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The Beginning After The End – Capítulo 431

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The Beginning After The End –


Capítulo 431
Tempo
Postado por BanKai, 12942 Visualizações, Lançado em
maio 19, 2023

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SYLVIE INDRATH

“Kyu…?”

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Um sorriso irônico e trêmulo curvou um dos


cantos dos lábios de Arthur. “Bem-vinda de
volta, Sylv.”

Pisquei de novo, e Arthur era um homem


velho com mechas grisalhas em seu cabelo
loiro trigo e sulcos profundos enrugando
sua pele. Sem querer, me afastei,
pressionando meus dedos contra meus
lábios.

Essa imagem muito velha do meu vínculo


hesitou, sua mão, que estava se estendendo
para mim, puxando para trás ligeiramente,
apenas uma polegada, suas sobrancelhas se
franzindo em uma carranca. Eu pisquei, e a
visão desapareceu. Arthur, o verdadeiro
Arthur, estava parado — não, flutuando — na
minha frente, seu olhar de ouro líquido
como o sol quente de verão na minha pele.

Sua hesitação diminuiu e ele se inclinou


para frente, envolvendo braços fortes em
volta de mim e me puxando para ele.

Fechei os olhos e soltei um suspiro trêmulo.


O alívio de Arthur tomou conta de mim,
puro, caloroso e conquistado a duras penas.
Tantos momentos em que meu retorno
estava ao alcance da mão e depois
arrebatado pelas circunstâncias, tanto
tempo e energia focados na pedra que
continha minha essência. Por trás do alívio,
havia uma pitada de arrependimento — leve,
mas amargo — por ter demorado tanto ou
por ter sido necessário. E a ansiedade… O
medo, o peso dele o suficiente para esmagar
qualquer um mais fraco, o suficiente para
sufocar a vida de qualquer outra pessoa.

Minha mente ainda estava se recompondo e,


enquanto nos abraçávamos, perdi a noção
de onde meu vínculo começava e onde
terminava. “Papai… É mesmo você. Tive
medo de que você fosse um sonho.”

O conceito de tempo foi praticamente


destruído. Flutuando naquele lugar
estranho e etéreo, apenas nós dois, nosso
abraço pode ter sido apenas um contato
breve ou ter durado mais de uma vida.
Agarrei-me desesperadamente a essa
conexão, precisando da presença de Arthur
para me ancorar naquele momento no
tempo e no espaço.

“Então… Olá”, disse uma voz — não a de


Arthur — vinda do vazio.

Meus olhos se abriram e olhei incrédula


para um ser estranho flutuando ao lado de
Arthur.

Ele tinha a forma de um lobo, exceto que


seu pelo parecia crescer da mais pura
sombra e um anel ardente de chama etérica
envolvia seu pescoço. Ele estava me
observando com olhos brilhantes, que
brilhavam na escuridão sob um par de
chifres retos de ônix.

Estendi a mão e acariciei os chifres saindo


da minha própria cabeça, sentindo-me
inexplicavelmente nervosa. Mas não, isso
não estava certo. Eu não estava nervosa,
estava confusa. A criatura estava nervosa,
mas suas emoções estavam sangrando em
mim, como as de Arthur. Cutuquei, mas
havia um muro entre nossas mentes.

“Sylvie, oi, sabe, na verdade, não tenho


certeza de como chamá-la. Tipo, somos
irmãos? Meio-irmãos? Você é minha mãe?
Minha tia? Sabe, tia Sylvie tem um tipo de…”

“Olá, Regis,” eu disse com um sorriso


crescente, seu nome aparecendo para mim
na mente de Arthur.

De repente, flashes de memórias e


pensamentos desconexos saltaram como
faíscas elétricas atrás dos meus olhos. Era
demais, e cada lampejo era acompanhado
por uma pontada de dor.

Fechando meus olhos, pressionei meus


dedos em minhas têmporas. “Arthur — seus
pensamentos — eu não consigo…”

Uma corrente de alarme correu sob todas as


minhas outras emoções conflitantes, então
o dilúvio cessou. Respirei fundo, alívio
lavando a dor persistente.

“Sylvie, desculpe, eu deveria ter percebido”,


disse Arthur, e o senti recuar um pouco.

