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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS

ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


CURSO DE DIREITO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV


TURMA B01
Profa. Ms. Carolina Chaves Soares

Email: carolchaves10@gmail.com
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PLANO DE ENSINO 2017-2

UNIDADE ESCOLA DE DIREITO E RELAÇÕES INTERNACIONAIS


COORDENAÇÃO DIREITO
DISCIPLINA DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV
CÓDIGO JUR 3314 CRÉDITOS 04
TURMA B01 3ª e 6ª, 17:00 – 18:30
PROFESSORA CAROLINA CHAVES SOARES
carolchaves10@gmail.com

EMENTA
Processo Principal. Processo Cautelar. Poder Geral da Cautela. Medidas Cautelares
Nominadas e Inominadas. Procedimento da Ação Cautelar. Extinção da Medida Cautelar.
Reparação do Dano. Feitos de Procedimento Especial. Consignação em Pagamento. Ação
de Depósito de Contas. Ações Possessórias. Divisão e Demarcação de Terras. Ação de
Usucapião. Inventário e Partilha. Ação Monitória. Alienações Judiciais. Separação
Consensual. Curatela dos Interditos e Tutela dos Órfãos. Do processo nos Juizados
Especiais Cíveis. Procedimentos Especiais de Jurisdição voluntária.

OBJETIVO GERAL
Estudar a tutela provisória, como instrumento de efetividade processual, bem como
analisar as principais ações de procedimentos especiais, inclusive o procedimento dos
juizados especiais.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Conceituar a tutela provisória e identificar suas características principais, bem como os
requisitos para a sua concessão.
- Comparar as tutelas de urgência e de evidência.
- Analisar os principais procedimentos especiais de jurisdição contenciosa e as linhas
gerais da jurisdição voluntária.
- Estudar os processos de conhecimento e de execução perante os juizados especiais
cíveis.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

UNIDADE I. DA TUTELA PROVISÓRIA


UNIDADE II. DA TUTELA DE URGÊNCIA
UNIDADE III. DA TUTELA DE EVIDÊNCIA
UNIDADE IV. DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
UNIDADE V. DO PROCESSO NOS JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS
UNIDADE VI. DA AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
UNIDADE VII. DAS AÇÕES POSSESSÓRIAS
UNIDADE VIII. DA AÇÃO DE EXIGIR CONTAS
UNIDADE IX. DA AÇÃO MONITÓRIA
UNIDADE X. DA OPOSIÇÃO
UNIDADE XI. DA USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL
UNIDADE XII. DA AÇÃO DE DIVISÃO E DEMARCAÇÃO DE TERRAS PARTICULARES
UNIDADE XIII. DA AÇÃO DE DISSOLUÇÃO PARCIAL DE SOCIEDADE
UNIDADE XIV. DA HABILITAÇÃO
UNIDADE XV. DA HOMOLOGAÇÃO DE PENHOR LEGAL
UNIDADE XVI. DA RESTAURAÇÃO DE AUTOS
UNIDADE XVII. DOS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA
UNIDADE XVIII - OUTROS PROCEDIMENTOS ESPECIAIS
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ATIVIDADE EXTERNA DA DISCIPLINA (AED)


A AED tem como objetivo compor a carga horária e, simultaneamente, concorrer para o
aprofundamento dos estudos por meio da pesquisa que estimule o rigor científico. Ela
consistirá na resposta aos questionários constantes do Roteiro de Aulas da disciplina.

I - Objetivo da AED: complementar o estudo do Direito Processual Civil.

II – Descrição da AED: responder ao questionário constante do Roteiro de Aulas da


disciplina.

III – Cronograma: as respostas ao questionário devem ser entregues até o dia 07 de


novembro de 2017.

IV – Forma de Registro: o questionário deve ser respondido de forma manuscrita, com


letra legível, em documento a ser entregue para a professora. Não é necessário copiar as
perguntas, mas as questões devem ser respondidas sequencialmente.

V – Critério de Avaliação: serão atribuídas até 08 frequências para as atividades, a serem


entregues até 07/11/17. O aluno que não apresentar as atividades terá as faltas
acrescentadas.

VI – Bibliografia de Consulta

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. Salvador:


Juspodium, 2017.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. Rio de Janeiro:


Forense, 2017. vol. 2.

MATERIAL DE APOIO

Facebook: Direito em Cartaz.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Novo Código de Processo Civil Comentado. Salvador:
Juspodium, 2016.

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL. Novo Código de Processo Civil anotado. Porto
Alegre: OAB RS, 2015.

Roteiro de aulas da disciplina, elaborado pela professora.

Site Dizer o Direito – www.dizerodireito.com.br

METODOLOGIA

As atividades serão desenvolvidas mediante os seguintes procedimentos de ensino: aula


expositiva e dialogada; perguntas/ problematizações; estudos escritos; atendimento a
alunos; estudo de caso e pesquisa bibliográfica com resposta a questionário.

AVALIAÇÃO

N1:
- A 1ª N1 será aplicada em 05/09/17.
- A 2ª N1 será aplicada em 03/10/17.
- A N1 vale 10 pontos e tem peso 4.
4

N2:
- A 1ª N2 será aplicada em 10/11/17.
- A 2ª N2 será aplicada em 12/12/17.
- A N2 vale 10 pontos e tem peso 6.
- 1 ponto da 2ª N2 refere-se à atividade de estudos interdisciplinares; 1 ponto da média
de N2 refere-se à nota da avaliação interdisciplinar. Consequentemente, a prova da 1ª
N2 valerá 9,0 e a da 2ª N2 valerá 8,0.

Regras comuns às avaliações:


- A média para aprovação é 5,0 (cinco).
- As avaliações serão feitas por múltiplos instrumentos, podendo conter questões
objetivas, subjetivas e estudos de caso.
- Eventual reclamação quanto à correção da prova deverá ser feita no dia da devolução
da atividade, que é sempre o 1º dia de aula após a sua realização.
- As datas acima previstas poderão ser alteradas em caso de imprevistos no calendário
acadêmico.
- O profissional do Direito precisa entender a sociedade na qual está inserido, devendo
estar informado sobre o que acontece em âmbito nacional e internacional. Assim, em
todas as avaliações haverá uma questão extra sobre atualidades/ conhecimentos
gerais.
- Essa professora somente aplica as avaliações descritas nesse plano de ensino (não há
trabalhos extras, prova de repescagem, etc.), devendo o aluno alcançar a média mínima
de 5,0 com essas atividades (a média não é 4,9 ou 4,95).

Prova substitutiva:
- A professora não aplica 2ª chamada de trabalho ou prova.
- Nos casos de deferimento de avaliação substitutiva, via processo administrativo, será
aplicada uma única avaliação para a N1, no dia 06/10/17, e outra para a N2, no dia
15/12/17. A prova abordará todo o conteúdo dado até o dia de sua realização.

Informes sobre a avaliação interdisciplinar:


- A prova será aplicada pela PUC-GO, em 09 de novembro de 2017.
- A avaliação conterá 40 questões, sendo 10 de formação geral e 30 de formação
específica.
- A avaliação interdisciplinar vale 1 ponto na média da N2.

Frequência:
- O aluno é reprovado se não obtiver 75% de presença na disciplina.
- Como já explicitado no tópico próprio, deverão ser desenvolvidas 8 horas-aula a título
de AED. O aluno que não fizer as atividades terá acrescidas 8 faltas.

Estudos interdisciplinares:
- O tema dos estudos interdisciplinares em 2017-2 é “Direitos humanos e garantias
fundamentais”.
- Os estudos interdisciplinares são planejados e organizados pela Coordenação do Curso
de Direito. As datas e horários dos eventos serão divulgadas na página Direito em Cartaz
(Facebook), bem como o modo de inscrição.
- O aluno deve participar de um dos debates e apresentar cópia do respectivo certificado,
sendo a atividade valorada em 1 ponto na 2ª N2.
- Na impressão do certificado, deve-se ter o cuidado para que apareça o código de
validação.
- O prazo máximo para apresentação do certificado é 08 de dezembro 2017. O aluno que
deixa para fazer a atividade em cima da hora corre o risco de não conseguir emitir o
certificado a tempo; a professora não assumirá o ônus da escolha do aluno.
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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Direito Processual Civil esquematizado. São


Paulo: Saraiva, 2017.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de direito processual civil. Salvador:


Juspodium, 2017.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil. Rio de Janeiro:


Forense, 2017. vol. I e II.

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

DIDIER JÚNIOR, Fredie et al. Curso de direito processual civil. Salvador: Juspodivm,
2017. vol. 2 (apenas tutela provisória).

MARINONI, Luiz Guilherme et al. Novo Curso de Processo Civil. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2017. vol. 2 (apenas tutela provisória) e vol. 3 (apenas procedimentos
especiais).
VII. OBSERVAÇÕES

1) Todas as informações relativas às aulas e às avaliações são dadas em sala de aula. É


responsabilidade do aluno se manter informado, principalmente se ele tiver faltado à
aula.

2) Em hipótese alguma essa professora aceita atividades fora do prazo.

3) Atividades plagiadas (da internet ou entre alunos) não serão valoradas.

4) O aluno deve obter sua nota no decorrer do semestre, realizando as avaliações


descritas acima. Não há outras atividades nem concessão de pontuação fora do
estabelecido nesse plano de ensino.

5) Os únicos critérios de aprovação são presença e nota. O aluno que é bolsista, que
depende de ajuda familiar para pagar o curso, que trabalha o dia todo, etc., deve ter
plena consciência de sua situação do início ao fim do semestre.

6) Conforme previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o aluno pode faltar a


25% das aulas. Os acontecimentos da vida estão abrangidos nesses 25% de falta, ou
seja, não há abono em caso de aniversário, compromisso profissional, comparecimento a
eventos, ida a dentista, mal estar, etc.

7) A chamada será feita no início da aula. A professora não atribuirá presença ao aluno
que não responder a chamada no momento correto.

8) A professora não atribui falta ao aluno que responde à chamada. Assim, alegações do
tipo “mas eu não tive essas faltas” são inúteis, porque não haverá alteração do que foi
registrado.

9) É obrigatório levar o Código de Processo Civil em todas as aulas.

10) O estudo do direito processo civil exige a compreensão de uma sequência: cada aula
que o aluno falta ou chega atrasado interfere negativamente em sua aprendizagem.

11) Se o aluno tem compromissos no período de aula, deve se matricular em outro


horário.
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12) Os livros constantes da bibliografia são uma indicação, mas o bom livro é aquele que
o aluno gosta de ler. Entretanto, resumos, sinopses e apostilas são obras destinadas a
recordação, não constituindo em fonte de estudo para o aluno de graduação.

13) Não se esqueça de desligar o celular ao entrar em sala de aula.

14) O processo de ensino aprendizagem exige um ambiente próprio: evite conversas


paralelas, elas atrapalham os colegas e a professora. Da mesma forma, os aparelhos
eletrônicos devem ser utilizados apenas para fins acadêmicos.

15) O atendimento ao aluno é feito em sala de aula ou por email


(carolchaves10@gmail.com).

16) Não há como aprender Direito sem ler! O aluno deve estudar o conteúdo da
disciplina através de livro doutrinário.

17) É importante que o operador do direito conheça a jurisprudência do STF e do STJ. O


site “www.dizerodireito.com.br” expõe o conteúdo dos informativos de jurisprudência
desses tribunais de forma bastante didática.

