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GOVERNO DO ESTADO DO PIAUÍ

POLÍCIA MILITAR DO PIAUÍ


HOSPITAL DIRCEU ARCOVERDE

Título: Responsável pela Data da 1ª


aprovação: Versão:
PASSEIO TERAPÊUTICO NA UNIDADE DE Diretor Técnico 31/08/2023
TERAPIA INTENSIVA Responsável pela Versão
atualização: número:
01
Setor de Psicologia
Responsáveis pela elaboração: Código do Data da
GABRIEL MARTINS DE BARROS Documento: atualização:
(Fisioterapeuta RIMTIA/UESPI) HPM/NEP/PRO 31/08/2026
RAIMUNDO RODRIGUES CAJADO NETO
(Psicólogo RIMTIA/UESPI)
SUZY ROMERE SILVA DE ALENCAR
(Enfermeira RIMTIA/UESPI)
SUSANE DE FÁTIMA FERREIRA DE CASTRO
(Preceptora RIMTIA/UESPI)
VALÉRIA SENA CARVALHO
(Preceptora RIMTIA/UESPI)

1. DEFINIÇÃO

O passeio terapêutico é uma estratégia de acolhimento que busca a humanização do


cuidado. Essa estratégia propõe o transporte do paciente da Unidade de Terapia Intensiva
(UTI) para uma área externa, que ofereça um ambiente mais acolhedor e menos clínico,
trazendo elementos da natureza e da vida cotidiana.
A ideia é criar um ambiente mais ameno e acolhedor, onde os pacientes possam se
sentir mais conectados com a natureza e com sensações confortáveis, ajudando a aliviar parte
do estresse associado à sua condição e ao ambiente hospitalar. Essa abordagem não substitui
os cuidados médicos intensivos, mas pode complementar os tratamentos tradicionais e
contribuir para o bem-estar emocional dos pacientes na UTI, podendo apresentar como
benefícios a possibilidade de redução da dor e ansiedade, estimulando o sistema sensorial,
minimizando os efeitos ocasionados pela internação, além de proporcionarem independência.

2. OBJETIVOS

 Instituir o passeio terapêutico na UTI como parte do processo de cuidado;


 Estabelecer rotina operacional para realização de passeio terapêutico;
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 Definir sobre as contribuições individuais de cada categoria profissional/participante


na escolha do paciente apto e realização do passeio terapêutico;
 Padronizar o fluxo para realização do passeio terapêutico;
 Descrever os critérios de elegibilidade para escolha dos pacientes aptos a
realizarem o passeio terapêutico.

3. ETAPAS DO PROCESSO
3.1 PROFISSIONAIS ENVOLVIDOS
3.1.1 Atribuições enquanto Equipe Multiprofissional
 Identificar paciente que tem possibilidade de realizar passeio terapêutico;
 Explicar sobre o passeio terapêutico para o paciente/família;
 Transportar e acompanhar paciente na realização do passeio terapêutico;
 Avaliar antes, durante e após o passeio as condições clínicas (neurológico, sinais vitais,
entre outros) do paciente;
 Garantir a segurança do paciente durante todo o transporte (grades e cabeceira
elevadas, bom funcionamento do meio de transporte, paramentação adequada
paciente-equipe-família);
 Garantir a privacidade do paciente (cobrir partes íntimas, evitar fotos, vídeos sem o
consentimento do paciente e/ou família);
 Garantir/promover hidratação e nutrição adequadas;
 Registrar em prontuário a realização do passeio terapêutico;
 Definir tempo de duração do passeio;
 Planejar percurso que será realizado;
 Avaliar necessidade de interrupção;
 Verificar com o paciente sobre seu desejo em continuar ou interromper;
 Discutir dificuldades encontradas nesse tipo de transporte e elaborar estratégias para
saná-las;
 Analisar o risco-benefício da realização do passeio.

