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Pedagogia Histórico-Crítica e Ensino Fundamental - Anos Iniciais:

Escola, Currículo e Didática


Curso de Extensão

Inclusão dos alunos com deficiência nos anos iniciais do ensino


fundamental – a formação e a convivência com as igualdades e
diferenças: conceitos e categorias teóricas fundamentais da educação
de pessoas com deficiência
Régis Henrique da Silva
Anna Maria Lunardi Padilha
Neide da Silveira Duarte de Matos
Sonia Lopes Victor
[ 28/03/2024 ]
A questão política e as contradições que se colocam para nós do
campo da PHC no desenvolvimento de uma Teoria contra-hegemonica
em um contexto de políticas conservadoras

[28/03/2024]
• A inclusão escolar de estudantes com deficiência no
sistema educacional brasileiro é garantida
constitucionalmente desde 1988.
• No início dos anos 90, os fundamentos para a
implementação de um sistema educacional inclusivo
são difundidos progressivamente.

[28/03/2024]
Essa garantia também está evidenciada nas
legislações, programas e documentos orientadores que
foram publicados, seguidamente, antes e depois da
Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008).

[28/03/2024]
A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva
da Educação Inclusiva de 2008 é compreendida como parte
de um momento histórico que aproxima as iniciativas e as
diretrizes brasileiras de proposições internacionais que
anunciam uma ressignificação do conceito de deficiência –
afirmação da perspectiva social -, assim como indicam um
novo desenho institucional para a garantia do direito à
educação (BAPTISTA, 2019).

[28/03/2024]
No entanto, no início dos anos 90, as reformas
educacionais exigidas à implementação dessas políticas
estão ancoradas em teorias econômicas que, de um lado,
permitem a inclusão de estudantes oriundos de grupos
populacionais minorizados à escola, de outro, imprime a
esse processo o princípio do mercado com base no
sistema capitalista neoliberal, minando, progressivamente,
uma educação pública, estatal, laica, inclusiva e de
excelência para todos.

[28/03/2024]
Para o estudantes PAEE, as reformas permitem que as
políticas públicas em disputa favoreçam a participação de
instituições privadas de caráter filantrópico, ao considerar,
especialmente, o atendimento educacional especializado
para esse público como serviço e não como condição
necessária à sua aprendizagem na escola e, portanto,
integrado ao seu processo de escolarização.
[28/03/2024]
Essa situação de participação histórica dessas instituições
na oferta do atendimento educacional especializado para
esses estudantes, mesmo que no contraturno, conforme
ainda consta na legislação brasileira, exige repasse de
recursos públicos do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB) para tal
fim.

[28/03/2024]
Esse repasse fortalece o modelo médico-posicológico da
deficiência, que considera a deficiência como um problema
biológico e individual, por sua vez, direcionando práticas
de reabilitação e clínico-terapeuticas para o atendimento
desse público no âmbito da escola.

[28/03/2024]
Essa situação impede a compreensão por parte da
família, dos profissionais da educação, dos gestores e da
população em geral de um modelo biopsissocial de
deficiência e de uma educação para eles que tenha como
propósito à formação humana.

[28/03/2024]
Formação humana que leve em consideração nesse
processo de inclusão escolar a integralidade da pessoa, a
complexidade do funcionamento do psiquismo humano,
heterogeneidade dos processos de aprendizagem, a
especifidade do conhecimento sobre a deficiência para
estabelecer caminhos educacionais e a orientação
prospectiva para a educação desses estudantes (DAINEZ,
2017).

[28/03/2024]
Pensar a formação humana concretizada por meio de um
pedagogia que promova a emancipação humana e supere a
unilateralidade dessa formação desde a educação infantil.

[28/03/2024]
Pensar a educação para os estudantes sob condição de
deficiência, e que necessitam de um “[...] conjunto de
atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos
organizados institucional e continuamente [...]” (BRASIL, 2011)
de forma complementar ou suplementar, a fim de garantir o
acesso ao currículo básico e a apropriação dos conhecimentos
historicamente produzidos pela humanidade, tem estado em
um campo de disputa entre diferentes setores e grupos da
sociedade brasileira.

