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Objetivo da Unidade:
ʪ Material Teórico
ʪ Material Complementar
ʪ Referências
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ʪ Material Teórico
Introdução
Vamos continuar a nossa conversa sobre mais alguns casos clínicos, pois entre as diversas
situações de emergência, aqui vamos abordar as queimaduras, que se diferenciam em todos os
seus tipos, classificação de acordo com seu grau de profundidade e sua extensão, veremos que
os procedimentos também se diferem conforme as características de cada caso.
Queimaduras
Quando você ouve essa palavra, eu creio que sua mente deve ver uma pessoa com lesões
causadas pelo contato direto com o calor de uma chama, um vapor ou de algum objeto
superaquecido, mas temos que lembrar também das queimaduras provocadas por
congelamento, por produtos químicos corrosivos, por algumas espécies animais como lagartas
e águas-vivas, isso sem falar das queimaduras por descargas elétricas e por radiação solar.
Essa emergência é definida como lesão dos tecidos orgânicos e suas causas já foram citadas
acima.
Percebemos aqui que queimaduras abrangem uma gama de causas, mas será que o tratamento
pode ser igual para todos os tipos? Certamente que não, por isso é muito importante conhecer
mais sobre cada uma e suas características.
Para entendermos mais e melhor a respeito dessa emergência, é sempre bom lembrarmos a
importância do nosso maior órgão, lembram qual é? Sim, exatamente, é a pele, responsável por
diversas funções, e, se for danificada, poderá acarretar uma série de complicações até que ela se
regenere novamente.
A pele humana é constituída por camadas, sendo elas: a epiderme, a derme e a hipoderme.
A camada mais superficial é a epiderme, que atua como a primeira barreira contra o acesso de
patógenos no nosso organismo, além de controlar a saída de líquidos que equilibram a
temperatura corporal.
A segunda camada chamada de derme é formada por fibras de colágenos, vasos sanguíneos e
por um universo de terminações nervosas. Nessa camada também se encontram as glândulas
sudoríparas, as sebáceas, os nervos sensitivos que nos permitem sentir todas as sensações que
chegam até essa camada, como dor, calor e frio, entre outras.
E a última camada é a hipoderme, a mais profunda e rica em tecido gorduroso, servindo como
reguladora da temperatura e depósito de energia para tantas outras funções biológicas do nosso
organismo.
Sabendo de tudo isso, você já deve ter percebido o prejuízo e os danos que uma lesão de
queimadura pode causar, certo?
Pelas causas nós já vimos que pode ser por agentes físicos (térmicos), químicos ou biológicos.
Um detalhe muito importante desse grau de queimadura é que, por destruir as terminações
nervosas, a vítima pode não sentir dores no ponto central da lesão, porém vai sentir muitas
dores nas áreas vizinhas, já que nessas áreas ela terá os dois graus anteriores, ou seja, não tem
como termos uma queimadura de terceiro grau sem termos antes as de segundo e de primeiro
grau, concorda?
Figura 1 – Graus de Queimaduras
Fonte: Adaptada de Freepik
E a terceira forma de classificação por extensão é através da tabela de Lund Browder, considerada
a mais confiável entre as três.
Você Sabia?
Considerado como o melhor método pré-hospitalar para se estimar a
extensão da Superfície Corporal Queimada – SCQ, a tabela de Lund
Browder foi inicialmente proposta em 1944, visando a um melhor
atendimento pediátrico, e leva em consideração as alterações corporais
nas diferentes faixas etárias a partir de 0 ano de idade. A precisão do
cálculo auxilia bastante para se saber o exato volume a ser reposto em
caso de uma reanimação hídrica se necessária, durante a recuperação
da vítima.
Queimaduras Térmicas
As queimaduras térmicas podem ser de várias origens, como:
Exposição a líquidos superaquecidos (água, óleo, café), sendo esta a causa mais
comum em crianças e idosos nos acidentes domésticos. Essas queimaduras são
chamadas de escaldaduras, quando o líquido é derramado sobre a pele;
Capores;
Contato direto com superfícies ou objetos quentes, como ferro de passar roupas e
panelas;
Uma queimadura térmica pode comprometer várias funções, mas algumas merecem destaque,
como a perda excessiva de líquido, levando a vítima a um quadro de desidratação, ou perda de
calor, o que pode acarretar outra emergência, como, por exemplo, a hipotermia (queda da
temperatura corporal abaixo de 35º Celsius), o que poderá comprometer várias outras funções
do organismo, além da exposição aos riscos de uma infecção severa.
