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Aula 13

Engenharia Agronômica p/ Concursos -


Curso Regular - 2022

Autor:
Diego Tassinari

01 de Maio de 2022

10146560442 - João Paulo de Oliveira Santos


Diego Tassinari
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Sumário
1 - PAISAGISMO.............................................................................................................................................. 3
1.1 - Evolução dos jardins .......................................................................................................................... 4
1.1.1 - Jardins da Antiguidade .............................................................................................................. 4
1.1.3 - Idade Média ................................................................................................................................. 6
1.1.4 - Jardins clássicos .......................................................................................................................... 8
1.1.5 - Jardins orientais........................................................................................................................... 9
1.1.6 - Jardins pitorescos e ecléticos ................................................................................................. 13
1.1.7 - Jardins modernos e contemporâneos ................................................................................... 14
1.1.8 - Paisagismo no Brasil ................................................................................................................. 16
1.2 - Elementos do paisagismo ............................................................................................................... 20
1.2.1 - Elementos naturais .................................................................................................................... 20
1.2.2 - Outros elementos...................................................................................................................... 23
1.3 - Projeto paisagístico .......................................................................................................................... 24
1.3.1 - Levantamento de informações................................................................................................ 24
1.3.2 - Concepção do projeto ............................................................................................................. 26
1.3.3 - Apresentação do projeto ......................................................................................................... 28
1.4 - Implantação e manutenção de jardins .......................................................................................... 29
1.4.1 - Serviços preliminares ................................................................................................................ 29
1.4.2 - Plantio ......................................................................................................................................... 29
1.4.3 - Manutenção de jardins ............................................................................................................. 31
2 - ÁREAS VERDES E ARBORIZAÇÃO URBANA ..................................................................................... 34
2.1 - Áreas verdes urbanas....................................................................................................................... 35
2.2 - Arborização urbana .......................................................................................................................... 38
2.2.1 - Planejamento da arborização urbana .................................................................................... 39
2.2.2 - Implantação e manutenção da arborização urbana ............................................................ 43
2.2.3 - Podas ........................................................................................................................................... 45
2.2.4 - Avaliação de riscos.................................................................................................................... 47
2.2.5 - Espécies para uso na arborização urbana ............................................................................. 48
2.2.5 - Espécies inadequadas para uso na arborização urbana ..................................................... 52
3 - QUESTÕES COMENTADAS .................................................................................................................. 53

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RAIO-X ESTRATÉGICO

Colega Estrategista,

Os assuntos de Paisagismo, Áreas Verdes Urbanas e Arborização Urbana nem sempre estão
presentes no conteúdo programático dos editais. Esses assuntos são abordados principalmente nas provas
de concursos para prefeituras, onde os profissionais de Engenharia Agronômica atuarão na implantação e
manejo das áreas verdes urbanas do município.

Uma das maiores dificuldades na abordagem desse tema é o grande número de espécies de plantas
ornamentais. Contudo, são poucas as questões que demandam o conhecimento de plantas específicas.

No Paisagismo, os principais assuntos cobrados são evolução e estilos de jardins, elaboração de


projetos de paisagismo e implantação e manutenção de jardins. Já as áreas verdes e arborização urbana
são pouco cobradas, aparecendo questões principalmente sobre os benefícios proporcionados pelas plantas
no ambiente urbano.

Bom estudo!
Prof. Diego Tassinari

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1 - PAISAGISMO
Paisagem é uma porção de território percebida em um lance de vista. Essa extensão territorial é
resultante de um processo evolutivo, podendo ter sofrido interferência humana, e sua percepção exige certa
distância de observação. O Paisagismo pode ser considerado como qualquer forma de representação da
paisagem ou, enquanto Arquitetura Paisagística, associa ciência, técnica e arte para organizar e conceber
espaços externos (paisagens) que se adequem às necessidades humanas. O jardim é justamente uma forma
de representação idealizada da paisagem, construído a partir da apropriação de elementos e traços das
paisagens naturais, com o intuito de trazer esses elementos para próximo das pessoas, desempenhando,
assim, papéis ecológicos, recreacionais, psicológicos, dentre outros.

Os Engenheiros Agrônomos têm suas atribuições profissionais definidas pela Lei nº 5.194, de 24 de
dezembro de 1966, que criou o sistema CREA (Conselhos Regionais de Engenharia e Agronomia) e CONFEA
(Conselho Federal de Engenharia e Agronomia). Com relação ao Paisagismo ou Arquitetura Paisagística, essa
não consta como atribuição profissional de Engenheiros Agrônomos (atribuição profissional de Arquitetos
Urbanistas), exceto no caso de Parcelamento e Uso do Solo Urbano (loteamentos), conforme decisão
normativa CONFEA nº 047, de 16 dezembro de 1992. Contudo, os engenheiros agrônomos têm nas suas
atribuições profissionais atividades referentes a parques e jardins, podendo atuar nas atividades ligadas a
esse aspecto de acordo com resolução CONFEA nº 218, de 29 de junho de 1973.

(IF-RS - IF-RS - 2016) Assinale a sequência que ilustra o preenchimento CORRETO dos parênteses, de cima
para baixo:
1. Paisagem.
2. Paisagismo.
3. Jardim.
4. Arquitetura paisagística.
( ) Processo contínuo que se empenha em fazer o melhor uso para a humanidade de uma área limitada da
superfície terrestre, conservando sua produtividade e beleza.
( ) Imagem de um pequeno mundo ideal, perfeito e privativo.
( ) Representação da paisagem pela pintura ou pelo desenho.
( ) Pode significar desde uma pintura, representando a vista de uma cena natural da região a uma extensão
do território visível a partir de um ponto determinado.
(A) 3 – 1 – 2 – 4.
(B) 1 – 2 – 3 – 4.
(C) 1 – 3 – 2 – 4.

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(D) 4 – 3 – 2 – 1.
(E) 2 – 3 – 4 – 1.
Comentário: nessa questão, o processo de construção de espaços a partir da sua funcionalidade e concepção
estética corresponde à Arquitetura Paisagística. Deve-se ressaltar, porém, que Arquitetura Paisagística e
Paisagismo podem ser considerados sinônimos em algumas situações, como para o CREA (4).
A imagem ou representação idealizada de uma porção de território privativa corresponde ao jardim (3).
A representação da paisagem por qualquer recurso artístico seria uma concepção abrangente de Paisagismo
(2).
Uma porção de território ou cena natural percebidos a partir de um lance de vista constitui uma paisagem
(1).
Gabarito: alternativa D.

1.1 - EVOLUÇÃO DOS JARDINS

A evolução dos jardins acompanha o panorama histórico das civilizações humanas, com influências
que se transmitem de acordo com as relações econômicas e de dominação que se estabeleceram, além da
mudança de valores (culturais, religiosos) ao longo do tempo.

1.1.1 - Jardins da Antiguidade

Os jardins persas, desenvolvidos a partir de cerca de 3.500 a.C., mantiveram-se influentes por muitos
séculos, exercendo influência desde os jardins da Mesopotâmia e do Egito até os jardins árabes. Esses jardins
eram cercados por muros e apresentavam estilo formal, sendo marcados por um canal principal, cortado
perpendicularmente por outro, dividindo o espaço em quadrantes bem definidos (divisão com sentido
simbólico) com fontes elaboradas no centro. As plantas utilizadas se repetem em vários outros estilos de
jardins posteriores e incluíam espécies arbóreas (plátano, álamo, palmeiras, como a tamareira, e coníferas,
como pinheiros e ciprestes), aromáticas (como o jacinto), frutíferas (laranjeiras, amendoeira) e ornamentais
(roseira, prímula e flores com bulbos, como lírios, narcisos, jacintos e amarílis).

Na Mesopotâmia (região entre os rios Tigre e Eufrates que abrangeu civilizações como sumérios,
assírios e babilônios), os jardins alcançaram enorme expressão, diferenciando-se dos jardins persas por
serem destinados principalmente ao lazer. Eram construídos nos pátios das cidadelas e em terraços, com
árvores para sombra e flores para ornamentação. Uma característica importante era a irrigação, que
permitia a construção de verdadeiros oásis, sendo a água distribuída por sulcos.

Os jardins egípcios tinham um importante papel utilitário, além de proporcionarem lazer. Esses
jardins exerceram influência sobre os jardins da Antiguidade Clássica e sobre os jardins clássicos europeus,
como a simetria perfeita e as formas geométricas retilíneas. O jardim era orientado pelos pontos cardeais,
cercado por muros e possuía canais de irrigação, além de um tanque central. Este tanque permitia a criação

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de aves aquáticas, como flamingos e íbis, e possibilitava o cultivo de plantas aquáticas como papiro e flor-
de-lótus. Nesses jardins também eram cultivadas frutíferas, como videira, sicômoro (tipo de figueira) e
tamareira, além de hortaliças.

Espécies arbóreas utilizadas em jardins desde a Antiguidade: cipreste (Cupressus spp.), álamo
(Populus spp.), amendoeira (Prunus dulcis), tamareira (Phoenix dactylifera) e plátano (Platanus spp.)
com detalhe das folhas.

Na Grécia Antiga, os jardins não apresentaram grande desenvolvimento, tendo caráter


essencialmente utilitário. A população vivia em cidades-estados cercadas por muralhas, com pouco espaço
disponível para jardins. Nos arredores, porém, havia cultivo de hortaliças, plantas frutíferas e florestas para
caça. Os jardins existentes localizavam-se principalmente nos liceus, ginásios e academias (vegetação
arbórea) e nos templos (flores para ornamentação e oferendas). Assim como os jardins dos templos egípcios,
os templos gregos também possuíam áreas ajardinadas formando "bosques sagrados".

Os jardins atingiram grande expressão na civilização romana, ocupando uma posição central nas
habitações e palácios. Os jardins romanos comumente se localizavam na porção central da residência
(átrio), rodeados pelo peristilo (sucessão de colunas que cercavam o pátio interno). Esse estilo de construção
é de inspiração grega, mas nas construções romanas o peristilo cercava um espaço ajardinado (hortus) em
vez de um pátio com calçamento de pedra. Nesse espaço, eram cultivadas árvores ornamentais (pinheiros,
cipreste, carvalho) e frutíferas (tamareira, videira, dentre outras), além de arbustos, hortaliças e flores. O
jardins romanos eram integrados à construção e com elementos arquitetônicos como colunas, pórticos,
canais, esculturas e muros (comumente pintados com afrescos representando jardins e paisagens naturais).
Nesses jardins, surgiu a técnica da poda pitoresca ou topiaria (do latim topiarius, termo que designava os
jardineiros), empregando arbustos como o buxinho e a murta.

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Flores utilizadas em jardins desde a Antiguidade: jasmim (Jasminum spp.), prímula (Primula spp.),
lírios (Lilium spp.), amarílis ou açucena (Amaryllis), jacinto (Hyacinthus orientalis) e narciso (Narcissus
spp.).

1.1.3 - Idade Média

Os jardins medievais se desenvolveram em diferentes condições, como os jardins de castelos, os


jardins monásticos e os jardins urbanos. Esses jardins eram marcados pelo simbolismo cristão e pelo
utilitarismo. A estética influenciada pelo Cristianismo valorizava formas geométricas perfeitas, como
quadrados e triângulos equiláteros. Durante o período feudal da Alta Idade Média, os jardins eram pequenos

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e tinham função contemplativa, como local de oração. Plantas associadas ao simbolismo cristão eram
empregadas, como roseiras (as rosas vermelhas simbolizavam o sangue de Cristo, enquanto as brancas
representam a pureza da Virgem Maria) e lírios, além de árvores para sombra e gramados. Jardins também
eram construídos no exterior das fortificações, com plantio de hortaliças e frutíferas.

Os monastérios tiveram um papel importante na Idade Média de preservar o conhecimento clássico.


Os jardins nesses locais tinham função contemplativa e utilitária, servindo para o cultivo de hortaliças e
plantas frutíferas para alimentação, produção de plantas medicinais para as enfermarias e cultivo de flores
e plantas com finalidade religiosa, como o zimbro, usado para aspergir água-benta.

A acrópole grega situava-se acima da cidade murada, com pouco espaço para jardins, mas com
bosques e florestas ao redor. As residências romanas copiaram o peristilo grego, mas com jardins no
interior. Na Idade Média, os castelos e fortalezas dispunham de pouco espaço para plantio, enquanto
nos monastérios eram cultivadas plantas para alimentação, medicinais e de cunho religioso.

À medida que os estados nacionais foram se consolidando, as cidades puderam se desenvolver para
além das muralhas das fortificações. Nesse processo de urbanização, os jardins se desenvolveram
principalmente para produção de alimentos, em especial para cultivos que resistissem ao inverno, como

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repolho, ervilha e hortaliças tuberosas. Ao final desse período, o Renascimento alterou profundamente a
concepção dos jardins, que se tornaram luxuriantes espaços de recreação.

1.1.4 - Jardins clássicos

O período no Renascimento foi marcante em todas as artes e áreas do conhecimento. O período foi
caracterizado pela concepção humanista e retomada dos valores da Antiguidade Clássica. No Paisagismo,
os jardins perderam o caráter religioso e se tornaram locais recreativos e verdadeiros trabalhos artísticos.

Enquanto os jardins medievais valorizavam as plantas pelo seu valor simbólico (para o Cristianismo)
e utilitário (alimentar, medicinal), o jardim renascentista era construído pela associação de arte,
conhecimento horticultural e valorização da natureza, de forma a integrar arquitetura e paisagem. Essa
integração se baseou grandemente no emprego de perspectivas, isto é, na disposição de elementos a partir
de determinado lance de vista. Os jardins eram construídos de acordo com formas e padrões geométricos.
A topiaria era extensivamente utilizada e as estátuas com deuses pagãos da Antiguidade Clássica foram
novamente valorizadas. As coleções botânicas uniam ciência e arte nesses jardins, favorecidas pelas intensas
trocas comerciais que se desenvolveram ao final da Idade Média e no início da Idade Moderna.

Os primeiros jardins renascentistas, precursores dos jardins clássicos, foram estabelecidos na Itália,
principalmente em Florença. Foi retomado o estilo romano de vilas luxuosas, construídas em colinas nos
arredores das cidades. Assim, os jardins perderam o caráter enclausurado que tinham, valorizando vistas e
paisagens externas percebidas a partir de terraços e belvederes. Os jardins assumiram também o papel de
demonstração de riqueza e poder. Elementos presentes nos jardins renascentistas, e que se manteriam nos
estilos clássicos subsequentes, incluem um eixo central dominante, a integração da arquitetura com o
jardim, terraços interligados por escadarias, anfiteatros, esculturas de deuses da Antiguidade e fontes em
nichos.

Elementos dos jardins renascentistas em Villa d'Este (precursora do barroco). Eixo central destacado e
integração do jardim à construção. O jardim tem diferentes níveis ligados por escadarias e terraços
com longas vistas. Retomada das esculturas greco-romanas e uso extensivo de topiaria.

Os jardins clássicos (jardins italianos e franceses principalmente) tiveram origem no Renascimento


(séculos XIV, XV e XVI) e atingiram maior rebuscamento durante o período barroco (séculos XVII e XVIII). Os

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jardins barrocos estão inseridos no contexto do Iluminismo e do Absolutismo. O primeiro elemento


contribuiu com a as formas geométricas, proporção áurea e eixos de simetria; enquanto o segundo
favoreceu o desenvolvimento de estados nacionais unificados que permitiram o desenvolvimento de jardins
de grandes extensões fora de fortalezas.

O estilo barroco é dramático e teatral, com uma multiplicidade de elementos. O eixo principal de
grandes dimensões é a principal característica desse estilo. Esse eixo dominante unificava jardim,
arquitetura e paisagem, dando a impressão de monumentalidade ao projetar-se para além dos limites do
jardim. Outros elementos caraterísticos desse estilo incluem avenidas e alamedas, canais, parterres
(canteiros desenhados), construções ao longo dos eixos, pontos focais (como fontes) e integração com a
paisagem ao redor.

Os jardins barrocos surgiram inicialmente na Itália, mas atingiram o apogeu na França, espalhando-
se por toda a Europa posteriormente. Os jardins barrocos atingiram máxima expressão na França de Luís XIV,
o "Rei Sol", com os jardins do Palácio de Versailles.

Jardins do Palácio de Versailles, na França, a máxima expressão do jardim clássico barroco. O extenso
eixo principal revela a grandiosidade do jardim, que se funde com a paisagem ao redor. Topiaria e
parterres (desenhos intricados com os gramados e canteiros) são elementos paisagísticos
característicos desses jardins.

1.1.5 - Jardins orientais

Enquanto os jardins do oriente médio (principalmente os jardins árabes) receberam inspiração de


inúmeros outros estilos (egípcio, persa, romano), os jardins chinês e japonês desenvolveram-se de modo
independente dos jardins ocidentais.

