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Casos Clínicos II

Conteudista: Prof. Me. Edson Elias


Revisão Textual: Esp. Laryssa Fazolo Couto

Objetivo da Unidade:

Reconhecer os sinais e sintomas característicos de cada uma das situações de


emergência e adotar os procedimentos adequados para o atendimento de cada
caso.

ʪ Material Teórico

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ʪ Referências
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ʪ Material Teórico

Introdução
Vamos continuar a nossa conversa sobre mais alguns casos clínicos, pois entre as diversas
situações de emergência, aqui vamos abordar as queimaduras, que se diferenciam em todos os
seus tipos, classificação de acordo com seu grau de profundidade e sua extensão, veremos que
os procedimentos também se diferem conforme as características de cada caso.

Falaremos de intoxicações e envenenamento, uma emergência mais comum do que se imagina,


principalmente envolvendo crianças, e abordaremos ainda outra situação de emergência
bastante conhecida por um nome popular e outro não tão conhecido, você já dever ter ouvido
falar de derrame cerebral ou AVC, certo? Mas e o AVE?? Conhece? Se não, fique tranquilo, porque
ao final desta Unidade você vai ter conhecimento sobre todas essas emergências, assim como
identificar quais os seus sinais e sintomas e principalmente como agir diante de cada situação.

E aí? Está pronto?

Então vamos nessa!

Queimaduras
Quando você ouve essa palavra, eu creio que sua mente deve ver uma pessoa com lesões
causadas pelo contato direto com o calor de uma chama, um vapor ou de algum objeto
superaquecido, mas temos que lembrar também das queimaduras provocadas por
congelamento, por produtos químicos corrosivos, por algumas espécies animais como lagartas
e águas-vivas, isso sem falar das queimaduras por descargas elétricas e por radiação solar.
Essa emergência é definida como lesão dos tecidos orgânicos e suas causas já foram citadas
acima.

Percebemos aqui que queimaduras abrangem uma gama de causas, mas será que o tratamento
pode ser igual para todos os tipos? Certamente que não, por isso é muito importante conhecer
mais sobre cada uma e suas características.

Para entendermos mais e melhor a respeito dessa emergência, é sempre bom lembrarmos a
importância do nosso maior órgão, lembram qual é? Sim, exatamente, é a pele, responsável por
diversas funções, e, se for danificada, poderá acarretar uma série de complicações até que ela se
regenere novamente.

A pele humana é constituída por camadas, sendo elas: a epiderme, a derme e a hipoderme.

A camada mais superficial é a epiderme, que atua como a primeira barreira contra o acesso de
patógenos no nosso organismo, além de controlar a saída de líquidos que equilibram a
temperatura corporal.

A segunda camada chamada de derme é formada por fibras de colágenos, vasos sanguíneos e
por um universo de terminações nervosas. Nessa camada também se encontram as glândulas
sudoríparas, as sebáceas, os nervos sensitivos que nos permitem sentir todas as sensações que
chegam até essa camada, como dor, calor e frio, entre outras.

E a última camada é a hipoderme, a mais profunda e rica em tecido gorduroso, servindo como
reguladora da temperatura e depósito de energia para tantas outras funções biológicas do nosso
organismo.

Sabendo de tudo isso, você já deve ter percebido o prejuízo e os danos que uma lesão de
queimadura pode causar, certo?

Classificação das Queimaduras


Elas podem ser classificadas de acordo as causas (etiologia), profundidade, extensão,
complexidade e gravidade (área da superfície corporal atingida).

Pelas causas nós já vimos que pode ser por agentes físicos (térmicos), químicos ou biológicos.

Já em relação à profundidade, a classificação é de acordo com a camada da pele atingida, daí


temos a de 1º Grau — atinge a derme, a primeira camada, e não oferece nenhuma alteração
significativa; a de 2º Grau — que pode atingir a derme e a epiderme e é normalmente
caracterizada pelo surgimento de flictenas (bolhas), e por afetar as terminações nervosas, é
considerada a mais dolorosa, sendo também mais grave que a de primeiro grau, sua cicatrização
é mais demorada e comumente deixa cicatrizes, podendo ainda ser necessária uma intervenção
cirúrgica para recomposição do tecido afetado durante a recuperação; e a de 3º Grau — pela sua
profundidade, é efetivamente a mais graves das três, pois além de atingir todas as camadas da
pele, pode ainda atingir os músculos e até os ossos. Sua recuperação requer cirurgias e enxertos.

