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o Que Se diz
Ricardo Batista
Director Editorial
“
“A Comissão disse-nos que o
projecto [alta-velocidade] foi
bastante bem avaliado, mas não
estavam reunidas as condições
de maturidade que justificassem
que o financiamento fosse logo
atribuído”
tiago antunes, secretário de
estado dos assuntos europeus,
eCo online
P
or bem-intencionada que tenha sido a reacção do (ainda) Primeiro-Minis-
“
tro ao resultado da votação, no Parlamento, do projecto de resolução que
recomenda o lançamento do concurso para a concessão do primeiro troço
da linha de alta velocidade, não deixa de ser reflexo de uma pobreza fran-
ciscana que, não sendo abundante em recursos, teria todo o interesse em “No caso da obra pública estamos
não desbaratar oportunidades. António Costa, por ocasião da consignação dos tra- ainda muito dependentes de
balhos de construção da linha Rubi, do Metro do Porto, entende que a aprovação, colocar cá fora os concursos e
por larga maioria, da proposta que insta o Governo a lançar o primeiro concurso as empreitadas que há muito
do TGV é “momento que deve ser aplaudido, porque revela enorme maturidade tempo se anunciam. No lado da
democrática, e que é particularmente importante para um país onde as obras pú- obra privada vamos ver os efeitos
blicas são obsessivamente discutidas, e obsessivamente adiadas”. Isto é: chegámos de algumas medidas que foram
ao dia em que o consenso em torno de um projecto fundamental, financiado em tomadas, nomeadamente dos
grande medida por fundos que caso não seja atribuído a esta iniciativa, não serão vistos gold e do residente não
atribuídos a nenhuma outra, é aplaudido. Tão aplaudido quanto raro. Nos entre- habitual que vai ter um efeito
tantos, entre esquerdas e direitas, insistimos neste perigoso jogo do “a minha ideia dominó e acabar por arrefecer o
é melhor que a tua e ‘tu’ antes não fizeste melhor e só não é melhor por culpa do mercado e que pode depois dar
outro”, um jogo em que claramente não há vencedores. Nunca. Mas teimosamente origem a uma menor procura”
navegamos nessa onda. Os tempos são difíceis. Para famílias e empresas. Difíceis o antónio Carlos rodrigues,
suficiente para ficarmos parados em tretas ideológicas, como se não houvesse bom Ceo do Grupo Casais, Jornal
senso algures no meio termo e como se estas balelas partidárias representassem económico
votos. O descontentamento é mau conselheiro. Quem não entender isto, vai pagar
preço elevado. Mais cedo ou mais tarde. C
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12 Janeiro 2024 | 03
construcao
construção
concurso para magadora maioria votar a favor e
dizer ‘abram lá o concurso’, acho
que é muito importante e deve
primeira linha
encher, todos os democratas, com
muito orgulho”. “A abertura des-
te concurso, na próxima semana,
garante-nos que podemos aceder
ricardo Batista ta, classificou como revelador de te discutidas, e obsessivamente Discussão acesa
Fotos: DR uma “enorme maturidade demo- adiadas”. Para o primeiro-minis- Pese o voto favorável da genera-
crática, e que é particularmente tro, “num momento de grande lidade das bancadas representa-
o
importante para um país onde as agitação política, a Assembleia da das no Parlamento, a discussão
Parlamento apro- obras públicas são obsessivamen- República ser capaz de uma es- em torno do projecto de reso-
vou, por larga maio- lução foi acesa e levou a que o
ria, um projecto de PSD explicasse que a decisão
resolução que reco- do voto favorável é porque en-
menda ao Governo A apresentação de candidaturas do tendem que “nunca serão um
o “desenvolvimento das diligên- entrave” ao desenvolvimento,
cias conducentes ao início do con-
CEF para o pacote de verbas que mas remeteram para o Governo
curso da Linha de Alta Velocidade pode beneficiar a primeira fase do TGV a “exclusiva responsabilidade”
entre Lisboa e Porto, iniciativa en- pelas soluções técnicas e de fi-
carada como “histórica” por, des-
em Portugal fecha a 30 de Janeiro, nanciamento do projecto. “En-
de logo, representar um manifesto segundo a mesma fonte, e se Portugal tre os anúncios do Governo e a
consenso em torno deste projecto. não formalizar a sua candidatura, os realização concreta passaram
Com a abstenção do Chega, a re- anos e sabe-se muito pouco so-
solução apresentada pelo Partido 729 milhões de euros que já estavam bre o modelo de financiamento e
Socialista mereceu votos favo- consignados ao país serão libertados nada sobre as peças do concurso
ráveis das restantes forças par- a lançar, os seus termos técnicos
lamentares, uma decisão que o para projectos de outros Estados- e jurídicos. A posição que hoje
primeiro-ministro, António Cos- membros o PSD assume não pressupõe a
04 | 12 Janeiro 2024
construcao
construção
adesão nem às peças do concur-
so nem às soluções técnicas ou Fundos comunitários em risco
de financiamento desta Parceria
Público-Privada”, ressalvou o
partido, numa posição assumida Portugal perderá o acesso a 729 milhões de candidaturas do CEF para o pacote de
pelo vice-presidente Miguel Pin- de euros de financiamento europeu através verbas que pode beneficiar a primeira fase
to Luz. A posição do PSD “pren- do programa Connecting Europe Facility do TGV em Portugal fecha a 30 de Janeiro,
de-se apenas com a necessidade (CEF) se não lançar até 18 de Janeiro a pri- segundo a mesma fonte, e se Portugal não
de reforçar o eixo ferroviário meira fase do concurso da alta velocidade formalizar a sua candidatura, os 729 mi-
Lisboa-Porto, numa solução téc- entre Lisboa e Porto, avança o “Jornal de lhões de euros que já estavam consignados
nica, jurídica e de financiamento Negócios”. O jornal cita um esclarecimento ao país serão libertados para projectos de
da exclusiva responsabilidade do da representação permanente de Portugal outros Estados-membros. Caso não avan-
Partido Socialista”, referem os em Bruxelas enviado ao secretário de Es- ce já, Portugal ainda poderia candidatar as
sociais-democratas. tado dos Assuntos Europeus, que frisa ser obras da alta velocidade ao programa CEF
“decisivo” que o concurso seja lançado a em chamadas posteriores, em 2024 e 2025,
a recomenDação 18 de Janeiro, para que o país possa bene- mas aí em contexto de concorrência com
No texto da recomendação, os ficiar dos fundos do CEF. A apresentação outros 15 Estados-membros.
deputados Eurico Brilhante Dias
(PS) , Carlos Pereira (PS) e Hugo
Costa (PS) explicam que “consi- financiamento deste projecto”. lução, que recomendam “forte- prazos para a conclusão deste
derando os mais de 1000 milhões “Portugal deve apresentar uma mente ao Governo que tome to- projecto crucial. “O lançamento
de euros alocados dos fundos candidatura bem elaborada ao das as medidas necessárias para deste concurso é essencial não
nacionais e regionais do PT2030, CEF com o projecto da LAV Por- lançar o concurso do primeiro apenas para a modernização da
juntamente com aproximada- to-Lisboa antes do prazo final de troço da LAV Porto-Lisboa antes infraestrutura ferroviária, mas
mente 1000 milhões de euros do candidaturas (30 de Janeiro). A do encerramento do prazo das também para garantir o acesso
CEF, sendo 730 milhões de eu- ausência de uma candidatura candidaturas ao CEF. Além dis- aos fundos necessários para a
ros destinados exclusivamente a bem-sucedida resultará na rea- so, insta-se o governo a prosse- execução deste empreendimento
Portugal, é crucial sublinhar que locação dos fundos de Portugal guir com o trabalho necessário estratégico para o desenvolvi-
uma candidatura bem-sucedida para outros países da Coesão, para o lançamento dos concur- mento de Portugal, um país co-
ao Connecting Europe Facili- num processo competitivo”, ga- sos subsequentes, garantindo a nectado, sustentável e competiti-
ty (CEF) é fundamental para o rantem os promotores da reso- viabilidade e o cumprimento dos vo na Europa”, pode ler-se. c
12 Janeiro 2024 | 05
cOnstRucAO
cOnstRuçãO
aBB constrói nova
escola de saúde de setúbal
_
Obra. A obra, desenhada pela VHM, deverá estar concluída no prazo de 18 meses, e vai implicar
um investimento de 7,7 milhões de euros. O Instituto Politécnico de Setúbal, enquanto promotor
da obra, procura dar resposta à necessidade de consolidação funcional de um polo universitário
excepcional do ponto de vista histórico, cultural e de serviço à comunidade, proporcionando aos
seus estudantes as condições necessárias para o seu melhor desempenho académico”
Ricardo Batista
Fotos: DR
A
Alexandre Barbosa
Borges (ABB) foi a
construtora escolhi-
da para a construção
da nova Escola Su-
perior de Saúde de Setúbal, um
investimento estimado em 7,7 mi-
lhões de euros que tem um prazo
de execução a rondar os 18 meses.
