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Ensino Da Musicoterapia
Ensino Da Musicoterapia
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................3
2 MUSICOTERAPIA ...........................................................................................4
Bons estudos!
3
2 MUSICOTERAPIA
Fonte: sintoniaholistica.com.br
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envolvem o desenvolvimento, a comunicação, o relacionamento, a aprendizagem,
a mobilização, expressão e a organização física, mental ou social dos indivíduos.
Ela é uma ciência que foi consolidada no início do século XX. A praticidade
da medicina, da terapia aliada a estimulações e aprendizados musicais fora
estudada, proposta e desenvolvida em tempos muito anteriores, contudo, apenas
no século XX que esta prática foi denominada de Musicoterapia (LOUREIRO, 2006).
[...] os meios utilizados pelas duas áreas para atingir seu objetivo
demonstram que há uma cooperação recíproca entre as áreas. O educador
se utiliza de elementos da musicoterapia para auxiliar no processo de
aprendizagem e o musicoterapeuta se utiliza de elementos da educação
musical como coadjuvante no processo terapêutico. (ALMEIDA e
CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2018, p 4).
5
Ravagnani (2009) completa que, na Musicoterapia, o mais importante “é a
relação entre a música e o paciente”, sendo assim, na Educação Musical “o foco
recai sobre a aquisição de algum conhecimento musical pelo aluno” (p. 34). Para
Loureiro (2006, p. 7), através da Musicoterapia, o paciente além de desenvolver-se
em aspectos reabilitativos, também está apto a adquirir e promover habilidades,
principalmente àqueles que possuem necessidades especiais. Além disso, a autora
deduziu “estratégias e adaptações metodológicas e exercícios para a prática da
educação musical no ensino regular” (p. 8), voltadas, principalmente, para o âmbito
escolar, visando sujeitos com atraso do desenvolvimento leve e moderado. Loureiro
e França (2005) relatam sobre a função, métodos e técnicas da Musicoterapia na
iniciação e na Educação Musical Especial no mesmo âmbito da pesquisa anterior,
objetivando destacar alguns princípios para praticar a Educação Musical com este
público.
Ao abordar sobre estratégias e atividades adaptadas metodologicamente
para a Educação Musical Especial e desenvolvê-las com alunos com necessidades
especiais, Louro (2006) afirma que não devem existir grandes elos entre a educação
e a terapia em música, considerando os avanços percebidos na aprendizagem
musical dos seus alunos e as melhorias na personalidade, na saúde e no bem-estar
deles. Para a autora:
[...] é evidente que existe uma procura consciente pelo profissional com
olhar e prática ampliados, capacitado para lidar com as diversidades e para
trabalhar o aprendizado musical como possibilidade de cuidado e
desenvolvimento humano [...] (PASSARINI et al., 2012, apud SANTOS,
2018, p 5).
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é secundário. Este outro prisma da Educação Musical Terapêutica também é
interessante e inovador, contudo, vai além do que Passarini propõe
fundamentalmente.
Trazendo o olhar para a Educação Musical Especial, Fantini, Joly e Rose
(2016) apresentam o estado da arte das produções brasileiras em Educação
Musical Especial nos últimos 30 anos. As autoras realizaram o mapeamento nos
principais meios de publicação de educadores musicais, perfazendo um total de 126
estudos da área encontrados nas publicações e eventos da Associação Brasileira
de Educação Musical (ABEM), Simpósio de Cognição e Artes Musicais (SIMCAM)
e Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música (ANPPOM).
Nesta perspectiva, Carneiro (2014) também abordou a produção e a discussão
sobre a Educação Musical Especial, levantando conceitos, visões, similaridades e
distanciações entre a Educação Musical Especial e Musicoterapia. Para o autor, é
necessário que as áreas contribuam entre si através de conhecimentos e propostas
que sejam cada vez mais correlacionadas. Contudo, ressalta que é necessário
verificar as possibilidades de atuação de um professor musicoterapeuta (ou
educador-terapeuta), proposto por Passarini et al. (2012), delimitando os campos
de atuação de cada um.
