamento é aplicado no tecido intramuscular. A velocidade de


absorção é maior que as outras vias já apresentadas acima, devido à
vascularização do tecido muscular. Esta via é utilizada para a administração de
volumes de medicação (entre 1 a 5 ml, dependendo da escolha do músculo).
Diversas medicações podem ser administradas pela via intramuscular. As
vacinas de hepatite B e a tríplice bacteriana DTPA (tétano, difteria e coqueluche)
são aplicadas por essa via.
Locais de aplicação para injeções intramusculares:

• Ventroglútea ou Hochstter: administrado no glúteo médio, que pode ser


localizado com a técnica de posicionar a palma da mão contrária à porção
do trocanter maior escolhido (mão direita/trocanter esquerdo e vice-
versa), com o punho perpendicular ao fêmur. O polegar deve ser apontado
para a virilha do paciente. Abrir a mão identificando com o dedo indicador
a extremidade da espinha ilíaca anterossuperior e o dedo médio
estendendo-se para trás, até a crista ilíaca no sentido da nádega. O dedo
indicador e médio formam um triângulo em forma de V, e o local da injeção
é o centro desse triângulo (Paula, 2016);
• Dorsoglútea: administrado no quadrante externo superior do glúteo maior.
Para delimitar corretamente este quadrante, siga a seguinte técnica:
traçar uma linha horizontal imaginária do final da prega glútea à espinha
ilíaca, e uma linha vertical exatamente no meio dessa linha horizontal,

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dividindo a nádega em quatro partes iguais. A injeção deve ser realizada
no quadrante externo superior (conforme figura 1).

Figura 1 – Injeção intramuscular

Crédito: Designua/Shutterstock.

• Deltoide: para a identificação correta deste local de aplicação, exponha


totalmente a parte superior do braço e o ombro do paciente. O paciente
deve relaxar o braço e flexionar levemente o cotovelo. Palpe a borda
inferior do acrômio, considerando três dedos abaixo do processo do
acrômio, ou seja, cerca de 3 a 5 centímetros abaixo do acrômio (Potter,
2018).;
• Vasto Lateral da Coxa: administrado no músculo localizado na face lateral
anterior da coxa. Para correta localização, divida a coxa em três porções
e aplique a medicação no terço médio da coxa, na lateral.

Material: prescrição médica, bandeja previamente desinfectada com


álcool 70%, medicação prescrita e identificada, seringa e agulha escolhidas

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conforme descrito na aula anterior, uma agulha para aspiração do medicamento,
gaze e álcool 70%, luvas de procedimento, fita adesiva ou etiqueta protetora.
Protocolo:

1. Lavar as mãos;
2. Calçar as luvas;
3. Analisar e identificar o local de aplicação, considerando os volumes
máximos que cada músculo comporta (ver aula anterior);
4. Posicionar o paciente adequadamente conforme o local escolhido;
5. Expor a área de aplicação, palpar o músculo escolhido avaliando a
presença de nódulos, equimoses e lesões endurecidas;
6. Realizar a antissepsia do local com movimentos em espiral de dentro para
fora, com gaze e álcool 70%, por três vezes completas, deixando secar
naturalmente;
7. Com a mão não dominante, estabilize o músculo entre o polegar e os
dedos da mão;
8. Introduzir a agulha com o bisel lateral em relação às fibras musculares,
de maneira rápida, delicada e firme. O ângulo de introdução é de 90º com
a pele;
9. Soltar a prega e com a mão não dominante, tracionar o êmbolo para
verificar se não atingiu nenhum vaso sanguíneo. Injetar a medicação
lentamente até completar o volume desejado;
10. Retirar a agulha, acionando o sistema de proteção. Nunca reencape a
agulha. Fazer uma leve pressão com a gaze sem massagear o local;
11. Observar o local da punção para identificação de hematomas. Proteger o
local com a fita/etiqueta;
12. Recolher o material e organizar o ambiente;
13. Descartar a agulha sem desconectar a seringa em recipiente adequado,
conforme plano de resíduos;
14. Retirar as luvas e lavar as mãos;
15. Realizar as anotações no prontuário, identificando o local escolhido e
descrevendo quaisquer intercorrências.

Observações:
Caso haja retorno de sangue ao tracionar o êmbolo, retirar agulha do local,
desprezar todo o material e reiniciar o procedimento, aplicando em outro local.

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TEMA 5 – ADMINISTRAÇÃO DE MEDICAMENTOS POR VIA INTRAVENOSA

A via intravenosa é utilizada quando é necessária a administração de


medicamentos com ação rápida, ou quando se deseja o estabelecimento de
níveis sanguíneos terapêuticos constantes, além do controle sobre a quantidade
de medicação administrada.
Outras vantagens do uso dessa via é a possibilidade de administrar
medicamentos que são altamente alcalinos e irritantes aos tecidos musculares e
subcutâneos, e que são mal absorvidos pelo trato gastrointestinal ou
prejudicados pelo suco gástrico.
A terapia intravenosa pode ser feita de diferentes maneiras, dependendo
de algumas características:

• Bolus: a administração realizada em tempo menor ou igual a 1 minuto.


Geralmente é feito por meio de seringa;
• Infusão rápida: administração intravenosa realizada entre 1 e 30
minutos;
• Infusão lenta: administração intravenosa realizada entre 30 e 60 minutos;
• Infusão contínua: administração realizada em tempo superior a 60
minutos, ininterruptamente;
• Infusão intermitente: administração não contínua, por exemplo,
medicações de 6 em 6 horas. Para esse tipo de terapia, é importante a
preocupação com a manutenção da permeabilidade do cateter que
permanecerá com dispositivo para vedar ou fechar o cateter disponível na
instituição.