O projecto, promovido pelo Ins-
tituto Politécnico de Setúbal, é
assinado pela VHM e pretende
“dar resposta à necessidade de
consolidação funcional de um
polo universitário excepcional do
ponto de vista histórico, cultural e
de serviço à comunidade, propor-
cionando aos seus estudantes as cional, garantindo uma circulação Saúde foi concebido levando em uma linguagem arquitectónica
condições necessárias para o seu eficiente e uma distribuição lógica consideração princípios de sus- com linhas simples e formas ge-
melhor desempenho académico”. dos espaços. O edifício será locali- tentabilidade e eficiência energéti- ométricas elegantes. O edifício
Segundo a descrição dos traba- zado num terreno com área apro- ca. Foram adoptadas soluções de destaca-se pela sua harmonia com
lhos, o IPS pretende contribuir, ximada de 11.000 m2, no campus design passivo, como orientação a envolvente. “O uso de materiais
de uma forma ainda mais expres- da Escola Superior de solar adequada, uso de ilumina- modernos e sustentáveis contribui
siva, para a “efectiva igualdade Educação de Setúbal e do Clube ção natural e ventilação cruzada, para uma estética sofisticada e du-
de oportunidades no acesso ao Desportivo IPS, enquanto unida- visando reduzir o consumo de radoura. Verifica-se a integração
ensino superior e à sociedade do de orgânica do IPS. Esta constru- energia e promover o bem-estar do envolvente como um elemento
conhecimento, respondendo mais ção incluirá salas de aulas, labora- de todos. A solução construtiva ligado ao edifício, que transpare-
eficazmente às necessidades e ex- tórios, biblioteca e área de estudo. apresentada pretende garantir ce nos acessos ao seu interior”,
pectativas dos estudantes, das ins- Cada espaço foi projectado levan- a unificação do aspecto visual lê-se na descrição da proposta
tituições e da sociedade. Desta for- do em consideração a sua função global, apresentando também a desenhada pela VHM. “Sendo
ma, o Instituto contribui de forma específica, garantindo o máximo preocupação com as questões de que, são evidentes frentes sim-
significativa para o alargamento conforto e uma atmosfera propí- durabilidade, comportamento tér- ples e acessos fluidos que tornam
da base social do ensino superior, cia à aprendizagem. mico e acústico, assim como o seu o edificado num só. Desta forma,
a integração social e académica, o A Escola Superior de Saúde con- impacto no ambiente. Prevê-se a os alçados são marcados por um
sucesso escolar e a transição para ta com áreas administrativas e de implementação de um sistema de desenho simples e delicado, for-
o mercado de trabalho de uma po- apoio que facilitam a gestão efi- fachada exterior em betão apa- talecidos pelo encontro de curvas
pulação académica cada vez mais ciente da instituição. Esses espa- rente, o isolamento térmico será e contracurvas que desenham e
diversa”. ços incluem escritórios, salas de feito pelo interior com uma forra transformam a arquitectura deste
reuniões, secretaria, gabinetes e interior composta por caixa de ar, construído com uma identidade
Necessidades específicas áreas de descanso. isolamento térmico e placa dupla própria”, acrescentam. “O alçado
O projecto apresentado destina-se Para atender às necessidades es- de gesso cartonado. Está previsto principal é mostrado por uma tes-
a uma Escola Superior de Saú- pecificas da área de saúde, o edi- o modelo de cobertura plana ajar- ta que completa num desenho lim-
de, pertencente ao Instituto Po- fício possui instalações especiais, dinada, com a colocação de godo po e ao mesmo tempo imponente.
litécnico de Setúbal, com 2 pisos como salas de simulação, labora- na cobertura relacionada a zona Contudo, embora se identifiquem
acima da cota de soleira e 1 piso tórios, salas de enfermagem, entre técnica. três pisos, a arquitectura do edifí-
abaixo da cota de soleira. O edifí- outras. Esses espaços foram pro- cio procura valorizar a imagem de
cio organiza-se em 3 pisos, que se jectados com equipamentos mo- LiNhas simpLes um conjunto edificado uniforme,
interconectam de maneira fluida dernos e tecnologicamente avan- e formas eLegaNtes enquadrando-se com a envolvente
e funcional. Cada piso foi projec- çados, garantindo a excelência no De acordo com os autores do pro- de forma ter um compromisso ho-
tado para atender às necessidades ensino e na prática profissional. jecto, que agora será materiali- mogéneo com o espaço”, conclui a
especificadas do programa educa- O projecto da Escola Superior de zado pela ABB, o edifício adopta equipa projectista.c
06 | 12 Janeiro 2024
OPINIAO
OPINIÃO
Sustentabilidade no
setor da construção (a
importância de começar
a preparar a eficiência Miguel Garcia
Administrador
a partir da fase de
projeto)
A
urgência de assegurar a sustentabili- A produção dos materiais de construção como
dade do planeta é hoje incontestada. betão ou o aço, e as atividades inerentes à cons-
Reduzir as emissões globais de CO2 trução, são responsáveis por grandes quantidades
é uma inevitabilidade. Aprovado pela de resíduos e por valores significativos de carbono
Comissão Europeia, o Green Deal tem incorporado. Contudo, o maior impacto dos edifí-
como objetivo retardar o aquecimento global e cios está na sua operação, com elevado consumo
atenuar os seus efeitos, garantindo a neutralidade de energia e produção de carbono operacional.
climática até 2050, o que tornará a Europa no pri- Como tal, na conceção de um edifício temos de ter
meiro continente climaticamente neutro. Reduzir em consideração que o mesmo poderá ter uma vida
as emissões da EU, pelo menos 55% até 2030, é um útil de décadas, desenhando soluções que minimi-
dos primeiros passos para atingir o objetivo macro. zem a sua pegada ao longo do tempo. Os edifícios
E qual o papel da fileira da construção e do imobi- terão assim de ser pensados de forma mais global e
liário? Segundo a bibliografia, desde a construção intemporal, com toda a conceção a ter subjacente a
até à operação dos edifícios, este linha orientadora da sustentabilidade.
setor é responsável por cerca A fase de projeto é fundamental e absolutamente
A nossa missão deve ser a de 37% das emissões globais de decisiva, pois é aqui se define o ADN do edifício.
CO2 e por cerca de 40% do con- É na conceção que se trabalham as soluções que
descarbonização e o nZEB sumo mundial de energia. Neste terão um impacto crítico no ciclo de vida do edifí-
(near Zero Energy Building). sentido, conduzir o setor para a cio e, consequentemente, na sua sustentabilidade.
sustentabilidade deve ser um de- A busca incessante por soluções ambientalmente
E para tal desiderato, a safio prioritário a assumir pelas sustentáveis deve ser o foco.
sustentabilidade tem de ser empresas de AEC. Contudo, não A conceção deve incorporar princípios de design
pensada desde o primeiro podemos ter ilusões, o desafio sustentável, procurando a otimização da eficiência
para garantir o cumprimento energética, pensando os edifícios de forma a ma-
momento, para as diferentes destes objetivos é gigantesco. ximizar recursos naturais, como a luz solar ou a
fases e estágios da vida de um A produção dos materiais, a ventilação natural. Soluções “verdes”, como jardins
construção, a manutenção, fun- verticais ou coberturas ajardinadas, podem tam-
edifício cionamento e a demolição são bém contribuir para este design sustentável.
as diferentes etapas da vida de Utilizar sistemas construtivos que reduzam o con-
um edifício e que são responsá- sumo de energia, como isolamentos de elevado
veis por quase 40% das emissões rendimento, janelas de alta eficiência energética e
globais de gases com efeito de sistemas de climatização sustentáveis são outros
estufa. Como tal, a minimização da pegada am- exemplos fáceis de enumerar. No mesmo sentido,
biental, a problemática da economia circular, da prever produção de energia renovável nos edifícios
reutilização, da eficiência energética e da redução é indispensável.
do impacto da operação dos edifícios deve estar no As soluções podem ser múltiplas. Ao nível da ele-
centro da nossa ação. tricidade, é necessário optar por equipamentos de
A nossa missão deve ser a descarbonização e o grande eficiência energética e longevidade, enquan-
nZEB (near Zero Energy Building). E para tal desi- to que ao nível da hidráulica, a racionalização do
derato, a sustentabilidade tem de ser pensada des- consumo de água deve ser imperativa. O reaprovei-
O Autor escreve segundo de o primeiro momento, para as diferentes fases e tamento de águas cinzentas e pluviais deve come-
o Novo Acordo Ortográfico
estágios da vida de um edifício. çar a ser obrigatório em grandes edifícios.
