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Todos os direitos reservados. É proibido o armazenamento, cópia e/ou reprodução de qualquer parte desta
obra ― física ou eletrônica ―, sem a prévia autorização do autor.
Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá
sido mera coincidência.
Revisão: Barbara Pinheiro
Capa: Bianka Jannuzzi
Diagramação digital: Grazi Fontes
Paixão em Duas Rodas – SÉRIE REED ENTERPRISES
© Todos os direitos reservados a Priscila Veiga.
Amanda viu no serviço de Home Care a oportunidade de juntar mais
dinheiro, além das pessoas maravilhosas que conheceu, graças ao seu trabalho
no hospital. Sempre foi uma filha obediente e teve o amor e o apoio dos pais,
porém, nada disso a impediu de fazer escolhas erradas que acarretaram
consequências para a sua vida até hoje. Amanda faz tudo o que pode para fugir,
mas o destino tem outros planos.
Ela nunca esperaria ajuda dessa pessoa, aliás não esperava de ninguém e
tinha a ideia fixa de não se envolver em um relacionamento, mas uma noite de
bebedeira levou os seus planos pelo ralo.
Trevor sempre foi aquele superamigo, sua maior bênção e sua maior
maldição, já que ele está cansado de ficar sempre na friendzone. Infelizmente
algumas escolhas do seu irmão respingam nele, que acaba precisando tirar férias
inesperadas. Mas ele não esperava encontrar com ela e, muito menos, que os
seus destinos estivessem tão ligados.
A minha cabeça pesa, parece que tem uma banda de heavy metal dentro
dela, de tanto que dói, percebo que bebi demais a noite passada, mas a festa
estava tão boa e eu fiquei tão surpresa de a Kate ter me chamado para madrinha,
que quis aproveitar. Ela, junto com a Nathy e a Bia, se tornaram minhas amigas,
tudo porque eu aceitei ajudá-la com o pós-operatório da mãe dela.
Tento me mexer na cama e sinto que alguma coisa está estranha, mas
prefiro não abrir os olhos neste momento e tento novamente me virar, sinto uma
mão na minha barriga e o meu corpo todo gela. O que foi que eu fiz?! Agora eu
estou totalmente desperta e, apesar dos olhos ainda fechados, começo a prestar
atenção ao lugar onde estou, porque pode não ser a minha cama, percebo que
estou nua. Vamos analisar o que entendi até agora: estou nua e tem alguém na
cama comigo. Existe uma conclusão óbvia para essas duas informações, além do
desconforto que estou sentindo entre as pernas. Ok, com certeza eu transei com
alguém, mas quem?!
O único jeito de descobrir isso é abrindo os olhos e é o que eu faço,
mesmo um pouco relutante e fico mais surpresa do que nunca fiquei em toda a
minha vida com os dois fatos que se revelam:
1 — Eu transei com o Trevor!
2 — Esta não é a minha cama, muito menos, o meu quarto, então eu
estou na casa dele.
Ai, meu Deus! Ai meu Deus! Ai, meu Deus!
Desde que eu conheci o Trevor, no apartamento da Kate, evitei ao
máximo ficar perto dele, mesmo ele indo visitá-los sempre. O jeito dele e a
forma como chama todas de “princesa” me irritam profundamente, por isso eu
não faço ideia de como vim parar aqui. Eu admito que me sinto atraída por ele, o
cara luta boxe, tem o corpo todo definido, é uma delícia, mas, ainda assim, não
justifica.
Percebo outro detalhe, estou usando o braço dele como travesseiro, é um
travesseiro bom e dá até vontade de morder, de tão gostoso. Percebendo aonde
vão os meus pensamentos resolvo virar de costas para ele, que me agarra,
encostando o peito nas minhas costas e me cutucando com alguma coisa que não
é sua mão, porque essa está agora segurando firme um dos meus seios, sei que já
estou molhada só de imaginar o que fizemos a noite passada e é uma tentação
repetir, já que eu não lembro o que aconteceu.
Sinto-o beliscando o meu mamilo e, se fosse para dar um palpite, diria
que ele está bem acordado, eu tenho duas opções:
1 — Levantar e ir embora, sem me lembrar de nada do que aconteceu e
não saber o gosto de ter um homem gostoso desse jeito comigo;
2 – Aproveitar o que ele parece disposto a me dar e fingir não me
lembrar disso também.
Não sou nenhuma puritana, tenho os meus momentos de diversão, bem
poucos, mas ainda são existentes e eu ando precisando de um homem que
realmente me satisfaça, mas será que o Trevor é esse homem?
Enquanto me perco em pensamentos contraditórios, sinto a mão que
estava embaixo do meu pescoço se mover para o meu outro mamilo e a mão que
estava no meu seio escorrega para baixo pelo meu corpo, com certeza ele está
acordado e a minha primeira reação é fechar os olhos e fingir que ainda estou
dormindo. Infantil, eu sei. Quase não consigo reprimir um gemido quando a mão
dele chega ao meu clitóris e começa a estimulá-lo, continuo tentando manter a
minha respiração controlada e quase me perco quando ele me penetra com um
dedo.
Sinto o corpo dele se mexendo atrás de mim, se aproximando, até que a
boca dele chega à minha orelha, mordiscando o lóbulo e me fazendo tremer.
— Sei que está acordada, princesa, que tal um café da manhã? — ele
pergunta, próximo ao meu ouvido, e eu tenho certeza de que eu serei o café da
manhã, agora tenho poucas escolhas, porque se eu ficar ele vai saber que, pelo
menos, desta manhã eu não tenho como não me lembrar. Eu quero tanto provar
esse homem delicioso.
Lembram-se da dor de cabeça? Eu até já me esqueci dela, mas ainda não
sei o que fazer com o Trevor, sei o que eu quero, mas não sei se é o melhor e
detesto ficar indecisa. Acho que demorei tanto para tomar uma atitude, que ele
entendeu como um sinal verde, pois sinto seus lábios distribuindo beijos pelo
meu pescoço e meu ombro, além de suas mãos fazendo maravilhas no meu
corpo, ele se afasta um momento e eu continuo imóvel, então ele volta
aproximando o corpo do meu, com as mãos explorando o meu corpo, encaixa a
sua ereção na minha entrada e começa a me penetrar, devagar. Golpe baixo!
Literalmente!
Não tem mais como disfarçar, eu arfo e abro os olhos, sinto-o sorrindo
antes de se aproximar novamente do meu ouvido.
— Eu sabia que estava acordada, princesa — ele diz e não gosto de ser
chamada dessa forma, porque os homens que chamam todas assim têm o
propósito de não se preocuparem em lembrar o nome da mulher com quem estão
transando e, por isso, utilizam o mesmo apelido com todas: para não se
confundirem!
Isso me irrita em um nível que não consigo me segurar, então me levanto
da cama e me afasto da tentação, o meu corpo traidor imediatamente sente falta
do contato com ele, mas não vou voltar.
— O que você pensa que está fazendo? — Pergunta idiota, eu sei, mas
não consigo pensar muito bem no momento.
— Sexo matinal era o que estávamos fazendo, antes de você sair da
cama, do nada — ele responde, deitando de costas na cama e colocando os
braços atrás da cabeça. Minha nossa, quantos músculos, olha esse tanquinho, dá
para me esfregar nele igual uma gata no cio! Credo, que delícia! Acabo me
distraindo, olhando esse corpo maravilhoso até que o escuto rindo. — Pode
encarar o quanto quiser, princesa, mas seria muito mais interessante se você
voltasse para a cama.
— Não vou voltar, você pelo menos sabe o nome da pessoa com quem
estava transando? — eu pergunto, recuperando a razão e a raiva.
— Claro que eu sei, Amanda, qual é o seu problema? — pergunta e eu
me surpreendo que ele se lembre do meu nome, se bem que conversamos tanto
no último mês que seria estranho ele não saber, mas assim a minha teoria e o
maior motivo da minha raiva caem por terra.
— Não posso ficar aqui, isso foi um erro — digo, começando a procurar
a minha roupa. — Foi uma irresponsabilidade sem tamanho ter vindo para cá
com você, ainda mais porque eu não me lembro de nada depois de beber na festa
— finalizo, e estou tão distraída caçando as minhas roupas, que não vejo quando
ele se levanta e se aproxima de mim.
— Como assim? — diz, segurando o meu braço.
— Eu não me lembro de nada, estou com uma amnésia devido à
quantidade de álcool ingerida ontem — respondo.
— Então, você não se lembra de ter me atacado ainda na festa? —
pergunta sério e eu me sinto corando de vergonha imediatamente. — Não se
lembra de ter me beijado na saída da festa, de ter me pedido para te trazer para
cá, de ter jurado que estava bem e de quase não conseguirmos chegar ao meu
apartamento, nos agarrando o caminho todo? — questiona, cada vez mais perto,
e eu sinto o meu corpo esquentando e a minha respiração acelerando.
— Não me lembro de nada — respondo, ainda com a respiração
descompassada.
— Podemos relembrar agora mesmo, se você quiser, talvez repetir os
últimos acontecimentos te ajude a lembrar — ele oferece, colando o corpo no
meu e aproximando o rosto. Ai, meu Deus, preciso sair daqui, agora!
— Eu não posso, talvez seja melhor que eu tenha esquecido e você deva
esquecer isso também, foi um erro de proporções catastróficas — digo, me
soltando dele e começando a me vestir.
— Não seja dramática, nós só transamos e eu não quero esquecer, mas
repetir — ele diz, se aproximando por trás e deixando beijos no meu pescoço,
causando arrepios pelo meu corpo. Esse cara é um perigo para a minha
sanidade mental.
— Trevor, me solta, por favor — peço.
— Você não quer realmente que eu te solte, princesa — ele diz e isso me
dá forças para me soltar.
— Chega, estou indo embora — aviso, decidida, e termino de me vestir,
me encaminhando com pressa para a porta.
— Nós ainda vamos repetir o que aconteceu ontem, e da próxima vez
vou garantir que você estará sóbria para se lembrar de tudo! — promete,
chegando à sala, enquanto eu abro a porta já com a minha bolsa em mãos e saio
do apartamento dele, como se estivesse sendo perseguida pelo próprio demônio.
* Trevor *
Deve ser uma piada dela, não é possível que depois de uma transa de
tremer a terra a mulher acorda sem se lembrar de nenhum beijinho. Seria cômico
eu me sentir ultrajado desse jeito sendo que já aconteceu de acordar com uma
mulher sem me lembrar nem do nome dela, quanto mais da transa, nem sei como
meu pau subiu com tanto álcool no meu organismo, deve ser algum tipo de
carma para que eu sinta o que as mulheres com quem eu transei devem ter
sentido. Isso é uma merda!
Sentindo-me muito frustrado, resolvo ligar para o James, talvez ele
consiga com a Kate o telefone dela e eu possa descobrir por que ela fugiu.
Quando a ligação está quase caindo na caixa postal, ele atende.
— Espero que você esteja morrendo ou algo do tipo, para justificar
interromper a minha lua de mel, senão juro que te mato, quando eu voltar — ele
diz, assim que atende.
— É quase isso, você é a única pessoa que pode me ajudar neste
momento. — Isso o faz prestar atenção.
— Fala logo, minha mulher está me esperando.
Conto tudo o que aconteceu essa manhã, ou quase tudo, porque ele não
precisa saber de todos os detalhes, mas principalmente conto a parte em que ela
fugiu e disse que não se lembrava de ter transado comigo.
— Ok, entendi a sua indignação, mas onde isso é motivo para você
interromper a minha lua de mel? — ele pergunta.
— Você pode conseguir o telefone da Amanda com a Kate — respondo.
— Olha, não sei se ela vai querer te dar, porque a própria Amanda não
quis te dar o telefone e te deu um fora em cada convite para sair, mas vou falar
com ela e qualquer coisa te mando por mensagem, mas não volte a interromper a
minha lua de mel.
— Ok, obrigado por tentar, e aproveite a lua de mel — me despeço e
encerro a ligação bem rápido.
Seria cômico, se eu não me sentisse tão idiota por ela ter fugido de mim e
sem se lembrar de nada, estou muito puto e indignado por seu comportamento.
Eu estou há semanas cercando-a, tentando chamá-la para sair e sem conseguir
nenhuma abertura, quando eu acho que terei alguma chance, ela transa comigo
por estar bêbada e não se lembra da foda que tivemos, mas essa mulher não vai
me esquecer na próxima, porque com toda certeza terá uma próxima.
É melhor ocupar a minha cabeça, então resolvo descer até a garagem do
prédio e dou uma limpada na moto, confiro o motor e se está tudo em seu devido
lugar, enquanto coloco a minha cabeça em ordem e me acalmo. Por volta de
meio-dia, o James me manda uma mensagem com o telefone da Amanda e eu
não consigo evitar um sorriso, porque mesmo contrariado e no meio da lua de
mel, ele me ajudou.
O sorriso satisfeito some quando recebo uma mensagem do meu irmão,
me pedindo para encontrá-lo na casa dele, ou melhor, na mansão onde mora. Eu
não gosto de ir àquele lugar, não me traz boas recordações, mas aquele otário
ainda é meu irmão e eu devo a minha vida a ele, então eu vou.
Subo na minha amada moto e vou até a casa do Daryl, toco o interfone
do portão do condomínio onde ele mora e tenho a minha entrada autorizada,
quando chego em frente à porta, já o vejo me esperando. Deve ser sério, para ele
me esperar do lado de fora da casa.
— Bem-vindo, irmãozinho! — ele diz, sarcástico, enquanto eu desço da
moto e me aproximo para cumprimentá-lo com um aperto de mão, apenas.
— Sem enrolar, cara, me chamou por quê? — pergunto e ele fecha a
cara, olhando para os lados.
— Entra e vamos conversar com privacidade — ele convida, me dando
passagem para entrar.
Deixo o capacete da moto perto da porta e a carteira, chaves e celular na
mesinha ali perto.
— Fala logo, pra que me chamou aqui? — questiono, impaciente.
— Temos um problema — responde e eu rio, sem humor.
— Você sempre tem algum problema e eu sempre dou um jeito de livrar
a sua bunda, mas raramente tenho alguma coisa a ver com eles — digo.
— Você é meu irmão e, para o seu azar, somos gêmeos — ele afirma o
óbvio e eu reviro os olhos, porque eu sou o mais novo por questão de poucos
minutos. — Isso, querido irmãozinho, faz com que você sempre esteja envolvido
com os meus problemas porque se estiverem me caçando, podem te confundir
comigo, comprendes?!
— Entendi, mas o que você fez agora? — pergunto.
— Eu quero sair dessa vida, estou cansado disso — ele desabafa, como
se não fosse nada de mais, mas é.
Vou explicar melhor, há alguns anos nós dois estávamos envolvidos com
uma turma barra pesada, eu namorava a irmã do chefe da gang que fazíamos
parte, no começo foi divertido bancar o bad boy, até descobrir que os caras são
maus de verdade, sabe aquela coisa de mocinhos e bandidos?! Eles são os
bandidos!
Depois de um tempo, eu percebi que nos metemos em uma fria, a pior
encrenca de todas e quis sair, pareceu estar tudo em paz e continuei namorando a
Lana, até acontecer o acidente e o irmão dela jurar me matar. O Daryl tinha saído
também, mas para salvar a minha vida, ele voltou para a gang e prometeu pagar
a minha “dívida” com o chefe prestando serviços a ele, mas para isso eu teria
que permanecer vivo.
Como o meu irmão era o piloto de fuga deles e o melhor piloto dentre
todos da gang, o cara achou um bom negócio me deixar em paz. Ele esqueceu a
morte da irmã rapidinho e continuou o seu negócio de tráfico de drogas e armas,
se associando a pessoas poderosas e muito mais perigosas. E foi assim que o
meu irmão salvou a minha bunda, colocou a dele em risco e continuou no
negócio, mas parece que não quer mais continuar nesse mundo.
— Olha, Daryl, eu tenho as minhas diferenças com você, mas você é meu
irmão e salvou a minha vida mais de uma vez, então, se precisar de mim, vou
estar aqui — digo a ele, porque é verdade, ele pode fazer a merda que for, mas
sempre será o meu irmão e sempre vou matar e morrer por ele.
— Obrigado, Trev, mas eu quero manter você a salvo, preciso que suma
por uns tempos — ele diz, e eu o olho, espantado. — Não posso correr o risco de
que você seja confundido comigo e nem me preocupar em salvar a sua bunda —
continua, andando de um lado para o outro e passando as mãos na cabeça,
preocupado. — Eu preciso estar de cabeça fria para o que vou enfrentar.
