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Universidade do Vale do Itajaí

Escola de Ciências da Saúde


Curso de Psicologia
Disciplina: PSICOLOGIA JURIDICA
Professor: DAVID CARDOSO
Alunos(as): LIA M R ALMEIDA

RESENHA: PSICOLOGIA JURÍDICA NO BRASIL

Os textos abordam a trajetória da Psicologia Jurídica no Brasil, destacando


marcos históricos e desenvolvimentos significativos desde o seu surgimento até os dias
atuais. Eles apontam que o marco inicial da PJ no Brasil data de 1960, quando os
psicólogos brasileiros começaram a se envolver de modo informal em questões
jurídicas, especialmente na esfera criminal, por meio de trabalhos voluntários, tendo a
Psicologia se concentrado na área criminal (Lago et al, 2009).
Homrich e Lucas (2011) pontuam que a história da Psicologia Jurídica se
relaciona com as bases filosóficas da compreensão humana, com influências do
Cristianismo durante o Império Romano e a Idade Média. Com o avançar do tempo
vieram a ascensão do conhecimento biológico baseado em uma lógica científica,
marcado por grandes nomes de cientistas, que passaram a ver a criminalidade como
algo hereditário, buscando identificar criminosos a partir de características físicas.
Isso também promoveu a exclusão dos doentes mentais da sociedade,
culminando na criação de estabelecimentos para sua internação em toda a Europa a
partir do século XVII. Somente com o advento da Psicanálise ocorreram mudanças na
abordagem da doença mental, influenciando a prática do psicodiagnóstico e levando os
psicólogos clínicos a colaborarem com os psiquiatras em exames psicológicos legais e
sistemas de justiça juvenil (Lago et al, 2009). Dentro desse aspecto a crítica de
Foucault (1926-1984) era de que a Psicologia Jurídica desempenha um papel
significativo na perpetuação do poder e controle social, muitas vezes agindo como um
mecanismo de normalização e regulação dos indivíduos.
Além de todo esse contexto, os artigos apontam ainda que a prática da
psicologia jurídica Inicialmente era vista como uma prática focada em exames e
avaliações para fornecer dados aos operadores do Direito, sendo os psicólogos
considerados "testólogos". Com o passar do tempo, foi possível uma ampliação do
escopo da atuação, abrangendo áreas como a Psicologia do Testemunho, que se
destacou com estudos sobre sistemas de interrogatório, detecção de falsos
testemunhos e testemunhos de crianças.
Foucault (1926-1984) também criticou essa postura da psicologia, pois dentro da
sua compreensão o conhecimento psicológico muitas vezes é utilizado para
categorizar, classificar e controlar as pessoas, principalmente dentro do contexto do
Direito. Desse modo, contribui para um sistema que determina o que é normal do que
é anormal, se comportando de forma neutra e legitimando formas de dominação e
opressão.
No presente, a Psicologia Jurídica no Brasil e em todo o mundo se caracteriza
por uma atuação marcada por uma variedade de estratégias de avaliação psicológica
para encontrar soluções para problemas jurídicos, indo além da testagem psicológica
para uma abordagem mais ampla e abrangente na busca por respostas para questões
legais (Lago et al, 2009).
Por fim, os textos despertam diversos insights e desabrocham reflexões a
respeito do papel da Psicologia Jurídica. Isso nos faz desconstruir o estereótipo da
Psicologia Jurídica como um processo apenas burocrático e formal e reconhecer sua
complexidade e nuances, tendo em conta a variedade de motivos pelos quais as
pessoas buscam o poder judiciário (Homrich; Lucas, 2011).
Sendo assim, as leituras apontam para importância de considerar as dimensões
humanas e sociais que se entrelaçam nas questões jurídicas, a fim de superar uma
visão extremamente técnica e processual. Isso implica em buscar soluções que
promovam justiça e bem estar social (Homrich; Lucas, 2011).

REFERÊNCIAS
FOUCAULT, Michel (1926-1984). A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro, 2002
LAGO, et al. Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de
atuação. Estudos de Psicologia I Campinas I 26(4) I 483-491 I outubro - dezembro
2009
LAGO, et al. Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de
atuação. Estudos de Psicologia I Campinas I 26(4) I 483-491 I outubro - dezembro
2009
LUCAS, D.C; HOMRICH, M.T. Psicologia Jurídica: Considerações introdutórias. Ano
XX nº 35, jan.-jun. 2011 / nº 36, jul. Dez. 2011

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