A partir das literaturas e aspectos abordados, pode-se propor, então, que a
mais intensa relação entre a Educação Musical e a Musicoterapia não encontra-se
nas propostas pedagógicas, nos processos e resultados e o impacto das atividades,
mas sim, que está refletida nas ações de uma Educação Musical Especial, que,
muitas vezes, propõe um desenvolvimento de trabalho buscando tanto ensinar,
quanto promover o bem-estar de sujeitos com necessidades especiais. Ao
sabermos que, a Musicoterapia e a Educação Musical Especial são desenvolvidas
com um mesmo público, que possuem aproximações e contribuições de uma para
outra, bem como um resultado muito similar de trabalho em determinadas vezes,
mas que seus objetivos e fundamentações são divergentes, é possível considerar
que ambas demarcam uma fronteira entre processos educacionais e terapêuticos,
conforme Bruscia (2000). Borne (2012) buscou descrever as interfaces entre
Educação Musical Inclusiva e Musicoterapia, a partir de seu projeto com a Educação
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de Jovens e Adultos (EJA), mas afirma ter sido um desafio descrever e delimitar as
fronteiras entre as áreas. Apesar disso, o autor identificou melhorias e crescimentos
em alguns aspectos, comprovando os benefícios em vista do aprendizado integral
dos mesmos: aumento da autoestima, melhor organização temporal, consideração
e cuidado pelo outro, entre outros.
Apesar de claras as contribuições no bem-estar, no convívio social e na
formação integral de participantes e alunos, os autores, geralmente, discorrem um
diálogo ainda com pouca discussão sobre o desenvolvimento destes aspectos
integrais à formação. Apesar disso, apresentam importantes questões relacionadas
ao ensino musical de pessoas com necessidades especiais. Nesta mesma
perspectiva, Joly (2003) sugere propostas de ensino de música para sujeitos com
necessidades especiais. Para haver uma abordagem pedagógica adequada, é
necessário que o professor tenha um considerável conhecimento sobre o estudante,
sobre as características de sua deficiência, sobre o seu meio social e educacional,
devendo adquirir novos conhecimentos constantemente, para uma melhor
adaptação e entendimento sobre as capacidades do estudante.
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Já a multidisciplinaridade é compreendida pelo autor como um “sistema de
um só nível e de objetos múltiplos [...]” (apud SANTOS, 2018, p 8), que aparece em
uma situação de variedade de disciplinas, propostas de maneira simultânea, mas
que não realizam trocas e não mantêm uma relação entre si.
Dentre os autores desta revisão que abordam discussões com caráter
interdisciplinar, voltamos a mencionar Joly (2003), quem assegura que há uma
situação crescente de estabelecimento da Educação Musical como potência em
projetos interdisciplinares, relatando o trabalho musical com sujeitos especiais em
que situações multidisciplinares ocorriam, conforme exemplifica a seguir:
Fonte: escribo.com
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Pesquisas realizadas em diversos países, principalmente no final do século
XX, abonam que a influência da música no desenvolvimento do infante é
incontestável, demonstrando que bebês, ainda no útero, desenvolvem reações aos
estímulos sonoros. Estudos também apontam que, mesmo se o contato com a
música for feito por apreciação, isto é, não tocando um instrumento, simplesmente
ouvindo com atenção, os estímulos cerebrais são bastante intensos, mesmo sem
ter aprendido a tocar um instrumento musical.
A Federação Mundial de Musicoterapia (1985, p. 2) define que Musicoterapia
é a utilização:
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O uso da musicoterapia nas escolas brasileiras, no Ensino Infantil,
Fundamental e Médio, é um campo pouco explorado, resultando em escassez de
literatura e pouca divulgação dos resultados já concretizados. Como é sobejamente
conhecida, a musicoterapia deve ser trabalhada sempre com o suporte de um
especialista, ou seja, sempre que o professor necessitar, deve solicitar a ajuda deste
profissional. É bom lembrar que a musicalidade se inicia ainda em casa, quando a
criança aprende a gostar da música com os pais, na prática é a pré-escola da
música. Acresça-se a musicalização como sendo capaz de tornar um indivíduo
sensível e receptivo ao fenômeno sonoro e cabe à escola desenvolver na criança o
gosto pela música e pelo aprender.
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bases da inteligência, imaginação e criatividade. Porém, essas redes
podem ser destruídas quando as experiências na infância são destituídas
de estimulação mental ou sobrecarregadas de estresse. (KOTULAK,1997,
apud ILARI, 2003, p.8).