[28/03/2024]
Circunscritos nas políticas públicas, os processos de
inclusão escolar de estudantes com defeciência necessita
ser pensado para além do acesso e da permanência.

[28/03/2024]
Ele precisa está voltado para a sua aprendizagem
por meio de um bom ensino, que promova o
humano em cada um desses estudantes
(PADILHA, 2022), o qual na perspectiva da
abordagem histórico-cultural, é aquele que aciona
o desenvolvimento do indivíduo que é sempre um
desenvolvimento social e histórico.

[28/03/2024]
Articula-se aos processos de escolarização de
estudantes com deficiência, o tema da formação de
professores. Essa formação tem sido considerada
como imprescindível para o avanço rumo à
consolidação de um ensino público de qualidade
(GARCIA, 2013).

[28/03/2024]
Pensar a inclusão escolar de estudantes com deficiência
com base nas políticas públicas inclusivas, considerando a
formação de professores e o ensino voltado a eles em
diferentes níveis e modalidades de ensino, especialmente
nos anos iniciais do ensino fundamental, não dispensa
compreender os movimentos das políticas públicas
também para esses níveis e modalidades.

[28/03/2024]
Pedagogia Histórico-Crítica e Ensino Fundamental - Anos
Iniciais: Escola, Currículo e Didática
Curso de Extensão

[28/03/2024]
Além dessa disputa de políticas que já estávamos
vivenciando no cenário atual da educação especial
no Brasil, fomos surpreendidos com o agravamento
dessa crise política pela pandemia do covid-19, que
nos trouxe questões gravíssimas. (NOTA..., 2020),
observadas nas produções científicas sobre o tema.

[28/03/2024]
Com a implementação e os avanços da atual Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (2008), pudemos acompanhar: a
expansão das matrículas de alunos público-alvo da
educação especial; a ampliação da formação e do
envolvimento de profissionais da educação básica, por
conta do acesso desse alunado nas escolas comuns;
[28/03/2024]
o comprometimento de outros profissionais de áreas afins
na garantia do direito à educação desse público, pela via da
compreensão de seus processos de escolarização; o
aumento significativo de produção teórica na área de
educação especial, incluindo grupos que antes não tinham
visibilidade; a afirmação de um caráter pedagógico do
atendimento educacional especializado, pela via da
complementação e suplementação do currículo comum, em
detrimento de uma perspectiva assistencialista e médico-
psicológica, entre outros (PRIETO, 2018).

[28/03/2024]
Em virtude desses avanços e conquistas e diante de uma
mudança radical de governo – que imprimiu no Brasil uma
política de extrema-direita com consequências nefastas à
classe trabalhadora e aos grupos populacionais mais
vulneráveis –, muitas instituições, associações, fóruns,
entidades e movimentos sociais se posicionaram
contrários…
[28/03/2024]
…Inicialmente, à minuta apresentada pelo Ministério da
Educação de atualização da política atual, intitulada Política
Nacional de Educação Especial “Equitativa, Inclusiva e ao
Longo da Vida” (BRASIL, 2018, no prelo) e depois ao
Decreto N.º 10.502/2020, que institui a referida política do
governo de extrema-direita revogada no início do terceiro
mandato do governo Lula.
[28/03/2024]
Os motivos dessa oposição se dão porque as
proposições dessa nova política: a) apresenta frágeis
justificativas para a atualização da política em vigor; b)
recorre, para se fundamentar, a documentos que
permitem ter a organização da educação especial em
serviços de apoio e em serviços especializados; c)
revigora a possibilidade do ensino substitutivo e da
segregação desse alunado; d) desconsidera a
Constituição de 1988 e a convenção da ONU de 2006
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
portanto, é inconstitucional;
[28/03/2024]
e) camufla as suas intenções apresentando,
inicialmente, uma direção que vai na perspectiva da
inclusão, mas que, no final, conduz ao retorno desse
público aos serviços mais restritivos; f) favorece a
permanência ‒ inclusive, o fortalecimento – de
instituições especializadas no atendimento de pessoas
que já estão em idade mais avançada, desconsiderando
os seus direitos e favorecendo o descaso do poder
público para com esse grupo; g) confere uma
excessiva responsabilidade às famílias, deslocando
para elas os deveres que, em grande medida, cabem ao
Estado;
[28/03/2024]
h) reapresenta serviços substitutivos, como a
classe especial e a escola especial, afastando-nos
do propósito de incluir esse alunado na escola
comum; i) retorna ao discurso de fracasso escolar
associado ao aluno com deficiência; j) expande o
público-alvo da educação especial, trazendo a
categoria mental, para a qual não temos estudos
acumulados na área, além de favorecer a produção
social da deficiência;

