Você está na página 1de 16

Para incluir, imaginar: unos apuntes

pedagógicos desde la ontología de lo común

Incluir, imaginar: alguns apontamentos


pedagógicos da ontologia do comum
Preguntar cómo educar es preguntarnos cómo
Perguntar como educar é perguntar como
queremos vivir. queremos viver.
Por eso educar es una práctica de la hospitalidad Portanto, educar é uma prática de hospitalidade
que tiene como misión acoger la existencia desde que tem como missão acolher a existência a
la necesidad de tener que imaginarla. […] partir da necessidade de imaginá-la. [...] Educar
Educar es guiar el destino de la comunidad y de é guiar o destino da comunidade e de cada um
cada uno de sus miembros. de seus membros.
El identitarismo es una negación de la O identitarismo é uma negação da imaginação. A
imaginación. La imaginación es nuestro imaginação é nossa ferramenta integrada de
instrumento integrado de alterización, de pensar
alteridade, de pensar coisas que não estão no
cosas que no están en el aquí y ahora, de querer
devenir en otros. (Spivak) aqui e agora, de desejar tornar-se outros.
(Spivak)
La imaginación no es, por tanto, una facultad individual, A imaginação, portanto, não é uma faculdade
espontánea y vacía, sino un modo de elaborar nuestra individual, espontânea e vazia, mas uma maneira de
relación con los límites de lo que vemos, sabemos, elaborar nossa relação com os limites do que vemos,
recordamos y proyectamos acerca del mundo en el que
vivimos. […] No es, por tanto, una facultad independiente, sabemos, lembramos e projetamos sobre o mundo em
sino una actividad interdependiente. De ahí su condición de que vivemos. [...] Não é, portanto, uma faculdade
ecosistema y, por lo tanto, de ecosistema que puede ser independente, mas uma atividade interdependente. Daí
alterado y dañado o enriquecido y cultivado. […] a sua condição de ecossistema e, portanto, um
Poder imaginar, por tanto, no es fabular sin límites, sino ecossistema que pode ser alterado e danificado ou
podernos situar sin miedo en los límites de lo conocido y de enriquecido e cultivado. [...]
lo reconocido, tanto por uno mismo como por los sistemas
legitimados para ello. La imaginación nos abre la puerta a los
mundos y las temporalidades que no nos son propias. Por Poder imaginar, portanto, não é fabular sem limites,
eso mismo, la imaginación crítica no es una vía de escape mas poder nos situar sem medo nos limites do que é
respecto a lo que hay, sino una exigencia ética y política de
abrir los límites de las definiciones a la extrañeza que la conhecido e reconhecido, tanto por nós mesmos
constituye. Esto implica que para imaginar críticamente quanto pelos sistemas legitimados para tal. A
tenemos que poder hacernos extraños entre extraños, sin imaginação nos abre a porta para os mundos e
tener que pedir permiso para ser ni estar ya condenados a no temporalidades que não nos são próprios. Por essa
ser. razão, a imaginação crítica não é um meio de escapar
Marina Garcés, “Imaginación crítica”, en: do que existe, mas uma exigência ética e política de
abrir os limites das definições à estranheza que a
https://raco.cat/index.php/Artnodes/article/view/n2 constitui. Isso implica que, para imaginar criticamente,
9-garces devemos ser capazes de nos tornar estranhos entre
estranhos, sem precisar pedir permissão para ser ou
estar já condenados a não ser.
El discurso pedagógico actual está muy centrado en las nociones de O discurso pedagógico atual está muito centrado nas noções de talento e
talento y de potencial personal. La escuela, los materiales potencial pessoal. A escola, os materiais pedagógicos e os professores são
pedagógicos y los profesores son entendidos como los recursos que entendidos como recursos que devem permitir que cada indivíduo
tienen que permitir que cada individuo desarrolle al máximo los desenvolva ao máximo seus talentos e potenciais individuais. Tenho a
talentos y los potenciales que le son propios. Tengo la impresión de impressão de que estamos passando da educação formativa para a
que estamos pasando de la educación formateadora a la educación
extractiva. La primera moldeaba al individuo desde fuera y le imponía educação extrativa. A primeira moldava o indivíduo de fora para dentro,
unos patrones de valoración y de reconocimiento. En nombre de la impondo padrões de valoração e reconhecimento. Em nome da
igualdad condenaba vidas distintas a la homogeneidad o a la igualdade, condenava vidas diferentes à homogeneidade ou exclusão
exclusión (de quienes no son homologables al estándar cultural, de (daqueles que não se conformavam ao padrão cultural, de gênero, etc.).