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oportunidade de receberem uma educação musical comprometida com a
realidade e individualidade de cada um (LOUREIRO, 2003, apud SANTOS,
2012, p. 183).
Seguindo o que preconiza o PCN, fica bem clara a importância das atividades
artísticas para a formação do indivíduo pleno:
Quando a criança inicia sua vida escolar (Ensino Infantil), em torno de 2 anos
de idade, estabelece-se um vínculo entre professor-aluno muito importante,
permitindo que o educador o conheça de tal forma, que será este o primeiro a
identificar os primeiros sinais de dificuldades de aprendizagem que ele possa ter,
mesmo antes da família. Então, tanto os educadores quanto a escola devem estar
preparados para atendê-lo durante todo o processo de ensino aprendizagem,
lembrando que cabe ao educador identificar o problema e solicitar o
acompanhamento de especialistas de cada dificuldade de aprendizagem, tais como
dislexia, disgrafia, discalculia, dislalia, disortografia e o Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade, entre tantas outras.
A música é relaxante e estimula a aprendizagem. Um médico búlgaro, de
nome Giorgio Losavov, verificou que crianças com dificuldade de aprendizagem,
que ouviram música clássica durante as aulas, tiveram um ótimo rendimento. Ele
alega que, quando o indivíduo ouve música clássica, lenta, ele passa do nível alfa
(alerta) para o nível beta (relaxado, mas atento), aumentando as atividades dos
neurônios e as sinapses tornando-as mais rápidas, o que facilita a concentração e
a aprendizagem (CUNHA, 2010).
Os problemas de dificuldades de aprendizagem podem ser decorrentes de
fatores biológicos ou emocionais, cabendo ao educador observar o aluno e auxiliá-
lo neste processo de aprendizagem, utilizando a música, sem esquecer-se de
solicitar o apoio de um especialista, sempre que se fizer necessário.
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O termo dificuldade de aprendizagem aparece em 1962, com a finalidade de
situar esta problemática num contexto educacional, tentando, assim, retirar-lhe o
“estigma clínico”, que o caracterizava. É importante salientar que a aprendizagem e
a construção do conhecimento são processos naturais e espontâneos do ser
humano, para garantir a sua sobrevivência.
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Um dos objetivos de trabalhar a musicalização é aproximar a criança da
música, para que este possa ouvi-la, compreendê-la e apreciá-la, de uma maneira
natural, de tal forma que passe a fazer parte de seu cotidiano. Snyders (1992, p. 28)
vem corroborar com esta afirmativa quando alega ser preciso, em nome do resgate
da alegria escolar, tomarmos consciência das verdadeiras carências pedagógicas
no domínio do ensino musical e projetar um plano estratégico, transparente e
inovador, que tenha objetivos claros e bem definidos que possam ser efetivados no
cotidiano da vida escolar.
É importante destacar a importância da Musicoterapia quando realizada com
crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem. Permite-lhes uma
transformação da realidade, possibilitando sua integração à sociedade através de
estratégias de superação ou amenização dos problemas. Segundo Barcellos (1992,
p. 20).
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musical dos alunos, pois, estes trazem uma bagagem cultural que deve ser
estimulada, trabalhada, fortalecendo os vínculos de amizade, respeito, afirmação e
confiança entre todos os envolvidos.
3 A CONSTRUÇÃO DA MUSICOTERAPIA
Fonte: revistainterativa.org
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ganhou forma no final da Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos, quando os
médicos perceberam que, ao ouvirem os músicos tocar os enfermos de guerra
melhoravam de forma significativa, tanto emocional quanto fisiologicamente, a
ponto de receberem alta antes do previsto. Foi a partir daí que o corpo clínico iniciou
diversos estudos para compreender os efeitos terapêuticos que a música
proporciona na saúde mental, neurológica e emocional e, em 1944, surgiu o primeiro
curso de musicoterapia.
No Brasil, o curso iniciou na década de 1970 no Rio de Janeiro. Com o passar
do tempo, surgiram cursos de graduação em diversos estados (São Paulo, Goiás,
Paraná, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, entre outros) com
duração de quatro anos. É um curso em constante transformação, pois:
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sem prejudicar o andamento da aprendizagem daqueles com mais conhecimento.
Assim, é importante compreender como se dá o processo da construção do
conhecimento na sala de aula.