Um detalhe muito importante desse grau de queimadura é que, por destruir as terminações
nervosas, a vítima pode não sentir dores no ponto central da lesão, porém vai sentir muitas
dores nas áreas vizinhas, já que nessas áreas ela terá os dois graus anteriores, ou seja, não tem
como termos uma queimadura de terceiro grau sem termos antes as de segundo e de primeiro
grau, concorda?
Figura 1 – Graus de Queimaduras
Fonte: Adaptada de Freepik

#ParaTodosVerem: Desenho de quatro blocos posicionados em pares


sobrepostos, simbolizando as camadas da pele humana, cada bloco apresenta,
na parte superior, uma cor mais escura, representando a camada afetada pela
queimadura, na parte abaixo do primeiro bloco, posicionado na parte de cima, e
à esquerda, está escrito em letras pretas “pele normal”, a direita abaixo da
imagem está escrito "Queimadura de primeiro grau". Abaixo outras duas
Figuras representando do lado esquerdo "Queimadura de segundo grau" e do
lado direito "Queimadura de terceiro grau". Fim da descrição.
Quanto à extensão, podemos dizer que existem três formas de se classificar as queimaduras:
medida da Superfície Corporal Queimada – SCQ, pela palma da mão da vítima, tendo como
referência a superfície da palma da mão incluindo os dedos, o que equivale a 1% da superfície
corporal total, no entanto essa técnica não é muito precisa; outra forma é a regra dos nove,
também chamada de regra de Wallace, muito utilizada nos atendimentos pré-hospitalares,
onde, para cada segmento do corpo humano, é atribuído o valor nove ou múltiplos deste,
variando levemente quando a vítima for criança.
Figura 2 – Extensão de queimaduras pela regra dos nove
Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons

#ParaTodosVerem: Desenho de um corpo humano de frente e de costas, com


finas setas de cor azul, indicando cada segmento do corpo, como cabeça,
tronco, braços, pernas e genitálias, com os respectivos valores percentuais da
área atingida, em caso de queimaduras. Fim da descrição.
No material complementar, eu indico um vídeo em que você vai poder entender melhor como é
calculada a SCQ.

E a terceira forma de classificação por extensão é através da tabela de Lund Browder, considerada
a mais confiável entre as três.

Você Sabia?
Considerado como o melhor método pré-hospitalar para se estimar a
extensão da Superfície Corporal Queimada – SCQ, a tabela de Lund
Browder foi inicialmente proposta em 1944, visando a um melhor
atendimento pediátrico, e leva em consideração as alterações corporais
nas diferentes faixas etárias a partir de 0 ano de idade. A precisão do
cálculo auxilia bastante para se saber o exato volume a ser reposto em
caso de uma reanimação hídrica se necessária, durante a recuperação
da vítima.

Queimaduras Térmicas
As queimaduras térmicas podem ser de várias origens, como:
Exposição a líquidos superaquecidos (água, óleo, café), sendo esta a causa mais
comum em crianças e idosos nos acidentes domésticos. Essas queimaduras são
chamadas de escaldaduras, quando o líquido é derramado sobre a pele;

Capores;

Contato direto com superfícies ou objetos quentes, como ferro de passar roupas e
panelas;

Contato direto com chamas, geralmente provocada por derramamento de líquido


inflamável sobre alguma parte do corpo;

Atrito ou fricção contra determinadas superfícies ásperas;

Eletricidade, podendo ser de baixa tensão, pelos eletrodomésticos, alta tensão em


cabos energizados ou cabines primárias de energia elétrica ou ainda descarga
atmosférica, como raios. As lesões provocadas por esta origem, geralmente são
graves, pois apresentam ferimentos no local de entrada e também no ponto de saída
da corrente elétrica, o que requer também uma atenção redobrada do socorrista;

Radiação, por exposição prolongada aos raios solares ultravioletas, radiação


eletromagnética como raios X, raios gama, ou de fontes nucleares.

Uma queimadura térmica pode comprometer várias funções, mas algumas merecem destaque,
como a perda excessiva de líquido, levando a vítima a um quadro de desidratação, ou perda de
calor, o que pode acarretar outra emergência, como, por exemplo, a hipotermia (queda da
temperatura corporal abaixo de 35º Celsius), o que poderá comprometer várias outras funções
do organismo, além da exposição aos riscos de uma infecção severa.

