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A
resposta de hipercoagulabilidade ao estresse protege um organismo saudável de hemorragias durante condições de luta
ou fuga. No entanto, a exposição ao estresse aumenta em duas vezes o risco de infarto agudo do miocárdio e mortalidade
cardiovascular em adultos sob risco cardiometabólico, como aqueles com sobrepeso ou obesidade. Além disso, a ativação
do receptor tipo I de angiotensina II (Ang II) (AT1R) é possível mediadora de respostas endoteliais ao estresse. Estudos
demonstraram que durante condições estressantes, a unidade simpática do sistema nervoso ativa o sistema renina
angiotensina (SRA) e a via Ang II-AT1R. A partir do estímulo de receptores AT1 pela Ang II, ocorre a fosforilação e ativação
do complexo nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADPH) oxidase, o qual é responsável por favorecer a
transferência de elétrons para o oxigênio molecular (O2) e, assim, aumentar a produção de espécies reativas de oxigênio
(EROs). Como consequência à instabilidade eletrônica das EROs, o NO, produzido pelo óxido nítrico sintase endotelial
(eNOS), é oxidado a nitrito e nitrato e aumenta-se a produção de radicais, como o peroxinitrito (ONOO-). Tais condições
configuram o chamado estresse oxidativo, no qual substâncias antioxidantes e vasodilatadoras, como o NO, apresentam
produção e biodisponibilidade reduzidas quando comparado a substâncias pró-oxidantes e vasoconstritoras, como o
peroxinitrito. Ocorre, dessa forma, alteração na função endotelial e respostas hemostáticas, estimulando a cascata de
coagulação e induzindo hipercoagulabilidade. Além de função vasodilatadora, o NO possui um papel fundamental na
redução de eventos aterotrombóticos. Em condições de dano vascular, as plaquetas são ativadas, as respostas
hemostáticas são amplificadas para restaurar o equilíbrio hemostático com a formação de um tampão. Nessas condições,
plaquetas ativadas podem liberar microvesículas (PMV), consideradas biomarcadores de dano endotelial e plaquetário
com funções de sinalização intra e intercelular. No entanto, por ser lipossolúvel, o NO é capaz de se difundir pela
membrana das plaquetas e regular sua função de forma autócrina e parácrina, estimulando o receptor 2 guanilato ciclase
solúvel presente no citosol, aumentando a produção de GMP cíclico e, consequentemente, estimulando cascatas de
sinalização intracelulares que culminam na redução da ativação, adesão e agregação plaquetárias. Considerando que a
exposição ao estresse e o sobrepeso/obesidade são fatores de risco cardiovasculares independentes e estão presentes
em grande parte da população mundial; é importante compreender os mecanismos subjacentes que explicam o aumento
dos eventos aterotrombóticos quando ambas as condições são combinadas. Assim, nosso objetivo foi testar a hipótese
de que a administração do bloqueio AT1R ou do ácido ascórbico (AA) possa contribuir de forma similar na redução de
fatores pró-trombóticos, mesmo sob situações estressantes em indivíduos com sobrepeso/obesidade.
Introdução da dissertação de Mestrado (RESPOSTAS HEMOSTÁTICAS AO ESTRESSE MENTAL EM INDIVÍDUOS COM SOBREPESO E OBESIDADE GRAU
I: PAPEL DO ÁCIDO ASCÓRBICO E DO BLOQUEIO AT1R), apresentada ao Programa de Pós-graduação em Ciências Biomédicas (Fisiologia e
Farmacologia) da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ciências
Biomédicas. Área de concentração: Fisiologia. 2022.