12 Janeiro 2024 | 09
OPINIÃO
OPINIAO
2024 e a
certificação
de produtos Francisco Barroca
director geral da CERTIF
– Associação para a
Certificação
M
ais um ano que se inicia e, uma vez certificação de produtos e serviços. Mesmo tendo
mais, começamos por referir a in- em conta o abrandamento esperado das economias
certeza com que encaramos os doze europeias, como referido, sabemos que as exporta-
meses que se seguem. Se a incerteza ções de bens continuam a crescer e a exigência de
faz parte dos mercados a forma como qualidade dos produtos é cada vez maior, o que leva
“O que pensamos nos referimos a ela nestes inícios de ano tornou- à necessidade de demonstrar, pela via da avaliação
-se uma rotina. Com a economia a abrandar neste da conformidade o cumprimento dos requisitos es-
ser o grande final de ano, perdendo dinamismo, com taxas de tabelecidos pelos clientes.
desafio é a procura juro altas e a procura externa a abrandar a Comis- Os produtos de construção abrangidos pelo res-
são Europeia veio, nas suas previsões económicas petivo Regulamento Europeu vão, certamente, e
de certificações do outono, rever em baixa a taxa de crescimento num processo que tem vindo a protelar-se por força
que permitam do PIB face às previsões do verão, apontando para da falta de acordo entre a Comissão Europeia e o
evidenciar a um crescimento do PIB na União em 2023 de 0,6%, CEN, sentir uma grande dinâmica no que se refere
ou seja 0,2 pontos percentuais abaixo do previsto. à marcação CE, não só com a aprovação de novas
resposta a Já o Banco de Portugal referia a quase estagnação normas harmonizadas, mas, também, pela neces-
exigências na nos 2º e 3º trimestres prevendo uma taxa de cres- sária e esperada revisão de algumas normas visivel-
cimento de 2,1% em 2023 e 1,5% no próximo ano, mente obsoletas.
área ambiental previsão esta que reviu já para 1,2%. Como fator Mas, o que pensamos ser o grande desafio é a pro-
e, sobretudo, positivo a tendência decrescente da inflação, quer cura de certificações que permitam evidenciar a
em Portugal quer na UE. resposta a exigências na área ambiental e, sobretu-
dos resíduos. O É neste cenário que iniciamos as atividades de do, dos resíduos. O sistema FER – Fim do Estatuto
sistema FER – acompanhamento anual dos processos de cerifi- de Resíduo, que permite a valorização de vários re-
cação e, curiosamente, uma grande parte das rea- síduos transformando-os em subprodutos, com as
Fim do Estatuto ções das empresas ao pretendermos programar as inerentes vantagens ambientais e financeiras, tem
de Resíduo, auditorias ao processo de produção no âmbito do sido alvo do interesse de vários setores, sendo, con-
procedimento de manutenção é o de solicitar o seu tudo, necessária a colaboração da APA no sentido
que permite a adiamento com o argumento de estarem a encerrar da criação de Portarias regulamentadoras. Outro
valorização de o ano anterior. sistema já implementado e que tem vindo a crescer
Esta vontade de procrastinar é típica, mas com é o das DAP – Declarações Ambientais de Produto,
vários resíduos maior incidência no início do ano. De entre os ar- na área da construção, com o alargamento da ti-
transformando-os gumentos para o adiamento de ações, alguns, ob- pologia de produtos e que são um factor de acesso
viamente, legítimos, surge a justificação de situa- a vários mercados europeus onde começam a ser
em subprodutos, ções de dificuldades internas ou de restruturações exigidas.
com as inerentes em curso. Ora, sendo a certificação uma garantia A certificação de serviços e processos relacionados
dada de que um produto, serviço ou sistema cum- com tratamento de resíduos, seja na sequência de
vantagens prem com os requisitos de uma norma ou especifi- regulamentações cuja publicação se prevê a breve
ambientais e cação técnica, isso não se compadece com o facto prazo, seja por decisão voluntária dos agentes eco-
de o fornecedor não poder cumprir, perante os seus nómicos, para evidenciar perante o mercado, de
financeiras, tem clientes, com essa garantia. forma independente, as suas opções faz parte das
sido alvo do Compete aos Organismos de Certificação defender grandes expetativas para este ano, onde existem já
os princípios e procedimentos que contribuam para trabalhos de desenvolvimento de novos sistemas.
interesse de vários manter a credibilidade dos processos de certifica- Mas, se a exportação, bem como a marcação CE,
setores” ção e que levem a que os clientes finais saibam que, têm sido as grandes responsáveis pelo crescimento
ao optar por produtos certificados ou por empre- da certificação de produtos, seria desejável que as
sas que certificam o seu sistema, podem confiar no obras previstas no âmbito do PRR e a construção
certificado emitido pelo Organismo de Certificação. de habitação sejam o maior contributo para a exi-
O Autor escreve segundo Mas, apesar de todas as incertezas, o ano de 2024 gência da conformidade dos materiais aplicados,
o Novo Acordo Ortográfico
tem de ser encarado com muita expetativa para a com o inerente impacto na qualidade final.C
C
om o objectivo de Com uma equipa constituída por
“servir um maior le- especialistas em sustentabilidade,
que de clientes”, a estrategas e cientistas, a 3Drivers
especialista em enge- serve hoje um alargado conjunto
nharia e arquitectu- de clientes relevantes para a im-
ra, Quadrante, adquiriu 60% do plementação das suas estratégias
capital da 3Drivers, passando a e ajuda as organizações a resolver
ser a sua detentora maioritária. problemas críticos, tendo obtido
Considerada a “maior consultora uma facturação na ordem dos 47
de sustentabilidade portuguesa”, milhões de euros em 2023.
cujos fundadores continuarão na
gestão da mesma, a Quadrante Metas aMbiciosas
pretende investir cerca de um mi- Desde 2021, ano em que a Qua-
lhão de euros na 3Drivers, com drante delineou “metas ambicio-
vista a “duplicar o seu crescimen- sas no domínio da sustentabilida-
to para os próximos três anos”, de”, o último relatório apresen-
confirmou Nuno Costa, CEO do tado pelo Grupo em Outubro de
Grupo ao CONSTRUIR. 2023 dava conta de terem parti-
“Esta aquisição marca um mo- cipado em 545 projectos e terem
mento importante nesta nova canalizado, “com êxito”, 80% do
fase da Quadrante, confirmando seu volume de receitas para a re-
o seu posicionamento e compro- alização dos Objetivos de Desen-
misso com a sustentabilidade e, volvimento Sustentável (ODS)
ainda, reforçando a estratégia de das Nações Unidas.
crescimento definida para o seu Comparando com o ano de 2021,
futuro”, refere Nuno Costa. a Quadrante apresentou um no-
“O investimento da Quadrante tável avanço em diversos aspec-
na 3Drivers passará por melho- tos-chave. O número de colabora-
rar todo o parque informático e dores aumentou substancialmen-
sistemas de IT, nomeadamente te, registando um crescimento de
com aumento da cibersegurança 37%. Em termos financeiros, a
e resiliência de dados, pela mo- facturação também acompanhou
dernização das instalações e pela • Da esquerda para a direita: Nuno Costa (CEO Quadrante), esse crescimento, aumentando
qualificação das pessoas”, afirma. António Lorena (accionista 3Drivers), Nuno Martins (partner Quadrante) 49%. O compromisso sólido com
e Eduardo Santos (managing partner 3Drivers? o bem-estar de seus colaborado-
RefeRência na áRea res foi reforçado com um aumen-
da sustentabilidade to de 22% nos salários durante os
Com uma estratégia focada na transição e implementação de es- Banco Africano de Desenvolvi- anos de 2021 e 2022.