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3.1.2 Atribuições da Equipe de Enfermagem


 Manejo de dispositivos que deverão acompanhar o paciente durante o passeio;
 Verificar e garantir que o volume das medicações que estão sendo infundidas e não
podem ser interrompidas estão em quantidades suficientes;
 Desprezar secreções de drenos/sondas;
 Garantir fixação adequada dos dispositivos;
 Verificar necessidade de higienização antes e após realização do passeio;
 Pausar dieta e clampear sondas;
 Providenciar monitorização hemodinâmica.
3.1.3 Atribuições da Fisioterapia
 Classificar funcionalidade pela escala IMS ou MRC;
 Definir meio de transporte mais adequado (deambulação com auxílio, maca, cadeira
de rodas);
 Ajuste nos parâmetros ventilatórios (se necessário);
 Manejo da oxigenoterapia (se necessário).
3.1.4 Atribuições da Psicologia
 Efetuar avaliação psicológica antes do passeio, buscando verificar estados de humor,
resiliência, estratégias de enfrentamento diante do adoecimento, alterações das
funções cognitivas, bem como adesão ao tratamento;
 Realizar orientações autopsíquica e alopsíquicas;
 Prestar atendimento psicológico antes, durante e após o passeio;
 Garatir acesso a recursos audiovisuais, tendo em vista prévia avaliação.
3.1.5 Atribuições da Medicina
 Solicitação de exames laboratoriais ou de imagens, se nessário;
 Prescrever medicamentos em níveis adequados que garantam o conforto do paciente
(analgésicos);
 Avaliar se existe contraindicação do passeio devido a infusão de algum medicamento.
3.1.6 Atribuições do Serviço Social
 Contatar e verificar disponibilidade do familiar em participar do passeio, informando
o dia e o horário;

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3.1.7 Atribuições do Maqueiro


 Manejar e verificar se o torpedo de oxigênio encontra-se abastecido;
 Providenciar e conferir a integridade do meio de transporte (maca, cadeira de rodas);
 Auxiliar na higienização do paciente antes e após o passeio (se necessário).

3.2 CRITÉRIOS CONSIDERADOS PARA REALIZAÇÃO DO PASSEIO TERAPÊUTICO


3.2.1 Critérios de Inclusão
 Desejo do paciente em participar;
 Paciente orientado, consciente, cooperativo e capaz de entender e seguir instruções
básicas durante o passeio;
 Condições clínicas favoráveis (ver critérios de segurança item 3.2.2);
3.2.2 Critérios de Segurança
 Pressão Arterial Média > 55 ou < 140 mmHg;
 Frequência cardíaca > 60 ou < 140 batimentos por minuto;
 Pressão arterial sistólica ≥ 90 ou < 180 mmHg;
 Padrão respiratório satisfatório, sem sinais de desconforto;
 Frequência respiratória > 8 ou < 35 incursões por minuto;
 Saturação periférica de oxigênio > 88%;
 PEEP ≤ 10 cmH2O;
 Glicemia > 70 ou < 200 mg/dl;
 Lactato < 2 mmol/l ;
 Temperatura > 35º ou < 38º ;
 pH > 7,2;
 Hemoglobina ≥ 7 g/dl;
 Plaquetas ≥ 50.000 cel/mm3;
 INR ≤ 2,5;
 Estabilidade hemodinâmica nas últimas 24h.
3.2.3 Critérios de Exclusão
 Agitação psicomotora;
 Restrições de mobilidade intransponíveis;

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 Evento cardíaco agudo nas 24h;


