Você está na página 1de 5

2.

Necessidades e consumo
2.1 Necessidades – noção e classificação
Necessidade: estado de carência que sentimos e que desejamos ver satisfeito.

Características das necessidades:


●Multiplicidade – as necessidades são ilimitadas e constituem um processo contínuo,
renovando-se ao longo do tempo (exemplo: alimentação ao longo do dia; utilização
contínua de telemóvel)
●Saciabilidade – à medida que satisfazemos uma determinada necessidade, a intensidade
sentida vai diminuindo até desaparecer por completo (exemplo: diminuição da sede
quando se bebe água)
●Substituibilidade – a satisfação de uma necessidade pode ser substituída por outras
alternativas (exemplo: em vez de ver um filme, leio um livro)
●Variação no tempo (as necessidades no tempo dos nossos avós são distintas das
necessidades atuais)
●Variação no espaço (as necessidades em zonas quentes diferenciam-se das necessidades em
territórios frios)

Necessidades quanto à importância:


●Primárias – indispensável à nossa sobrevivência (alimentação, vestuário)
●Secundárias – são-nos necessárias, mas não indispensáveis (ler um livro, ir ao teatro)
●Terciárias – necessidades supérfluas (usar roupa de marca, comprar carros de luxo)

Necessidades quanto à vida em coletividade:


●Coletivas – englobam todos os elementos da comunidade (ex: policiamento, regras de
trânsito, justiça)
●Individuais – referem-se a cada individuo

2.2 Consumo – noção e tipos de consumo


Consumo: ato de utilizar um bem com vista à satisfação de uma necessidade.

Tipos de consumo:
●Final – a utilização do bem leva à satisfação direta e imediata da necessidade, o que implica
a sua destruição imediata (no caso dos alimentos) ou progressiva (vestuário, computador)
●Intermédio – o bem é utilizado para produzir outros bens, desaparecendo no processo
produtivo ou sendo incorporado noutros bens.
●Individual – a utilização de um bem ou serviço impede o uso simultâneo por outras pessoas
(vestuário, telemóvel)
●Coletivo – bens e serviços utilizados para satisfazer necessidades coletivas (utilização dos
serviços de transporte público, de hospitais e escolas públicas)
●Privado – efetuado pelas Famílias ou pelas Empresas
●Público – efetuado pelas Administrações Públicas

IMPORTANTE: os consumos efetuados pelas Famílias são sempre consumos finais,


enquanto os consumos efetuados pelas Empresas são sempre consumos intermédios.

2.3 Padrões de consumo – diferenças e fatores explicativos


As despesas efetuadas pelas Famílias no consumo de bens e serviços são influenciadas por
um conjunto de fatores.

Fatores económicos:
●Rendimento
●Preços dos bens
●Inovação tecnológica

Rendimento
O consumo é uma função do rendimento, pois é o valor deste que determinará a estrutura de
consumo dos consumidores, isto é, a forma como o rendimento é repartido pelos diversos
consumos.

Coeficiente orçamental: peso que cada classe de despesa ocupa no total das despesas de
consumo das famílias.
Coeficiente orçamental = (Valor da despesa efetuada / Total das despesas de consumo) x 100

Lei de Engel: à medida que o rendimento das Famílias aumenta, o peso das despesas em
alimentação diminui, aumentando o peso das despesas de cultura, distração e lazer.

Preços dos bens


Uma variação do preço dos bens influencia as decisões de consumo. Se o preço de um dado
bem aumentar e o rendimento permanecer inalterado, ocorrerá uma diminuição do seu
consumo.

Fatores extra econômicos:


●Moda
●Publicidade
●Tradição
●Modos de vida
●Estrutura etária dos agregados familiares

2.4 Evolução da estrutura do consumo em Portugal e na União Europeia


(tópico de análise de informação de tabelas e gráficos; sem matéria adicional)

2.5 A sociedade de consumo


A sociedade de consumo caracteriza-se pela valorização das pessoas pelo que têm e não pelo
que são, tornando-se o consumo a finalidade última da vida do ser humano. São
características desta sociedade:

●a valorização do ter e não do ser;


●a produção em larga escala, onde a oferta é superior à procura;
●uso de marketing agressivo;
●massificação do consumo;
●redução do ciclo de vida dos produtos.

Evolução histórica da sociedade de consumo:


●1ª fase (1950-67), com a abundância na oferta de produtos
●2ª fase (1968-73), com a contestação dos ideais de abundância
●3ª fase (1974-90), marcada pelas consequências devastadoras dos choques petrolíferos
●4ª fase (1991-95), que levou ao surgimento do consumidor prudente e responsável
●5º fase (1996-atualmente), com o aparecimento do consumidor empreendedor

Consumismo: consumo indiscriminado, impulsivo e perigoso.

Consequências do consumismo:
●Endividamento e sobre-endividamento das Famílias (em resultado do acesso fácil ao
crédito e às baixas taxas de juro)
●Degradação do ambiente e dos recursos naturais

2.6 Consumerismo e responsabilidade social do consumidor


Consumerismo: movimento de defesa dos direitos dos consumidores e que promove a sua
formação para um consumo refletido e responsável.