género, etc.). La educación extractiva, en cambio, mira la singularidad A educação extrativa, por outro lado, considera a singularidade do
del individuo como un recurso del cual extraer el mejor rendimiento indivíduo como um recurso do qual extrair o melhor desempenho com
a partir de las virtudes de cada uno, y conseguir así que cada cual base nas virtudes de cada um, permitindo que cada um encontre seu
encuentre su lugar y función en el proceso general del aprendizaje y lugar e função no processo geral de aprendizado e em seu sistema de
su sistema de expectativas. expectativas.
El discurso de la educación extractiva pretende ser inclusivo y
respetuoso con la diversidad de inteligencias, emociones y
capacidades. Sin embargo, es una mirada más propia de una O discurso da educação extrativa pretende ser inclusivo e respeitar a
prospección minera que de una propuesta pedagógica. Es diversidade de inteligências, emoções e habilidades. No entanto, é uma
explotadora y, en el fondo, profundamente triste. Que aprender tenga
que ver con desarrollar talentos que ya tenemos parece obvio. Pero visão mais adequada para a exploração mineira do que uma proposta
¿y los talentos que no tenemos? Pienso que lo que nos hace pedagógica. É exploratória e, no fundo, profundamente triste. O fato de o
humanos, si es que esto significa algo, es que tenemos la capacidad de aprendizado estar relacionado ao desenvolvimento de talentos que já
generar, transmitir y compartir capacidades que no teníamos. Éste es possuímos parece óbvio. Mas e quanto aos talentos que não temos?
el milagro más brutal del aprendizaje: permitirnos disfrutar de lo que Penso que o que nos torna humanos, se isso significa alguma coisa, é
no hemos hecho ni sabríamos hacer por nosotros mismos y nossa capacidade de gerar, transmitir e compartilhar habilidades que não
despertar en nosotros relaciones inesperadas, imprevistas e incluso tínhamos. Este é o milagre mais brutal da aprendizagem: nos permitir
inapropiadas con lo que nos rodea. No somos minas con betas más o desfrutar do que não poderíamos fazer por nós mesmos e despertar em
menos preciosas. Somos seres mutantes, un conjunto de relaciones nós relações inesperadas, imprevistas e até inadequadas com o que nos
en constante transformación y no hay nada que nos transforme más rodeia. Não somos minas com veios mais ou menos preciosos. Somos
que lo que aprendemos de los otros y con los otros.
seres mutantes, um conjunto de relações em constante transformação, e
Marina Garcés, Escuela de aprendices, Barcelona, Galaxia Gutenberg, p. 74. nada nos transforma mais do que o que aprendemos com e dos outros.
Desde este tipo de definiciones, acoger la existencia Nesse tipo de definição, acolher a existência consiste
consiste en detectar, gestionar y promover el potencial de em detectar, gerenciar e promover o potencial de cada
cada persona con tal de que ésta pueda llegar a
gestionarlo por sí misma y a sacar el máximo pessoa para que ela possa aprender a gerenciá-lo por
rendimiento. Si las oportunidades del régimen liberal si mesma e obter o máximo benefício. Se as
estaban fuera del individuo, el potencial es ahora un oportunidades do regime liberal estavam fora do
poder ser que se ha interiorizado. Es irreductiblemente indivíduo, o potencial agora é uma capacidade
personal y único, pero al mismo tiempo clasificable,
cuantificable y evaluable en función de un sistema de internalizada. É irreduzivelmente pessoal e único, mas
categorías que organizan el catálogo de las capacidades ao mesmo tempo classificável, quantificável e avaliável
reconocibles y valorables: las competencias. El potencial com base em um sistema de categorias que organizam
escondido, por lo tanto, nos es «revelado a través de un o catálogo de habilidades reconhecíveis e valorizáveis:
sistema de expectativas colectivas centrado en la
valorización de las diferencias individuales». El potencial as competências. O potencial oculto é "revelado por
es la ecuación entre la singularidad de cada existencia y la meio de um sistema de expectativas coletivas centrado
incertidumbre que define sus relaciones posibles con el na valorização das diferenças individuais." O potencial
entorno. Una buena educación sería aquella que mejora é a equação entre a singularidade de cada existência e
las capacidades de cada uno para adoptar una línea de
comportamiento personal exitosa en un contexto a incerteza que define suas relações possíveis com o
complejo e incierto. Lo que es preciso preguntarse ambiente. Uma boa educação seria aquela que
respecto a este tipo de planteamientos es: ¿y qué pasa melhora as habilidades de cada um para adotar um
cuando el potencial no es lo bastante alto, lo bastante comportamento pessoal bem-sucedido em um
adecuado o si no resulta suficientemente desarrollado?