— Eu não posso sair da cidade, caro irmão — digo, o assustando ainda
mais por não atender ao seu pedido. — Eu posso tomar mais cuidado, mas tenho
um emprego e preciso mantê-lo, além disso, não faço a menor ideia de quanto
tempo vai levar até resolver o que quer que você tenha se metido, então, nada
feito, irmãozinho — respondo, usando o mesmo apelido que ele usou comigo.
— Sou mais velho que você — ele rosna, se aproximando perigosamente
de mim.
— Por dois minutos, gênio — respondo, o encarando. — Eu não vou sair
da cidade e ponto! Agora, você vai ou não me contar o que, exatamente, está
acontecendo? — pergunto, já esperando uma briga, mas, para a minha surpresa,
ele suspira e se encaminha para o sofá, onde se senta.
— É melhor se sentar, porque a história é longa — ele diz e eu me sento.
Quando estamos os dois no sofá, ele começa a contar: — Você se lembra do
acordo que eu fiz, quando aconteceu aquele acidente com você e a Lana, certo?
— pergunta e eu aceno, concordando. — Então, eu continuei fazendo os serviços
de sempre, basicamente transportava drogas, armas e dinheiro para os “clientes”
do Liam. Era fácil e pouco arriscado, até que o infeliz quis se envolver com a
máfia — ele diz, tenso. — Eu tentei falar com ele, evitar isso, porque você sabe
que pode até ser difícil de entrar, mas é impossível sair com vida e até
recentemente achei que tinha conseguido convencê-lo a desistir dessa ideia. —
Ele se remexe no sofá.
— Não conseguiu? — pergunto e ele me fuzila com os olhos.
— Não, Trev, não consegui — ele responde, com raiva. — Eu sabia que
não conseguiria ficar só com o transporte e comecei a fazer outros serviços,
como cobrar algumas dívidas, entre outras coisas, a parte das vadias fáceis era
boa, mas é perturbador quando tive que começar a matar — ele diz, agora
sombrio, e eu continuo cada vez mais surpreso. — Quando eu descobri que o
Liam estava negociando com alguém de alguma máfia, comecei a investigá-lo e
procurar quem poderia estar incentivando-o a continuar essa negociação. — Ele
para e olha para mim, como se estivesse decidindo se me conta o resto da
história, então continua: — Quando descobri que a negociação estava quase no
fim e vi o Liam comentando, animado, sobre entrar no negócio de tráfico de
mulheres, foi demais para mim e eu resolvi conversar com ele — ele conta,
agora me olhando nos olhos. — Acontece que o maldito acha que é um mafioso
agora e está aplicando na gang a política da máfia, eu sei demais sobre os
negócios dele e sou um risco se estiver vivo. Em resumo, irmãozinho, a minha
cabeça está a prêmio e, por tabela, a sua também está.
Sabe aquela sensação de o mundo ter parado? Estou sentindo isso agora.
O meu irmão está jurado de morte pelo irmão da minha ex, que está morta por
culpa de uma imprudência minha ao pilotar a minha moto e eu também estou
jurado de morte pela mesma pessoa, já que o meu irmão resolveu sair dos
negócios. Infierno!
* Amanda *
Acordo, assustada, com o meu celular tocando, quando vou olhar tomo
outro susto pelo horário tardio. Droga, era para eu ter acordado cedo para
ajudar a Sra. Jane! Ignoro a ligação, sem prestar atenção no identificador, corro
para pegar as minhas roupas e vou para o banheiro tomar um banho e fazer a
minha higiene matinal. Assim que saio do banheiro, corro novamente ao quarto
para arrumar a cama e não deixar bagunçado.
Quando chego à cozinha vejo a mesa posta com um café da manhã
maravilhoso, que enche a minha boca d’água, então me sento e já coloco café em
uma caneca e pego alguns pães, enquanto estou comendo a Sra. Jane vem do
corredor, provavelmente do seu quarto, e sorri quando me vê.
— Bom dia, menina! — ela me cumprimenta, ainda me chamando de
menina e eu, além de gostar, estou me acostumando com o jeito carinhoso que
me chama.
— Bom dia, Jane — devolvo o cumprimento, respeitando a vontade dela
de deixar de lado o senhora.
— Dormiu bem? — ela pergunta.
— Sim, só demorei um pouco para dormir por causa da cama diferente
— respondo, inventando uma desculpa para ter dormido demais. Eu demorei
mesmo para dormir, mas não foi por causa da cama que, por sinal, é maravilhosa
e muito melhor do que a minha.
— Não gostou da cama? — ela pergunta, entendendo errado a minha
desculpa e a culpa foi minha.
— Claro que não, aquela cama é confortável demais, muito melhor do
que a minha, só tenho um problema em dormir em uma cama diferente — eu
tento novamente a desculpa, lembrando que não tive nenhuma dificuldade em
dormir na cama do Trevor.
— Que bom que gostou da cama, menina — ela responde, e se senta em
uma das cadeiras. — O que você pretende fazer hoje? — pergunta, me
surpreendendo.
— Bom, pretendo fazer o que a sen…, digo, o que você quiser —
respondo.
— Que bom, você vai passear no shopping, enquanto eu vou dormir um
pouco — ela diz, sorridente.
— Como assim? — pergunto, surpresa. — Eu estou aqui para cuidar de
você e te fazer companhia, não posso sair e te deixar sozinha, a Kate me mata.
— Deixa disso, menina, está muito nova para ficar presa em casa, além
disso, você trabalha demais e precisa aproveitar essa folga e se divertir um pouco
— ela diz.
— Eu preciso cumprir a minha obrigação, que é ficar aqui, até porque eu
não tenho dinheiro para gastar no shopping, prefiro ficar aqui e assistir a um
filme ou sei lá — respondo.
— Eu estou dizendo que vou ficar bem sozinha, serão somente algumas
horas e você não precisa comprar nada, só precisa sair daqui e passear — ela diz,
já se levantando e quase me arrancando da mesa, mal tenho tempo de terminar o
café e ela está me arrastando para fora.
— Eu preciso da minha bolsa e do meu celular — peço, e ela me deixa
buscar as minhas coisas. Quando eu volto com a bolsa e o meu celular, a
encontro com a porta aberta, me esperando sair. Puxa, ela me quer mesmo fora!
— Vai, menina, se divirta e depois me conte — ela diz, sorrindo,
misteriosa, eu estranho.
— Tudo bem, com certeza não terei muito a contar, mas conto mesmo
assim.
— Veremos, menina, veremos — ela diz, quando eu saio, e fecha a porta
quase na minha cara, acho que para garantir que não vou voltar correndo para
dentro.
Vendo-me sem saída, resolvo realmente passear no shopping, não tenho
muito dinheiro, mas dá para comer alguma coisa e, talvez, tomar um sorvete.
Decidida, caminho para fora do prédio e, distraída em pensamentos, quase caio
ao trombar com uma parede de músculos. Costume chato esse de trombar em
caras musculosos, credo! A tal “parede” me impede cair e eu agradeço
mentalmente por ter essa sorte, senão estaria estabacada no chão. Me seguro nos
braços do desconhecido e tomo consciência do perfume dessa pessoa e, não pode
ser quem eu estou pensando. Eu levanto a cabeça e encontro dois olhos
castanhos e sorridentes me encarando, não consigo me impedir de fazer uma
careta.
— Você demorou, princesa Amanda — Trevor diz, fazendo piada.
— Não me chama disso — eu digo, me soltando dele e recuperando o
equilíbrio.
— Mas é o seu nome, certo? — ele diz, ainda brincando.
— Não me chamo princesa — retruco, e ele sorri ainda mais.
— Então, todo o problema é esse? — ele pergunta, e eu o encaro.
— Como assim? — questiono.
— O problema é que eu te chamo de princesa, por isso, você não quer
nada comigo?
— Não, mas é um dos muitos motivos para não ter nada com você —
respondo, tentando passar por ele.
— Calma, Amanda, precisamos conversar — ele diz, e eu faço outra
careta.
— Não precisamos conversar, você precisa me deixar passar.
— Precisamos, sim — ele diz, me segurando. — Eu quero saber o
motivo verdadeiro de você ter fugido, ontem de manhã.
— Eu precisava vir para cá e estava atrasada.
— Mentira! — ele exclama, e eu me assusto, se aproxima e me puxa,
fazendo o meu corpo se chocar com o dele, agora estamos muito próximos e o
perfume amadeirado de Trevor deixa as minhas pernas bambas. — Fala a
verdade, linda, por favor — ele pede, com a voz calma e passando o nariz no
meu pescoço, em seguida ele morde o lóbulo da minha orelha, fazendo um
arrepio delicioso subir pelo meu corpo.
— Eu preciso fugir de pessoas como você — digo, fracamente, e quase
caio quando ele me solta, de repente.
— Explique-se — ele pede, sério.
— Eu não preciso te explicar nada, a única coisa que você precisa saber é
que o que aconteceu foi um erro e não vai se repetir, nós não somos compatíveis
e ponto final — finalizo e saio rapidamente, o deixando sozinho.
O cara é, sim totalmente o meu tipo, mesmo que eu tente convencer
todos à minha volta de que não é e ninguém, inclusive eu, acredite nisso. Para
tentar esquecer isso, eu pego o meu celular e fones de ouvido e coloco a minha
playlist favorita para tocar, qual não é a minha surpresa quando toca justamente a
música Amnésia da cantora mexicana Anahí.
A melodia romântica sempre me encantou e a voz dela me emociona, o
refrão combina com este momento, só que, no meu caso, sou eu quem estou com
amnésia.
“Como se houvesse me amado
E meu nome houvesse apagado
Como se uma vez me houvesse escrito
E sua caneta me houvesse riscado
Como se seu corpo tivesse
Toda memória vazia
Como se atravessasse a porta
E acabasse com a vida
Quem te curou de mim
E te embriagou de anestesia?
Como se tivesse amnésia
Amnésia”
Assim que eu entro no shopping, o meu celular toca com uma notificação
de mensagem.
[TREVOR] Essa música combina com o dia de ontem, escute.
A mensagem me surpreende, depois do fora que eu dei, não sei o motivo
dele insistir, mas admito que gosto da sua persistência. Abro o link que ele
mandou e fico surpresa quando vejo o título da música: Borro cassete, do
Maluma. Aperto o play no celular e uma batida gostosa enche os meus ouvidos,
mas a letra já é outra coisa. O Trevor me mandou essa música para me provocar,
pior que é bem possível que foi parecido com isso, na noite do casamento e
ontem de manhã.
“Ontem me beijava e não podia parar
E dançou pra mim até o amanhecer
Quando acordei eu quis te chamar
E agora me diz que não se lembra
Essa doeu! Eu poderia dormir sem essa, mas ok, eu mereci por ter
começado a mandar mensagens, exatamente por isso não vou responder mais. O
ritmo é legal, mas sei que essa música praticamente fala o que eu estou fazendo
com ele. Se ele soubesse da verdade... Balanço a cabeça para tirar essas ideias
bobas e resolvo que esse passeio já deu o que tinha que dar, porque a solidão que
estou sentindo agora não me faz bem, é melhor eu voltar e ficar na companhia da
Sra. Jane.
Retorno ao apartamento dela, abro a porta com a cópia da chave que ela
me deu e a encontro no sofá, assistindo à televisão.
— Mas já voltou, menina? — pergunta.
— Sim, não tinha nada de interessante para fazer, e eu preferi voltar e
aproveitar a sua companhia — digo, sincera.
— Você parece desanimada, o que aconteceu? — ela pergunta.
— Nada de mais — respondo, em um fio de voz e a ponto de explodir,
não posso falar, não posso desabafar e isso está me sufocando, eu quero gritar,
mas sei que não tenho ninguém a quem eu possa recorrer. Eu procurei isso para
mim.
— Você não está bem, menina, venha aqui — ela me chama, eu me
aproximo e sento ao seu lado no sofá.
— Não aconteceu nada — minto.
— Foi o Trevor? — ela pergunta, e eu me surpreendo, não falei nada
sobre o Trevor hoje.
— Como assim? O que você sabe? — questiono, e ela parece
envergonhada.
— Eu sei que vocês se gostam, mas você é muito cabeça dura, então eu
quis aproximar vocês — ela confessa, e eu me levanto.
— Nunca mais faça isso! — exclamo, e ela parece assustada, então me
recomponho e com a voz contida eu continuo. — Por favor, não faça isso, não
tente nos aproximar, eu não quero nada com ele, eu não posso ter nada com ele
— enfatizo.
— Vocês estão solteiros, eu não entendo — ela argumenta.
— É melhor que ninguém saiba de nada, é o melhor para todos, logo
vocês não precisarão mais de mim e eu vou seguir o meu caminho e deixar vocês
em paz e em segurança — digo e vou para o quarto que estou ocupando.
Eu sei que falei demais e sei que ela vai me perguntar mais coisas agora,
só espero que essa lua de mel acabe logo e eu vá embora. Agora é oficial,
preciso ficar longe de todos, para o bem deles.
* Trevor *
* Amanda *
* Trevor *
Trabalhei igual a um condenado esta semana e não dormi direito em
nenhum dia. Andei recebendo algumas mensagens e resolvi que o melhor é
passar algumas semanas fora de circulação, claro que o meu simpático chefe não
gostou muito, mas eu tenho direito à férias e, mesmo de última hora, consegui
uma exceção e me liberaram. Então, antes de visitar a minha abuela que voltou a
morar em Porto Rico, preciso me despedir da Kate e do James, que estão
voltando hoje da lua de mel, mas primeiro estou ligando para o Daryl.
— Fala, irmãozinho! — ele atende.
— Daryl, o negócio é sério — eu rosno, já irritado. — Você trouxe o
Liam até mim e, consequentemente, até as pessoas próximas a mim.
— Não banque o santo, porque você tem tanta culpa quanto eu, no que se
refere ao Liam — ele responde, também irritado.
— Há pessoas inocentes em risco, por nossa culpa — digo, e ele bufa.
— Eu te avisei para se afastar, mas você foi burro o suficiente para achar
que é invisível — ele diz.
— Estou indo para Porto Rico, espero que duas semanas sejam o
suficiente para você resolver todos os problemas com ele — aviso.
— Se não o que, ó poderoso Trevor? — ele pergunta, irônico.
— Não quero me envolver nisso, mas se tiver que me envolver, não vai
ser bonito — respondo.
— Falou o machão. — Ele bufa. — Quando você precisou, foi o meu
rabo que coloquei em jogo para te salvar, obrigado por fazer o mesmo por mim,
querido irmãozinho — ele diz, e encerra a chamada.
Bem, não foi desse jeito que eu imaginei que seria essa ligação, mas, pelo
menos, ele está ciente de que o Liam está mais perto. O grande problema é que
acho que ele já sabia disso e só não me contou. Eu sei que o Daryl tem vigilância
e um bom sistema de segurança em sua casa, assim como também tenho certeza
de que ele não colocou a cara para fora de casa todos esses dias, bolando alguma
coisa para se livrar do Liam. Muito mais esperto do que eu, confesso.
Vou de táxi até o apartamento da Kate e do James, já com a mala de
viagem junto comigo. É uma visita rápida, a qual eu, não muito disfarçadamente,
tento conseguir alguma informação da Amanda. Claro que eu sei que deveria me
manter afastado, ainda mais considerando que o Liam está na minha cola, mas
eu não consigo parar de pensar nela, então preciso de informações.
Saio de lá muito irritado por não conseguir nenhuma informação
concreta, tudo o que eu sei é que ela vai viajar durante o restante da sua licença
do hospital. O que me deixa com a pulga atrás da orelha é ela não ter dito para
aonde está indo, parece até que está fugindo de alguma coisa.
* Amanda *
* Trevor *
Essa mulher vai me matar, não é possível, ela quer e está conseguindo
tirar o meu juízo. Não que juízo seja um assunto que você domine, não é,
Trevor?!
Coloco as mãos na cabeça, pensando no que fazer e reparo a porta do
banheiro providencialmente aberta, claro que vocês imaginam qual a cabeça que
pensou mais rápido nesse momento. Errou quem pensou que foi a de cima, essa
nem associou direito a informação.
Caminho a passos decididos e abro silenciosamente a porta do banheiro,
percebendo-a nua e distraída de costas para a entrada. Entro, me aproximo e abro
a porta do box, entrando atrás dela. As minhas mãos parecem ter vida própria e
começam a explorar seu corpo, ela não parece surpresa com a invasão. O gemido
que ela deixa escapar, quando alcanço os seus seios e belisco os mamilos
levemente, causa uma reação direta no meu pau.
Amanda apoia as costas no meu peito e eu aproveito a proximidade para
sugar o lóbulo da sua orelha e distribuir beijos molhados pelo seu pescoço.