Segundo Werneck (2006), a construção do conhecimento deve corresponder
a uma unidade de pensamento, um consenso universal pois esse processo não é
totalmente pessoal e independente sem vínculo com a comunidade científica e com
o saber universal. No âmbito educacional, podemos considerar como construção do
conhecimento todo o processo de ensino-aprendizagem na relação docente-
discente e discente-docente, e para compreender essa dinâmica é necessário
discutir o papel de cada um e a dinâmica de sua relação.
Segundo Jesus e Pires (2013) o maior desafio da docência no ensino
superior atualmente é fazer com que o aluno tenha uma participação ativa na sala
de aula e que adquira conhecimentos de forma satisfatória ao longo do curso. Para
que esse processo aconteça, é necessário que o docente esteja sempre buscando
renovar e adquirir novos conhecimentos.
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A dimensão institucional trata-se das circunstâncias das faculdades e
universidades em que o docente atua ou já atuou, pois, cada instituição possui
ferramentas pedagógicas diferenciadas às quais o docente deve se adequar para
conseguir ministrar suas aulas de forma eficaz.
Diante desse quadro podemos afirmar que essas dimensões se entrelaçam,
pois é através das experiências de vida que o docente adquiriu enquanto aluno e
durante a sua fase acadêmica que consegue traçar objetivos e estratégias de ensino
conforme as necessidades de cada aluno e dentro das possibilidades que a
instituição oferece (infraestrutura, ferramentas de multimídia, entre outros).
23
Davenport e Prusak (1998) afirmam que esses três conceitos estão
inteiramente interligados formando uma hierarquia entre eles. Para os autores,
dados são registros sem significado, que dão base para a construção de
informações quando adquirem algum significado. Já os dados que foram
interpretados e têm relevância e propósito são denominadas informações. O
conhecimento, por sua vez, é o conjunto de informações reconhecidas e integradas
pelo indivíduo aplicadas em suas ações cotidianas para a obtenção de algo.
O conhecimento é uma mistura fluida de experiência condensada, valores,
informação contextual e insight experimentado que fornece uma estrutura para
avaliar e incorporar novas experiências e informações (ibid, 1998, p. 6). Esse saber
torna-se incorporado em documentos ou repositórios e em rotinas organizacionais,
processos, práticas e normas.
Nonaka e Takeuchi (1997) definem o conhecimento em dois tipos: tácito e
explícito. O conhecimento tácito é representado pelos modelos mentais, técnicas e
habilidades pessoais de difícil formalização tornando penoso o papel de
compartilhar com os demais sujeitos. Já o conhecimento explícito pode ser
articulado e compartilhado por diversas formas de linguagem, seja verbal, escrita,
seja na forma, especificações, manuais.
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Já a internalização é a conversão da parte do conhecimento explícito de
uma organização no conhecimento tácito de um indivíduo, o que acontece
por meio de leitura individual de documentos de diferentes formatos e
multimídias (textos, imagens etc.) e da reinterpretação e reexperimentação
individual de vivências e práticas (SILVA, 2004 apud FERREIRA, 2015, p.
17).
Fonte: correiobraziliense.com.br
25
A musicoterapia é fundamental no ambiente educacional, e pode ser uma
prática adotada tanto no ensino regular como na educação especial. O profissional
responsável pelo ensino musical no contexto escolar, deve realizar um diagnóstico
situacional dos alunos, visando identificar possíveis problemas que interferem no
processo ensino-aprendizagem, para assim utilizar a musicoterapia como meio de
auxiliar na evolução das habilidades intelectuais, motoras, emocionais e sociais
(CUNHA e VOLPI, 2008).
No entendimento de Bruscia (2000), o professor precisa compreender que a
musicoterapia inserida no campo educacional visa apresentar a música aos alunos
como meio profilático e reabilitativo, utilizando-se de técnicas musicais voltadas
para a melhoria de transtornos relacionados à aprendizagem, e dificuldades quanto
à leitura e escrita. Bréscia (2003, p. 50) alega que:
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sonoras. Se um indivíduo não souber distinguir os sons, eles passaram como ruídos
sem significados. Por isso é necessário desenvolver tal percepção. Essa
capacidade pode ser criada por meio de jogos, como improvisação e percussão
corporal. Ao ouvir os registros do som é possível chamar a atenção para o grave, o
agudo, as diferentes intensidades e timbres (SANTOS JÚNIOR, 2015, apud
SANTOS JUNIOR, 2018, p. 2695).