[28/03/2024]
k) acaba com a transversalidade da educação
especial, quando a considera modalidade de
educação escolar integrada aos sistemas de ensino e
não transversal a todos os níveis e modalidades
ensino; l) amplia o repasse de verbas públicas para
as instituições privadas, demonstrando descaso do
poder público com a garantia do direito à educação
desse público e levando ao retrocesso na meta de
incluir esse alunado no ensino comum, sem
restrições, entre outros (PRIETO, 2018).

[28/03/2024]
Todos os pontos elencados estão associados a
uma política neoliberal, que reduz a ação do
Estado na proteção dos direitos humanos e
sociais, presentes na Constituição Brasileira de
1988.

[28/03/2024]
BAPTISTA, C. R. Política pública, Educação Especial e
escolarização no Brasil. In: SEÇÃO TEMÁTICA:
EDUCAÇÃO ESPECIAL, Rev. Educação e Pesquisa,
V. 45, 2019. Disponível em: <
https://www.scielo.br/j/ep/a/8FLTQYvVChDcF77kwPHtS
ww/abstract/?lang=pt>. Acesso em: 05. jun. 2023.
BRASIL. Constituição da República Federativa do
Brasil. Presidência da República. 5 de outubro de 1988,
Brasília, DF. 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitu
icaocompilado.htm. Acesso em 05 jun. 2023.
[28/03/2024]
DAINEZ, Débora. Desenvolvimento e deficiência na
perspectiva histórico-cultural: Contribuições para educação
especial e inclusiva. In: Revista de Psicología 2017, 26(2), 1-
10. Disponível em:
<https://scielo.conicyt.cl/pdf/revpsicol/v26n2/0719-0581-
revpsicol-26-02-00151.pdf> . Acesso em: 19 mar 2023
GARCIA, Rosalba Maria Cardoso. Política de educação
especial na perspectiva inclusiva e a formação docente no
Brasil. In: Revista Brasileira de Educação v. 18 n. 52 jan.-
mar. 2013. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v18n52/07.pdf>. Acesso em: 05
de jun. 2023.
[28/03/2024]
NOTA EM DEFESA DA VIDA DURANTE A PANDEMIA DE
COVID-19 NO BRASIL. FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS
ASSOCIAÇÕES DE SÍNDROME DE DOWN. 03 abr. 2020.
Disponível em:
<http://federacaodown.org.br/index.php/2020/04/03/nota-em-
defesa-da-vida-durante-a-pandemia-de-covid-19-no-brasil/>.
Acesso em 11 mai. 2020.
PADILHA, Anna Maria Lunardi. Escritos Pedagógicos: a
teoria histórico-cultural, a pedagogia histórico-crítica e a
educação para todos. 1. ed. – Rio de Janeiro: E-papers, 2022.
>. Acesso em: 05 jun. 2023.
[28/03/2024]
PRIETO, R. G. Educação Especial sob nova direção. 5,
POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA
PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA. Documento
elaborado pelo grupo de trabalho nomeado pela Portaria nº
555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007. Brasília: jan.
2008. Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf

[28/03/2024]
CONGRESSO BRASILEIRO DE PSICOLOGIA - Mesa
Redonda: 10 anos da Política de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva. V Congresso Brasileiro de
Psicologia. Youtube, Canal Conselho Federal de Psicologia.
18 de nov. 2018. 1h39min41s. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=rgUONOG9_Zk>. Acesso
em 05 maio mai. 2020.