QUESTIONÁRIO DA AED
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1) Segundo o Superior Tribunal de Justiça, em quais espécies de ação de conhecimento


(declaratória, constitutiva e condenatória) é cabível tutela antecipada? Explique.

2) Existe restrição à concessão de tutela provisória contra a Fazenda Pública? Quais?

3) Quando é cabível a ação de exigir contas? Explique.

4) Qual a diferença entre a ação de exigir contas e a ação de prestação de contas, prevista
no CPC/1973?

5) A ação de exigir contas possui 2 fases. Qual a finalidade de cada uma delas?

6) Qual a finalidade da ação de divisão de terras? Quem pode propô-la?

7) Qual a finalidade da ação de demarcação de terras? Quem pode propô-la?

8) Em que consiste a remoção do inventariante? Em que situações ela pode ocorrer?

9) João é filho de Pedro, que faleceu. Após alguns meses do falecimento de Pedro, João
descobre que seus irmãos por parte de pai requereram o inventário judicial, mas que o
inventariante não informou sobre sua existência. Nesse caso, como João deverá proceder?
Explique.

10) Quando é cabível o arrolamento? Explique.

11) João faleceu e deixou apenas R$ 1.000,00 depositado em conta poupança e R$ 400,00
de saldo de FGTS. Qual o procedimento judicial mais eficiente para os herdeiros de João
receberem essas quantias? Explique.

12) Quando é cabível a oposição? No CPC de 1973, qual era a natureza jurídica da
oposição?

13) Quais as principais inovações que o CPC trouxe para as denominadas ações de família?
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ROTEIRO DE AULA1

1) TUTELA PROVISÓRIA – arts. 294 a 311 NCPC

1.1) Panorama geral

A tutela jurisdicional pode ser definitiva ou provisória:


- definitiva: funda-se em cognição exauriente e faz coisa julgada. Pode ser satisfativa
(certifica ou efetiva um direito) ou conservativa (garante que, no futuro, o direito possa ser
efetivado),
- provisória: funda-se em cognição sumária, não faz coisa julgada e precisa ser confirmada
por tutela definitiva.

A tutela provisória pode ser de:


- urgência: baseia-se na probabilidade do direito e no perigo de dano/ risco ao resultado útil
do processo. Se subdivide em antecipada/ satisfativa e em cautelar,
- evidência: funda-se apenas na probabilidade do direito e somente pode ser satisfativa.

Quanto ao momento de requerimento,


- a tutela de urgência pode ser requerida de forma antecedente ou incidente,
- a tutela de evidência somente pode ser requerida de forma incidente.

1.2) Histórico

1973:
- em alguns procedimentos especiais (ex.: ações possessórias, ação de depósito, embargos
de terceiro), o CPC previa tutela provisória antecipada (usualmente, com o nome de liminar),
- também em leis especiais havia a previsão de tutela provisória antecipada (ex.: Lei de
Alimentos, Lei de Mandado de Segurança),
- verifica-se que a tutela satisfativa provisória era excepcional, pois era prevista em alguns
procedimentos especiais,
- por outro lado, a tutela cautelar podia ser concedida em qualquer caso, havendo previsões
para cautelares típicas e atípicas.

“Cautelares satisfativas”:
- como inexistia uma tutela satisfativa provisória genérica, na prática, os advogados se
utilizavam das cautelares para requerer tutela satisfativa,
- ex.: a “famosa” cautelar de sustação de protesto é, na verdade, uma tutela provisória
satisfativa, pois se requer a não efetivação do protesto.

1994:
- o art. 273 do CPC passou a tratar da antecipação de tutela, inserindo no ordenamento
jurídico brasileiro a tutela provisória satisfativa genérica.

2002:
- inseriu-se o § 7º ao art. 273 do CPC, que previu a fungibilidade entre a antecipação de
tutela e a tutela cautelar, considerando que ambas são provisórias.

2015:
- o CPC/2015 unificou as tutelas provisórias,
- tem-se como gênero a tutela provisória e como espécies, a de urgência e a de evidência,
- atenção: o CPC/2015 usa o termo “tutela antecipada” para significar “tutela satisfativa”.

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Atenção: essa não é uma apostila para estudo. O estudo do Direito Processual Civil deve ser
feito por meio de livros. Esse roteiro serve apenas para que o aluno acompanhe as aulas.
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1.3) Finalidade

Não existe processo instantâneo, todo processo implica em decurso de tempo.

A expressão tutela provisória na verdade refere-se à antecipação provisória dos efeitos da


tutela definitiva.

Segundo Didier, a tutela provisória tem 2 finalidades: abranda os males do tempo e garante
a efetividade da jurisdição. Ou, conforme Marinoni, ela redistribui o ônus do tempo do
processo.

1.4) Características

a) Cognição sumária: o julgador faz uma “análise superficial do objeto litigioso” (DIDIER,
2016).

b) Precariedade – art. 296 NCPC:


- a tutela provisória pode ser revogada ou modificada a qualquer tempo,
- não havendo revogação/ modificação, a tutela provisória conserva sua eficácia ao longo do
processo, inclusive no período de suspensão do processo,
- a improcedência do pedido de tutela definitiva importa em cessação da tutela provisória.
Didier sugere que a revogação conste expressamente da sentença.

c) Não produção de coisa julgada:


- apenas a decisão referente à tutela definitiva torna-se indiscutível pela coisa julgada.

1.5) Espécies e fundamento

Tutela provisória de urgência:


- exige probabilidade do direito + perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo – art.
300 NCPC,
- pode ser antecipada/ satisfativa ou cautelar.

Tutela provisória antecipada/ satisfativa:


- dá eficácia imediata ao próprio direito afirmado,
- ex.: concessão de alimentos provisórios em ação de alimentos; liminar para
fornecimento de medicamentos; cancelamento de negativação no SPC, em
decorrência de inexistência de débito, etc.

Tutela provisória cautelar:


- assegura o futuro resultado útil do processo,
- ex.: cautelar de arresto, que visa proteger o resultado do processo de
execução.

Tutela provisória de evidência:


- exige que as afirmações de fato estejam comprovadas, evidenciando o direito – art. 311
NCPC,
- NÃO exige o requisito da urgência,
- somente pode ser antecipada/ satisfativa (vide informações acima).

1.6) Regras gerais

a) Momento de requerimento da tutela provisória

A tutela provisória pode ser requerida em caráter antecedente ou incidente.


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Tutela provisória antecedente:


- inicialmente, requer-se apenas a tutela provisória e, depois, a tutela definitiva,
- aplica-se apenas à tutela provisória de urgência,
- em razão da urgência, o autor pode, na petição inicial, pedir apenas a tutela provisória e,
posteriormente, fazer o pedido da tutela definitiva de forma completa,
- deve ser requerida ao juízo competente para conhecer do pedido principal – art. 299,
caput, parte final, NCPC.

Tutela provisória incidente:


- é requerida no mesmo momento em que se pede a tutela definitiva ou posteriormente,
- aplica-se à tutela provisória de urgência ou de evidência,
- a tutela provisória requerida incidentalmente independe do pagamento de custas – art. 295
NCPC,
- é requerida ao juízo da causa – art. 299, caput, parte inicial, NCPC.

*Processo nos tribunais (ações originárias ou recursos):


- a tutela provisória deve ser requerida ao órgão jurisdicional competente para apreciar o
mérito recursal,
- ex.: pedido de efeito suspensivo ao recurso de apelação – art. 1012, § 3º, NCPC.

b) Legitimidade

Todo aquele que tem direito à tutela definitiva pode requerer a tutela provisória: autor, réu,
terceiro interveniente, etc.

Quanto à possibilidade de o juiz conceder a tutela provisória de ofício, o NCPC menciona,


em diversos dispositivos, que ela deve ser requerida. Assim, entende-se que não é possível
a concessão sem requerimento do interessado, até porque, caso ela seja revogada, ele terá
responsabilidade objetiva por indenizar os prejuízos causados.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE INTERDIÇÃO DE


ESTABELECIMENTO COMERCIAL LOCALIZADO EM SHOPPING CENTER.
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA CONCEDIDA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA PELOS DANOS CAUSADOS PELA
EXECUÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA. ARTS. 273, § 3º, ART. 475-O, INCISOS
I E II, E ART. 811, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC. INDAGAÇÃO ACERCA DA
MÁ-FÉ DO AUTOR OU DA COMPLEXIDADE DA CAUSA. IRRELEVÂNCIA.
RESPONSABILIDADE QUE INDEPENDE DE PEDIDO, AÇÃO AUTÔNOMA OU
RECONVENÇÃO.
(...)
2. Recurso especial interposto por Mozariém Gomes do Nascimento: 2.1. Os
danos causados a partir da execução de tutela antecipada (assim também a
tutela cautelar e a execução provisória) são disciplinados pelo sistema
processual vigente à revelia da indagação acerca da culpa da parte, ou se
esta agiu de má-fé ou não. Basta a existência do dano decorrente da pretensão
deduzida em juízo para que sejam aplicados os arts. 273, § 3º, 475-O, incisos I e
II, e 811 do CPC. Cuida-se de responsabilidade objetiva, conforme apregoa, de
forma remansosa, doutrina e jurisprudência.
2.2. A obrigação de indenizar o dano causado ao adversário, pela execução
de tutela antecipada posteriormente revogada, é consequência natural da
improcedência do pedido, decorrência ex lege da sentença e da inexistência do
direito anteriormente acautelado, responsabilidade que independe de
reconhecimento judicial prévio, ou de pedido do lesado na própria ação ou em
ação autônoma ou, ainda, de reconvenção, bastando a liquidação dos danos nos
próprios autos, conforme comando legal previsto nos arts. 475-O, inciso II, c/c art.
273, § 3º, do CPC. Precedentes.
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2.3. A complexidade da causa, que certamente exigia ampla dilação


probatória, não exime a responsabilidade do autor pelo dano processual. Ao
contrário, neste caso a antecipação de tutela se evidenciava como
providência ainda mais arriscada, circunstância que aconselhava conduta de
redobrada cautela por parte do autor, com a exata ponderação entre os
riscos e a comodidade da obtenção antecipada do pedido deduzido.
3. Recurso especial do Condomínio do Shopping Conjunto Nacional não provido e
recurso de Mozariém Gomes do Nascimento provido.
(REsp 1191262/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 25/09/2012, DJe 16/10/2012)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. SERVIDOR PÚBLICO.