Os jardins árabes tinham a intenção de criar verdadeiros paraísos, como se a perfeição estética fosse
uma forma de contemplar a perfeição divina. Figuras humanas eram proibidas (idolatria) e padrões
geométricos complicados eram valorizados. A água era um elemento muito importante, presente em
canais, fontes, tanques e piscinas revestidos de azulejos. Assim como os jardins persas, uma disposição
largamente empregada era a divisão do jardim em quatro quadrantes por dois canais perpendiculares,

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representando os quatro rios do paraíso (água, vinho, mel e leite) e os quatro elementos (terra, fogo, água
e ar). Flores, plantas perfumadas e árvores frutíferas eram bastante empregadas, assim como as tamareiras.

Os jardins árabes se estenderam da Índia à Península Ibérica. Na Espanha, os jardins árabes tiveram
forte influência do estilo romano, como neste pátio interno com peristilo (colunas ao redor). O Taj
Mahal é um mausoléu com um extenso jardim dividido no clássico formato de quatro quadrantes.

Os jardins chineses e japoneses têm algumas similaridades, como a valorização da água e das rochas
e o forte simbolismo desses e outros elementos nos jardins. Os jardins chineses se desenvolveram sob
influência dos princípios filosóficos do Confucionismo, Taoísmo e Budismo. Os jardins constituíam, então,
importantes espaços de contemplação e meditação, pelos quais se pode atingir a iluminação interior. Havia
a preocupação de se criar uma forma de natureza idealizada no jardim, em que a ordenação dos elementos
segue um padrão que não é prontamente perceptível. Esse estilo de disposição aparentemente livre dos
elementos (informal) influenciou os jardins ingleses dos séculos XVIII e XIX. As rochas são elementos
extremamente valorizados nos jardins chineses, com um simbolismo não só associado às montanhas, mas
também como manifestações da energia vital (qi). O jardim chinês se desenvolveu ao longo de mais de dois
mil anos, com mudanças de estilos ao longo desse tempo. Na dinastia Ming (séculos XIV a XVII), a criação de
jardins se profissionalizou, sendo praticada por pintores de paisagens que transferiam para o jardim o padrão
estético das pinturas, processo semelhante ao do jardim pitoresco do século XVIII.

O plantio aparentemente desordenado dos jardins chineses inspirou os jardins pitorescos europeus.
Rochas e água eram elementos simbólicos de grande importância nos jardins chineses e japoneses.

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O desenvolvimento dos jardins japoneses foi fortemente influenciado pelos jardins chineses. Antes
da introdução do Budismo e Taoísmo no Japão, os jardins já apresentavam importância religiosa dentro do
sistema de crenças desse período. Uma característica desse período inicial era a presença de areia ou
cascalho claro, representando pureza, ao redor de locais considerados sagrados, característica que seria
replicada posteriormente. O jardim lago-ilha foi um dos primeiros estilos a se desenvolver, com influência
chinesa na importância estética que as rochas tinham para o jardim. A doutrina Zen do Budismo exerceu
forte influência no Japão, com o desenvolvimento de jardins característicos em que o canteiro de cascalho
era trabalhado com rastelo em uma associação de trabalho físico e meditação. A ritualística da cerimônia de
chá influenciou o posterior desenvolvimento dos jardins de chá. Inicialmente, constituíam paisagens a serem
admiradas a partir do local onde o chá era servido. Depois, o jardim japonês assumiu o papel de preparação
mental para a cerimônia. Com isso, valorizou-se o percurso a ser percorrido ao longo do jardim, através de
escadas, caminhos tortuosos e pisos irregulares de pedras. Como as cerimônias eram realizadas ao nascer e
pôr do sol, a iluminação pela disposição de lanternas no jardim tornou-se importante.

Jardins do Palácio de Versailles, na França, a máxima expressão do jardim clássico barroco. O extenso
eixo principal revela a grandiosidade do jardim. Topiaria e parterres (desenhos intricados com os
gramados e canteiros) são elementos paisagísticos característicos.

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(NC-UFPR - Prefeitura de Curitiba, PR - 2019) O paisagismo tem como base diferentes elementos, os quais
evoluíram a partir das características de diferentes conceitos paisagísticos, partindo dos jardins da
Antiguidade (egípcios, romanos, gregos e persas), da Idade Média (mouriscos, medievais e astecas) e do
Renascentismo (italianos e franceses), até os dos pós-renascentistas ingleses e contemporâneos. Sobre o
assunto, considere as seguintes afirmativas:
1. O estilo egípcio adotava como orientação os pontos cardeais e apresentava traçados geométricos e
simétricos. As principais vegetações utilizadas eram papiro, palmeiras, lótus e pomares, como os de videira
e laranja.
2. O estilo grego teve influência egípcia e, além de sua aplicação em jardins privados, inovou com áreas
públicas.
3. O uso de vegetações do tipo coníferas, plátanos, frutíferas e hortas, a inclusão de esculturas vegetais e
elementos arquitetônicos, como fontes e uso de escadas e esculturas, são características do estilo persa.
4. Uma das principais inovações proporcionadas pelo estilo romano foi a inclusão de flores perfumadas e
passíveis de serem trocadas. Exemplo de plantas utilizadas neste estilo são roseiras, tulipas, lírios e jasmins.
Assinale a alternativa correta.
(A) Somente a afirmativa 4 é verdadeira.
(B) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
(C) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
(D) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
(E) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Comentário: a afirmativa 1 está correta, pois os jardins egípcios seguiam a orientação dos pontos cardeais
(a astronomia tinha grande importância para os egípcios) e os traçados eram retilíneos, com formas
geométricas e disposição simétrica dos elementos. Nos tanques, que ocupavam a porção central do jardim,
eram cultivadas plantas aquáticas como o lótus e o papiro. Nesses jardins também eram cultivadas espécies
úteis e ornamentais, como palmeiras e frutíferas.
A afirmativa 2 foi considerada correta, ainda que os jardins gregos tenham recebido pouca influência
estrangeira durante o seu desenvolvimento, exceto a partir da expansão do mundo helenista com as
conquistas de Alexandre, o Grande. Os jardins privados gregos apresentaram pequeno desenvolvimento ao
longo da história da civilização, mas a natureza era valorizada nos bosques sagrados e na visão idealizada do
pastoralismo. O desenvolvimento dos jardins foi mais proeminente nos espaços públicos dos liceus, ginásios,
academias e ágoras (praças ou mercados onde os cidadãos da pólis se reuniam para discutir política).
A afirmativa 3 está errada, pois os jardins persas apresentavam estilo formal, com poucos elementos
arquitetônicos (apenas fontes, canais e pavilhões). As esculturas vegetais (topiaria) apareceriam apenas nos
jardins romanos, sendo mais extensamente empregadas nos jardins clássicos franceses e italianos (sendo
que estes, sim, apresentavam muitos elementos arquitetônicos, como escadas e esculturas).
A afirmativa 4 está errada, pois a valorização de flores perfumadas é uma característica marcante dos jardins
persas e árabes.
Gabarito: alternativa B.

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1.1.6 - Jardins pitorescos e ecléticos

No século XVIII, os valores do Iluminismo na filosofia, ciência e arte se opuseram ao barroco,


refletindo, também nos jardins, valores como liberalismo, racionalismo e neoclassicismo. A influência desse
estilo neoclássico, porém, foi sendo superada nas artes e, em especial, nos jardins, pelo Romantismo, que
marcou profundamente o estilo dos jardins do século XVIII e início do século XIX.

A evolução do estilo neoclássico para o romântico foi marcada pela mudança da regularidade para
irregularidade e do formal para o informal. Os jardins passaram de construções opulentas e grandiosas para
espaços aprazíveis ao ar livre, com valorização da natureza e das formas naturais e sinuosas. Diferentes
estilos de jardins surgiram nesse período, acompanhando a mudança progressiva do Neoclássico para o
Romântico, como o estilo pitoresco (inspirado em pinturas de paisagens) e o jardim inglês (grandes espaços
abertos, caminhos convidativos).

As pinturas de paisagens da Antiguidade Clássica inspiraram o estilo pitoresco, que se baseava na


representação dessas paisagens, e não nos estilos clássicos em si. Jardim pitoresco, inspirado nos
"bosques sagrados" da Antiguidade Clássica, com elementos românticos (ruínas). Os jardins de
paisagem ingleses, com extensos gramados, arborização, caminhos sinuosos e locais de parada
tiveram grande influência nos parques urbanos. A natureza como inspiração se traduzia em
disposição assimétrica da vegetação e plantios informais.

Os jardins do século XIX não foram marcados pelo desenvolvimento de um estilo particular, mas pela
inspiração exercida por vários estilos anteriores, resultando em misturas de elementos que caracterizaram

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os jardins ecléticos desse período. Existe uma similaridade entre esses estilos e o desenvolvimento do pós-
modernismo, que se baseia em construções estéticas com enorme liberdade e livre de preconceitos.

O estilo eclético se manifestava pela mistura de elementos de diferentes estilos (como esse pagode
em um jardim inglês) e pela mistura de plantas de diferentes origens numa composição pitoresca.

1.1.7 - Jardins modernos e contemporâneos

O desenvolvimento do modernismo nos início do século XX também influenciou a construção de


jardins. Linhas simples, pouca ornamentação e formas elegantes caracterizaram o estilo. Nos jardins,
buscou-se a integração do paisagismo à arquitetura, a construção de espaços externos funcionais, a
construção de hábitats a partir do uso de plantas nativas e formas geométricas inspiradas na arte abstrata.
O traçado dos caminhos comumente era retilíneo, enquanto os canteiros tinham formato curvo. Materiais
modernos, como concreto, vidro e aço, foram introduzidos nos jardins de diferentes formas.

Uma das maiores expressões do Paisagismo modernista foi o artista plástico e paisagista brasileiro
Roberto Burle Marx. Uma de suas maiores contribuições, além do extenso legado de projetos no país e no
exterior, foi a introdução de diversas plantas nativas brasileiras no Paisagismo.

A fase central do modernismo foi seguida por um período bastante diversificado de pós-modernismo.
Enquanto o modernismo valorizava a simplicidade e a abstração (elemento isolado do contexto), o pós-
modernismo adotou a complexidade, a pluralidade, a experimentação e elementos carregados de
significado de acordo com a visão do artista.

Os jardins contemporâneos são aqueles construídos na atualidade. Os jardins residenciais são


fortemente influenciados pelas características da sociedade moderna: urbanização (jardins em pequenos
espaços, jardins verticais), pouco tempo disponível (jardins de fácil manutenção), tempo livre à noite
(necessidade de iluminação), desenvolvimento tecnológico (técnicas, insumos e equipamentos modernos).
Os principais estilos contemporâneos incluem o jardim tropical, o estilo minimalista e o xeropaisagismo
(plantas de locais secos, pouca manutenção).

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A valorização das plantas nativas, como da região amazônica e da Mata Atlântica, foi uma marca do
modernismo. Jardins do Palácio do Itamaraty, projeto de Burle Marx. Jardins contemporâneos no
Instituto Inhotim, MG.

(IF-RS - IF-RS - 2016) Na evolução histórica dos jardins, o estilo contemporâneo, com influência
__________, destaca-se por ser informal; assimétrico; limitado a formações naturais; caminhos sinuosos;
amplos relvados; árvores isoladas, agrupadas ou a grandes maciços irregularmente distribuídos. Assinale
a alternativa que representa as palavras que preenchem CORRETAMENTE a lacuna no texto:
(A) Oriental e Inglesa
(B) Egípcia e Medieval
(C) Grega e Romana
(D) Romana e Persa
(E) Francesa e Inglesa

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Comentário: a alternativa A está correta, pois os jardins orientais e ingleses apresentavam estilo informal,
com traçados orgânicos (sinuosos) e disposição das plantas de modo semelhante às formações naturais.
A alternativa B está errada, pois os jardins egípcios eram marcados pela simetria, enquanto os jardins
medievais eram essencialmente utilitários.
A alternativa C está errada, pois os jardins romanos tinham estilo formal, com caminhos retilíneos.
A alternativa D está errada, pois os jardins persas tinham estilo formal, com traçados retilíneos e disposição
simétrica dos elementos.
A alternativa E está errada, pois os jardins franceses tinham estilo formal, com grande apreço pela simetria
e formas geométricas.
Gabarito: alternativa A.

1.1.8 - Paisagismo no Brasil

Durante o período colonial no Brasil, o desenvolvimento do paisagismo foi bastante incipiente. O


casario típico das cidades históricas brasileiras demonstra bem isso: não há recuo das construções em relação
à calçada. Assim, quase nunca há jardim na frente dessas casas, apenas quintal nos fundos. Nesses quintais,
eram cultivadas plantas úteis, como hortaliças, aromáticas e medicinais, além de árvores par amenizar o
calor.

A primeira intervenção urbanística associada também ao paisagismo ocorreu durante a invasão


holandesa ao Nordeste brasileiro. Durante o período de sua administração (1637-44), Maurício de Nassau
promoveu a vinda de artistas e cientistas e conduziu a urbanização de Olinda e Recife, com plantio de
árvores frutíferas como laranjeiras e limoeiros para arborização.

O próximo grande marco no desenvolvimento do paisagismo no país, ainda no período colonial (séc.
XVIII), foi a construção do Passeio Público do Rio de Janeiro, o primeiro parque ajardinado do país. O parque
foi construído por ordem do então vice-rei, no local onde havia uma lagoa que foi aterrada. O projeto do
parque e a construção (1789-93) ficaram a carga de Mestre Valentim, escultor nascido em Minas Gerais,
treinado em Lisboa e radicado no Rio de Janeiro. O jardim foi elaborado em estilo formal, com forte
influência do estilo francês e do barroco (na versão mais suavizada do rococó), prevalecendo as formas
geométricas e a simetria. O jardim rapidamente se tornou o ponto de encontro da sociedade da época.

(CESPE - IPHAN - 2018) A respeito do paisagismo no Brasil colonial e de aspectos econômicos decorrentes
da implantação de jardins tropicais e parques no Brasil desse período histórico, julgue os itens
subsequentes.

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Durante toda a história do Brasil colonial, a jardinagem e o paisagismo baseavam-se no uso de plantas
exóticas e na crescente exploração da flora nativa, cuja abundância de mudas e sementes possibilitou uma
arborização urbana rica em biodiversidade vegetal.
No Brasil colonial, era precária a estrutura de mão de obra especializada para idealizar e implementar os
projetos de paisagismo nas cidades.
O período de maior crescimento da jardinagem e do paisagismo no Brasil colonial foi marcado pelo
aquecimento da economia em razão das exportações de açúcar, borracha, algodão, fumo e café.
Durante a história moderna, a explosão verde ocorreu de forma ordenada e com base em princípios
estéticos, artísticos e técnicos que contribuíram para o surgimento de praças e parques com uma arborização
urbana bem estruturada e desenvolvida, que se manteve até o início da estruturação das redes elétricas e
de água e esgoto.
Comentário: a primeira afirmativa está errada, pois o desenvolvimento do paisagismo no período colonial
foi bastante incipiente, baseando-se grandemente na introdução de espécies exóticas. A arborização urbana
viria a se tornar uma preocupação apenas no século XIX, já no período imperial.
A segunda afirmativa está correta, pois não havia disponibilidade de profissionais com alguma experiência
na implantação de jardins no período colonial.
A terceira afirmativa foi considerada correta, pois o desenvolvimento do paisagismo em geral acompanha o
progresso econômico. Contudo, os ciclos econômicos da borracha, do algodão, do fumo e do café não se
deram no período colonial, o que tornaria a afirmativa errada.
A quarta afirmativa está errada, pois inúmeras espécies foram introduzidas na arborização urbana sem o
conhecimento de suas características (exigências, porte, hábito de crescimento), o que levou a diversos
inconvenientes com o passar do tempo, como danos às calçadas e queda de árvores.
Gabarito: E - C - C - E.

A vinda da família real para o Brasil e a transferência da corte para o Rio de Janeiro em 1808 iniciaram
um período de enormes transformações no país, inclusive no paisagismo. Um marco importante do período
for a criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro ("Real Horto"), em 1808, para produção de carvão
(componente para produção de pólvora) e aclimatação de plantas de outros locais, com especial interesse
nas especiarias e no chá. A partir desse período intensificou-se a introdução de plantas ornamentais exóticas,
trazidas por imigrantes, doadas por embaixadores ou oriundas da invasão à Guiana Francesa.

Na primeira metade do século XIX, já havia profissionais dedicados à implantação de jardins, com dois
estilos predominantes, dos jardins clássicos (principalmente jardins franceses) e dos jardins modernos
(estilo inglês). Nesse período, o botânico prussiano Ludwig Riedel, que integrava uma missão científica
estrangeira, conduziu o processo de arborização da cidade do Rio de Janeiro, introduziu diversas espécies
no recém criado Jardim Botânico do Passeio Público e se tornou o primeiro Diretor de Jardins.