Balancei minha cabeça. “Não é sua culpa…”


Lentamente, meus olhos se abriram
novamente. Eles encontraram o de Regis,
que parecia abalado, como se ele próprio
tivesse feito algo para me prejudicar. “Minha
mente está… Cheia de uma tempestade
furiosa agora. Meus próprios pensamentos
são díspares e desconexos e… É muito. Mas
é um prazer conhecê-lo, Regis.”

O lobo dobrou as patas dianteiras e baixou


a cabeça em uma espécie de reverência
lupina, flutuante e desajeitada. Não pude
deixar de rir com a visão, o que fez Regis rir
também.

“Você parece diferente”, disse Arthur no


silêncio que se seguiu.

As palavras me deixaram desconfortável,


mas levei um momento para perceber o
porquê. Ficamos separados por tanto tempo,
mas para mim, a batalha contra Nico e
Cadell em Dicathen foi tanto há segundo,
quanto uma vida atrás, e eu não estava
acostumada com Arthur escondendo seus
pensamentos e sentimentos tão
completamente de mim.

Fechando meus olhos, alcancei sua mente.


Senti a barreira, então uma pergunta. A
cutuquei e ela cedeu, moldando-se ao meu
redor. Não quebrando completamente, mas
abrindo espaço para mim. Me vi através dos
olhos de Arthur.

Meu cabelo loiro caia sobre meus ombros.


Chifres negros se projetavam do cabelo,
apunhalando para baixo e para fora. Meus
olhos eram amarelos brilhantes, como
pedras preciosas, inseridos em um rosto
que havia ficado um pouco mais nítido, um
pouco mais velho. Eu usava um vestido
preto de escamas finas e brilhantes que
capturavam a luz púrpura deste reino e a
refletiam de volta, fazendo parecer que meu
corpo se esfumaçava no vazio.

“Pareço mais velha,” eu disse, abrindo meus


olhos. “Assim como você. Mas então, esperei
uma vida inteira para voltar.”

“O que quer dizer?” Perguntou Arthur. A


preocupação em seu rosto também se
misturava às minhas próprias emoções,
embora distantes. “Sylvie, o que você fez
durante esse tempo? Onde esteve?”

“Tempo,” eu disse, então balancei minha


cabeça, sem saber o quanto do que eu
lembrava era realidade. “Haverá tempo para
lhe contar tudo o que sei.” Olhei em volta
novamente, ficando mais curiosa enquanto
a névoa do meu retorno desaparecia. “Onde
estamos?”

“Se tem nome, desconheço”, disse Arthur,


sério. “Eu tenho pensado nisso como o reino
do éter. Os djinn construíram suas
Relictombs dentro dele.”

O conhecimento do significado desses


termos se manifestou nos pensamentos de
Arthur enquanto ele falava, mas só serviu
para me confundir ainda mais.

“Você tem muito a me dizer também, ao que


parece,” eu disse com um aceno de cabeça.
Enquanto falava, percebi um desconforto
nos pulmões, como se estivesse respirando
sob um cobertor pesado.

“Silv?”

Não há mana aqui, percebi com uma


espécie de curiosidade imparcial. Eu
experimentei essa falta de mana como uma
queimação que crescia lentamente em meu
peito. Não era perigoso — ainda não — mas
era desconfortável e me desorientou ainda
mais.

“Devemos ir”, disse Arthur, sua preocupação


ficando mais nítida. “Este lugar não é seguro
para asuras. Podemos conversar melhor
em–”

“Não, estou bem”, assegurei a ele,


concentrando-me em algo que saltou
através da conexão parcialmente blindada
entre nossas mentes. “Há algo mais que
você quer aqui, não é?”

“Eu…” Arthur esfregou a nuca, essa visão


evocou um brilho quente no meu peito.
“Não, sério, não quero mantê-la aqui mais
tempo do que o necessário.”

Não pude deixar de sorrir com sua débil


tentativa de mentir. “Sua barreira mental
ficou mais… Resistente, Arthur.”

“Culpa dele”, disse, desgostoso, apontando


para Regis.

“Nossa, ei, estou apenas flutuando aqui. O


que foi que fiz?”