Queimaduras Químicas
Proveniente de contato direto com substâncias corrosivas ácidas ou alcalinas, como produtos de
limpeza doméstica, solução para baterias. Sua gravidade está diretamente relacionada com a
concentração, tempo de exposição e contato, e o mecanismo de ação da substância.
Queimaduras Biológica
Provocadas por contato direto com seres vivos como lagartas e águas-vivas.
Queimadura de períneo.
Procedimentos de APH
Independentemente de qual seja a causa, o primeiro passo para atender uma vítima de
queimaduras é interromper a origem da lesão, não se esquecendo, é claro, da etapa de análise do
cenário que estudamos anteriormente, lembra?
Isso é de suma importância, principalmente se for uma vítima de queimaduras por eletricidade,
em que o primeiro passo é interromper o contato da vítima com a parte energizada, sem correr
riscos. Para isso basta utilizar qualquer material isolante, como tubulação de PVC, por exemplo.
Queimaduras Térmicas
Há uma possibilidade de a vítima estar envolta a chamas e daí querer sair correndo, o que poderá
agravar a situação, aumentando o fogo. Nesse caso, deve-se promover o abafamento das
chamas, agindo da seguinte forma:
Deite a vítima no chão e faça com que ela role de um lado para outro;
Resfrie o local da lesão com água corrente em temperatura ambiente, pois isso irá
interromper a ação do calor e promoverá uma sensação de alívio à vítima;
Remover com cuidado todos os adornos, tais como anéis, alianças, colares e
brincos, desde que não estejam aderidos (grudados) à pele, porque logo após uma
queimadura é muito comum ocorrer o edema (inchaço) do local atingido;
Em caso de pequeno queimado, manter o local resfriado com água corrente;
Neste caso, após resfriar o local, deve-se manter a vítima coberta por um lençol seco
e um cobertor para manter a sua temperatura corporal;
Se for médio ou grande queimado, não deve manter o local resfriado, pois isso
poderá provocar a hipotermia;
Não se deve aplicar água gelada, ou quaisquer outras substâncias, tais como creme
dental, margarina, maionese, óleos ou hidratantes, pois ao chegar no ambiente
hospitalar, a lesão passará por um processo de limpeza e o uso dessas substâncias
poderá atrasar o procedimento e ainda causar mais dores à vítima;
Não se aconselha também furar as bolhas, para não deixar o ferimento exposto com
risco de infecções.
Devemos atentar ainda para as situações em que a vítima tenha se queimado em local confinado,
o que indica uma possível inalação de gases tóxicos e aquecidos, sendo, neste caso, de extrema
importância e urgência que ela seja retirada para um ambiente mais arejado e tenha seus sinais
vitais monitorados, até que receba atendimento especializado com auxílio de oxigênio.
Queimaduras Químicas
Não se deve tentar neutralizar a substância com qualquer outro produto, pois isso
poderá promover uma nova reação da substância e agravar ainda mais a situação.
Lavar o local da lesão com água corrente em temperatura ambiente, por no mínimo
15 minutos, tomando-se o cuidado de posicionar a cabeça da vítima de forma que a
água não transporte a substância nociva para o outro olho, pescoço ou outra região
do seu corpo;
Intoxicações/Envenenamentos
De acordo com o professor Dr. Flávio Zambrone, presidente do Instituto Brasileiro de
Toxicologia - IBTox, “diariamente temos contato com mais de 100 mil substâncias químicas
presentes nos alimentos, produtos de limpeza, cosméticos, medicamentos, entre outros. Os
acidentes de intoxicações com esses produtos são um importante problema de saúde pública”
(BRAZ, n. d., n. p.).
Na verdade, podemos dizer que praticamente são a mesma coisa, pois, de acordo com a
definição do Ministério da Saúde, o envenenamento ou intoxicação aguda ocorre quando uma
pessoa inala, entra em contato direto com a pele ou ingere alguma substância tóxica.
Algumas literaturas afirmam ainda que a diferença está nos efeitos de cada um, sendo que o
envenenamento pode ser mais grave que a intoxicação, porém é claro que ambos vão
desencadear uma situação de emergência, sendo que a maior parte dos casos ocorre dentro de
casa, envolvendo crianças.
As intoxicações, também chamadas de intoxicações exógenas, que têm origem no exterior, são
caracterizadas por uso inadequado ou excessivo de substâncias químicas.
A toxidade de uma substância ou agente químico pode ser definida como a sua capacidade
relativa de causar efeitos adversos em organismos vivos.
No entanto para uma substância ser considerada tóxica, depende de certas condições, como, por
exemplo:
Quantidade;
Dose;
Concentração;
Tempo de exposição;
Idade.