Como os seres humanos não são iguais, é lógico que a música, que é uma
expressão humana, também não o é. Dessa forma, a música se torna uma grande
aliada para aproximar os indivíduos de diferentes culturas. Através das sensações
que são potencializadas pela música o indivíduo tem mais facilidade para entender
uma cultura diferente daquela em que foi socializado. Se essa função do ensino da
música for explorada a assimilação dos conteúdos de história, geografia, e das
demais matérias pode se dar de maneira mais receptiva, contribuindo assim para o
desenvolvimento do aluno.
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importante não é ter o refinamento, mas a qualidade afetiva. Isto tem um valor
enorme para fortalecer vínculos", (BRITTO, 2003, p. 208, apud SANTOS JUNIOR,
2018, p. 2695).
De acordo com Sekeff (2002, p.192) estudos apontam os efeitos benéficos
da música sobre a vida da criança, especialmente na idade escolar, sendo a terapia
musical considerada positiva e contributiva no contexto educacional. Professores e
pais de crianças, que na escola detinham a musicoterapia, relataram melhorias na
convivência social e afetiva, aumento da concentração, melhora no comportamento
e no desenvolvimento das funções intelectuais, além de expressarem melhor seus
sentimentos. O autor relata ainda que a convivência direta com a música não
beneficia unicamente o aluno e seu desenvolvimento cognitivo, mas também,
desperta interesses artísticos e musicais que estimulam a proximidade com a
cultura.
O uso da musicoterapia no campo escolar proporciona ao aluno um
aprendizado que vai além das formas tradicionais de ensino-aprendizagens, pois a
música leva o aluno a pensar, comunicar e expressar seus sentimentos por meio de
melodias e ritmos, que diferem da comunicação verbal. Assim sendo, o contato com
a música e toda a sua essência, oferece ao aluno a oportunidade de na linguagem
musical, descobrir novos métodos que deem sentido à sua existência e significado
à sua convivência com as pessoas, família e coletividade.
Do ponto de vista do profissional que executa a prática musical com seus
alunos, é visto que o mesmo além de obter uma gama de conhecimentos musicais,
apresenta melhoria expressiva em sua qualidade de vida. A educação musical faz
com que as crianças apresentem melhor desempenho em suas atividades
escolares, além de contribuir nos exercícios que envolvem matemática e raciocínio
lógico. Outrossim, quando o estudante descobrir sua habilidade em tocar um
instrumento, aumenta ainda mais seu potencial de aprendizado, especialmente em
atividades que envolvem a memória, como ressalta Bréscia (2003, p. 148).
A fim de ampliar essa discussão, Tusler (1991, p. 196) menciona que por
meio da educação musical, o estudante obtém a autodisciplina, e apresenta
expressiva mudança no comportamento e na maneira de se expressar e comunicar
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com os colegas de sala de aula. Além disso, a música proporciona efeitos sobre a
qualidade de vida como um todo, e tem o poder de aumentar o bem-estar; levar ao
relaxamento; proporcionar melhoria na saúde física e psíquica; elevar a autoestima;
fortalecer o corpo e a mente; estimular a autorreflexão e pensamento; e oferece
consolo e energia para o dia a dia.
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rapidamente possível. A tarefa de desenvolver ações educativas capazes de
transformar comportamentos ficou ao encargo dos trabalhadores da educação.
Essa lógica, além de fragmentar o conhecimento, deixou de considerar os
problemas cotidianos vivenciados pela população. (ALVES E AERT apud
FALKENBERG, MENDES, MORAES e SOUZA, 2014).
O termo educação e saúde, segundo FALKENBERG et al (2014), ainda hoje,
é utilizado como sinônimo de Educação em saúde, indica um paralelismo entre as
áreas, separando seus instrumentos de trabalho. “Educação ocupando-se dos
métodos pedagógicos para transformar comportamentos e a saúde dos
conhecimentos científicos capazes de intervir sobre as doenças”.
A Musicoterapia se correlaciona com outras áreas do conhecimento o que
proporciona um leque de possibilidades de ações interdisciplinares.