RECEBIMENTO DE VALORES, POR FORÇA DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS
DA TUTELA, POSTERIORMENTE CASSADA. DEVOLUÇÃO AO ERÁRIO.
POSSIBILIDADE. RESPEITO, TODAVIA, AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA
E DO CONTRADITÓRIO. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL
PROVIDO.
I. In casu, pretende a União, na via administrativa, a repetição de valores
pretéritos pagos a servidor público, por força de antecipação dos efeitos da
tutela, posteriormente cassada, na sentença de improcedência do feito. O
autor, ora agravado, ajuizou a presente ação para impedir a União de cobrar os
valores recebidos, em virtude da antecipação dos efeitos da tutela, ulteriormente
tornada sem efeito.
II. A jurisprudência do STJ tem-se orientado no sentido de que, "tendo a
servidora recebido os referidos valores amparada por uma decisão judicial
precária, não há como se admitir a existência de boa-fé, pois a
Administração em momento nenhum gerou-lhe uma falsa expectativa de
definitividade quanto ao direito pleiteado. A adoção de entendimento diverso
importaria, dessa forma, no desvirtuamento do próprio instituto da antecipação dos
efeitos da tutela, haja vista que um dos requisitos legais para sua concessão
reside justamente na inexistência de perigo de irreversibilidade, a teor do art. 273,
§§ 2º e 4º, do CPC" (STJ, EREsp 1.335.962/RS, Rel. Ministro ARNALDO
ESTEVES LIMA, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe de 02/08/2013).
Em igual sentido: "A jurisprudência predominante do Superior Tribunal de Justiça
firmou-se no sentido de ser possível a devolução de valores pagos a servidor
público em razão do cumprimento de decisão judicial precária. Enfocando o tema
sob o viés prevalentemente processual, a Primeira Seção desta Corte no
julgamento do Recurso Especial Repetitivo 1.401.560/MT, ocorrido em
12/2/2014, relator p/ acórdão Ministro Ari Pargendler, assentou a tese de que é
legítimo o desconto de valores pagos aos beneficiários do Regime Geral de
Previdência Social - RGPS, em razão do cumprimento de decisão judicial
precária posteriormente cassada" (STJ, AgRg no REsp 1.318.313/CE, Rel.
Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJe de 06/03/2014).
III. A 1ª Seção do STJ, ao julgar o REsp 1.348.418/SC, consolidou entendimento
de que é dever do titular do direito patrimonial - naquele caso, titular de
benefício previdenciário - devolver valores recebidos por força de
antecipação dos efeitos da tutela posteriormente revogada (STJ, REsp
1.384.418/SC, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, DJe de
30/08/2013).
IV. Por outro lado, é firme neste Tribunal o entendimento de que a Administração
Pública, a fim de proceder à restituição de valores pagos a servidor público,
ainda que por força de liminar posteriormente cassada, deve observar,
previamente, o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório.
Nesse sentido: STJ, AgRg no RMS 37.466/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, DJe de 1º/04/2013; AgRg nos EDcl no REsp
1224995/CE, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, DJe de
18/04/2011; AgRg no REsp 1.144.974/RS, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA
TURMA, DJe de 08/02/2010; RMS 18.057/RS, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES
LIMA, QUINTA TURMA, DJU de 02/05/2006.
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V. Agravo Regimental provido, para dar parcial provimento do Recurso Especial,


no sentido de reconhecer a possibilidade de a Administração proceder aos
descontos referidos, desde que respeitado o contraditório e a ampla defesa.
(AgRg no REsp 1301411/RN, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA
TURMA, julgado em 21/08/2014, DJe 03/09/2014)

Obs.: a Lei 5478/68, que trata da ação de alimentos, prevê em seu artigo 4º que, “ao
despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo
devedor”.

c) Cabimento

A tutela provisória é frequentemente utilizada no processo de conhecimento (seja o


procedimento comum ou especial), mas também se aplica ao processo de execução.
 Alguns procedimentos especiais têm regra própria sobre tutela provisória e, nesse
caso, a regra especial prevalece sobre a regra geral – ex.: ações possessórias (art.
562 NCPC).

d) Momento de concessão

A tutela provisória pode ser concedida a qualquer tempo.


 Liminar: tutela provisória concedida in limine, ou seja, no início da demanda.
 Liminar inaudita altera parte: tutela provisória concedida in limine e sem oitiva da
parte contrária.
 Tutela provisória concedida na sentença: nesse caso, eventual recurso de apelação
não terá efeito suspensivo (art. 1012, § 1º, V, NCPC).

Havendo necessidade de produção de prova para obtenção da tutela provisória de urgência,


é possível a designação de audiência de justificação prévia – art. 300, § 2º, NCPC.

O art. 298 NCPC estabelece que a decisão relativa à tutela provisória precisa ser
fundamentada, em clara reafirmação do texto constitucional.

e) Recurso

O recurso cabível da decisão referente à tutela provisória depende da forma pela qual ela é
concedida:
- por juiz de 1º grau, em decisão interlocutória: cabe agravo de instrumento (art. 1015, I,
NCPC),
- por juiz de 1º grau, na sentença: cabe apelação (art. 1013, § 5º, NCPC),
- por tribunal, em decisão monocrática: cabe agravo interno (art. 1021, NCPC),
- por tribunal, em acórdão: pode caber recurso especial (pela sum. 735 STF, não cabe
recurso extraordinário).

f) Efetivação

O art. 297 do NCPC estabelece o “poder geral de efetivação da tutela provisória”: o juiz
pode se valer de qualquer meio executivo, típico ou atípico, para efetivar a decisão.

A efetivação da tutela provisória segue as normas do cumprimento provisório de sentença


(arts. 520 a 522 NCPC).
 O art. 537 NCPC prevê expressamente a aplicação de multa em tutela provisória.
Lembre-se que, nos termos do § 3º, o valor da multa deverá ser depositado em juízo,
podendo ser levantado após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte ou
na pendência de agravo em recurso especial ou em recurso extraordinário.
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O art. 301 NCPC prevê que a tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada
mediante arresto, sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de
bem ou qualquer outra medida idônea para asseguração do direito. Essas medidas
exemplificadas no dispositivo legal eram cautelares típicas no CPC/1973.
 Arresto: tem por fim apreender judicialmente bens do devedor (indeterminados e que
possam ser objeto de penhora), a fim de garantir execução de obrigação de pagar
quantia.
 Sequestro: preserva a integridade de um bem objeto de disputa judicial, mediante a
apreensão de coisa certa e determinada. Vincula-se à execução para entrega de
coisa.
 Arrolamento de bens: visa conservar uma universalidade de bens que se encontre
em perigo de extravio ou dissipação, através de sua descrição e depósito, para
garantir futura partilha.
 Registro de protesto contra alienação de bens: evita a transferência indevida de um
bem sujeito a registro. O objetivo é dar publicidade aos terceiros de boa-fé e evitar a
transferência de bem.

Como já visto, a efetivação da tutela provisória pode causar danos à parte contrária.
Tratando-se de tutela de urgência, o art. 302 do NCPC prevê expressamente que o seu
beneficiário responde pelos prejuízos que a efetivação causar à parte adversa.

Além disso, o art. 300, § 1º, NCPC prevê que o juiz pode exigir caução para conceder a
tutela de urgência satisfativa (antecipada).

1.7) Tutela provisória de urgência

Como já visto, para a concessão da tutela provisória de urgência (satisfativa ou cautelar), o


art. 300 NCPC exige a presença de 2 requisitos: a probabilidade do direito e o perigo da
demora.

Probabilidade do direito:
- plausibilidade do direito a ser satisfeito ou acautelado,
- análise quanto à probabilidade dos fatos narrados terem ocorrido (verossimilhança fática) e
quanto às chances de êxito do demandante (plausibilidade jurídica).

Perigo da demora:
- perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo,
- o perigo deve ser concreto (certo), atual (que está ocorrendo ou na iminência de ocorrer) e
grave (intensidade média ou grave),
- o dano deve ser irreparável (cujas consequências são irreversíveis) ou de difícil reparação
(aquele que provavelmente não será ressarcido).

Perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão:


- requisito negativo da tutela de urgência de natureza satisfativa (antecipada) – art. 300, §
3º, NCPC,
- os efeitos da tutela provisória devem ser reversíveis, ou seja, deve ser possível retornar-se
ao estado anterior se ela vir a ser modificada ou revogada,
- a irreversibilidade não é absoluta: admite-se a antecipação de efeitos irreversíveis para
evitar um dano maior (ex: irreversibilidade x direito à vida).

CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


ACIDENTE DE TRÂNSITO. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONTRATO DE
PLANO DE SAÚDE. PLEITO PARA QUE REAVALIE A MOTIVAÇÃO DA
14

ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. IMPOSSIBILIDADE POR MEIO DO ESPECIAL.


INCIDÊNCIA DA SÚMULA Nº 7/STJ. PRECEDENTES.
1. As instâncias ordinárias concederam a tutela antecipada em favor da
vítima, que ficou desamparada material e financeiramente em decorrência do
evento danoso, por reconhecerem o estado de urgência que se encontra e
que este se sobrepõe à possível irreversibilidade da medida. Entendimento
diverso por meio do especial demandaria o revolvimento do acervo probatório.
2. A demandada não apresentou argumento novo capaz de modificar a conclusão
adotada, que se apoiou em entendimento aqui consolidado. Incidência da Súmula
nº 7 do STJ.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 616.419/RS, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, TERCEIRA
TURMA, julgado em 10/02/2015, DJe 23/02/2015)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. NECESSIDADE DE CONSIDERAÇÃO DA


SITUAÇÃO INDIVIDUAL DE CADA EXEQUENTE PARA A APLICAÇÃO, EM
PROCESSO COLETIVO, DA DISPENSA DE CAUÇÃO PREVISTA NO ART. 475-
O, § 2º, I, DO CPC.
No âmbito de execução provisória em processo coletivo, para a aplicação da regra
constante do art. 475-O, § 2º, I, do CPC - que admite a dispensa de caução para o
levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem alienação
de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao executado -, deve o
magistrado considerar a situação individual de cada um dos
beneficiários. Primeiramente, além de o STJ já ter admitido o cabimento de
execução provisória no âmbito de processo coletivo, essa espécie de execução
deve ocorrer nos termos da lei processual geral (CPC), diante da lacuna da
legislação específica, o que implica possibilidade de aplicação das regras
constantes do art. 475-O do CPC em processos coletivos. Nessecontexto, cabe
mencionar que, nos termos da lei processual geral, a execução provisória
depende, em regra, de caução prestada pelos exequentes (art. 475-O, III).
Contudo, se atendidos os requisitos estabelecidos pelo § 2º, I, do art. 475-O -
crédito de natureza alimentar ou decorrente de ato ilícito, crédito de até sessenta
salários mínimos e exequentes em estado de necessidade -, a caução poderá ser
dispensada. Desse modo, admitida a aplicabilidade do art. 475-O aos processos
coletivos, pode-se aferir o modo de aplicação dessas referidas regras processuais
- em especial, da regra do art. 475-O, § 2º, I, do CPC - a esse tipo de processo.
Nessa conjuntura, à luz da interpretação sistemático-teleológica, a aplicação da
regra constante do referido § 2º, I, do art. 475-O do CPC deve considerar a
situação individual de cada um dos beneficiários do processo coletivo, e não
apenas de um autor coletivo. Isso porque, se, em vez de uma execução provisória
coletiva, fossem promovidas diversas demandas individuais, seria possível a cada
um dos substituídos o cogitado levantamento de valores sem o oferecimento de
caução, desde que atendidos os requisitos do referido artigo. Ora, se a aplicação
do art. 475-O, § 2º, I, do CPC não considerar a situação individual de cada
exequente, será mais conveniente, nesses casos, o ajuizamento de diversos
processos individuais, e não de um único processo coletivo. Pelo contrário, a tutela
coletiva deve ser prestigiada como forma de garantir a efetividade do acesso à
justiça. Em situações como esta, não permitir o levantamento de valores em
dinheiro sem contracautela, levando-se em conta a situação individual de cada
beneficiário, implica conferir menor efetividade ao processo coletivo em relação ao
individual, o que contraria os propósitos da tutela coletiva. De mais a mais, na
ponderação entre o risco de irreversibilidade da medida de levantamento de
quantias em dinheiro sem caução e o risco decorrente do não atendimento
da necessidade alimentar dos destinatários da ação coletiva, deve prevalecer
o interesse dos hipossuficientes. (STJ, REsp 1.318.917-BA, Rel. Min.Antonio
Carlos Ferreira, julgado em 12/3/2013).
15