Importante: avaliar a prescrição médica conferindo o tipo de solução, o


volume e o fluxo de infusão desejado. Revisar informações técnicas (incluindo
indicação, posologia, efeitos colaterais etc.) sobre a solução prescrita para
administrá-la de maneira segura. Avaliar o acesso venoso do paciente e o
entendimento do paciente com relação à terapia prescrita. Certificar-se de que o
acesso venoso está pérvio.

5.1 Técnica de punção venosa periférica

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Material: prescrição médica, bandeja de procedimento, luvas de
procedimento, gazes, álcool 70%, garrote, cateter venoso periférico, gaze estéril,
fita para fixação, extensor multivias.
Protocolo:

1. Reunir todo o material;


2. Lavar as mãos e calçar as luvas de procedimento;
3. Inspecionar os locais de punção para escolha da veia que será
puncionada, aproveitando este momento para explicar o procedimento ao
paciente;
4. Colocar o garrote 10 a 15 cm acima do local de punção escolhido;
5. As veias mais utilizadas são: cefálica, basílica e cubital mediana;
6. Quando iniciar a terapia endovenosa, iniciar sempre a punção pelas veias
mais distais;
7. Visualizar e palpar a veia com a ponta dos dedos;
8. Solicitar que o paciente abra e feche a mão e que a mantenha fechada
durante a punção;
9. Fazer a antissepsia da pele utilizando uma gaze embebida em álcool 70%.
10. Fixar a veia selecionada colocando o polegar sobre a veia abaixo do local
de punção e esticando a pele;
11. Inserir o cateter com o bisel voltado para cima com um ângulo entre 10º e
30º com a pele, seguindo o trajeto da veia;
12. Observar o refluxo de sangue na câmara de refluxo do cateter;
13. Introduzir o cateter para o interior da veia enquanto mantém o mandril
imóvel;
14. Soltar o garrote e pressionar com o dedo indicador 3 cm acima do local
da inserção do cateter;
15. Retirar o mandril e conectar o extensor de múltiplas vias previamente
preenchido com solução salina isotônica (SF 0,9%);
16. Fixar o cateter com fita para fixação abaixo do canhão do cateter, com o
adesivo voltado para cima, dobrando as extremidades da fita e fixando-as
na pele. Deve-se colocar uma segunda fita sobre o canhão do cateter e,
então, cobrir o ponto de inserção com outro pedaço de fita para fixação;
17. Colocar identificação contendo data, hora, número do cateter e nome do
profissional que realizou o procedimento;

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18. Desprezar os materiais nos recipientes adequados, higienizar a bandeja
e organizar o ambiente;
19. Retirar as luvas, lavar as mãos e registrar o procedimento.

Observações:
Sempre devemos estar atentos para a permeabilidade dos acessos
venosos, principalmente avaliando imediatamente antes da aplicação dos
medicamentos.

NA PRÁTICA

Você precisa realizar a prescrição médica de injeção de 0,6 ml de


adrenalina subcutânea ao paciente sob seus cuidados. O paciente é um senhor
de 92 anos, bastante emagrecido, já com sinais de caquexia, fragilidade e muito
pouco tecido adiposo subcutâneo.
Como você pode ter certeza de que fará a administração corretamente,
escolhendo os melhores materiais para auxiliar a sua técnica?
Primeiramente, você deve avaliar o seu paciente, tendo em mente os
principais locais para a administração subcutânea (face externa e posterior do
braço; abaixo das margens costais e acima da crista ilíaca, 2 cm circundando a
cicatriz umbilical, face externa ou anterior das coxas, abaixo da escápula, região
ventroglútea). Você deve identificar onde o paciente possui maior quantidade de
tecido adiposo.
Pode, ainda, escolher a agulha 13x4,5, que facilita a injeção, tanto devido
ao seu comprimento mais curto, quanto ao seu calibre menor, auxiliando com a
fragilidade da pele.
Lembrar de realizar a prega cutânea, para que mesmo sem muito tecido
palpável, você possa “fixar” o tecido conjuntivo (subcutâneo) entre seus dedos,
apesar da flacidez local (seu paciente tem mais de 90 anos!).
Com essas medidas, você terá tranquilidade para realizar uma medicação
subcutânea, apesar das particularidades de seu paciente.

FINALIZANDO

Apresentamos, nesta aula, as principais técnicas de administração de


medicamentos, com suas principais características, vantagens e desvantagens.

19
Ao final desta aula, você deve ser capaz de descrever quais são as
técnicas de administração de medicamentos, os principais locais de aplicação
das injeções e suas particularidades.

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REFERÊNCIAS

BARROS, E.; BARROS, H. M. T. (Org.). Medicamentos na prática clínica.


Porto Alegre: Art-med, 2010.

COSTA, A. L. J.; EUGENIO, S. C. F. Cuidados de enfermagem. Porto Alegre:


Artmed, 2014.

PAULA, M. et al. Semiotécnica – Fundamentos Para a Prática Assistencial de


Enfermagem. Barueri: Grupo GEN, 2016. Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595151673/>. Acesso
em: 11 abr. 2021.

POSSO, M. B. S. Semiologia e semiotécnica de enfermagem. São Paulo:


Editora Atheneu. 2006.

POTTER, P. Fundamentos de Enfermagem. Barueri: Grupo GEN, 2018.


Disponível em:
<https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788595151734/>. Acesso
em: 11 abr. 2021.

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