Um velho dito popular, inspirado numa frase do médico suíço Paracelso (1492-1541), diz que “a
diferença entre o remédio e o veneno, é a dose!”. Na maioria das vezes, essa máxima faz todo
sentido.
A população infantil, geralmente com menos de 5 anos de idades, é a mais suscetível a acidentes
de intoxicação e representa maior vulnerabilidade.
A exposição pode ocorrer devido a vazamentos, derrames ou quaisquer outros processos que
sejam capazes de promover o escape desses materiais no ambiente, criando um potencial de
risco, e as vias de acesso ao organismo pode ser através de várias formas, sendo:
Absorção cutânea (pela pele): o que muitas vezes contribui para uma intoxicação
significativa;
Outra via que também podemos considerar é a ocular, que, quando ocorre, pode acarretar graves
lesões de queimaduras.
Sinais e Sintomas
Os sinais e sintomas irão variar de acordo com o tipo de produto, quantidade e tempo de
intoxicação que se passou.
A vítima poderá apresentar também alterações respiratórias como rápidas e superficiais, e até
mesmo parada respiratória ou cardíaca. A reação ao produto poderá gerar convulsões ou até
mesmo levar a vítima ao choque anafilático (reação alérgica).
Caso a substância tenha sido inalada, a vítima poderá apresentar tosse, sensação de
sufocamento ou queimação. Se o acesso for através da pele, as reações irão desde irritação até
queimaduras químicas, coceiras (pruridos), ardência no local, aumento da temperatura da pele
ou sudorese (suor frio).
Alterações neurológicas, como distúrbios visuais, alteração do diâmetro das pupilas, confusão
mental ou inconsciência também poderão estar presentes na vítima.
Procedimentos de APH
Inicialmente relembramos mais uma vez a importância da avaliação do cenário e do uso dos EPIs
adequados.
Em se tratando de intoxicação, os procedimentos de atendimento pré-hospitalar requerem uma
atenção bem cuidadosa, pois muitas vezes os sinais e sintomas podem ser confundidos com
outras emergências.
Não provoque ou induza o vômito, pois isso poderá causar mais danos nas vias
aéreas da vítima, durante a saída da substância;
Os danos causados no tecido cerebral, produzido por falha na irrigação sanguínea em razão de
obstrução ou rompimento de artéria cerebral, podem ser de alta gravidade, podendo ainda
ocorrer um efeito compressivo, ou seja, o aumento da pressão intracraniana, o que representa
uma situação de risco de morte.
Você certamente já ouviu falar de derrame cerebral, mas você sabe como isso acontece e por que
tem esse nome?
Bom, primeiro é bom lembrarmos que existem dois tipos de acidente vascular encefálico: o
hemorrágico e o isquêmico.
Isquêmico: ocorre quando uma área do encéfalo também deixa de receber sangue,
porém não por um rompimento, mas sim devido ao entupimento de uma artéria,
muitas vezes causado por placas de gordura presentes na corrente sanguínea e que
vão se acumulando nas paredes das artérias até provocar o entupimento.
Sinais e Sintomas
Existe uma forma muito simples que permite o reconhecimento de um AVE com rapidez,
mantendo a especificidade e a sensibilidade, ela é chamada de Escala pré-hospitalar de
Cincinnatti.
Simetria facial;
Inconsciência;
Confusão mental;
Convulsões;
Procedimentos de APH
Em Síntese
Podemos dizer que você acrescentou mais um pacote de conhecimento
em sua bagagem, pois vimos os diversos tipos de queimaduras que
existem e como agir diante de cada caso, ficamos sabendo também que
as intoxicações ou envenenamentos são situações muito semelhantes e
ocorrem com maior frequência nos ambientes domésticos, envolvendo
crianças, mas que através de um 0800 podemos receber orientações
para um atendimento rápido e seguro; vimos ainda que AVC e AVE são
problemas vasculares que afetam o cérebro ou o encéfalo, podendo ser
de alta gravidade ou até mesmo letal.
Tão importante quanto saber tudo isso, é saber também quais
procedimentos você deve adotar para minimizar os danos ou o
sofrimento de uma pessoa que se encontrar em qualquer uma dessas
situações.
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ACESSE
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ʪ Referências
BRAZ, R. Saiba o que fazer em casos de intoxicação. Drauzio Varella / UOL, [n. d.]. Disponível em
<https://drauziovarella.uol.com.br/drogas-licitas-e-ilicitas/saiba-o-que-fazer-em-casos-de-
intoxicacao/>. Acesso em 22/09/2022.
LAMBERT, E. G. Guia prático de primeiros socorros. 3. ed. São Paulo: Editora Rideel, 2013.
SÃO PAULO. Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Manual de Resgate –
Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros. São Paulo: 2006.