Na segunda metade do século XIX, o engenheiro e botânico francês Auguste François Marie Glaziou
teve importante papel no paisagismo brasileiro. Participou da reforma dos jardins do Passeio Público do Rio
de Janeiro, sendo então nomeado por D. Pedro II como Diretor de Parques e Jardins. Glaziou deixou um
legado de jardins públicos e particulares, com destaque para na Quinta da Boa Vista (residência da família
imperial), no Campo de Santana (ambos no Rio de Janeiro) e no Palácio Imperial de Petrópolis. Os trabalhos
de Glaziou foram fortemente influenciados pelo estilo naturalista dos jardins ingleses (jardim paisagístico

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inglês), com a característica marcante de tentar produzir ambientes que representassem uma forma
idealizada de natureza.

(CESPE - IPHAN - 2018) A colonização brasileira foi marcada pelo protagonismo de estrangeiros de
diferentes nacionalidades, que trouxeram consigo grande diversidade cultural que se refletiu em todas as
áreas do conhecimento e das artes, entre elas o paisagismo. A esse respeito, julgue os itens a seguir.
Maurício de Nassau, em meados do século XVII, empreendeu nas cidades de Maceió e São Luiz o primeiro
projeto de arborização urbana no Brasil com árvores frutíferas trazidas da Europa, como limoeiros e
laranjeiras.
No início do período colonial, predominavam nos quintais das residências plantas condimentares e
medicinais destinadas à alimentação, enquanto o cultivo de plantas ornamentais e de flores era basicamente
feito em mosteiros e conventos.
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi concebido com a função de reunir e aclimatar espécies de interesse
estritamente ornamental trazidas pelos europeus em atendimento aos desejos da corte portuguesa.
Inspirado no paisagismo inglês do século XVIII, Glaziou elaborou, em meados do século XIX, o paisagismo da
Quinta da Boa Vista e do Campo de Santana, no Rio de Janeiro, como parte de uma missão artística e
científica francesa feita a pedido da corte portuguesa.
Comentário: a primeira afirmativa está errada, pois Maurício de Nassau empreendeu a arborização das
cidades de Olinda e Recife durante o período da ocupação holandesa no Nordeste.
A segunda afirmativa está correta, pois na arquitetura urbana do período colonial não havia jardins na frente
das casas, apenas quintais nos fundos, onde eram cultivadas espécies com alguma utilidade. As plantas
ornamentais eram cultivadas principalmente em mosteiros e conventos para ornamentação de altares das
igrejas, costume que remonta aos jardins medievais.
A terceira afirmativa está errada, pois o Jardim Botânico do Rio de Janeiro tinha a função de aclimatar e
propagar espécies de valor econômico, como as especiarias.
A quarta afirmativa está correta, pois Glaziou foi responsável pelo paisagismo da Quinta da Boa Vista e do
Campo de Santana, sendo bastante influenciado pelo estilo do jardim paisagístico inglês (estilo informal, com
extensos gramados, bosques e reprodução de formas naturais idealizadas).
Gabarito: E - C - E - C.

No século XX, o paisagismo brasileiro teve seu maior expoente, Roberto Burle Marx. Nascido em São
Paulo, ainda muito novo mudou-se com a família para o Rio de Janeiro. Em 1928, com a família, muda-se
para Berlim para tratamento médico, ficando até 1929. Na Alemanha, estudou pintura, teve contato com
artistas da vanguarda modernista e descobriu a beleza das plantas tropicais em uma estufa do Jardim
Botânico. De volta ao Brasil, matriculou-se em 1930 na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi colega de
Oscar Niemeyer. Em 1932 desenvolveu seu primeiro projeto de paisagismo, em uma residência projetada
pelo arquiteto Lúcio Costa, responsável pelo projeto do Plano Piloto de Brasília. De 1934 a 1937, exerceu a

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função de Diretor de Parques em Recife, período de grande aprendizado e experimentação, desenvolvendo


uma de suas marcas mais características: o uso de plantas nativas no paisagismo.

Burle Marx projetou centenas de jardins, tanto no Brasil quanto no exterior. Suas criações
comumente tinham relação com suas pinturas modernistas, com formas livres e sinuosas e cores
contrastantes. Os jardins se integravam à arquitetura e à paisagem do entorno. Realizou expedições e foi
responsável pela introdução de inúmeras espécies tropicais no paisagismo, algumas até então
desconhecidas, emprestando seu nome a várias delas. Alguns de seus projetos no Brasil incluem os jardins
dos palácios da Alvorada e do Itamaraty em Brasília, do Parque do Ibirapuera em São Paulo, do Aterro do
Flamengo no Rio de Janeiro, do complexo arquitetônico da Pampulha em Belo Horizonte e diversas praças e
parques no Recife. Mantinha uma coleção de plantas em um sítio em Guaratiba, RJ, que doou ao IPHAN
(Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) em 1985 (hoje Sítio Burle Marx).

(CESPE - IPHAN - 2018) Acerca da atuação de Burle Marx no paisagismo brasileiro, julgue os itens seguintes.
As obras de Burle Marx, concebidas em obediência aos princípios que norteiam a arte de projetar jardins,
expressam um apelo multidisciplinar empreendido pelo paisagista.
Desde o início de sua carreira, Burle Marx privilegiou espécies nativas brasileiras e projetou jardins rígidos
aos moldes franceses, tendo abolido a formalidade comum nos jardins antigos, como a presença de fontes,
alamedas e esculturas vegetais.
Uma característica marcante nas obras de Burle Marx é a integral comunhão entre arquitetura e paisagismo:
ele partia de princípios artísticos clássicos, mas os transformava em traçados totalmente abstratos.
Nas obras de Burle Marx, a definição do projeto a ser idealizado não considerava a arquitetura presente nas
construções.
As obras de Burle Marx eram essencialmente marcadas pela constante preocupação ecológica, para permitir
ao ambiente total interação entre os componentes bióticos e abióticos da paisagem.
Comentário: a primeira afirmativa está correta, pois o aspecto multidisciplinar das obras de Burle Marx pode
ser notado na relação íntima entre os jardins projetados e suas pinturas.
A segunda afirmativa está errada, pois os jardins de Burle Marx não se prendiam a fórmulas rígidas, abolindo
a simetria rígida dos jardins clássicos.
A terceira afirmativa está correta, pois os jardins de Burle Marx se integram à arquitetura das construções.
A quarta afirmativa está errada, pois o traçado do jardim e o estilo arquitetônico se integram nos projetos
de Burle Marx.
A quinta afirmativa está errada, pois as obras são marcadas essencialmente pela preocupação estética, em
que o a valorização das espécies nativas se dá principalmente pela sua beleza exótica, ainda que demonstre
certa preocupação ecológica.
Gabarito: C - E - C - E - E.

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Alameda de palmeiras-imperiais (Roystonia oleraceae) no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Jardim


do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, de Glaziou, influenciado pelo jardim paisagístico inglês. Igreja
da Pampulha, em Belo Horizonte, projeto de Oscar Niemeyer, com azulejos de Cândido Portinari e
jardins de Roberto Burle Marx.

1.2 - ELEMENTOS DO PAISAGISMO

1.2.1 - Elementos naturais

Os elementos vegetais empregados nos jardins são agrupados de acordo com a função que
desempenham. Essa classificação difere daquela empregada pela Botânica, mas se baseia também em
critérios botânicos, como hábito de crescimento e porte.

● Árvores: plantas de grande porte, em geral acima de 4 m, com tronco bem definido.

● Palmeiras: caule do tipo estipe, predominantemente tropicais, podendo ser entouceirantes ou não
(emitem vários estipes ao longo da vida ou se mantêm com apenas um estipe).

● Arbustos: possuem porte intermediário entre forrações e árvores, em geral entre 1 e 4 m, com
ramos comumente lenhosos (lignificados) e ramificados desde a base. Em pequenos jardins
(micropaisagismo), os arbustos comumente são usados como pontos de interesse, enquanto em jardins
maiores (como no macropaisagismo) os arbustos são comumente empregados para composição de maciços
volumosos ou renques, sebes e cercas-vivas para organização do espaço.

● Trepadeiras ou lianas: plantas com crescimento indeterminado e caules finos e flexíveis, que se
apoiam sobre estruturas de condução, como pergolados e caramanchões. Dependendo da estrutura de
condução, podem desempenhar diferentes funções no jardim, como forração (quando crescem livremente),
cercas-vivas para divisão de ambientes (quando conduzidas em treliças), sombreamento (em caramanchões,
pergolados e gazebos), recobrimento de muros e grades e para emoldurar pórticos e arcos. Essas plantas
podem ser classificadas em volúveis (caule se enrola nos suportes), sarmentosas (com gavinhas, espinhos
ou raízes grampiformes para fixação), cipós (caules lenhosos que crescem verticalmente) e arbustos
escandentes (crescem e se curvam sob o próprio peso, necessitando de amarrio).

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● Forrações: plantas geralmente herbáceas, com porte em geral inferior a 50-80 cm. O crescimento
mais acentuado no sentido horizontal ou o plantio mais adensado das mudas garantem cobertura e proteção
do solo. As forrações desempenham funções paisagísticas muito importantes, como acabamento do jardim,
elemento de ligação entre componentes mais altos (criam composições, harmonizam e dão unida ao jardim),
proporcionam forma e estilo ao jardim (formas orgânicas em jardins tropicais, formas retilíneas em jardins
clássicos ou contemporâneos).

● Gramados: constituem um tipo particular de forração que tolera o pisoteio. Apesar do baixo custo
de implantação por área, exigem manutenção constante. As principais espécies de grama empregadas no
Brasil são:

• Grama-esmeralda (Zoysia japonica): espécie largamente utilizada atualmente, já que as


folhas são finas e macias. Adaptada a pleno sol, é suscetível à incidência de rizoctoniose em
condições frias e úmidas.

• Grama-são-carlos (Axonopus compressus): tem folhas mais largas, também sem pilosidade,
adaptando-se melhor a condições de maior sombreamento. Mais exigente em fertilidade do solo e
demanda regas mais frequentes.

• Grama-batatais (Paspalum notatum): espécie bastante rústica, resistente à seca, pisoteio,


pragas e doenças. A pilosidade nas folhas é desagradável para os usuários. Deve ser cultivada em sol
pleno e demanda pouca manutenção.

• Grama-bermuda (Cynodon dactylum): indicada para campos esportivos, devido à grande


resistência ao pisoteio e boa capacidade de regeneração.

● Plantas entouceirantes: plantas em geral com porte arbustivo, mas que crescem formando
touceiras, ou seja, emitindo brotações laterais. Espécies muito empregadas nos jardins incluem os bambus,
as helicônias, o fórmio e diversos capins e iridáceas.

● Outros grupos: outras plantas que não se enquadram nessas categorias, como bromélias, agaves,
cactos e suculentas e as orquídeas.

De especial importância para o Paisagismo é a exigência ou tolerância das plantas quanto à


luminosidade. Nesse critério, as plantas são classificadas em:

● Pleno sol: toleram insolação direta durante todo o dia, sofrendo estiolamento (crescimento
excessivo em altura ou comprimento) quando a luminosidade é insuficiente.

● Meia-sombra: se adaptam a condições de luz indireta abundante ou insolação direta apenas


durante parte da manhã ou tarde.

● Sombra: não toleram insolação direta, mas necessitam de luz difusa ou indireta.

● Obscuridade: toleram a ausência de luz por determinado período, sendo por isso muito
empregadas na decoração de interiores, como zamioculca, palmeira-camedórea e alguns ficus.

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Os elementos vegetais podem ser distribuídos no jardim em diferentes formas de uso paisagístico de
acordo com a sua disposição:

● Isolado: plantas dispostas isoladamente, constituindo centros de interesse, geralmente pelo seu
aspecto escultural (como palmeiras, cycas, agaves, pata-de-elefante, pândanus, yucca, cactos).

● Grupos ou conjuntos: plantas de uma mesma espécie agrupadas, potencializando seu efeito
ornamental, principalmente para aquelas de aspecto escultural.

● Maciços: conjuntos de plantas formando volumes fechados, totalmente preenchidos pela massa
vegetal. Os maciços favorecem o efeito da cor de flores e folhagens e preenchem os espaços tanto
horizontalmente, quanto verticalmente, dependendo do seu volume.

● Renque: disposição das plantas em fileiras, podendo ser de árvores (como em alamedas), palmeiras
(formando aleias) e arbustos.

● Bordadura: disposição das plantas enfileiradas, porém marcando as bordas de canteiros ou


caminhos.

● Cerca-viva e sebe: plantas enfileiradas, geralmente plantadas com maior proximidade, para
divisão de ambientes e fechamento. As cercas-vivas são mais altas (impedem a visão), enquanto as sebes
são mais baixas (dividem o ambiente, mas não impedem a visão).

● Estruturas de condução: plantio de lianas ou trepadeiras em estruturas de condução diversas,


como pórticos (marcando entradas), arcos, treliças, pérgolas (função estética e de sombreamento,
geralmente sobre caminhos) e caramanchões (função estética, de sombreamento e recreativa, geralmente
com bancos, mesas, cadeiras ou outros mobiliários para uso daquele espaço).

Diferentes formas de disposição dos elementos vegetais nos jardins: isolado, em conjunto, em
maciços, bordadura, renque e em estruturas de condução.

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(VUNESP - Prefeitura de Buritizal, SP - 2018) Cada elemento vegetal indicado em um projeto paisagístico
tem exigências próprias e bem definidas, sendo que essas exigências são:
(A) umidade do ar, forma e porte da vegetação.
(B) umidade do solo, cor e textura da vegetação.
(C) luminosidade e aroma da vegetação.
(D) velocidade do vento e umidade do solo.
(E) luminosidade, umidade do ar e do solo.
Comentário: a alternativa A está errada, pois umidade do ar é uma exigência, mas forma e porte são
características da vegetação, e não exigências.
A alternativa B está errada, pois umidade do solo é uma exigência, mas cor e textura são características da
vegetação, e não exigências.
A alternativa C está errada, pois luminosidade é uma exigência, mas aroma é uma característica.
A alternativa D está errada, pois velocidade do vento não é uma exigência da vegetação.
A alternativa E está correta, pois luminosidade, umidade do ar e umidade do solo são exigências da vegetação
que devem ser consideradas na escolha das espécies para uso nos projetos paisagísticos.
Gabarito: alternativa E.

1.2.2 - Outros elementos

Os jardins também são constituídos por diversos outros elementos. Os elementos arquitetônicos
podem desempenhar funções de utilidade (bancos, pérgolas, rampas, escadas, caramanchões), de recreação
(parquinhos, quadras de esporte, coretos, equipamentos de ginástica) e ornamentais (esculturas, vasos,
treliças, pórticos, pergolados). Além desses elementos, os jardins, em particular nos espaços públicos,
também contêm mobiliários diversos, como bancos e lixeiras.

A água também é um elemento bastante valorizado nos jardins, mas frequentemente apresenta
limitações à sua utilização quanto ao custo e necessidade de manutenção constante. Pode estar presente
em piscinas, tanques, lagos, chafarizes, fontes, duchas, dentre outros.

A iluminação também é um elemento essencial nos jardins, tanto residenciais (possibilita uso
noturno), quanto nos públicos (segurança).

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1.3 - PROJETO PAISAGÍSTICO

A elaboração de projetos paisagísticos se inicia com o levantamento detalhado de diversas


informações do local e dos usuários do espaço. Essas informações irão embasar a concepção do projeto, que
será apresentado na forma de anteprojeto e, posteriormente, projeto executivo. Esse projeto, juntamente
com outros projetos e memoriais, irá possibilitar a implantação do jardim de acordo com a concepção
idealizada. Esse levantamento é realizado por meio de visitas ao local, consulta a informações disponíveis e
entrevistas com os usuários.

Quanto ao tamanho da área que receberá a intervenção paisagística, faz-se a distinção entre micro-
e macropaisagismo:

● Micropaisagismo: situação mais comum, envolve intervenções em áreas menores, com até 1000
m2, como jardins residenciais, vias públicas, praças, dentre outros. As principais funções desses jardins são
estéticas e recreacionais (lazer). Escala de representação de 1:50 a 1:1.000.

● Macropaisagismo: envolve intervenções em áreas extensas, comumente demandando a formação


de equipes de diversos profissionais. Nesses projetos, a preservação da natureza tem especial importância,
como em parques, recuperação de áreas degradadas, proteção de mananciais, dentre outros. Escala de
representação de 1:5.000 a 1:50.000.

1.3.1 - Levantamento de informações

A primeira etapa para a elaboração de qualquer projeto paisagístico é o levantamento detalhado de


informações relacionadas ao local do jardim e aos usuários daquele espaço. As características do local e as
demandas dos usuários irão nortear a concepção do projeto, como escolha das plantas, setorização do jardim
e distribuição dos elementos naturais e arquitetônicos.