contexto complexo e incerto. A questão que surge em
Marina Garcés, Escuela de aprendices, p. 52. relação a esse tipo de abordagem é: e o que acontece
quando o potencial não é alto o suficiente, adequado o
suficiente ou não é suficientemente desenvolvido?
Un ejemplo interesante de la invención de un medio educativo, en el marco de la Um exemplo interessante da invenção de um meio educativo, no contexto da
cultura occidental moderna, es lo que podríamos llamar la comunidad de los cultura ocidental moderna, é o que podemos chamar de comunidade de
lectores. La lectura no es una actividad obvia. Rompe el hilo milenario de la leitores. A leitura não é uma atividade óbvia. Ela quebra o fio da oralidade e
oralidad y sus formas de comunidad. Con la escritura, primero aparece la suas formas de comunidade que duram milênios. Com a escrita, surge a
pregunta «¿quién puede escribir?». Se establece así el poder de los escribas, de primeira pergunta "Quem pode escrever?" Isso estabelece o poder dos
aquellos que pueden tomar nota de las actividades de la comunidad (comercio, escribas, daqueles que podem registrar as atividades da comunidade
organización social, leyes, crónicas, libros sagrados...). De Oriente a Occidente, (comércio, organização social, leis, crônicas, livros sagrados...). Do Oriente ao
en un primer momento, tiene más poder la escritura que la lectura. A medida que Ocidente, em um primeiro momento, o poder da escrita é maior do que o da
el libro se convierte en un objeto replicable y asequible, la comunidad vinculada leitura. Conforme o livro se torna um objeto replicável e acessível, a
a los archivos y a los libros sagrados se va multiplicando y aparece una figura comunidade ligada aos arquivos e aos livros sagrados se multiplica, e uma
nueva: la comunidad de los lectores. ¿Quién puede leer? Esta pregunta establece nova figura emerge: a comunidade de leitores. Quem pode ler? Essa
una primera división entre quienes tienen acceso a la letra y quienes no. El pergunta estabelece uma primeira divisão entre aqueles que têm acesso à
escrita e aqueles que não têm. O analfabetismo é uma produção social de
analfabetismo es una producción social de exclusión que en otro régimen
exclusão que não existiria em outro regime cultural.
cultural no existiría.
No entanto, à medida que a leitura se torna cada vez mais difundida, surge
Pero con la lectura cada vez más distribuida, aparece también aun otra pregunta: outra pergunta: "Quem lê quem?" A comunidade de leitores não é a
¿quién lee a quién? La comunidad de los lectores no es entonces la de aquellos daqueles que estão sujeitos à leitura de um único livro ou cânone, mas
que están sometidos a la lectura de un solo libro o canon, sino la de quienes se daqueles que podem ler uns aos outros. Nessa perspectiva, a leitura sabota o
pueden leer unos a otros. Vivida así, la lectura sabotea el monopolio sobre la monopólio sobre a escrita e reinventa a comunidade, desvinculando-a de
letra y reinventa la comunidad, desencajándola de sus formas de representación suas formas de representação unificadas.
unificadas.