1.7.1) Tutela antecipada antecedente - arts. 303 e 304 NCPC

a) Petição inicial – art. 303 NCPC


- o autor irá formular apenas o pedido da tutela provisória,
- requisitos da petição:
 indicação de que o autor pretende valer-se do benefício do art. 303 NCPC,
 exposição da lide,
 probabilidade do direito,
 perigo da demora,
 pedido de tutela satisfativa (antecipada),
 indicação do pedido de tutela definitiva,
 valor da causa, considerando o pedido de tutela final.

b) Não concessão da tutela provisória - art. 303, § 6º, NCPC:


- autor é intimado para emendar a petição inicial, no prazo de 5 dias,
- se não houver a emenda, a petição inicial é indeferida e o processo é extinto sem
resolução do mérito,
- se houver a emenda, o processo prosseguirá.

c) Concessão da tutela provisória


- autor é intimado para aditar a petição inicial, no prazo de 15 dias ou em outro, maior, fixado
pelo juiz (art. 303, § 1º, I, NCPC),
- aditamento: complementação da argumentação, juntada de novos documentos e
confirmação do pedido de tutela final,
- o aditamento é feito nos mesmos autos, sem pagamento de novas custas (art. 303, § 3º,
NCPC),
- além de determinar a intimação do autor para aditamento, o juiz também determina a
citação do réu para comparecer à audiência de conciliação/ mediação e sua intimação
quanto à decisão concessiva da tutela provisória (art. 303, § 1º, II, NCPC),
- não havendo autocomposição, terá início o prazo para o réu oferecer contestação (art. 303,
§ 1º, III, NCPC), com o prosseguimento do feito pelo procedimento comum,
- se o autor não fizer o aditamento, o processo é extinto sem resolução do mérito (art. 303, §
2º, NCPC).

d) Estabilização da tutela satisfativa (antecipada) – art. 304 NCPC

Se o réu é intimado da decisão, mas não interpõe recurso, a decisão concessiva da tutela
antecipada se torna estável e o processo é extinto.

Estabilidade da decisão:
- apesar de extinto o processo, a decisão continua surtindo efeito,
- a estabilidade da decisão difere da coisa julgada:

ESTABILIZAÇÃO COISA JULGADA


Estabilizam-se os efeitos da decisão. O conteúdo da decisão faz coisa julgada.
Cognição sumária – decisão provisória. Cognição exauriente – decisão definitiva.
Não há efeito positivo. Há efeito positivo.
Ação autônoma de revisão, reforma ou Ação rescisória.
invalidação.

Havendo estabilização, a extinção do processo se dá sem resolução do mérito: o juiz não


julgou a lide, pois o autor sequer formulou seu pedido de tutela definitiva.
16

Para Didier (2015), se o réu não recorre da decisão, mas oferece contestação, também não
há estabilização. Onde o art. 304 diz “se da decisão (...) não for interposto recurso”, lê-se “se
não houver oposição do réu”.

Havendo cumulação de pedidos, em que a tutela provisória refere-se a apenas um deles,


haverá estabilização parcial, ou seja, a decisão concessiva da tutela antecipada se torna
estável, mas o processo continua em relação aos demais pedidos.

Ação autônoma de revisão da decisão judicial estabilizada:


- qualquer das partes pode ajuizar ação autônoma com o objetivo de revisar, reformar ou
invalidar a decisão que concedeu a tutela provisória satisfativa (antecipada),
- prazo: 2 anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo,
- competência: prevenção do juízo que concedeu a tutela provisória.

1.7.2) Tutela cautelar antecedente - arts. 305 a 310 NCPC

a) Requisitos da inicial (art. 305 NCPC):


- requisitos genéricos do art. 319, I, II, V e VI NCPC (endereçamento, partes e sua
qualificação, valor da causa e provas),
- indicação de lide e seu fundamento (causa de pedir referente ao processo principal),
- exposição sumária do direito que se objetiva assegurar: antigo “fumus boni iuris”,
- perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo: antigo “periculum in mora”.

b) Concessão da tutela cautelar:


- juiz determina o cumprimento da medida cautelar,
- réu é citado para oferecer contestação ao pedido cautelar, no prazo de 5 dias (art. 306
NCPC):
 se o réu for revel, haverá presunção dos fatos alegados pelo autor e o juiz deve
proferir sentença no prazo de 5 dias,
 se o réu oferecer contestação, observa-se o procedimento comum.

c) Efetivação da tutela cautelar:


- deferida a medida cautelar, o requerente deve providenciar a efetivação da medida no
prazo de 30 dias,
- obviamente, o requerente não é prejudicado por atrasos imputáveis exclusivamente ao
Judiciário,
- se a efetivação da cautelar depender de ato a cargo do autor e ele não o providenciar,
cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente – art. 309, II, NCPC,
- efetivada a medida cautelar, o autor terá o prazo de 30 dias para formular o pedido de
tutela definitiva satisfativa (pedido principal), também sob pena de cessar a eficácia da tutela
concedida em caráter antecedente (arts. 308 e 309, II, NCPC),
- o pedido principal é apresentado nos mesmos autos em que houve o pedido cautelar, sem
novas custas – art. 309, caput, NCPC.

d) Indeferimento da tutela cautelar:


- não obsta que a parte formule o pedido principal, nem influi no julgamento desse, salvo se
o indeferimento decorrer do reconhecimento de prescrição ou decadência – art. 310 NCPC.

e) Regras gerais:
- com a apresentação do pedido principal pelo autor, as partes serão intimadas para a
audiência de conciliação ou de mediação – art. 308, § 3º, NCPC,
- não havendo autocomposição, o réu terá 15 dias para contestar o pedido principal – art.
308, § 4º, NCPC,
- se o pedido principal for julgado improcedente ou extinguir o processo sem resolução do
mérito, também cessará a eficácia da tutela cautelar antecedente – art. 309, III, NCPC,
17

- em todos os casos em que houver cessação da eficácia da tutela cautelar, a parte não
poderá renovar o pedido, salvo sob novo fundamento – art. 309, p. único, NCPC.

f) Fungibilidade entre tutela provisória cautelar e satisfativa:


- art. 305, p. único, NCPC,
- fungibilidade progressiva: conversão da medida cautelar em satisfativa,
- fungibilidade regressiva: conversão da medida satisfativa em cautelar.

1.8) Tutela provisória de evidência (art. 311 NCPC)

O fundamento da tutela provisória é a evidência do direito pretendido. Logo, a tutela de


evidência independe de risco.

A tutela de evidência pode ser:


a) punitiva (inc. I): quando fica caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório do réu,
b) documentada (incs. II a IV): quando há prova documental das alegações de fato da parte.

Tutela de evidência por ato abusivo ou protelatório:


- conceitos indeterminados: devem ser preenchidos à luz do caso concreto (art. 489, §1º, II,
NCPC),
- propósito protelatório: na realidade, não basta a intenção de protelar, é necessário que
haja a prática de atos protelatórios (ou omissões). Refere-se a atos fora do processo,
- abuso do direito de defesa: atos praticados dentro do processo,
- a concessão da tutela de evidência punitiva pode ser cumulada com a multa por litigância
de má-fé

Tutela de evidência fundada em precedente obrigatório:


- a parte requerente deve ter prova documental de suas alegações,
- precedentes obrigatórios: súmula vinculante ou julgamento de casos recursos repetitivos:
 incidente de assunção de competência – art. 947 NCPC,
 incidente de resolução de demandas repetitivas – arts. 976 a 987 NCPC,
 recurso especial e recurso extraordinário repetitivos – arts. 1036 a 1041 NCPC,

Tutela de evidência fundada em contrato de depósito:


- o novo CPC extinguiu a ação de depósito, que tinha procedimento especial (arts. 901 a
906 CPC 1973); agora, o procedimento é o comum,
- pedido reipersecutório: visa a entrega de coisa,
- o contrato de depósito deve ter forma escrita,
- a mora na restituição da coisa ser comprovada pelo advento do termo ou por interpelação
do devedor,
- o juiz determina a entrega da coisa, cominando multa ou outra medida que entender
adequada (art. 536 NCPC).

Tutela de evidência documentada, na ausência de contraprova documental suficiente:


- causa em que a prova é documental,
- os fatos constitutivos do direito do autor estão suficientemente comprovados por
documentos ou não dependem de prova (fato notório, incontroverso ou confessado),
- não há contraprova documental suficiente do réu,
- na realidade, a situação é de julgamento antecipado de mérito (art. 355, I, NCPC), cuja
cognição é exauriente e a decisão definitiva. A concessão da tutela de evidência na
sentença irá retirar o efeito suspensivo da apelação (art. 1012, § 1º, V, NCPC).

A tutela de evidência somente pode ser concedida sem a oitiva do réu nas hipóteses dos
incisos II e III do art. 311 NCPC.
18

2) JUIZADOS ESPECIAIS

Normas aplicáveis:
- art. 98, I, e § 1º, CF
- Lei 9099/95 (juizados especiais cíveis e criminais – JEC),
- Lei 10.259/01 (juizados especiais federais – JEF),
- Lei 12.153/09 (juizados especiais das fazendas públicas – JEFP).

Sistema dos juizados especiais:


- os três juizados compõem um único sistema processual, uma vez que todos eles têm a
mesma finalidade comum, qual seja, julgar as causas de menor complexidade,
- entre eles, haverá aplicação integrativa dos diversos diplomas normativos. Em caso de
omissão, aplica-se o Código de Processo Civil.

Princípios informativos (art. 2º Lei 9099/95):


- oralidade: pedido do autor, resposta do réu, mandato ao advogado, provas, embargos de
declaração, etc.;
- simplicidade: a fim de permitir que a parte postule sem estar representada por advogado;
- informalidade: quanto aos atos processuais (art. 13 da Lei 9099/95), ao pedido inicial (art.
14, § 1º, Lei 9099/95) e às intimações (art. 19 da Lei 9099/95);
- economia processual: minimização do procedimento;
- celeridade: previsão de que o procedimento vai ser concluído rapidamente,
- busca pela conciliação e transação.

* Polêmica da aplicação do CPC 2015 aos juizados, quanto à contagem de prazos:


- Enunciados 161 e 165 FONAJE,
- celeridade x aplicação subsidiária.

2.1) JUIZADOS ESPECIAIS CÍVEIS – Lei 9099/95

a) Opção do autor pelos juizados especiais cíveis

O autor, se quiser, opta pelo procedimento dos juizados (art. 3º, § 3º, Lei 9099/95 e
enunciado 1 FONAJE).

b) Cabimento (art. 3º)


- causas de até 40 salários mínimos,
- causas do art. 275, II, CPC/1973, apesar de o CPC/2015 ter extinguido o procedimento
sumário (art. 1063 NCPC);
- despejo para uso próprio,
- ações possessórias sobre imóveis de valor não excedente a 40 salários mínimos,
- execuções de títulos executivos extrajudiciais, no valor de até 40 salários mínimos,
- execuções de seus próprios julgados.