Estendendo a mão, toquei com as pontas


dos dedos o peito de Arthur. “Seu núcleo,”
eu disse, reunindo gavinhas de
pensamentos semiformados que flutuavam
ao longo de nossa conexão mental. “Você
realmente mudou, não é?”

Pouco a pouco, Arthur abriu seus


pensamentos para mim, mostrando-me a
verdade sobre o que havia acontecido com
ele. A conexão não me dominou como antes,
já que Arthur ainda mantinha uma barreira
entre nós, mas foi o suficiente para que eu
pudesse entender as memórias que
flutuavam: seu núcleo, quebrado; a
reconstrução dele com éter; a armadilha,
empurrando energia para dentro dele até
que seu núcleo rachasse…

“Sylvie, estou feliz por finalmente ter você


de volta. Nada mais importa. Eu nem sei
se posso formar outra camada em volta do
meu núcleo, mas isso é um problema para
outro dia. Agora–”

“Arthur, tudo é importante quando você


equilibra o peso dos mundos em seus
ombros.” Suprimi a dor no meu peito, me
preparando para fazer o que fosse
necessário. “Você trabalhou tanto para me
trazer de volta, mas agora estou aqui, e não
vou a lugar nenhum. Se ficar neste lugar um
pouco mais vai ajudá-lo a enfrentar meu pai
e meu avô, então você tem que fazer isso.”

Quando o desconforto de Arthur não foi


imediatamente aliviado, acrescentei: “Por
favor, isso vai me ajudar a entender. Muito
do que você me mostrou parece tão surreal.”

“Uau, isso é um monte de emoções


conflitantes de ambos os lados”, disse Regis,
tremendo como um cachorro molhado. “Vou
levar algum tempo para me acostumar.”

Arthur observou Regis por um momento,


depois fechou os olhos e acalmou a mente.
“Você foi minha prioridade ao vir aqui, Sylv,
mas se eu puder aproveitar esta
oportunidade para aumentar meu poder
também…”

Não precisa explicar, eu disse mentalmente.

Ele me deu um sorriso envergonhado e me


puxou para outro abraço rápido. “Obrigado,
Silv. Desculpe, eu ainda não disse isso, mas
estou feliz que você está de volta.”

“Eu estremeço só de pensar no que você


tem feito sem mim,” provoquei, reforçando
minha própria barreira mental para que
meus pensamentos não vazassem para os
de Arthur. Eu precisava ser forte, por ele,
como sempre fui. Eu era sua protetora.
Apesar do que este lugar me fazia sentir —
como se eu fosse água morna em uma
banheira vazando, esfriando lentamente e
sendo drenada — este próximo passo para
Arthur parecia essencial.

Esperei por ele por toda a vida. Poderia


esperar um pouco mais.

Arthur fechou os olhos e o éter começou a


se mover. Afastei-me vários metros, dando-
lhe espaço para se concentrar.

Regis saiu do seu lado, nadando pelo vazio


até estar ao meu lado. Percebi que ele
estava ansioso para dizer alguma coisa, mas
parecia estar criando coragem. O lobo das
sombras parecia diferente de qualquer
criatura que eu já tinha visto,
simultaneamente estranho e familiar,
confortável e antagônico.

Quando olhei para ele, notei algo mais pela


primeira vez. Muito abaixo de nós, algo
como uma masmorra flutuava livremente no
vazio. Paredes grossas e semitransparentes
de terra e pedra a envolviam, mas eu podia
ver corredores escuros lá dentro.

“As Relictombs”, disse Regis, olhando para


baixo. “É meio que minha casa. Acho que dá
para dizer que nasci lá. Não lá, em
particular, apenas, você sabe.” Ele ficou
quieto por um momento, quase
envergonhado, então, “Ei, eu só queria dizer,
sem ressentimentos, certo? Tipo, eu não sou
o ‘substituto de Sylvie’ ou algo assim. Ele
não, você sabe…”

“Ele não quis preencher o vazio que deixei


em sua vida ao se vincular com outro ser
falante, metamorfo e usuário de éter?”

“Uh, exatamente,” Regis respondeu incerto.