Queimaduras Químicas
Proveniente de contato direto com substâncias corrosivas ácidas ou alcalinas, como produtos de
limpeza doméstica, solução para baterias. Sua gravidade está diretamente relacionada com a
concentração, tempo de exposição e contato, e o mecanismo de ação da substância.
Queimaduras Biológica
Provocadas por contato direto com seres vivos como lagartas e águas-vivas.

Classificação de Grau de Extensão e Gravidade


Diante da estimativa da SCQ, o Ministério da Saúde normatizou uma tabela de classificação de
queimaduras, o que interfere diretamente nos procedimentos de atendimento à vítima.

Classificação de grau de extensão e gravidade de queimaduras conforme art. 3º da Portaria nº


1274/GM, de 21 de novembro de 2000:

Pequeno Queimado: Considera-se pequeno queimado o paciente com queimaduras


de 1º e 2º graus com até 10% da área corporal atingida;

Médio Queimado: Considera-se como médio queimado o


paciente com:

Queimaduras de 1º e 2º graus, com área corporal atingida


entre 10% e 25%;

Queimaduras de 3º grau com até 10% da área corporal


atingida;

Queimadura de mão e/ou pé.

Grande Queimado: Considera-se como grande queimado o


paciente com:

Queimaduras de 1º e 2º graus, com área corporal atingida


maior do que 26%;
Queimaduras de 3º grau com mais de 10% da área corporal
atingida;

Queimadura de períneo.

Procedimentos de APH
Independentemente de qual seja a causa, o primeiro passo para atender uma vítima de
queimaduras é interromper a origem da lesão, não se esquecendo, é claro, da etapa de análise do
cenário que estudamos anteriormente, lembra?

Isso é de suma importância, principalmente se for uma vítima de queimaduras por eletricidade,
em que o primeiro passo é interromper o contato da vítima com a parte energizada, sem correr
riscos. Para isso basta utilizar qualquer material isolante, como tubulação de PVC, por exemplo.

Queimaduras Térmicas
Há uma possibilidade de a vítima estar envolta a chamas e daí querer sair correndo, o que poderá
agravar a situação, aumentando o fogo. Nesse caso, deve-se promover o abafamento das
chamas, agindo da seguinte forma:

Envolva a vítima em um cobertor não sintético ou algo similar no sentido da cabeça


para os pés;

Deite a vítima no chão e faça com que ela role de um lado para outro;

Resfrie o local da lesão com água corrente em temperatura ambiente, pois isso irá
interromper a ação do calor e promoverá uma sensação de alívio à vítima;

Remover com cuidado todos os adornos, tais como anéis, alianças, colares e
brincos, desde que não estejam aderidos (grudados) à pele, porque logo após uma
queimadura é muito comum ocorrer o edema (inchaço) do local atingido;
Em caso de pequeno queimado, manter o local resfriado com água corrente;

Cobrir os ferimentos com curativos úmidos, sem imprimir pressão;

Neste caso, após resfriar o local, deve-se manter a vítima coberta por um lençol seco
e um cobertor para manter a sua temperatura corporal;

Acompanhá-lo ao hospital para um atendimento especializado.

O que Não se deve fazer?

Se for médio ou grande queimado, não deve manter o local resfriado, pois isso
poderá provocar a hipotermia;

Não se deve aplicar água gelada, ou quaisquer outras substâncias, tais como creme
dental, margarina, maionese, óleos ou hidratantes, pois ao chegar no ambiente
hospitalar, a lesão passará por um processo de limpeza e o uso dessas substâncias
poderá atrasar o procedimento e ainda causar mais dores à vítima;

Não se aconselha também furar as bolhas, para não deixar o ferimento exposto com
risco de infecções.

Devemos atentar ainda para as situações em que a vítima tenha se queimado em local confinado,
o que indica uma possível inalação de gases tóxicos e aquecidos, sendo, neste caso, de extrema
importância e urgência que ela seja retirada para um ambiente mais arejado e tenha seus sinais
vitais monitorados, até que receba atendimento especializado com auxílio de oxigênio.

Queimaduras Químicas

Identificar o produto causador da lesão;

Utilizar os equipamentos de proteção individual – EPI;


Lavar o local da lesão com água corrente em temperatura ambiente;

Remover as roupas contaminadas com a substância;

Tratar as lesões com os mesmos procedimentos indicados para queimaduras


térmicas.

