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Correção Peça - Turma 63 - Meta 01 - Lucas
Correção Peça - Turma 63 - Meta 01 - Lucas
- Lucas, você indicou corretamente que a competência para processar e julgar o crime
descrito no enunciado é da Justiça Federal, bem como identificou a competência territorial:
São Paulo/SP.
2 - PREÂMBULO (Valor:1,0)
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- Procure sempre apontar de forma completa, com a indicação da lei, artigo, parágrafo,
alínea, inciso etc.
- Fez corretamente em não indicar Marlene e Patrícia como alvos da cautelar. Essas já
foram presas em flagrante na ocasião da abordagem, não havendo no enunciado
informações acerca da conversão do flagrante em preventiva. Muito bem!
- Lucas, o preâmbulo que você construiu ficou bem organizado e com uma boa
apresentação, ressalvadas as observações supra.
DICA: você deve colocar no seu preâmbulo o prazo da temporária! Alguns espelhos de prova
já trouxeram esse critério como um dos pontos de avaliação!
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- Pelas razões expostas, colocar no preâmbulo da peça que o delegado “requer” se configura
um erro crasso.
- Lucas, quero que você anote a seguinte dica para acertar a cautelar de prisão, caso uma
delas apareça na sua prova:
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DICA: Nunca represente por prisão temporária no relatório final, pois a investigação já
findou.
3 - DOS FATOS
- Essas cinco interrogantes servirão de base para você construir o campo “dos fatos”, que
deve conter, basicamente, o resumo dos fatos + o fumus comissi delicti (materialidade (+)
indícios de autoria). Veja um exemplo da estrutura lógica a ser usada em todas as
cautelares:
DOS FATOS
- Se quiser criar subtópicos para a materialidade e autoria, também pode, desde que siga a
sequência lógica da peça (resumo dos fatos + materialidade + autoria).
ANÁLISE DA PEÇA
- Você narrou os fatos de maneira clara, descrevendo o evento que justificou a deflagração
das investigações. Procure exercitar seu poder de síntese e não estenda demais esse tópico,
ok?
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- Lembre-se que o tópico referente aos fatos não é considerado para a banca para fins de
pontuação, servindo apenas para deixar a estrutura da peça mais lógica. Assim, o ideal é
reduzir ao máximo a narrativa, limitando o tópico à data, local e descrição breve do evento
que culminou no início das investigações (abordagem das mulas e apreensão da droga).
- Isso quer dizer que não basta parafrasear o enunciado (deixar subentendido) é preciso que
você faça um detalhamento de forma expressa, de tal modo que o Examinador possa ler a
sua prova e identificar de pronto esses elementos.
- O correto para esse caso seria apontar expressamente que a materialidade está
consubstanciada pela apreensão da droga.
- Contudo, na sua peça foi indicado que o fumus comissi delicti estaria demonstrado através
da prisão em flagrante das autuadas. Atente-se que, tecnicamente, a prisão em flagrante
não se trata de uma prova em si, mas da apreensão do suspeito (linhas 49-82).
- Do mesmo modo, deveria ter apontado que os indícios de autoria restam configurados
pelas declarações de Marlene e Patrícia; pelos papéis esparsos e uma agenda encontrada
na bagagem que possibilitaram a identificação dos representados. Na sua peça você
apontou os depoimentos das suspeitas, mas não correlacionou essa prova aos indícios de
autoria (linhas 52-56).
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- Você tipificou a conduta dos representados como tráfico internacional de drogas, deixando
de mencionar a majorante relativa a transnacionalidade do delito, e citando como
fundamento o art. 33, da Lei 11.343/06 (linha 21). Além disso, tipificou o crime de
associação para o tráfico, conforme art. 35, da Lei 11.343/06 (linhas 22-23).
- Nesta fase a tipificação ainda é provisória, porém deve ser indicada da forma mais completa
possível.
- O enunciado demonstra que além da ocorrência do crime de tráfico de drogas (Art. 33,
caput da lei 11.343/2006), há a incidência da causa de aumento prevista no artigo 40,
inciso I, da lei 11.343/2006, tendo em vista que as circunstâncias do fato (apreensão da
droga no aeroporto em posse das ‘mulas’ que pretendiam viajar para outro país) evidenciam
a transnacionalidade do delito
Lei 11.343/2006
Art. 40. As penas previstas nos arts. 33 a 37 desta Lei são aumentadas de um sexto
a dois terços, se:
I - a natureza, a procedência da substância ou do produto apreendido e as
circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade do delito (...)