“Eu nasci do aclorito na mão dele logo
depois que você se desintegrou e outras
coisas.”

“Sem ressentimentos”, respondi com um


pequeno sorriso. “Estou feliz que ele teve
você. Ele poderia estar… Bem, é difícil dizer
o que teria acontecido se estivesse sozinho,
mas provavelmente não teria sido bom.”

“Eu posso ouvir você, sabia?” Disse Arthur,


abrindo um olho para nos espiar. “Desculpe
interromper, mas preciso de Regis. Há éter
ilimitado aqui, mas aproveitar o suficiente
sem que o artefato do djinn o force para
dentro de mim vai ser difícil.”

Regis revirou os olhos para mim. “O mestre


chama…”

Eu ri por trás da minha mão quando a forma


de lobo de sombra desapareceu,
momentaneamente se tornando um
pequeno fio de energia com chifres antes de
mergulhar no peito de Arthur. Arthur me deu
um sorriso cansado, mas gentil, antes de
fechar os olhos novamente.

Observei de perto, tentando acompanhar o


que estava acontecendo com sucesso
limitado. O próprio núcleo de éter era
impossível de não perceber, queimando
como uma estrela sob o esterno de Arthur,
mas meus sentidos ainda não estavam
totalmente alinhados. O estranho vazio, a
ausência de mana dentro dele, a presença
avassaladora do éter, tudo serviu para
confundir a visão, audição, tato e os
sentidos mais refinados do meu núcleo de
mana.

Isso exigiria paciência, eu sabia. Meu corpo


e minha mente ainda estavam se
regenerando.

Mesmo no breve vislumbre de memória que


recebi de Arthur, havia muito o que aceitar.
Assim como eu havia me sacrificado para
salvar Arthur, ele se virou e se derramou em
mim para me trazer de volta. Foram seus
cuidados, proteção e amor que também me
ajudaram a chocar pela primeira vez. Mas
mesmo antes disso, eu guiei seu espírito…

Estremeci e esfreguei minhas têmporas


novamente. Era doloroso pensar muito
sobre o paradoxo de sua reencarnação e
meu próprio retorno ao meu ovo, meu
espírito dividido e espalhado através do
tempo como folhas de outono que por sua
vez abrigam e fertilizam o novo crescimento
abaixo deles…

Um gemido escapou de mim, e tive que


morder meu lábio para não gritar de agonia.
Arthur, com os olhos fechados e a mente
imersa em sua meditação, estava alheio,
mas sua mera presença continuou a ser a
amarra com a qual me amarrei à realidade.
A dissonância entre minha alma e meu
corpo estava crescendo, e sem ele eu me
preocupava em me dissolver em nada.

Apertei meus próprios olhos com força, tão


forte que cores e formas estranhas
floresceram atrás de minhas pálpebras.
Meus joelhos se dobraram em meu peito e
eu passei meus braços ao redor deles,
contorcendo-me em uma bola enquanto
esperava que a dor passasse.

‘Até o tempo se curva diante do destino’,


uma voz como a minha disse em minha
cabeça. ‘Você vai descobrir isso em breve.’

Sugando uma respiração ruidosa, senti a


consciência se afastando de mim. Mas e se
um de nós ou ambos nos separarmos? Ou
alguma ameaça oculta perceber nossa
fraqueza e atacar. Eu tinha que permanecer
consciente.

Rosnando, agarrei meu caminho de volta à


vigília, recusando-me a sucumbir. Eu não
poderia, não aqui, com Arthur tão
profundamente dentro de si que estava
quase insensato. Não agora, depois de
voltar.

Tentei acalmar minha mente, mas a


tempestade que assolava dentro do meu
crânio só crescia em força e parecia
aumentar a intensidade da dor que se
espalhava pelo meu núcleo. As imagens
passaram diante dos meus olhos mais
rápido do que poderia compreender, toda a
minha vida se desenrolando em rápida
sucessão, mas a linha do tempo estava
confusa, as imagens sendo arrancadas de
todos os lugares.

Eu estava treinando com meu avô, Kezess


Indrath, em Epheotus.

Estava caçando na Clareira das Bestas


enquanto Arthur mergulhava nas masmorras
como o aventureiro mascarado, Note.