[28/03/2024]
Pedagogia Histórico-Crítica e Ensino Fundamental - Anos
Iniciais: Escola, Currículo e Didática
Curso de Extensão
A EDUCAÇÃO COMO DIREITO HUMANO: PRIMEIRO PASSO
PARA INCLUSÃO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
Desde a Declaração sobre Educação para Todos (1990) e a
Declaração de Salamanca (1994), tivemos muitos avanços no
movimento de inclusão social, especialmente das pessoas com
deficiência. A inclusão educacional e social como direito
humano!

[28/03/2024]
Ao considerarmos a Educação como um direito fundamental
de todas as pessoas aproximamos a proposta da educação
inclusiva (princípio) ao conceito de direitos humanos - sob a
perspectiva da existência de pertença ao mundo;
A garantia do direito transcende questões meramente
burocráticas e está condicionada a um Estado de direito que
deve favorecer o acesso ao bem comum;

Este direito não se reduz apenas ao acesso a Educação


Escolar, significa, principalmente, garantir a aprendizagem
dos estudantes de forma que possam se desenvolver e ter
atuação ativa no contexto social.
Pois o sec. XXI exige:
• um mundo de todos e para todos;

• que as políticas educacionais implantadas


para a defesa e a promoção dos direitos
fundamentais já reconhecidos, com foco na
Educação, assegurem o direito à educação
para todos;

• pensar o papel fundamental da Educação


Especial para Educação ser para todos.
Educação Especial
[...] é uma modalidade de ensino que perpassa todos os
níveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento
educacional especializado, disponibiliza os serviços e
recursos próprios desse atendimento e orienta os alunos e
seus professores quanto a sua utilização nas turmas comuns
do ensino regular . (BRASIL, 2008)

Suporte profissionais;
Componentes Serviços especializados;
básicos
Recursos didáticos;
No trabalho de L.S. Vigotski podemos encontrar três legados que
orientam o trabalho educativo, especialmente a Educação Especial.

o científico, o metodológico e o político, todos orientados a pensar


em uma sociedade que possibilite o desenvolvimento do ser humano
autônomo;

as explicações e fundamentos são conteúdos científicos e


metodológicos - sempre culturais, sociais, históricos e políticos;

os fundamentos científicos da abordagem histórica cultural servem,


como nenhum outro, como base para a elaboração de políticas
emancipatórias do ser humano.
LEGADO CIENTÍFICO: O BIOLÓGICO E O CULTURAL FORMAM UMA
RELAÇÃO COMPLEXA