IMPORTANTE:
- Vale ressaltar que a incidência da causa de aumento de pena prevista no artigo 40, I da
Lei 11.343/2006 não exige efetiva transposição de fronteiras, conforme entendimento do
STJ já sumulado:
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Súmula 607 STJ: A majorante do tráfico transnacional de drogas (art. 40, I, da Lei
11.343/06) se configura com a prova da destinação internacional das drogas, ainda
que não consumada a transposição de fronteiras
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- No que se refere ao crime de lavagem de capitais (Lei 9613/98), embora existam indícios
da sua existência “(...) apontaram o envolvimento de um doleiro que cuidava de realizar
operações financeiras (...)”, estes não são suficientes para o indiciamento dos agentes por
este crime, pelo menos por ora. Assim, a indicação da lei 9613/98 não será considerada
para os fins de pontuação nesta atividade.
- O crime de Associação para o tráfico, previsto no art. 35 da Lei 11.343/06, não seria
cabível. Este delito prevê a associação de 02 ou mais pessoas para o fim de,
reiteradamente ou não, praticar as condutas previstas nos arts. 33 e 34 da mesma Lei. Veja
que esse delito significa que os agentes possuem o ânimo para um determinado fim
específico: traficar drogas. Neste caso não seria somente um evento ocasional. Importante
salientar ainda que a associação para esse fim já configura o crime, mesmo que o crime de
tráfico, por exemplo, não seja efetivado.
- Além disso, esse tipo penal não especifica quais crimes ou o tipo de crime (neste caso não
abrange contravenção penal, pois o legislador deixar claro o “fim específico de cometer
crimes”). Da mesma forma, é punível a mera associação, mesmo que o crime pretendido
não alcance seu resultado.
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- Veja que o crime de organização criminosa pressupõe uma hierarquia entre os membros
e deixa claro que a infração penal cometida tem a pena superior a 04 anos ou de caráter
transnacional.
- Para solucionar essa dúvida, quando o grupo é formado com o intuito de cometer crimes,
se forem satisfeitos os requisitos presentes na Lei de Organização Criminosa, devem ser
afastados os outros crimes chamados preparatórios (associação para o tráfico, associação
criminosa, etc.) tendo em vista que deve ser prevalecida a legislação específica.
- Dessa forma, mediante o conflito aparente de normas, deve ser resolvido pelo Princípio
da Especialidade, considerando que no caso concreto trazido no enunciado estão
presentes todos os elementos caracterizadores do Crime de Organização criminosa,
devendo ser aplicada a legislação especifica de organização criminosa em detrimento do
crime de associação para o tráfico.
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- Lucas, você apontou corretamente as circunstâncias que indicam que a prisão temporária
é necessária para a continuidade da investigação, deixando claras as razões que
justificam a decretação da medida. Muito bem!
- Quanto a fundamentação legal, deveria ter citado expressamente o artigo 1º, inciso I, da
lei 7.960/89, demonstrando o preenchimento do requisito legal.
IMPORTANTE: A prisão temporária não pode ser embasada apenas nos maus
antecedentes, se ausentes aquelas condições impostas nos incisos I, II e III do art. 1º, da
Lei 7.960/89.
- Lucas, você argumentou com precisão que o crime de tráfico de drogas está dentre os
passíveis de Prisão temporária (linhas 71-73). Contudo, faltou indicar a alínea ‘n’, do
inciso III, do art. 1º, da Lei 7.960/89 (linha 73). Acompanhe:
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(…)
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na
legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes:
(…)
n) tráfico de drogas (…)
- Deveria apontar, ainda, que o crime cometido pelos suspeitos é equiparado à Hediondo,
de modo a justificar o alargamento do prazo inicial da prisão para 30 (trinta) dias, com
base no art. 2º, § 4º, da Lei nº. 8.072/90 (linha 82). Acompanhe:
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- A alínea ‘d’ (apreender armas e munições) também não seria adequada, pois no comando
da questão não fala se a organização criminosa utiliza de armamentos. Portanto, as alíneas
‘mais genéricas’ seriam adequadas.
- A alínea ‘f’ (apreender cartas) não seria adequada tendo em vista que não houve indicação
no comando da questão que haviam cartas que poderiam ser úteis à investigação. O que foi
narrado é que a polícia já teve acesso aos papéis e a agenda que se encontravam em posse
de Marlene e Patrícia.
- A alínea ‘g’ (apreender pessoas vítimas de crimes) também não seria adequada, tendo em
vista que o enunciado não oferece elementos acerca da ocorrência de crimes relacionados
a privação da liberdade de pessoas.
- Na situação colocada pelo enunciado, tendo em vista que não se sabe precisamente quais
as provas que se vai colher, mas se sabe que devem ser colhidas todas as provas
necessárias para formação do elemento de convicção, deve-se indicar as alíneas que
apontam finalidade mais abrangentes. Assim, a fundamentação resta mais adequada no
artigo 240 § 1º alíneas ‘e’ e ‘h’ do CPP.
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- O local da diligência deve ser expressamente indicado, na forma trazida pelo enunciado.