O que Não se deve fazer?

Não se deve tentar neutralizar a substância com qualquer outro produto, pois isso
poderá promover uma nova reação da substância e agravar ainda mais a situação.

Se a substância for sólida, deve-se:

Remover as roupas contaminadas;

Limpar a vítima com uma escova macia, removendo o máximo da substância;

Tratar as lesões com os mesmos procedimentos indicados para queimaduras


térmicas;

Acompanhá-lo ao hospital para um atendimento especializado.

Queimaduras Químicas nos Olhos

Lavar o local da lesão com água corrente em temperatura ambiente, por no mínimo
15 minutos, tomando-se o cuidado de posicionar a cabeça da vítima de forma que a
água não transporte a substância nociva para o outro olho, pescoço ou outra região
do seu corpo;

Aplicar um curativo oclusivo macio (sem pressão);


Acompanhá-lo ao hospital para um atendimento especializado.

Intoxicações/Envenenamentos
De acordo com o professor Dr. Flávio Zambrone, presidente do Instituto Brasileiro de
Toxicologia - IBTox, “diariamente temos contato com mais de 100 mil substâncias químicas
presentes nos alimentos, produtos de limpeza, cosméticos, medicamentos, entre outros. Os
acidentes de intoxicações com esses produtos são um importante problema de saúde pública”
(BRAZ, n. d., n. p.).

Mas qual é a diferença entre intoxicação e envenenamento?

Na verdade, podemos dizer que praticamente são a mesma coisa, pois, de acordo com a
definição do Ministério da Saúde, o envenenamento ou intoxicação aguda ocorre quando uma
pessoa inala, entra em contato direto com a pele ou ingere alguma substância tóxica.

Algumas literaturas afirmam ainda que a diferença está nos efeitos de cada um, sendo que o
envenenamento pode ser mais grave que a intoxicação, porém é claro que ambos vão
desencadear uma situação de emergência, sendo que a maior parte dos casos ocorre dentro de
casa, envolvendo crianças.

As intoxicações, também chamadas de intoxicações exógenas, que têm origem no exterior, são
caracterizadas por uso inadequado ou excessivo de substâncias químicas.

A toxidade de uma substância ou agente químico pode ser definida como a sua capacidade
relativa de causar efeitos adversos em organismos vivos.

No entanto para uma substância ser considerada tóxica, depende de certas condições, como, por
exemplo:

Quantidade;

Dose;
Concentração;

Tempo de exposição;

Resistência do organismo a uma determinada substância;

Idade.

Um velho dito popular, inspirado numa frase do médico suíço Paracelso (1492-1541), diz que “a
diferença entre o remédio e o veneno, é a dose!”. Na maioria das vezes, essa máxima faz todo
sentido.

A população infantil, geralmente com menos de 5 anos de idades, é a mais suscetível a acidentes
de intoxicação e representa maior vulnerabilidade.

A exposição pode ocorrer devido a vazamentos, derrames ou quaisquer outros processos que
sejam capazes de promover o escape desses materiais no ambiente, criando um potencial de
risco, e as vias de acesso ao organismo pode ser através de várias formas, sendo:

Vias respiratórias: considerada a principal via de acesso;

Absorção cutânea (pela pele): o que muitas vezes contribui para uma intoxicação
significativa;

Ingestão: causadas geralmente pelo hábito de se alimentar em locais inapropriados,


como área de produção, em indústrias, ou por ingestão infantil em acidentes
domésticos;

Infecção: quando a substância contaminante acessa o organismo através de uma


descontinuidade da pele (ferimento aberto, podendo ser até um simples arranhão).

Outra via que também podemos considerar é a ocular, que, quando ocorre, pode acarretar graves
lesões de queimaduras.
Sinais e Sintomas
Os sinais e sintomas irão variar de acordo com o tipo de produto, quantidade e tempo de
intoxicação que se passou.

Quando há um produto químico envolvido, é comum sentirmos um odor inusitado no ambiente,


no corpo ou nas vestes da vítima.

A vítima poderá apresentar também alterações respiratórias como rápidas e superficiais, e até
mesmo parada respiratória ou cardíaca. A reação ao produto poderá gerar convulsões ou até
mesmo levar a vítima ao choque anafilático (reação alérgica).