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As práticas de educação em saúde são inerentes ao trabalho em
saúde, mas muitas vezes estão relegadas a um segundo plano no
planejamento e organização dos serviços, na execução das ações de
cuidado e na própria gestão. (FALKENBERG, et al, 2014, apud
SANTOS, 2014, p. 65).
Segundo Bruscia (2000) a saúde é holística, indo além do corpo para incluir
a mente e o espírito e vai além do indivíduo para incluir a sociedade, a cultura e o
meio ambiente em que vive. “A saúde é o processo que visa a atingir o potencial
máximo de integridade individual e ecológica do sujeito” (BRUSCIA, 2000, apud
SANTOS, 2014, p. 65).
Pensando na escola como um meio de intervenção e saúde, o
musicoterapeuta pode atuar de forma preventiva nos projetos e intervenções
realizadas, estes envolvem a criança, o adolescente, a família, os vizinhos etc.
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se que estes fatores são essenciais para a transformação, o suficiente para lidar
com os dilemas da sala de aula e dos processos educacionais de forma mais
tranquila e passiva.
Já que existem temas que aproximam e distanciam Musicoterapia e a
Educação, como poderíamos trabalhar essas duas áreas de forma harmoniosa?
Segundo Silva (2011), para que trabalhem juntas, o primeiro passo é o conceito de
educação a partir do humano, que está também ligado a área da saúde.
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Gaiza (apud ALMEIDA E CAMPOS 2013) aponta uma reflexão acerca do educador
musical e o musicoterapeuta que podemos utilizar como ferramenta para refletir
educação e musicoterapia:
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capacidade criativa na relação com esse outro; promove mudanças e
traz o desenvolvimento pessoal, possibilita as expressões sonoro-
musicais-não-verbais e o desenvolvimento das habilidades musicais,
todos em um mesmo nível de importância. (PASSARINI et al, 2012,
apud SANTOS, 2014, p. 67).
“[...] a arte não só revela, mas afeta o mundo ao redor ...” (BARBOSA, 1984,
apud SANTOS, 2014, p. 68). A arte em geral traz consigo elementos de
transformação, ela por si só já é criativa, nova; capaz de conceder mudança, que
acontecem justamente pelo potencial reflexivo e crítico da arte, em especial da
música tratada neste artigo.
Para Bruscia (2000), a Musicoterapia é um processo que tem lugar no tempo;
para o cliente envolve um processo de mudança, para o terapeuta é uma sequência
de intervenções ordenadas no tempo, tanto para um quanto para outro pode ser
descrito como educacional, interpessoal, artístico, musical, criativo ou científico.
Bruscia (2000) afirma, que para ser terapia a intervenção deve ser feita por
um terapeuta; uma tentativa intencional de produzir algum tipo de mudança. Assim
podemos dizer que:
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musicoterapêuticas são fundamentais e levam ao desenvolvimento do processo na
terapia bem como o aprendizado significativo do educando “A criatividade está
presente em todo ser humano, é preciso proporcionar oportunidades para seu
desenvolvimento” (ALMEIDA E CAMPOS, 2013, apud SANTOS, 2014, p. 69).
Para que a musicalidade, que é inata a todo ser humano, atue e seja veículo
de mudança é necessário que o cliente ou o educando esteja aberto a experimentar
a si mesmo, aos outros e ao mundo, para assim desenvolver capacidades
receptivas, cognitivas e expressivas, afirmam os mesmos autores.
Para Gomes (2009) atitudes humanas e humanizadoras são canais de
expressão e mobilização de um corpo vibrante, que pulsa e que vive, pois “a criança
só conseguirá utilizar suas potencialidades na medida em que acreditar em sua
própria existência (DUCORNEAU apud GOMES, 2009, p.552).
Desta maneira o trabalho terapêutico na educação pode contribuir para uma
mudança de olhar por parte do educador e do educando, para que consigam
estabelecer uma relação pautada no diálogo e na escuta mobilizando a abertura de
canais expressão, por meio do som do movimento e da própria música.
É fato que terapeutas e educadores lidam com questões pertinentes, e que
podem ser tratadas de maneira interdisciplinar. Os assuntos e dúvidas em relação
ao comportamento e ao aprendizado podem ser versados, de modo que os
profissionais e os educandos cresçam, e aproveitem ao máximo o tempo juntos
(terapeuta, educador, cliente) para crescimento pessoal e profissional, em um
ambiente prazeroso que valorize de fato o ser humano, aceitando suas limitações e
inspirações.