Quanto às características do local, devem ser levantadas informações relacionadas a:

● Dimensões do espaço: essas informações são obtidas pelo levantamento planimétrico do local.
Em pequenos jardins residenciais, esses levantamentos são comumente feitos apenas com trena, mas em
áreas maiores outros instrumentos topográficos podem ser necessários.

● Elementos existentes: localizar em um croqui a distribuição de elementos naturais (vegetação,


rochas, lagos, cursos d'água, nascentes) e artificiais (construções, fiação, pontos de água e luz, galerias
subterrâneas, encanamentos) existentes na área.

● Solo: verificar as condições físicas, químicas e a profundidade efetiva do solo. A textura e a


fertilidade do solo são determinadas por meio de análises laboratoriais. Essa etapa muitas vezes não é
efetuada pela antecedência necessária para sua execução. A profundidade do solo deve ser compatível com
o porte da vegetação a ser implantada, podendo ser especialmente limitante em jardins sobre lajes ou em
jardineiras e canteiros de alvenaria.

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● Luminosidade: deve ser verificada considerando-se o caminhamento do sol ao longo do dia e do


ano, bem como os obstáculos que produzem sombreamento. Na maior parte do país, as encostas voltadas
para o norte recebem maior insolação ao longo do ano. A posição voltada para o leste recebe maior
insolação durante manhã, que geralmente é desejável, enquanto a orientação oeste recebe maior insolação
à tarde, que provoca aquecimento indesejável. Além de afetar a escolha das plantas adaptadas a cada
condição de insolação, deve-se verificar também os locais que se beneficiariam de receber sombreamento
pela vegetação (como faces voltadas para o oeste) ou não (locais mais úmidos, baixadas).

● Clima: as condições climáticas irão afetar grandemente a escolha das plantas a serem empregadas,
que devem ser adaptadas às condições locais. Além da luminosidade, a temperatura (média, máximas e
mínimas) e a precipitação influenciam a escolha das plantas. O emprego de espécies nativas, além de ser
valorizado pela importância ecológica, também garante maior adaptação às condições locais. A incidência
dos ventos (intensidade e direção predominante) também é um fator importante para definição da
necessidade de quebra-ventos e para a escolha das plantas (ventos intensos limitam o uso de plantas com
folhas largas, que se rasgam mais facilmente).

● Entorno: características da paisagem local, de forma que o jardim se torne parte integrante sem
contrastes excessivos; existência de caminhos ou ruas, que demandem ocultação de determinadas linhas de
vista ou redução de ruídos; estilo arquitetônico da construção e acabamentos utilizados (cores, materiais).

● Relevo ou topografia: principalmente quanto à declividade da área, que indica a necessidade de


intervenções de drenagem (áreas muito planas) ou cuidados especiais com a erosão (declives mais
acentuados, taludes de corte e aterro). O paisagismo costumava partir do princípio de que a área deveria ser
previamente nivelada por serviços de terraplanagem, mas atualmente taludes e diferenças de nível têm sido
incorporados ao projeto paisagístico, criando centros de interesse, linhas de vista e conferindo maior
dinamismo ao jardim.

As demandas relacionadas dos usuários são verificadas pela realização de entrevistas, que
possibilitam verificar diversos aspectos importantes:

● Preferências: muitas pessoas não gostam de determinadas plantas, que associam a algum aspecto
desagradável (exemplo: cravo e velórios).

● Expectativas: os usuários irão expressar as expectativas que têm para aquele espaço, como
esperam utilizá-lo, que atividades desejam realizar. Além da função estéticas, os jardins desempenham
também funções recreativas. Em residências, essas funções podem envolver áreas para crianças brincarem,
piscina, churrasqueira, horta, pomar, áreas de descanso, dentre outros. Em espaços públicos, as demandas
podem ser por locais para prática esportiva, espaços para caminhada, bancos e mesas etc.

● Disponibilidade financeira: implica no porte das mudas a serem plantadas (quanto maiores e mais
velhas, mais caras) e na escolha das plantas, tanto pelo custo mais elevado de determinadas espécies,
quanto pela posterior necessidade de manutenção (regas, podas, adubação, condução).

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(VUNESP - Prefeitura de Buritizal, SP - 2018) Assinale a alternativa que contém itens essenciais e que
devem ser considerados para a criação de projetos para espaços verdes dentro do contexto do paisagismo.
(A) Estudo da topografia do terreno, posicionamento da área em relação ao nascente e poente e medição
das áreas onde será instalado o projeto de paisagismo.
(B) Execução do nivelamento do solo e curvas de nível, estudo do clima e textura predominante.
(C) Medição da área total, levantamento em campo da profundidade do solo, do seu pH, e luminosidade
incidente na área.
(D) Identificação das cores predominantes e do paisagismo regional para que sejam utilizadas as mesmas
espécies no projeto.
(E) Estudo da topografia existente, posicionamento da área em relação ao nascente e medição das outras
áreas verdes regionais.
Comentário: a alternativa A está correta, pois o levantamento de informações quanto à topografia do
terreno e posicionamento do sol são essenciais na elaboração de projetos de paisagismo.
A alternativa B está errada, pois o nivelamento do solo não é uma etapa essencial à elaboração do projeto
de paisagismo.
A alternativa C está errada, pois são tomadas medidas apenas das áreas que receberão a intervenção
paisagística (sendo a área calculada posteriormente a partir das medidas feitas) e o pH do solo não é
determinado em campo, mas na amostra destinada à análise química em laboratório.
A alternativa D está errada, ainda que a paisagem do entorno deva ser considerada na elaboração do projeto,
não há obrigatoriedade de se utilizar as mesmas espécies no projeto.
A alternativa E está errada, pois a medição e outras áreas verdes regionais não é necessária para elaboração
do projeto.
Gabarito: alternativa A.

1.3.2 - Concepção do projeto

O projeto de paisagismo tem o objetivo de integrar as demandas das pessoas (usuários dos jardins),
as condicionantes do local (solo, clima) e as exigências das plantas. Tudo isso de forma esteticamente
agradável, ou seja, de acordo com princípios estéticos de equilíbrio e harmonia.

Após o levantamento das informações no local e junto aos usuários, dá-se início ao trabalho de
escritório de elaboração do projeto. De modo geral, esse processo é realizado de acordo com as seguintes
etapas:

● Zoneamento ou setorização: na planta planimétrica do local, é feita a distribuição dos ambientes


de acordo com as suas finalidades (por exemplo, área de piscina, gramado, pomar), considerando os
aspectos indicados no levantamento (que tipo de ambiente deverá ser implantado, quais são os locais de
maior insolação ou sombreamento).

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● Traçado do jardim: essa etapa envolve a distribuição dos caminhos e dos espaços assim criados. A
partir da distribuição dos ambientes e considerando os pontos de entrada e saída do jardim, são traçados
os caminhos articulando os espaços. Em praças e parques, o sentido pode ser invertido: primeiro são
distribuídos os caminhos, criando assim os espaços para os demais elementos. Os caminhos podem ser de
diversos materiais, porém a escolha deve considerar o estilo do jardim e a sua finalidade. De acordo com a
importância para circulação, os caminhos podem ser classificados em primários (maior circulação, com
largura acima de 3,0 m em praças e parques), secundários (complementam o sistema de circulação, com
largura entre 0,6 e 1,5 m em jardins residenciais e a partir de 1,5 m em jardins públicos) e intermediários
(ligação entre caminhos primários e secundários, mais estreitos e construídos com materiais rústicos, como
terra batida e cascalho).

● Distribuição espacial dos elementos: essa etapa envolve a distribuição dos elementos naturais
(vegetação) e dos elementos arquitetônicos. A distribuição dos elementos vegetais é feita inicialmente a
partir das funcionalidades desejadas (como sombreamento, isolamento visual, delimitação de caminhos) e
da composição paisagística de acordo com o estilo do jardim. A escolha das espécies vegetais é feita
posteriormente, de acordo com as características desejadas em cada situação (porte, função, coloração,
sombreamento).

A concepção do projeto se baseia também na composição paisagística, que resulta da associação de


elementos de composição como linhas, formas, proporção, cores, texturas, dentre outros. A escolha
adequada dos elementos de composição permitirá chegar ao resultado de um jardim com equilíbrio (relação
harmoniosa entre os elementos) e unidade (todo o ambiente integrado). Os principais elementos da
composição paisagística são:

● Linhas: linhas curvas (também chamadas orgânicas) favorecem a naturalidade e suavizam o traçado
do jardim. Linhas retas resultam em traçado com maior formalidade.

● Formas: formas geométricas são predominantes nos elementos arquitetônicos, enquanto na


vegetação essas formas são conseguidas pelo uso da topiaria, por exemplo. Formas abstratas conferem
atratividade e movimento ao jardim.

● Textura: está relacionada à sensação tátil percebida pelo aspecto das superfícies. Texturas
contrastantes sobrepostas produzem contrastes interessantes, enquanto o uso excessivo de texturas pode
se tornar cansativo.

Diferentes texturas de elementos paisagísticos: textura lisa das folhas e brácteas do antúrio; textura
aveludada das folhas do coleus; textura áspera de rochas.

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● Cores: têm muita importância no projeto paisagístico devido ao grande poder de comunicação que
têm, transmitindo diferentes sensações aos observadores. Cores opostas no disco de cores criam contrastes
fortes, como roxo e amarelo. Cores vizinhas são ditas análogas e resultam em composições suaves e
elegantes. As cores quentes, como vermelhos e laranjas, são vibrantes e estimulantes, aproximando o
observador. Já as cores frias, como azuis e roxos, transmitem suavidade e ampliam a linha de vista,
aumentando as distâncias.

O disco de cores representa a relação entre as cores primárias (amarelo, vermelho e azul),
secundárias (verde, laranja e roxo) e terciárias. Cores opostas no disco são ditas complementares,
resultando em contrastes fortes. Cores vizinhas são ditas análogas.

1.3.3 - Apresentação do projeto

O projeto paisagístico inclui representações gráficas na forma de plantas e informações adicionais em


planilhas e memoriais. Esses produtos constituem a materialização das ideias do paisagista, incluindo:

● Croquis: são elaborados ainda na fase de levantamento das informações, geralmente feitos a mão
livre.

● Anteprojeto: constitui o primeiro produto a ser apresentado para os clientes. Após sua discussão
e aprovação, o anteprojeto é alterado e resulta no projeto executivo.

● Projeto executivo: incorpora as alterações feitas no anteprojeto, sendo apresentado para os


clientes juntamente com os memoriais, orçamento e cronograma. O projeto executivo é constituído pelo
projeto paisagístico (representação em planta da distribuição dos elementos paisagísticos como plantas,
canteiros, caminhos), projeto de plantio (localização das plantas e cotas para permitir a implantação do
jardim fiel ao projeto) e projetos complementares, de acordo com a complexidade do projeto e elementos
presentes (projeto arquitetônico de construções, projeto luminotécnico, hidráulico, dentre outros).

● Memoriais: o memorial descritivo deve apresentar uma descrição geral do projeto (sua concepção,
descrição dos ambientes e dos elementos utilizados), o memorial botânico (relação de espécies e suas
características) e o manual técnico de implantação e manutenção do jardim.

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● Planilhas: apresentam informações detalhadas quanto às características da vegetação (nome


comum, nome científico, porte, cor das flores, observações complementares, espaçamento de plantio),
quantitativo de materiais (quantidades a serem adquiridas de cada planta, porte das mudas, quantitativo
de insumos), orçamentos (mudas, insumos e mão-de-obra) e cronograma de execução.

1.4 - IMPLANTAÇÃO E MANUTENÇÃO DE JARDINS

A implantação e a manutenção de jardins são serviços especializados que envolvem diversas


atividades descritas a seguir. Esse é um tópico comumente cobrados em provas.

1.4.1 - Serviços preliminares

Os serviços preliminares incluem atividades que antecedem o plantio das mudas.

● Terraplanagem: movimentação de grandes volumes de solo, em cortes e aterros, para


conformação topográfica da área de acordo com o necessário para implantação das estruturas e do jardim.

● Análise de solo: a retirada de amostras para análise em laboratório é sempre recomendável para
determinar as quantidades a serem aplicadas de corretivos e fertilizantes, porém nem sempre o tempo que
se dispõe é suficiente.

● Limpeza da área: remoção de entulho e lixo, eliminação de plantas daninhas, remoção das plantas
que não compõem o projeto, poda da vegetação arbórea existente.

● Infraestrutura e construções: locação e implantação dos elementos arquitetônicos (construção dos


caminhos, pisos, jardineiras, bancos, postes), instalações elétricas (fiação enterrada, tomadas,
interruptores), hidráulicas (tubulação, pontos de água), drenagem e irrigação.

● Preparo do solo: revolvimento do solo para descompactação e controle de plantas daninhas,


pragas e doenças. Realiza-se também a incorporação de corretivos (calcário), fertilizantes fosfatados e
adubos orgânicos. O solo deve ser destorroado e nivelado para receber posteriormente o plantio de grama
e das demais plantas.

1.4.2 - Plantio

Inicialmente, é feita a locação das plantas e dos canteiros, marcando-se a posição das covas e os
limites dos canteiros com estacas e barbantes, por exemplo. Depois, são realizadas as operações de plantio,
conforme descrito a seguir, seguindo a sequência:

árvores e palmeiras → arbustos e trepadeiras → canteiros e forrações → gramado.

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● Árvores e palmeiras: essas plantas de maior porte demandam covas de maiores dimensões e
instalação de tutores. As mudas devem apresentar altura mínima de 1,5-2,0 m para plantio em jardins e na
arborização urbana. A cova deve exceder o tamanho do torrão da muda, sendo mais comumente utilizadas
covas de 40 x 40 x 40 cm ou 60 x 60 x 60 cm. Recomenda-se que o solo retirado durante a abertura das covas
seja invertido no seu enchimento: aquele proveniente da superfície (camada superficial de 20-30 cm) é
depositado no fundo da cova e vice-versa. São incorporados corretivos (calcário dolomítico), fertilizantes
(principalmente fosfatados) e matéria orgânica (esterco curtido, composto orgânico) ao solo de enchimento
da cova. Durante o enchimento, o solo deve ser cuidadosamente compactado ao redor da muda, garantindo
firmeza e boa aderência. A região entre o sistema radicular e o caule (colo ou coleto) deve ficar ao nível do
solo, ou seja, sem raízes expostas e sem enterrar parte do caule. As mudas de árvores e palmeiras devem
ser tutoradas durante os primeiros meses de desenvolvimento. Para cada muda, é enterrado na cova (jamais
no torrão) um tutor, geralmente de bambu, ao qual a planta é amarrada com nó em forma de oito usando-
se material que não provoque ferimentos no caule (câmara de pneu, por exemplo). Após o plantio, a muda
deve receber irrigação abundante, favorecendo o contato do solo com as raízes. Mudas de raízes nuas
devem ser plantadas apenas durante o inverno, enquanto mudas com torrão podem ser plantadas durante
todo o ano, mas preferencialmente no início da estação chuvosa.

● Arbustos, entouceirantes e trepadeiras: as recomendações de plantio são similares às anteriores.


As covas podem ser menores, comumente com 30 x 30 x 30 cm a 40 x 40 x 40 cm. O uso de tutores
geralmente não é necessário, mas no caso de trepadeiras a sua condução à estrutura pode ser feita por
amarrio.

● Canteiros: o plantio de canteiros demanda preparo do solo muito cuidadoso. Diferentemente dos
plantios anteriores, os canteiros são preparados em toda a sua extensão, ou seja, o solo de todo o canteiro
é revolvido e recebe corretivos, fertilizantes e matéria orgânica. O plantio das mudas é então realizado em
pequenas covas abertas nesse solo preparado.

● Gramados: o preparo da área de implantação dos gramados é semelhante ao dispensado aos


canteiros. Contudo, é muito comum que as placas de grama sejam plantadas em solos compactados, sem
um mínimo de preparo e correção, resultando em gramados fracos, com pequeno desenvolvimento do
sistema radicular. O plantio de gramados por tapetes ou placas é a forma mais comum de implantação, mas
algumas espécies, como a grama-batatais, não permitem a retirada de tapetes, que se desmancham. As
placas de grama são colocadas após o destorroamento e nivelamento da superfície do solo, sendo então
compactados com um soquete para que tenham um bom contato com o solo.

● Serviços complementares: incluem a instalação de aspersores, luminárias e mobiliários que irão


compor o jardim, limpeza geral da área, regas ou irrigações frequentes até o pegamento das mudas e
replantio das mudas que tenham sido perdidas.

