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Universidade Federal de Pernambuco

Centro de Educação
Disciplina: Políticas Educacionais - Organização e Funcionamento da
Escola Básica
Docente: Fernanda da Costa Guimarães Carvalho
Discente: Gabrielly da Penha de L. Nascimento

A constituição de 1988 representa um importante marco na educação brasileira. Após


mais de duas décadas em estado de exceção, é finalmente elaborada a Constituição brasileira
de 1988. Feita a partir da Assembleia Nacional Constituinte e com forte apelo popular, a
também conhecida “constituição cidadã” foi promulgada em 5 de outubro na tentativa de
instaurar ideais republicanos ao Brasil. A Constituição Federal de 1988 traz importantes
reformas no âmbito educacional, embora conte apenas com 10 artigos a esse respeito e ainda
que muitos tenham sofrido alterações ao longo do tempo, mantêm-se os seus principais
pressupostos, por exemplo, a gratuidade da educação posto no Artigo 206 da Constituição
(BRASIL, 1988).
Antes da Constituição de 88 não havia um planejamento de políticas educacionais que
abarcasse todo território brasileiro, de modo que essas variavam enormemente a depender da
unidade federativa. Sendo assim, é a partir da CF/88 que se tem início um plano mais
homogêneo. Tem-se no Art. 205 que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da
família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para
o trabalho” (BRASIL, 1988). Aqui, é importante observar que pela primeira vez uma
constituição brasileira confere ao estado a obrigação do fornecimento da educação, e este
deve será gratuito, igualitário, obrigatório e de qualidade, devendo-se fornecer aos
frequentadores do ensino fundamental materiais didáticos, transporte, alimentação e saúde,
pregando-se, também a valorização de docentes e profissionais de ensino, como posto nos
artigos 206 e 208.
Ainda, é a partir do Artigo 214, que prega, dentre outras coisas, o fim do
analfabetismo e a universalização do acesso à escola, que se emenda constitucional n° 59, a
qual instaura o Plano Nacional de Educação (PNE), visando alcançar os objetivos postos pela
Constituição como o fim do analfabetismo. Sobre o PNE, cabe observar o que coloca Castro:
Ainda que se possa avaliar que houve certa ausência de realismo na elaboração de
muitos de seus objetivos e metas, a relevância do PNE precisa ser destacada. Em
primeiro lugar, devido à ampla discussão que suscitou, com a participação de
diversos segmentos da comunidade educacional, o que lhe conferiu a legitimidade
de que costumam carecer planos concebidos apenas em gabinetes. Além disso, o
Plano é abrangente e não omite ou confere pouca atenção a qualquer tema relevante
no campo educacional (CASTRO, p. 12).

Neste contexto, cabe no que tange à alfabetização, que tanto busca as políticas
educacionais. A autora Marta Troquez apresentar a alfabetização e sua diferenciação com o
conceito de letramento, isto é, “alfabetização se refere ao processo de ensino/aprendizagem de
habilidades necessárias aos atos da escrita e da leitura; e o letramento consiste no domínio das
práticas de uso social de escrita e da leitura” (SOARES, 2004, p. 9 apud TROQUEZ, 2018, p.
277). Assim, não apenas alfabetizar, deve-se buscar letrar os estudantes, sendo
preferencialmente realizado de forma paralela. Assim, uma vez que para alfabetizar é
necessário fornecer o acesso, Troquez indica que:

Não podemos negar que hoje, principalmente no que tange às crianças e aos
adolescentes que frequentam o ensino fundamental, a universalização do acesso foi
praticamente efetivada. O que tem preocupado os estudiosos da educação neste
momento é a qualidade desta educação, pois, como demonstram os índices de
avaliação do governo, estar na escola não tem sido sinônimo de garantia de
aprendizagem (TROQUEZ, 2018, p. 284).

A isso, complementa Castro:

Quanto à garantia do padrão de qualidade, as deficiências são ainda mais


preocupantes, apesar de modestas melhorias gerais, das ilhas de competência e de
significativos avanços na criação de instrumentos de avaliação institucional e do
rendimento escolar, tão relevantes para a orientação dos educadores e das políticas
públicas. Todavia, ainda existem grandes desafios a enfrentar, especialmente quanto
à capacitação de profissionais, o que exige, acima de tudo, a revalorização da
carreira docente CASTRO, 2008, p. 27).

Desse modo, observa-se que a Constituição Federal de 1988, feita em um delicado


momento histórico pós-regime militar, traz importantes avanços à educação. Com o Plano
Nacional de Educação que objetiva alcançar o posto na CF, tem-se que, embora um dos seus
principais pressupostos, isto é, a universalização do acesso à educação, de fato se
materializou, a qualidade desse ensino é grande fonte de preocupação, também, a valorização
do magistério é um ponto deficitário. Põe-se novos desafios e a necessidade de novas políticas
educacionais para promover uma educação de qualidade.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988.

CASTRO, Marcelo Lúcio Ottoni de. A Constituição de 1988 e a Educação Brasileira Após 20
anos. 2008. Disponível em: A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A EDUCAÇÃO BRASILEIRA
APÓS 20 ANOS | Senado Federal.

TROQUEZ, Marta; SILVA, Thaise; ALVES, Andreia. Alfabetização e letramento na educação


brasileira pós 1988. Revista Contemporânea de Educação, Rio de Janeiro. v. 13, n. 27, p. 271
- 291. maio/ago. 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.20500/rce.v13i26.1661.

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