“contribuição significativa para tratégias de sustentabilidade. mento e Banco Europeu de Re- Consciente do papel dos sectores
a descarbonização e transição Em conjunto com a Ecoprogres- construção e Desenvolvimento. da engenharia e da arquitectura
energética das sociedades”, pre- so, outra empresa do Grupo, a “A integração no Grupo Qua- na procura por abordagens mais
tendendo ser uma referência 3Drivers passará a servir “um drante permitirá à 3Drivers con- eficazes na optimização de edifí-
europeia na área da sustentabi- maior leque de clientes do que tinuar a sua trajectória de cres- cios e infraestruturas, de modo
lidade, a integração no Grupo actualmente tem”. Adicional- cimento, passando a oferecer a a acelerar o alinhamento com os
Quadrante permitirá, por um mente a empresa poderá, mais nível internacional os serviços ODS das Nações Unidas, Nuno
lado, o crescimento da 3Drivers facilmente, aceder a mercados de elevada qualidade que nos ca- Costa reforça o compromisso de
junto dos mercados e clientes do internacionais, passando a traba- racterizam, além de permitir ao “liderar este processo de transfor-
Grupo, e, por outro, um aumento lhar no Brasil e em África além de nosso talento a integração numa mação”, esperando que “a disse-
de capacidade pela Quadrante de maior participação em trabalhos organização multidisciplinar que minação deste relatório incite ou-
servir melhor os seus clientes na financiados pelo Banco Mundial, promove imensas oportunidades tras entidades a superarem-se”.c
12 | 12 Janeiro 2024
OPINIÃO
OPINIAO
Dessalinização:
algumas
dificuldades Marisa Mirador
advogada, sócia da área
de Direito Público
regulatórias da Cuatrecasas
E
m Portugal, como no resto da Europa, rega).
têm vindo a agravar-se os problemas de É que, atualmente, determina a lei que um sistema
seca e de escassez hídrica, fruto das alte- de abastecimento particular que produza água para
rações climáticas. Neste contexto e tendo consumo humano só pode ocorrer na impossibili-
em conta que Portugal tem mais de 900 dade de acesso ao abastecimento público. Ora, além
quilómetros de costa, a dessalinização tem sido ser necessário eliminar a neblina sobre os critérios
apontada como solução alternativa para satisfazer que permitem caracterizar um sistema como siste-
as necessidades de água. É que, ao contrário do ma de abastecimento particular – já que a definição
que se verifica na vizinha Espanha, onde existirão legal é completamente circular -, não será de aco- Rita Bastos Ramalho
mais de 700 unidades de dessalinização, em Portu- modar a possibilidade de uma empresa, com uma advogada, associada
gal Continental esta solução ainda não se encontra capacidade de investimento, por vezes, significativa, da área de Direito Público
implementada (apenas existindo uma central des- promover, através de um projeto de dessalinização da Cuatrecasas
salinizadora, com mais de 40 anos, aliás pioneira, devidamente escrutinado, designadamente do pon-
na ilha de Porto Santo), estando, só agora, em apro- to de vista ambiental e hídrico, o abastecimento de
vação o projeto para uma central de dessalinização água para consumo humano no contexto, por exem-
no Algarve, a que se seguirá uma central para o plo, de um determinado projeto imobiliário ou tu-
Alentejo Litoral. rístico, garantindo, naturalmente, o cumprimento
Ora, a solução da dessalinização coloca, desde logo, das exigências referentes à qua-
algumas dificuldades do ponto de vista legal e re- lidade da água, que foram, aliás,
gulatório, face à ausência de um regime específico recentemente reforçadas? Pela Consideramos que, no mínimo,
que regule este tipo de projetos e de orientações das nossa parte, consideramos que,
autoridades competentes em matéria de recursos no mínimo, será de refletir sobre
será de refletir sobre o modelo
hídricos. Com efeito, aplicam-se, ou são potencial- o modelo jurídico para projetos jurídico para projetos de
mente aplicáveis, a projetos de dessalinização uma de dessalinização de iniciativa
multiplicidade de regimes legais (nomeadamente, particular com vista ao consumo
dessalinização de iniciativa
legislação referente a recursos hídricos, a avaliação humano da água, pois que pode- particular com vista ao
de impacte ambiental, a controlo prévio de ope- rão ser uma importante alternati- consumo humano da água,
rações urbanísticas, a licenciamento industrial, a va para períodos de maior escas-
sistemas de abastecimento público de água, entre sez de água e em determinadas pois que poderão ser uma
outros), nem sempre de forma clara e de articulação zonas do território português, importante alternativa para
nem sempre fácil, o que dificulta a tarefa daqueles sem encargos para o erário públi-
que pretendem apostar neste tipo de projetos, no- co, sabendo que estão em causa períodos de maior escassez
meadamente privados. projetos que envolvem um inves- de água e em determinadas
Destaca-se que, sendo necessário proceder à obten- timento substancial.
ção dos títulos de utilização de recursos hídricos De todo o modo, independente- zonas do território português
para as captações de água salgada e infraestruturas mente da visão política que se
associadas, se suscita, desde logo, a questão de sa- tenha para este tipo de projetos,
ber se a água salgada obtida através de uma capta- nomeadamente em função do
ção localizada em propriedade privada ainda pode seu cariz público ou privado, se-
ser enquadrada como recurso hídrico particular, o ria absolutamente essencial que
que influi no tipo de título e de procedimento para o regime aplicável a projetos de dessalinização fosse
a sua obtenção. Depois, também não é indiferente claro e simples, já que nada desincentiva mais a re-
e coloca temas regulatórios sérios a finalidade da alização de um investimento necessariamente avul-
água, isto é, se a mesma se destina a consumo hu- tado do que a falta de clareza das regras aplicáveis As Autoras escrevem segundo
o Novo Acordo Ortográfico
mano ou a outras finalidades (como, por exemplo, e a burocracia.C
14 | 12 Janeiro 2024
engenhAriA
_
Obra. O túnel do Metropolitano de Lisboa que liga as futuras estações da Estrela a Santos já
se encontra concluído. Falta a ligação ao Cais do Sodré, a última fase da obra a avançar, e que
irá fechar o anel da Linha Circular. O primeiro trimestre de 2025 é apontado como a data da
conclusão total da obra. Enquanto isso, prepara-se o arranque da extensão da Linha Vermelha,
previsto ainda para este ano
A
nova Linha circular ao longo de quatro quilómetros e
vai permitir a ligação quatro novas estações: Amoreiras
directa entre os dois / Campolide, Campo de Ourique,
interfaces mais pesa- Infante Santo e Alcântara.
dos da cidade de Lis- Sobre esta obra, Vítor Domingues
boa, o Campo Grande e o Cais do dos Santos, presidente do Conse-
Sodré e contou com cerca de 90% lho de Administração do Metro-
de engenharia portuguesa, tanto politano de Lisboa, confirmou
na concepção, quer na construção. estarem a dar “os passos necessá-
Em mais um avanço da obra, com rios” para arrancar ainda no início
a conclusão da ligação do túnel do ano. “Este projecto responde a
que liga a Estrela a Santos, uma aspiração de longa data da
Rui Pina, director do Metropolita- biental, como ponto de vista téc- bém contar com novos acessos a população da zona ocidental de
no de Lisboa e responsável pela Li- nico. “Neste momento estamos a poente, de forma a ampliar a liga- Lisboa, uma área em renovação
nha Circular, fez uma actualização executar a estação de Santos, com ção entre o metro e a CP. que carece de mais soluções de
do estado geral da empreitada. o PV no antigo regimento de sapa- Concluída está a obra do lote 3, transportes públicos”, afirmou.