— Você queria que eu fizesse isso, né? — pergunto próximo ao seu
ouvido.
— Se eu não quisesse, a porta estaria trancada — ela responde e eu
aperto a sua cintura, fazendo-a sentir o meu pau nas suas costas.
— Isso vai ser bem interessante, gostosa — digo, sorrindo e, sem perder
mais tempo, a viro de frente para mim, pegando-a no colo, enquanto grudo a
minha boca na dela, em um beijo profundo.
As nossas línguas duelam em nossas bocas, eu a seguro pela bunda e
encaixo o meu pau em sua entrada encharcada, me lembrando da camisinha
quando começo a penetrá-la e a sensação de pele com pele faz a minha cabeça
dar voltas. Esse negócio está gostoso demais.
— Merda! —resmungo, separando as nossas bocas e a colocando no
chão. — Eu esqueci a porcaria da camisinha, já volto — digo e me viro para ir
buscar o preservativo, mas sou impedido por mãos pequenas que me puxam de
volta.
— Não vai a lugar algum, gostosão — ela diz e eu não contenho a risada
que me escapa com a forma dela falar comigo. — Primeiro, eu tomo injeção,
estou dentro do controle de natalidade e, segundo, eu trouxe um preservativo
para o box — ela diz e pega o preservativo perto do sabonete.
Eu tento pegá-lo das mãos dela, mas novamente sou surpreendido
quando ela rasga a embalagem e desenrola o preservativo no meu pau, me
masturbando no processo. Sigo um impulso e a viro de costas para mim.
— Se inclina e segura firme no registro — a instruo e ela faz exatamente
o que eu digo.
Passo a mão pela sua boceta molhada e espalho a sua lubrificação nela,
em seguida brinco um pouco com o seu clitóris inchado e ela inclina a cabeça
para trás, gemendo. Seguro a sua cintura, enquanto a penetro lenta e
profundamente, mantendo essa tortura deliciosa para provocá-la.
— Mais rápido — ela geme e respondo com um tapa na sua bunda, a
fazendo arfar, mas aumento a velocidade das estocadas.
Os seus gemidos ficam mais altos e logo a sinto se contraindo em volta
do meu pau, me fazendo revirar os olhos de prazer, acabamos gozando juntos em
seguida.
Sinto o seu corpo amolecendo e a seguro, novamente lavo o seu corpo,
enquanto ela se apoia em mim, sonolenta, não resisto e deposito um beijo suave
em seus lábios.
— Cansada? — pergunto, ainda abraçado a ela.
— Você acabou comigo — ela responde, rindo —, no melhor sentido.
Nós dois sorrimos e eu desligo o chuveiro, a ajudo a se secar e me seco
rapidamente depois. Exaustos e completamente saciados, nos deitamos na cama
e dormimos abraçados.
Acordo primeiro que ela e pego o telefone ao lado da cama para pedir o
nosso café da manhã, feito isso eu pego o meu celular para verificar as
mensagens. Não me surpreendo ao ver uma mensagem do Liam e duas do meu
irmão. Leio primeiro a do Liam.
[LIAM] Não pense que conseguiram fugir, eu sei onde vocês estão e
vamos acertar as nossas contas, em breve.
Em vez de ficar quieto e usar o elemento surpresa, ele anuncia que vem
atrás de nós. Tudo bem que ele sempre foi arrogante, mas não me lembrava de
ele ser tão burro. Abro as mensagens do Daryl.
[DARYL] Você vai mudar o seu destino final, certo?
[DARYL] Conhece alguma loirinha, baixinha, nervosinha e que parece
uma patricinha metida?
Fico confuso com a última mensagem e penso que é melhor ligar para
ele. Me desvencilho da Amanda para me levantar e visto uma cueca limpa antes
de seguir para a varanda da nossa suíte. O meu irmão atende ao telefone no
primeiro toque.
— Fala, idiota — ele me cumprimenta.
— Vejo que acordou de bom humor — ironizo e ouço a sua risada seca.
— O que você quer? — ele pergunta.
— Que história é aquela de loira baixinha? — questiono.
— Atropelei uma maluca ontem e ela me confundiu com você — ele diz
e eu gargalho.
— Se sentiu ofendido, querido irmão? — pergunto, rindo.
— Claro que sim — ele responde e eu rio novamente. — Se ela achou
que eu fosse você, é porque me achou com cara de pateta.
— Como se você não fosse um babaca — resmungo.
— E aí, conhece ou não a mulher? — ele pergunta.
— Eu não sei, preciso de uma descrição melhor.
— Eu vou tentar desenhar para você, mesmo à distância — ele diz e eu
bufo antes de ele começar a descrição. — Ela tem cabelos longos, são tingidos
de loiro, ela bate no meu ombro, é distraída e tem um corpo magro, seios
deliciosos e pernas no tamanho perfeito para se enrolarem em meu corpo.
— Você é um tarado — digo. — Atropelou uma mulher e nem pegou o
telefone dela para saber se está bem?
— Eu dei o meu cartão onde está o meu telefone e ela saiu correndo, sem
me dar tempo de pedir o dela, disse alguma coisa sobre estar atrasada — ele se
justifica.
— Pelas características que você falou, parece ser a Nathy, pelo menos, é
a única pessoa que lembrei — respondo. — E de patricinha ela não tem nada.
— Tanto faz, mas preciso do número dela para saber se está bem — ele
diz.
— Desde quando você se importa com alguém que não seja você
mesmo? — pergunto.
— Deixa de ser pateta e me manda o telefone dela — ele resmunga.
— Te mando o telefone por mensagem, mas depois de saber como ela
está, você vai deixá-la em paz.
— Não se mete com o que não é da sua conta — ele responde.
— Ela é minha amiga, então é da minha conta, sim — retruco. — E então
o que vai ser?
— Tanto faz, babaca, eu só quero saber se ela está bem mesmo — ele
resmunga.
— Já te mando por mensagem, então, e quanto à outra mensagem, não se
preocupe que não vou ficar aqui nenhum dia a mais — digo, antes de encerrar a
chamada.
Depois que a Amanda acorda, nós tomamos o café e arrumamos as
nossas coisas para voltar ao terminal de embarque, fazemos o check-out no hotel
e eu nos encaminho para um guichê para a compra das passagens, já de posse
dos documentos falsos. A partir de agora somos Matt Andrews e Linda Evans.
Claro que tenho medo de descobrirem que os documentos são falsos,
sempre existe essa possibilidade, mas para a nossa sorte não somos descobertos
e conseguimos o próximo voo para o Aeroporto Internacional de Acapulco, no
México. Pela internet, eu reservo com o cartão de crédito de Matt Andrews um
quarto no Hotel Emporio Acapulco. Despachamos as malas e seguimos para o
portão de embarque, eu sinto um alívio por termos passado por toda a segurança
do aeroporto e conseguirmos entrar no avião. Agora, sim, começamos as nossas
férias em paz, não vou mais chamar essa viagem de fuga.
* Amanda *
Eu estou sendo beijado por uma pessoa que, até alguns minutos atrás, eu
julguei estar morta, o quão surreal é isso? Quando, finalmente, a Lana me solta,
eu reajo.
— Acho que me confundiu com alguém, moça — digo, entrando no
personagem, afinal, ela é irmã do cara que quer me matar, acho que não seria
inteligente sair do meu fraco disfarce tão cedo.
— Daryl? — ela questiona, talvez achando que me confundiu com o meu
irmão.
— Matt, moça, não conheço nenhum Daryl e essa… — digo, olhando
para onde está a Amanda nos encarando, como se pudesse nos matar com um
olhar, depois eu preciso conversar com ela. — Essa é Linda, minha namorada.
— Interessante — diz Lana, apertando os olhos. — Você lembra alguém
que eu conheço.
— Jura?! — retruca Amanda, sem fazer questão de disfarçar a irritação.
— Pois você não lembra absolutamente ninguém, agora, se nos der licença,
esquecemos algumas coisas no quarto — ela diz, juntando o protetor e o meus
óculos de sol, me puxando para longe da Lana, que solta:
— Foi bom rever vocês, Trevor e Amanda. — Eu gelo, claro que ela nos
reconheceria.
Sem saber como reagir nem o que pensar, me permito ser conduzido até o
elevador e depois até o nosso quarto.
— Que porra foi aquela? — ela pergunta, assim que fecha e tranca a
porta, após entrarmos.
— Não faço ideia — respondo, sem entender, ainda estou confuso.
— Você demorou muito para ter uma reação e ela nos descobriu — me
acusa Amanda.
— Calma, até uns minutos atrás, eu achava que a Lana tinha morrido e
que a culpa era minha, estou perdido aqui — me defendo.
— Então, me conta exatamente o que aconteceu no dia do acidente, quem
sabe assim, nós possamos entender juntos o que está acontecendo.
— É melhor nos sentarmos — digo, me sentando na cama, encostando na
cabeceira, ela senta ao meu lado. — Eu a conheci quando o meu irmão e eu
começamos a andar com o Liam. Lana sempre foi bonita e eu me interessei por
ela. Depois de um tempo, percebi os seus olhares em minha direção e arrisquei
convidá-la para sair, foi aí que começamos e, depois de um tempo saindo, eu a
pedi em namoro.
— Pula os detalhes melosos e vai direto para o dia do acidente — diz
Amanda, impaciente.
— Bom, acontece que o meu irmão era piloto de fuga deles e eu fazia
rachas de moto, entre outros serviços, para ganhar uma grana. Eu achava
divertido e gostava da adrenalina de correr. Um dia, ela me pediu para ir à
garupa da moto e para que eu corresse como se estivesse competindo — digo,
puxando uma respiração profunda, pela lembrança dolorosa. — Eu relutei, não
queria correr esse risco com ela, mas ela insistiu, chegamos até a brigar e eu
acabei cedendo. Estava tudo indo bem, Lana estava curtindo e eu acabei
relaxando, ela me pedia para acelerar e eu atendia, até que pela visão periférica
enxerguei um carro vindo em nossa direção, eu tentei desviar, mas estava rápido
demais e a moto acabou tombando — conto e faço uma pausa, antes de terminar
o relato. — Eu apaguei e quando acordei, estava no hospital com o meu irmão ao
meu lado, a primeira coisa que eu perguntei foi sobre a Lana e ele me respondeu
que quando a moto tombou, eu fui para um lado e bati a cabeça, apagando,
enquanto ela foi parar embaixo do carro e o motorista não conseguiu evitar de
passar por cima dela, que acabou morrendo a caminho do hospital.
— Muito providencial você ter apagado, mas, pelo que você me contou,
a possibilidade de vocês dois morrerem naquele acidente era grande.
— Sim, mas não entendo por que ela mentiria sobre isso — digo,
colocando as mãos na cabeça, totalmente perdido. — Será que com ela aqui, nós
corremos algum risco?
— Eu não confio naquela cobra — ela diz emburrada e eu sorrio.
— Nunca pensei que você fosse ciumenta — solto, brincando, mas me
arrependo pelo olhar fulminante que ela me dá.
— Eu sempre soube que você é um pateta! — ela retruca e, depois de
vestir um short e uma camiseta rapidamente, sai do quarto, batendo a porta. Eu
faço uma careta. Parabéns, idiota!
Não sei se ligo para o Daryl, não sei se vou atrás da Amanda e, enquanto
decido o que fazer, alguém bate à porta. Eu estranho, porque não pedi nada no
serviço de quarto, me dou um chute mental quando abro a porta e dou de cara
com a Lana.
— Oi, Trevor, posso entrar? — ela diz, sorrindo.
— Moça, já disse que não sou Trevor e, só por curiosidade, como
descobriu o meu quarto? — respondo, com outra pergunta.
— Vamos lá, querido, achou que eu não descobriria o quarto onde o meu
namorado está hospedado? — ela diz, ironicamente. — E para com essa
palhaçada de “não sou Trevor”, eu conheço esse rosto e esse corpo como a
palma da minha mão, apesar de que você está ainda mais gostoso do que me
lembro — ela diz, passando a mão no meu peito, mas seguro a sua mão, a
afastando de mim.
— O que você quer? — pergunto, já sem paciência.
— Finalmente você parou de fingir. — Ela bufa e eu levanto uma
sobrancelha. — O que você faz com aquele projeto de vadia?
— Não é da sua conta — respondo e ela faz cara de magoada.
— Depois de tudo o que passamos, você me trai com ela? — ela diz e
chega ao ponto de enxugar uma lágrima.
— Eu achei que você tinha morrido, porra! — explodo. — Queria que eu
fizesse o quê? Me jogasse na sua sepultura e morresse junto?
— Credo, você está vendo que não morri, então podemos continuar de
onde paramos — ela diz, voltando a se aproximar, como se eu não tivesse dito
nada.
— Você ficou louca? Bateu a cabeça com muita força quando sofremos o
acidente ou o quê? — pergunto, a segurando pelos pulsos para mantê-la afastada.
— Mas eu fui forçada a ficar longe de você, meu amor — ela diz e eu
paro.
— Como assim? — indago, ainda mais confuso.
— O Liam ameaçou te matar, se eu não me afastasse, forjar a minha
morte foi a única forma que encontrei de sumir por uns tempos, sem levantar
suspeitas e que fosse menos doloroso — ela responde.
— Você achou que doeria menos saber que você morreu, é isso? —
pergunto indignado. — Isso é totalmente insano!
— Eu não podia correr o risco de o Liam cumprir a promessa e te matar
— ela diz e começa a chorar.
— Por que ele te disse para se afastar de mim? — pergunto, com a voz
controlada.
— Porque ele não confiava em você e, pelo que pude ver hoje, ele tinha
razão, já que você roubou a namorada dele — ela diz, me olhando de forma
acusadora.
— Não roubei a namorada de ninguém, eles não estão mais juntos desde
antes de você sumir e sabe bem disso, não se faça de besta — me defendo.
— Isso não importa, ele sempre manteve um olho nela, mantendo todos
os caras afastados do amorzinho dele — ela diz, revirando os olhos. — Ele não
deve ter ficado nada satisfeito em descobrir vocês dois juntos.
— Como você sabe? — pergunto, atônito, e ela revira os olhos
novamente.
— Dãã. Ele sempre a vigiou, não tenho nenhuma dúvida de que ele sabe
que você está com ela e, com certeza, não está nada feliz com isso — ela
responde.
— Tanto faz — digo e a encaro. — Vou perguntar outra vez: o que você
quer?
— Você — ela diz, me olhando com desejo.
— Sinto muito, mas necrofilia não é a minha praia, então, por favor, saia
do meu quarto — digo, abrindo a porta e dou de cara com a Amanda, colocando
o cartão para liberar a abertura.
Eu faço outra careta quando vejo a cara dela de ódio e o sorriso cínico na
cara da Lana.
— Foi um prazer conversar com você, meu amor — diz Lana, antes de
me dar um selinho nos lábios e sair calmamente, rebolando por todo o caminho
até o elevador. Quando eu volto os meus olhos para a Amanda, chego a ver a
fumaça que sai da sua cabeça, tamanho o ódio que está no olhar dela e, devo
frisar, esse olhar é direcionado para mim.
— Está mais calma, princesa? — pergunto, e ela me acerta um tapa no
rosto, eu chego a virá-lo para o lado e sinto a parte atingida ardendo, devido à
força que ela usou.
— Nunca mais me chame de “princesa” e nunca mais toque em mim! —
ela diz e entra no quarto como um furacão, colocando as roupas em outra mala.
— O que você está fazendo? — pergunto e, claro, não obtenho uma
resposta. — Aonde você vai?
— Não interessa, seu pateta, babaca, idiota! — ela responde, me
xingando.
— Me escuta, Amanda — eu tento falar, mas sou interrompido.
— Não, me escuta você, seu otário! — ela exclama e eu me calo. —
Você colocou tudo a perder, certeza de que ela sabe exatamente quem somos e
vai contar para o querido irmão onde estamos.
— Ela não pareceu ter contato com o Liam, aliás, ela me contou que se
afastou dele e, por isso, fingiu a morte — conto o que a Lana acabou de me falar.
— Mas é um otário mesmo de acreditar naquela cobra! — ela acusa.
— Se acalma — eu tento novamente —, como você pode ter tanta
certeza de que ela não é inocente? — pergunto, e me arrependo assim que ela me
olha.
* Amanda *
Quase não consegui pregar o olho à noite e, graças ao meu sono leve,
consegui perceber o movimento da cama enquanto a Amanda tentava sair, sem
que eu percebesse.
— Se está tentando fugir, de novo, saiba que não está funcionando —
digo e abro os olhos, em seguida, para comprovar que estava certo ao vê-la
seguir para a mala pegar uma troca de roupa.
