Você está na página 1de 7

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE TECNOLOGIAS E CIÊNCIAS

DCSA – CURSO DE ECONOMIA

BERNARDO CHACUSSANGA

FACTORES DE TEXTUALIDADE

INTERTEXTUALIDADE

LUANDA

2022
1. Intertextualidade

Quando lemos um texto, principalmente se este for de autoria de um prestigiado


autor, é de se esperar que tenha sido escrito sem quaisquer influências de outros
textos, pois, entenderíamos como plágio e ninguém imagina, por exemplo, o
conceituado Pepetela plagiando um texto. Apesar disso:

“[...] se pensarmos que os sujeitos não se constituem individualmente, mas


socialmente, se considerarmos que as ideias estão sempre circulando e que
nenhum indivíduo é absolutamente intocado pelos dizeres que o rodeiam, a
percepção de texto único, absolutamente novo e isento de influências de textos
anteriores a eles, torna-se impensável [...]” (TRINDADE & NORONHA, 2018).

A Intertextualidade é a relação que se estabelece entre textos, ou seja, a


influência de um texto sobre outro. Em consequência dessa influência toda produção
textual é, de forma propositada ou não, um intertexto. Isso ocorre porque, durante o
seu processo de criação, todo autor sofre inúmeras influências das obras com as quais
teve contato ao longo da vida e, de alguma forma, essas influências são refletidas em
suas obras.

1.1. Classificação segundo sua forma

A intertextualidade pode ser classificada conforme sua relação com o texto


fonte, isto é, se aparece de forma directa (explícita) ou indirecta (implícita). Koch
(2015) apud TRINDADE & NORONHA (2018, p. 91), condidera ainda uma terceira
forma: a implícita por détournement, pois, para a autora, um détournement, é
sempre uma intertextualidade implícita, mas nem toda intertextualidade implícita pode
ser considerada um détournement.

1.1.1. Intertextualidade explícita

Conforme KOCH (2003):

“A intertextualidade é explícita, quando há citação da fonte do intertexto, isto é,


se dá quando é possível, dentro do texto, encontrar referências de outros
textos. Nesse caso, não surge a necessidade de conhecimento prévio, para
entender o elemento intertextual.”

São tipos de intertextualidade explícita:


Citação

É quando o autor referencia outro texto por ter pertinência e relevância com o
conteúdo do novo texto. A citação pode ocorrer de forma directa, quando se copia o
trecho na íntegra e o destaca entre aspas, ou pode ser indirecta, quando se afirma o
que o autor do texto original disse, mas explicando os conceitos com novas palavras,
relacionando a abordagem com o novo conteúdo (BRASIL ESCOLA, 2022). Neste
contexto, a citação tem o objetivo principal de trazer confiabilidade ao texto que está
sendo produzido, a partir de uma referência conhecida.1

Epígrafe

Ela se caracteriza por uma escrita introdutória, um pré-texto que serve para
resumir o pensamento de um autor. Ou seja, o autor utiliza uma passagem de um
texto fonte para dar início ao novo texto, correlacionando o primeiro com a sua
nova criação. Com isso, é possível utilizar o pensamento de outra pessoa, para
organizar a sua própria tese. Dessa forma, é possível oferecer um conteúdo de
qualidade. Além disso, a epígrafe prepara o leitor para o que será abordado. (HUBIFY,
2022)

Tradução

Por fim, a tradução é um tipo de intertextualidade que consiste na passagem


de um texto de um idioma para outro. As traduções são consideradas um tipo de
intertextualidade, visto que, no processo de passagem do texto podem
ocorrer interpretações diversas, uso de novas expressões, e adequação à realidade
no idioma.2

1.1.2. Intertextualidade implícita

A intertextualidade implícita, ocorre sem citação expressa da fonte, cabendo ao


interlocutor recuperá-la na memória para construir o sentido do texto. Não estabelece
uma relação direta com o texto fonte e não traz elementos nítidos que ajudem no
seu reconhecimento. (KOCH, 2003)

São tipos de intertextualidade implícita:

1 HUBIFY. (2022). Fonte: https://hubify.com.br/marketing-de-conteudo/tipos-de-intertextualidade/


2 Ibdem
Alusão/Referência

É o acto de indicar ou insinuar um texto anterior sem, no entanto, aprofundar-


se nele. Esse método de intertextualidade apresenta de forma superficial e objectiva
informações, ideias ou outros dados presentes em texto ou textos anteriores.3 Não é
considerada directa, já que utiliza os elementos de outros textos indirectamente.