O lote 1 - entre Rato e Santos, dores de bombeiros, sendo que o correspondente aos viadutos do Já o projecto de metro ligeiro de
encontra-se executado a 95% e corpo da estação vai ser idêntico Campo Grande. Em fase de retira- superfície Odivelas-Loures, en-
abrange a Estação da Estrela. ao da Estrela”, afirma. da dos estaleiros, esta parte da em- tre o Hospital Beatriz Ângelo e o
Toda esta zona foi escavada em Trata-se de uma obra de “bastante preitada será unida à futura Linha Infantado, com 12 quilómetros
túnel com três zonas de ataque - o risco” e que requer um conjunto Circular quando a sinalização esti- e 17 novas estações, também
Poço de Ventilação (PV) do Liceu de procedimentos técnicos muito ver preparada e pronta a colocar. conhecido como a futura Linha
Pedro Nunes, no PV da Estrela e específicos para estas situações. Por outro lado, está a iniciar o Lote Violeta deverá ser uma realidade
no PV do ISEG, que foram depois Por exemplo, na Avenida Dom 4, referente à fase de acabamentos no segundo semestre de 2026.
unidos. A futura estação da Estre- Carlos I, o metro vai passar den- e sistemas das obras em tosco dos Os estudos iniciais necessários
la foi executada dentro do antigo tro das caves de dois edifícios. Lote 1 e 2. “Está em execução o ao desenvolvimento do projecto,
hospital militar e o acesso a esta Para esse efeito, foi necessário projecto de execução e esperamos bem como a necessária articula-
irá fazer-se dentro da antiga far- reforçar as fundações através da consignar a obra até Abril deste ção com as autarquias de Lou-
mácia. “Esperamos concluir as es- construção de novas fundações ano”, indica o responsável. res e Odivelas, determinaram a
truturas internas até Abril”, afirma laterais (ao lado das antigas). Es- Simultaneamente, está a decorrer sua alteração substancial, com
Rui Pina. tas são depois transferidas para as um outro grande empreendimen- a inclusão da necessidade de
Já o lote 2, executado em 50%, fundações laterais, levantando o to para o Metro que é o novo sis- construção de viadutos, de cer-
irá ligar Santos ao Cais do Sodré. prédio e recortando as fundações tema de sinalização CBTC com a ca de 3,3 km em túnel e de três
Neste caso, o processo é de esca- que existiam. “Já fizemos isto em aquisição de 14 novas unidades estações subterrâneas. Por sua
vação e contenção lateral, paredes outras quatro situações na Baixa triplas e todo um sistema auto- vez, as obras de Reordenamen-
moldadas ou estacas. “Estamos a Chiado e correu sempre bem”, re- mático de sinalização que está a to Urbano de Loures e Odivelas,
trabalhar numa zona da cidade força o engenheiro. correr em paralelo com o nosso bem como os custos com expro-
com ocupação há vários séculos e, Entretanto, no Cais do Sodré será investimento. priações, que, numa fase inicial
portanto, uma das principais pre- feita a ligação da nova linha ao eram da responsabilidade das au-
ocupações é a preservação do pa- término já existente, mantendo-se, Futuros projectos tarquias, passaram a estar incluí-
trimónio. Temos, por isso, equipas em simultâneo, a operação. “Es- Aquela que será a primeira ligação dos no projecto. Estas alterações,
de arqueólogos a trabalhar con- tamos neste momento a desviar a através de metro à zona ocidental relativamente às estimativas ini-
nosco em permanência”. linha da CP do Cais do Sodré para da cidade, mais concretamente ciais, implicam um ajuste do pra-
Esta fase teve início “um pouco depois permitir executar esta zona a Alcântara, já foi adjudicada às zo e um acréscimo do custo total
mais tarde”, dado a sua complexi- a céu aberto e fazer esta ligação empresas Mota-Engil e SPIE Ba- do investimento de 277,3 milhões
dade, tanto do ponto de vista am- em segurança”. Esta zona vai tam- tignolles Internacional. Com um de euros. c
16 | 12 Janeiro 2024
ARquitectuRA
GLcs assinam
reabilitação do antigo
casino de Quarteira
_ dades económicas compatíveis
Projecto. A Câmara que o tornem num centro com
de Loulé vai investir uma vivência urbana vibrante e
atractiva para novos residentes e
3,5 milhões de euros visitantes.
na reabilitação e
ampliação do antigo rEforço do sEntido
dE pErtEnça
Casino de Quarteira, Gonçalo Louro e Cláudia San-
estando a promover tos assentaram a proposta em
um concurso público alguns pressupostos, nomeada-
mente a manutenção da integri-
que vai definir quem dade arquitectónica do edifício
materializará a principal, “de modo a reavivar e
proposta desenhada fortalecer a memória colectiva e
o sentido de pertença da popula-
pelos arquitectos
ção”. Este objectivo, segundo os
Gonçalo Louro e projectistas, será alcançado com
Cláudia Santos. O uma intervenção exigente ao ní-
Casino ‘velho’, como vel da recuperação estrutural e
arquitectónicas das fachadas,
ainda é designado caixilharias exteriores e cober-
pela população e onde to no edifício, de forma a devolver tura compositiva original, assim tura do edifício principal, que
funcionou durante aos cidadãos um espaço icónico como a organização dos espaços, actualmente se encontram em
da freguesia”, sublinham os res- áreas funcionais e sistemas cons- elevando estado de degradação,
anos a sede da ponsáveis da autarquia de Loulé. trutivos, no entanto por não se com patologias graves ao nível
Sociedade Recreativa encontrar encerrado, o edifício estrutural da integridade das
Quarteirense, faz Espaço comunitário denota um elevado estado de de- fachadas”. “Consideramos que
O antigo Casino será, de acordo gradação, em especial ao nível es- apesar de exigente, este processo
parte da memória com a Câmara, convertido num trutural e de consolidação das fa- é crucial para não só atingir o ob-
colectiva da cidade espaço comunitário e polivalente chadas”. Localizado na rua Vasco jectivo definido como contribuir
e a renovação do que permitirá resgatar um sím- da Gama, antigo eixo de ligação para o processo de reabilitação/
bolo identitário da cidade. Entre dos dois núcleos antigos da povo- regeneração urbana em curso”,
espaço assenta nesse
outros, estão previstos espaços ação de asseguram. Os autores do projec-
pressuposto para ateliers e oficinas, uma sala to querem igualmente introduzir
polivalente destinada ao espaço prEsErvação novas valências (programáticas
Ricardo Batista de coworking, um complemento da idEntidadE e espaciais) no edifício que de
Fotos: DR que permitirá apoiar as gerações Quarteira, o edifício do Antigo forma integrada promova a ac-
mais novas, criando condições de encontra-se na Zona Histórica de tividade comunitária e poliva-
A
Câmara de Lou- trabalho comunitário, bem como Quarteira, na categoria de Espa- lente, renovando de uma forma
lé está a promover o estúdio de captação e gravação. ço Cultural de acordo com o PDM contemporânea o sentimento de
um novo concurso “O imaginário do antigo salão de de Loulé, onde se prevê serem pertença e de lugar de referência
público com vista à baile será recriado numa sala que preservadas as características das intergeracional e multicultural.
execução das obras terá capacidade para 350 lugares malhas urbanas e características A ideia, segundo a descrição dos
de reabilitação e ampliação do de pé e 200 sentados, podendo arquitectónicas dos edifícios de trabalhos, passa igualmente pelo
antigo Casino de Quarteira, um acolher diferentes actividades maior interesse. A intervenção reforço do sentido comunitário
investimento estimado em 3,5 mi- artísticas e culturais, em especial integra-se no processo em curso do edifício, através da sua relação
lhões de euros. A iniciativa agora teatro, dança, bailes, exposições, de requalificação e regeneração urbana que se pretende “aberta
lançada é uma nova tentativa da entre outras. Em suma, projecta- urbana, na preservação do centro e franca”, dai propormos que o
autarquia algarvia executar a -se um equipamento cultural histórico, património histórico, piso 0 seja um espaço fluido onde
obra, depois de em Junho do ano próximo da população, que será artístico, cultura local e de me- diferentes actividades possam
passado o concurso aberto para o com certeza do agrado de todos lhoria das condições de vida dos acontecer, e para isso, propõem-
efeito ter sido anulado por falta os quarteirenses”, explica o Mu- residentes e na atracção de novos -se que as duas entradas no edifí-
de interessados. “Há muito que nicípio de Loulé. No projecto de residentes e visitantes, recolocan- cio sejam efectuadas por dois es-
a população de Quarteira anseia execução, assinado pelos arqui- do o núcleo antigo na vivência e paços de transição exterior: uma
pela reabilitação do edifício do tectos Gonçalo Louro e Cláudia na memória colectiva da popula- coberta pelo edifício principal no
antigo Casino da cidade, pelo que Santos, os autores da proposta ção, dando-lhe novas funcionali- acesso pela rua Vasco da Gama e
a Câmara Municipal projectou re- explicam que “o imóvel, no seu dade e acessibilidades de modo a outra através do pátio exterior
alizar um importante investimen- estado actual, mantém a estru- a conseguir a fixação de activi- comum à cafetaria.c
18 | 12 Janeiro 2024
ArquitecturA
ligação entre paisagismo
e arquitectura distinguem
projecto
_
concurso. João Francisco Coelho assina a proposta pelo atelier Terra, em colaboração com
a Premissa Arquitectura, para a entrada na cidade da Figueira da Foz. O projecto surge da vontade
de criar um espaço de leitura “homogénea” onde existe “uma clara ligação” entre a zona do Parque,
os edifícios públicos e a envolvente da cidade
O
concurso para a introdução do corredor verde de
zona de entrada da ligação da várzea à zona da esta-
cidade da Figueira ção, com a recuperação da linha
da Foz, promovi- de água da ribeirade Tavarede.