— Não estou fugindo, eu avisei ontem que vou embora — ela responde e
segue para o banheiro, fechando a porta após entrar.
Preciso pensar em uma forma de convencê-la a não ir embora, mas
como?! Decido ligar para o meu irmão e saber como estão as coisas em Nova
York, felizmente, não demora muito para que ele atenda.
— Fala, babaca — ele cumprimenta e eu reviro os olhos.
— Oi, como estão as coisas por aí? — pergunto.
— Quase resolvidas, preciso que você e a princesinha fiquem fora de
vista mais alguns dias, mas, graças à arrogância do Liam, eu consegui um jeito
de tirá-lo de combate — ele responde e eu me preocupo.
— Como? — quero saber.
— Ele não escondeu os seus negócios como deveria e acabou colocando
em risco uma transação muito importante para uns caras muito malvados — ele
responde, em tom de deboche.
— Você está falando da máfia? — questiono.
— Sim, eu te disse que ele estava procurando a morte quando se
envolveu com a máfia e eu, obviamente, estava certo — ele responde. — Em
breve, se a polícia não o pegar, a máfia o matará.
— Preciso contar uma coisa — digo.
— Fala logo, estou ocupado agora, preciso me planejar para pegar o
Liam — ele responde e eu bufo.
— Talvez, o que eu vou contar possa ajudar — digo, em tom de deboche.
— Como? — ele pergunta.
— Primeiro, preciso saber, quando aconteceu o acidente anos atrás, você
chegou a ver o corpo da Lana? — questiono.
— Não, o Liam simplesmente disse que estava irreconhecível e que
nenhum de nós dois tinha o direito de ver o corpo dela, já que, segundo ele, você
matou a irmã — ele responde.
— Interessante, porque conversei com a Lana ontem — conto.
— Tá vendo fantasma agora, pateta? — ele pergunta e ri.
— Não, a Amanda também falou com ela e está bem viva, em Acapulco
—respondo.
— Espera um pouco — ele diz, parecendo assustado. — Explica isso
direito, ela não está morta, é isso?
— Exatamente, ela fingiu estar morta e, segundo me falou ontem, foi
obrigada pelo irmão a se afastar de mim, senão ele me mataria — explico. —
Isso faz algum sentido para você?
— Nenhum, porque depois que ela se fingiu de morta, ele te jurou de
morte — ele responde. — Se eu não tivesse negociado com ele, talvez nós dois
estivéssemos mortos agora.
— Isso que você falou faz sentido, mesmo — digo. — Então, se ela
fingiu a morte todo esse tempo, por que resolveu aparecer agora? — pergunto,
no momento que a porta do banheiro abre e a Amanda sai de lá, pronta para ir
embora. Preciso impedi-la. — Espera um minuto Daryl.
— Seja breve — ele responde.
— Amanda, por favor, espera só eu terminar de falar com o meu irmão,
não é seguro você sair sozinha — digo e ela me olha, irritada.
— E por que você se importa? — ela pergunta.
— Senta um pouco, por favor — peço e ela aceita, contrariada.
— Pronto, Daryl — eu digo, voltando a colocar o celular na orelha. — O
que você acha?
— Eu acho que vocês precisam ficar aí, juntos, por dois motivos — ele
diz e faz uma pausa antes de continuar: — O primeiro é que você precisa
descobrir exatamente o que aconteceu e, meu irmão, tome cuidado, porque a
Lana não é inocente nessa sujeira toda, nenhum pouco.
— E o segundo motivo? — pergunto.
— Você precisa ficar perto da princesinha, porque ela corre muito mais
perigo com a Lana viva do que você imagina — ele diz e eu me surpreendo.
— Por que diz isso?
— A não ser que eu esteja errado, ela era a tal namorada que o Liam e a
Lana mantinham fora das nossas vistas a todo custo, sempre nos mandando para
serviços externos quando ela estava por perto — ele comenta e eu percebo a
ligação, porque nós tivemos contato com o Liam, basicamente, no mesmo
período, mas eu nunca a vi no galpão. — Você se lembra de quando o Liam deu
um piti, porque a tal namorada tinha sumido?
— Lembro — respondo e já tenho medo do que ele vai falar em seguida.
— Bom, pouco depois do seu acidente e da suposta morte da Lana, eu
fiquei por lá, como você sabe, e conversando com os caras acabei descobrindo
algumas coisas que a Lana convenceu o Liam a fazer com a namorada. Ela fez a
cabeça dele para obrigar todos os caras que estavam no galpão e em serviço
externo, menos nós dois, a abusarem e espancarem a garota e depois a largarem
no quarto, sem cuidado algum.
— Espera, você está dizendo daquela viagem que o Liam nos mandou
fazer, para recebermos um pagamento que ele disse ser muito importante e
urgente? — pergunto, me lembrando da época.
— Exatamente e, adivinha, quem deu a ideia de mandar nós irmos
juntos? — ele pergunta, irônico.
— A Lana?!
— Exatamente — ele diz. — Lembro que o tal de Jason ficou bem
assustado quando nos viu juntos para cobrar a dívida dele, mas qualquer um de
nós dois daríamos conta dele, sem precisar de ajuda.
— Espera, qual era o nome do cara? — pergunto.
— Porra, Trevor, que memória de merda é a sua! — ele exclama,
irritado. — Jason Stevens, um babaca engomadinho que se achava o pica das
galáxias, mas devia até as calças para o Liam, tivemos que ir até a Califórnia
atrás dele.
— Mano, esse cara quase me matou, faz pouco mais de um ano, se
lembra da mulher do Gabriel? — pergunto.
— O idiota do seu chefe? — ele questiona, parecendo surpreso.
— Esse mesmo. A Beatriz, esposa dele, namorou com esse Jason e, na
época, eu não liguei o nome à pessoa, talvez por querer esquecer essa parte da
minha vida — digo.
— Pois a vida te pregou uma peça e colocou aquele escroto no seu
caminho.
— Agora ele está preso, pelo que eu soube.
— Bom para ele, mas o que importa é que você precisa descobrir o que a
Lana pretende, e proteger a princesinha — ele diz.
— Pare de chamá-la assim — rosno.
— Mas você não a chama de princesa? — ele pergunta, rindo.
— Sim, mas ela não gosta — digo. — Bom, te informei o que precisava
que soubesse e já sei o que precisava saber, agora preciso resolver alguns
assuntos urgentes.
— Eu também, irmãozinho — ele diz, em um tom sombrio. — Eu
também. — E encerra a chamada.
Eu olho para a Amanda, que parece confusa.
— O que aconteceu enquanto eu estava no banheiro? — ela pergunta.
— Tive uma conversa esclarecedora com o meu irmão e descobri
algumas peças a mais do quebra-cabeça — respondo.
— E que peças seriam?
— Bem, para começar, o que eu achei que fosse uma coincidência, na
realidade, era a vida me pregando a porra de uma peça — digo.
— Explica melhor isso, porque estou boiando aqui — ela diz e eu não
consigo evitar de rir.
— Descobri que, de alguma forma, a Lana e o Liam impediam que meu
irmão e eu estivéssemos no galpão quando você estava lá e, quando aconteceu
aquilo que me contou ontem... — eu digo e sou interrompido por ela.
— Você diz quando fui estuprada? — ela pergunta, sarcástica.
— Isso — respondo, incomodado, porque não gosto de pensar nisso, só
de imaginar o que ela passou, me dá vontade de vomitar.
— Pode falar, foi o que aconteceu — ela diz, dando de ombros.
— Mas não deixa de ser monstruoso e me incomodar da mesma forma —
respondo, irritado. — Continuando, quando o Liam mandou os caras te
estuprarem e te espancarem, eles mandaram meu irmão e eu para um serviço na
Califórnia.
— Por isso, nem você nem o seu irmão foram chamados no dia — ela
diz. — Porque eu sei que o Liam chamou até quem estava fora.
— Mas não meu irmão e eu, ele nos mandou para longe, provavelmente,
porque sabia que não gostávamos desse tipo de coisas — digo. — Sabe,
Amanda, eu estou longe de ser um santo ou um príncipe encantado, mas uma
coisa que eu não faria nem se tivesse uma arma na minha cabeça, seria violentar
ou bater em uma mulher. E saber o que o Liam fez com a própria namorada, me
deixou extremamente puto, mais ainda por saber que foi incitado a isso pela
própria irmã, que também é uma mulher.
— Trevor, eu não preciso da sua pena, eu só quero ir para longe dela —
ela diz e eu corro para ficar na frente da porta quando ela se levanta e pega a
mala. — Me deixa ir embora.
— Não posso, você precisa ficar, nós dois precisamos — digo e ela me
olha, irritada. Não seja mentiroso, Trevor. Se um olhar matasse, você já estaria
morto com o olhar que ela está te lançando.
— E por quê? — ela pergunta, irônica.
— Porque é mais seguro para você, pensa comigo, se a Lana foi capaz de
fazer aquilo com você, um tempo atrás, o que a impediria de te matar, já que
você sabe que ela não está morta como a maioria das pessoas em Nova York
imagina?! — respondo e ela me olha, assustada.
— Mas ela não saberia que eu fui embora — ela diz e eu sorrio.
— Claro, assim como ela está morta e foi um delírio das nossas cabeças
neuróticas com complexo de perseguição — ironizo e ela me dá um tapa no
braço. Pelo menos não foi na cara, pensa pelo lado positivo!
— Pateta! — ela exclama.
— Você precisa concordar comigo que faz sentido, se ela quis te fazer
mal antes, o que impede de fazer novamente agora?
— E o que te convenceu que aquela defunta é culpada? — ela pergunta,
com sarcasmo.
— Faltavam algumas peças que se encaixaram, depois de conversar com
o meu irmão — respondo e ela revira os olhos.
* Amanda *
Odeio quando a pessoa enrola para contar alguma coisa, o Trevor parece
que está pisando em ovos comigo e não consegue nem falar sobre o que a Lana e
o Liam fizeram, e agora não para de enrolar para contar o que o irmão dele disse.
— Fala logo que peças são essas! — eu exclamo, irritada.
— Vamos lá, na época que você foi estuprada, o Liam mandou meu
irmão e eu cobrarmos uma dívida do ex-namorado da Bia — conforme ele vai
falando os meus olhos aumentam de tamanho, de tão espantada —, o Jason. Eu
nunca cheguei a ligar o nome à pessoa, porque fiz questão de esquecer tudo o
que me ligava à época em que trabalhava para o Liam.
— Como o ex da Bia entra nesse rolo? — pergunto, confusa.
— Ele devia uma grana alta para o Liam, não sei exatamente o motivo ou
em que estava envolvido, mas agora sei que ele conseguiu o dinheiro
chantageando a Bia — ele diz e eu continuo sem entender nada.
— E o que eu tenho a ver com isso? — pergunto.
— Tem que, por algum motivo, que eu ainda não sei qual é, o Liam e a
Lana sempre fizeram de tudo para impedir que o meu irmão e eu víssemos você,
assim como, também impediram que estivéssemos por perto quando eles fizeram
aquela monstruosidade com você — ele continua. — Agora entenda, a história
da Lana com a que o Liam contou ao meu irmão quando ela, teoricamente,
morreu não se conectam.
— Claro que não, você acha que o Liam diria a verdade para o seu
irmão? — pergunto. — Assim como a Lana não diria a verdade para você.
— Exatamente é esse o ponto, eu preciso descobrir o que a Lana pretende
e, enquanto isso, te proteger dela — ele responde.
— Como você pretende me proteger, se eu estou indo embora? —
pergunto.
— Simples, você vai ficar aqui — ele responde, abrindo um sorriso
sacana e cruzando os braços.
— Você vai me obrigar a ficar?
— Sim, nem que para isso eu tenha que te trancar aqui e te prender na
cama — ele responde.
— E quando você não estiver comigo? — questiono, irritada, porque o
plano era não ter que ver a cara dele, só para evitar de cair em tentação, e porque
ainda estou com muita raiva, mas ele não facilita.
— Vamos ficar o tempo todo juntos, princesa, vou garantir que você
sempre estará por perto e evitar que fuja — ele responde e eu explodo, partindo
para cima dele, o atacando com tapas e socos que ele tenta conter. Quando ele,
finalmente, consegue me conter, segurando-me pelos pulsos, me puxa para perto
do seu corpo. — Não dificulte as coisas, estou fazendo isso pela sua segurança e
porque precisamos ficar longe de Nova York, por mais alguns dias.
— Ok — respondo, bufando irritada, e me afasto, rapidamente, quando
ele me solta. — Vou ficar aqui, mas se mantenha longe de mim — digo e me
afasto dele o máximo que consigo. De repente, este quarto parece pequeno
demais para ficar presa com o Trevor.
— Tudo bem, vou me manter afastado de você, até isso acabar — ele
responde e eu o encaro.
— Como assim? — questiono.
— Eu entendo que está irritada e entendo o motivo, eu fui um completo
babaca, mas, em minha defesa, dar de cara com alguém que você achou que
tivesse morrido por sua culpa não é fácil de encarar — ele diz. — Mas depois de
tudo o que você contou, juntando com o que o meu irmão contou, eu não tenho
como duvidar de que a Lana esconde alguma coisa e que não é inocente como
diz.
— Puxa, finalmente você percebeu — digo. — Te entendo, mas não
muda o fato que não quero mais nada com você, não tínhamos nada além de
sexo e agora nem isso teremos, seremos apenas colegas de quarto e nada mais.
— Vou te mostrar que não temos só sexo, mas vou respeitar a sua
vontade e não vou encostar em você, a não ser que me peça — ele diz e eu, não
sei o motivo, sinto que está planejando alguma coisa.
— Como não quero encontrar com a defunta, vou aproveitar e dormir
mais um pouco — digo e me deito na cama, fechando os olhos e dando a
conversa por encerrada.
* Lana *
* Amanda *
Nós não saímos do quarto o dia inteiro, a comida nós pedimos aqui, não
aguento mais ficar neste quarto, mas o Trevor parece uma criança que não quer
sair. O meu corpo está doendo de tanto ficar deitada, mas só de pensar no espaço
minúsculo que eu tenho para andar, já desanimo em levantar.
Na tv não tem nada para ajudar a passar o tédio e eu não tenho vontade
nem de contar carneirinhos, quando o Trevor levanta, eu o olho, esperançosa.
— Nem me olha com essa cara, eu só vou tomar um banho — ele diz,
quando me vê o olhando e segue para o banheiro.
Estou na milésima tentativa de matar o tédio, quando ele sai do banheiro
só com uma toalha enrolada na cintura, ele nem se deu ao trabalho de se enxugar
direito, porque vejo algumas gotas escorrendo pelo pescoço e percorrendo
aquele peitoral sarado e gostoso dele, descendo pela barriga tanquinho até sumir
na toalha. Acho que estou babando. Acha, colega?! Desse jeito vai alagar o
quarto com tanta baba! Pega um balde, porque está escorrendo muitoooooooo!
Eu não vou dar o braço a torcer, estou molhada só de olhar para ele, mas
não vou cair em tentação. Fecho os olhos.
— Desistiu de olhar — o ouço falando, debochado.
— Não sei do que está falando — digo, fingindo inocência.
— O meu pau ficou duro só de ver o seu olhar me secando e você me diz
que não sabe de nada?! — ele diz, rindo.
— Eu não estava te secando — me defendo.
— Claro, eu também não fico quando te vejo só de lingerie — ele
responde e eu abro os olhos, me arrependendo ao vê-lo nu.
— Cadê a toalha? — consigo perguntar, mas não consigo fechar os olhos,
vendo-o como veio ao mundo e, para piorar o meu estado, excitado.
— Eu tirei para dormir, não vou dormir de toalha molhada, porque posso
pegar um resfriado — ele responde, chegando perto da cama.
— Sai daqui! — eu exclamo e ele ri.
— Princesa, só tem uma cama no quarto e é nela que eu vou dormir —
ele diz e se deita embaixo das cobertas.
Mesmo a cama sendo grande, eu consigo sentir o calor do corpo dele
perto do meu, a minha imaginação está a mil por hora com várias formas que ele
poderia me pegar nesta cama, no chão, no banheiro, até na mesa onde acabamos
de comer. A porcaria do meu corpo está todo quente e eu gemo de frustração,
porque é muita tentação e muito perto. O Trevor é um pateta, mas é gostoso
demais. O meu corpo estremece de desejo por ele, que percebe as minhas
reações à sua proximidade.
— Está com frio? — ele pergunta.
— Não — respondo, irritada, porque não quero olhá-lo para não cair em
tentação, mas se eu fechar os olhos, com certeza, verei o seu corpo nu e excitado
na minha frente. Merda!