Quem sou eu quando leio? Quem somos nós quando lemos? O elemento
¿Quién soy yo cuando leo? ¿Quiénes somos nosotros cuando leemos? El mais importante da comunidade de leitores é a impossibilidade de saber
elemento más importante de la comunidad de los lectores es la imposibilidad de completamente o que os outros leram ou o que poderão ler. Portanto, a
saber nunca del todo qué han leído o qué podrán llegar a leer los otros. Por eso, leitura desvincula a comunidade, tornando-a inrepresentável, incontrolável e
la lectura desencaja la comunidad haciéndola irrepresentable, incontrolable, indisciplinada. Solidão e cumplicidade se entrelaçam em uma aliança. A
indisciplinada. La soledad y la complicidad tejen una alianza. La alianza de los aliança dos aprendizes leitores é a daqueles que não têm medo de estar
aprendices lectores es la de quienes no tienen miedo de estar solos, porque sozinhos, pois podem encontrar livremente suas cumplicidades. Aqueles que
pueden encontrar libremente sus complicidades. Los que se leen libremente unos leem livremente uns aos outros não trabalham para a comunidade já
a otros no trabajan para la comunidad ya instituida. Siempre están componiendo estabelecida. Eles estão sempre criando outras. É por isso que eles causam
otras. Por eso dan miedo. Y por eso el poder siempre se ha dedicado a medo. E é por isso que o poder sempre se dedicou a neutralizar os efeitos
neutralizar los efectos indisciplinados de la lectura, mirando cómo codificar sus indisciplinados da leitura, buscando codificar seus significados.
sentidos.
En el marco de la cultura occidental, esto ha sucedido de No contexto da cultura ocidental, isso aconteceu de várias
diversas maneras: reconduciendo la lectura a la maneiras: redirecionando a leitura para a transmissão de um
transmisión de un dogma o verdad revelada (el libro
sagrado), convirtiendo el acceso a la lectura en una dogma ou verdade revelada (o livro sagrado), tornando o
cuestión de estatus social y cultural (escuela), haciendo de acesso à leitura uma questão de status social e cultural (a
la lectura un asunto exclusivo de los expertos (academia) escola), tornando a leitura uma questão exclusiva de
o entregándola a las dinámicas propias del consumo o de especialistas (academia) ou entregando-a às dinâmicas de
la moda (mercado). En todos los casos, la neutralización
del poder de la lectura reduce la comunidad de los consumo ou moda (mercado). Em todos os casos, a
lectores a la comunidad de aquellos que se reconocen neutralização do poder da leitura reduz a comunidade de
porque han leído el mismo libro. La lectura funciona leitores à comunidade daqueles que se reconhecem porque
entonces como un código de reconocimiento y, por lo leram o mesmo livro. A leitura funciona então como um
tanto, también de exclusión. De esta manera, deja de ser
un medio, una composición abierta, para funcionar como código de reconhecimento e, portanto, também de
un sistema social, político y cultural que organiza y exclusão. Dessa forma, deixa de ser um meio, uma
jerarquiza las diferencias. composição aberta, para funcionar como um sistema social,
La experiencia histórica de la comunidad de lectores nos político e cultural que organiza e hierarquiza as diferenças.
permite preguntarnos: ¿cómo generar medios compuestos
de referentes comunes que no homogeneicen ni A experiência histórica da comunidade de leitores nos
codifiquen la experiencia? El mercado responde permite questionar: como criar meios compostos por
diversificando los targets de consumo. El sistema referências comuns que não homogeneizem nem
educativo lo hace personalizando, cada vez más, las codifiquem a experiência? O mercado responde
opciones de aprendizaje. La escuela de aprendices, en diversificando os alvos de consumo. O sistema educacional
cambio, porque nace de la alianza de los extraños, lo hace
de otra manera. Amplia y radicaliza la pregunta de la faz isso personalizando cada vez mais as opções de
comunidad de los lectores y la lleva más allá: ¿quién aprendizado. A escola de aprendizes, por outro lado, porque
aprende de quién? nasce da aliança de estranhos, faz isso de maneira diferente.
Marina Garcés, Escuela de aprendices, pp. 140-1. Ela amplia e radicaliza a pergunta da comunidade de leitores
e a leva além: "Quem aprende com quem?"