Caso a substância tenha sido inalada, a vítima poderá apresentar tosse, sensação de
sufocamento ou queimação. Se o acesso for através da pele, as reações irão desde irritação até
queimaduras químicas, coceiras (pruridos), ardência no local, aumento da temperatura da pele
ou sudorese (suor frio).

Poderá haver marcas de picadas e mordidas visíveis, em caso de animais peçonhentos.

Havendo ingestão, normalmente a vítima vai apresentar queimaduras, manchas ao redor da


boca, formação excessiva de saliva ou espuma na boca, dor abdominal, náuseas, vômitos,
diarreia e até hemorragias digestivas;

Alterações neurológicas, como distúrbios visuais, alteração do diâmetro das pupilas, confusão
mental ou inconsciência também poderão estar presentes na vítima.

Procedimentos de APH
Inicialmente relembramos mais uma vez a importância da avaliação do cenário e do uso dos EPIs
adequados.
Em se tratando de intoxicação, os procedimentos de atendimento pré-hospitalar requerem uma
atenção bem cuidadosa, pois muitas vezes os sinais e sintomas podem ser confundidos com
outras emergências.

Após a constatação ou suspeita da intoxicação, deve ser acionado imediatamente o


Serviço Médico de Emergência, podendo, neste caso, ser o SAMU (192) ou o Resgate
do Corpo de Bombeiros (193);

Remover a vítima do local de risco, principalmente, se estiver exposta à atmosfera


contaminada;

Realizar a análise primária;

Remover as roupas da vítima, se necessário, caso estejam contaminadas com a


substância;

Se a vítima estiver inconsciente e apresentar possibilidade de vomitar, deve ser


posicionada e transportada na posição de recuperação;

Caso esteja consciente, mas apresente dificuldade respiratória, deverá ser


posicionada e transportada em decúbito elevado (semissentada);

Acompanhar a vítima para o hospital, levando junto, se possível, uma amostra da


substância envolvida na ocorrência, tais como recipientes, seringas ou até mesmo
do vômito para auxiliar a equipe médica na identificação e tratamento.

O que Não se deve fazer?

Não provoque ou induza o vômito, pois isso poderá causar mais danos nas vias
aéreas da vítima, durante a saída da substância;

Se for necessário realizar manobras de reanimação cardiopulmonar, evite aplicar


respiração artificial boca a boca se não tiver recursos materiais adequados e seguros
(calma que vamos conversar mais sobre isso adiante).
Você Sabia?
A população e os profissionais de saúde contam com um 0800 para
tirar dúvidas e fazer denúncias relacionadas a intoxicações. O Disque-
Intoxicação, criado pela Anvisa, atende pelo número 0800-722-6001.
A ligação é gratuita e o usuário é atendido por uma das 36 unidades da
Rede Nacional de Centros de Informação e Assistência Toxicológica
(Renaciat).
No material complementar, você vai encontrar o link para um vídeo que
aborda mais sobre esse assunto. Recomendo que assista.

Acidente Vascular Encefálico – AVE


Qualquer órgão do encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco cerebral) pode sofrer uma isquemia ou
redução do fluxo sanguíneo, causada por um acidente vascular, e nesse caso o mais afetado
normalmente é o cérebro, por isso é muito comum se ouvir falar da expressão “Acidente
Vascular Cerebral - AVC”.

Os danos causados no tecido cerebral, produzido por falha na irrigação sanguínea em razão de
obstrução ou rompimento de artéria cerebral, podem ser de alta gravidade, podendo ainda
ocorrer um efeito compressivo, ou seja, o aumento da pressão intracraniana, o que representa
uma situação de risco de morte.
Você certamente já ouviu falar de derrame cerebral, mas você sabe como isso acontece e por que
tem esse nome?

Bom, primeiro é bom lembrarmos que existem dois tipos de acidente vascular encefálico: o
hemorrágico e o isquêmico.

Hemorrágico: é quando ocorre o chamado derrame, exatamente porque há o


rompimento de uma artéria na região do encéfalo, e quando isso acontece,
certamente uma área vai ficar sem nutrição e, ainda, o sangue que sai do vaso
aumenta a pressão intracraniana, pressionando o cérebro e interferindo em suas
funções;

Isquêmico: ocorre quando uma área do encéfalo também deixa de receber sangue,
porém não por um rompimento, mas sim devido ao entupimento de uma artéria,
muitas vezes causado por placas de gordura presentes na corrente sanguínea e que
vão se acumulando nas paredes das artérias até provocar o entupimento.