— Se quiser, eu te esquento — ele fala e eu o encaro, irritada.
— Não, obrigada — respondo e me viro de costas para ele, fecho os
olhos para tentar dormir e me amaldiçoo mentalmente, porque imagino
exatamente o corpo dele nu atrás de mim.
Eu aguardo um tempo esperando algum movimento, mas quando ouço a
sua respiração ritmada, sei que ele caiu no sono e não vai fazer nada. O que você
esperava?! Você disse para ele não te tocar e ele não tocou! Burra! Eu
realmente ainda estou com raiva dele, mas foi golpe baixo ter dormido nu,
prevejo que essa será uma longa noite.
* Amanda *
O dia que passamos na praia foi muito calmo e divertido, por sorte, a
Lana não apareceu e eu não sei se fico aliviado ou preocupado. Agora estamos
voltando para o quarto e sinto uma enorme vontade de agarrar a minha princesa,
mas assim que abrimos a porta do quarto, ouço o meu celular tocando e percebo
que o deixei aqui no quarto. Corro para pegá-lo antes que a ligação caia, o
número é desconhecido, mas resolvo atender.
— Alô?! — atendo.
— Por gentileza, o senhor Trevor Clark — a voz feminina do outro lado
diz.
— Quem gostaria? — questiono, pensando que talvez a Lana tenha
descoberto esse número.
— Aqui é do NY Hospital, esse é o número de emergência dado por
Daryl Clark — ela responde e eu sinto como se o chão se abrisse debaixo dos
meus pés. Por sorte, eu estou perto da cama e me sento.
— Sou Trevor, o que aconteceu com o meu irmão? — pergunto.
— Ele sofreu um ferimento e está internado — ela diz e eu nem me dou
ao trabalho de responder, desligo o telefone, decidido a retornar a Nova York
hoje mesmo. Eu sei que o Daryl disse para ficarmos por aqui mais alguns dias,
mas ele está ferido no hospital e eu quero saber o que aconteceu.
— Arrume as malas, estamos voltando para Nova York, assim que eu
localizar o próximo voo com lugares disponíveis — digo, já procurando no meu
celular por passagens.
— Mas você disse que temos que ficar aqui mais uns dias — ela
responde, confusa, e eu respiro fundo para não ser grosseiro, afinal, ela não tem
culpa do que quer que tenha acontecido com o meu irmão.
— Isso foi antes do meu irmão ir parar em um hospital — respondo e
vejo a surpresa em seu rosto.
Por sorte, consigo passagens para daqui a duas horas, então temos tempo
de arrumar as malas e correr para o aeroporto despachar a bagagem. Faço o
check-out no hotel e pegamos um táxi para o aeroporto, com a Amanda sempre
calada ao meu lado.
Chegando lá, pegamos a bagagem e vamos fazer o check-in e despachar a
bagagem, logo corremos para o portão de embarque e aguardamos a chamada
para o nosso voo.
— Calma, Trevor, o seu irmão vai ficar bem — diz Amanda ao meu lado
e eu respiro fundo, tentando me acalmar.
Não faço ideia do que aconteceu para que ele tenha ido parar em um
hospital, mas tenho certeza de que tem relação com o que ia fazer contra o Liam
e que não saiu como ele esperava.
Chamam o nosso voo e levantamos para embarcar, depois que passamos
pela segurança e entramos no avião, nos acomodamos nas poltronas e apertamos
o cinto, conforme pede o piloto e as comissárias de bordo. Olho pela janela e
vejo que já está anoitecendo e devemos chegar de madrugada no aeroporto John
F. Kennedy, por sorte, consegui um voo direto então, pelo menos, não teremos
que fazer escalas.
Logo o piloto anuncia o início do procedimento de decolagem e eu tento
pensar positivo e espero que essas sete horas de voo passem rápido, não tento
puxar assunto com a Amanda, com medo de ser grosseiro.
— Quer tomar alguma coisa? — ela pergunta.
— Não, obrigado, eu estou muito preocupado e não quero ser grosseiro
contigo nem te magoar. — Sou sincero com ela.
— Agradeço a consideração, mas estou preocupada com você — ela diz,
virando o rosto em minha direção. — Eu sei que está preocupado com o seu
irmão, mas ele pode até já estar fora de perigo e apenas em observação, você não
esperou a moça do hospital terminar de falar.
— Eu sei que não a deixei falar, sei que desliguei na cara dela e que estou
me remoendo sem saber de nada por minha culpa, mas você faria o que, na
minha situação? — pergunto.
— Provavelmente, a mesma coisa que você — ela responde e sorri em
seguida, não tenho como evitar sorrir para ela também e nem do meu coração
dar um salto perto dessa loira.
— Obrigado por me entender — digo, um pouco mais calmo.
— Não tem de quê, mas quero que me faça um favor — ela diz.
— Pode falar, qualquer coisa — respondo.
— Cuidado com o que me oferece, eu posso pedir qualquer coisa e você
terá que fazer — ela diz e eu levanto uma sobrancelha, curioso. — Mas agora eu
só quero que você segure a minha mão, enquanto o avião decola — ela pede e eu
sorrio novamente, segurando a sua mão em seguida.
Assim que pego a mão dela, o avião entra na pista de decolagem e o sinto
acelerar até decolar. Bem, Nova York, aqui vamos nós novamente. Apoio a
cabeça no encosto da poltrona e fecho os olhos para tentar dormir, depois que o
piloto avisa que estamos em altitude de cruzeiro, eu pego no sono.
— Trevor — ouço Amanda me chamando. — Trevor, acorda!
— Humm — eu respondo, sonolento, e ainda de olhos fechados.
— Acorda, que já vamos pousar — ela diz e isso me faz abrir os olhos.
— Mas já? — pergunto.
— Já é madrugada — ela responde e eu olho pela janela, conferindo que
o céu está escuro.
Levamos mais algum tempo para pousar e, logo que o avião está no local
correto, somos autorizados a desembarcar. Todo o processo de sair do avião e
pegar a bagagem na esteira, depois passar pela segurança do aeroporto levou
mais uns 40 minutos e, como ainda é de madrugada, resolvemos ir para o meu
apartamento. Pegamos um táxi e chegando lá, fazemos todo o processo de tirar a
bagagem do carro e entrar no prédio, percebo que a Amanda parece exausta ao
meu lado.
— Cansada? — pergunto, enquanto abro a porta do prédio, dando
passagem para ela entrar primeiro.
— Você não tem ideia do quanto — ela responde, logo estamos subindo
as escadas e, chegando à porta do meu apartamento, eu paro um momento,
olhando para ela.
— Obrigado por ter vindo comigo — digo.
— Não me agradeça, eu preciso de um banho quente, uma cama e o meu
apartamento deve estar com cheiro de mofo — ela responde e eu sorrio.
— Posso te oferecer banho, cama e uma massagem relaxante — ofereço.
— Serei eternamente grata — ela diz e eu abro a porta do apartamento.
Nós entramos e eu indico a ela o caminho para o banheiro, logo ela entra
para tomar banho e eu vou para a cozinha beber um pouco de água.
* Amanda *
Estou aproveitando o banho quente, não ligo de não ter pegado sequer
uma calcinha para vestir antes de sair do banheiro, porque o ato de tomar banho
era mais importante do que qualquer coisa no momento. Nunca um chuveiro
pareceu tão atraente ou um banho pareceu tão prazeroso, se considerar o fato de
que não consegui sequer tomar um banho antes de começar a arrumar as malas
correndo para voltar a Nova York, eu acho que é compreensível o meu desespero
por um banho quente e relaxante.
Distraída, começo a cantarolar uma música romântica da Karol Sevilla
chamada Vuelveme a mirar así:
“Por que você está me olhando?
Se eu não tenho nada para lhe oferecer agora
Se a distância
Entre você e eu, ele se virou daqui para Roma
Não não
Você já teve aquela sensação de algo estar muito calmo? Pois eu tenho
muito medo de todo esse silêncio, não tivemos notícia nenhuma do Liam nem da
Lana. Parece que o encontro com ela foi fruto da minha imaginação e, se a
Amanda não estivesse comigo naquele momento, eu até poderia acreditar que
fosse um delírio.
Esta semana começamos uma rotina diferente, voltamos aos nossos
respectivos empregos e nos vemos de manhã, antes de sairmos, mas à noite que é
o problema, porque tem alguns dias em que ela precisa ficar até mais tarde e
sempre chega um pouco estranha. Eu sempre pergunto o motivo do
comportamento dela e ora sou ignorado, ora ela me responde que são coisas do
trabalho, mas eu tenho certeza de que tem algo mais acontecendo e vou
descobrir exatamente o motivo disso.
Acabo de chegar à Reed e, para variar, encontro a menina nova na
recepção em vez de encontrar a Nathy, como eu estava acostumado. Aquela ali é
capaz de desmaiar de exaustão qualquer dia desses, parece um furacão correndo
de um lado para o outro, porque quando não está com o meu irmão, ela está aqui,
na Reed, trabalhando como louca, para compensar o serviço que fica acumulado.
Claro que o meu irmão disponibilizou um dos carros dele com direito a um dos
seguranças para trazê-la e buscá-la no trabalho, isso rendeu uma bela discussão
pelo que ele me contou, mas ela foi vencida quando ele disse que, se não
aceitasse, contrataria uma enfermeira gostosa para cuidar dele. Acho que a
Nathy só não bateu nele, porque ainda está se recuperando, mas, pelo que ele me
contou, vontade não faltou.
Chego ao meu andar e olho para a estação de trabalho que divido com a
Bia, desde que ela começou a trabalhar aqui, claro que ela já chegou e está
concentrada no seu trabalho.
— Bom dia, princesa — eu a cumprimento, como sempre fiz, mas
estranho pela forma que ela me encara.
— Bom dia, senhor fugitivo — ela diz, me encarando duramente.
— Ok, o que eu fiz de errado? — pergunto, sentando na minha cadeira e
largando o meu capacete embaixo da mesa.
— Essa história de férias de última hora não me convence,
principalmente porque você sumiu no dia seguinte e ninguém sabe para aonde
você foi, então desembucha logo o que aconteceu — ela diz, parecendo bastante
irritada.
— Bia, com todo respeito, eu tinha alguns problemas pessoais e não dava
para resolver se eu ainda estivesse trabalhando, por isso eu pedi as férias em
cima da hora, eu não esperava que esses problemas aparecessem — respondo,
sem realmente dizer nada comprometedor para ela, não posso arriscar colocá-la
em risco novamente.
— E por que você está morando com a Amanda? — ela pergunta e eu a
olho, confuso.
— Como você sabe que a Amanda está morando no meu apartamento?
— rebato.
— Porque a Nathy me contou que vocês apareceram juntos para buscar o
seu irmão no hospital e pareciam bem íntimos — ela responde.
— Olha, o que a Amanda e eu temos é muito confuso ainda, porque
nenhum de nós nunca se declarou e só deixamos acontecer — eu começo a falar.
— E ela só está no meu apartamento porque, quando ela viajou, o contrato de
aluguel acabou e o dono do apartamento onde ela morava acabou alugando para
outra pessoa — conto e percebo a sobrancelha levantada da Bia.
— E vocês viajaram para onde? — ela pergunta.
— Para Porto Rico e, depois, para Acapulco, mas não ficamos muito
tempo, porque recebi a ligação do hospital para informar o que aconteceu com o
Daryl — respondo, no automático e, quando olho para a Bia, ela está com um
enorme sorriso no rosto.
— Então, o assunto pessoal se chama Amanda? — ela pergunta, irônica.
— Não, nós descobrimos no aeroporto que estávamos no mesmo voo —
eu respondo a verdade, pelo menos, isso eu posso falar para ela.
— Acho que o Gabriel vai gostar de saber que você e a Amanda estão
juntos, pelo menos, vai reduzir o ciúme que ele sente de você — ela diz e eu
sorrio.
— Gata, ele nunca vai deixar de sentir ciúme do galã aqui, sou muito
gostoso e totalmente irresistível — digo, mexendo as sobrancelhas e fazendo a
Bia gargalhar. — E como estão os bebês?
— Aprontando muito, já estão andando apoiados nas paredes e nos sofás,
quando inventam de correr é um terror — ela diz, sorrindo amorosa ao falar dos
filhos. — Eles estão tentando falar algumas coisas, sei que estão um pouco
atrasados e me sinto um pouco culpada por não conseguir estar tão presente por
causa do trabalho, sinto que estou perdendo muitas coisas deles por causa disso.
— Não sinta isso, você tem dois trabalhos, não que precise, mas você
gosta de trabalhar e acho que se sentiria sufocada se precisasse ficar em casa o
tempo todo — digo para animá-la e porque é a minha opinião. — Fora que a
creche onde você os deixa também ajuda no desenvolvimento, eles irão falar no
momento certo e tenho certeza de que a primeira palavra será “mamãe” —
garanto e ela sorri.
— Obrigada por me animar, Trevor, agora vamos trabalhar, porque quase
fiquei louca durante as suas férias — ela diz, já me colocando a par dos projetos
que temos para apresentar nos próximos dias.
— Você não podia ter me passado esses projetos antes? — pergunto,
cansado só de pensar nos prazos curtos que temos.
— Podia, mas que graça teria se eu não pudesse te atormentar um pouco?
— ela diz e nós dois rimos.
Trabalhamos o resto do dia em um clima leve e descontraído, até o
Gabriel que veio ver o andamento dos projetos estava mais simpático comigo e
eu imagino que ele já saiba sobre a Amanda. Bia, sua fofoqueira! No fim do dia,
eu já estou morto de cansaço, mas resolvo fazer uma surpresa para a Amanda e
buscá-la no trabalho, só espero que hoje ela saia no horário.
Chegando ao NY Hospital, pergunto para a recepcionista onde posso
encontrar Amanda Baker e sou informado de que ela está no andar do neonatal.
Depois que sou autorizado a entrar, eu sigo para o andar onde ela está.
Ao chegar ao andar, começo a procurar por ela, vou andando pelo
corredor e olhando para os dois lados procurando, mas não a encontro.
— Com licença, onde eu posso encontrar Amanda Baker? Ela trabalha
aqui — eu pergunto para a enfermeira que está no balcão de enfermagem do
andar.
— Ela foi até o depósito, no fim do corredor, buscar alguns materiais que
estão acabando por aqui — responde a moça, com simpatia, e eu sigo para onde
ela aponta.
Conforme vou me aproximando, posso escutar algumas vozes e sei que
uma delas é da Amanda, antes de entrar no depósito, eu congelo no lugar,
quando consigo entender uma parte da conversa.
— Você bem que poderia nos dar uma chance, Amanda — diz uma voz
masculina e eu a acho conhecida, mas não sei ainda de onde conheço essa voz.
— Eu já disse que não podemos ter nada, Dr. Jenkins — responde
Amanda e eu amaldiçoo, entredentes.
— Nós podemos nos dar muito bem, eu posso conseguir uma promoção
para você — ele diz e eu sinto nojo dele. Esse é o cara que vai fazer o parto da
Kate?!
— É sério, se o senhor não parar de me assediar, vou denunciá-lo —
responde a Amanda, com a voz alterada.
— E quem acreditaria em uma simples auxiliar? — ele responde, com
sarcasmo. — Não tem câmeras aqui nem nos vestiários, você não tem nenhuma
prova de que eu te assediei algum dia.
— Isso não é certo, você é o obstetra da Kate, um médico conceituado e
está me assediando constantemente, eu estou cansada disso — ela diz, indignada.
Eu poderia muito bem entrar ali e acabar com isso, mas permaneço congelado no
lugar.
— Vamos, meu bem, você vai gostar — diz ele.
— Me larga, doutor, por favor, me solta — ela pede e eu já não aguento.
Abro a porta do depósito em um rompante e sei que estou fora de mim.
— Larga ela agora ou eu chamo a polícia! — digo alto, para chamar o
máximo de atenção possível.
— E para quê? — ele responde, com um sorriso irônico, e tudo o que eu
mais quero é arrebentar a cara dele.
— Olha só, podem não ter câmeras neste lugar, o que eu acho uma
burrice sem tamanho não ter câmeras em um depósito como este, mas eu ouvi
tudo o que você disse e posso testemunhar a favor dela, pense no que um
processo por assédio pode fazer com a sua carreira — digo e o vejo vacilar. —
Eu poderia muito bem arrebentar a sua cara e você ficar como vítima e eu o
agressor descontrolado, mas também posso fazer um escândalo para o hospital
todo ouvir que o Dr. Jenkins estava assediando a auxiliar no depósito, mesmo
que não tenha nenhuma prova ou consiga prosseguir com o processo, só a
acusação já seria o suficiente para que fosse suspenso e para sujar a sua
reputação de médico sério — continuo e, sem nenhuma palavra, ele larga a
Amanda e sai rapidamente do depósito.