As capacidades são as respostas à pergunta: "O que esta
¿Qué son las capacidades? Son las respuestas a la pregunta: pessoa é capaz de fazer e ser?". São um conjunto de
«¿Qué es capaz de hacer y de ser esta persona?». Son un oportunidades geralmente inter-relacionadas que permitem
conjunto de oportunidades (habitualmente interrelacionadas) escolher e agir. Portanto, a capacidade é uma forma de
para elegir y actuar. La capacidad viene a ser, por lo tanto, una liberdade: a liberdade substantiva de alcançar combinações
especie de libertad: la libertad sustantiva de alcanzar alternativas de funcionamentos. Em outras palavras, não
combinaciones alternativas de funcionamientos». Dicho de otro são simplesmente habilidades residentes no interior de uma
modo, no son simples habilidades residentes en el interior de pessoa, mas também incluem as liberdades ou
una persona, sino que incluyen también las libertades o las oportunidades criadas pela combinação entre essas
oportunidades creadas por la combinación entre esas facultades faculdades pessoais e o ambiente político, social e
personales y el entorno político, social y económico. econômico. Obviamente, as características de uma pessoa,
Evidentemente, las características de una persona (los rasgos de como traços de personalidade, capacidades intelectuais e
su personalidad, sus capacidades intelectuales y emocionales, su emocionais, estado de saúde e forma física, aprendizado
estado de salud y de forma física, su aprendizaje interiorizado o interiorizado ou habilidades de percepção e movimento, são
sus habilidades de percepción y movimiento) son sumamente extremamente relevantes para suas "capacidades
relevantes para sus «capacidades combinadas», pero viene bien combinadas". No entanto, é importante distinguir entre
distinguir aquellas de estas últimas, de las que no son más que estas últimas e aquelas que são apenas uma parte. Esses
una parte. Esos estados de la persona (que no son fijos, sino estados da pessoa, que não são fixos, mas sim fluidos e
fluidos y dinámicos) son los que yo denomino capacidades dinâmicos, são chamados de capacidades internas. Além
internas. Conviene diferenciarlos, a su vez, del equipamiento disso, é fundamental diferenciá-los do equipamento inato
innato de cada persona: se trata más bien de rasgos y de de cada pessoa, pois se trata mais de traços e aptidões
aptitudes entrenadas y desarrolladas, en muchos casos, en treinadas e desenvolvidas, em muitos casos, em interação
interacción con el entorno social, económico, familiar y político. com o ambiente social, econômico, familiar e político.
M. Nussbaum, Crear capacidades [Creating capabilites],
Barcelona, Paidós, 2012, p. 40.
Vida. Ter a capacidade de viver até o final de uma vida humana de
duração normal; não morrer prematuramente ou antes que a própria
vida seja tão reduzida que não valha a pena vivê-la.
1. Vida. Poder vivir hasta el término de una vida humana de una duración
normal; no morir de forma prematura o antes de que la propia vida se vea tan Saúde física.
reducida que no merezca la pena vivirla. Integridade física.
2. Salud física. Sentidos, imaginação e pensamento. Ter a capacidade de usar os
3. Integridad física. sentidos, a imaginação, o pensamento e o raciocínio e fazê-lo de
maneira "verdadeiramente humana", de uma forma formada e
4. Sentidos, imaginación y pensamiento. Poder utilizar los sentidos, la cultivada por uma educação adequada que inclui (embora não esteja
imaginación, el pensamiento y el razonamiento, y hacerlo de un modo limitada a) alfabetização e educação matemática e científica básica.
«verdaderamente humano», un modo formado y cultivado por una educación Poder usar a imaginação e o pensamento para experimentação e
adecuada que incluya (aunque ni mucho menos esté limitada a) la
alfabetización y la formación matemática y científica básica. Poder usar la
produção de obras e atos religiosos, literários, musicais ou similares, de
imaginación y el pensamiento para la experimentación y la producción de acordo com a própria escolha.
obras y actos religiosos, literarios, musicales o de índole parecida, según la Emoções.
propia elección.
Razão prática.