Exemplo: Como diria o poeta, amanhã é outro dia"

Paráfrase

Na paráfrase, o escritor reinventa um texto existente, reproduzindo o mesmo


em outros termos, mas sem perder a ideia inicial.

É diferente da citação, pois ela reafirma ideias do texto fonte, mas sem utilizar
o texto. Ou seja, é a recriação do texto, mantendo a mesma ideia e com outras
palavras (HUBIFY, 2022).

Paródia

É o tipo de intertextualidade em que se apresenta uma estrutura semelhante à


de um texto anterior, mas com mudanças que interferem e/ou subvertem o sentido do
texto, o qual passa a apresentar forte teor crítico, cômico e/ou sátiro. Desse modo,
além de construir-se um novo texto, com semelhanças a um anterior, procura-se
também evidenciar uma mudança de sentido.4

Pastiche

Consiste na imitação do estilo de outros autores, mesclando assim, vários


estilos em uma única obra. A pastiche não tem o propósito de criticar ou satirizar, mas
sim de ser uma imitação directa ao estilo de outro autor. Portanto, a pastiche não pode
ser associada à paródia.5

3 Brasil escola. (2022). Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/redacao/intertextualidade-.htm


4 Ibdem.
5 HUBIFY. (2022). Fonte: https://hubify.com.br/marketing-de-conteudo/tipos-de-intertextualidade/
Bricolagem

Bricolagem representa situações onde um texto é criado, a partir de fragmentos


de outros textos. É possível abusar da criatividade e mudar cores, sentidos e modelos,
oferecendo uma nova interpretação do material (HUBIFY, 2022).

1.1.3. Implícita por détournement

Este, segundo TRINDADE & NORONHA (2018, p. 91):

“Confere, aos textos produzidos, determinados efeitos de sentidos, de acordo


com a manipulação que o escritor opera sobre os textos alheios ou em seus
próprios textos. O produtor do texto tem liberdade para criar suas obras,
substituindo, suprimindo, acrescentando e transpondo palavras sobre o
enunciado-fonte. Portanto, é um recurso que favorece a produção de textos
publicitários, humorísticos, canções populares e literários.”

Para TRINDADE & NORONHA (2018, p. 96-97), o détournement pode aparecer


por:

 Substituição de fonemas ou de palavras do texto original. A exemplo dessa


construção: só se vê bem com a razão. O essencial é invisível para os
apaixonados, inspirados nas construções textuais “só se vê bem com o
coração. O essencial é invisível para os olhos”, frases retiradas do livro: O
pequeno príncipe;
 Acréscimo, através de formulações adversativas ou de outros tipos. A
exemplo, temos o acréscimo de informações à construção inicial. E ainda por
acréscimo, através da inversão dos advérbios de negação e afirmação. É
possível perceber um exemplo de acréscimo na proposição a seguir: “aquela
miserável pedra no caminho” intertexto do poema de Carlos Drummond de
Andrade – “há uma pedra no meio do caminho”. Observa-se o acréscimo da
palavra miserável, tendo em vista que aquela está na posição de substituição
de “Há / uma / pedra no meio do caminho”. A palavra “uma” é substituída por
“aquela”, o que nos possibilita perceber que, às vezes, mais de um tipo de
détournement pode aparecer em um enunciado;
 Supressão, situação em que uma palavra ou parte de uma palavra é
suprimida do enunciado. Assim: “para bom entendedor, meia palavra bas”.
Remetendo-se ao provérbio popular: “para bom entendedor, meia palavra
basta”. Observemos que a supressão não ocorreu por acaso, mas ao contrário,
produziu sentido, afinal se meia palavra basta, torna-se desnecessário
completá-la;
 Transposição, situação em que há uma alteração do enunciado para fazer
uma afirmação contrária à do texto base. Deste modo: “Pense duas vezes
antes de agir” por “aja duas vezes antes de pensar”.
Referências

BRASIL ESCOLA. (2022). Fonte:


https://brasilescola.uol.com.br/redacao/intertextualidade-.htm

HUBIFY. (2022). Fonte: https://hubify.com.br/marketing-de-conteudo/tipos-de-


intertextualidade/

KOCH, I. G. (2003). O texto e a construção dos sentidos. 7. São Paulo, Brasil:


Contexto. Fonte:
https://editora.pucrs.br/anais/Xsemanadeletras/comunicacoes/Luciano-
Corrales.pdf

TRINDADE, J. M., & NORONHA, M. R. (2018). INTERTEXTUALIDADE: POSSÍVEIS


DIÁLOGOS. Feira de Santana, Brasil.

Você também pode gostar