— O que você está fazendo aqui? — ela pergunta, assim que o Dr. Otário
sai.
— Oi para você também, princesa — eu respondo, irônico. — Era por
causa dele que você chegava em casa estranha, quando trabalhava até mais
tarde?
— Você não respondeu a minha pergunta — ela diz, cruzando os braços,
e eu suspiro, passando as mãos no rosto para me acalmar.
— Eu vim te buscar para irmos para casa juntos — respondo. — Sua vez
de responder a minha pergunta.
— Ele vem tentando alguma coisa comigo desde que comecei a trabalhar
aqui, mas eu nunca permiti — ela diz, de cabeça baixa. — O problema é que ele
ficou um pouco mais insistente depois que nos viu juntos, ele tentou desde
ofertas de promoção se eu transasse com ele até me demitir, se eu não aceitasse
as suas investidas.
— Você deveria ter me contado — digo, chateado.
— Você não teria como fazer nada — ela responde e eu levanto uma
sobrancelha.
— Claramente você está errada, porque eu acabei de impedir que ele
continuasse te assediando aqui, mas não vou insistir — digo, ainda mais
chateado. — Vamos embora?
— Eu só vou levar os materiais para o balcão de enfermagem e já posso
ir embora — ela responde e suspira, desanimada.
* Trevor *
Eu a ajudo com os materiais e levamos para o balcão de enfermagem, a
moça que me disse onde encontrar a Amanda nos olha e levanta uma
sobrancelha ao perceber o clima tenso, mas não falamos nada. Seguimos até a
minha moto e depois para o meu apartamento, no mais absoluto silêncio, eu só
volto a falar depois de estarmos dentro do apartamento.
— O que nós somos para você? — pergunto, sem conseguir segurar mais
o que eu sinto.
— Eu não sei — ela responde e isso me machuca muito mais do que eu
pensei que fosse possível.
— O que você sente por mim? — indago, me aproximando e colocando
as minhas mãos em cada lado do seu rosto.
— Eu estou confusa, Trevor — ela diz e eu bufo, irritado.
— Bom, já que você não sabe o que sente, eu vou dizer o que sinto —
começo e coloco um dedo na sua boca, delicadamente, impedindo-a de me
interromper. — Não faz muito tempo que eu admiti para mim que te amo —
confesso e a vejo ofegar. — Eu me apaixonei por você sem sequer perceber. Não
pretendia me apaixonar por ninguém, porque toda vez que eu pensei gostar de
uma garota, ela me deixava na friendzone e eu estou cansado de ser só o amigo
engraçado. Eu me encantei por você quando a vi pela primeira vez na casa da
Sra. Jane e, cada fora que você me dava, eu queria mais e mais ficar com você.
No dia do casamento do James com a Kate, percebi que estava um pouco
bêbada, mas não imaginava que estivesse tão bêbada a ponto de esquecer tudo o
que aconteceu desde que saímos da festa e viemos para o meu apartamento — eu
continuo abrindo o meu coração. — Você me deixa confuso e inseguro, eu nunca
imaginei que ficaria tão chateado por uma garota ir embora correndo depois de
uma foda, mas o que acabou comigo é que não foi uma foda qualquer e sim a
melhor foda. Eu me senti insultado por você ter esquecido aquela noite
maravilhosa, claro que eu não ia te pedir em casamento no dia seguinte nem
nada, mas eu queria que repetíssemos durante o dia inteiro e, quem sabe, o fim
de semana inteiro.
— Trevor, eu... — ela começa, mas eu nego com a cabeça, a fazendo
parar de falar.
— Me deixa terminar, por favor — eu digo e ela acena, com os olhos
arregalados. — Eu não esperava te encontrar no aeroporto, eu não esperava que
transássemos de novo e, principalmente, não esperava que cada vez que eu
entrasse em você, fosse melhor que a anterior. Eu estou viciado em você, no seu
cheiro, no seu gosto, no seu olhar, no seu corpo, estou viciado em tudo. Porra,
Amanda, eu estou apaixonado por você, estou louco por você e não saber se
sente o mesmo por mim, está me enlouquecendo — digo e vejo uma lágrima
escorrer do seu olho, eu limpo com o polegar. — Eu te amo com todo o meu
coração, sei que estamos juntos há pouco tempo, mas eu quero passar por todas
as etapas com você, todas as etapas que eu não quis com mais ninguém.
— Lana — ela diz e eu fico tenso.
— Namoramos por um tempo, mas eu nunca tive a intenção de me casar
com ela, eu estava me deixando levar e ela era legal naquela época, eu não
conhecia a mulher com quem eu namorava e achava que ela era diferente das
pessoas que estavam na gangue, assim como o Daryl e eu éramos — respondo.
— Mas com você é diferente, eu quero namorar, quero continuar morando com
você, quero me casar com você, quando se sentir pronta, e quero ter uma vida
inteira ao seu lado.
— Trevor, eu não sei o que dizer… — ela diz, com a voz embargada, e
eu me sinto um merda por não ser correspondido.
— Não precisa dizer nada, eu quis ser sincero e dizer o que estou
sentindo, nunca esperei que você se sentisse obrigada a dizer algo que não sente,
só porque disse que te amo — digo e deixo as minhas mãos caírem ao lado do
meu corpo, me sentindo derrotado e sufocado. — Bem, eu preciso ver como o
meu irmão está, volto mais tarde — informo e corro para fora do apartamento,
deixando a Amanda lá dentro, juntamente com o meu coração que está aos
pedaços neste momento.
* Amanda *
Acho que era isso que faltava para que eu desabasse de vez, eu tinha
tentado segurar quando entrei no carro, mas essa música acabou comigo. O pior
é a continuação:
“...Y me duele, la verdade
Que no pude darte todo
Me perdí y te perdí…”
Por que eu tinha que ser tão confusa e estar tão quebrada? Mesmo depois
de tudo o que aconteceu, surpreendentemente, não fiquei com medo de homens
nem com ataques de pânico. Claro que eu tinha um pesadelo ou outro, mas
sempre me mantive equilibrada e foi só o Trevor entrar na minha vida que o
equilíbrio e a calma se foram e, neste momento, eu estou em pânico.
Sim, eu disse que precisava esfriar a cabeça, mas a cada minuto que
passa, eu me sinto mais e mais confusa, não sei se consigo me relacionar, não sei
se consigo namorar de novo. O Liam queria me controlar em tudo, desde o que
eu vestia até as amigas que eu tinha, conseguiu me afastar de todas as pessoas
com quem eu tinha contato na época, até que eu tivesse somente ele ao meu
lado. Ele e a irmã acabavam me controlando, a Lana dizia as maquiagens que eu
podia ou não usar e o Liam as roupas que eu tinha que vestir, sempre era vigiada
quando saía para qualquer lugar e, mesmo sem morar com ele, tinha todos os
meus passos controlados, era só eu desviar do caminho meio centímetro para ele
vir atrás de mim, totalmente furioso e descontrolado.
No começo, ele era muito carinhoso, não sei em qual momento começou
a mudar tanto e ficar tão controlador e violento; de princípio, eu achava que era
cuidado, mas depois da atrocidade que ele fez comigo, eu tive certeza que era
doença, pura crueldade incentivada pela sua irmã, que também é uma louca.
Estou sendo uma tonta por comparar o Trevor com o Liam, mas não posso
evitar, porque foi o único relacionamento que eu tive.
Coloco as mãos na cabeça, totalmente perdida, e percebo que estamos
parados e o motorista está me encarando.
— Está tudo bem, moça? — ele pergunta, parecendo preocupado, e eu
olho em volta, percebendo que estamos na porta do prédio do Trevor.
— Vai ficar, obrigada — respondo e desço rapidamente do carro,
seguindo para dentro do prédio.
Ao chegar ao apartamento, jogo as chaves que o Trevor me deu no móvel
que fica ao lado da porta e corro para o quarto, tirar essa roupa molhada e tomar
outro banho para evitar um resfriado. Depois de tomar banho, me sinto um
pouco mais humana, tiro com um lenço humedecido o restante maquiagem que
sobrou no meu rosto e coloco um pijama, abro o armário no quarto do Trevor,
pego uma manta e um travesseiro e sigo para a sala, onde me deito no sofá, me
cubro e ligo a televisão para tentar me distrair.
Depois do que aconteceu, eu me nego a dormir na mesma cama que ele,
estou confusa demais e sei que ele poderia tentar alguma coisa, o pior é que eu
cederia facilmente à sua sedução. Você espera que ele te seduza, essa é a
verdade!
Espero, sim, que ele tente me seduzir, mas a minha cabeça está uma
confusão só, eu amo aquele pateta, mas ele me magoou com o que disse. Sei que
ele me pediu perdão, mas e se ele fizer isso de novo? E se a cada briga, ele disser
que não quer mais nada comigo, que não quer me amar, que preferia nunca ter se
apaixonado? Não foi isso que ele disse. Eu sei que ele não disse isso, mas não
quer dizer que não pensou. Louca! Devo estar ficando realmente louca.
Assistindo a um filme antigo, tento me distrair, para não pensar tanto no
Trevor e em como ele está demorando para voltar para casa. Com esse
pensamento, eu acabo pegando no sono, no sofá dele.
* Amanda *
Acordo sentindo que estou sendo carregada, é isso ou estou voando. Nem
se você fosse uma bruxa e tivesse uma vassoura! Meus olhos estão pesados,
depois de tanto chorar então simplesmente me acomodo no que parece um
travesseiro macio e quase ronrono ao ser acomodada em algo mais macio ainda,
parece um colchão, mas não estou com nenhuma vontade de abrir os olhos. Eu
me embolo, me encolhendo com um pouco de frio.
— Merda! — ouço alguém reclamar, mas estou com muito frio para
sequer pensar na possibilidade de alguém ter invadido o apartamento do Trevor.
— Amanda, princesa, acorda — ouço essa pessoa me chamando, mas não quero
acordar ,então resmungo e tento me virar, mas choramingo um pouco, porque o
meu corpo está doendo.
Sinto o colchão sair de baixo de mim, depois do que poderiam ser
minutos ou horas, o meu corpo é mergulhado na água fria, me fazendo abrir os
olhos imediatamente, batendo os dentes de frio. Dou de cara com os olhos tristes
do Trevor e tenho vontade de chorar novamente. Droga de cabeça confusa.
— Eu estava procurando por você — ele diz e eu o olho como se tivesse
três cabeças, ele só pode estar brincando comigo. — Você saiu correndo da casa
do Daryl e eu tentei ir atrás de você, mas começou a chover muito forte e eu não
enxergava nada.
— Hum — eu balbucio, sem realmente conseguir pronunciar qualquer
palavra, parece que sou eu que estou bêbada e não ele. Mas ele não está bêbado,
não realmente.
— Eu tive que esperar um pouco, tomar refrigerante e comer alguns
doces que tinham lá para passar o efeito da bebida, pelo menos um pouco — ele
explica, suspirando e eu reclamo quando joga água fria na minha cabeça.
— Está muito fria essa água, te odeio — eu consigo dizer e ele me
encara, espantado.
— Entendo que deve estar mesmo me odiando agora, mas você estava
queimando de febre quando te coloquei na cama e eu não podia deixar você
assim, precisava fazer alguma coisa para abaixar a temperatura do seu corpo —
ele diz, me ajudando a levantar e passando uma toalha pelas minhas costas.
— Você arruinou o meu vestido — comento e ele bufa.
— Eu te dou outro, o mais importante é que você fique bem — ele diz,
enquanto me ajuda a tirar o vestido, ainda estou meio dormindo e meio
acordada, então não reajo quando ele tira totalmente a minha roupa, me deixando
apenas coberta pela toalha. — Vem, eu te ajudo a colocar outra roupa.
— Eu tomei banho quando cheguei — informo.
— Acho que não adiantou, já que você estava claramente febril quando
te coloquei na cama — ele responde.
— Eu estava sonhando com você — digo e nem sei o motivo, mas já não
me importo mais.
— Não faz isso, princesa, você me deu um pé na bunda na casa do meu
irmão e agora fala que estava sonhando comigo? — ele diz, me ajudando a
colocar um conjunto de sutiã e calcinha e, depois, um pijama quentinho.
— Eu já sonhava de vez em quando com você, desde a primeira vez que
me chamou para sair — respondo e ele solta um grunhido.
— A sua sorte é que está doente, porque a minha vontade é te jogar na
cama e te foder até entender que fomos feitos um para o outro, mas vou esperar
até estar recuperada para fazer entender isso — ele diz, me olhando
intensamente, enquanto me coloca cuidadosamente na cama.
— Você é confuso — digo, já com os olhos pesados e ele bufa.
— Não vou discutir isso com você agora, vou deixar para quando
acordar, se estiver melhor — ele diz, me dando um beijo na testa e me cobrindo.
Imediatamente eu durmo, caindo em um sono sem sonhos e talvez seja
melhor assim.
Acordo sentindo raios de sol no meu rosto, depois que a cortina do quarto
foi bruscamente aperta. Sempre tão delicado para me acordar.
— Hora de acordar, Bela Adormecida — diz o Trevor, se aproximando
de mim e pegando um copo com água e um comprimido, que estavam na
cômoda ao lado da cama, me entregando.
— Obrigada — digo, me sentando na cama e pegando o copo e o
comprimido das suas mãos, depois de tomar o comprimido, eu entrego o copo
para ele.
— É uma aspirina, para ajudar, caso ainda tenha um pouco de febre —
ele diz e eu aceno, concordando. — Acho melhor avisar no trabalho que está
doente, é melhor descansar hoje e ir trabalhar amanhã, eu já liguei na Reed e
avisei para a Bia que ficaria com você hoje para não ficar sozinha.
— Não precisa se incomodar — digo, envergonhada.
— Preciso, sim, você não pode ficar sozinha aqui, porque pode passar
mal ou sei lá o quê — ele diz e eu volto a deitar, me sentindo ainda cansada. —
Você não devia ter saído daquele jeito.
— Esperava que eu fizesse o quê? — pergunto, de olhos fechados, não
querendo encará-lo. — Queria que eu ficasse lá para que exatamente?
— Tem razão, precisamos esfriar a cabeça para conversar direito — ele
diz, dando a volta e sentando no seu lado da cama, com os pés esticados. —
Podemos conversar?
— Sim — digo, voltando a me sentar e encostando na cabeceira da cama.
— Me desculpe por ontem, eu estava magoado por ter confessado o que
sinto por você e você não ter dito nada, fiquei muito puto e me achando o maior
babaca por ter me apaixonado e não ser correspondido — ele diz, me olhando
nos olhos. — Eu não sou nenhum príncipe encantado, apesar de você ser a
minha princesa — ele brinca, e eu não consigo evitar de sorrir. — Acontece que
eu fui para a casa do meu irmão, esperando encher a casa para esquecer que você
não correspondia aos meus sentimentos, acordar só hoje pela manhã e ter que
lidar com a ressaca na casa dele, mas não contava que você apareceria por lá,
toda carinhosa — ele finaliza.
— Eu percebi a besteira que fiz quando o vi saindo daqui, bravo comigo,
mas não me deu tempo de digerir toda a informação que você despejou na minha
cara — respondo e ele suspira, desanimado. — Você não me deixou processar
tudo o que me disse e depois de tudo o que aconteceu, no pouco tempo que
estamos juntos, eu fiquei muito confusa. — Respiro fundo. — Eu liguei para a
Kate, para tentar te encontrar e ela me deu o telefone da Nathy, liguei para ela,
que me disse que você não estava lá, mas avisaria caso aparecesse. Ela me
mandou mensagem, me arrumei e fui correndo, a intenção era esclarecer o que
eu sinto por você e nos reconciliarmos, mas você começou a falar todas aquelas
coisas e aquilo me machucou, para valer — digo e sinto uma lágrima escorrer
pelo meu rosto, o que ele rapidamente limpa com o polegar e aproveita para
acariciar o meu rosto, que se inclina na direção da sua mão, aceitando a carícia
gentil.
— Sou um pateta mesmo, como o meu irmão diz — ele diz, ainda
acariciando o meu rosto e eu suspiro. — Olha, me perdoa, por favor, eu não
posso prometer que não vou fazer mais nenhuma burrada, mas prometo que não
vou tirar conclusões sem conversar seriamente com você, prometo que vou me
esforçar para ser merecedor do seu amor, só me dá uma chance — ele me pede,
agora com as mãos emoldurando o meu rosto.
