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O conceito de síndrome de burnout é um conceito em construção; o debate

científico é intenso e vem gerando perspectivas teóricas variadas. Burnout


seria uma síndrome ou uma doença? A síndrome de burnout realmente existe?
O que define essa síndrome? Seria ela exclusivamente ocupacional ou não?
Existem características individuais predisponentes? Como lidar com a sua
prevenção, tratamento e reabilitação?
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), doença é qualquer
"ausência de saúde" acompanhada por alterações do estado de equilibrio de
uma pessoa em relação ao meio ambiente. Dessa forma, o termo "doença"
engloba o prejuízo das funções da psique, de um órgão em específico ou do
organismo como um todo, o que dá origem a sintomas e sinais característicos.
Para que uma condição seja considerada doença, é preciso que ela atenda a
três critérios: ter causa reconhecida, manifestar-se por meio de sintomatologia
específica e provocar alterações no organismo, sejam elas visíveis ou
detectadas por meio de exames.
O termo "síndrome" tem origem na palavra grega syndromé, que significa
"reunião". Quando trazida para o universo médico, a síndrome é definida como
uma reunião de sintomas e sinais associados a mais de uma causa. Ou seja,
diferentemente do que acontece em uma doença, a sintomatologia das
síndromes é inespecífica. Assim, enquanto as doenças têm uma razão
conhecida e definida por trás de sua manifestação clínica, as síndromes são
quadros que podem ter diversas origens. Dessa forma, alguns pacientes
diagnosticados com síndromes podem nunca chegar a um diagnóstico
definitivo sobre a causa de seus sinais e sintomas. As síndromes podem fazer
parte de várias doenças. Síndrome não é doença, é uma condição médica,
A síndrome de burnout é um conjunto de sinais e sintomas que significa
"queima" ou" combustão total". O termo "burnout" faz parte do vocabulário
coloquial em países de língua inglesa e costuma ser empregado para denotar
um estado de esgotamento completo da energia individual associado a uma
intensa frustração com o trabalho.
Dentro do modelo científico da etiologia de doenças, o status de "doença" só é
alcançado quando se conhecem os mecanismos biológicos que estariam «na
base» (portanto, como causas) da doença em questão. Logo, na medida em
que não é possível evidenciar de forma positiva as bases biológicas do
burnout, este fenômeno não poderia ser considerado uma "doença", de acordo
com este modelo teórico. E com base nesse argumento que alguns autores
questionam inclusive a pertinência de se proceder à investigação da validade
diagnóstica do burnout, alegando que este é um conceito "inventado", não
representativo, de uma "doença real". No entanto, mesmo que o burnout não
possa (e nunca venha a poder) ser considerado uma doença do ponto de vista
do modelo científico vigente, isto não é suficiente para justificar o entendimento
de que essa síndrome não existe, tão pouco negar a importância do ponto de
vista social (tanto devido às suas causas, relacionadas primariamente à
organização do trabalho, quanto por suas inquestionáveis consequências em
nível socioeconômico) e individual de nos aprofundarmos na discussão
científica.
CARVALHO, Ana Paula L.; MAMERI-TRÉS, Letícia Maria A. Burnout na prática
clínica. [Digite o Local da Editora]: Editora Manole, 2023. E-book. ISBN
9786555769241. Disponível em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9786555769241/. Acesso em:
25 mar. 2024.

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