PROCESSO CIVIL. MEDIDA CAUTELAR COM O FITO DE OBTER A


ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA RECURSAL. RECURSO
ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. POSSIBILIDADE, DESDE QUE
DEMONSTRADOS O PERICULUM IN MORA E O FUMUS BONI IURIS. JUIZADO
ESPECIAL CÍVEL. COMPETÊNCIA. COMPLEXIDADE DA CAUSA.
NECESSIDADE DE PERÍCIA. CONDENAÇÃO SUPERIOR A 40 SALÁRIOS
MÍNIMOS. POSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA. CONTROLE. TRIBUNAIS DE
JUSTIÇA DOS ESTADOS. MANDADO DE SEGURANÇA. DECISÃO
TRANSITADA EM JULGADO. CABIMENTO.
- A jurisprudência do STJ vem admitindo, em hipóteses excepcionais, o manejo da
medida cautelar originária para fins de se obter a antecipação de tutela em recurso
19

ordinário; para tanto é necessária a demonstração do periculum in mora e a


caracterização do fumus boni juris, circunstâncias ausentes na espécie.
- Não há dispositivo na Lei 9.099/95 que permita inferir que a complexidade da
causa – e, por conseguinte, a competência do Juizado Especial Cível – esteja
relacionada à necessidade ou não de perícia.
- A autonomia dos Juizados Especiais não prevalece em relação às decisões
acerca de sua própria competência para conhecer das causas que lhe são
submetidas, ficando tal controle submetido aos Tribunais de Justiça, via mandado
de segurança. Esse entendimento subsiste mesmo após a edição da Súmula
376/STJ, tendo em vista que, entre os próprios julgados que lhe deram origem, se
encontra a ressalva quanto ao cabimento do writ para controle da competência
dos Juizados Especiais pelos Tribunais de Justiça.
- Ao regulamentar a competência conferida aos Juizados Especiais pelo art.
98, I, da CF, a Lei 9.099/95 fez uso de dois critérios distintos – quantitativo e
qualitativo – para definir o que são “causas cíveis de menor complexidade”.
A menor complexidade que confere competência aos Juizados Especiais é,
de regra, definida pelo valor econômico da pretensão ou pela matéria
envolvida. Exige-se, pois, a presença de apenas um desses requisitos e não
a sua cumulação. A exceção fica para as ações possessórias sobre bens
imóveis, em relação às quais houve expressa conjugação dos critérios de
valor e matéria. Assim, salvo na hipótese do art. 3º, IV, da Lei 9.099/95,
estabelecida a competência do Juizado Especial com base na matéria, é
perfeitamente admissível que o pedido exceda o limite de 40 salários
mínimos.
- Admite-se a impetração de mandado de segurança frente aos Tribunais de
Justiça dos Estados para o exercício do controle da competência dos Juizados
Especiais, ainda que a decisão a ser anulada já tenha transitado em julgado.
Liminar indeferida. (STJ, MC 15465/SC)

Se o autor propuser nos JECs causa cujo valor seja superior a 40 salários mínimos, haverá
renúncia tácita ao crédito excedente, exceto para fins de conciliação (art. 3º, § 3º).

c) Não cabimento (art. 3º, § 2º):


- causas de natureza alimentar,
- causas falimentares,
- causas fiscais e de interesse da Fazenda Pública (cabíveis nos JEF e JEFP),
- causas relativas a acidente de trabalho (competência da Justiça do Trabalho quando o réu
é o empregador ou da Justiça Federal, quando o réu é o INSS),
- causas relativas ao estado e à capacidade das pessoas,
- procedimentos especiais (en. 8 FONAJE),
- causas de complexidade elevada (STF, RE 537.427).
 A maior ou menor complexidade é definida pelo objeto da prova, ou seja, se a prova
é muito elaborada. O fato de não caber prova complexa não impede a comprovação
de fato que dependa de conhecimento técnico, com base no art. 35 Lei 9099
(perícia simplificada).

COMPETÊNCIA – JUIZADOS ESPECIAIS – CAUSAS CÍVEIS. A excludente da


competência dos juizados especiais – complexidade da controvérsia (artigo
98 da Constituição Federal) – há de ser sopesada em face das causas de
pedir constantes da inicial, observando-se, em passo seguinte, a defesa
apresentada pela parte acionada. COMPETÊNCIA – AÇÃO INDENIZATÓRIA –
FUMO – DEPENDÊNCIA – TRATAMENTO. Ante as balizas objetivas do
conflito de interesses, a direcionarem a indagação técnico-pericial, surge
complexidade a afastar a competência dos juizados especiais. (RE 537427)

Enunciado 54 - A menor complexidade da causa para a fixação da


competência é aferida pelo objeto da prova e não em face do direito material.
20

d) Competência territorial (art. 4º)

A ação pode ser proposta:


- no domicílio do réu,
- no lugar onde a obrigação deva ser satisfeita,
- no domicílio do autor ou no local do ato ou fato, nas ações de indenização.

Art. 51, III:


- aplica-se a todos os juizados,
- a incompetência territorial no sistema dos juizados acarreta a extinção do processo sem
julgamento do mérito.

Reconhecimento de ofício da incompetência territorial: conflito entre os entendimentos do


FONAJE e do STJ:

Enunciado 89 FONAJE: a incompetência territorial pode ser reconhecida de


ofício no sistema de juizados especiais cíveis.

Conflito negativo de competência. Juizados Especiais Cíveis. Ação de cobrança.


Diferenças não recebidas de cheque que não pode ser cobrado em agência
bancária. Domicílio do réu. Competência relativa.
I - Compete ao STJ decidir conflito de competência entre Juizados Especiais
vinculados a Tribunais diversos (CF, art. 105, I, "d").
II. - A competência prevista no art. 4º da Lei dos Juizados Especiais segue a
regra geral, qual seja, a do foro do domicílio do réu, seguindo os moldes
tradicionais do Código de Processo Civil, prorrogando-se, todavia, quando não
argüida incompetência pela parte contrária.
III - "A incompetência relativa não pode ser declarada de oficio" (Súmula n.º
33 desta Corte).
IV - Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo de
Direito do Juizado Especial Cível da Comarca de Tubarão/SC, suscitado.
(CC 30.692/RS, Rel. Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA RIBEIRO, SEGUNDA
SEÇÃO, julgado em 27/11/2002, DJ 16/12/2002, p. 237)

e) Partes (art. 8º)

Legitimidade ativa:
- pessoa natural capaz,
- microempreendedor individual,
- microempresa,
- empresa de pequeno porte,
- pessoa jurídica qualificada como OSCIP,
- sociedade de crédito ao microempreendedor.
 O condomínio residencial pode ser autor nos juizados, para cobrar taxa condominial
(enunciado 9 FONAJE).

Não podem ser autor:


- sociedade de factoring (enunciado 146 FONAJE),
- pessoa física cessionária de crédito da pessoa jurídica.

Não podem ser autor ou réu:


- incapaz,
- massa falida,
- preso,
- insolvente civil,
- pessoa jurídica de direito público e empresa pública.
21

O espólio pode ser parte nos juizados, se não envolver interesse de incapazes (enunciados
148 FONAJE e 82 FONAJEF).

Nos juizados, a pessoa natural deve comparecer pessoalmente às audiências; a pessoa


jurídica pode ser representada por preposto (art. 9º, § 4º).
 Não é possível que o advogado cumule a função de preposto – enunciado 98
FONAJE.

f) Advogado (art. 9º)

O mandato pode ser verbal.

Nas causas de até vinte salários mínimos, as partes têm capacidade postulatória, não
precisando de advogado.
 Segundo o enunciado 36 do FONAJE, mesmo nas causas cujo valor exceda 20
salários mínimos, a assistência por advogado tem lugar a partir da fase instrutória,
não se aplicando para a formulação do pedido e a sessão de conciliação.
 Na fase recursal, a assistência por advogado é obrigatória, qualquer que seja o valor
da causa.

Uma parte com advogado e a outra sem: a outra parte tem direito à assistência.

g) Intervenção de terceiros (art. 10)

Essa regra vale para todos os juizados.

Não cabe intervenção de terceiros nos juizados, com exceção do incidente de


desconsideração da personalidade jurídica (art. 1.062 CPC).

h) Procedimento

Petição inicial:
- arts. 14 e 15,
- deve constar o nome e a qualificação das partes, os fatos e fundamentos jurídicos e o
pedido e seu valor,
- não é requisito da petição inicial dos juizados a indicação das testemunhas,
- é admissível o pedido genérico nos juizados (art. 14, § 2º), mas a sentença não pode ser
ilíquida (art. 38, p. único).

Citação (art. 18):


- o réu é citado para comparecer à audiência de conciliação,
- não cabe citação por edital no juizado.

Audiência de conciliação (arts. 21 a 23):


- pode ser conduzida pelo juiz togado, por juiz leigo (advogado com mais de 5 anos de
experiência) ou por conciliador (bacharel em Direito),
- se houver acordo, esse será homologado pelo juiz togado,
- ausência à audiência:
 se o ausente for o autor, o processo é extinto sem resolução do mérito, com
condenação ao pagamento de custas (art. 51, I)
 se o ausente for o réu, há revelia (art. 20).

Não havendo acordo, as partes podem optar pelo procedimento arbitral. Se não optarem,
passa-se para a audiência de instrução e julgamento.
22

Audiência de instrução e julgamento (art. 27):


- nova tentativa de conciliação,
- apresentação da defesa,
- produção de provas,
- sentença.
 As consequências da ausência à audiência de conciliação também se aplicam à
audiência de instrução e julgamento.

Contestação:
- apresentada até a audiência de instrução e julgamento, salvo se o próprio juizado indicar
outro momento (enunciado 10 FONAJE),
- pode ser oral ou escrita,
- cabe pedido contraposto fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da
controvérsia.

Provas:
- poderes do juiz em relação às provas: art. 5o, Lei 9099/95,
- oitiva de até três testemunhas para cada parte. Caso a parte queira que a testemunha seja
previamente intimada, deverá solicitar em no mínimo cinco dias antes da audiência,
- perícia: o juiz inquire técnicos de sua confiança e as partes podem apresentar parecer
técnico,
- o juiz pode realizar inspeção ou determinar que o faça pessoa de sua confiança.

Sentença:
- sem relatório (art. 38),
- isenção de sucumbência em 1º grau (arts. 54 e 55).
- não pode ser ilíquida (art. 38, p. único),
- possibilidade de julgamento por equidade (art. 6º),

2.2) JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS CÍVEIS – Lei 10259/01

a) Obrigatoriedade do procedimento

Na localidade em que os juizados especiais federais estiverem instalados, sua competência


é absoluta – art. 3º, § 3º, Lei 10259/01.

b) Cabimento (art. 3º):


- causas de até 60 salários mínimos,
- se o valor exceder a 60 salários mínimos, os autos são remetidos à justiça comum,
- não há renúncia tácita nos JEF para fins de competência, mas pode haver renúncia
expressa (enunciado 16 FONAJEF).
 No caso de litisconsorte ativo, o valor da causa, para fins de fixação de
competência, deve ser calculado por autor (enunciado 18 FONAJEF).
 Parcelas vincendas: art. 292, § 2º, CPC, e enunciados 17 e 20 FONAJEF.

c) Não cabimento (art. 3º):


- causas referidas no art. 109, II, III e XI, CF,
- mandado de segurança,
- desapropriação,
- divisão e demarcação,
- ação popular, de improbidade administrativa e demandas sobre direitos ou interesses
difusos, coletivos ou individuais homogêneos (processo coletivo),
- execução fiscal,
- causas sobre bens imóveis da União, autarquias e fundações públicas federais,
23

- anulação ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo de natureza previdenciária e


de lançamento fiscal,
- discussão sobre pena de demissão imposta a servidor público civil (todas as demais
sanções pode) ou sobre sanção disciplinar aplicada a militar (não pode discutir nenhuma
sanção),
- procedimentos especiais que não puderem ser adaptados ao procedimento dos juizados
(en. 9 FONAJEF).

d) Competência territorial

Aplica-se o art. 109, § 2º, CF.