— Mais uma chance, você quer dizer — respondo, levantando uma
sobrancelha.
— Mais uma chance, eu te amo, Amanda, fica comigo — ele quase
implora e as lágrimas que eu estava segurando com muito esforço já não ficam
mais presas, elas descem pelo meu rosto e eu não sei se vou conseguir parar de
chorar em algum momento. — Não chora, meu amor, por favor, não chora — ele
me pede, dando um beijo delicado nos meus lábios. — Eu te amo — ele repete,
com os lábios grudados nos meus.
— Eu também te amo, Trevor — respondo, sentindo o meu coração mais
leve por ter dito que eu o amo.
Depois da minha simples declaração, Trevor toma os meus lábios com
força, aprofundando o beijo e invadindo a minha boca com a sua língua.
Ele se vira, ficando com o corpo de frente para o meu, segura a minha
nuca com uma mão, enquanto continua a acariciar o meu rosto com a outra, as
nossas línguas se enroscam deliciosamente em nossas bocas, mas infelizmente o
beijo termina rápido demais, me fazendo gemer em desaprovação.
— Calma, você pode estar com um resfriado e não pode fazer esforço,
por enquanto — ele diz e eu o olho entre anestesiada, depois do delicioso beijo,
e irritada pelo motivo da interrupção. O quê? Eu estou muito bem, obrigada e te
mostro isso.
Sem que ele espere, eu subo em cima dele, posicionando as minhas
pernas de cada lado do seu corpo, de modo que fico montada nele.
— Estou ótima, como pode ver — digo no seu ouvido e mordisco o
lóbulo da sua orelha, o sentindo estremecer próximo ao meu corpo.
* Trevor *
* Trevor *
Porra! A Lana, além de louca, tem uma mira péssima. Eu não sei se
agradeço por ninguém ter se ferido de forma mais grave ou se entro em
desespero, porque é a minha namorada sendo socorrida, depois de levar um tiro
da Lana. O agente Rodrigues conseguiu atirar nela e a levou presa, o grande
problema é que tinha alguém esperando por ela do lado de fora e a maldita
conseguiu fugir.
A Amanda desmaiou nos meus braços, devido ao choque e,
milagrosamente, a ambulância não demorou muito para chegar. Estou indo com
ela na ambulância para o hospital, enquanto o Daryl nos segue com a Nathy, em
seu carro. Eu pedi para que os demais fossem para as suas casas, que darei
notícias quando tudo estiver resolvido.
Os momentos mais angustiantes são aqueles em que permanecemos na
sala de espera, depois do paciente entrar na emergência e ficamos sem nenhuma
notícia, por horas. E assim eu fiquei, junto com o Daryl e a Nathy, aguardando o
médico voltar e me dar alguma notícia.
* Amanda *
* Trevor *
* Trevor *
Faz uma semana que eu a perdi e me perdi junto, acho que essa foi a gota
d’água que transbordou o copo da minha sanidade. Perdi totalmente a vontade de
viver e sei que estou definhando, o meu corpo pede por comida, pede por
movimento, por carinho, mas eu me afasto de tudo isso. O Trevor está
desesperado para me fazer sair da cama, mas eu não o permito uma
aproximação. Sei que estou levando o meu recente relacionamento a um fim
precoce, mas não sinto vontade de nada, sinto apenas uma profunda tristeza.
Ouço uma música, parece distante, mas consigo distinguir a voz da
cantora Anahí. A música fica mais próxima, até que a porta do quarto se abre e
eu escuto perfeitamente Te Puedo Escuchar.
“Se que tus alas se quedan conmigo
Que desde el cielo tu abrazo es mi abrigo
Ángel divino me cuidas del mal
Se que camino con tu compañía
Que con tu voz se me encienden los días
Aunque tu puerta hoy este mas allá
Te puedo escuchar
Te puedo escuchar…” [5]
Olho para a pessoa que segura o celular de onde sai a melodia e não
seguro as lágrimas que descem pelo meu rosto ao ouvir a música triste.
— Amanda — chama a Bia, se aproximando com o celular ainda
tocando.
— Por favor, vá embora — peço, deitando novamente na cama em
posição fetal, o que tenho feito muito nos últimos dias.
— Não — ela responde e eu me viro para encará-la.
— Como? — questiono, pensando ter escutado errado.
— Não vou embora, você me ouviu — ela nega, com a expressão dura.
— Veio aqui para me fazer sofrer mais? — pergunto, irritada.
— Não, eu vim aqui ver se reage — ela diz e eu a olho, confusa, ela bufa,
revirando os olhos. — Você está tempo demais enterrada neste quarto, até parece
que quem morreu foi você.
— Como ousa? — digo, com raiva.
— Pelo amor, você fala como se ninguém nunca tivesse perdido alguém
importante na vida — ela diz e eu a encaro, abismada.
— Respeite a minha dor — murmuro.
— Eu respeito a sua dor, não respeito é esse comportamento infantil,
porque parece que você quer realmente morrer — ela diz, sem nenhum tato, e
mais lágrimas caem do meu rosto.
— Acho que não gosto muito de você agora — resmungo.
— Olha só, não estou aqui para que goste de mim, estou aqui porque o
meu amigo está desesperado, vendo a mulher que ama definhando na sua frente
e nada do que ele fez funcionou para que saísse desse estado — ela diz.
— Eu sei que ele está chateado, mas… — eu tento me defender, mas sou
interrompida.
— Mas nada, você quer que ele se afogue junto com você? — ela
questiona, elevando a voz e eu nego com a cabeça. — Você se importa, pelo
menos, um pouco com aquele cara que está na sala, desesperado por não
conseguir te ajudar?
— Claro que me importo! — respondo. — Mas estou sofrendo também.
— Olha só, eu sei melhor do que ninguém o que você está passando —
ela diz e eu bufo em deboche, a fazendo me encarar, irada. — Quem não respeita
a dor alheia agora?
— De que dor você acha que está falando? — retruco. — Não perdi
nenhum bichinho de estimação, perdi a minha avó!
— Mas é uma idiota mesmo — ela diz, levantando as mãos, como se
pedisse paciência. — Eu daria três tapas na sua cara agora, se não fosse pelo
Trevor, mas vou demonstrar uma paciência que não possuo e explicar porque eu
disse que entendo a sua dor.
— Vamos ver se entende mesmo — digo, ainda em tom de deboche e
nada me prepara para o que ela me revela.
— Eu perdi os meus pais e a minha irmã caçula, de uma vez, em um
acidente de avião, está bom para você ou quer mais? — ela diz, irônica, e o meu
queixo cai em choque. — Onde está o deboche agora?
— Me desculpe, eu não sabia — digo, sincera, e ela bufa.
— Claro, está muito preocupada, sentindo pena de si mesma, para
perceber que outras pessoas podem ter sofrido perdas, assim como você. Não
existe um medidor de melhor ou pior perda ou quem perdeu mais. O fato é que
sempre perderemos alguém importante em algum momento da vida, nunca
estaremos preparados para essas perdas, mas temos que saber superá-las e seguir
adiante. Tenho certeza de que a sua avó não estaria feliz se te visse desse jeito,
desistindo de viver depois de perdê-la, ela viveu a vida dela e tenho certeza de
que esperaria que você vivesse a sua — ela diz e isso me arrebenta.
— Como faço isso? — pergunto, totalmente perdida.
— Primeiro, entenda que você sempre vai sentir falta dela, ninguém
nunca vai substituir a sua avó — ela diz, limpando as minhas lágrimas, com
carinho. — Segundo, que tudo bem você sentir dor, é normal doer a perda, mas
aos poucos vai ficando suportável e mais fácil de levar — ela continua, me
puxando para um abraço, onde acabo derramando mais lágrimas. — Você ainda
vai chorar muitas vezes, terão dias em que a saudade será muito mais forte que
em outros, mas você tem pessoas ao seu lado que te amam, para te ajudarem a
levantar — ela diz e eu me afasto um pouco, a olhando confusa, ela revira os
olhos. — O Trevor é doido por você, garota. Além disso, todos nós gostamos
muito de você. Você cuidou muito bem e com muito carinho da Sra. Jane,
conquistou os nossos corações e tem a nossa amizade e o nosso carinho.
— Vai me fazer chorar de novo — digo, em tom de brincadeira, e ela ri.
— Aos poucos, vai ficar mais fácil, o tempo cura todas as feridas — ela
garante e eu a abraço novamente.
As palavras da Bia penetram as barreiras que eu não tinha percebido que
construí em torno do meu coração, são tão profundas e verdadeiras, que eu sinto
os cacos do meu coração se juntando aos poucos. Essa dor vai levar um tempo
para aliviar e, como ela disse, a saudade será eterna, mas ela tem razão em dizer
que a minha avó gostaria que eu seguisse a minha vida e mantivesse comigo
apenas os momentos felizes que passamos juntas.
Preciso continuar a minha vida, preciso levantar e seguir em frente. E é
exatamente isso que eu vou fazer.
* Amanda *
Estou muito irritado, não, na verdade, estou muito puto. Trabalhei até
mais tarde para terminar um projeto urgente, quando gostaria de passar a noite
com a minha garota, mas o universo conspirou contra nós e ela ficou de babá,
enquanto eu cobri o meu trabalho e o da Bia, para que ela tivesse uma noite
romântica com o marido. Qual é o problema nisso? Absolutamente nenhum,
mesmo, até eu sair da Reed estava tudo certo, o grande problema é que
acertaram a minha cabeça e me apagaram, só me lembro do impacto e agora da
grande dor que sinto na cabeça, me lembrando do quanto fui imprudente de não
prestar atenção quando saí da empresa. Claro, saiu feito um pateta feliz e sem
olhar para os lados ou para trás. Aliás, pouco antes de ser atingido, lembrei que
tinha ido à empresa de moto e ia voltar para pegá-la, acho que trabalhei demais e
esqueci que tinha ido trabalhar com ela, bem quando parei e ia voltar para a
Reed, fui nocauteado. O pior? Eu não tenho ideia de onde estou.
Ouço uma porta abrindo e não posso dizer que estou surpreso ao ver
quem entra no local, com mãos e pés amarrados em uma cadeira.
— Ora, ora, finalmente o belo adormecido resolveu acordar — diz Lana,
chegando perto, vestida toda em couro, com óculos escuros e o cabelo preto
comprido preso em uma trança estilo Lara Croft.
— Por que não estou surpreso que você tenha me sequestrado? —
retruco.
— Provavelmente, porque você esperava que eu fizesse isso para não ter
mais que ver aquela mosca morta da sua namorada — ela responde, com uma
careta de desgosto.
— Não exatamente, você estava quieta demais para quem saiu tão puta
do meu aniversário, esperava um movimento seu bem antes — digo e ela me
olha, surpresa.
— Como assim? — ela pergunta, agora irritada.
— Você não conseguiu atingir nem a mim nem o Daryl com aquele tiro,
atingiu a perna da Amanda e foi tão leve, que ela levou pouco tempo para se
recuperar, ou seja, o que quer que tenha ido fazer na casa do meu irmão, você
falhou — respondo e ela me olha, ainda mais irada.
— Eu ia propor de fugirmos juntos, para bem longe daqui, o Daryl é um
homem morto por atrapalhar os planos da máfia e não tem chance de escapar,
então, realmente pretendia te salvar, mas acho que é melhor te matar mesmo —
ela diz, pegando uma arma que estava escondida na sua calça e apontando para
mim. — Porém, primeiro eu quero me divertir um pouco com você, já faz muito
tempo desde a última vez que transamos.
— Sério, se quer me matar, faça logo, porque não há nenhuma chance no
inferno que o meu pau vá subir por você — digo e ela me dá um tapa, com tanta
força, que viro o rosto com o impacto e sinto a ardência na minha bochecha.
Esse tapa deve ter deixado a marca da mão dela.
— Idiota! Você sempre estraga tudo — ela diz, com o rosto bem perto do
meu.
— Da última vez que conferi, não fui eu que me fingi de morto e fui
embora, deixando a pessoa que supostamente amava para ser ameaçado de morte
pelo irmão querido — digo, sarcástico.
— Tome muito cuidado com as suas palavras, quem está no comando
aqui sou eu, posso te dar uma morte rápida ou fazê-lo implorar para morrer —
ela ameaça, com um sorriso doente no rosto. — São as suas ações que dirão
como devo prosseguir, mas com certeza você não sai vivo daqui, uma peninha
não poder se despedir da sua amada — ela diz e vai embora, me deixando
sozinho novamente.
Como não tenho nada para fazer aqui, começo a reparar no lugar onde
estou preso e, pelo tamanho, parece um dos quartos da sede da gangue, ou seja,
não estou muito longe. Começo a testar as cordas que amarram as minhas mãos,
para ver se consigo escapar de alguma forma, mas está muito apertado e, as
minhas mãos estão para trás, não consigo ver qual o nó usado e se tem alguma
forma de conseguir fugir.
A produção deve estar de sacanagem comigo, para colocar uma ex-
defunta no meu caminho toda santa vez. Eu penso que tudo vai dar certo, aí a
Lana aparece e o mundo desaba na minha cabeça. Será que não dá para ter um
minuto de paz?!
Muito tempo depois de desistir de desamarrar essa corda, sem cortar a
circulação das minhas mãos, entra um dos caras da gangue, com uma bandeja de
comida.
— Come aí — ele diz, colocando a bandeja na cama, considerando que
eu estou amarrado, sentado em uma cadeira, vai ser difícil de conseguir comer.
— Será que poderia desamarrar as minhas mãos, para que eu possa
comer? — pergunto e ele me olha, desconfiado. — Cara, eu estou amarrado em
uma cadeira, se você deixar a bandeja na cama, eu vou morrer de fome e a
comida vai esfriar, porque não vou conseguir chegar até a cama e, muito menos,
comer.
— Ok, mas não diga a ninguém que te soltei, vou esperar você comer
para te amarrar novamente — ele diz, antes de tirar a bandeja da cama, colocar
em uma mesa que está no canto do quarto e empurrar a minha cadeira até lá.
Eu até penso em nocauteá-lo quando me desamarrar, mas primeiro
preciso de um plano de fuga e algo me diz que a Lana ainda vai me manter aqui
por mais alguns dias, provavelmente até conseguirem pegar o meu irmão.
Depois de ter as mãos desamarradas, eu como o que está no prato,
inclusive, bebo a água, sem medo de ser envenenado, seria muito fácil. Quando
termino de comer, tento convencer o cara a não me amarrar na cadeira
novamente.
— Posso, pelo menos, ir para a cama? — pergunto e ele me olha ainda
mais desconfiado. — Não vou conseguir dormir, se estiver sentado nesta cadeira
e é capaz de cair com cadeira e tudo, se pegar no sono — explico, mas antes que
ele diga alguma coisa, a Lana entra novamente no quarto.
— Está pensando que aqui é o quê? — ela pergunta. — Isso é um
sequestro, não está hospedado em um hotel e vai ficar na cadeira, sim, se cair,
problema seu! — ela diz e olha para o outro cara em seguida. — E você vai vir
conversar comigo depois, o que eu falei sobre desobedecer às minhas ordens?
— Sim, Lana, vou amarrá-lo e já vou para o escritório — ele responde,
de cabeça baixa, enquanto eu encaro os dois, totalmente pasmo.
— Quem dá as ordens aqui sou eu, te espero no escritório em dois
minutos — ela diz e sai do quarto, batendo a porta.
— Acho que ela ficou irritada — comento e ele bufa.
— Ela tem feito isso desde que o irmão foi preso e ela passou a
comandar a gangue — ele reclama e me amarra. — Olha, você sempre foi legal
comigo, mas não posso correr o risco de ser castigado — ele diz e eu o
reconheço.
— Sérgio, certo? — pergunto.
— Sim — ele confirma e eu lembro que ele entrou para a gangue muito
mais novo do que eu quando entrei. Sempre o tratei como um tipo de irmão
caçula e não esperava que ainda estivesse aqui.
— Olha, não quero que tenha problemas por minha causa, mas tenho a
impressão de que ela tem muito mais chances de levar todos vocês para o buraco
do que o irmão dela — digo e ele acena.
— Eu sei, mas com a máfia envolvida, as coisas ficaram mais perigosas
— ele comenta, antes de conferir a hora no relógio. — É melhor eu ir, se ela
tiver que vir me buscar, não vai ser bonito — ele diz, antes de sair e fechar a
porta.
E aqui estou eu, novamente com mãos e pés amarrados e sem nenhum
plano de fuga em mente.