do pelo município,
contou com sete propostas. O RelacionaR a
primeiro lugar foi atribuído ao aRquitectuRa com
arquitecto João Francisco Coe- o seu contexto
lho, que assina a proposta pelo O projecto surge da vontade de
atelier Terra, em colaboração criar um espaço de leitura “ho-
com a Premissa Arquitectura, a mogénea” onde existe “uma cla-
Mino Works para a elaboração ra ligação” entre a zona do Par-
das renders e da Ib-Lda, na en- que, os edifícios públicos e a en-
genharia. tegração da Estrada de Mira do Sobral e possibilitando a sua volvente da cidade tendo como
O projecto apresentado reve- no sistema de acessos à cidade, articulação com os acessos aos pressupostos a construção de
la uma “leitura abrangente da “libertando espaço na rua Arnal- edifícios existentes, bem como a um parque urbano, a redefinição
cidade e do território”, respon- de arruamentos, e a construção
dendo de “forma realista” aos de habitação colectiva e de um
problemas que se colocam na equipamento público destinado
área da cidade, nomeadamente, Procurou-se “relacionar” a arquitectura a feiras industriais.
a criação de espaço verde e a sua Desta forma, apresenta-se “uma
relação com uma solução de cir-
com o contexto portuário e industrial que forte ênfase” na ligação entre
culação automóvel. a envolve, “reabilitando-se os estaleiros arquitectura paisagista e arqui-
Destacando, a “relação entre a tectura, desenhando um “Parque
economia da intervenção e as
ferroviários, assumindo uma materialidade Urbano dinâmico”, e integrando
contrapartidas ao nível do fun- industrial e estabelecendo um nó um novo programa para a cida-
cionamento e da qualidade do intermodal que julgamos vir a reabilitar o de com um Centro de Congres-
desenho urbano”, o júri desta- sos, pode ler-se no site do atelier
ca, a opção estratégica de “in- papel central desta zona da cidade” Terra.
20 | 12 Janeiro 2024
ArquitecturA
O Parque da Várzea Sul pretende
contribuir, assim, para a criação de “uma
nova identidade” para uma área que é
hoje desconectada da cidade numa zona
industrial abandonada
12 Janeiro 2024 | 21
imobiliario
imobiliário
imobiliário:
2024 traz mais incerteza
_
Previsões. 2023 foi um ano de abrandamento no investimento imobiliário nacional, influenciado
pelas incertezas políticas, económicas e de estabilidade. Assistimos a quedas acentuadas no segmento
de Escritórios, com o Retalho e a Hotelaria a salvarem o ano. Com 11 meses e meio pela frente, será
2024 diferente? A visão das consultoras imobiliárias varia entre o optimismo moderado e o ligeiro
pessimismo, deixando antever um 2024 cauteloso, pelo menos na primeira metade do ano, surpresas
só mais lá para a frente
2
023 foi um ano desa-
fiante para o imobiliá-
rio nacional, com forte
quebra na actividade de
investimento. As várias
consultoras imobiliárias já publi-
caram os números finais do ano
que, no geral, não diferem muito
nas suas conclusões. Segundo a
Cushman&Wakfield a actividade
de investimento imobiliário co-
mercial, incluindo o comercial
acabado e de rendimento, “re-
gistou um abrandamento ao lon-
go de 2023, com as previsões de
fecho de ano a situarem-se nos
1.730 milhões de euros, represen-
tando uma quebra homóloga ex-
pressiva de 42% face ao ano ante-
rior”. As previsões da JLL não es-
tão muito longe, apontando para
valores entre os 1.800 e os 2.000
milhões de euros transacciona-
dos, traduzindo-se numa quebra total de investido em 2023.
anual de 45%. Na repartição geográfica do in- “2024 será, tal como 2023, um ano
“Os últimos três anos mostraram- vestimento “Lisboa captou 26%
-nos que não há dados adquiri- do investimento, Porto 17% e o
desafiante embora se preveja uma
dos. Depois de uma pandemia Algarve 20%, muito devido ao melhoria das condições macroeconómicas
inédita e do começo de um novo enorme dinamismo do sector ho-
conflito armado na Europa, 2023 teleiro”, segundo os números da
na segunda metade do ano o que poderá
foi um ano de grandes desafios CBRE. trazer investimento institucional cativo
a todos os níveis. As economias para o mercado assim como o maior
abrandaram, a instabilidade polí- OEscritóriOs cOm piOr
tica é hoje um risco generalizado pErfOrmancE, HOtElaria alinhamento das expectativas entre
e, tudo isso se desenvolveu tendo E rEtalHO vendedores e compradores”, resume ao
como pano de fundo uma inflação Em crEscimEntO
que não foi controlada como se Entre os segmentos com pior CONSTRUIR Gonçalo Santos, head of
previa e taxas de juro que cresce- performance o destaque vai Capital Markets na JLL Portugal
ram além do que era expectável”, desde logo para os Escritórios,
comenta Patrícia Barão, head of que comparam com “um ex-
residential da JLL. traordinário 2022”. Na grande sentados pela JLL apontam para top da lista.
Ambas as consultoras imobili- Lisboa foram transaccionados 100 000m2 de ocupação e uma O mercado do Grande Porto mos-
árias destacam, pela positiva, o perto de 88 000 m2, o segundo redução de 60% face ao ano trou ser mais resiliente tendo re-
crescimento da quota de mercado valor mais baixo da última dé- transacto). Vários factores con- gistado até Novembro uma ligeira
dos investidores nacionais, dada a cada, registando-se, de acordo tribuíram para esta queda, com quebra homóloga da absorção de
menor disponibilidade do capital com a Cushman&Wakefield, o abrandamento da procura, por 6%.
estrangeiro, que, refere a Cush- uma quebra homóloga de 66% conta da conjuntura económica, e Pelo lado positivo destacam-se a
man, situa-se nos 31% do volume de ocupação (os números apre- o impacto do trabalho híbrido no Hotelaria e o Retalho “os sectores
24 | 12 Janeiro 2024
IMOBILIARIO
IMOBILIÁRIO
estrela”, em 2023, assim nomea-
dos pela CBRE. Em 2023 Portu-
gal viu consolidada a recuperação
da actividade turística com um
aumento transversal de todos os
indicadores, inclusive para valo-
res superiores ao verificados em
2019. Em termos de oferta Hote-
leira, segundo os dados apresen-
tados pela Cushman&Wakefield,
o ano passado foram inauguradas
mais de 50 novas unidades com
3300 quartos, (a JLL contabili-
zou 61 novas aberturas) encon-
trando-se em fase de projecto e/
ou construção mais de 100 novos
projectos hoteleiros, que totali-
zam 10.200 quartos, que deverão
inaugurar ao longo dos próximos
3 anos.
Segundo a JLL a “recuperação do
turismo e o aumento do consumo
privado teve um impacto positivo
quer na ocupação quer no investi-
mento em imobiliário de retalho”,
com todos segmentos de retalho
a evidenciarem um forte dinamis-
mo.