Onde não houver vara federal, a causa poderá ser proposta no juizado especial federal mais
próximo.

e) Partes (art. 6º)

Legitimidade ativa:
- pessoa física, inclusive incapaz – enunciado 10 FONAJEF,
- microempresa e empresa de pequeno porte – enunciado 11 FONAJEF,
- espólio – enunciado 82 FONAJEF.

Legitimidade passiva:
- União,
- autarquias federais,
- fundações públicas federais,
- empresas públicas federais.
 Em caso de litisconsórcio necessário, podem figurar no polo passivo pessoas físicas,
pessoas jurídicas de direito privado e pessoas jurídicas de direito público municipal e
estadual (enunciado 21 FONAJEF).

A capacidade postulatória da parte não se limita a 20 salários mínimos: nos juizados


federais, ela pode atuar sem advogado – art. 10 da Lei 10.259/01 e enunciados 67 e 83
FONAJEF.

f) Regras próprias dos JEFs

Não há prazo diferenciado para a Fazenda Pública (art. 9º Lei 10.259/2001) nem para a
Defensoria Pública (enunciado 53 FONAJEF).
 Nos Juizados Especiais Federais, o procurador federal não tem a prerrogativa
de intimação pessoal (enunciado 7 FONAJEF).

Tem que haver um prazo mínimo de 30 dias entre a citação e a audiência de conciliação
(art. 9º).

O ente público deve fornecer ao Juizado, até a audiência de conciliação, a documentação


de que disponha para o esclarecimento da causa.

O ente público não pode fazer pedido contraposto: enunciado 12 FONAJEF.

Exame técnico: o juiz nomeia uma pessoa habilitada, que apresenta o laudo até cinco dias
antes da audiência (de conciliação ou de instrução).

Não há reexame necessário da sentença.


24

2.3) JUIZADOS ESPECIAIS DAS FAZENDAS PÚBLICAS – Lei 12153/09

Basicamente, seguem as mesmas regras dos juizados especiais FEDERAIS.

Legitimidade passiva:
- Estados,
- Distrito Federal,
- territórios,
- municípios,
- autarquias estaduais ou municipais,
- fundações públicas estaduais ou municipais,
- empresas públicas estaduais ou municipais.

3) PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

O CPC prevê, no processo de conhecimento, os procedimentos:


- comum,
- especiais, os quais de subdividem em procedimentos de jurisdição contenciosa e de
jurisdição voluntária.
 Também há procedimentos especiais previstos na legislação especial, como, por
exemplo, na Lei de Mandado de Segurança.

Os procedimentos especiais são aqueles “destinados a orientar a tramitação judicial de


certas pretensões que não encontrariam tratamento processual condizente dentro dos
parâmetros do procedimento ordinário” (Humberto Theodoro Jr.).

Medidas utilizadas para que os procedimentos especiais alcancem seus objetivos:


- alteração de prazos,
- alteração da sequência de atos,
- eliminação de atos,
- fusão de atos cognitivos e executivos,
- delimitação do tema a ser deduzido na inicial ou na contestação,
- etc.

Aplicam-se aos procedimentos especiais, subsidiariamente, as regras do procedimento


comum (art. 318, parágrafo único, CPC).

3.1) AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

Arts. 539 a 549 CPC e 334 a 345 CC.

A lei não só obriga o devedor ao pagamento, como também lhe assegura o direito de pagar.
Por meio da consignação, ele faz o depósito da quantia ou coisa devida.

Prestações passíveis de consignação: dinheiro ou coisa.

Cabimento da consignação: art. 335 CC.

Art. 335. A consignação tem lugar:


I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir
em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
25

Juízo competente: o do local do pagamento (art. 540 CPC).

Modalidades: extrajudicial ou judicial.

Consignação extrajudicial (art. 539 CPC):


- cabível para obrigação de pagar quantia,
- é uma faculdade para o devedor,
- o devedor vai a uma agência bancária, abre uma conta e efetua o depósito da quantia.
Após, cientifica o credor, por carta com aviso de recepção, quanto à realização do depósito,
- o credor tem o prazo de 10 dias para manifestar recusa o depósito,
- a não manifestação por parte do credor libera o devedor da obrigação,
- se houver recusa, que deve ser manifestada por escrito ao estabelecimento bancário, o
devedor deve propor, em 1 mês, a ação de consignação de pagamento; se não o fizer, o
depósito fica sem efeito, podendo o devedor levantá-lo.

Procedimento da consignação judicial:

Petição inicial (art. 542 CPC):


- deve preencher os requisitos dos artigos 319 e 320 CPC,
- o autor requer a realização do depósito e a citação do réu,
- a não realização de depósito no prazo de 5 dias importa em extinção do processo sem
resolução do mérito.

Conduta do réu:
- citado, o réu pode:
 permanecer inerte, o que acarreta a revelia e o julgamento antecipado do mérito,
 levantar o depósito, o que acarreta a extinção do processo com resolução do mérito,
 oferecer resposta, no prazo de 15 dias, caso não aceite o depósito,
- matérias alegáveis na contestação: art. 544 do CPC (não é rol taxativo).

Oferecida contestação, a ação segue o procedimento comum.


 Quando o pedido é julgado procedente, a sentença declara extinta a obrigação e
condena o réu ao pagamento de custas e honorários advocatícios (art. 546 CPC).

Prestações sucessivas (art. 541 CPC):


- são depositadas no mesmo processo, em até 5 dias do respectivo vencimento,
- em regra, admite-se a consignação das prestações sucessivas enquanto o processo
estiver pendente.

Alegação de insuficiência do depósito (art. 545 CPC):


- se, na contestação, o réu alega a insuficiência do depósito, o autor pode complementá-lo,
em 10 dias, salvo se o inadimplemento der causa à rescisão contratual,
- o réu pode efetuar o levantamento do que foi depositado, prosseguindo-se o processo
quanto à parcela controvertida,
- a sentença que conclui pela insuficiência do depósito importa em condenação do autor à
sua complementação (a diferença será estabelecida na sentença ou apurada em liquidação
de sentença),
- ação dúplice: a rejeição do pedido do autor importa em reconhecimento de direito ao réu, o
qual não precisa formular pedido (contraposto ou em reconvenção).
26

3.2) AÇÕES POSSESSÓRIAS

Arts. 554 a 568 CPC

a) Espécies de possessórias (art. 1210 CC):

Espécies:
- ação de reintegração de posse: cabível quando há o esbulho da posse (perda violenta,
clandestina ou precária da posse);
- ação de manutenção de posse: cabível quando há turbação na posse (efetivo embaraço ao
exercício da posse);
- interdito proibitório: cabível, preventivamente, quando há ameaça ao exercício da posse,
ou seja, ameaça iminente de turbação ou esbulho.

Fungibilidade das ações possessórias:


- também conhecido como “princípio” da reversibilidade do pedido (o pedido é um e o juiz dá
outro),
- ainda que haja erro quanto à ação proposta ou inovação na situação de fato, o art. 554
CPC permite que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal adequada.

b) Ações de força nova e de força velha (art. 558 CPC)

Ação de força nova:


- a ação é proposta dentro de 1 ano e 1 dia da ofensa da posse,
- procedimento especial,
- liminar fundada nos arts. 561 e 562 CPC (independentemente de demonstração de
periculum in mora).

Ação de força velha:


- a ação é proposta após o prazo de 1 ano e 1 dia da ofensa da posse,
- procedimento comum,
- cabe a tutela provisória geral do CPC.

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.


DECISÃO. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. CABIMENTO. AÇÃO POSSESSÓRIA. POSSE
VELHA. REQUISITOS. ART 273, CPC. POSSIBILIDADE.
1. (...)
2. Esta Corte, em sintonia com o disposto na Súmula 735 do STF (Não cabe recurso
extraordinário contra acórdão que defere medida liminar), entende que, via de regra, não
é cabível recurso especial para reexaminar decisão que defere ou indefere liminar ou
antecipação de tutela, em razão da natureza precária da decisão, sujeita à modificação a
qualquer tempo, devendo ser confirmada ou revogada pela sentença de mérito.
3. Hipótese em que se trata de violação direta ao dispositivo legal que disciplina o
deferimento da medida (CPC, art. 273), razão pela qual é cabível o recurso especial.
4. É possível a antecipação de tutela em ação de reintegração de posse em que o
esbulho data de mais de ano e dia (posse velha), submetida ao rito comum, desde
que presentes os requisitos requisitos que autorizam a sua concessão, previstos
no art. 273 do CPC, a serem aferidos pelas instâncias de origem.
5. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 1139629/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA
TURMA, julgado em 06/09/2012, DJe 17/09/2012)

Obs:. O interdito proibitório é sempre ação de força nova, porque a ameaça é constante e
deve ser sempre atual.
27

c) Objeto das ações possessórias

Só é cabível ação possessória para bens e direitos capazes de serem apreendidos


fisicamente, isto é, para bens materiais (bens móveis, semoventes e imóveis).
 Sum. 228 STJ: não cabe ação possessória para a proteção do direito autoral.
 Sum. 415 STF: cabe possessória para defender servidão de passagem.

d) Procedimento das possessórias

Competência:
- do foro do domicílio do réu, para bens móveis e semoventes (art. 46 CPC);
- do foro da situação da coisa, quando se tratar de bem imóvel – competência absoluta (art.
47, §2º, CPC).

Petição inicial:
- além de a petição observar os requisitos do art. 319 CPC, o autor deve provar os fatos
mencionados no art. 561 CPC,
- o autor pode cumular ao pedido possessório aqueles previstos no art. 555 CPC (perdas e
danos, cominação de pena e desfazimento de obras). Se quiser cumular outros, terá que
seguir o rito comum.

Tutela provisória:
- arts. 562 e 563 CPC,
- concessão liminar ou após audiência de justificação prévia,
- sendo designada audiência, o réu será citado, mas não pode produzir provas, apenas
contraditar e reperguntar as testemunhas do autor,
- provado o esbulho ou a turbação, a liminar é deferida, expedindo-se mandado de
reintegração ou de manutenção de posse,
- no caso do interdito proibitório, determina-se ao réu uma obrigação de não fazer (abster-se
de molestar a posse do autor), sob pena de incorrer em multa pecuniária – art. 567 CPC.

Resposta do réu:
- arts. 556 e 564 CPC,
- o réu é citado contestar, no prazo de 15 dias,
- sendo realizada audiência de justificação prévia, o prazo é contado da intimação da
decisão que deferir ou não a liminar.

Caução:
- art. 559 NCPC,
- exigível se o réu comprovar que o autor carece de idoneidade financeira para responder
eventuais perdas e danos caso venha a sucumbir na ação,
- é dispensada se a parte for economicamente hipossuficiente.

Após o prazo da resposta, as ações possessórias seguem o procedimento comum (art. 566
NCPC).

e) Possessórias multitudinárias – art. 554 e 565 NCPC

Citação:
- pessoal, dos ocupantes encontrados no local (são procurados apenas 1 vez),
- por edital, dos demais.

É necessário intimar o MP e, se a demanda envolver hipossuficientes econômicos, a


Defensoria Pública.
28

Publicidade quanto à existência da ação e dos respectivos prazos processuais: jornal, rádio,
cartaz, etc.