* Amanda *
Tive que vir trabalhar de ônibus, porque o Trevor não apareceu ainda e
hoje pego o turno do dia. Eu gostaria muito de ter conseguido falar com ele, uma
mensagem, qualquer coisa, mas ninguém sabe nada dele, parece que evaporou,
sumiu. A única notícia que eu tive foi da Nathy, que contou que o segurança que
estava no turno da noite viu o Trevor saindo do prédio a pé pelas câmeras, ele
nunca voltou para o prédio e a moto dele continua no estacionamento. O que
será que ele foi fazer fora da Reed e sem a moto?!
Milhares de possibilidades flutuam pela minha mente e não quero pensar
muito tempo em nenhuma delas, junto a isso, a Nathy me contou que naquela
mesma noite tentaram invadir a casa do Daryl, mas não conseguiram, porque ele
reforçou a segurança depois do incidente no aniversário.
Mal consigo me concentrar no trabalho com a preocupação aumentando a
cada minuto, sem notícias do Trevor. Não queria incomodar os Long nem os
Taylor, mas acho que será necessário, porque o Trevor é amigo deles e, pelo que
fiquei sabendo, James pode tentar rastrear o celular do Trevor. Se o tal celular
estivesse ligado, seria uma possibilidade, né, querida?!
Mesmo com poucas chances de sucesso, tento ligar para a Bia.
— Amanda? — ela atende.
— Sim, como está? — a cumprimento.
— Ótima, depois da noite de ontem, e agora aproveitando o momento
família com o Gabriel e as crianças — ela diz e suspira. — Mas e você?
— Eu nem sei como dizer isso, mas preciso da sua ajuda — digo, sem
responder a sua pergunta.
— O que precisa? — ela pergunta.
— Preciso de ajuda para encontrar o Trevor, ele sumiu ontem e ninguém
sabe onde está — respondo.
— Vocês brigaram?
— Não, nem nos falamos depois que eu fui para o apartamento da Sra.
Jane, ajudar a cuidar dos gêmeos.
— Estranho, tentou ligar para ele? Às vezes, ele pode não ver as
mensagens — ela diz.
— Várias vezes, cai direto na caixa-postal — respondo.
— Isso é preocupante, agora te entendo — ela diz. — Vou ver com os
seguranças se o viram ontem.
— A Nathy já fez isso, ele saiu da Reed a pé e sumiu — conto e ela
ofega.
— Ele saiu sem a moto? — ela questiona, espantada.
— Sim, isso é o mais estranho, estou com um mau pressentimento —
digo, passando a mão no peito, em cima do coração, para tentar aliviar o aperto
que estou sentindo.
— Vou ver se o James pode ajudar — ela diz.
— Mas o filho dele nasceu ontem — digo, não querendo atrapalhá-lo,
enquanto curte o filho recém-nascido, e ela bufa.
— O Trevor é amigo dele, com certeza ele vai ficar bravo se não
pedirmos a sua ajuda — ela diz. — E, Amanda?
— Sim.
— Avise a polícia, também não estou com um bom pressentimento desse
desaparecimento — ela diz e eu concordo.
Antes de ligar para a polícia, eu prefiro pedir ajuda da Nathy novamente
e ela diz que o agente Rodrigues já foi avisado e está cuidando de tudo, não me
sinto mais tranquila, mas, pelo menos, estão todos se esforçando para encontrá-
lo.
Chego em casa à noite, emocionalmente cansada e lutando para não me
entregar ao desespero, não posso perder o Trevor, ele também não! Peço a Deus
que o mantenha a salvo, para que eu possa encontrá-lo e poder ficar junto dele
para sempre. Não vejo mais a minha vida sem ele, não mesmo.
* Trevor *
Juro que estou quase implorando para me matarem, mas parece que a
Lana quer me destruir aos poucos. Todos os dias sou alimentado, claro que eu
como desesperado, porque estou morrendo de fome. O que acontece depois?
Aparece alguém, me espanca até que eu acabe vomitando tudo o que está no
meu estômago e mais um pouco. Neste momento, está quase insuportável ficar
dentro deste quarto e eu me sinto fraco o suficiente para saber que será bem
difícil fugir. O quão doente tem que ser uma pessoa para alimentar a outra e
fazê-la colocar tudo para fora logo depois?!
Eu sei que estou bem arrebentado, pelas dores que sinto parece que tem
alguma costela quebrada, meu ombro está deslocado e em algum momento o
meu tornozelo foi torcido. É claro que eu não posso me esquecer dos meus
olhos, que quase não abrem e o nariz que eu tenho certeza de que está quebrado
também, meus lábios estão cortados e acho que também tenho um corte no
supercílio. Ou seja, não devo parecer nenhuma estrela de Hollywood neste
momento.
Enquanto eu estou distraído, tentando sentir no meu corpo se tenho mais
algum ferimento, a porta se abre novamente e, pelo que ouço, são duas pessoas
que entram. Dá um desconto, não consigo enxergar muita coisa, além de vultos
no momento.
— Ora, ora, se não é o intrometido do Trevor — diz uma voz feminina,
que eu tenho a impressão de conhecer. — Como se sente agora? — ela pergunta
e eu bufo, sem responder.
— É falta de educação não responder às visitas, meu amor — diz a outra
pessoa, que eu sei ser a Lana.
— Não sabe quem eu sou? — pergunta a outra voz e eu não consigo me
lembrar de quem é, então simplesmente nego com a cabeça. — Bom, menos
mal, melhor assim mesmo — diz a voz e ouço os passos se afastarem.
— Sorte a sua que o seu irmão é bem escorregadio, mas temos outros
meios de fazê-lo sair do esconderijo — diz Lana e eu descubro o motivo de ser
mantido vivo.
A desgraçada vai me manter vivo até conseguir pegar o meu irmão, se ao
menos eu conseguisse falar com ele, avisá-lo para se manter afastado, mas tudo
o que posso fazer é esperar. E essa espera é desesperadora.
Tem um momento quando se está preso que o tempo passa a ser relativo,
já não sei se faz horas ou dias que eu estou neste lugar, mas cada dia que passo
aqui, desejo que seja o último. Desejo que eu seja resgatado ou que me matem
de uma vez e eu não sei qual dessas possibilidades eu gostaria mais agora,
porque a cada minuto que passa eu quebro mais e mais. Não quebro só
fisicamente, mas quebro interna e emocionalmente. Pedaços de mim são
destruídos, se tornam mais e mais sombrios, até que um ódio latente começa a se
apoderar de mim.
Não sei quanto tempo mais sou capaz de aguentar, até que esse Trevor
morra e no seu lugar apareça um que ninguém gostaria de conhecer.
* Trevor *
Sabe aqueles momentos em que você já não tem mais nada a perder?
Pois bem, estou em um desses momentos. Não faço a menor ideia de quanto
tempo faz que estou aqui, mas espero que o meu irmão não tenha desistido de
me procurar, porque quando eu sair daqui, a primeira coisa que vou fazer é
chutar a sua bunda por demorar tanto. Eu espero que ele esteja planejando
minuciosamente como me libertar, em vez de desistir. Já estou fodido o
suficiente para saber que o meu irmão deve ter sacado que um descuido seu pode
custar a sua vida e a minha, ele sempre foi mais esperto do que eu e tenho inveja
dele neste momento por isso.
Mas uma coisa boa eu posso tirar deste inferno, tive muito tempo para
pensar, tirando os momentos em que estava apanhando e não conseguia pensar
em nada que não fosse a maldita dor que estava sentindo e o quanto gostaria de
matar cada um que estava me batendo covardemente, enquanto eu estava
amarrado. Aprendi muito sobre mim, refleti sobre o meu passado e em como
sempre deixei todo o peso sobre as costas do Daryl, como fui cego para muitas
coisas e como fui extremamente otário em não perceber outras. Por exemplo,
como me deixei ser descoberto tão facilmente em Acapulco, como pude supor,
por um minuto que seja, que a Lana fosse inocente e, principalmente, como pude
subestimar a capacidade dessa defunta maldita de fazer algum movimento em
tão pouco tempo.
Depois do que eu acredito que seja a última sessão de espancamento do
dia, porque eles descansam durante a madrugada e começam novamente no café
da manhã, com a diferença de que agora estão proibidos de baterem no meu
rosto, por algum motivo que só a cabeça doente da Lana entende, mas estou
tentando me concentrar em qualquer coisa que não seja a dor e o cansaço que
estou sentindo neste momento, quando escuto o que parece uma explosão. Será?
Bem, um cara pode sonhar, certo?!
Alguns minutos depois, ouço o que com certeza é uma explosão, em
seguida uma movimentação grande fora do quarto e muitos gritos que parecem
instruções. Tenho certeza de que alguma coisa está errada, porque ninguém
aparece no quarto pelos intermináveis minutos que espero e este lugar está
começando a ficar um pouco quente. Isso é estranho, porque eu estava com um
pouco de frio, depois que a cadeira tombou no chão, então sentir calor agora não
é normal.
Para o meu total desespero, começo a sentir cheiro de queimado e sei que
esse lugar está em chamas. Onde caralhos está o Daryl, que não chegou ainda?!
A fumaça começa a invadir o quarto e fica difícil de respirar. Começo a
tossir, minha garganta arranha e eu sinto a minha consciência se esvaindo. Tenho
quase certeza de que estou morrendo, porque penso ter ouvido a porta ser
arrombada e alguém gritar:
— Trevor? Porra, Trevor! — Ouço a voz que eu suponho ser do Daryl.
— Tinha que entrar quebrando tudo? — pergunto e começo a tossir
incontrolavelmente.
— Vamos, você precisa me ajudar a te levar, não pode apagar agora —
diz Daryl.
— Não sei se percebeu, cof cof, mas estou, cof cof, amarrado — digo.
— Vou te desamarrar — ele diz, antes de levantar a cadeira onde estou e
me desamarrar. — Se tiver alguém vivo aqui ainda, eu juro que mato.
Logo saímos do quarto com o Daryl me ajudando a andar, acho que estou
mais arrebentado do que havia imaginado. Este lugar parece ainda maior do que
eu me lembrava, parece que não chegamos logo à saída. Quanto mais tempo
passamos aqui dentro, mais nós dois começamos a tossir e mais me sinto fraco.
— Estamos, cof cof, perto — diz o Daryl e fico preocupado com ele.
— Vai acabar, cof cof, intoxicado, cof cof, com a, cof cof, fumaça —
digo, já com dificuldade e ele somente bufa ao meu lado.
Quando vejo a porta de saída, aparece alguém à nossa frente. Porra,
produção, está de sacanagem, né?!
— Aonde pensam que vão? — pergunta a Lana e eu reviro os olhos
mentalmente, porque não consigo mexê-los direito ainda.
— Aonde acha que vamos, puta? — retruca Daryl, que, pelo que percebi,
está para lá de irritado com ela.
— Acham que vou perder a chance de matar vocês dois? — ela pergunta.
— Acha que estou, cof cof, com paciência, cof cof, para sua lenga-lenga?
— retruca Daryl, e eu percebo o rosto irritado dela, quando levanta a arma,
apontando para mim, percebo também um movimento do meu irmão ao meu
lado.
— Adeus aos dois, chegou a hora de… — ela é interrompida por um tiro
e nos encara, visivelmente surpresa.
— Cala a boca — diz Daryl e voltamos a andar, enquanto eu vejo a Lana
desabando, morta. — Essa realmente, cof cof, vai queimar no inferno, cof cof,
acho que não vai dar nem, cof cof, para reconhecer o corpo, cof cof, da megera.
Finalmente saímos e consigo ver que toda a estrutura do galpão está em
chamas. Sinto-me aliviado e frustrado ao mesmo tempo, aliviado por esse
pesadelo ter finalmente acabado e frustrado por não poder me vingar de todos
que me torturaram todo o tempo que fiquei preso.
— Todos estão mortos? — pergunto, antes de ter outro acesso de tosse.
— Poucos escaparam — responde Daryl, logo ouvimos sirenes e eu
deixo o meu corpo relaxar, sentando no chão.
Chegam carros de bombeiros, ambulância e polícia, ou seja, a cavalaria
toda. Somos socorridos pela equipe médica, enquanto os bombeiros tentam
conter as chamas, depois de nos colocarem no oxigênio, somos levados para o
hospital, mas ainda dentro da ambulância, eu pergunto:
— Por que demorou tanto?
— Porque eu precisava estar vivo para te resgatar, irmãozinho.
Chegamos ao hospital e somos levados para cuidar das queimaduras que
acabamos tendo e ficamos mais um pouco no oxigênio, para que os nossos
pulmões não fiquem comprometidos. Me permito relaxar e deixo o meu corpo
descansar.
Infelizmente, ao fechar os olhos as lembranças das torturas voltam para
me atormentarem e o medo de nunca mais ser o mesmo ressurge, com força.
* Amanda *
FIM
Bem, a lista de pessoas que preciso agradecer aumenta a cada livro e isso
é ótimo, porque tenho pessoas maravilhosas ao meu lado, me dando apoio. Este
livro foi especialmente difícil de terminar e me sinto um pouco triste em não ter
Amanda e Trevor mais para atazanar a minha cabeça, ao mesmo tempo que eu
fico aliviada em terminar o livro deles e poder me concentrar no próximo da
série, que é tão complexo quanto este para escrever, então, eu que lute! (risos).
Vamos lá, primeiramente quero agradecer à minha família, que está ao
meu lado, me apoiando sempre e em tudo o que eu faço, esse período difícil de
distanciamento social nos fez ficar muito tempo sem contato físico e isso é
extremamente doloroso, sinto falta deles todos os dias e não posso vê-los quando
quero, mas agradeço a eles por tudo que fizeram e fazem por mim, eles são a
minha base e a minha razão, são a minha vida, eu os amo com todo o meu
coração.
Meu noivo, que me aguenta falando todos os dias que eu estou com livro
atrasado, que preciso escrever, que tenho que terminar logo. Ele aguenta os meus
surtos, neuras, ansiedade, estresse e sempre tem alguma palavra para me
acalmar. Morar com ele durante esse período turbulento de distanciamento é a
melhor coisa, porque o tenho ao meu lado todo o tempo para me apoiar. Eu te
amo, meu amor.
Agradeço também à família do meu noivo que me adotou, me apoia e
comemora junto comigo as minhas conquistas, ganhei outra família e isso
diminui um pouco a dor da saudade que sinto da minha, graças ao carinho que
vocês me dão. Muito obrigada, amo vocês.
Minha revisora, Bah Pinheiro, que sempre me apoia desde o primeiro
livro, que conheço há mais de 10 anos e que sempre será a minha bruxinha,
muito obrigada por todo o seu apoio.
Minhas betas, Maah e Nathy (sim, a inspiração da personagem), obrigada
por aturarem meus surtos e minhas cobranças, por apoiarem e aceitarem ser
minhas betas.
Minhas assessoras, Grazi e Carla, obrigada por aguentarem minhas
doideras, surtos e crise de loucuras e esquecimentos, obrigada pelo apoio, pela
divulgação e todo o suporte que me dão para escrever os meus livros.
A Wall da editora The Books por me ajudar a realizar o sonho de ter um
livro físico lançado e a Grazi Fontes por aquela diagramação arrasadora,
obrigada de coração.
Agradeço todas as autoras que me ajudaram nesse tempo, não vou citar
nomes para não deixar ninguém de lado e alguém ficar chateada. Todos os
autores que de, alguma forma, me ajudaram, os autores que eu conheci saibam
que agradeço a vocês porque os livros de muitas autoras e autores nacionais me
inspiram a continuar escrevendo os meus livros.
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[1]
Personagem da saga de livros de Harry Potter, criada pela escritora britânica J. K. Rowling.
[2]
El Chavo del Ocho (Chaves no Brasil e O Xavier em Portugal), ou simplesmente El Chavo, é um seriado
de televisão mexicano criado e dirigido por Roberto Gómez Bolaños (conhecido como Chespirito),
produzido pela Televisa e exibida pelo então Canal 5.
[3]
Abreviado de Caporegime (ou capodecina) é um cargo de importância elevada na hierarquia de uma
família da máfia italiana. O capo é o subchefe, esta abaixo apenas do Don (o padrinho) e do Consigliere (o
conselheiro).
[4]
Música Al otro lado de la lluvia da cantora Dulce Maria
[5]
“Sei que as suas asas ficaram comigo
Que desde o céu seu abraço é meu abrigo
Anjo divino, me proteja do mal
Sei que caminho com sua companhia
Que com sua voz meus dias acendem
Ainda que sua porta hoje esteja mais além
Posso te escutar
”
Posso te escutar
[6]
“...Your love is one in a million
It goes on and on and on
You give me a really good feeling
All day long
Your love is one in a million
It goes on and on and on
You give me a really good feeling
All day long…” - One In a Million - Aaliyah
[7]
Compreende em espanhol.