 Evento neurológico agudo nas 24h;
 Fraturas instáveis;
 Sangramento ativo;
 Pacientes instáveis e que podem precisar de intervenção de emergência;
 Rebaixamento sensorial;
 Paciente que não deseja realizar;
 Isolamento respiratório.
3.3.4 Critérios para Interrupção do Passeio Terapêutico
 Desejo do paciente em interromper;
 Sinais de desconforto respiratório (alteração da FR e/ou uso de musculatura
acessória);
 Alteração brusca de sinais vitais (FC, PAM, SatO2);
 Rebaixamento do nível de consciência;
 Em caso de ventilação mecânica: assincronias, necessidade de ajuste acentuado na
FIO2 e/ou PEEP.
3.4 PASSO A PASSO PARA REALIZAÇÃO
1. Escolha do paciente (qualquer membro da equipe multiprofissional poderá sugerir o
passeio terapêutico, nesse caso, o restante da equipe deverá ser convocada para
verificar se o paciente está apto para realizá-lo);
2. Avaliação multiprofissional para verificar as condições clínicas do paciente, bem como,
o risco-benefício;
3. Verificar critérios de segurança (item 3.2.2);
4. Atendimento psicológico, incluindo o desejo do paciente em realizar o passeio
terapêutico;
5. Definir trajeto e horário que será realizado, além do tempo de duração;
6. Realização de convite ao familiar para participar do momento (sob responsabilidade
do serviço social);
7. Em caso do familiar aceitar/puder participar, será realizado um atendimento
psicológico prévio com o mesmo;
8. Explicar ao paciente e/ou ao acompanhante como irá funcionar o transporte;
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9. Definir equipamentos/materiais que irão acompanhar o paciente durante todo o


passeio;
10. Preparar o paciente para realização do passeio terapêutico (higienização, se necessário,
monitorização adequada, manejo dos dispositivos de oxigenoterapia e/ou ventilação
mecânica, manejo da terapia medicamentosa, proteção da intimidade);
11. Convocar maqueiro para o transporte, solicitando meio de transporte definido;
12. Registrar em prontuário as condições clínicas que o paciente se encontra antes do
passeio terapêutico;
13. Paramentação adequada da equipe, paciente e familiar (equipe: máscara
cirúrgica/PFF2, avental, touca e, se necessário, a luva; paciente: máscara cirúrgica e,
se necessário, o avental; familiar: máscara cirúrgica, avental e, se necessário, a luva);
14. Realização do passeio terapêutico propriamente dito;
15. Avaliação contínua das condições clínicas e desejo do paciente em continuar o passeio;
16. Ao retornar à UTI: monitorização à beira leito, ajuste nos parâmetros ventilatórios, se
necessário, continuidade da infusão da dieta e medicações pausadas para transporte,
fixar bomba de infusão em suporte próprio, desclampear drenos/sondas);
17. Avaliação das condições clínicas pós passeio;
18. Atendimento psicológico pós passeio terapêutico;
19. Registro multiprofissional em prontuário sobre a intervenção;

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GERENCIAMENTO VISUAL

FONTE: BRASIL (2020).

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REFERÊNCIAS

CALDEIRA, Lucilene Martins; MIGOTTO, André Esteves; FONSECA, Thabata


Larissa Campos; RODRIGUEZ, Lórgio Henrique Diaz; "Programa de Visita
Humanizada em Uti"p. 313. In: Anais do Congresso Internacional de
Humanidades & Humanização em Saúde [= Blucher Medical Proceedings,
vol.1, num.2]. São Paulo:Blucher,2014. ISSN 2357-7282, DOI 10.5151/medpro-
cihhs-10727;

BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria Executiva, Núcleo Técnico da Política


Nacional de Humanização. Humaniza SUS: visita aberta e direito a
acompanhante. Brasília: MS; 2007ª.

FERNANDES, Hággeas da Silveira et al. Gestão em Terapia Intensiva: conceitos


e inovações. Revista Brasileira de Clínica Médica. São Paulo, v. 9, n. 2, p. 129-
137, mar- abril, 2011; FREITAS.

Kátia Santana; MENEZES, Igor Gomes; MUSSI, Fernanda Carneiro. Conforto na


perspectiva de familiares de pessoas internadas em unidade de terapia
intensiva. Florianópolis, v. 21, n. 4, p. 896-904, 2012.