Audiência de medição:
- litígio fundado em posse velha: antes de apreciar a tutela provisória, o juiz deve designar
audiência de mediação,
- também há audiência de mediação se a liminar não for executada no prazo de 1 ano,
contado da distribuição,
- intimação do MP e da Defensoria Pública, se envolver hipossuficientes econômicos, para a
audiência,
- possibilidade de comparecimento do juiz à área objeto do litígio,
- intimação dos órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana para a
audiência,
- essas regras também se aplicam aos litígios coletivos sobre propriedade imóvel.

3.3) INVENTÁRIO E PARTILHA

Arts. 610 a 673 CPC

Inventário: procedimento pelo qual se procede à descrição e à avaliação do patrimônio


(bens, direitos e obrigações) deixado por alguém que faleceu; partilha: divisão do acervo
patrimonial entre os sucessores.

a) Inventário extrajudicial:
- art. 610, §§ 1º e 2º, CPC e Resolução CNJ 35/2007,
- não é necessário seguir as regras de competência do CPC,
- é uma opção, cabível quando: não há testamento, todos os sucessores são capazes e
estão de acordo quanto à partilha,
- é feito por escritura pública, lavrada em cartório de notas,
- a assistência por advogado é indispensável.

b) Inventário judicial

Arts. 610 a 658 CPC.

Conforme arts. 610 a 615 CPC, o inventário deve ser instaurado dentro de 2 meses,
contados da abertura da sucessão, a pedido do administrador provisório (aquele que está na
posse e na administração do espólio) ou de quaisquer das pessoas mencionadas no art. 616
CPC.
 Quando o inventário não é aberto no prazo, a punição é uma multa sobre o valor do
ITCD. Em Goiás, a multa é de 10% do imposto devido, quando a declaração é feita
após 60 dias do falecimento, ou de 20%, quando o atraso é superior a 120 dias.
 O CPC 2015 não mais prevê a possibilidade de abertura de inventário de ofício.

Na petição inicial, basta informar a morte do autor da herança e a existência de bens e


herdeiros.
 Juízo competente: art. 48 do CPC.

Ao analisar a petição inicial, o juiz nomeia o inventariante, o qual presta compromisso de


bem e fielmente desempenhar sua função – arts. 617 a 619 CPC.
29

Incumbe ao inventariante fazer as primeiras declarações: dados do falecido; dados do


cônjuge/ companheiro e herdeiros; relação de bens – art. 620 CPC.

Citação de todos os interessados, que podem impugnar as primeiras declarações – arts. 626
e 627 CPC.

Avaliação dos bens por avaliador judicial ou perito: arts. 629 a 635 do CPC.

Últimas declarações: o inventariante pode emendar, aditar ou completar as primeiras


declarações – arts. 636 e 637 CPC.

Cálculo do ITCD – arts. 637 e 638 CPC.

Pagamento de dívidas deixadas pelo falecido: arts. 642 a 646 CPC.

Partilha – arts. 647 a 653 CPC.

Pagamento do ITCD e juntada das certidões negativas para com a Fazenda Pública – art.
654 CPC.

Sentença que decide a partilha. Após o trânsito em julgado, expede-se o formal de partilha
ou a carta de adjudicação – arts. 654 e 655 CPC.

3.4) EMBARGOS DE TERCEIRO

Arts. 674 a 681 CPC.

a) Introdução

Em regra, as decisões judiciais somente afetam as partes do processo (art. 506 CPC).
Quando a atividade jurisdicional atinge bens ou direitos de terceiros que não guardam
relação com o processo, eles podem valer-se dos embargos de terceiro.

Conforme art. 674 CPC, os embargos de terceiro são:


- um instrumento processual,
- para quem não é parte no processo,
- mas sofre constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais
tenha direito incompatível com o ato constritivo,
30

- requerer o seu desfazimento ou sua inibição.

b) Requisitos:
- constrição ou ameaça de constrição judicial,
- ser proprietário ou possuidor de bem ou de direito apreendido ou ameaçado de apreensão,
- qualidade de terceiro em relação ao processo do qual emanou a ordem judicial.

c) Prazo (art. 675 CPC)

Embargos opostos em relação a ato constritivo proveniente de:


- processo de conhecimento: podem ser opostos enquanto a sentença não transitar em
julgado,
- processo de execução/ cumprimento de sentença: até 5 dias depois da expropriação
(adjudicação, alienação por iniciativa particular ou arrematação), mas antes da assinatura da
respectiva carta.
 O CPC inova ao estabelecer que o juiz deve determinar a intimação pessoal do
terceiro titular de interesse em embargar o ato (art. 675, parágrafo único, CPC).

d) Competência: do juízo que ordenou a constrição do bem (art. 676 CPC).

e) Procedimento

Petição inicial:
- arts. 319, 320 e 677, CPC,
- deve estar instruída com a prova sumária da posse ou do domínio e da qualidade de
terceiro no processo,
- quando for o caso, deve conter o rol de testemunhas,
- pedido: cancelamento da constrição judicial, com o reconhecimento do domínio ou a
manutenção da posse ou a reintegração do bem ou direito ao embargante (art. 681 CPC),
- valor da causa: em princípio, é o valor do bem apreendido. Segundo entendimento
jurisprudencial, se o valor do bem for maior que o valor da execução, este último será o
valor dos embargos de terceiro.

Liminar:
- art. 678 CPC,
- deve ser concedida com a prova do domínio, da posse ou de outro direito (basta a
probabilidade do direito, sendo desnecessário o perigo de demora),
- não havendo prova documental, é possível designação de audiência preliminar (art. 677,
§1º, CPC),
- a liminar importa em suspensão da medida constritiva,
- a ordem de manutenção ou reintegração provisória de posse poderá ser condicionada à
prestação de caução, salvo se a parte for economicamente hipossuficiente.

Citação:
- art. 677, §3º, CPC,
- quando o embargado tem procurador constituído na ação principal, o advogado é intimado,
mediante simples publicação no diário da justiça,
- na falta de procurador constituído, a citação é pessoal ao embargado.

Resposta do embargado:
- arts. 679 e 680 CPC,
- o embargado tem o prazo de 15 dias para oferecer defesa,
- é possível deduzir qualquer matéria de defesa, salvo se o embargante for o credor com
garantia real, pois nesse caso a defesa do embargado se limita à inexigibilidade da garantia
(art. 680 CPC).
31

Após o prazo da resposta do réu, segue-se o procedimento comum.

f) Súmulas do STJ sobre embargos de terceiro

Sum. 303 STJ: em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar
com os honorários advocatícios.

Sum 195 STJ: em embargos de terceiro não se anula ato jurídico, por fraude contra
credores.

Sum. 134 STJ: embora intimado da penhora em imóvel do casal, o cônjuge do executado
pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meação.

Sum. 84 STJ: é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de


posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do
registro.

3.6) AÇÃO MONITÓRIA

Arts. 700 a 702 CPC.

a) Noções gerais

A ação monitória é considerada uma tutela diferenciada: para o legislador, pareceu injusto
que o credor que tivesse prova escrita da obrigação tivesse que se submeter ao mesmo
procedimento dos credores sem prova escrita. Por isto, criou o procedimento monitório, para
permitir que o juiz pudesse, com cognição sumária formada a partir da prova escrita,
determinar o cumprimento da obrigação antes da sentença final.

AÇÃO DE COBRANÇA AÇÃO MONITÓRIA EXECUÇÃO


Cabível quando o credor Cabível quando o credor Cabível quanto o credor possui
não tem prova escrita da possui prova escrita da título executivo (arts. 515 e 784
obrigação. obrigação, sem eficácia de NCPC).
título executivo.

Processo de Processo de Processo de execução.


conhecimento, pelo conhecimento, por
procedimento comum. procedimento especial.
CUIDADOS:
- O ajuizamento da ação monitória é uma faculdade do credor. Se ele quiser, pode ajuizar
ação de cobrança.
- O STJ entende que o credor que possui título executivo extrajudicial pode ajuizar ação de
conhecimento, visando obter um título executivo judicial, cujas medidas executivas são
mais eficazes (Resp 435.319). Esse entendimento foi positivado no art. 785 NCPC.

b) Cabimento

Segundo determina o art. 700 NCPC, “a ação monitória pode ser proposta por aquele que
afirmar, com base em prova escrita sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do
devedor capaz: I - pagamento de quantia em dinheiro; II – a entrega de coisa fungível ou
infungível ou de bem móvel ou imóvel; III – o adimplemento de obrigação de fazer ou de não
fazer”.
32

Prova escrita:
- a prova deve ser documentada – e não documental, ou seja, pode ser prova oral
documentada,
- a jurisprudência brasileira é bastante liberal quanto à admissão da prova escrita para fins
de ação monitória. O que importa é que o documento ofertado pelo credor sinalize, de modo
verossímil, a existência da obrigação,
- exemplos: contrato sem assinatura de duas testemunhas e título de crédito prescrito (sum.
299 STJ).

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. A


DOCUMENTAÇÃO NECESSÁRIA PARA A ADMISSIBILIDADE TEM QUE SER
IDÔNEA. APTA À FORMAÇÃO DO JUÍZO DE PROBABILIDADE ACERCA DO
DIREITO AFIRMADO, A PARTIR DO PRUDENTE EXAME DO MAGISTRADO.
1. A prova hábil a instruir a ação monitória, a que alude o artigo 1.102-A do
Código de Processo Civil não precisa, necessariamente, ter sido emitida pelo
devedor ou nela constar sua assinatura ou de um representante. Basta que
tenha forma escrita e seja suficiente para, efetivamente, influir na convicção
do magistrado acerca do direito alegado.
2. Dessarte, para a admissibilidade da ação monitória, não é necessário que
o autor instrua a ação com prova robusta, estreme de dúvida, podendo ser
aparelhada por documento idôneo, ainda que emitido pelo próprio credor,
contanto que, por meio do prudente exame do magistrado, exsurja o juízo de
probabilidade acerca do direito afirmado pelo autor.
3. No caso dos autos, a recorrida, ao ajuizar a ação monitória, juntou como prova
escrita sem eficácia de título executivo a própria nota fiscal do negócio de compra
e venda de mercadorias, seguida do comprovante de entrega assinado e mais o
protesto das duplicatas, que ficaram inadimplidas. A Corte local, após minucioso
exame da documentação que instrui a ação, apurou que os documentos são
suficientes para atender aos requisitos da legislação processual para cobrança via
ação monitória, pois servem como início de prova escrita. A revisão desse
entendimento, demanda o reexame de provas, vedado em sede de recurso
especial (Súmula 7/STJ).
4. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 289660/RN, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA
TURMA, julgado em 04/06/2013, DJe 19/06/2013)

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. PROVA ESCRITA. JUÍZO DE


PROBABILIDADE. CORRESPONDÊNCIA ELETRÔNICA. E-MAIL. DOCUMENTO
HÁBIL A COMPROVAR A RELAÇÃO CONTRATUAL E A EXISTÊNCIA DE
DÍVIDA.
1. A prova hábil a instruir a ação monitória, isto é, apta a ensejar a determinação
da expedição do mandado monitório - a que alude os artigos 1.102-A do
CPC/1.973 e 700 do CPC/2.015 -, precisa demonstrar a existência da
obrigação, devendo o documento ser escrito e suficiente para, efetivamente,
influir na convicção do magistrado acerca do direito alegado, não sendo
necessário prova robusta, estreme de dúvida, mas sim documento idôneo que
permita juízo de probabilidade do direito afirmado pelo autor.
2. O correio eletrônico (e-mail) pode fundamentar a pretensão monitória,
desde que o juízo se convença da verossimilhança das alegações e da
idoneidade das declarações, possibilitando ao réu impugnar-lhe pela via
processual adequada.
3. O exame sobre a validade, ou não, da correspondência eletrônica (e-mail)
deverá ser aferida no caso concreto, juntamente com os demais elementos de
prova trazidos pela parte autora.
4. Recurso especial não provido.
(REsp 1381603/MS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 06/10/2016, DJe 11/11/2016)
33

Obrigações exigíveis por ação monitória:


- no CPC/1973, a monitória só tinha como objeto obrigação de pagar ou de entregar coisa,
- no CPC, cabe ação monitória para qualquer tipo de obrigação, desde que o devedor seja
capaz.

c) Competência

Será competente o foro do local do cumprimento da obrigação (art. 53, III, d, CPC), salvo se
houver cláusula de eleição de foro no documento firmado entre as partes.

d) Legitimidade

Polo ativo: o credor da obrigação.