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5 A MÚSICA COMO RECURSO TERAPÊUTICO
Fonte: www.tjdft.jus.br
Até hoje encontramos estas “músicas de cura” nas pajelanças dos índios
brasileiros. Nas práticas xamânicas o canto, a percussão e a dança são os
estímulos utilizados para induzir ao êxtase. (CUNHA, 2003, apud
RAMALHO, 2017, p. 8).
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a música poderia depurar e dominar as emoções e enriquecer a mente, através de
melodias que levassem ao êxtase.
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5.1 Doenças e Transtornos Tratados com a Musicoterapia
Fonte: radiovozdearari.com
[…] a memória declarativa, que permite lembrar uma peça de música que
ouvimos, a memória processual, que permite fazer movimento corporal em
sintonia com a música (bater palmas, bater o pé ao ritmo da música) e a
memória do tipo familiar, onde existe um reconhecimento e uma
identificação da música sem saber o título ou o compositor (BRIGHT,1997
apud MAIA, 2014).
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Estresse: “A pessoa deve identificar a origem desse problema e tomar
algumas atitudes, que variam: ficar em silêncio, ouvir uma música boa de
seu gosto pessoal que induza o relaxamento, seja instrumental ou não.
Outra opção para auxiliar no alívio é tocar um instrumento, como a bateria”.
– Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH): “Além dos
métodos terapêuticos, o paciente pode aprender a tocar algum instrumento
musical, pois isso irá contribuir no tratamento”.
– Acidente vascular cerebral (AVC): “A música pode colaborar com a
reabilitação social, emocional, física e, principalmente, da linguagem,
porque a pessoa voltará a se expressar naturalmente”.
– Autismo: “Por meio da música, vemos, aos poucos, que as pessoas com
autismo vão adquirindo uma maior expressividade, se organizando melhor,
se acalmando e ampliando a atenção, o que resulta no processo da
aprendizagem de novas capacidades” (MANFIO; SANTOS, 2016, apud
CORONAGO, 2017, p. 352).
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6 A MUSICOTERAPIA NO SÉCULO XX
Fonte: olharvital.ufrj.br
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jovens que apresentem problemas comportamentais, com deficientes físicos, entre
outras [23].
Nas investigações de meados do século XX, os médicos e os músicos
buscavam explicações para a eficácia deste fenômeno e com aparelhos mediram
os efeitos psicofisiológicos. Os pesquisadores voltados à Musicoterapia trouxeram
o pensamento grego sobre Música (Mousikè), seus princípios da metafísica da
harmonia, para complementar uma indicação da aplicabilidade musical. O que a
ciência pode explicar é o que existe a partir das ações e reações do corpo humano,
pois é possível. Conhecer a parte externa, mas não o seu interior (o inefável, o
subjetivo). Assim, alguns efeitos psicofisiológicos registrados justificaram uma
terapêutica musical [24].
41
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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42
BARTELMEBS, R. C. A observação na pesquisa em educação: planejamento e
execução. Material digital da disciplina de Metodologias de Estudos e Pesquisas III
do Curso de Pedagogia da Universidade Aberta do Brasil - FURG, 2012.
COSTA, C. M. O despertar para o outro. 1.ed. São Paulo: Editora Summus, 1989.
43
Cunha R. Jovens no espaço interativo da musicoterapia: o que objetivam por
meio da linguagem musical. [dissertação]. Curitiba: Universidade Federal do
Paraná; 2003.
FREIRE. P. Pedagogia da autonomia. 27. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2003.
44
GARDNER, H. Inteligências Múltiplas: a teoria na prática. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1995.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2008.
45
LOUREIRO, C. M. V; FRANÇA, C. C. Inclusão Física versus Integração: função
da musicoterapia na iniciação e educação musical da criança portadora de
atraso do desenvolvimento na rede regular de ensino. In: XV Congresso da
46
RAVAGNANI, A. A Educação Musical de crianças com Síndrome de Down em
um contexto de interação social. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-
Graduação em Música – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2009.
47
SEKEFF, M. de L. Da música: usos e recursos. São Paulo: Unesp, 2002.
TUSLER, R. L. Music: catalyst for healing. Alkmaar, the Netherlands: Dukkeri, 1991.
48