Imagem 1: Aparece a imagem de um feto e do lado esquerdo várias imagens com as fases de desenvolvimento do feto.
Imagem 2: Ilustração de ondas espirais coloridas.
Imagem 3: Um homem com cabelo curto, castanho escuro, vestido blusa social branca de mangas compridas, calça social
cinza e ocúlos, está sentado ao lado de um bebê com síndrome de Down, que tem cabelo castanho escuro, usa blusa de
mangas compridas listrada, bermuda branca e tênis cinza. O homem mostra um objeto para o bebê. Eles estão em uma
sala com brinquedos no chão.
• a história do ser humano implica um novo
nascimento, o cultural, uma vez que só o
nascimento biológico não dá conta da
emergência dessas funções definidoras do
humano.
• Relações com o mundo, não ocorrem de modo
direto, mas através da mediação da cultura.
o problema da relação do biológico e do social [cultural]
na atividade vital humana e no psiquismo não é um
problema imaginário, mas vital, e o médico, como o
pedagogo, deve conhecer a solução teórica geral deste
problema, para cometer o menor número possível de
erros nos casos particulares, concretos, com o qual se
encontra (ILIENKOV).
Pois, [...] “o desenvolvimento constitui um processo
dialeticamente complexo, que se caracteriza por uma
periodicidade múltipla, por uma desenvolvimento
desproporcional nas distintas funções, por metamorfoses
qualitativas de uma ou de outra, por um entrecruzamento
dos processos de evolução e involução, pela relação
entrelaçada entre os fatores internos e externos e pelo
intrincado processo de superação das dificuldades e da
adaptação” (VIGOTSKI, 2019 p. 151)
Assim, segundo Vigotski (2019), o comprometimento orgânico
imposto por lacunas e incompletudes físico-sensoriais e/ou
intelectuais, não é barreira intransponível, uma vez que as
vias de desenvolvimento não são unilineares, sequer lineares,
mas apresentam múltiplas condições histórico-culturais, já que o
defeito ou comprometimento de um órgão ou função
biológica não é a causa da formação de determinadas
características da personalidade no indivíduo, pois onde o
desenvolvimento orgânico resulta impossível, existem infinitas
possibilidades para o desenvolvimento cultural (p. 153).
[...] há um processo (orgânico e psicológico) de
criação e recriação da personalidade, sobre a base
da reorganização de todas as funções de
adaptação [...] que são geradas pelo defeito, e a
abertura de novos caminhos de rodeio para
desenvolvimento (VIGOTSKI, 2019, p. 16).
As estratégias de compensação [ou desenvolvimento
cultural], segundo o autor, constituem-se uma força motriz
para o desenvolvimento psicológico através das situações
de tensão social causadas pelos diferentes obstáculos e
redireciona a relação do indivíduo com deficiência com o
mundo.

Segundo L. S. Vigotski, “[...] qualquer defeito não se limita à


perda isolada de uma função, mas envolve uma
reorganização radical de toda a personalidade e põe em
ação novas forças psíquicas, impondo-lhes um novo rumo”
(VIGOTSKI, 2019, p. 50).
De acordo com a explicação científica, devem ser
elaboradas as ações, orientações e mecanismos sociais
e institucionais, que permitam a materialização das
políticas e dos processos que devem ser produzidos
por meio das inter-relações de diferentes determinantes
históricos, culturais e sociais que, processados em sua
totalidade, por mecanismos biológicos, transformarão os
processos psicológicos internos especificamente humanos.
Vigotski (2019) sinaliza metodologicamente que a via para o
avanço de uma proposta pedagógica para as pessoas com
deficiência estaria nos pressupostos da educação social:
“a tarefa consiste e vincula a pedagogia [...] com os princípios e
métodos gerais da educação social” (p. 59);

[28/03/2024]
PAPEL POLÍTICO E SOCIAL DA ESCOLA

Finalidade
socialização

conhecimento

científico artístico filosófico

Produção cultural

conteúdo
Formação e desenvolvimento da função simbólica do signo e seus
significados
(Sistema psicológico mais complexo)