Estava perdendo a batalha para o Retentor,


Uto, uma dúzia de suas pontas negras já
perfurando minhas escamas.

Desencarnada, eu estava assistindo ao


treinamento de Gray para ser rei.

Arthur e eu estávamos voando, alto, tão alto


que era como se eu pudesse sacudir minha
cauda e tocar as estrelas, o mundo abaixo
de nós escondido pelas nuvens. Nós dois
estávamos sorrindo, felizes.

Eu estava usando meu fogo de dragão


contra o fogo da alma de Cadell enquanto a
vontade de minha mãe devorava Arthur de
dentro para fora.

Eu assisti, impotente, enquanto Arthur


lamentava seu pai…

A crueza daquela memória me trouxe de


volta ao presente.

Minha respiração estava pesada, mas a dor


em meu crânio estava diminuindo e comecei
a me desenrolar, rígida e dolorida. A
queimação em meu núcleo havia se
expandido pela maior parte do meu corpo,
como se estivesse morrendo de fome de
oxigênio, exceto que era de mana que eu
precisava.

Meus olhos se abriram, embaçados e sem


foco, revelando o rosto de Arthur a apenas
alguns centímetros do meu. Suas mãos
estavam em meus braços, tentando
gentilmente me sacudir para me acordar. Ele
estava pálido de medo.

“…vie. Sylvie!”

“Tudo bem”, eu disse, minha voz um coaxar


quase inaudível. Limpei a garganta antes de
continuar. “Estou bem, Arthur. Seu núcleo,
você está…”

Os olhos dourados de Arthur procuraram os


meus. “Meu núcleo rachou. Ainda estou
tentando contê-lo em uma terceira camada
com o éter que Regis e eu reunimos. Foi…
Muito mais difícil desta vez. Desculpe. Eu
não percebi quanto tempo tinha passado.”

Balancei minha cabeça e me afastei dele,


tentando e falhando em manter uma
expressão estoica. Eu estava tremendo e
pequenas protuberâncias apareceram por
toda a minha pele exposta. “Também não
tenho certeza de quanto tempo faz. Alguns
dias, talvez.”

Ele fez uma careta, mas senti um choque de


realização compartilhada e ele me deu um
sorriso tranquilizador. “O tempo passa mais
rápido aqui. Mesmo que já se passaram
alguns dias, terá sido apenas um dia ou
mais no mundo real. Sinto muito. Não
deveríamos ter ficado. Não pensei que
demoraria tanto. Estou quase terminando.”

Fiquei feliz por seus olhos terem se fechado


um segundo depois, porque o tremor
tornou-se mais violento. Abracei meu corpo,
mas não ajudou. Em vez disso, tentei seguir
o processo final da criação de Arthur dessa
terceira camada em torno de seu núcleo de
éter, sentindo o éter se mover dentro dele,
endurecendo à medida que o moldava. Eu
estava desorientada, meus sentidos
entorpecidos, mas em algum momento a
barreira entre minha mente e a de Arthur
caiu, e fui capaz de seguir o rastro de seus
pensamentos.

O processo foi desgastante para ele.


Envolvia extrair quantidades incríveis de
éter, muito mais do que seu núcleo poderia
suportar, e encher o órgão gradualmente até
que ele começasse a se romper. Então,
rapidamente, o éter coletado era usado para
selar e manter o núcleo unido, formando
uma camada endurecida ao seu redor. Essa
nova camada só poderia ser feita selando-a
nas rachaduras criadas pelo processo de
fraturamento, caso contrário, o éter
simplesmente se dissiparia.

Vi na mente de Arthur o momento em que o


processo foi concluído. Nós dois abrimos os
olhos ao mesmo tempo.

Ele imediatamente voou para mim e me


pegou pela mão. “Vamos. Vamos tirar você
daqui.”

Descemos rapidamente pelo vazio até


chegarmos à masmorra flutuante, com Regis
nos seguindo. Do lado de fora, eu podia ver
parcialmente através da rocha e da terra
como se fossem incorpóreas ou
translúcidas, mas quando Arthur liberou
uma explosão condensada de éter, provou
ser muito real. A rocha se estilhaçou,

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