2023 também foi um ano positi- o mercado assim como o maior da Cushman&Wakefield. de incógnita sobre o resultado das
vo para a Indústria & Logística, alinhamento das expectativas en- Neste contexto, continuará Por- eleições de 10 de Março, fazem
graças aos diversos negócios de tre vendedores e compradores”, tugal a ter a mesma atractivi- com que o investidor institucional,
grande dimensão, mas a forte resume ao CONSTRUIR Gonçalo dade para os investidores es- que preza a estabilidade e a pre-
perspectiva de crescimento con- Santos, head of Capital Markets trangeiros? O responsável da visibilidade acima de tudo, olhe
tinuou condicionada pela falta de na JLL Portugal. Cushman&Wakefield é peremptó- para o nosso país com mais des-
oferta adequada. A perspectiva que o aumento das rio: “Infelizmente Portugal está a confiança”, defende.
Na Habitação, não obstante o taxas de referência dos bancos caminho de perder atractividade Os restantes especialistas ouvidos
aumento dos custos de financia- centrais tenha atingido o seu pico para os investidores internacio- pelo CONSTRUIR preferem cen-
mento, continua a persistir um em 2023, contribui para uma ex- nais, não pelos indicadores do trar a sua análise antes nos “ar-
forte desequilíbrio entre a procu- pectativa mais optimista, ainda imobiliário propriamente dito (a gumentos” ditados pelo mercado
ra, que permanece alta, e a falta que os seus efeitos não sejam qualidade dos edifícios é boa, as imobiliário e estão, no que se re-
de oferta. Com uma média anual sentidos nos primeiros meses de rentabilidades são atractivas e não fere à atractividade do país, mais
de 13500 fogos concluídos na úl- 2024, o que se poderá traduzir “em existe excesso de oferta nem falta optimistas. “Portugal não perdeu
tima década a comparar com ven- comportamentos distintos duran- de procura por parte das empre- atractividade em termos interna-
das médias anuais na ordem das te este ano, com o primeiro semes- sas), mas pelo contexto político cionais uma vez que é país, pela
104500 unidades, significa que tre a reflectir ainda contracção em e regulatório”. Segundo Eric van sua performance e oportunidades,
são vendidas 8 casas por cada 1 alguns indicadores, particular- Leuven “as constantes alterações bem posicionado no radar do in-
que é construída. Assim, em 2023 mente nos sectores mais afectados fiscais e legais, quase sempre no vestimento estrangeiro. Se virmos
a JLL estima que as vendas de ha- em 2023, seguido de uma segunda sentido oposto dos interesses dos os dados históricos o investimento
bitação devam ficar na ordem dos metade do ano com uma retoma investidores, bem como os suces- internacional nos últimos 10 anos
27.000 milhões de euros, montan- gradual generalizada”, comenta sivos casos e casinhos que levaram em Portugal tem sido de cerca de
te que decresce 16% face a 2022. Eric van Leuven o director geral à actual crise política, e com gran- 80% tendo em 2023 sido de cer-
ca de 70% resultante da contrac-
E agOra O quE ção do investimento em termos
pOdErEmOs EspErar globais e da ausência de grandes
dE 2024? “Infelizmente Portugal está a caminho de transacções (usualmente protago-
Colocámos a questão às várias perder atractividade para os investidores nizadas por capital estrangeiro)”,
consultoras e as respostas foram, defende Gonçalo Santos. Para
de certa forma, unanimes em es- internacionais, não pelos indicadores do Nuno Nunes senior director de ca-
pecial no que que diz respeito à imobiliário propriamente dito (a qualidade pital markets da CBRE Portugal,
manutenção de um quadro de “continua a existir a percepção
incerteza e à cautela que investi- dos edifícios é boa, as rentabilidades que os fundamentais do mercado
dores terão, pelo menos durante são atractivas e não existe excesso de são muito fortes, nomeadamen-
a primeira metade do ano. “2024 te o nível de robustez da procura
será, tal como 2023, um ano de- oferta nem falta de procura por parte das de inquilinos/take-up e o desequi-
safiante embora se preveja uma empresas), mas pelo contexto político líbrio entre a procura de imóveis
melhoria das condições macro- modernos e a capacidade do mer-
económicas na segunda metade e regulatório” afirma Eric van Leuven, cado para os produzir, tornando o
do ano o que poderá trazer inves- director geral da Cushman&Wakefield mercado português muito atracti-
timento institucional cativo para vo”, inúmera.
26 | 12 Janeiro 2024
IMOBILIARIO
IMOBILIÁRIO
Os sEgmEntOs “EstrElas”
dE 2024
“Em 2024 as estratégias dos in-
vestidores passarão, certamen-
te, pela diversificação das suas
carteiras de forma a equilibrar o
seu nível de exposição”, adianta
Alexandra Gomes. Para a head
of research da Savills Portugal,
“o sector residencial continuará
a assumir um papel preponde-
rante em termos de opções de
investimento ao qual se juntam
segmentos alternativos como se-
jam as residências de estudantes
e o senior living acompanhando
desta forma as tendências demo-
gráficas que se verificam no país e
que abrem caminho ao desenvol-
vimento deste tipo de activos em
Portugal”.
Nota positiva na avaliação das
consultoras recebem os segmen-
tos da Hotelaria e do Retalho, este
último impulsionado pelo interes-
se renovado por parte dos inves-
tidores. “Ambos os sectores têm
conjugado uma boa performance
operacional e uma elevada liqui-
dez no mercado de investimento.
Existem já mais de 1 bilião de eu-
ros de operações no pipeline de
investimento, no conjunto destes
sectores, que estão já ou irão estar
no mercado durante o primeiro
trimestre”, justifica o senior direc-
tor de capital markets da CBRE
Portugal.
Em alta nas expectativas dos con-
sultores está também o segmento
de Indústria & Logística “com po-
tencial para ser um sector estrela
uma vez que estão a vir a mercado
activos logísticos de elevada qua-
lidade e elegíveis enquanto produ-
to de investimento”, sublinha por
sua vez Gonçalo Santos, head of
Capital Markets na JLL Portugal
Já para os Escritórios, um seg-
mento fortemente penalizado em
2023, a incerteza mantém-se não
se prevendo o regresso dos escri-
tórios como sector privilegiado de
investimento durante 2024, ainda
que este possa a voltar a estar na
mira dos investidores “quando re-
alizarem que o ‘regresso ao escri-
tório’ é um problema muito me-
nos gravoso em Portugal do que
em países anglo-saxónicos, e que
existem boas oportunidades de
compra a preços mais atractivos
do que nos últimos anos”, defen-
de Eric van Leuven. O responsá-
vel da Cushman&Wakefield em
Portugal considera ainda que “de-
vemos assistir em 2024 a investi-
mentos importantes no sector de
centros de dados”. c
12 Janeiro 2024 | 27
EMprESaS
“Famílias portuguesas estão
cada vez mais despertas para
a importância do consumo
de energias limpas”
_
Entrevista. Até 2025, a Otovo espera atingir as 10 000 vendas no mercado presa num mercado novo. Em
português e os resultados obtidos em 2023, cumprido o primeiro ano de Portugal foi necessário come-
çar uma estrutura do zero, dar
actividade no país, ajudam a alcançar essa meta. Portugal destaca-se como a conhecer a Otovo ao mercado
um dos quatro melhores entre os 13 mercados onde a Otovo opera, a nível e ganhar a confiança dos con-
de performance de vendas. Mas ainda há muito para crescer já que, apesar sumidores nacionais. Este é um
desafio grande, sobretudo numa
das condições naturais, Portugal tem uma taxa de penetração do solar realidade muito dominada por
entre 4% a 5%, refere Manuel Pina, director geral da empresa em Portugal grandes empresas que operam
no país há dezenas de anos.
O modelo de subscrição Oto-
vo tem sido fundamental para
marcar a diferença, uma vez que
fomos os primeiros a trazer este
modelo para o nosso país.
Adicionalmente, apesar de Por-
tugal ter uma posição geográfica
privilegiada para a produção de
energia solar, a penetração de
sistemas residenciais de produ-
ção de energia ainda está atrás
de outros países europeus. Nes-
te sentido, o esforço tem sido o
de trazer mais informação e de
ajudar as famílias a perceberem
quanto podem poupar na sua
factura de electricidade.
Enquanto marketplace, o
vosso crescimento está mui-
to dependente de quem ins-
tale as soluções. Como vai o
relacionamento com as em-
presas deste sector?