Sinais e Sintomas
Existe uma forma muito simples que permite o reconhecimento de um AVE com rapidez,
mantendo a especificidade e a sensibilidade, ela é chamada de Escala pré-hospitalar de
Cincinnatti.

Na Escala de Cincinnati são avaliadas três condições básicas na vítima:

Simetria facial;

Verificação da perda da força muscular ao se estender os membros superiores;

Alteração da fala (disfasia).


Os sinais e sintomas são variados, pois vai depender da área do encéfalo atingida, porém os mais
frequentes são:

Dor de cabeça intensa (cefaleia);

Inconsciência;

Confusão mental;

Parestesia (formigamento), paresia (diminuição da força muscular);

Paralisia muscular, usualmente das extremidades e da face;

Dificuldade para falar (disartria);

Dificuldade respiratória (dispneia);

Alterações visuais (escotomas, amaurose, diplopia);

Convulsões;

Pupilas desiguais (anisocoria);

Perda do controle urinário ou intestinal.

Procedimentos de APH

Manter a vítima em repouso, na posição de recuperação;

Proteger as extremidades paralisadas;

Dar suporte emocional;


Evitar conversação inapropriada diante da vítima inconsciente;

Transportar a vítima para o hospital monitorando os sinais vitais.

Em Síntese
Podemos dizer que você acrescentou mais um pacote de conhecimento
em sua bagagem, pois vimos os diversos tipos de queimaduras que
existem e como agir diante de cada caso, ficamos sabendo também que
as intoxicações ou envenenamentos são situações muito semelhantes e
ocorrem com maior frequência nos ambientes domésticos, envolvendo
crianças, mas que através de um 0800 podemos receber orientações
para um atendimento rápido e seguro; vimos ainda que AVC e AVE são
problemas vasculares que afetam o cérebro ou o encéfalo, podendo ser
de alta gravidade ou até mesmo letal.
Tão importante quanto saber tudo isso, é saber também quais
procedimentos você deve adotar para minimizar os danos ou o
sofrimento de uma pessoa que se encontrar em qualquer uma dessas
situações.
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ʪ Material Complementar

Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos

Cálculo da Superfície Corporal Queimada


Conheça um pouco mais sobre a classificação de queimaduras pela regra dos nove e a
importância dessa informação no atendimento e tratamento de uma vítima com esse tipo de
lesão.

Cálculo da Superfície Corporal Queimada


Como Agir em Casos de Intoxicação por Medicamentos
Entenda melhor o que fazer e principalmente o que não fazer em uma situação de intoxicação ou
envenenamento por medicamentos ou outras substâncias.

Como agir em casos de intoxicação por medicamentos | Coluna #…

AVC isquêmico e hemorrágico – Sintomas


Você quer saber mais sobre Acidente Vascular Encefálico – AVE? Então assista a esta entrevista,
em que a neurocirurgiã Dra. Verônica Lisboa aborda o asssunto de uma forma bem simples e
clara.

AVC isquêmico e hemorrágico - sintomas


Leitura

Acidente Vascular Encefálico: Conceituação e Fatores de


Risco
Neste artigo a autora Márcia Chaves faz um estudo sobre os principais fatores de risco que
podem contribuir para um acidente vascular encefálico. Possivelmente você vai se lembrar de
pessoas que se enquadram em pelo menos um dos fatores.

Clique no botão para conferir o conteúdo.

ACESSE
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ʪ Referências

BRASIL. Ministério de Saúde. Portaria GM-MS n. 1.274, de 22 de novembro de 2000. Secretária


do estado de Saúde, 20/11/2008. Disponível em:
<https://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/Portaria%20GM-
MS%20no%201274,%20de%2022-11-2000.pdf>. Acesso em: 07/09/2022.

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<https://drauziovarella.uol.com.br/drogas-licitas-e-ilicitas/saiba-o-que-fazer-em-casos-de-
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CHAVES, M. L. F. Acidente vascular encefálico: conceituação e fatores de risco. Rev. Bras.


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LAMBERT, E. G. Guia prático de primeiros socorros. 3. ed. São Paulo: Editora Rideel, 2013.

QUILICI, A. P.; TIMERMAN, S. (ed.). Suporte básico de vida: primeiro atendimento na


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