Você está na página 1de 3

Resenha: Intertextualidade e ensino

O capítulo “Intertextualidade e ensino” apresenta uma preocupação em


aprofundar-se na temática da intertextualidade, que fundamenta textos e artigos
científicos, além dos mais diversos discursos e comentários presentes em nosso dia
a dia. Para isso, as autoras Monica Cavalcante, Mariza Angélica Brito e Aurea
Zavam trazem os diferentes conceitos de intertextualidade e exemplificações que
facilitam a compreensão dos leitores.
Partindo dos processos intertextuais, que é apresentado pelo texto dividindo-
se em duas noções: “ A - Quando há um diálogo entre textos específicos, ou porque
um texto tem partes de um texto presente em outro (Chamadas de copresença), ou
porque um texto sofreu modificações e se transformou em outro (Derivações).”
“B - Quando há imitação entre gêneros do discurso,ou entre estilos de
autores.”
(Cavalcante, Brito e Zavam, 2017, p.110)
O primeiro exemplo tratado no texto traz uma citação retirada de um discurso
marcada por aspas, em alguns casos em que são empregados provérbios, frases
feitas que não são marcados necessariamente, porém estão presentes no
imaginário popular como é retratado pelo segundo exemplo.
O terceiro exemplo mostra a configuração de paráfrase, normalmente é
acompanhada de uma indicação da origem, e é reescrita de maneira a transmitir a
mesma mensagem mas não de forma literal. Acompanhando o exemplo quatro
somos apresentados aos principais gêneros textuais que utilizam a paráfrase e eles
são resenha, resumo, sinopse e sempre apresentam as referências para não
incorrer em plágio.
As referências podem aparecer em textos exercendo papel intertextual ou
seja fazendo alusões a outros textos ou autores como mostra o exemplo cinco,
nesta ocorrência pode ser utilizada a comparação a personagens emblemáticos em
suas histórias, ou ações que remetam a história referenciada.
Ainda dentro das citações e caminhando para paródia temos o exemplo seis,
que a partir de uma música que viralizou, passou ao âmbito dos memes sendo
relacionada a outro acontecimento que foi notícia. Então temos o trecho “ 99% anjo,
perfeito, mas aquele 1% é manicure” relacionando-se diretamente com a música de
sucesso “ 99% anjo perfeito, mas aquele 1% é vagabundo”, e assim como a música
o acontecimento gerou grandes repercussões satirizando o acontecimento, e
paródias, memes e etc.
O tópico seguinte reflete sobre a segunda situação de intertextualidade, as
derivações por transformação, que especificamente são as paródias e
transposições. Um ponto de extrema importância que é colocado para conceituar e
compreender as paródias e transposições é que essas derivações sempre irão
conter alguma das copresenças mencionadas anteriormente, ou seja, o interlocutor
poderá identificar citações, paráfrases referências e/ou alusões, porém, nem todo
texto que possuir esses fenômenos, será uma paródia ou transposição.
O exemplo 8 apresenta uma paródia da canção “Aquele 1%”, trecho utilizado
para que o leitor compreenda a intencionalidade que a paródia pode carregar ao
recontextualizar o texto-fonte, operando transformações nas palavras para criar
efeito humorístico ou crítico, mesmo que mantendo o mesmo título e melodia.
Assim chegamos ao conceito e exemplo da derivação que chamamos de
“transposição”. As autoras explicitam com clareza a diferença entre a transposição e
a paródia. As transformações operadas nos casos de transposição é realizada na
mudança de gênero para retextualizar o conteúdo, trazendo-o para uma nova
esfera. O ambiente acadêmico é colocado como uma esfera onde a transposição é
muito utilizada, trazendo o resumo, resenhas e traduções como exemplos.
Na sequência, o título do tópico “A intertextualidade entre gêneros: um caso
de imitação” chama a atenção do interlocutor. É exposto que certas situações de
intertextualidade acontecem por imitação de gêneros discursivos ou de traços
estilísticos de autores, porém apenas o primeiro caso é explorado no capítulo.
A intertextualidade entre gêneros ocorre com a reprodução de padrões
pertencentes a um gênero específico e para exemplificar esse fenômeno, somos
colocados diante do “Exemplo 9”, que traz um trecho de um website que imita traços
estilísticos e genéricos de notícias e reportagens jornalísticas, criando textos
satíricos e humorísticos, sem a necessidade de fazer citações ou referências diretas
à textos, no que diz respeito a transformações de frases, porque o intertexto
acontece na esfera do gênero textual.
Ao terminarmos a leitura sobre a intertextualidade entre gêneros, o capítulo
discorre sobre as funções da intertextualidade, explorando a função argumentativa,
a função de ornamentação e a função lúdica. As autoras apresentam exemplos bem
construtivos para todos os aspectos funcionais que as relações intertextuais
proporcionam, sendo possível destacar o aspecto funcional de argumento de
autoridade, que traz as citações diretas como forma de reforçar algum argumento,
colocando no “Exemplo 10” o trecho de um artigo acadêmico, gênero textual repleto
de relações intertextuais e estratégias argumentativas.
Sobre a função de ornamentação, entendemos que a intertextualidade é
utilizada para enriquecer o texto, fazendo com que o texto-fonte desenvolva
aspectos estéticos e estilísticos. Já a função lúdica nos apresenta uma informação
fundamental sobre a intencionalidade do autor, pois percebemos que a
intertextualidade não é o único fator que cria os efeitos de sentidos, o contexto
sociodiscursivo também é parte disso.
Por fim, as autoras apresentam uma proposta de atividade em sala de aula,
para explorar e compreender a intertextualidade, trazendo um texto específico que
permitirá avaliar a compreensão dos alunos ao entrar em contato com a relação
intertextual. Além desse primeiro texto e discussão sobre o efeito humorístico, os
alunos irão ler o texto-fonte, aprofundando a compreensão e relação entre ambos os
textos. É uma proposta de atividade que permite o aproveitamento completo do que
se propõe.

Referências
CAVALCANTE, Mônica Magalhães; BRITO, Mariza Angélica Paiva; ZAVAM,
Aurea. Intertextualidade e ensino. In: MARQUESI, Sueli Cristina; PAULIUKONIS,
Aparecida Lino; ELIAS, Vanda Maria (Org.). Linguística Textual e ensino. São Paulo:
Contexto, 2017. p. 109-127.
MARQUESI, Sueli Cristina; PAULIUKONIS, Aparecida Lino; ELIAS, Vanda
Maria. Linguística Textual e ensino. São Paulo: Contexto, 2017.

Você também pode gostar