Conteúdos da cultura

Funções psíquicas Relações interpessoais Funções psíquicas


iniciais (sociais) culturais ou
superiores

Meios da cultura
(signos)
Se defeito orgânico por si só (cegueira, surdez) [...] é um fato
biológico. [...] o educador deve trabalhar não só com os
fatos por si mesmos, mas com suas consequências sociais.
[...] a educação da pessoa com deficiência não é mais do que
educação social. Exatamente da mesma maneira, também os
processos de compensação que são representados nesta,
sob a influência do defeito, são dirigidos, fundamentalmente,
não pela linha de eliminação do defeito (o que é impossível),
mas pela linha de reorganização psicológica, de
substituição, de nivelamento do defeito, pela conquista da
validação social ou por sua aproximação. (2019, p.161-2)
[...] É preciso criar os instrumentos culturais
especiais, adaptados à estrutura psicológica do sujeito,
levá-lo a dominar as formas culturais gerais com a ajuda de
procedimentos pedagógicos especiais porque a condição
mais importante e decisiva do desenvolvimento cultural da
[pessoa] com deficiência é, precisamente, a habilidade de
empregar os instrumentos psicológicos, que nas outras
não é utilizada, por isso seu desenvolvimento cultural pode
ter lugar por outra via. (VIGOTSKI, 2019, p. 22)
Plano de ensino individualizado
depende das necessidades individuais
e de sua conexão ao trabalho geral da
turma. Nele se projeta um esboço de
como as necessidades devem ser
atendidas. É uma preparação que exige
a colaboração de muitas pessoas.
As ações pedagógicas
constituem-se por
múltiplas determinações
no espaço escolar onde se
destacam a
intencionalidade, o
planejamento e as
concepções de
desenvolvimento e de
aprendizagem.
Imagem: 6 crianças estão sentadas no chão em
uma sala com uma mulher, que também está
sentada no chão. Na sala tem duas mesas cobertas
com toalhas, prateleiras e diversos brinquedos
feitos com matériais reciclaveis, como: um
semáforo, caixas e um palhaço com abertura na
boca.
pensar nos recursos didáticos-pedagógicos
(estratégias/métodos, instrumentos/recursos
e intervenções) e em formas de avaliação
que provoquem mudança no marco do
desenvolvimento.
Vigotski (2019) sinaliza que a via
para o avanço de uma proposta
pedagógica para as pessoas
com deficiência estaria nos
pressupostos da educação
social;
organização do trabalho
pedagógico que compreenda as
Imagem: Uma menina está sentada peculiaridades de cada sujeito,
em uma mesa colorindo. Ela segura
um giz de cera amarelo com os pés,
oportunizando a todos, de forma
pois não possuí os membros superiores.
Ela é branca, com os cabelos castanhos
coletiva, o direito ao
escuros curtos usa vestido rosa e está acompanhada conhecimento por meio da
cultura.
de duas mulheres, uma negra, que está usando blusa
azul e uma branca, com blusa branca, ambas estão
sentadas em cadeiras ao redor da mesa.
A AVALIAÇÃO E O DIAGNÓSTICO DO PROCESSO
EDUCATIVO COMO UM ATO DE CONHECER
RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA
APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO –
CRIANÇA conhecer o que se tem formado, como
tem se desenvolvido, como aproveita a
ajuda.
DIAGNÓSTICO EXPLICATIVO

INTERVENÇÃO ORIENTAÇÕES DE COMO SE OFERECE AS


AJUDAS E PROMOVE O
DESENVOLVIMENTO
A função de diagnóstico permite a identificação da situação social
do desenvolvimento:
1. uma maneira de conhecer os espaços sociais e culturais dos
quais a criança/adolescente participa e os conhecimentos
científicos que conseguiu se apropriar;
2. investigar suas experiências relacionadas à escolarização no
que se refere a quais funções superiores/culturais estão em
maior desenvolvimento, os processos do desenvolvimento do
pensamento e como desencadeiam suas necessidades e motivos
para realizarem a atividade guia, neste caso a atividade de estudo
3. conhecer o momento em que o estudante se encontra, para
planejar a ação docente.
Lei da situação social de desenvolvimento
O INTERNO
Desenvolvimento Atual Desenvolvimento Potencial
Novo nível de
desenvolvimento
ncias
vivê

Meio externo social- cultural


Relações com objeto
Ajuda dos adultos:
Inter-relações com pessoas familiares,
Novas exigências professores e
Novas experiências colegas
O EXTERNO
“como princípio, deve ser criado o sistema combinado de
Educação Especial e comum [...]. é preciso realizar um
experimento cientificamente fundamentado de ensino e
educação compartilhada, experiência que tem enorme
futuro. O âmbito do desenvolvimento tem aqui um curso
dialético: primeiro a tese da instrução comum de crianças
“anormais” e normais, depois, a antítese, isto é, a
instrução especial.