5. Emociones.
Afiliação. a) Ter a capacidade de viver com e para os outros, reconhecer
6. Razón práctica.
e demonstrar interesse por outros seres humanos; b) Ter as bases
7. Afiliación. a) Poder vivir con y para los demás, reconocer y mostrar interés sociais necessárias para não sentir humilhação e sim respeito por si
por otros seres humanos; b) Disponer de las bases sociales necesarias para que mesmo.
no sintamos humillación y sí respeto por nosotros mismos.
Outras espécies.
8. Otras especies.
Jogo.
9. Juego.
Controle sobre o próprio ambiente. a) Político. Ter a capacidade de
10. Control sobre el propio entorno. a) Político. Poder participar de forma participar efetivamente nas decisões políticas que governam nossa vida;
efectiva en las decisiones políticas que gobiernan nuestra vida; b) Materia. b) Material. Ter a capacidade de possuir propriedades.
Poder poseer propiedades
M. Nussbaum, Crear capacidades, op. cit., pp. 53-54.
A importância da educação tem sido um elemento central na
La importancia de la educación ha sido un elemento central del abordagem das capacidades desde o início. A educação (nas
enfoque de las capacidades desde sus comienzos. La educación escolas, na família ou em programas de desenvolvimento tanto
(en las escuelas, en la familia o en los programas de desarrollo para crianças quanto para adultos administrados por
tanto para niños como para adultos gestionados por organizações não governamentais) molda as habilidades já
organizaciones no gubernamentales) forma las aptitudes ya existentes nas pessoas e as transforma em capacidades
existentes en las personas y las transforma en capacidades internas de várias naturezas. Essa formação é valiosa por si só,
internas desarrolladas de muchas clases. Esta formación es mas também é uma fonte de satisfação ao longo da vida. Além
valiosa en sí misma, pero también es una fuente de satisfacción disso, desempenha um papel fundamental no desenvolvimento
para toda la vida. Ejerce asimismo una función capital para el e exercício de muitas outras capacidades humanas. É, portanto,
desarrollo y la ejercitación de otras muchas capacidades um "funcionamento frutífero" de grande importância para lidar
humanas: es, pues, un «funcionamiento fértil» de suma com os problemas de desvantagem e desigualdade. Pessoas
importancia para abordar los problemas de la desventaja y la que receberam educação (mesmo que seja apenas básica)
desigualdad. Las personas que han recibido una educación desfrutam de opções muito melhores no que diz respeito ao
(aunque sólo sea básica) disfrutan de opciones mucho mejores emprego, participação política e interação produtiva com
de empleo, de participación política y de interacción productiva outras pessoas na sociedade, tanto em nível local, nacional e
con otras personas en la sociedad, tanto a nivel local como até mesmo global. Por exemplo, mulheres que sabem ler e
nacional, incluso, global. Por ejemplo, las mujeres que saben leer escrever são capazes de se comunicar no âmbito político com
y escribir son capaces de comunicarse en el terreno político con outras mulheres que enfrentam problemas semelhantes aos
otras mujeres que se enfrentan a problemas similares a los delas, deixando assim de ficarem isoladas. E essas vantagens
suyos; dejan así de estar aisladas. Y esas ventajas conducen a levam a outras, uma vez que a educação é uma fonte de
otras: como la educación es una fuente de opciones laborales y oportunidades de trabalho e poder político, melhorando a
de poder político, mejora la posición negociadora de una mujer posição de negociação de uma mulher em casa, permitindo-lhe,
en el hogar, lo que le permite, por ejemplo, plantar cara a las por exemplo, enfrentar ameaças e violência ou sair se não
amenazas y a la violencia, o irse si no logra que se produzcan los conseguir que as mudanças necessárias ocorram.
cambios necesarios.