- Indicou com precisão a necessidade de que outros criminosos devem ser identificados.
Para complementar essa argumentação, poderia ter feito menção expressa à
necessidade de também se identificar o ‘doleiro’.
- Com relação à finalidade, pelas razões já abordadas acima, o mais correto era a indicação
das alíneas ‘e’ e ‘h’ do § 1º do artigo 240 do CPP. Todavia, esse fundamento não foi
trazido na sua peça.
- Fez corretamente em apontar o endereço para a realização da busca – Rua dos Pássaros
nº 136, Florianópolis/SC. Essa indicação do endereço poderia ser tanto na fundamentação,
quanto nos pedidos.
DICA: sobre a cautelar de Busca e Apreensão, trataremos com mais profundidade na meta
respectiva.
DICA: a grande maioria das Bancas de concurso contratam Examinadores que possuem
apenas “noções de direito”, como forma de economizar no gasto de pessoal, vez que a
contratação de advogados e advogadas seria excessivamente dispendiosa. Isso nos traz
grande preocupação, pois o Examinador não necessariamente terá base intelectual-jurídica
para interpretar as entrelinhas da sua argumentação. Na verdade, a maioria esmagadora
dos Examinadores irão se limitar a uma busca simplista de “termos chave”, comparando com
o espelho.
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Tendo isso em mente, sempre que você construir sua peça procure elaborar um texto claro
e objetivo e, mesmo que pareça repetitivo, não deixe de incluir o dispositivo legal aplicável,
apontando o fundamento completo (número do artigo, do inciso, da alínea e a Lei).
- Lucas, você trouxe boa argumentação acerca da relativização dos direitos fundamentais à
liberdade (linhas 61-68), em prol da verdade real. Contudo, haviam outros assuntos que
poderiam ter sido abordados para alcançar a pontuação cheia no quesito da fundamentação
jurídica.
- Procure sempre enriquecer a sua peça com maior número de embasamento jurídico
possível. Utilize a técnica das TRÊS MULHERES (Doutrina, Jurisprudência e Lei), sempre
observando o número de linhas permitidas.
- Nesta META, por exemplo, poderia ter argumentado sobre a Súmula 607 do STJ que trata
sobre a não necessidade de transposição efetiva da fronteira para caracterizar o crime
de tráfico internacional de drogas.
- Além disso, outro ponto que poderia ter sido abordado seria acerca da Súmula 528 do STJ
que trata sobre a competência da Justiça Federal do local da apreensão da droga para
julgar o crime de tráfico internacional.
- Se por acaso não se lembrar do número da súmula, não tem problema. Mencione a
informação da passagem, veja: “Segundo o STJ a causa de aumento de pena referente à
transnacionalidade não existe a efetiva transposição de fronteiras”.
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- Pode ainda buscar na memória toda informação que tiver a respeito das classificações dos
crimes tipificados (delito de ação múltipla ou conteúdo alternativo; crime permanente; fazer
diferenciação entre organização criminosa e associação criminosa etc ...).
- Quando estiver redigindo sua peça, explore toda a fundamentação jurídica que puder ser
relacionada ao caso em análise. Construir uma fundamentação ampla, guiada pelo princípio
do “pecar por excesso”, é muito importante porque não se sabe quais pontos estarão
discriminados (e pontuados) no espelho da Banca. Assim, quanto maior a fundamentação,
mais chances de obter a pontuação ‘cheia’.
- Para construir uma fundamentação mais robusta, de agora em diante, procure sempre
incluir algum dos assuntos que estejam tratados na meta (tipificação, endereçamento,
cautelar, etc). Assim, com bastante treino, você irá absolver essas informações e seu
raciocínio jurídico ficará cada vez mais dinâmico.
DICA: ao inserir na sua peça a fundamentação jurídica pertinente, suas chances de pontuar
aumentam consideravelmente.
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AVALIAÇÃO GERAL
Lucas,
Peço que você dê bastante atenção às dicas que eu incluí ao longo dessa análise para que
você possa identificar se no caso enunciado é cabível a Prisão Temporária ou Preventiva.
Meu objetivo é que no dia da prova você acerte a peça e alcance a pontuação máxima!
Os ajustes iremos fazendo ao longo da sua preparação. Ainda estamos no início do curso e
você irá evoluir bastante se continuar estudando, treinando, errando e melhorando sua
redação!
Mas nossa conversa não acaba por aqui. Me mande um feedback do curso, sua opinião
é muito valiosa para que eu e minha equipe possamos melhorar cada vez mais.
Forte abraço.
Equipe VSD.
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- Fundamentação Jurídica/Doutrinária e
Jurisprudencial (0,5) (0,2)
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SÍNTESE DOS Não deverá criar dado não fornecido na situação problema e não
FATOS deverá omitir dado relevante exposto.
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Local…, Data…
Delegado de Polícia.
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