a tarefa da nossa época é criar a síntese, isto é, a instrução


especial, reunindo na unidade superior os elementos
válidos da tese e da antítese” (VIGOTSKI, 2019, p. 84-5).
Organização do ensino mediante o esquema de direção professor-aluno

Relação direta externa

Relação direta interna


ATIVIDADE
PROFESSOR ALUNO Retroalimentação interna DO ALUNO

Retroalimentação externa
a educação especial deve estar subordinada à educação social,
“deve fundir organicamente com ela” (p. 81), porém, isso não quer
dizer que o ensino das pessoas com deficiência não deve dispor de
recursos e técnicas específicas. O ensino da língua de sinais e do
braile, por exemplo, são extremamente necessários para a educação
de crianças surdas e cegas “e somente o conhecimento científico da
técnica pode formar um autêntico pedagogo nesse terreno”
(VIGOTSKI, 2019, p. 81).
A organização do trabalho pedagógico no contexto da
educação especial implica:

• reflexão sobre a função e o trabalho docente diante de


um público bastante diversificado presente na escola;

• o planejamento, a didática (objetivo, conteúdo, método,


tempo e espaço) e a avaliação.
São exigências do trabalho pedagógico, reconhecendo a escola como
lugar de passagem do conhecimento cotidiano para o conhecimento
científico e conhecendo os alunos e suas necessidades:
• prover a sala de aula de condições para que todos possam dela
participar, como lugar de conhecimento;
• priorizar, promover e acompanhar o desenvolvimento das funções
psicológicas superiores (linguagem, cálculo, imaginação, atenção,
memória, percepção, leitura, escrita...);
• preparar situações de aprendizado, organizando formas de
interações e colaborações entre os alunos da escola;
• trabalhar em conjunto com os outros professores da unidade
escolar; observar e registrar os avanços e recuos para (re) planejar
suas ações – porque a atividade pedagógica é construção das
pessoas que dela fazem parte e que nela aprendem.
Das intervenções pedagógicas:
1) Análise do currículo programático escolar (refere-se à análise
cuidadosa dos conteúdos/objetivos. A ação consiste não em criar um
novo currículo, mas adequar o currículo, às necessidades
apresentadas pelo ou pela estudante naquele momento);
2) Programa de intervenção pedagógica individual (diz respeito às
atividades complementares/meios e recursos para trabalhar aquele
conteúdo que não fora apreendido pelo ou pela estudante dentro do
esperado);
3) Programa de intervenção social individual (visa favorecer a
socialização do estudante e o trabalho pode ser feito tanto com o
aluno, com a família e com o grupo);
4) Programa diferenciado (são atividades suplementares, extras);
(Gonzaga e Borges 2018).
Entendendo que o intenso desenvolvimento se dá pela atividade
conjunta. A criança assimila a cultura pela mediação dos significados
atribuídos pelo adulto.

o efeito da escola cria uma provisão de experiência, implanta grande


número de métodos auxiliares, complexos e sofisticados e abre
inúmeros novos potenciais para a função humana natural (Vygotsky;
Luria, 1996, p. 194).
REFERÊNCIAS:

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação


Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Política
Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva. Brasília: MEC, 2008.

VYGOTSKY, L. S.; LURIA, A. R. Estudos sobre a história do


comportamento: Símio, homem primitivo e criança. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1996.
REFERÊNCIAS:

VIGOTSKI, Lev Semionovich. Obras Completas - Tomo


Cinco: Fundamentos de Defectologia. / Tradução do
Programa de Ações Relativas às Pessoas com Necessidades
Especiais (PEE); revisão da tradução por Guillermo Arias
Beatón. — Cascavel, PR: EDUNIOESTE, 2019.

VYGODSKAYA, Gita L. Vigotski e Problemas de Educação


Especial. Tradução para estudos por Achilles Delari Junior.
Disponível em: https://vigotski.org/Vigodskaia_1999_lsv-edu-
esp_pt.pdf

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