M. Nussbaum, Crear capacidades, op. cit., p. 181.
La “imaginación narrativa", es decir, la capacidad de pensar cómo A "imaginação narrativa", isto é, a capacidade de pensar como
sería estar en el lugar de otra persona, de interpreta con inteligencia seria estar no lugar de outra pessoa, interpretar inteligentemente o
el relato de esa persona y de entender los sentimientos, los deseos y relato dessa pessoa e entender os sentimentos, desejos e
las expectativas que podría tener esa persona. El cultivo de la expectativas que essa pessoa poderia ter, desempenha um papel
comprensión constituye un elemento clave en las mejores fundamental nas melhores concepções modernas da educação para
concepciones modernas de la educación para la democracia, tanto a democracia, tanto nas nações ocidentais quanto em outros
en las naciones de Occidente como en las demás. Gran parte de este lugares. Grande parte desse processo deve ocorrer dentro da
proceso debe darse en el seno de la familia, pero también es família, mas o papel das escolas, e até mesmo das instituições de
importante el papel de las escuelas, e incluso de las instituciones ensino superior, é importante. Para desempenhar bem sua função
terciarias y universitarias. Para desempeñar bien su función en este nesse sentido, as instituições educacionais devem dar um papel de
sentido, las instituciones educativas deben adjudicar un rol destaque às artes e humanidades no currículo, cultivando uma
protagónico a las artes y a las humanidades en el programa forma de formação participativa que ative e melhore a capacidade
curricular, cultivando un tipo de formación participativa que active y de ver o mundo através dos olhos de outro ser humano.
mejore la capacidad de ver el mundo a través de los ojos de otro ser
humano. Nada disso é óbvio ou trivial: as humanidades e as artes estão
sendo progressivamente marginalizadas na educação em todos os
No hay nada obvio ni trivial en esto: las humanidades y las artes níveis. Não deveríamos dizer que elas contribuem apenas para a
están siendo paulatinamente marginadas en la educación a todos los formação de cidadãos, pois há muitas outras maneiras pelas quais
niveles. No deberíamos decir que contribuyen sólo a la formación enriquecem a vida e a compreensão humanas. No entanto,
de ciudadanos, puesto que hay muchas otras formas en las que deveríamos insistir que desempenham uma contribuição vital e
enriquecen la vida y la comprensión humanas. Sin embargo, insubstituível para a cidadania, sem a qual seremos muito
deberíamos insistir en que realizan una contribución vital e propensos a ter cidadãos apáticos e emocionalmente inertes,
insustituible a la ciudadanía, sin la que seremos muy propensos a vítimas dos desejos agressivos que comumente acompanham um
tener una ciudadanía roma y emocionalmente inerte, presa de esos mundo interior insensível às imagens dos outros. Desvalorizar as
deseos agresivos que tan a menudo acompañan a un mundo interior artes é uma receita para a produção de narcisismo patológico,
muerto a las imágenes de los demás. Rebajar las artes es una receta cidadãos que têm dificuldade em se conectar e compreender o
para la producción de narcisismo patológico, de ciudadanos que significado humano das questões que surgem com outras pessoas.
tienen dificultades para conectar, captando el sentido humano de las
cuestiones que afloren, con otras personas.
El niño ve que en su mundo hay muchas formas con A criança percebe que em seu mundo existem muitas formas
aspecto de persona. Llegados a este punto puede que decida que se assemelham a pessoas. Nesse ponto, ela pode optar por
tratarlas como máquinas, negándose a atribuirles el dolor y la tratá-las como máquinas, negando-lhes a capacidade de sentir
alegría que se atribuye a sí mismo; o sencillamente podría dor e alegria, atribuídas a si mesma. Ou simplesmente pode se
desconectar, no pensar para nada en qué puede haber tras desconectar, não pensando em nada do que pode estar por trás
esas formas. Muchas personas atraviesan así la vida. Como dessas formas. Muitas pessoas passam a vida dessa maneira.
ya hemos visto, hay un tipo de narcisismo patológico que Como já vimos, há um tipo de narcisismo patológico que
efectivamente rehúsa atribuir realidad a los demás como efetivamente se recusa a atribuir realidade aos outros como
resultado de uma demanda paralisante por onipotência e
resultado de una demanda paralizante de omnipotencia y controle. É bastante revelador que tais pessoas geralmente não
control. Resulta bastante revelador que tales personas no apreciem e, em alguns casos, nem mesmo compreendam a
suelan apreciar y, en algunos casos, ni siquiera comprender la literatura narrativa.