(VUNESP - Prefeitura de Buritizal, SP - 2018) A implantação correta de um jardim deve obedecer a seguinte
sequência de atividades:

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(A) limpeza do terreno, adubação, demarcação e abertura das covas para plantio das mudas, plantio e
escoramento de árvores e arbustos, formação e plantio dos canteiros e plantio e nivelamento final dos
gramados.
(B) adubação, eliminação de pragas e doenças, abertura das covas para plantio das mudas, plantio das mudas
e formação dos canteiros.
(C) análise de solo, limpeza do terreno, demarcação e abertura das covas para plantio das mudas, plantio e
escoramento de árvores e arbustos e formação e plantio dos canteiros.
(D) análise de solo, preparo da terra, demarcação e abertura das covas para plantio das mudas, formação e
plantio dos canteiros e plantio e nivelamento final dos gramados.
(E) análise de solo, limpeza do terreno, preparo da terra, demarcação e abertura das covas para plantio das
mudas, plantio e escoramento de árvores e arbustos, formação e plantio dos canteiros e plantio e
nivelamento final dos gramados.
Comentário: a alternativa A está errada, pois a adubação é realizada durante o preparo da área total ou
durante o enchimento das covas de plantio.
A alternativa B está errada, pois a adubação é efetuada após a abertura das covas.
A alternativa C está errada, pois após a limpeza do terreno e antes da locação das plantas é realizado o
preparo do solo na área do jardim.
A alternativa D está errada, pois antes do preparo do solo é realizada a limpeza do terreno, removendo-se
entulho, lixo e resíduos de poda.
A alternativa E está correta, pois a sequência de operações deve ser análise de solo → limpeza do terreno →
demarcação → abertura das covas → plantio de árvores e palmeiras → plantio de arbustivas → preparo e
plantio de canteiros → nivelamento e plantio da grama.
Gabarito: alternativa E.

1.4.3 - Manutenção de jardins

Os elementos vegetais que compõem o jardim são dinâmicos (crescimento e desenvolvimento,


fenologia) estão sujeitos à incidência de pragas e doenças, o que torna essencial o serviço de manutenção
nos jardins. As principais atividades envolvidas na manutenção dos espaços ajardinados são descritas a
seguir.

● Adubação: a adubação de cobertura deve ser realizada anualmente, principalmente nos primeiros
anos após a implantação. Os fertilizantes devem ser aplicados no início da estação chuvosa, podendo ser
parcelados para maior eficiência. A adubação de cobertura é especialmente importante para cercas-vivas,
gramados e outras plantas que são podadas frequentemente, já que a exportação de nutrientes é bem maior
nesses casos.

● Remoção dos tutores: após alguns meses da implantação de árvores e palmeiras, os tutores devem
ser removidos, já que comprometem a beleza estética do jardim.

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● Controle de pragas e doenças: as plantas ornamentais estão sujeitas ao ataque de diversas pragas
e doenças. Em geral, o uso de pesticidas alternativos deve ser preferido para uso em jardins. Se o uso de
agrotóxicos for necessário, a aplicação deve ser feita de acordo com a recomendação do receituário
agronômico, utilizando os equipamentos de proteção individual necessários e fazendo o fechamento da
área tratada de acordo com o intervalo de reentrada do produto. Os mesmo cuidados devem ser tomados
com os produtos registrados para uso domiciliar, exceto o receituário agronômico, que não é exigido nesse
caso.

● Controle de plantas daninhas: comumente é um serviço de manutenção bastante exigido, já que é


fácil a introdução de plantas daninhas nos jardins a partir das mudas de plantas ornamentais e das placas
de grama. O controle mecânico manual (pela prática da monda ou da capina) é a forma mais comum lidar
com as plantas invasoras, mas o uso de herbicidas pode ser necessário no caso de infestação de plantas
daninhas com estruturas de propagação vegetativa, como tiririca e grama-seda.

● Podas: as podas consistem na remoção de partes das plantas de acordo com a finalidade
pretendida. Em função do objetivo, as podas empregadas em plantas ornamentais podem ser diferenciadas
em:

• Formação: tem como objetivo alterar a forma de crescimento natural da planta. Para
plantas ornamentais, comumente essa poda já é realizada nos viveiros de produção das mudas, que
já chegam aos jardins "formadas", ou seja, já sofreram podas de formação. Para árvores, essas podam
têm o objetivo de propiciar uma muda com altura adequada (cerca de 2,0 m) e com fuste único (sem
ramificações muito baixas) e copa bem formada. Para arbustos, a poda de formação mais comum é
o desponte das hastes para favorecer o "enchimento" da copa pela quebra da dominância apical.

• Limpeza: essa poda de manutenção tem como objetivo a remoção de ramos secos, mortos,
doentes ou infestados por pragas (como pulgões e cochonilhas) e ramos em posições indesejáveis
(crescendo voltados para o interior da copa, crescendo em direções indesejáveis).

• Correção e rejuvenescimento: são podas drásticas realizadas durante o período do inverno.


A poda de correção visa à remoção de partes da copa que estejam trazendo algum inconveniente,
como proximidade com a rede elétrica, obstrução de caminhos e sombreamento excessivo. A poda
de rejuvenescimento é mais drástica e permite a reforma total da copa das plantas ornamentais,
sendo feita principalmente em arbustos.

• Floração: semelhante à poda de frutificação em frutíferas, tem como objetivo estimular a


emissão de flores. Muitas espécies, como roseiras, hibiscos e diversos arbustos, emitem flores em
ramos que se desenvolveram naquele ano. Assim, a poda deve ser efetuada antes da emissão da
brotação, ou o efeito será de reduzir a floração.

● Gramados: os gramados são um elemento vegetal com baixo custo de implantação, porém a
manutenção é em geral bem mais onerosa que os demais elementos do jardim. Os gramados devem receber
adubação de coberturas cerca de um a dois meses após o pegamento. Essa adubação deve ser repetida
anualmente, principalmente para fornecimento de N, o nutriente mais exportado pelo corte frequente.
Quando os gramados se encontram muito depauperados e com sinais de pisoteio intenso, pode ser feita
aplicação de uma fina camada de terra + areia + composto orgânico (cerca de 1 cm) para revigorar a grama
e estimular o crescimento uniforme (prática conhecida como topdressing). A frequência de corte da grama

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varia em função da espécie, da época do ano e da altura desejada. Em geral, recomenda-se o corte de
apenas um terço da altura das lâminas foliares. Por exemplo, para grama-esmeralda, se a altura desejada é
de 4 cm, deve-se cortar 2 cm quando a grama estiver com 6 cm de altura. A palhada resultante deve ser
sempre removida com rastelo, para evitar a formação de camada de tecido morto que depaupera o gramado.
O pior instrumento para corte da grama são as roçadoras manuais, que não permitem bom controle da
altura de corte. A lâmina dos equipamentos deve estar sempre muito bem amolada.

(VUNESP - Prefeitura de Buritizal, SP - 2018) Dentre os erros mais graves cometidos em jardinagem estão:
(A) a cobertura anual dos gramados com terra peneirada e adubada; adição de terra argilosa; poda
desregrada e inconsequente e aplicação de adubos sintéticos e/ou defensivos sem conhecer a dosagem
adequada.
(B) a poda desregrada e inconsequente; aplicação de adubos sintéticos e/ou defensivos sem conhecer a
dosagem adequada e plantio de árvores em covas rasas ou sobre lajes.
(C) a poda desregrada e inconsequente; aplicação de adubos sintéticos de acordo com as necessidades de
cada espécie e plantio de árvores em covas rasas ou sobre lajes.
(D) a aplicação de adubos sintéticos e/ou defensivos sem conhecer a dosagem adequada; plantio de espécies
respeitando suas necessidades básicas e cobertura do gramado com camada excessiva de terra.
(E) o plantio de árvores em covas rasas ou sobre lajes; poda de limpeza eliminando os ramos secos ou
malformados e aplicação de adubos sintéticos de acordo com as necessidades de cada espécie.
Comentário: a alternativa A está errada, pois a cobertura anual com terra peneirada e adubada pode ser
recomendada para gramados que sofrem pisoteio intenso, como em campos esportivos.
A alternativa B está correta, pois são práticas inadequadas a poda desregrada e inconsequente, que pode
levar ao depauperamento das plantas e desequilíbrio da copa, favorecendo a incidência de pragas, a emissão
de brotos epicórmicos (mais fracos) e o tombamento pela ação do vento; a aplicação de defensivos ou
fertilizantes sem recomendação técnica quanto a dosagem a ser utilizada; e o plantio de árvores em covas
rasas ou sobre lajes, onde o sistema radicular não pode se desenvolver adequadamente.
A alternativa C está errada, pois a aplicação de adubos minerais ou orgânicos realmente deve ser feita de
acordo com as doses recomendadas em função das exigências das plantas e dos teores de nutrientes dos
fertilizantes.
A alternativa D está errada, pois o plantio das espécies de fato deve ser realizado respeitando as suas
necessidades básicas quanto a sombreamento e luminosidade, adubação, profundidade da cova, dentre
outras.
A alternativa E está errada, pois são práticas recomendáveis a poda de limpeza para remoção de ramos seco
e malformados e a adubação de acordo com as exigências de cada espécie.
Gabarito: alternativa B.

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2 - ÁREAS VERDES E ARBORIZAÇÃO URBANA


As plantas inseridas no ambiente urbano proporcionam inúmeros benefícios, como:

● Sombreamento.

● Amenização do clima local (sombra, evapotranspiração).

● Diminuição da amplitude térmica (reduz temperaturas máximas).

● Interceptação da chuva e infiltração das águas pluviais (permeabilidade).

● Redução/proteção contra ventos dominantes (quebra-ventos).

● Retenção da poluição atmosférica, como poeira e compostos orgânicos voláteis.

● Alimento e abrigo para fauna, principalmente para a avifauna (alimentação, abrigo e


nidificação).

● Melhoria da qualidade de vida e bem-estar psicológico das pessoas.

● Ornamentação das cidades (melhor estética).

● Isolamento acústico e visual (principalmente por cercas-vivas e vegetação arbustiva ou


arbórea em plantios adensados).

(IF-TO - IF-TO - 2018) Hoje em dia, observa-se cada vez mais a necessidade da criação de jardins, tanto em
áreas internas como em áreas externas, em residências ou áreas comerciais, principalmente pela busca de
qualidade de vida, pois as plantas promovem:
I. Benefícios estéticos e funcionais em ambientes residenciais, hospitalares e corporativos.
II. Melhoria nas condições de umidade, conforto acústico e otimização no uso do ar condicionado.
III. Qualidade do ar, já que determinadas espécies possuem a capacidade de filtragem dos compostos
orgânicos voláteis (COVs).
Está correto o que se afirma em:
(A) I, apenas.
(B) I e II, apenas.

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(C) I e III, apenas.


(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.
Comentário: a afirmativa I está correta, pois as plantas proporcionam benefícios estéticos (ornamentação,
embelezamento) e funcionais (lazer, conforto) para os ambientes urbanos.
A afirmativa II está correta, pois a vegetação propicia melhoria nas condições de umidade do ar
(sombreamento, redução da temperatura, evapotranspiração), conforto acústico e otimização do uso do ar-
condicionado (sombreamento das construções, redução da amplitude térmica).
A afirmativa III está correta, pois as plantas promovem melhoria da qualidade do ar, sendo capazes de
absorver ou reter poluentes atmosféricos como poeira e compostos orgânicos voláteis.
Gabarito: alternativa E.

2.1 - ÁREAS VERDES URBANAS

As áreas urbanas são compostas por três modalidades de ocupação do espaço: o sistema de
integração urbana, que engloba a malha rodo-ferroviária (ruas, avenidas, ferrovias, metrô); o sistema de
espaços construídos (habitações, prédios públicos, indústrias, comércios, dentre outros) e os espaços livres
de construções. Os espaços livres são desprovidos de construções e podem ser públicos ou privados e
vegetados ao não.

Não existe um consenso para a definição de áreas verdes urbanas e, de acordo com o conceito
adotado, determinados espaços livres podem ser incluídos ou não. O conceito mais abrangente considera
que as áreas verdes urbanas são todos os espaços livres nos quais a vegetação é o elemento predominante.
Esse conceito abrange, por exemplo, jardins privados, rotatórias e canteiros centrais de avenidas e a
arborização urbana. Já o conceito mais restritivo enquadra como áreas verdes urbanas apenas os espaços
livres de acesso público (públicos ou privados), predominantemente cobertos por vegetação (porcentagem
de solo permeável acima de 70%) e que possam ser usufruídos pelos usuários para lazer. Essa definição
deixa de fora os jardins residenciais e o verde de acompanhamento viário (arborização de ruas, rotatórias e
canteiros centrais de avenidas). As praças e os parques, por exemplo, são espaços livres considerados
também como áreas verdes urbanas.

Veja, a seguir, como espaços livres a áreas verdes são definidos de acordo com a Prefeitura de São
Paulo:

Áreas Verdes: conjunto de áreas intraurbanas com cobertura vegetal, arbórea (nativa e
introduzida), arbustiva ou rasteira (gramíneas), que desempenhem função ecológica,
paisagística e recreativa, propiciando a melhoria da qualidade estética, funcional e ambiental da
cidade.

Espaços Livres: todo espaço não ocupado por um volume edificado, independentemente do uso,
acessível às pessoas, qualificado por sua condição de não confinamento.

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(FADESP - Prefeitura de Marabá, PA - 2019 ANULADA) O conceito de áreas verdes nos espaços urbanos é
motivo de muitas discussões teóricas e práticas. A principal divergência entre os estudiosos do tema é
quanto ao cálculo do Índice de Áreas Verdes (IAV). Considere os dois conceitos que seguem.
• Conceito 1: Os espaços livres (áreas verdes) desempenham basicamente papel ecológico, no amplo sentido,
de integrador de espaços diferentes, baseando-se tanto no enfoque estético quanto no ecológico e de oferta
de áreas para o desempenho de lazer ao ar livre (CAVALHEIRO; DEL PICCHIA, 1992, p. 31).
• Conceito 2: Para Geiser et al. (1975, p. 30) (apud CAVALHEIRO; DEL PICCHIA, 1992), as áreas verdes são
“[...] áreas com vegetação fazendo parte dos equipamentos urbanos, parques, jardins, cemitérios existentes,
áreas de pequenos jardins, alamedas, bosques, praças de esportes, playgrounds, play-lots, balneários,
camping e margens de rios e lagos”.
Sobre a análise dos dois conceitos, é correto afirmar que
(A) o conceito 1 deixa claro os espaço que devem ser considerados áreas verdes, enquanto o conceito 2 deixa
claro o que não deve ser considerado área verde.
(B) o conceito 1 define o tipo de vegetação das áreas verdes, enquanto o conceito 2 não o faz com clareza.
(C) o conceito 1 não define claramente os espaços denominados áreas verdes, enquanto o conceito 2 define
esses espaços.
(D) o conceito 1 deixa claro se as áreas verdes (espaços livres) devem ou não ser constituídas por vegetação,
enquanto o conceito 2 não menciona o porte de vegetação que deveria ser predominante nestas áreas
(arbórea, arbustiva, herbácea).
Comentário: essa questão foi anulada, mas ela ilustra uma forma de se abordar o conceito de áreas verdes
urbanas. Perceba que o conceito 1 na verdade se refere aos espaços livres, estando aí inseridas as áreas
verdes. Dessa forma, a função ecológica desempenhada está relacionada à integração do espaço. Esse
conceito incluiria, por exemplo, as praças secas, que integram espaços de circulação (função ecológica de
acordo com o conceito), têm função estética e permitem lazer ao ar livre.
A alternativa A está errada, pois o conceito 1 apresenta as funções que as áreas verdes urbanas devem
apresentar, enquanto o conceito 2 enumera diversos exemplos de áreas verdes urbanas.
A alternativa B está errada, pois nenhum dos conceitos especifica o tipo de vegetação dessas áreas.
A alternativa C está errada, pois o conceito 1 define as áreas verdes a partir das funções que devem
desempenhar, enquanto o conceito 2 não apresenta uma definição, mas especifica esses espaços.
A alternativa D foi considerada correta pelo gabarito preliminar, porém o conceito 1 não deixa claro que
esses espaços devem ser constituídos por vegetação, já que o autor estava, na verdade, trabalhando o
conceito de espaços livres (mais abrangente).
Gabarito: questão anulada.

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As áreas verdes são espaços extremamente importantes na malha urbana por desempenharem
diversas funções nas cidades. No conceito mais restritivo, é justamente o desempenho simultâneo dessas
funções que caracteriza as áreas verdes urbanas.

● Estética: as áreas verdes urbanas contribuem para o embelezamento das cidades.

● Lazer: as áreas verdes urbanas devem oferecer a possibilidade de utilização pela população. O lazer
desempenhado nesses espaços livres pode ser de diferentes tipos, como o lazer contemplativo (descanso),
ativo (quadras esportivas, academias ao ar livre, pistas de corrida, ciclovias), gastronômico (restaurantes,
festivais), aquisitivo (feiras) e recreativo (parquinhos, anfiteatros, coretos, palcos). As praças secas (no Brasil,
comumente recebem o nome de largo) e os calçadões, espaços livres predominantemente
impermeabilizados pelo calçamento, como não possuem vegetação como elemento predominante, não
constituem áreas verdes urbanas, ainda que propiciem lazer aos frequentadores.