Sendo um marketplace, é tão im-
• Manuel Pina, director geral da Otovo em Portugal portante para nós oferecer uma
boa experiência aos consumido-
res que nos procuram como tam-
Manuela Sousa Guerreiro Como correu este primeiro positivo para nós. Como já refe- bém aos instaladores que encon-
Fotos: DR ano de actividade? Os núme- rimos publicamente, o objecti- tram na Otovo uma oportunida-
ros alcançados corresponde- vo até 2025 passa por atingir as de para expandir o seu negócio.
O
marketplace fechou ram às metas traçadas ini- 10.000 vendas. Este será o nosso A nossa experiência de outros
2023 acima do pre- cialmente? foco, reforçando ao mesmo tem- mercados ajuda-nos a perceber
visto e com previ- O balanço do primeiro ano de po a importância do modelo de quais são as melhores práticas
sões “muito posi- operação da Otovo em Portugal subscrição, que representa mais que os instaladores devem seguir
tivas” para o ano é claramente positivo. Uma das de 2/3 de todas as vendas efectu- para garantir a máxima segu-
que agora arranca, como nos métricas que nos permite che- adas em Portugal. rança durante as obras, a maior
conta Manuel Pina, director ge- gar a esta conclusão é o facto de qualidade das instalações e os
ral da Otovo em Portugal. O seu termos atingido a meta das 1000 Quais os principais desafios melhores materiais a usar. Par-
modelo de subscrição ajudou a vendas a um ritmo mais acelera- que se colocaram à empresa tilhamos este conhecimento de
democratizar o acesso à energia do do que inicialmente projec- durante este primeiro ano e forma continuada, assim como
fotovoltaica, por um lado, mas tado. Fechámos, por isso, 2023 meio de actividade? as opiniões que os nossos c l i e n -
também a dinamizar o negócio acima do previsto e acredito que Os principais desafios foram os tes nos passam. No final, a nossa
das empresas instaladoras. 2024 será também um ano muito inerentes à entrada de uma em- proposta de valor para os insta-
28 | 12 Janeiro 2024
EMprESaS
Tal como temos tornado público
aquando da apresentação de re-
sultados, o mercado português
continua a destacar-se como um
dos quatro melhores dos 13 da
Otovo a nível de performance de
vendas. Muita da responsabili-
dade por estes números prende-
-se com o modelo de subscrição,
que, em média, apresentou uma
adesão 20% acima dos restantes
mercados europeus.
30 | 12 Janeiro 2024
especial EspEcial casas DE Banho
_
Sustentabilidade está
(definitivamente) na
agenda do dia
_
Economia circular e descarbonização vão continuar a marcar a política interna das empresas, cuja
estratégia irá, igualmente, reflectir-se nos produtos e equipamentos a desenvolver. Com o foco na
sustentabilidade dos materiais e na eficiência hídrica, as exigências são cada vez maiores. Não só
os elementos naturais estão cada vez mais associados aos espaços de banho, como a inovação e
funcionalidade
cidália lopes
Fotos: DR
N
um contexto de extre-
ma exigência técnica e
funcionalidade, o sec-
tor das Casas de Banho
é um dos que mais tem
mudado nos últimos anos. Num
só espaço podemos encontrar os
equipamentos indispensáveis à
sua utilização, mas também um
espaço que queremos que seja
confortável e agradável. À boleia
da tecnologia, o mercado tem
igualmente respondido com equi-
pamentos cada vez mais eficien-
tes e que permitam uma correcta
utilização da água. Entretanto, a
estratégia de descarbonização das
próprias empresas elevou para ou-
tro patamar as exigências técnicas
e de inovação deste sector, com a
reutilização de matérias-primas,
Roca
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especial EspEcial casas DE Banho
veis, funcionais e belos, será, tam-
bém uma tendência a considerar
para os espaços de banho.
Para 2024, a Roca destaca as duas
novas colecções Tura e Nu. Par-
tindo de um “jogo de volumes e
vazios, a colecção Tura tem como
ponto de referência a arquitectura
de Barcelona do século XX. “Esta é
uma colecção inspirada pelas for-
mas destes edifícios icónicos, bem
como pelos respectivos elementos
de design emblemáticos, como,
por exemplo, as persianas, con-
vertidas em peças para espaços de
banho”, destaca o responsável. A
colecção inclui lavatórios, móveis,
acessórios, banheiras, sanitas e bi-
sanitana
SAnitAnA
teCnOlOgiA,
SuStentAbilidAde
e deSign
Com a tendência crescente de
uma “vivência urbana e espaços
compactos”, o público profissio-
nal continuará a concentrar-se em
“soluções criativas” para optimizar
a disposição das casas-de-banho.
“Acessórios que poupam espaço,
soluções de arrumação modulares
e designs multifuncionais serão
fundamentais para conseguir uma
utilização eficiente do espaço dis-
ponível”, acredita Lina Gaspar e
Sousa, communication manager
do Departamento de Marketing da
Sanitana.
Espera-se, por isso, um aumento
na utilização de “materiais não
convencionais, superfícies textu-
oli
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EspEcial casas DE Banho
especial
numa perspectiva do design cada
vez mais orientado para uma casa
de banho cada vez mais vista como
“um santuário de relaxamento e
bem-estar”.
Por outro lado, a inovação tecno-
lógica e a sustentabilidade estão,
também, cada vez mais presentes
nos espaços de banho e irão mar-
car o ano de 2024.
“Estamos a assistir à cada vez
maior emergência de espaços in-
teligentes e conectados, que irão
facilitar cada vez mais as rotinas
diárias dos consumidores finais”,
reforça Lina Gaspar e Sousa. Esta
realidade já está presente, por
exemplo, nas sanitas inteligentes
porcelanosa
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ESPECIAL EspEcial casas DE Banho
utilizar-se durante décadas. Não é
raro que a sua vida útil ultrapasse
os 50 anos, por exemplo, no caso
dos autoclismos de interior. Na
realidade, a “alta qualidade e dura-
bilidade” são critérios fundamen-
tais no desenvolvimento de novos
produtos e este é uma premissa da
Geberit desde 2007 que actua de
acordo com o princípio do design
ecológico.
Reciclagem e descarbonização são
preocupações de há muito na Ge-
berit, que centra as suas atenções
no fabrico de soluções e produtos
duradouros. E esta é uma preocu-
pação que vai além do processo de
produção, mas que também incide
no tempo de vida útil do produto,
cosentino
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ESPECIAL EspEcial casas DE Banho
douros, respeitadores do meio am- altura de os eleger”, reforça a res-
biente e que geram um baixo con- ponsável.
sumo de recursos tanto durante o
processo de produção e distribui- nOvidAdeS
ção, como durante a sua vida útil Em 2024, tal como em 2023, os
e a sua final reciclagem”, afirma novos produtos respeitam a “assi-
David Mayolas, director geral da natura em França e no mundo” da
Geberit Iberia. marca, ou seja, “um design notá-
vel e fabrico irrepreensível”. Com
inOvAçãO AO SeRviçO soluções completas para equipar
dA SuStentAbilidAde os espaços dos lavatórios, duche,
O meio ambiente e, mais concre- urinóis e sanitas o que têm em co-
ta o uso responsável da água, en- mum é a sua “resistência ao van-
quanto especialistas em autoclis- dalismo e à utilização intensiva”.
mos, tem sido uma das grandes Além disso, “são fáceis de insta-
preocupações do Grupo. Desde lar, requerem pouca manutenção
1952, por exemplo, a redução do e têm um design elegante que se
consumo da água nestes equipa- adapta perfeitamente aos espaços
mentos diminuiu 80% e a Geberit mais requintados e, que se ade-
acredita que isto acontece em par- quam perfeitamente a qualquer
te à inovação como os autoclismos sector de actividade”.
com placas de descarga dupla e de Nos produtos para Locais Públi-
descarga interrompível. cos, a colecção Binoptic ganha
Mas o desenvolvimento de equi- uma gama completa de torneiras
pamentos cada vez mais eficientes e misturadoras para lavatório, cuja
passa também pelo processo de instalação pode ser sobre bancada
produção. A título de exemplo, a com diferentes alturas ou mural,
Geberit equipou os fornos de louça com acabamento em cromado
sanitária com queimadores com preto mate ou cromado. E em
tecnologia Enervit de poupança breve, estará também disponível
Delabie
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