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Canoas – RS
Apostila
Língua Portuguesa
1º Trimestre
Intertexto
e
Hipertexto
Aluno:.......................................................................................
A – Intertexto
A intertextualidade é um recurso linguístico que faz o diálogo entre duas ou mais
obras utilizando um texto-fonte como referência.
Um autor utiliza um recurso intertextual quando ele traz elementos de outras obras para dentro
da sua, estabelecendo uma relação entre elas.
Os recursos intertextuais não acontecem apenas entre textos, é muito comum encontrá-los em
músicas, anúncios publicitários, cinema, pinturas e charges.
Exemplo: Quando uma imagem é construída tendo outra como referência, verificamos a utilização
de um recurso intertextual.
01 - Intertextualidade explícita
A intertextualidade é explícita quando a referência ao texto-fonte é clara e de fácil percepção,
não sendo necessários conhecimentos prévios específicos por parte do leitor.
02 - Intertextualidade implícita
A intertextualidade implícita é menos evidente, não é tão fácil identificá-la e exige do leitor
conhecimentos prévios. Caso este não conheça a obra que está sendo referenciada, a compreensão do
significado pode ficar comprometida.
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Principais Tipos de Intertextualidade
01 - Citação
Trata-se da transcrição de parte de um texto alheio, que é indicada com aspas e com a menção à
autoria. O uso da citação assegura veracidade às informações veiculadas e funciona como argumento
de autoridade no texto e, muito utilizada em texto dissertativo-argumentativo.
Exemplo:
Segundo Fiorin e Savioli (1999, p.19), “....a esse diálogo entre textos dá-se o nome de
intertextualidade”.
02 - Epígrafe
É um texto curto ou fragmento de texto alheio transcrito no início de um capítulo ou em página
única de uma obra. No romance “Mary Barton”, de Elizabeth Gaskell, há uma epígrafe no início de
cada capítulo. Ela tem a finalidade de introduzi-lo e, por isso, relaciona-se com o conteúdo dele.
Exemplo:
A epígrafe do capítulo 03, p. 28, intitulado “A desgraça de John Barton”:
Mas quando a manhã surgiu, sombria e triste
Gelada com a chuva que veio cedo
Suas pálpebras se fecharam em silêncio
O amanhecer dela era diferente do nosso
Hood*
Vale ressaltar que a epígrafe não se mistura com a obra. No romance citado, ela aparece com letra
em tamanho menor em comparação com o texto e o asterisco aponta para a sua referência no rodapé
da página.
03 - Paráfrase
É a reelaboração das falas alheias, mantendo-se o sentido original. É dizer o que o outro disse com
as nossas próprias palavras. O autor da paráfrase faz menção à autoria, como neste trecho da
reportagem “Consumidor pode remarcar viagem a praias atingidas por mancha de óleo”, em que a
jornalista cita a pessoa entrevistada e cuja fala é importante para noticiar o fato:
Exemplo:
A presidente nacional da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Magda Nassar, disse
que se há realmente uma macha de óleo que prejudicará o turista de qualquer forma, a viagem tem
que ser reagendada ou até mesmo cancelada.
Flávia Albuquerque. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br>.
04 - Bricolagem
É uma obra feita a partir de recortes. O mesmo vale para textos literários criados a partir de
outros, para músicas, jingles etc.
Exemplo:
O meme da Monalisa de Da Vinci, que já apareceu na internet com todos os adereços e rostos
possíveis.
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05 - Alusão
A alusão é uma menção a elementos de outro texto. É uma intertextualidade que acontece de
maneira indireta e sutil e pode não ser compreendida pelo leitor se ele não conhecer a referência,
veja a seguinte frase:
Exemplo:
Afinal, traiu ou não traiu? (Alusão ao livro Dom Casmurro)
Para o leitor que desconhece o livro Dom Casmurro, essa frase pode parecer sem sentido e sem
contexto. No entanto, para quem conhece esta famosa obra de Machado de Assis, a alusão é
evidente.
06 - Tradução
A tradução é considerada uma intertextualidade, pois para traduzir um texto é preciso
interpretá-lo e reescrevê-lo da maneira mais próxima ao que pretendia o autor. Isso significa que
traduzir uma obra, não é apenas reescrevê-la em outro idioma.
Exemplo:
If you can dream it, you can do it. (Walt Disney)
Se você pode sonhar, você pode realizar.