● Ambiental: o componente vegetal (especialmente de porte arbóreo) e a permeabilidade do solo


permitem que as áreas verdes urbanas desempenhem funções ambientais no espaço urbano. A função
ambiental engloba a proteção de ambientes e remanescentes florestais (parques), o papel ecológico da
vegetação (manutenção de espécies da fauna, principalmente de aves), o ciclo hidrológico e o conforto
ambiental. O solo permeável nas áreas verdes, que deve ocupar no mínimo 70% da área, permite que a
água das chuvas se infiltre nesses locais, contribuindo para redução do escoamento superficial. A água que
se infiltra também é usada pela vegetação na transpiração. Por esse processo, a radiação incidente é
transformada em calor latente de vaporização (no processo de evapotranspiração) em vez de calor sensível
(aumento de temperatura). Esse processo, aliado ao sombreamento propiciado pelas árvores, favorece o
conforto ambiental nas áreas urbanas.

(VUNESP - Prefeitura de Buritizal, SP - 2018) Para uma área verde, o solo em condições permeáveis e a
vegetação devem ocupar, em relação a área total, pelo menos:
(A) 5%
(B) 15%
(C) 30%
(D) 70%
(E) 100%
Comentário: as áreas verdes urbanas devem apresentar ao menos 70% da área com solo permeável.
Gabarito: alternativa D.

A quantificação da área ocupada pelas áreas verdes nas cidades permite a determinação do Índice
de Áreas verdes, que representa a dimensão de área verde por habitante, sendo dado por:

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Soma das áreas verdes urbanas do município (m2 )


Índice de Áreas Verdes (m2 /habitante) =
População do município

Existem duas recomendações principais para esse índice. A primeira, comumente creditada à ONU
ou OMS (Organização Mundial da Saúde), recomenda um IVA de 12 m²/hab. Já a Sociedade Brasileira de
Arborização Urbana considera como desejável um IVA de pelo menos 16 m²/hab.

Os parques e as praças são os principais componentes das áreas verdes urbanas. As praças são
espaços livres de uso público, com área geralmente entre 1.000 a 10.000 m² (áreas menores constituem
jardins urbanos e são comumente denominados de pracinhas). Além do papel estético, as praças propiciam
lazer e favorecem os vínculos comunitários. Podem não ser consideradas áreas verdes urbanas, dependendo
da proporção da área ocupada pela pavimentação. Já os parques são áreas verdes com maior extensão, a
partir de 1.000 m².

2.2 - ARBORIZAÇÃO URBANA

Arborização urbana se refere à presença de elementos vegetais de porte arbóreo (árvores, palmeiras
e até mesmo arbustos lenhosos) dentro do ambiente urbano. Diversas entidades e instituições estão
envolvidas no planejamento, implantação e manutenção da arborização urbana, como prefeituras,
concessionárias de distribuição de energia elétrica, institutos estaduais de meio ambiente (fiscalização,
produção de mudas), empresas prestadoras de serviços especializados (terceirizadas) e viveiros de produção
de mudas.

A arborização urbana deve seguir critérios técnicos definidos em manuais técnicos oficiais,
comumente produzidos pelos municípios como parte dos Planos Municipais de Arborização Urbana ou pelas
concessionários de energia elétrica. Alguns exemplos dessas normas técnicas são apresentados a seguir.
Quando houver norma específica para área de abrangência do concurso, deve-se verificar esse documento
caso a arborização urbana seja tópico integrante do conteúdo programático. Esse aspecto é especialmente
importante quanto às espécies recomendadas, que apresentam grande variação regional.

Ano de
Publicação Publicado por Abrangência
publicação
ABNT NBR 16246 - Florestas urbanas -
Manejo de árvores, arbustos e outras
2013 (1),
plantas lenhosas Associação Brasileira de
Nacional 2019 (3),
1 - Poda Normas Técnicas - ABNT
2020 (4)
3 - Avaliação de riscos
4 - Manejando árvores em obras
Manual para Elaboração do Plano Ministério Público do
PR 2018
Municipal de Arborização Urbana Estado do Paraná

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Secretaria de Estado de
Meio Ambiente,
Roteiro para Elaboração do Plano Desenvolvimento
MS 2020
Municipal de Arborização Urbana Econômico, Produção e
Agricultura Familiar –
SEMAGRO
Plano de Arborização Urbana da Cidade do Prefeitura da Cidade do
Rio de Janeiro-RJ 2015
Rio de Janeiro Rio de Janeiro
Prefeitura Municipal de
Manual Técnico de Arborização Urbana São Paulo-SP 2015
São Paulo
Companhia Energética de
Manual de Arborização MG 2011
Minas Gerais - Cemig
Manual de Arborização Urbana de Prefeitura Municipal de
Fortaleza-CE 2020
Fortaleza Fortaleza
Plano Diretor de Arborização Urbana Prefeitura de Manaus Manaus-AM 2016
Manual Técnico de Arborização Urbana de Prefeitura de Salvador;
Salvador com espécies nativas da Mata Sociedade Brasileira de Salvador-BA 2018
Atlântica Arborização Urbana

2.2.1 - Planejamento da arborização urbana

A escolha da espécie adequada é extremamente importante para o sucesso da arborização urbana.


Quando a escolha é acertada, além do melhor desenvolvimento da árvore, são reduzidos os custos de
replantio, manutenção e podas e os prejuízos decorrentes do crescimento inadequado da copa
(comprometimento da iluminação pública) e do sistema radicular (danos ao calçamentos, rompimento de
tubulações de água, esgoto e gás) e das quedas de galhos e árvores (interrupções no fornecimento de
energia elétrica, danos a veículos e propriedades e até mesmo ferimentos e mortes).

O planejamento da arborização urbana tem como objetivo básico compatibilizar as características


da espécie ao local de plantio, ou seja, relacionar os aspectos biológicos da espécie (porte, arquitetura da
copa, diâmetro da copa e do tronco do indivíduo adulto) aos aspectos físicos do local (largura do canteiro e
da calçada, existência de rede elétrica aérea, distanciamento de equipamentos urbanos e construções).

Quanto aos aspectos biológicos, as principais características que devem ser levadas em consideração
incluem:

● Origem da espécie: preferencialmente nativas daquele bioma, de forma a garantir maior


adaptação ao local e menor potencial invasivo. Não se recomenda que uma única espécie constitua mais de
10% dos indivíduos de uma região. Em uma mesma via, porém, o plantio de uma ou poucas espécies favorece
o efeito estético das árvores escolhidas.

● Porte: o porte da árvore deve ser compatível com o local, principalmente quando o plantio é
realizado abaixo da rede elétrica. Nas calçadas com fiação, deve-se dar preferência às espécies de pequeno
porte, enquanto nas calçadas sem fiação podem ser empregadas espécies de porte médio. Espécies de

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grande porte devem ser empregadas apenas em espaços abertos de maiores dimensões. Quanto à altura
que o indivíduo adulto atinge, o porte das árvores é classificado em:
• Pequeno porte: até 4,0 m de altura.
• Médio porte: 4,0 a 8,0 m de altura.
• Grande porte: acima de 8,0 m de altura.

● Diâmetro da copa: o diâmetro da copa da árvore adulta varia em função do porte da árvore e da
sua arquitetura. Essa informação é importante na arborização de calçadas de ruas com tráfego intenso de
veículos pesados e próximo de construções com vários pavimentos.

● Arquitetura da copa: indica o volume que será ocupada pela copa da planta adulta. Deve ser levada
em consideração, juntamente com o porte, para evitar interferências indesejáveis com pedestres, veículos
e construções. Formas mais verticalizadas, como elíptica vertical (ou colunar) e cônica, são mais adequadas
a calçadas estreitas, por exemplo. Copas mais largas e horizontalizadas (elíptica horizontal, flabeliforme e
umbeliforme) promovem maior sombreamento, mas demandam maior espaço. A copa globosa é bastante
versátil, com dimensões equivalentes nos sentidos vertical e horizontal, adaptando-se a diversas situações
em função do porte da árvore (quanto maior o porte, maior o diâmetro da copa).

Representação esquemática de diferentes arquiteturas ou formas de copas: globosa (ou


arredondada); elíptica horizontal; elíptica vertical (ou colunar); cônica (ou piramidal); flabeliforme
(cone invertido) e umbeliforme.

● Folhas: as árvores perenifólias (folhas persistentes) garantem sombreamento ao longo de todo o


ano. Já as espécies caducas ou caducifólias perdem as folhas em uma época do ano (outono/inverno),
sujando as ruas e calçadas. Em locais frios, a perda das folhas pode ser vantajosa por aumentar a incidência
solar durante a época mais fria do ano. As folhas devem ser preferencialmente pequenas, já que as folhas
grandes facilitam escorregões quando molhadas.

● Frutos: o uso de espécies frutíferas na arborização de calçadas como complemento alimentar é


questionável, pois os frutos são geralmente colhidos vedes, não resolvem os problemas alimentares da
população, favorecem a colheita para comercialização e provocam sujeira quando caem. Quando
empregadas, as espécies frutíferas devem ser preferencialmente nativas (alimento para avifauna), com
frutos pequenos (menor risco de danos a carros, menos sujeira), sem pigmentos que manchem as calçadas
ou os carros e sem valor comercial.

● Flores: preferencialmente pequenas e que não manchem os carros ou as calçadas.

● Caule: não deve possuir espinhos ou acúleos e nem compostos tóxicos.

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● Raízes: devem ser pivotantes. Raízes tabulares, como do flamboyant e das figueiras, danificam as
calçadas e atrapalham a circulação.

● Adaptação: as espécies escolhidas devem ser bem adaptadas às condições ambientais locais,
como solo e clima. O uso de espécies nativas é uma alternativa vantajosa, pela maior adaptação às condições
locais, ainda que o clima urbano apresente características próprias devido ao fenômeno de "ilhas de calor"
(maior aquecimento e maior amplitude térmica).

● Desenvolvimento: as espécies empregadas devem ter desenvolvimento satisfatório, com eficiência


comprovada pelo uso prático (observar as espécies que dão certo no local). O crescimento deve ser rápido,
diminuindo o risco de ocorrência de danos, como por vandalismo.

Em relação aos aspectos físicos do local de plantio, o Manual Técnico de Arborização da cidade de
São Paulo indica três situações distintas para implantação da arborização urbana: arborização de calçadas;
arborização de áreas abertas; e arborização de áreas internas.
==229f64==

Na arborização de calçadas, os seguintes aspectos devem ser considerados para a escolha das
espécies.

● Largura da calçada: cada município especifica, em seu Plano Diretor, quais são as dimensões
mínimas das calçadas. Na cidade de São Paulo, por exemplo, a largura mínima da calçada é de 1,9 m, sendo
1,2 m a largura mínima da faixa livre para circulação e 0,7 m a largura mínima da faixa de serviço (adjacente
à guia ou meio-fio) para instalação dos equipamentos e mobiliário urbano e dos canteiros com vegetação. A
norma técnica ABNT NBR 9050:2004 (Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos) estabelece que a largura livre mínima admissível para circulação em calçadas é de 1,2 m, sendo
desejável no mínimo 1,5 m. De modo geral, as seguintes situações podem ser recomendadas:

• Ruas estreitas (9 m) com calçadas estreitas (2 m): a arborização não é recomendada.


• Rus estreitas (9 m) com calçadas largas (3 m): árvores de pequeno porte, apenas do lado
sem fiação.
• Ruas largas (12 m) com calçadas estreitas (2 m): dependendo das características da via, o
plantio de árvores de pequeno porte na rua pode ser recomendado.
• Ruas largas (12 m) com calçadas largas (3 m): recomenda-se o plantio de espécies de médio
porte na calçada sem fiação elétrica e espécies de pequeno porte na calçada com fiação.

● Rede elétrica: a interferência negativa entre árvores e rede elétrica pode provocar rompimento de
cabos, interrupções no fornecimento de energia, queima de eletrodomésticos e acidentes graves. Em
calçadas com fiação elétrica, deve-se verificar inicialmente se a fiação é convencional (ou nua, sem proteção)
ou protegida (ou compacta, com cabos condutores cobertos). No caso de fiação protegida, não há risco
decorrente do contato dos ramos com os cabos, podendo ser empregadas espécies principalmente de médio
porte ou até mesmo grande porte (neste caso, permanecem os riscos decorrentes da queda de galhos e
árvores). Quando a fiação é convencional (nua), a arborização deve ser feita preferencialmente com espécies
de pequeno porte. O uso de espécies de grande porte, com a copa acima da fiação, também é possível, mas
a condução das plantas é mais onerosa e há o risco decorrente da queda de galhos e árvores. No caso de
árvores de médio porte já estabelecidas em locais com fiação convencional, são realizadas podas direcionais
para evitar o contato dos ramos com os cabos.

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● Edificações: o recuo dos imóveis em relação à calçada afeta a escolha da espécie arbórea em função
da sua arquitetura de copa. Quando existe recuo (área na frente do lote não edificada), copas mais
abrangentes podem ser utilizadas, garantindo uma área de sombreamento maior. Quando não há recuo,
devem ser empregadas copas mais verticalizadas.

● Equipamentos urbanos: deve ser respeitado o espaçamento mínimo entre as árvores e os


equipamentos urbanos, como postes, placas de sinalização, dentre outros. Na tabela a seguir, são
apresentados alguns valores de referência para esses afastamentos. Observe como as distâncias podem
variar conforme o porte da árvore.

Distâncias em função do porte da árvore


Equipamentos urbanos
Pequeno Médio Grande
Esquina 2a5m
Postes 2m 3m 3m
Placas de sinalização Não obstruir a visão
Hidrantes 1m 2m 3m
Tubulações subterrâneas 1m 2m 2m
Mobiliário urbano 2m 2m 3m
Caixas de inspeção e bueiros 2m
Guias rebaixadas (entradas de garagem, rampas),
1m 1m 2m
acesso de edificações, faixas de pedestres
Outras árvores 5a6m 7 a 10 m 10 a 15 m
Adaptado do Manual Técnico de Arborização Urbana da cidade de São Paulo.

● Características da via: o tipo de tráfego predominante na via afeta a escolha das espécies para
arborização, principalmente em função da arquitetura da copa das árvores. Em vias com tráfego intenso de
veículos de grande porte e faixas de corredores de ônibus, são preferíveis árvores com copa mais
verticalizada. Já em guias menos movimentadas ou com predomínio de tráfego de veículos de passeio,
espécies com copas mais amplas podem ser empregadas, favorecendo o sombreamento da calçada e das
vagas de estacionamento.

Para a arborização de áreas livres, como praças, parques, trevos, rotatórias, canteiros centrais de
avenidas e outras, além das distâncias de referência da tabela anterior, são recomendados também
afastamentos mínimos em relação a construções e muros, conforme a seguir. Em áreas de estar de praças
e parques, playgrounds e academias ao ar livre, o uso de espécies que favoreçam a queda de galhos ou com
frutos deve ser evitado. Os canteiros centrais de avenidas e os trevos e rotatórias são os únicos locais em
que podem ser empregadas palmeiras na arborização urbana, já que seu uso em calçadas não é
recomendável (folhas muito grandes, não proporcionam sombreamento, não aceitam poda de condução).

Distâncias em função do porte da árvore


Afastamento
Pequeno Médio Grande
Edificações 2m 4m 7m
Muros ou gradis 1m 2m 3m
Adaptado do Manual Técnico de Arborização Urbana da cidade de São Paulo.

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Por fim, a arborização das áreas internas de lotes públicos ou privados deve considerar
principalmente os objetivos a serem alcançados com a implantação das árvores (sombreamento, estética,
alimento para avifauna), as características do local (uso do espaço, edificações) e as preferências dos
proprietários, usuários ou responsáveis pelo local. Nesses locais, deve-se evitar apenas o uso de espécies
inadequadas para a arborização, conforme listado adiante.

2.2.2 - Implantação e manutenção da arborização urbana

O plantio de árvores no ambiente urbano apresenta algumas especificidades em relação à prática


agrícola convencional, sendo os principais aspectos abordados a seguir.

● Qualidade das mudas: as mudas para arborização urbana devem ter uma altura mínima que
garanta um bom desenvolvimento e iniba a prática de vandalismo. As mudas são conduzidas nos viveiros de
forma que já tenham, no mínimo, 1,8 a 2,5 m de fuste (ou seja, da superfície do recipiente até a primeira
ramificação); três a cinco pernadas bem distribuídas e boa perpendicularidade do fuste. Isso garante que
não haverá interferência negativa entre as árvores e os pedestres. Além da altura da muda, outro parâmetro
importante de qualidade é o diâmetro à altura do peito ou DAP (diâmetro do caule a 1,3 m de altura). O
tamanho do recipiente deve ser compatível com o porte das mudas (30 L para DAP de 3 cm; 50 L para DAP
de 5 cm e 100 L para DAP de 7 cm).