2.7 A defesa dos consumidores em Portugal e na União Europeia


Existe na União Europeia e particularmente em Portugal um conjunto de organizações que
se dedicam à defesa dos consumidores, como:

●a DGC (Direção Geral do Consumidor)


●a DECO (Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor)
●a UGC (União Geral dos Consumidores)

Síntese
✓Para identificar e explicar os fenómenos sociais recorremos às ciências sociais. Cada
fenômeno social pode ser abordado por diferentes perspetivas, como a econômica, a
sociológica, a demográfica, a jurídica, a política e a histórica.
✓Cada ciência social estuda o fenómeno social de acordo com o seu objeto de estudo,
teorias e métodos de Investigação e desta interdisciplinaridade resulta o melhor
conhecimento do fenómeno social. Por isso se diz que as ciências sociais são
interdependentes e complementares.
✓A economia estuda a dimensão económica da realidade social: os fenómenos económicos.
O seu objeto de estudo são os fenômenos sociais associados à produção, distribuição de
rendimentos, consumo, poupança e Investimento.
✓A economia estuda o problema econômico, isto é, ajuda a tomar a decisão de escolher, de
entre as necessidades ilimitadas que as pessoas sentem, aquelas que devem ser satisfeitas em
cada momento. Por isso a economia é também denominada a ciência das escolhas
✓A decisão económica obriga a uma gestão eficiente dos recursos, de acordo com o
princípio da racionalidade económica, ou seja, uma gestão que procure obter a máxima
satisfação utilizando o mínimo de recursos.
✓ As decisões económicas (escolhas) Implicam, sempre, custos de oportunidade, ou seja, o
sacrifício das necessidades não satisfeitas
✓Agentes económicos são os agentes com capacidade de intervir na economia.
✓Os agentes económicos são as famílias, cuja função principal é a de consumir, as
empresas não financeiras, que produzem bens e serviços para o mercado; as Instituições
financeiras, que prestam serviços financeiros; a Administração Pública, ou Estado, que
garante a satisfação das necessidades coletivas e a redistribuição dos rendimentos; e o Resto
do Mundo, que troca bens, serviços e capitais.

✓A atividade econômica é constituída pelo conjunto de atividades que as pessoas realizam


relacionadas com a satisfação das necessidades individuais e coletivas. A produção, a
distribuição e redistribuição e a utilização dos rendimentos são atividades econômicas.

Objetivos de aprendizagem:
Explicitar o conceito de necessidade
Caracterizar as necessidades
Classificar as necessidades
Reconhecer o consumo como um ato económico e um ato social
Distinguir os diversos tipos de consumo
Explicar o papel do consumidor na dinamização da atividade económica
Identificar os fatores económicos de que depende o consumo – rendimento, preços e
inovação tecnológica
Dar a noção de estrutura do consumo
Calcular os coeficientes orçamentais
Justificar a evolução dos coeficientes orçamentais, relativamente à evolução dos níveis de
rendimento
Enunciar a lei de Engel
Explicar de que modo os preços e a inovação tecnológica influenciam as escolhas dos
consumidores
Explicar de que modo os fatores extra-económicos – estrutura etária dos agregados
familiares, modos de vida, moda e publicidade – influenciam as escolhas dos consumidores
Constatar a evolução da estrutura do consumo em Portugal
Comparar a evolução da estrutura do consumo em Portugal com a dos restantes países da
União Europeia
Definir sociedade de consumo
Localizar historicamente as Sociedades de Consumo
Caracterizar o fenómeno do consumo de massas
Indicar as consequências do consumismo, nomeadamente o possível endividamento das
famílias
Distinguir consumismo de consumerismo
Justificar a importância do consumerismo
Relacionar o consumerismo com a necessidade de preservar os recursos naturais e os
equilíbrios ecológicos
Explicar o papel das instituições portuguesas e da União Europeia de defesa do consumidor
Expor os direitos e os deveres do consumidor

Conceitos:
Necessidade
Necessidades:
– individuais e coletivas
– primárias, secundárias e terciárias
Consumo
Consumos:
– final e intermédio
– público e privado
– individual e coletivo
Estrutura do consumo
Coeficiente orçamental
Lei de Engel
Sociedade de consumo
Consumismo
Consumerismo

AE – APRENDIZAGENS ESSENCIAIS:
Relacionar necessidades e consumo (necessidades: individuais e coletivas, primárias,
secundárias e terciárias; consumo: final e intermédio, público e privado, individual
e coletivo);
Explicar de que forma o rendimento influencia a estrutura do consumo, verificando a
evolução dos coeficientes orçamentais (lei de Engel);
Explicitar de que modo outros fatores influenciam as escolhas dos consumidores (preço,
inovação tecnológica, moda, publicidade, dimensão e composição dos agregados
familiares);
Problematizar o papel do consumidor na atual sociedade de consumo (sociedade de
consumo, consumismo e consumerismo).

Você também pode gostar