07 - Charge
A charge tem conquistado muitos leitores e, diversas vezes, é utilizada como material de apoio
didático. Um dos aspectos interessantes em seu uso como objeto de ensino é o fato de condensar
informações em processos intertextuais que obrigam o interlocutor a conhecer acontecimentos
atualizados para que consiga realizar as inferências adequadas e construir sentidos.
Exemplo:
08 - Paródia
Paródia é uma releitura cômica de alguma composição literária, musical ou imagem, que
frequentemente utiliza ironia e deboche. Ela geralmente é parecida com a obra original, e quase
sempre tem sentidos diferentes.
Exemplo:
Texto Original
“Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
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Não gorjeiam como lá.”
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”)
Paródia
“Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.”
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”)
Para concluímos o estudo sobre os Tipos de Intertexto, conheceremos um pouco sobre “Meme”, que
está diretamente ligado a “Paródia” e a “Bricolagem”.
09 - Meme
Os memes são por natureza intertextuais, já que são construídos em resposta/diálogo a algum
outro texto que o precedeu, podendo essa relação intertextual ser explícita ou não, mas obrigando o
leitor a para compreender os sentidos produzidos.
Na contemporaneidade, pode-se pensar que os memes despontam como representantes legítimos
da paródia no meio virtual, uma vez que pelos memes (imagens, vídeos, gifs, textos, entre outros) há
a “imitação” da realidade e a sua inversão, seja ela cômica ou crítica.
No contexto da internet, meme é uma mensagem quase sempre de tom irônico que pode ou não ser
acompanhada por uma imagem ou vídeo e que é intensamente compartilhada por usuários nas mídias
sociais.
Exemplo: O sorriso do Coringa na placa: “Sorria você está sendo filmado.”
O diálogo entre os diversos tipos de texto ou ideias, é um dos conceitos mais explorados na prova
do Enem. Sucintamente, pode-se dizer que a intertextualidade é a influência de um texto sobre
outro.
Por exemplo, charges e cartoons caem muito no ENEM e nos vestibulares e muitas vezes estas
questões exigem uma interpretação em que a intertextualidade está presente. Também pode trazer
a combinação de textos com imagens, para ver o diálogo entre as peças diferentes que podem ter
partido da mesma fonte de inspiração, que podem pertencer à mesma escola ou movimento literário,
e assim por diante.
Nesse sentido, a intertextualidade faz do ENEM uma prova das mais ricas, JÁ QUE É
UTILIZADA NÃO APENAS NAS QUESTÕES DE LÍNGUA PORTUGUESA, MAS, TAMBÉM,
COMO FORMA DE CONEXÃO INTERPRETATIVA NA AVALIAÇÃO DE OUTRAS
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COMPETÊNCIAS.
Por esse motivo, estudar a intertextualidade permite que você amplie sua visão acerca dos
diferentes assuntos abordados nos exames e consiga desenvolver um raciocínio mais abrangente a
partir da percepção desse fenômeno.
Embora a ideia não seja “gastar linhas” copiando parte dessas referências, eles ajudam a entender
a linha de raciocínio esperada pela banca examinadora, bem como têm ideias que podem ser
aproveitadas de forma indireta.
Além disso, o ENEM solicita que o candidato realize uma proposta de intervenção, ou seja, ao final
de sua argumentação deve propor medidas capazes de atenuar ou resolver o problema.
B - Hipertexto
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Estrutura do hipertexto (Foto: Colégio Qi)
No entanto, o Hipertexto não está somente na internet. Um livro de formato tradicional também
pode ter sua estrutura interna em forma de Hipertexto. Um livro de contos, por exemplo, pode ser
lido sem seguir a ordem em que os contos foram organizados. As enciclopédias e os dicionários
também apresentam estrutura hipertextual, já que indicam outros verbetes que complementam a
consulta do leitor. E ainda há livros em que o autor coloca nas margens informações complementares
ao texto principal, buscando o formato hipertextual.
Estamos rodeados por Hipertextos dentro e fora da internet. O Hipertexto permite a
interatividade e a livre escolha para começar a leitura por qualquer um dos textos que compõem a
teia. O leitor é quem decide por quais passará, percebendo novos caminhos, ampliando os limites da
leitura.
Características
A - A escrita e a leitura não-sequencial;
B - A interatividade possibilitada pelo meio digital;
C - A existência de elos de ligação (links) – textuais ou não.
As características próprias do hipertexto e as novas relações entre autor e leitor que este sistema
está introduzindo, estão transformando radicalmente a comunicação e a forma de literatura.