● Preparo do local de plantio: os locais de plantio no ambiente urbano podem apresentar sérias
limitações ao desenvolvimento das árvores, devendo ser adequadamente preparados para recebê-las.
Problemas comuns incluem a compactação do solo, presença de entulho e remoção dos horizontes
superficiais do solo. O local de plantio deve oferecer uma área permeável mínima de 1,0 m² para o
desenvolvimento da árvore, o que evita o crescimento superficial das raízes e os danos ao calçamento. A
cova deve estar, no mínimo, a 10 cm da guia da calçada, e a muda deve ser posicionada pelo menos a 0,4-
0,5 m da guia. A cova deve ter dimensões mínimas de 0,6 x 0,6 m e 0,5 m de profundidade. Se o solo
removido da cova for excessivamente pedregoso, siltoso ou arenoso, ele deve ser descartado e outro
material de enchimento deve ser empregado, como misturas de solo, composto orgânico ou esterco bem
curtido e areia grossa (nas proporções de 2:1:1 ou 1:1:1). Idealmente, o solo retirado na abertura da cova
deve ser empregado no plantio (menor custo de implantação), sendo corrigido com calcário dolomítico e
enriquecido com fertilizantes (principalmente fosfatados) e matéria orgânica (composto orgânico de boa
qualidade ou esterco curtido). Devido à grande variabilidade do solo urbano, a realização de análises e
recomendações precisas é, em geral, inviável. Recomenda-se, assim, a aplicação de 200-400 g/cova de
calcário dolomítico, 100-400 g/cova de 04-14-08 ou 300-500 g/cova de superfosfato simples e 5 L de
composto orgânico ou esterco de curral bem curtido para covas de 0,6 x 0,6 x 0,5 m.

● Plantio da muda: a muda é removida do recipiente com cuidado, evitando danificar o torrão. Uma
fina fatia da porção inferior do torrão pode ser removida com facão para evitar o plantio de raízes enoveladas
("pião torto"). A muda é içada, sem provocar danos mecânicos ao caule, e posicionada com a região do colo
ao nível da superfície do solo. Se a altura não estiver adequada, deve-se depositar mais terra de enchimento
no fundo da cova. A terra de enchimento é distribuída ao redor do torrão, sofrendo leve compactação para
garantir que o torrão assente firmemente no local. Durante o enchimento, deve-se verificar se a muda está
posicionada corretamente na vertical. Uma pequena bacia de captação pode ser feita ao redor da muda,
garantindo maior capacidade de retenção da água da chuva e das irrigações. A cobertura morta com material

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orgânico também é recomendável, favorecendo a manutenção da umidade durante o período do


pegamento. Logo após o plantio, a muda deve ser abundantemente irrigada, garantindo bom contato solo-
raiz.

● Tutoramento: o tutoramento das mudas durante os primeiros anos de desenvolvimento é essencial


para garantir o crescimento verticalizado das árvores. Adicionalmente, os tutoras protegem as árvores
recém implantadas contra tombamentos e vandalismos. Os tutores devem ter altura mínima de 2-2,5 m,
ficando enterrados cerca de 0,5-0,6 m. Os tutores, geralmente de madeira ou bambu, jamais devem ser
colocados no torrão das mudas, sendo instalados na própria cova de plantio no mínimo a 15 cm de distância
da muda. As mudas são amarradas aos tutores com materiais macios, como sisal ou borracha, com nó em
forma de oito deitado. Mudas mais altas e palmeiras podem ser sustentadas por dois tutores dispostos em
lados opostos ou três tutores em forma de tripé.

● Proteção das mudas: o uso de protetores tem como objetivo evitar danos às mudas durante o seu
desenvolvimento inicial, decorrentes tanto de vandalismo quanto de acidentes ou descuido. Os protetores
são dispostos ao redor da muda, com altura mínima de 1,6 m, e podem ser de madeira ou metal, devendo
permanecer por no mínimo três anos no local. O canteiro ao redor das mudas também pode ser protegido
com grelhas de concreto ou metal, permitindo o pisoteio dos canteiros em locais de grande tráfego de
pedestres. Essa prática, porém, é onerosa, sendo geralmente feito apenas o plantio de grama nas faixas
permeáveis ao redor das mudas. A caiação dos caules, por vezes comum no Brasil, é uma prática abominável
do ponto de vista estético, dispendiosa na ótica econômica e totalmente desnecessária da perspectiva
agronômica, devendo ser abolida.

● Controle de pragas: as pragas mais comuns na arborização urbana são as formigas-cortadeiras e os


besouros que atacam o caule (serradores e coleobrocas). Em geral, o controle químico não é recomendável
ou mesmo permitido no ambiente urbano, pela impossibilidade de se realizar o isolamento das áreas. As
formigas-cortadeiras são importantes principalmente no início do desenvolvimento das plantas, logo após
o plantio, quando os danos decorrentes da desfolha são mais intensos. As coleobrocas são besouros que
broqueiam os ramos e os troncos. Os danos decorrentes dos orifícios e galerias abertas podem levar à morte
de ramos ou de toda a árvore. Os serradores são besouros grandes que cortam ramos das árvores para
realizarem a postura dos ovos. As larvas, ao eclodirem, se alimentam do lenho. Os locais mais úmidos são
preferidos para a postura, o que favorece o apodrecimento da madeira dos ramos afetados. Tanto para
coleobrocas quanto para serradores, os ramos e plantas afetados devem ser eliminados antes de caírem. O
controle químico com fosfina em pasta pode ser empregado em algumas situações, como árvores de grande
valor histórico-cultural.

● Controle de doenças: quando a escolha das espécies é adequada (considerando a adaptação e


rusticidade das espécies) e a implantação foi bem feita, a incidência de doenças em geral não chega a ser um
problema significativo na arborização urbana. A ocorrência de fungos e podridões nos troncos deve ser
sempre verificada, pelo risco de queda das árvores decorrente do apodrecimento do caule.

● Controle de plantas daninhas: primeiramente, deve-se evitar a introdução de plantas daninhas


por meio de mudas ou placas de grama infestadas. O controle mecânico por capina ou monda é a principal
forma de manejo de plantas daninhas em ambientes urbanos.

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2.2.3 - Podas

A poda das árvores, no meio urbano, muitas vezes é necessária para resolver conflitos entre a
arborização e a rede elétrica, pedestres, veículos ou construções. Desse modo, frequentemente a
necessidade de poda decorre da escolha de espécies inadequadas para aquele local. Assim, a intervenção
se torna necessária para alterar a arquitetura natural da copa e adequá-la àquelas condições. Devido aos
riscos e custos elevados inerentes à prática de poda, a escolha de espécies adequadas é obviamente sempre
a melhor opção na arborização urbana. Como a substituição das espécies inadequadas deve ser gradativa, a
poda é a solução para compatibilizar a copa das espécies inadequadas aos locais onde se encontram.

A queda de galhos é um processo natural das árvores, geralmente induzido pelo crescimento da copa
e sombreamento. A resposta natural das árvores à perda de galhos ou à sua remoção pela poda envolve
uma sequência de reações que constituem o processo de compartimentalização da lesão. Inicialmente, as
células da base (colar) do galho removido são ativadas, produzindo substâncias que irão proteger a lesão,
como taninos. Em seguida, os vasos condutores são bloqueados pela deposição de resinas, gomas, látex ou
tiloses (proteínas). As células do colar do galho removido e novas células parenquimáticas aumentam sua
atividade metabólica para produção de compostos antibióticos, como polifenóis. As células da região
continuam a se multiplicar para cicatrização da lesão. Por fim, a lesão é totalmente recoberta por novas
células ricas em suberina, isolando novamente o interior da árvore do meio externo. A compartimentalização
é favorecida em galhos mais finos e mais jovens e quando as plantas estão fisiologicamente mais ativas
(crescimento vegetativo). Lesões na crista ou no colar do galho podem comprometer o processo de
compartimentalização, assim como tratamentos com fungicidas e pinturas protetoras.

A poda de árvores envolve técnicas diferentes dependendo do calibre dos galhos:

● Galhos pequenos: a poda de galhos e ramos mais finos é feita em apenas um corte, próximo à
região do colar, mas sem prejudicá-lo. O corte deve ser oblíquo em relação ao tronco (inclinado) e não deve
lesionar a crista ou o colar, permitindo rápida compartimentalização da lesão.

● Galhos grandes: galhos com diâmetro maior que 5 cm devem ser podados com cortes sequenciais,
conforme ilustrado a seguir. O primeiro corte, na porção inferior do galho (1/3 do diâmetro), evita que ele
se lasque e danifique a coroa do galho. O segundo corte, na porção superior do galho (2/3 do diâmetro) e
mais afastado da sua base, leva à sua queda. O terceiro corte, efetuado próximo do colar e obliquamente
ao tronco, remove a base do galho e dá o acabamento. Esse corte não pode ser excessivamente verticalizado
(prejudica o colar e origina lesão muito extensa) e não deve deixar tocos residuais ou "cabides" (impede o
processo de compartimentalização).

Representação esquemática dos elementos anatômicos da inserção de um galho no tronco e


sequência de cortes para poda de galhos grossos, resultando em um corte com bom acabamento e
que preserva a crista e o colar, favorecendo as reações de compartimentalização.

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Existem diversos tipos de poda aplicados às árvores empregadas na arborização urbana. A


denominação pode variar em função do referencial bibliográfico.

● Poda de formação: praticada ainda durante a produção das mudas nos viveiros. Tem como
objetivo garantir uma muda com qualidade compatível ao uso na arborização urbana (fuste retilíneo,
perpendicular, com altura mínima de 1,8-2,5 m até a primeira ramificação, pernadas bem distribuídas).

● Poda de condução: realizada durante o desenvolvimento inicial da árvore, visa direcionar o


crescimento dos ramos para os espaços disponíveis, respeitando a arquitetura natural da copa. São
removidos ramos muito baixos, crescendo para o interior ou que possam causar conflitos indesejáveis no
futuro.

● Poda de limpeza: essa prática integra a manutenção periódica que deve ser dada às árvores,
envolvendo a remoção de ramos secos e afetados por pragas ou doenças. Os brotos ladrões, emitidos da
base das plantas, também devem ser continuamente removidos.

● Poda de desbaste: remoção de galhos para favorecer a incidência de luz e o arejamento da copa,
remoção do excesso de galhos e retirada de galhos com risco de queda, sempre respeitando a arquitetura
natural da copa.

● Poda de levantamento: remoção dos galhos mais baixos da copa, desobstruindo a visão e evitando
conflitos com pedestres e veículos.

● Poda de redução ou contenção: visa reduzir o tamanho da copa, mas respeitando sua arquitetura
natural. Os galhos são removidos na sua base, sendo substituídos por outros que assumem o papel de
líderes.

● Poda direcional: prática de poda realizada para evitar o contato dos ramos com a rede elétrica. A
eficácia dessa poda depende das características do crescimento natural da copa, tendo em geral efeito
estético em geral negativo. A poda direcional mais comum é a poda em V ou em forquilha. Nessa poda, as
pernadas são conduzidas para longe da rede elétrica e os ramos que crescem em direção ao interior da copa
são removidos. No caso de fiação protegida sem alta tensão, apenas os galhos que estejam forçando a
fiação devem ser removidos. No caso de fiação nua e de alta tensão, a copa deve ser mantida a uma
distância mínima de 0,8 m e 1,2 m da fiação, respectivamente.

Podas direcionais para reduzir a intervenção negativa entre a arborização e a rede elétrica: poda em V
ou forquilha, poda em U, poda em L e poda em furo.

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● Poda de destopo: poda que também visa à redução da copa, mas sem respeitar sua arquitetura
natural. Essa poda é inadequada e não deve ser recomendada. Além do péssimo efeito estético, essa poda
mutilante desequilibra a copa e estimula a brotação de ramos epicórmicos (brotos originados a partir da
casca das árvores, sem boa comunicação com o lenho e, por isso, mais frágeis), que aumentará o risco de
queda de galhos no futuro.

2.2.4 - Avaliação de riscos

A avaliação de riscos associados à queda de árvores ou galhos faz parte da gestão da arborização
urbana. A avaliação de riscos associados à arborização urbana é regulamentada pela norma técnica ABNT
NBR 16246-3 (Florestas urbanas - Manejo de árvores, arbustos e outras plantas lenhosas - Parte 3: Avaliação
de riscos). Essa norma estabelece três níveis de avaliação:

● Nível 1: avaliação limitada à análise visual das árvores de determinado local de interesse para
identificação de condições específicas ou defeitos óbvios.
● Nível 2: análise visual de toda a árvore, incluindo a porção visível do sistema radicular, o colo, o
tronco e a copa da árvore, podendo ser empregadas ferramentas manuais para detecção defeitos estruturais
(martelo de borracha para auscultação de cavidades, clinômetro).
● Nível 3: inclui, além da análise visual externa, escalada da árvore ou inspeção com drones,
prospecção do caule por perfurações, tomografia do tronco e cálculos de estabilidade.

Durante a avaliação de riscos, devem ser verificados os seguintes atributos:

● Alvo: alvos conhecidos e possíveis dentro do provável raio de queda de galhos ou da árvore.

● Entorno: verificar condições locais associadas ao risco de queda de árvores, como tamanho da área
permeável na base, declividade da área, permeabilidade e compactação do solo, intensidade dos ventos,
pavimentação e calçamento, movimentação de terra (escavações) ou obras que possam ter afetado o
sistema radicular.

● Avaliação visual externa: deve incluir a avaliação de diversos atributos.

• Estado geral da árvore: vigor e fenologia da copa, morte ou declínio do indivíduo.


• Sistema radicular: espaço disponível, poda ou apodrecimento de raízes, exposição do
sistema radicular.
• Colo: soterramento, rachaduras, cancros ou processos de biodeterioração, cavidades.
• Tronco: inclinação, rachaduras, cancros ou processos de biodeterioração, cavidades.
• Desequilíbrio da copa: casca inclusa (presa em ramificações muito fechadas); galhos com
ferimentos, apodrecimento ou desrama natural; altura de inserção da primeira ramificação; ramos
epicórmicos; forquilhas com indícios de biodeterioração; podas em processo de biodeterioração;
deslocamento do centro de gravidade da copa; deficiência nutricional ou hídrica.
• Fitossanidade: presença de corpos de frutificação de fungos (como orelha-de-pau), cupins
xilófagos (alimentam-se de madeira), brocas, formigas e outras pragas e doenças. Presença de plantas
parasitas (erva-de-passarinho, cipó-chumbo).

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• Crescimento adaptado: raízes do tipo sapopembas (escoramento), protuberâncias no


tronco ou galhos, espessamento de raízes, do tronco ou de ramificações.

● Avaliação interna: necessária para avaliações de nível 3, permite verificar e quantificar processos
internos de biodeterioração pelo uso de equipamentos como penetrômetros, furadeiras e tomógrafos.

A avaliação de risco resulta na elaboração de relatório técnico que será apresentado ao gestor ou
cliente que solicitou a avaliação. O relatório deve conter a identificação e localização das árvores, o nível de
avaliação empregado com descrição dos métodos e equipamentos, a análise do local e do alvo, os
resultados obtidos, as recomendações de manejo e a indicação de avaliações adicionais ou monitoramento
periódico.

O risco iminente de queda deve ser imediatamente comunicado para que sejam tomadas as
providências de isolamento da área, sinalização da árvore e sua remoção. A avaliação de riscos também
pode indicar outras práticas de manejo, como a realização de podas.

2.2.5 - Espécies para uso na arborização urbana

A seguir são listadas diversas espécies empregadas comumente na arborização urbana. As árvores
foram agrupadas de acordo com a origem (nativas e exóticas) e de acordo com o porte (pequeno - até 4 m,
médio - 4 a 8 m, grande - acima de 8 m).

Espécies nativas

O uso de espécies nativas do bioma é sempre recomendável pela maior adaptabilidade às condições
locais, pela preservação e valorização das espécies, pelo menor potencial invasor e pelo maior
favorecimento da avifauna nativa.

Pequeno porte (até 4 m)

Família botânica Nome comum Nome científico Observações


Copa globosa, folhas caducas,
Fabaceae Canudo-de-pito Cassia bicapsularis flores amarelas (ver./out.),
crescimento rápido
Copa globosa, folhas persistentes,
flores avermelhadas
Fabaceae Flamboyanzinho Caesalpinia pulcherrima
(pri./ver./out.), condução
trabalhosa (brotos ladrões)
Copa globosa, folhas caducas,
Fabaceae Falso-pau-brasil Caesalpinia tinctoria
flores amarelas (pri.)
Suinã, mulungu, Copa irregular, folhas caducas,
Fabaceae Erytrina speciosa
eritrina flores vermelhas (inv.)