NUNES, Maria Emília Pereira. Percepção de familiares sobre visitas a pacientes


e regras em unidade de terapia intensiva. Arq. Ciênc. Saúde. 2017 jul-set;
24(3).

SANTOS Jane Keyla Souza dos; NAGLIATE, Patrícia de Carvalho; COMASSETTO,


Isabel et al. O conforto dos familiares de pacientes internados em unidade de
terapia intensiva. Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(10):3796-805, out.,
2016.

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CONTROLE DE PADRONIZAÇÃO DE DOCUMENTOS

Resp. pela Aprovação Atualização Ciente


Elaboração Data___/___/_____ Data___/___/_____ Data___/___/_____
Data___/___/___
_________________ _____________________ _____________________ _____________________

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HISTÓRICO DE REVISÕES

REVISÃO DATA MODIFICAÇÕES

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APÊNDICE A

FLUXOGRAMA 1 - PASSO A PASSO PARA REALIZAÇÃO DO PASSEIO TERAPÊUTICO

Registro
Registro em
ETAPA INICIAL Convocar maqueiro multiprofissional em
prontuário
prontuário

Preenchimento do
Avaliação
Preparo do paciente check list de
multiprofissional e
Escolha do paciente + materiais e segurança +
atendimento
equipamentos paramentação
psicológico
adequada

Monitorização e
Avaliação Orientações ao REALIZAÇÃO DO
ajustes em
multiprofissional familiar/paciente PASSEIO
equipamentos

Verificar critérios de
Avaliação contínua
inclusão/exclusão e Convite ao familiar Retorno à UTI
das condições clínicas
de segurança

Atendimento
Definir trajeto e Atendimento
psicológico com ETAPA FINAL
horário psicológico
paciente

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APÊNDICE B

CHECK LIST DE SEGURANÇA PARA REALIZAÇÃO DO PASSEIO TERAPÊUTICO

CRITÉRIOS CONFORMIDADE

Pressão Arterial Média > 55 ou < 140 mmHg; ( ) SIM ( ) NÃO


Frequência cardíaca > 60 ou < 140 batimentos por minuto; ( ) SIM ( ) NÃO
Pressão arterial sistólica ≥ 90 ou < 180 mmHg ( ) SIM ( ) NÃO
Padrão respiratório satisfatório, sem sinais de desconforto ( ) SIM ( ) NÃO
Frequência respiratória > 8 ou < 35 incursões por minuto ( ) SIM ( ) NÃO
Saturação periférica de oxigênio > 88% ( ) SIM ( ) NÃO
PEEP ≤ 10 cmH2O ( ) SIM ( ) NÃO
( ) NÃO SE APLICA
Glicemia > 70 ou < 200 mg/dl ( ) SIM ( ) NÃO
( ) NÃO SE APLICA
Lactato < 2 mmol/l ( ) SIM ( ) NÃO
( ) NÃO SE APLICA
Temperatura > 35º ou < 38º ( ) SIM ( ) NÃO
pH > 7,2 ( ) SIM ( ) NÃO
( ) NÃO SE APLICA
Hemoglobina ≥ 7 g/dl ( ) SIM ( ) NÃO
( ) NÃO SE APLICA
Plaquetas ≥ 50.000 cel/mm3 ( ) SIM ( ) NÃO
( ) NÃO SE APLICA
INR ≤ 2,5 ( ) SIM ( ) NÃO
( ) NÃO SE APLICA
Estabilidade hemodinâmica nas últimas 24h ( ) SIM ( ) NÃO

Observações: para realização do passeio terapêutico é necessário que o paciente esteja em


conformidade com todos os critérios de segurança aplicáveis.

________________________ _____________________ ______________________


Assinatura Assinatura Assinatura
Médico Enfermeiro Fisioterapeuta

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