literatura narrativa. Pero un niño que ha sido preparado
desde muy pronto por la maravilla y e! cultivo de la No entanto, uma criança que tenha sido preparada desde cedo
imaginación, y que es psicológicamente capaz de sentirse pela maravilha e cultivo da imaginação e que seja
interesado por personas que están fuera de él mismo, psicologicamente capaz de se interessar por pessoas que estão
acogerá favorablemente la forma de otra persona humana fora de si mesma receberá de bom grado a forma de outra
con esos hábitos narrativos. Atribuirá a esa forma pessoa humana com esses hábitos narrativos. Ela atribuirá a
essa forma pensamentos e sentimentos que de alguma forma
pensamientos y sentimientos que de alguna manera son
são semelhantes aos seus e, de certa forma, estranhos e
parecidos a los suyos y, en cierto modo, extraños y misteriosos. Ela desenvolverá o hábito de sentir empatia e fazer
misteriosos. Contraerá la costumbre de sentir empatía y de suposições na medida em que compreender o que essa outra
hacer conjeturas en la medida en que capte lo que esta otra forma sente e pensa. Ela se tornará especialista em decifrar as
forma sienta y piense. Se convertirá en un experto en diferentes maneiras pelas quais diferentes circunstâncias
descifrar las distintas maneras por las que las diferentes moldam esses mundos interiores.
circunstancias conforman esos interiores.
M. Nussbaum, Paisajes del pensamiento [Upheavals of
Thought], Barcelona, Paidós, 2008, pp. 472-3.
La lectura de Merleau-Ponty nos conduce a una conclusión: A leitura de Merleau-Ponty nos leva a uma
lo común no es nada. Esta conclusión no es un punto de conclusão: o comum não é nada. Essa conclusão
llegada, sino la frágil conquista de un punto de partida sin não é um ponto de chegada, mas a frágil conquista
recetas, sin programa, sin soluciones previsibles. Que lo de um ponto de partida sem receitas, sem programa,
común no es nada significa que no es ni cosa, ni realidad sem soluções previsíveis. O fato de o comum não ser
última, ni primera causa, ni identidad universal, nada. Ni nada significa que não é uma coisa, uma realidade
objeto a construir, ni tierra prometida. Nada que podamos última, uma primeira causa, uma identidade
poner enfrente nuestro, nada que podamos perder o universal, é nada. Não é um objeto a ser construído,
recuperar, nada que podamos colonizar o liberar, nada de lo nem uma terra prometida. Não é algo que podemos
que podamos exiliarnos y a lo que quizá, algún día, colocar à nossa frente, algo que podemos perder ou
conseguiremos volver. Que lo común no sea nada no recuperar, algo que podemos colonizar ou libertar,
implica, como hemos visto discutiendo las posiciones que nada do que podemos nos exilar e talvez, um dia,
van de Blanchot a Esposito, que sea un entre vacío, puro conseguir retornar. O fato de o comum não ser nada
abismo de la imposibilidad de acceder al otro, separación de não implica, como vimos ao discutir as posições que
las conciencias y los cuerpos finitos, deuda infinita que vão de Blanchot a Esposito, que seja um vazio
articula la comunidad. Todo lo contrario: lo común no es intermediário, um puro abismo de impossibilidade de
nada porque es la dimensión común de nuestra riqueza acesso ao outro, uma separação das consciências e
compartida. corpos finitos, uma dívida infinita que articula a
comunidade. Pelo contrário: o comum não é nada
La riqueza inapropiable del mundo es lo que aparece, lo que porque é a dimensão comum de nossa riqueza
se hace pensable y vivible, cuando aprendemos de nuevo a compartilhada. A riqueza inapropriável do mundo é o
verlo desde nuestro contacto más íntimo con él. Pensar es que aparece, o que se torna pensável e vivenciável,
entrar en contacto, pensar es entrar en combate. quando aprendemos novamente a vê-lo a partir de
Marina Garcés, Un mundo común, Barcelona, Bellaterra, nosso contato mais íntimo com ele. Pensar é entrar
2013, p. 145. em contato, pensar é entrar em combate.
Entrevista a Marina Garcés sobre la imaginación:
https://blogs.uoc.edu/artmatters/nodo-29-ecologia-de-la-imaginacion-entrevista-marina-garces/

Você também pode gostar