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Copa globosa, folhas persistentes,


Melastomataceae Manacá-da-serra Tibouchina mutabilis flores que mudam de branco para
rosa (pri./ver.)
Copa globosa, folhas semi-caducas,
Myrtaceae Goiabeira Psidium guajava
flores creme (ver.) frutífera

Médio porte (4 a 8 m)

Família botânica Nome comum Nome científico Observações


Copa globosa pendular, folhas
Aroeira-salsa,
persistentes, flores brancas (pri.),
Anacardiaceae falso-chorão, Schinus molle
condução difícil pelos ramos caídos
aroeira-mansa,
(pedestres)
Jacarandá-de- Copa umbeliforme, folhas caducas,
Bignoniaceae Jacaranda brasiliana
jardim flores roxas (pri.)
Cássia-carnaval, Copa globosa, folhas semi-caducas,
Fabaceae Senna spectabilis
cássia flores amarelas (pri./ver.)
Copa globosa, folhas persistentes,
Lauraceae Canela-amarela Nectandra nitidula
flores brancas (pri.)
Copa piramidal, folhas
Lauraceae Canela-sassafrás Ocotea pretiosa
permanentes, flores brancas (pri.)
Copa piramidal, folhas caducas,
Lauraceae Imbuia Ocotea porosa
flores brancas (out.)
Copa globosa, folhas persistentes,
Melastomataceae Quaresmeira Tibouchina granulosa
flores roxas ou rosas (ver./out.)
Copa globosa, folhas semi-caducas,
Myrtaceae Pitangueira Eugenia uniflora
flores brancas (pri./ver.), frutífera

Grande porte (acima de 8 m)

Família botânica Nome comum Nome científico Observações


Copa globosa, folhas caducas,
Bignoniaceae Ipê-branco Handroanthus roseoalba
flores brancas (pri.)
Handroanthus ochraceus
(ipê-amarelo),
Handroanthus albus Copa globosa, folhas caducas,
Bignoniaceae Ipê-amarelo
(ipê-amarelo-da-serra), flores amarelas (pri.)
Handroanthus caraiba
(ipê-amarelo-do-cerrado)
H. heptaphyllus Copa globosa, folhas caducas,
Bignoniaceae Ipê-roxo
(ipê-roxo-sete-folhas), flores roxas (pri.)

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H. Impetiginosus
(ipê-roxo-de-bola)
Handroanthus Copa globosa, folhas caducas,
Bignoniaceae Ipê-rosa
avellanedae flores rosas (pri.)
Jacarandá- Copa globosa, folhas caducas,
Bignoniaceae Jacaranda mimosifolia
mimoso flores lilás (pri./ver.)
Copa globosa, folhas persistentes,
Chrysobalanaceae Oiti Licania tomentosa
flores brancas (inv.)
Alecrim-de- Copa globosa, folhas persistentes,
Fabaceae Holocalix balansae
campinas flores creme (ver./out./inv.)
Copa globosa pendular, folhas
Fabaceae Canafístula Cassia ferruginea
caducas, flores amarelas (ver.)
Copa globosa, folhas semi-caducas,
Fabaceae Copaíba Copaifera langsdoorfii
flores creme (ver.)
Copa fabeliforme, folhas caducas,
Fabaceae Flamboyant Delonix regia
flores alaranjadas (pri./ver.)
Jacarandá-da- Copa flabeliforme, folhas semi-
Fabaceae Dalbergia miscolobium
bahia caducas, flores brancas (ver.)
Copa globosa, folhas semi-caducas,
Fabaceae Pau-brasil Caesalpinia echinata
flores amarelas (pri./ver.)
Copa globosa, folhas semi-caducas,
Fabaceae Pau-ferro Caesalpinia ferrea
flores amarelas (ver.)
Caesalpinia Copa globosa, folhas caducas,
Fabaceae Sibipiruna
peltophoroides flores amarelas (pri.)
Nectandra robusta
(canela-amarela), Copa globosa, folhas persistentes,
Lauraceae Canelas
Nectandra membranaceae flores brancas (ano todo, pri./ver.)
(canela-branca)
Copa flabeliforme, folhas semi-
Lecythidaceae Jequitibá Cariniana estrelensis
caducas, flores brancas (pri.)
Copa globosa, folhas caducas,
Lecythidaceae Sapucaia Lecythis pisonis
flores lilás (pri.)
Copa piramidal, folhas caducas,
Malpighiaceae Lofântera Lophantera lactescens
flores amarelas
Copa globosa, folhas caducas,
Malvaceae Paineira Chorisia speciosa
flores rosa (ver./out.)
Copa globosa, folhas caducas,
Meliaceae Cedro Cedrella fissilis
flores creme (pri.)
Copa colunar, folhas semi-caducas,
Polygonaceae Pau-formiga Triplaris brasiliensis
flores alaranjadas (pri.)
Calycophyllum Copa colunar, folhas semi-caducas,
Rubiaceae Pau-mulato
spruceanum flores brancas (inv.)
Copa globosa, folhas persistentes,
Sterculiaceae Chichá Sterculia chicha
flores amarelas (pri.ver.)

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Espécies exóticas

O uso de espécies exóticas é bastante comum na arborização urbana, mas deve-se cuidar com o
potencial invasor de algumas espécies e empregar apenas espécies de uso consagrado.

Pequeno porte (até 4 m)

Família botânica Nome comum Nome científico Observações


Copa globosa, folhas persistentes,
Apocynaceae Espirradeira Nerium oleander
flores brancas ou rosas (pri./ver.)
Copa globosa, folhas semi-caducas,
Fabaceae Acácia-mimosa Acacia podalyriifolia
flores amarelas (inv.)
Copa globosa, folhas semi-caducas,
Lythraceae Resedá Lagerstroemia indica
flores brancas ou rosas (pri./ver.)
Copa globosa, folhas persistentes,
Myrtaceae Calistemo Callistemon citrinus
flores vermelhas (pri.)
Copa irregular, folhas semi-
Proteaceae Grevilha-anã Grevillea banksii caducas, flores avermelhadas
(pri./ver.)
Copa globosa, folhas persistentes,
Rutaceae Murta Murraya exotica
flores brancas (pri./ver.)

Médio porte (4 a 8 m)

Família botânica Nome comum Nome científico Observações


Copa globosa pendente, folhas
Bignoniaceae Ipê-mirim Tecoma stans persistentes, flores amarelas
(ver./out.)
Bauínia, unha-de- Copa globosa, folhas caducas,
Bauhinia variegata,
Fabaceae vaca, pata-de- flores (inv.) rosas (B. triandra) ou
Bauhinia triandra
vaca brancas (B. variegata)
Cássia-imperial, Copa globosa, folhas caducas,
Fabaceae Cassia fistula
chuva-de-ouro flores amarelas (ver.)
Magnólia- Copa piramidal, folhas semi-
Magnoliaceae Michelia champaca
amarela caducas, flores amarelas (pri./ver.)
Jambolão, Folhas persistentes, flores brancas
Myrtaceae Eugenia jambolana
jamelão (ver.), frutífera
Copa colunar, folhas persistentes,
Myrtaceae Melaleuca Melaleuca leucadendron
flores brancas (ver.)
Alfeneiro, Copa globosa, folhas persistentes,
Oleaceae Ligustrum lucidum
ligustro flores brancas (ver.)
Copa globosa, folhas caducas,
Sterculiaceae Astrapéia Dombeya spp.
flores brancas ou rosas (inv.)

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Grande porte (acima de 8 m)

Família botânica Nome comum Nome científico Observações


Copa globosa, folhas semi-caducas,
Bignoniaceae Espatódea Spathodea campanulata
flores alaranjadas (out.)
Sete-copas, Copa flabeliforme, folhas caducas,
Combreaceae Terminalia catappa
chapéu-de-sol flores roxas (inv.)
Cinamomo, Copa globosa, folhas caducas,
Meliaceae Melia azedarach
santa-bárbara flores lilases (pri.)

2.2.5 - Espécies inadequadas para uso na arborização urbana

Existem diversas espécies de árvores inadequadas para uso na arborização urbana, principalmente
na arborização de calçadas. Essas espécies são consideradas inadequadas por serem exóticas com grande
capacidade de multiplicação (podem se tornar invasoras); pela presença de espinhos ou compostos tóxicos
no tronco, folhas, flores ou frutos; ou pelo crescimento superficial do sistema radicular que provoca danos
ao calçamento.

Família botânica Nome comum Nome científico Observações


Anacardiaceae Aroeiras Schinus spp. Planta tóxica
Apocynaceae Espirradeira Nerium oleander Planta tóxica
Apocynaceae Chapéu-de-napoleão Thevetia neriifolia Planta tóxica
Bignoniaceae Falso-ipê-de-jardim Tecoma stans Espécie exótica invasora
Boraginaceae Cordia-africana Cordia abyssinica Planta tóxica
Fabaceae Acácia-negra Acacia mearnsi Espécie exótica invasora
Fabaceae Acácia-mimosa Acacia podalyriifolia Espécie exótica invasora
Fabaceae Leucena Leucaena leucocephala Espécie exótica invasora
Fabaceae Alecrim-de-campinas Holocalyx balansae Planta tóxica
Fabaceae Sibipiruna Caesalpinia pluviosa Danos ao calçamento
Fabaceae Flamboyant Delonix regia Danos ao calçamento
Magnoliaceae Magnólia-amarela Michellia champaca Espécie exótica invasora
Meliaceae Cinamomo Melia azedarach Espécie exótica invasora
Moraceae Ficus, figueira Ficus sp. Danos ao calçamento
Oleaceae Alfeneiro Ligustrum lucidum Espécie exótica invasora
Pinaceae Pinus, pinheiro Pinus sp. Espécie exótica invasora
Pittosporaceae Pau-incenso Pittosporum undulatum Espécie exótica invasora
Rhamnaceae Uva-do-japão Hovenia dulcis Espécie exótica invasora
Rosaceae Pessegueiro-bravo Prunus sphaerocarpa Planta tóxica
Espécie exótica invasora,
Rutaceae Murta Murraya paniculata hospedeira do amarelinho
dos citros

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3 - QUESTÕES COMENTADAS

1. (VUNESP - Prefeitura de Buritizal, SP - 2018) São regras básicas para a manutenção de um jardim a
seguinte limpeza:
(A) geral e retirada de plantas invasoras, poda de limpeza, controle de pragas e doenças e replantio para
substituir mudas mortas e/ou espécies de floração sazonal.
(B) geral, poda de formação eliminando os ramos secos ou malformados, folhas velhas ou doentes, controle
de pragas e doenças e replantio para substituir mudas mortas e/ou espécies de floração sazonal.
(C) do terreno, poda de limpeza, controle de formigas e doenças e adubação geral em todas as áreas com
NPK distribuído igualmente.
(D) geral e retirada de plantas invasoras, poda de formação, estaqueamento das mudas e replantio para
substituir mudas mortas e/ou espécies de floração sazonal.
(E) geral e retirada de plantas invasoras, poda de limpeza, controle fitossanitário, adubação geral em todas
as áreas com NPK distribuído igualmente e replantio para substituir mudas mortas.
Comentário: a alternativa A está correta, pois a manutenção de jardins inclui a limpeza geral da área,
remoção de plantas invasoras, pode de limpeza, controle de pragas e doenças e replantio de mudas que
tenham morrido ou das espécies anuais, que entram em senescência após o florescimento.
A alternativa B está errada, pois a poda de formação, geralmente realizada nos viveiros, tem como objetivo
alterar o crescimento natural da plantas e permitir o desenvolvimento da copa de acordo com a sua
finalidade.
A alternativa C está errada, pois a adubação é realizada de acordo com as particularidades de cada grupo
vegetal (árvores, palmeiras, gramados, arbustos, canteiros de folhagem e de flores).
A alternativa D está errada, pois a poda de formação não é um serviço de limpeza e o estaqueamento das
mudas não é uma operação realizada em jardins.
A alternativa E está errada, pois a adubação é realizada de acordo com as particularidades de cada grupo
vegetal (árvores, palmeiras, gramados, arbustos, canteiros de folhagem e de flores).
Gabarito: alternativa A.
_______________________________________________________________________________________

2. (FUMARC - Prefeitura de Belo Horizonte, MG - 2014) Considerando os critérios técnicos


recomendados para a adubação de gramados em formação ou já formados, é CORRETO afirmar que
(A) a adubação em cobertura nos gramados em formação deve ser feita 60 dias após o plantio, com N e K2O,
parcelada em três vezes com intervalos de 30 dias.
(B) a adubação de manutenção em gramados formados e em bom estado deve ser feita anualmente,
privilegiando a aplicação de Nitrogênio e Fósforo, durante o período seco.

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(C) para a incorporação de calcário e adubo orgânico em gramados em formação, deve ser feita a aplicação
superficial seguida de irrigação abundante para a solubilidade do material, antes do plantio.
(D) para a recuperação de gramados já formados e que estiverem em más condições, recomenda-se o
revolvimento do solo por meio de aração.
Comentário: a alternativa A está correta, pois cerca de 30-60 dias após o plantio dos gramados, recomenda-
se realizar adubação de cobertura com N e K, de preferência com aplicação parcelada ao longo do período
chuvoso.
A alternativa B está errada pois a adubação anual deve ser realizada no período chuvoso.
A alternativa C está errada, pois calcário e adubos orgânicos devem ser incorporados por revolvimento do
solo, já que têm baixa solubilidade.
A alternativa D está errada, pois o revolvimento do solo não é uma prática recomendada para recuperação
de gramados.
Gabarito: alternativa A.
_______________________________________________________________________________________

3. (IF-RS - IF-RS - 2016) Assinale a alternativa em que (todas) a(s) afirmativa(s) está(ão) INCORRETA(S):
I. Pode-se denominar micropaisagismo quando se faz paisagismo com escalas entre 1:5000 a 1:50.000.
II. O material de trabalho do paisagista constitui-se de anseios do usuário, solo (geologia e relevo), flora,
fauna, recursos hídricos e minerais, condições ambientais, além de dedicação e paciência.
III. Denomina-se de macropaisagismo quando o trabalho é realizado com escalas menores que 1:50 a 1:1000.
(A) I, II, III.
(B) Apenas I e II.
(C) Apenas I.
(D) Apenas II e III.
(E) Apenas I e III.
Comentário: a primeira afirmativa está errada, pois os projetos de micropaisagismo são representados em
escalas grandes, de 1:50 a 1:1000.
A afirmativa II está correta, pois o projeto paisagístico deve integrar os desejos dos usuários, as
condicionantes do ambiente e as exigências da vegetação.
A afirmativa III está errada, pois o macropaisagismo trabalha em áreas extensas, com escalas de
representação de 1:5.000 a 1:50.000.
Gabarito: alternativa E.
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4. (IF-TO - IF-TO - 2018) O paisagismo é uma técnica que procura reconstituir a paisagem natural
dentro do cenário urbano, rural, público ou privado. Sobre a elaboração e planejamento paisagístico, é
incorreto afirmar que:
(A) O índice de área verde é o total de áreas verdes de um determinado local (m2), dividido pelo seu número
de habitantes (m2/habitante).
(B) A arborização urbana, os parques e praças públicas passaram a ter projetos paisagísticos mais elaborados
e comprometidos com a sustentabilidade.
(C) O controle à erosão urbana, proteção contra ventos e revestimento vegetal em obras de terraplanagem
não são atividades inerentes ao paisagismo.
(D) O planejamento do jardim é desenvolvido em etapas como estudo preliminar, anteprojeto e projeto
executivo.
(E) No planejamento paisagístico são consideradas áreas verdes urbanas: parques, praças, avenidas
arborizadas e até mesmo alguns tipos de cemitérios.
Comentário: a alternativa A está correta, pois o índice de áreas verdes representa a relação entre a soma
das áreas verdes do local e a sua população, expresso geralmente como m²/habitante.
A alternativa B está correta, pois a sustentabilidade tem sido um fator muito importante na elaboração dos
projetos, se expressando, por exemplo, na valorização da vegetação nativa e no uso de materiais
sustentáveis.
A alternativa C está errada, pois o paisagismo também atua no controle da erosão urbana (emprego da
vegetação para cobertura do solo), na proteção contra ventos (vegetação arbustiva ou arbórea na forma de
cercas-vivas ou quebra-ventos) e no revestimento de cortes e aterros de terraplanagem (readequação
ambiental e paisagística).
A alternativa D está correta, pois o panejamento de jardins envolve as fases de estudo preliminar
(levantamento das informações, esboços e croquis), anteprojeto e projeto executivo.
A alternativa E está correta, pois existem conceitos que consideram como áreas verdes todos os espaços
livres urbanos em que a vegetação seja o principal elemento (área permeável ocupa mais de 70%).
Gabarito: alternativa C.
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Parabéns, colega Estrategista!

Chegamos ao fim da nossa aula. Espero que você tenha gostado do material e conseguido absorver
todo o conteúdo.

Em caso de dúvida, não deixe de nos contatar, pode ser pelo fórum ou por:

profdiegotassinari@gmail.com

@profdiegotassinari

Comemore essa vitória e siga adiante!

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