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Tratamento periodontal não cirúrgico

Instrumentação, orientação de higiene bucal, eliminação dos fatores de retenção do biofilme


ou que dificultam a higienização.

Periodontite: fatores locais podem predispor a doença periodontal e fatores sistêmicos podem
modificar a resposta do hospedeiro ao biofilme, aumentando a severidade da doença. A boca
fornece o ambiente perfeito para a colonização de bactérias, uma temperatura estável,
umidade constante, abundante suprimento de nutrientes e exclusivamente, as superfícies
duras dos dentes. Para que ocorra a doença periodontal precisa ocorrer um desequilíbrio nessa
microbiota que é chamado de disbiose, a doença dos tecidos periodontais pode ser vista como
comprometimento da homeostase entre os tecidos do hospedeiro e a microbiota residente, os
microorganismos presentes na doença periodontal tem a capacidade de manipular com
sucesso elementos da resposta inata e inflamatória. Estudos mostram que as bactérias que
compõem significativamente a placa subgengival dos locais doentes com frequência estão
presentes também, embora em níveis reduzidos, em amostras supragengivais e vice-versa. P.
gingivalis, A. actinomycetemcomitans, T. forsythia e T. denticola são normalmente encotrados.

É necessário deixar o paciente ciente do quadro e explicar sobre o prognóstico dos dentes, a
importância de mantê-los em boca e sobre as opções de tratamento. Explicar para o paciente a
importância do controle de placa para manter os elementos dentários em boca.

O primeiro passo do tratamento periodontal não cirúrgico é a orientação de higiene bucal e


motivação do paciente (deve ser realizada inicialmente de forma presencial pelo profissional e
após a consulta por meio de vídeos, links, folhetos), a realização do controle mecânico do
biofilme deve ser realizada por escova macia ou extra macia, podendo ser usadas diferentes
técnicas que podem ou não serem associadas com agentes químicos e realizada com
dentifrício, o qual tem uma ação mecânica e física no controle do biofilme. Não existe uma
técnica superior, essa deve ser ajustada de acordo com cada paciente, as técnicas descritas são:

 Bass: proporciona uma escovação intra-sucular, realizando movimentos vibratórios de


vai e vem posicionando a escova a 45° ao longo eixo do dente.
 Stillman modificada: usa movimentos de varredura, posicionando a escova
lateralmente contra a gengiva.
 Charters: tem a intensão de massagear a gengiva, a escova é posicionada lateralmente
contra o dente e a gengiva (usada após cirurgias periodontais).
 Fones: escova perpendicular ao dente, movimentos circulares com dentes topo a topo,
movimentos de vai e vem na oclusal e varredura na lingual.
 Escovas interdentais: usada em locais onde o paciente não consegue usar o fio dental

Uma das etapas mais importantes da terapia periodontal é a motivação do paciente para
cuidados com sua higiene bucal, uma das técnicas que pode ser aplicada é o uso de
evidenciadores de placa, tornando o biofilme visível ao paciente, deixando mais claro os
movimentos que precisam ser realizados e as regiões que requerem mais atenção. Pode ser
realizado em todas as consultas juntamente com índice de Olery (onde o resultado entre 25 e
30 % são aceitáveis).

Um dos agentes químicos mais usados á a clorexidina, disponível para bochecho na


concentração de 0,2% e 0,12%, deve ser usada duas vezes ao dia pelo paciente, essa tem a
capacidade de aderir-se na cavidade bucal, próteses e superfície dental através da película
adquirida, atuando contra bactérias G+, G- e fungos (se usada em excesso pode causar
descamação e irritação da mucosa, além de causar desequilíbrio entre microorganismos
necessários para saúde bucal). Outros agentes são a clorexidina em gel, óleos essenciais,
quaternários de amônia, agentes oxigenantes, triclosan...

Etapas do tratamento:

Primeiro realizar diagnóstico, boa anamnese e prognóstico dos dentes. Avaliar higiene bucal,
características gengivais, sangramento a sondagem, presença de supuração, profundidade
clínica de sondagem, mobilidade, envolvimento de furca, nível de inserção, nível do osso
aveolar e atividade da doença. Verificar condições sistêmicas dos pacientes, verificando se há
fatores modificadores como a diabetes (pode ser feito teste de hemoglobina glicada, glicemia
em jejum. Para verificar outras condições pode ser feito hemograma completo, proteína C
reativa, teste para sífilis, HIV...).

 Mobilidade dental: Grau 0 (mobilidade fisiológica-não perceptível), Grau 1 (mobilidade


horizontal menor que 1mm), Grau 2 (mobilidade maior que 1 mm), Grau 3 (mobilidade
em sentido vertical e horizontal-exo). Usar cabo do espelho para realizar o teste.
 Presença de Furca: Grau 0(sem destruição de furca), Grau 1 (destruição menor que 3
mm-não sede 1/3 da largura do dente), Grau 2 (perda óssea na furca maior que 3mm-
maior que 1/3 da largura do dente), Grau 3 (sonda passa de um lado para o outro),
Grau 4 (passa de um lado para o outro com resseção gengival).

1- Realizar o que há mais urgência e incomodo para o paciente, exodontias de dentes


com muita mobilidade, restaurações que incomodam o paciente.
2- Tratamento periodontal não cirúrgico
Orientação de higiene, raspagem e alisamento radicular, com objetivo de remover
cálculo dental deixando a superfície compatível com tecido periodontal, para isso
podem ser usados os instrumentos manuais e sônicos e ultrassônicos que são
automatizados. Podem ser realizados alguns procedimentos complementares a isso
como restaurações temporárias, tratamento endodôntico (infecção intrarradicular
pode se comunicar com mcos do periodonto), terapias oclusais (pois o trauma oclusal
causado pela perda de alguns elementos pode levar a perda de inserção), pequenos
movimentos ortodônticos (para facilitar o controle de placa), contensões provisórias
(unir dentes com maior mobilidade, permitindo a raspagem desses destes sem que
ocorra avulsão). Após a raspagem deve ser realizado polimento coronário com taca de
borracha e pasta profilática, a superfície mais lisa dificulta o acúmulo de biofilme.
3- Reavaliação do tratamento periodontal, avaliação (40 a 60 dias após o primeiro) da
necessidade de manutenção ou necessidade de tratamento cirúrgico
4- Cirurgia periodontal – reavaliação
5- Manutenção (novas instrumentações podem ser realizadas)

Fatores retentores de biofilme: próteses e restaurações mal adaptadas, excesso marginal de


restaurações, sinais de traumatismos oclusais, dentes mal posicionados, contatos abertos
(impacção alimentar), aparelho ortodôntico, lesões cariosas.

Duas técnicas são muito faladas, a desinfecção da boca toda em 24h e a terapia periodontal
por quadrantes, onde há consultas agendadas semanalmente.

Algumas regiões são mais susceptíveis a formação de cálculo, como a lingual dos incisivos
inferiores, onde tem a saída do ducto da glândula sublingual e a região vestibular dos molares
superiores onde tem a saída do ducto da glândula parótida, nesses locais há a presença de uma
saliva rica em cálcio, a qual acaba não sendo tamponada, sua precipitação na matriz proteica
da película adquirida ocorre de forma mais fácil, não precisando de uma grande quantidade de
placa para formação de cálculo, o cálculo formado nessas regiões é mais rugoso e acumula
bactérias em seu interior, mas um paciente com boa higienização consegue manter o equilíbrio
dessas bactérias o que coincide com a saúde, sendo assim é possível a gengiva apresentar um
padrão saldável, sem sangramento, mesmo com a presença de cálculo.

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