Polo passivo:
- o devedor capaz,
- a fazenda pública pode ser sujeito passivo na ação monitória (sum. 339 STJ).

PROCESSO CIVIL. AÇÃO MONITÓRIA. PROVA ESCRITA.


O ato do Subsecretário de Recursos Humanos do Estado do Rio Grande do Norte,
encaminhando para "restos a pagar", expediente que versa sobre o pagamento de
diferenças de remuneração de servidor público constitui prova escrita hábil à
propositura da ação monitória. Recurso especial conhecido, mas desprovido.
(REsp 1320340/RN, Rel. Ministro ARI PARGENDLER, PRIMEIRA TURMA,
julgado em 04/02/2014, DJe 13/02/2014)

e) Procedimento

Petição inicial:
- deve observar os requisitos genéricos dos arts. 319 e 320 CPC,
- obrigatoriamente, deve estar instruída com a prova escrita,
- nos termos do §2º do art. 700, CPC, o autor deverá explicitar:
 a importância devida, instruindo-a com a memória de cálculo (o que já estava
consagrado na doutrina), se tratar de obrigação da pagar,
 o valor atual da coisa reclamada, em caso de obrigação de entrega de coisa,
 o conteúdo patrimonial em discussão ou proveito econômico perseguido, no caso de
obrigação de fazer ou não fazer,
- o valor da causa deve corresponder ao valor da obrigação cujo adimplemento se busca
(art. 700, § 3º, CPC),
- sum. 531/STJ: é desnecessário constar da petição inicial a origem da obrigação (causa
debendi).

Juízo de admissibilidade:
- se o juiz entender que a prova documental não é idônea, determina que o autor emende a
inicial, adaptando-a ao procedimento comum (ação de cobrança),
- se o juiz entende que o direito do autor é evidente, determinar a expedição de mandado
para o cumprimento da obrigação em 15 dias.

Citação:
- a citação é feita por qualquer meio previsto para o procedimento comum (art. 700, § 7º,
CPC e sum. 282 STJ),
- o réu é citado para cumprir a obrigação, no prazo de 15 dias, bem como para pagar
honorários advocatícios de 5% sobre o valor atribuído à causa, ou oferecer embargos.
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Possíveis reações do devedor (art. 701 CPC):


- cumprimento da obrigação no prazo legal, com pagamento de 5% de honorários: o réu fica
isento do pagamento das custas processuais (§ 1º) – espécie de sanção premial,
- solicitação de parcelamento do débito, previsto no art. 916 CPC (§ 5º),
- oferecimento de embargos: a ação prossegue pelo procedimento comum,
- inércia: a ordem para cumprimento da obrigação, que era provisória, se transforma em
definitiva (constituição de pleno direito do título executivo judicial), passando-se ao
procedimento do cumprimento de sentença (§ 2º).

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO MONITÓRIA. EMBARGOS MONITÓRIOS.


INTEMPESTIVOS. CONVERSÃO EM MANDADO EXECUTIVO. OPE LEGIS.
AUSÊNCIA DE CONTEÚDO DECISÓRIO. OPOSIÇÃO DE EMBARGOS
DECLARATÓRIOS. INVIABILIDADE. RECURSO PROVIDO.
1. O procedimento monitório tem natureza peculiar, não se confundindo com mero
procedimento de ação de conhecimento, porque não há dilação probatória nem se
destina à produção de uma sentença de mérito.
2. A inércia do devedor no procedimento monitório tem por consequência limitar a
atividade jurisdicional, convertendo-se o mandado monitório em mandado
executivo ope legis, diferentemente da revelia, que tem efeitos restritos à
distribuição do ônus probatório.
3. O despacho proferido em procedimento monitório que converte o mandado
inicial em mandado executivo não detém natureza jurídica de sentença, tampouco
é dotado de conteúdo decisório, não sendo passível de oposição de embargos de
declaração.
4. A análise de matérias de mérito, ainda que conhecíveis de ofício, é obstada nas
hipóteses de inércia do devedor no procedimento monitório. Isso porque a
ausência de abertura do processo de conhecimento impossibilita a produção de
contraprovas pelo autor monitório, essenciais ao exercício do direito fundamental
de defesa, inviabilizando o aprofundamento do conhecimento da causa pelo Poder
Judiciário.
5. Recurso especial provido.
(REsp 1432982/ES, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,
julgado em 17/11/2015, DJe 26/11/2015)

Impugnação da decisão que determina o cumprimento da obrigação:


- a decisão provisória não pode ser impugnada por recurso, competindo ao devedor oferecer
embargos,
- se o devedor não oferecer embargos e a decisão provisória se transformar em definitiva,
cabe ação rescisória (art. 701, § 3º, CPC).

Embargos à ação monitória (art. 702 CPC):


- é o meio de defesa do devedor (não cabe contestação),
- prazo: 15 dias,
- não há necessidade de garantia do juízo,
- são processados nos próprios autos,
- a matéria de defesa é ampla (§ 1º),
- não cabe impugnação genérica: o réu tem o dever de alegar o valor que entende correto e
apresentar demonstrativo discriminado da dívida (§§ 2º e 3º),
- opostos embargos, a decisão provisória de pagamento fica suspensa até o julgamento de
1º grau (§ 4º),
- prazo para resposta aos embargos: 15 dias (§ 5º),
- é cabível reconvenção, mas não reconvenção à reconvenção (sum. 292 STJ e § 6º),
- embargos parciais: constituição do título executivo judicial quanto à parcela incontroversa
(§ 7º),
- rejeição dos embargos: constituição de pleno direito do título executivo judicial e passa-se
ao cumprimento de sentença (§ 8º),
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- o provimento judicial que acolhe ou rejeita os embargos é classificado como sentença,


recorrível por apelação (§ 9º).

Tanto o ajuizamento de má-fé da ação monitória quanto o oferecimento de embargos


abusivos devem ser sancionados com multa de até 10% sobre o valor da causa (§§ 10 e
11).

f) Súmulas do STJ sobre ação monitória

Súmula 531. Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente, é
dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.

Súmula 504. O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de nota
promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao vencimento do
título.

Súmula 503. O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de cheque
sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada na
cártula.

Súmula 384. Cabe ação monitória para haver saldo remanescente oriundo de venda
extrajudicial de bem alienado fiduciariamente em garantia

Súmula 339. É cabível ação monitória contra a Fazenda Pública.

Súmula 299. É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.

Súmula 292. A reconvenção é cabível na ação monitória, após a conversão do


procedimento em ordinário.

Súmula 282. Cabe a citação por edital em ação monitória.

Súmula 247. O contrato de abertura de crédito em conta-corrente, acompanhado do


demonstrativo de débito, constitui documento hábil para o ajuizamento da ação monitória.
 Obs.: Em 2013, o STJ entendeu que a Cédula de Crédito Bancário é título executivo
extrajudicial, representativo de operações de crédito de qualquer natureza,
circunstância que autoriza sua emissão para documentar a abertura de crédito em
conta-corrente, nas modalidades de crédito rotativo ou cheque especial. O título de
crédito deve vir acompanhado de claro demonstrativo acerca dos valores utilizados pelo
cliente, trazendo o diploma legal, de maneira taxativa, a relação de exigências que o credor
deverá cumprir, de modo a conferir liquidez e exequibilidade à Cédula (art. 28, § 2º, incisos I
e II, da Lei n. 10.931/2004) (REsp 1291575/PR, julgado pelo rito do art. 543-C do CPC/1973).

3.7) PROCEDIMENTOS ESPECIAIS DE JURISDIÇÃO VOLUNTÁRIA

a) Noções gerais – art. 719 a 725 CPC

Segundo Câmara, tem-se jurisdição voluntária quando é necessário um ato judicial para
aperfeiçoar a validade e eficácia de um negócio jurídico.

Procedimento:
- inicia-se por provocação do interessado ou do Ministério Público ou da Defensoria Pública;
- todos os interessados devem ser citados;
- o MP só intervém nos casos do art. 178 do CPC;
- a Fazenda Pública será ouvida nos casos em que tiver interesse;
- o prazo para resposta é de 15 dias;
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- o juiz pode decidir por critério de equidade;


- cabe apelação da sentença.

b) Alguns procedimentos especiais de jurisdição voluntária

Divórcio consensual e extinção consensual de união estável:


- arts. 731 e 732 CPC,
- a petição inicial deve conter as disposições relativas a partilha de bens, pensão alimentícia
e guarda/ visitas dos filhos,
- a petição deve ser assinada pelos cônjuges ou companheiros, além do advogado,
- o juiz profere sentença homologatória do acordo.

Divórcio e extinção de união estável extrajudiciais:


- art. 733 CPC e Resolução CNJ 35/2007,
- é uma opção, cabível quando os cônjuges estão em consenso e não há nascituro ou filhos
incapazes,
- é feito por escritura pública, lavrada em cartório de notas,
- a assistência por advogado é indispensável.

Interdição:
- arts. 747 a 763 CPC,
- legitimidade ativa: arts. 747 e 748 CPC,
- o MP só pode requerer a interdição em caso de grave doença mental, se houver inércia/
impossibilidade dos demais legitimados,
- a inicial deve indicar os fatos que demonstram a incapacidade e qual o seu grau, bem
como quando a incapacidade se revelou,
- a inicial deve ser instruída com laudo médico,
- ao apreciar a inicial, o juiz pode nomear curador provisório, em caso de urgência (tutela
provisória),
- o interditando é citado para comparecer em audiência, a fim de ser entrevistado pelo juiz. A
entrevista pode ocorrer no local em que o interditando se encontra e pode ser acompanhada
por especialista,
- o juiz também pode ouvir parentes e pessoas próximas ao interditando,
- o interditando tem o prazo de 15 dias, contados da entrevista, para impugnar o pedido,
- se o interditando não constituir advogado, o juiz nomeia curador especial e seus parentes
podem intervir como assistente,
- há intervenção do MP como fiscal da ordem jurídica,
- realiza-se perícia para analisar a existência de incapacidade e o seu grau,
- é possível a produção de outros meios de prova,
- o juiz profere sentença, que, se decretar a interdição, deve observar os requisitos do art.
755 CPC,
- ao ser nomeado, o curador deve prestar compromisso, assumindo a administração dos
bens do interditado – art. 759 CPC,
- é possível levantar a curatela, se a causa que a determinou cessar – art. 756 CPC.
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